
Decodificação dos genomas da malária abre nova era
na saúde pública
Novas drogas, novos inseticidas esperados para renovar o esforço
contra o principal assassino
2 de outubro de 2002|GENEBRA – O
anúncio hoje da decodificação dos
genomas do mais perigoso parasita da
malária, o Plasmodium falciparum, e do
mais importante mosquito que o transmite,
o Anopheles gambiae, sinaliza um ponto
para a saúde pública global. Atualmente,
as ferramentas mais avançadas da ciência
estão pelo menos sendo treinadas contra
um dos maiores assassinos no mundo em
desenvolvimento.
“Isto é um momento extraordinário na
história da ciência”, afirmou Carlos Morel, diretor do TDR, o programa de
Pesquisa em Doenças Tropicais. “Ao menos, o enorme poder da moderna
tecnologia está penetrando nos mistérios de uma doença antiga, uma doença
que continua a matar milhões”.
A malária infecta mais de 300 milhões de pessoas a cada ano, matando pelo
menos um milhão delas. Cerca de 90% dos óbitos são crianças menores de
cinco anos de idade.
E está se tornando pior. As campanhas de saúde pública contra a malária têm
sido bloqueadas durante a última década à medida que o mosquito e o
parasita têm desenvolvido mecanismos para escapar das tecnologias
limitadas, disponíveis no mundo em desenvolvimento.
As drogas que têm como alvo o parasita estão perdendo suas efetividades.
Atualmente, a resistência a cloroquina, que é o antimalárico mais barato e
mais amplamente usado, é comum na África. A próxima droga mais efetiva,
porém muita cara, a sulfadoxina-pirimetamina (SP), também está sucumbindo
à resistência em áreas altamente endêmicas da África oriental e sul.
O mosquito tem se mostrado um inimigo esperto. O Anopheles gambiae é um
transmissor da doença extremamente eficiente. Os especialistas em saúde
pública vem há muito chamando o mosquito de “mais importante inseto no
mundo”. Diferente dos outros mosquitos, o A. gambiae tem ganhado o
apelido de “máquina da malária” por causa de sua forte preferência por
humanos e aqueles humanos dentro de seu raio de ação podem ser picados
literalmente centenas de vezes em um dia. As estratégias para eliminação que
têm obtido êxito nos países industrializados têm falhado nos países em