
Dos 8.000 jovens entre 15 e 24 anos, ouvidos pela pesquisa
Juventude Brasileira e Democracia – participação, esferas e
políticas públicas
1
, em sete regiões metropolitanas (Belém,
Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador
e São Paulo) e no Distrito Federal, 52,9% não estavam estu-
dando, 24,3% não possuíam o ensino fundamental completo, e
27% declararam que não estavam estudando e não estavam
trabalhando. Sem dúvida, os jovens pobres são os que sofrem
mais diretamente os efeitos de um ensino de baixa qualidade,
do desemprego, da mortalidade precoce e também de limitadas
possibilidades de acesso às artes, ao lazer e aos bens e serviços.
Na contramão dos discursos que atribuem uma suposta
excepcionalidade aos perversos índices de baixa escolarização
observados historicamente no país (tais como indicadores de
distorção série/idade, idade/conclusão, analfabetismo absoluto/
analfabetismo funcional, repetência, abandono, desistência
entre outros), pode-se observar que estes não se configuram a
exceção para a juventude oriunda das camadas mais pobres.
Na verdade, tais indicativos representam a regra, o modus vivendi
socialmente imposto a milhões de pessoas, uma vez que, antes
de deformações, constituem partes inerentes de um sistema
marcado por profundas desigualdades. A reduzida parcela
daqueles que conseguem superar as estatísticas de baixa esco-
laridade impostas aos jovens das camadas populares devem
o feito a um esforço individual sobre-humano, a um maciço e
penoso investimento familiar ou à ocorrência de “encontros”,
em sua maior parte, ditados pelo acaso.
Pesquisando os jovens brasileiros: os desafios da educação
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Alfabetização
e Cidadania
nº 19
Julho de 2006
1. A pesquisa foi coordenada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
– Ibase (coord.); Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas
Sociais (coord.); Iser Assessoria/Rio de Janeiro, RJ; Observatório Jovem do Rio de
Janeiro/Universidade Federal Fluminense, RJ; Observatório da Juventude da
Universidade Federal de Minas Gerais/Belo Horizonte, MG; Ação Educativa –
Assessoria, Pesquisa e Informação/São Paulo, SP; UFRGS – Universidade Federal do
Rio Grande do Sul/Porto Alegre, RS; Instituto de Estudos Socioeconômicos/Brasília,
DF – Inesc; Centro de Referência Integral de Adolescentes/Salvador, BA – Cria;
Instituto Universidade Popular/Belém, PA – UNIPOP; Escola de Formação
Quilombo dos Palmares/Recife, PE – Equip; International Development Research
Centre/Canadá – IDRC; e Canadian Policy Research Networks/Canadá – CPRN. O
relatório final da pesquisa pode ser acessado através dos seguintes sites: