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de reunião, de discussão e vai se desenhando um modelo, e ultimamente a
conformação é de um comitê gestor, que a usina ainda não está na mão dos
trabalhadores, a usina é uma massa falida. A justiça, o juiz nomeou uma sindicatura,
então tem se estabelecido um sistema de co-gestão. É claro, no caso de venda de
açúcar, vai se vender açúcar a CONAB, isto passa por uma decisão dos
trabalhadores, inclusive é eles que vendem esse açúcar, vai-se pagar 8 milhões e se
tem 5 milhões em caixa, vai se pagar o que, então são essas características que
vem fortalecendo, inclusive do último ano para cá esse processo vem se acentuado
de decidir, a decisão é mais difícil quando se tem dinheiro, a decisão é feita com o
comitê gestor e algumas é a base mesmo que define, que vai para se discutir.
Porque se a gente não fizer isso corre o risco de tomar a decisão só, e na hora não
vai ter lastro social para garantir a decisão. Mas, é aprendizado, são os políticos
dizendo que isso aqui é um “comboio” de ladrão, às vezes precisa se tomar decisões
imediatas e um certo choque, porque não consultou um número maior de pessoas,
nas greves dos canavieiros, tem parado aqui também, é uma coisa que se tem que
administrar. Às vezes não há compreensão de que é um processo, que, por
exemplo, as outras usinas têm um capital giro que pode segurar uma greve de oito
dias, de quinze dias, que afinal, eles transferem capital da empresa para outros
setores, aqui não se tem isso, se não se produzir não têm como fazer salário, então
tem esse programa também, aqui mesmo nós tivemos esse problema de uma greve
que durou oito dias e tivemos um milhão e meio de prejuízos, um ambiente de
dívida, de endividamento que nós podemos ter, tem-se discutido com sindicatos e se
diz "companheiros o processo é diferente, se nós não fizermos não temos como
pagar a ninguém". Mas é um aprendizado, é um conflito que é um aprendizado.
9- Hoje, assim, o primeiro síndico daqui foi o Banco do Brasil (BB), depois o BB
desistiu da “sindicatura” e os sindicatos (da indústria e dos trabalhadores rurais)
requereram a nomeação de um sindico que o BB tinha. Hoje nós temos um
sindicalista que é o Sindico da massa falida, primeiro tem mudanças no ponto de
vista de ser um trabalhador mesmo, que está na gestão, que está comandando. Eu
acho que tem se aguçado um processo de decisão de “colegiar” ainda mais a
decisão, mesmo que o sindico tenha momentos, que ele tem prerrogativas para
tomar algumas decisões, mas há um esforço de “colegiar” mais ainda essas
decisões. Eu acho que há as duas características que é simbólico ter um trabalhador
na gestão para mim, eu acho que a segunda é um movimento no sentido de
“colegiar” as decisões, um problema sério que a gente nas empresas, mesmo nas
empresas de autogestão, é a grande autonomia do setor financeiro, que às vezes
não compreende que tem decisões políticas, decisões estratégicas que o setor
financeiro não pode me estar esquecendo, às vezes tem de se deixar de fazer
alguns pagamentos para se fazer outros pagamentos que tem de ser feitos, e isso é
uma coisa que tem avançado. Hoje o financeiro está integrado ao sistema de
decisão colegiada, a partir de um ano para cá o financeiro teve que se adaptar,
porque o financeiro em qualquer lugar tem muita força, porque é ele quem manda
no dinheiro, ai você faz um esforço danado, você vai discutir com 3000
trabalhadores para vender açúcar a CONAB, ai depois o financeiro com o dinheiro
na mão, depois de toda uma da luta, ele decidia muitas vezes sozinho, há uma
tendência dele decidir quais as prioridades de pagamento. E agora não, a partir da
última venda para a CONAB foi feito um esforço para que o comitê gestor diga
"corta-se isso, corta-se isso", no dia-a-dia vão surgindo outras coisas e se avalia,
mas um grande desafio das empresas autogestionárias é integrar o setor financeiro