
13
● a implantação, em dezembro de 2002, do projeto Brasil Total, desenvolvido pela atriz
Regina Casé e pelo antropólogo Hermano Vianna, com o objetivo de incorporar produções
regionais independentes ao Fantástico e a outros programas jornalísticos e ficcionais;
● a intensificação do chamado merchandising social, estimulando a divulgação de
informações e a realização de campanhas consideradas de interesse nacional no interior dos
programas ficcionais da emissora
5
;
● a veiculação, entre novembro de 2003 e março de 2004, de uma ampla campanha
institucional composta por 12 anúncios de 30 segundos, com depoimentos de políticos e
artistas sobre a importância da TV Globo na vida social e cultural do Brasil
6
;
● a realização da exposição de fotografias Brasil: a gente vê por aqui, registrando a presença
da TV no cotidiano brasileiro, que circulou por vários shoppings no primeiro semestre de
2004
7
;
5
No fim de 2003, a TV Globo distribuiu aos à sua equipe de autores o documento “Política para o
merchandising social: sistematização de projeto”. O texto, não assinado, define a emissora como “a única fonte
de informação e entretenimento para milhões”, o que justificaria sua “especial responsabilidade na difusão de
conhecimentos”. Os tópicos do documento continham instruções específicas para os autores intensificarem
campanhas de caráter social no corpo dos programas. Cf. MATTOS, Laura. Globo faz operação para ter fama do
bem. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 mar. 2004. Ilustrada, página E-4.
6
O formato de todos os anúncios era o mesmo: a tela, dividida em dois, exibia de um lado a cena de um
programa da emissora, enquanto do outro surgia o rosto de uma personalidade, em close, dizendo um texto
relacionado à cena em questão. Um dos spots da campanha, por exemplo, trazia uma cena da novela Mulheres
apaixonadas com a personagem de Carolina Dieckman, que sofria de leucemia. Sobre essa imagem o deputado
do PT de São Paulo, João Paulo Cunha, comentava que “as novelas da Globo dão uma grande contribuição para
a recuperação da cidadania dos brasileiros”. Em outro comercial, o ator Antônio Fagundes afirmava, sobre a
imagem do filme Deus é brasileiro (protagonizado por ele próprio), que “a entrada da TV Globo no processo
cinematográfico, não só na produção como na divulgação de filmes, está fazendo grande diferença”. Os outros
filmes incluíam participações, entre outros, do senador do PT do Rio Grande do Sul Paulo Paim, e da
coordenadora nacional do programa beneficente Pastoral da Criança, Zilda Arns, entre outros.
7
O anúncio da exposição, publicado no suplemento cultural do jornal Folha de S. Paulo do dia 27 de abril deste
mesmo ano (ver anexo I), é formado por uma fotomontagem que une duas imagens: a da esquerda mostra um
ambiente interno, decorado com um vaso de flores, onde uma senhora vista de perfil ajusta um pequeno aparelho
de televisão; a da direita exibe um ambiente ao ar livre, onde um menino negro aparece diante de um aparelho de
TV do mesmo tamanho. Os dois televisores estão sintonizados em um jogo de futebol da seleção brasileira e a
montagem feita de maneira que a linha divisória entre uma imagem e outra desapareça sobre o visor do aparelho
de TV, que se torna o elemento comum às duas. Os personagens das fotos estão sintonizados no mesmo canal,
assistindo ao mesmo programa, na mesma emissora. O título da exposição (“Brasil: a gente vê por aqui”) é uma
variação em torno do slogan publicitário da Globo (“A gente se vê por aqui”), sugerindo, ao mesmo tempo, que
cada brasileiro se vê representado nos programas da Globo, e que a emissora funciona como um “ponto de
encontro” para os brasileiros a partir do momento em que cria um espaço comum, acentuando o sentido de
“pertencimento a um país”.