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Na perspectiva de um raciocínio de sistema, sistematizar é estruturar, organizar,
dar forma, fazer com que coisas aparentemente independentes ou subordinadas
ganhem uma qualidade relacional, complexa, interativa, dinâmica. As relações en-
tre elas deixam de ser de independência a passam a ser de interdependência, ou
seja, transitamos do jogo de dominações e hierarquias para o jogo de legitima-
ções. Sistematização é então justamente o processo de organizar, em forma de
sistema, coisas que originalmente não têm esta forma.
2. Avaliação como gestão
Ao procurar pontos comuns nas experiências de avaliação apresentadas, diferentes
entre si tanto quanto à sua origem, às suas ênfases, destaco a perspectiva da
avaliação como gestão em uma abordagem sistêmica. Avaliação como parte
dos projetos de intervenção que compõem um ou outro projeto ou programa. Ava-
liação que valoriza agora as observações, que repara, que olha para ver, para cor-
rigir, confirmar, regular. Avaliação como gestão que considera o monitoramento
uma das coordenadas mais importantes, como uma pilotagem na qual somos bar-
queiros, navios, oceanos, porto de entrada, de partida, de chegada, céu, nuvem,
enfim somos um grande sistema que não controlamos e não determinamos no
sentido autoritário, mas sim tomamos decisões, da melhor maneira possível.
Nessa perspectiva, as questões importantes passam a ser: como observar, como
descrever, como caracterizar a experiência do projeto? No raciocínio sistêmico po-
demos caracterizar o projeto a partir da sua inserção social, nas suas relações com
outros atores, tais como o governo, os sindicatos, a sociedade civil. Outra maneira
é o raciocínio dos extratos, da hierarquia, descrevendo as dificuldades, os desafios,
os atores envolvidos, as instituições, as atividades que compõem os diferentes pro-
jetos dentro de um programa. Desta maneira, a avaliação se caracteriza como in-
terdependência, como parte e todo ao mesmo tempo. Uma criança, um jovem dei-
xa de ser apenas parte de um projeto; não é somente seu, é também meu. Po-
demos capinar sozinhos, mas a colheita é comum, como vimos nas experiências
apresentadas.