shopping center? Todos reparam que o shopping center não está no
centro comercial. Por quê? Porque um dos grandes problemas das
cidades — um dos grandes problemas das grandes cidades —, é o
da locomoção, é o de se localizar o cliente, de estacionar seu veículo
e de procurar um local onde possa estar para se dirigir à sua loja. O
primeiro problema do shopping center é a localização, é o estudo do
lugar onde ele deve ser colocado — e observe-se que ele sempre se
situa numa região mais ou menos periférica, mais ou menos afastada
do aglomerado comercial, dotado sempre de um grande
estacionamento de veículos. Por que esta idéia de colocar um
estacionamento de veículos? É porque o shopping center é
destinado especialmente à classe média, é o estabelecimento
comercial oferecido ao grande público. E o homem da classe média
utiliza-se, habitualmente, do veículo unipessoal ou unifamiliar e tem
necessidade de um local para estacioná-lo. Por tal razão, o shopping
center é colocado em local adequado, e deve ser dotado de um bom
grande estacionamento. E as lojas não são também colocadas por
acaso. Existe uma técnica. Não basta uma pessoa, um comerciante,
por melhor que seja, interessar-se pela colocação de uma loja, num
shopping center, para que ele escolha o lugar. Muitas vezes quer
colocá-la em certo lugar e o organizador do shopping center não
permite, porque há uma razão para que seja colocada em outro
determinado ponto. A distribuição ou colocação das lojas tem uma
razão de ser que, na técnica, na terminologia — que é importada dos
Estados Unidos, onde o shopping center apareceu por volta da
década de 50, pouco depois da II Guerra Mundial — é o tenant mix.
A colocação tem em vista uma razão para que elas sejam
distribuídas ora num andar, ora noutro; uma numa posição, outra
noutra. E lojas de maior projeção — que, na terminologia têm a
denominação de “lojas-âncora” — são colocadas especialmente em
determinados pontos, como se fossem, assim, focos de atração do
cliente, do freqüentador do shopping center, para aquele tipo de
comércio, em razão da sua preferência por aquela mercadoria, por
aquele magazine que ele já freqüenta, propiciando, ao mesmo
tempo, que ele tenha acesso às outras.
Um dado curioso: muita gente pergunta qual é a razão de o shopping
center ter um cinema, um teatro, um ringue de patinação, uma área
de lazer. O motivo está em que o shopping center constitui também
apresentação propagandística; ele é, ademais, local de atração não
apenas para a dona-de-casa; um lugar onde a senhora ou o senhor
vão fazer compras. Muitas vezes ali se vai apenas para distrair, para
ver, porque é um local de distração, um local alegre, bonito, bem
montado, bem organizado. E isso faz parte, isso é da técnica do
shopping center: atrair as pessoas, ainda que não sejam os clientes
que vão fazer compras; cultivar o cliente em potencial, aquele que,
futuramente, pode vir a ser o comprador. Então, tudo isso é
estudado, tudo isso é ordenado, é organizado de tal maneira que,
quando se inaugura um shopping center, pode ele proporcionar todo
esse leque de atrações, de tal modo que consiga, desde logo, entrar
em funcionamento como se fosse uma cidade em miniatura, mas
uma cidade concentrada, com uma variedade muito grande de lojas,