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germanidade está no sangue e na alma da Igreja Evangélica, que, com
razão, foi designada de fruto da união do Evangelho com o
germanismo (...) Quem deixa de sentir e pensar evangelicamente,
deixa de ser alemão, e vice-versa; quem nega a língua e a índole
alemã, também se perderá para nossa Igreja” (WIESE, 2003, p. 101).
Através destas evidências nota-se que a Igreja Protestante foi uma das principais
Instituições responsáveis pela preservação do Deutschtum. Para que isso ocorresse,
reivindicou para si desde o início da colonização a responsabilidade de educar as
gerações futuras, por meio da criação de escolas que eram coordenadas pelos próprios
pastores protestantes
16
.
Segundo as referências acerca desse tema, a questão religiosa para o grupo
étnico em questão tivera um papel importante ao lado do ensino escolar no que tange o
desenvolvimento cultural das áreas colonizadas
17
. Tal fato ganhou maior relevância ao
16
Conforme Greggersen (2006) demonstra, desde o início a educação teve um papel importante para a
ética protestante. “Com ajuda de seu amigo Melancton, educador assumido, ele [Lutero] ajudou a
organizar o sistema educacional alemão, que forma a sua base até hoje, naquelas cidades que adotaram o
protestantismo oficialmente. Desta maneira, ele introduziu um modelo de ensino confessional e ao mesmo
tempo, público e gratuito, pelo menos naqueles Estados que abraçaram o protestantismo oficialmente.
Não é para menos que este país também se tornou o berço de pensadores fundamentais para a educação
como Froebel (1782-1852), Herbart (1776-1841) e Francke (1663-1727), entre outros. Se abrirmos o
leque para a Europa toda, não poderemos deixar de mencionar o mal compreendido João Amos
Comênius, que foi pastor protestante, Pestalozzi, e tantos outros educadores protestantes fundamentais.”
(GREGGERSEN, 2006, p. 09) O mesmo fato se deu nas igrejas protestantes calvinistas: “Calvino
também influenciou a cidade no aspecto civil, introduzindo leis que não versassem somente sobre
deveres, mas também falassem de direitos, além de instituir o ensino público obrigatório e leis de higiene
e ética profissional, trazendo certo civismo para a cidade. [...] Ele também lutava pela abertura de uma
escola ao lado de cada igreja protestante, articulando fortemente a formação de valores éticos à educação
cristã, mas também à formação cultural. Segundo a visão de Calvino, todo homem, criado à imagem e
semelhança de Deus tem embutido em si, a “semente da religião”, muito ligada à aquisição do
conhecimento. De acordo com as Institutas, em princípio, todos são capazes de aprender qualquer coisa,
religiosa ou não, independente das diferenças econômicas, sociais, religiosas, etc. Acontece que o homem
só chega ao conhecimento, se antes se confrontar com o conhecimento de Deus, que o conscientiza da sua
limitação e necessidade de estudo. A tarefa do educador é desenvolver as faculdades humanas de forma
equilibrada, com vistas à restauração da imagem de Deus através da obra redentora de Cristo e
regeneradora do Espírito Santo. Por este e outros motivos, Genebra passou assim a ser conhecida como a
“cidade de Calvino”. Na famosa Academia de Genebra fundada por ele em 1559, desenvolveu um
programa de ensino unificado de nível primário, secundário e universitário. Com isto ele provava o
“óbvio não dito” que para ele representava a educação. Em 25 de dezembro do mesmo ano, ele recebeu o
título de cidadão da cidade. No ano da sua morte (1564), a Academia contava com 1200 alunos
universitários, além de 300 alunos de outros cursos.” (GREGGERSEN, 2006, p. 09)
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Segundo a bibliografia atesta, bem como os depoimentos recolhidos em trabalho de campo, as
primeiras construções a serem edificadas pelos teuto-brasileiros em solo brasileiro foram justamente a
Igreja e a Escola.