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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
JOSÉ AUGUSTO RIOS BASTOS
CONSTRUÇÃO E ALCANCE DE VISÃO
DE FUTURO EM ENTIDADES SEM FINS
LUCRATIVOS
: UMA ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA
DO SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA
Salvador
2006
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JOSÉ AUGUSTO RIOS BASTOS
CONSTRUÇÃO E ALCANCE DE VISÃO DE FUTURO
EM ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS: UMA
ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO SENAI –
DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado da
Escola de Administração da Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre em Administração.
Orientadore: Profº Dr. José Célio Andrade
Salvador
2006
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Biblioteca da Escola de Administração da UFBA
B327 Bastos, José Augusto Rios
Construção e alcance de visão de futuro em entidades sem fins lucrativos:
uma análise da experiência do SENAI – Departamento Regional da Bahia /
José Augusto Rios Bastos. – 2006.
105 f.
Orientador: Prof. Dr. José Célio Silveira Andrade
Dissertação (mestrado profissional) – Universidade Federal da Bahia.
Escola de Administração, 2006.
1. Desenvolvimento organizacional. 2. Planejamento estratégico.
3. SENAI. Departamento Regional da Bahia. 4. Associações sem fins lucrativos
I. Andrade, José Célio Silveira. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração.
III. Título.
658.406
CDD 20. ed.
4
JOSÉ AUGUSTO RIOS BASTOS
CONSTRUÇÃO E ALCANCE DE VISÃO DE FUTURO EM
ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS: UMA ANÁLISE DA
EXPERIÊNCIA DO SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA
BAHIA
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia.
Salvador, BA 25 de setembro de 2006.
Banca Examinadora:
__________________________________________________
Professor Doutor José Célio Andrade
Universidade Federal da Bahia
__________________________________________________
Professor Doutor João Francisco Quadros Neto
Universidade Federal da Bahia
__________________________________________________
Professor Doutor Armando Alberto da Costa Neto
Universidade de Salvador - Unifacs
5
A
DEUS pela energia na superação das limitações
humanas.
Elza, Newton (in memoriam), Mary, Messias,
Márcia, Caio, Victor, Manuela, Gabriel e
Mariana: pais, irmãos, esposa, filho e sobrinhos,
pelo incentivo para alcançar um sonho.
Célio Andrade, por ter me dado a honra de ser
seu orientando.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todas as derrotas e vitórias obtidas.
A meu pai e a minha mãe, que venceram batalhas operárias para dar aos filhos uma educação
doméstica e escolar digna.
A meus pais, irmãos, esposa, filho e sobrinhos que sempre me inspiraram e apoiaram, dando
sentido ao futuro desejado.
A bibliotecária Ilvânia Oliveira Silva, pela paciência, dedicação, disponibilidade e ensinamentos
de como melhor estruturar o trabalho.
Ao professor Célio Andrade, verdadeiro e competente mestre e orientador acadêmico.
Ao professor João Quadros, orientador e mestre na vida e na arte.
Aos colegas de mestrado, em especial aos amigos Ricardo Santos Lima, Malu Follador e Kátia
Argollo, pela inspiração e força dados me incentivando no aprendizado e na perseverança.
Aos meus ex-colegas de trabalho, na figura da amiga Nílvia Maria, que sempre dedicaram apoio
e carinho em todos os anos em que estivemos juntos.
Ao SENAI-BA que me concedeu parcela importante no financiamento do curso e permitiu que
eu acessasse informações e aprendesse sobre o tema escolhido para a dissertação.
7
"Não há nada como um sonho para poder criar o futuro"
Victor Hugo
8
R E S U M O
A procura das organizações por modelos de gestão estratégica, durante as últimas
décadas, visando um desempenho superior e vivenciando experiências mal sucedidas, tem
suscitado questões estratégicas vitais que se encontram em aberto, como a da construção de visão
de futuro. Com foco na análise da experiência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial –
Departamento Regional da Bahia – SENAI-BA, na construção de visão de futuro, no período
entre 1993 e 2005, esta pesquisa objetiva contribuir com os esforços empreendidos pelas
entidades que pretendem chegar a um futuro desejado, e com os estudos acadêmicos sobre o
assunto. O SENAI-BA, experimentando de forma empírica e científica idéias propostas pelas
escolas do pensamento estratégico, acabou desenvolvendo um importante aprendizado sobre
formulação estratégica. Misturando, proposital ou casualmente, idéias e métodos existentes, a
entidade buscou encontrar um modelo ideal. Conseguiu, assim, a elaboração do planejamento de
futuro, superando dificuldades, cometendo equívocos e amadurecendo no tempo, mostrando
capacidade de transformação e de adaptação às mudanças tão presentes hoje em dia. Essa
experiência serve como exemplo de que é possível propor novos e desafiadores rumos para
organizações sem fins lucrativos, como também de como se utilizar as mais variadas idéias de
concepção em planejamento e delas extrair o que é de mais proveitoso e favorável, fazendo da
concepção de visão de futuro um sonho que pode se transformar em realidade para as
organizações.
PALAVRAS – CHAVE: Visão de futuro. Gestão estratégica. SENAI-BA.
9
A B S T R A C T
During the last decades the search for strategic management models, being done by
organizations striving for superior performance while enduring unsuccessful experiences, has
raised vital strategic questions that have gone unanswered, such as building visions for the
future. Focusing on the vision building experience of Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – Regional Department of Bahia (SENAI-BA), which took place between 1993 and
2005, the objective of this research is to contribute to efforts made by organizations which hope
to reach a desired future and to academic studies on this subject. SENAI-BA, while empirically
and scientifically testing ideas proposed by schools of thought in strategic management, has
developed an important learning experience about strategic formulation. By mixing, with or
without intent, existing ideas and methods the organization searched to find and ideal model. In
doing so SENAI-BA reached a stage in the art of planning the future, overcoming difficulties,
committing mistakes, and maturing over time, demonstrating capacity of transformation and
adaptation to the presents of today. This experience serves as an example that it is possible to
propose new and challenging routes for non-profit organizations, as well as an example of how
to use a variety of different ideas of conception in planning and how to extract from those ideas
what is most beneficial and favorable, making the conception of the vision of the future a dream
that can become reality for organizations.
KEY – WORDS: Vision of future. Strategical management. SENAI-BA.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANPAD - Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração
BSC - Balanced Scorecard
CAI-BAS - Curso de Aprendizagem Industrial – Nível Básico
CAI-TEC - Curso de Aprendizagem Industrial – Nível Técnico
CEB - Câmara de Educação Básica
CEO - Chief Executive Officer
CGP - Comitê de Gestão de Pessoas
CGQS - Comitê de Gestão da Qualidade SENAI
CGTI - Comitê de Gestão de Tecnologia da Informação
CNE - Conselho Nacional de Educação
CPE - Comitê Permanente de Educação
CPT - Comitê Permanente de Tecnologia
CRYPTA/3 - Sistema de Gestão Estratégica
EM-EP - Ensino Médio – Educação Profissional
FIEB - Federação das Indústrias dos Estado da Bahia
FOFA - Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças.
ISO - International Organization for Standartization
M&F Plan - M&F Planejamento e Informática Ltda
PNQ - Programa Nacional da Qualidade
PDP- Plano de Desenvolvimento de Pessoal
POLI - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
SAIGON Sistema de Apoio a Informações para Gestão Objetiva de Melhorias
SENAI-BA - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Regional da
Bahia
11
SENAI
CIMATEC -
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Centro Integrado de
Manufatura e Tecnologia
SENAI-DN - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional
SESI-BA - Serviço Social da Industria – Bahia
SYMNETICS- Symnetics Brasil
SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
TEO - Tecnologia Empresarial Odebrecht
USP - Universidade de São Paulo
12
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 MAPA ESTRATÉGICO DO SENAI-BA 35
FIGURA 02 MODELO INTEGRADO DE GESTÃO DO SENAI-BA 36
FIGURA 03 PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
TRANSVERSAIS COM COMPETÊNCIAS DE PROCESSOS
PRODUTIVOS
42
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 PERSPECTIVAS, OBJETIVOS E INDICADORES ESTRATÉGICOS 40
QUADRO 02 PROJETOS ESTRATÉGICOS 43
QUADRO 03 DESENVOLVIMENTO CRONOLÓGICO DO PROCESSO DE
DEFINIÇÃO DE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA E OS
RESULTADOS OBTIDOS
49
QUADRO 04 SÍNTESE DO CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO PELAS
ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO
78
QUADRO 05 MATRIZ SÍNTESE ENTRE O CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO
PELAS ESCOLAS E AS AÇÕES E RESULTADOS DO SENAI-BA
84
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 O ESTUDO SOBRE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA 14
1.2 PROCESSO METODOLÓGICO DA PESQUISA 20
2 HISTÓRICO 25
2.1 A CONSTRUÇÃO DE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA 25
2.2 RESULTADOS ALCANÇADOS 38
3 A TEORIA SOBRE A VISÃO DE FUTURO 51
3.1 A VISÃO DE FUTURO NO CONTEXTO DA FORMULAÇÃO
ESTRATÉGICA
51
3.2 AS ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO E A VISÃO DE
FUTURO
54
4 ANALOGIA ENTRE AS TEORIAS E A PRÁTICA DO SENAI-BA NA
CONSTRUÇÃO DA VISÃO DE FUTURO
79
4.1 ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO SENAI-BA À LUZ DOS MÉTODOS E
MODELOS TEÓRICOS SOBRE VISÃO DE FUTURO
79
4.1.1
A fase dos modelos prescritos de planejamento (Design, Posicionamento E
Planejamento) – 1993 a 2001.
80
4.1.2
A fase dos modelos descritos (Empreendedora, Cognitiva, Aprendizado,
Configuração) – 2002 a 2005.
81
4.2 RECOMENDAÇÕES 85
5 CONCLUSÕES 89
REFERÊNCIAS 96
ANEXOS – ANEXO A– Descrição dos Objetivos Estratégicos
100
ANEXO B– Detalhamento dos Projetos Estratégicos
101
ANEXO C– Detalhamento dos Indicadores Estratégicos
102
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 O ESTUDO SOBRE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA
As organizações vêm buscando nas últimas décadas respostas para os insucessos na
implementação de alguns modelos disponíveis de gestão estratégica. Perseguem um estágio de
gestão que associado a seus processos organizacionais, garanta sua efetividade, levando-as a um
desempenho superior. Corroboram com essa afirmativa as experiências mal sucedidas, baseadas
no modismo gerencial: reengenharia, empowerment, administração participativa etc, que de uma
forma ou de outra, vêm deixando questões estratégicas importantes em aberto, dentre elas a
construção da visão de futuro das organizações.
A provável ausência nessas empresas de um modelo de gestão estratégica, focado num
processo de construção e implementação de visão de futuro consistente e apoiado em
ferramentas de mensuração mais eficazes de desempenho, tem implicado no surgimento de
numerosos fatores críticos de insucesso em iniciativas neste particular, com efeito, sobre a gestão
empresarial das organizações.
Percebe-se, também, que as idéias postas à serviço das empresas, impõem, muitas vezes,
certas hierarquias e lógicas de aplicação que se enquadram em organizações que perseguem o
lucro como objetivo primordial, em condição desfavorável para as que não o buscam como
princípio básico. Ficam estas últimas à mercê da possibilidade de adequação de modelos e
métodos, que via de regra, as colocam na estatística das empresas que não obtêm sucesso em
gestão estratégica.
Essas entidades de direito privado possuem objetivos que não visam lucro por força da
sua própria missão. O processo de formulação da visão de futuro e o aparato sistêmico que o
suporta, onde as opções residem no senso comum, terminam por resultarem inadequados para
suas realidades. São impelidas a customizações que, muitas vezes, inviabilizam o processo de
incorporação de técnicas e tecnologias de gestão estratégica, que poderão oferecer respostas
requeridas para esse tipo de empreendimento.
15
Drucker (1995) afirma que “a organização sem fins lucrativos existe para provocar
mudanças nos indivíduos e na sociedade”. Este pensamento denota a importância desse tipo de
organização e a sua manutenção, através da otimização de recursos disponíveis. Fischer (2002),
caracteriza essas empresas como organizações privadas, sem fins lucrativos, formais e
autônomas cujas atividades são públicas ou voltadas à coletividade. Como o lucro não é a
finalidade precípua, o resultado deve permitir o desenvolvimento para que cumpram sua missão;
o excedente financeiro, deve ser integralmente aplicado ao “negócio”. Quanto a isto Drucker
(1995) advoga que a organização sem fins lucrativos não pode se subordinar ao processo de
levantamento de recursos financeiros para a operacionalização das suas atividades, e sim para
viabilizar o cumprimento de sua missão. Dessa maneira a captação de recursos não é um fim,
mas o meio de manter as operações. Para tanto, essas instituições precisam adotar um
comportamento de empresa competitiva no seu mercado de atuação e demonstrar
responsabilidade de Estado, ao atuarem em setores considerados de sociais, como os de educação
e saúde.
Os estudos em administração, no âmbito da gestão estratégica, têm avançado
consideravelmente, e sua aplicação tem demonstrado estarem os pesquisadores imbuídos do
propósito de responder a questões ainda pendentes. Há de se considerar que todos os modelos
propostos, até então, contribuíram para esse avanço. O exemplo prático disso foi o surgimento
em 1992, de um método de gestão estratégica, criado pelo professor Kaplan e o executivo
Norton, cuja teoria objetivava a ampliação da visão dos negócios. Essa teoria posta em prática
levou seus autores, a partir da experiência bem sucedida em empresas usuárias, segundo eles, a
melhorá-las, incluindo-as no contexto da gestão estratégica das organizações.
As empresas que optaram por seguir modelos de gestão estratégica, sempre
demonstraram ter dificuldades em construir uma visão futura consistente e de mensurar seu
atingimento a partir de suas ações. O fato de estarem inertes num mesmo processo de construção
há algum tempo, têm dificuldades em realizar sua tradução e disseminação no âmbito estratégico
e operacional, bem como no pretendido atingimento.
Elaborar frases baseadas em aspectos notadamente filosóficos que acabam por descrever
ludicamente a visão de uma empresa parece ser tarefa relativamente fácil; está faltando às
empresas construir uma visão de futuro coerente e desafiadora e, além disso, conseguir mensurar
sua obtenção, pelas ações empreendidas.
16
Numa pesquisa recentemente apresentada pelo pesquisador Goldszmidt (2003), no
âmbito da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração - ANPAD, com
dados levantados a partir de experiências empresariais e de teorias de autores renomados de
administração, do período entre 1996 e 2003, nota-se o movimento intenso na busca das
respostas a questões de ordem estratégica. Experiências nos continentes americano, europeu e
asiático foram descritas e analisadas, gerando diagnósticos por parte de estudiosos sobre o
assunto, que serão analisados no capítulo 3.
Vários obstáculos surgiram, segundo Goldszmidt (2003), nesse ponto; o primeiro deles
relacionado à hierarquia, de certa forma imposta por modelos de gestão estratégica, está
localizado no objetivo final de retorno sobre o investimento (finanças). Com o foco claro na
busca pelo resultado especificamente financeiro, as idéias propostas acabam deixando de lado
outras perspectivas igualmente importantes. Como então adequar a lógica desses modelos a
entidades sem fins lucrativos? A segunda dificuldade, diz respeito ao processo de formulação de
visão de futuro e suas estratégias, quando se condiciona a capacidade de construção de visão
futura a sistemas de gestão de desempenho, cujo foco se deriva para a mensuração de resultados
financeiros.
Vê-se que não se privilegia o investimento das energias humanas e dos recursos materiais
para a construção de uma visão de futuro consistente, onde o tempo a ser consumido para sua
elaboração seja o necessário a um processo de discussão construtiva e exaustiva, gerando
resultado substancial, em detrimento da forma estética ou rapidez na conclusão da etapa. Faça-se
justiça a alguns autores e pesquisadores que entendem que a fase do pensar e do elaborar é mais
importante que a de preparar edições gráficas de rara beleza, onde as ilustrações mascaram o
frágil conteúdo estratégico.
O terceiro obstáculo reside no fato de que os métodos de gestão estratégica propostos
apesar de apresentarem formas e fórmulas para acompanhá-los e mensurá-los, na prática, não
conseguem vincular e medir o quanto às ações operacionais estão coerentes e próximas da visão
de futuro definida. É feita a escolha do modelo e do sistema de gestão de desempenho sem esse
cuidado, gerando insucessos. A partir daí, percebe-se a disposição das empresas em buscar
outros modelos possíveis que lhes pareçam adequados, entrando num ciclo de tentativas e erros,
que só ratificam o que os descrentes de plantão, também chamados de “assassinos silenciosos”
propalam a respeito das teorias como se fossem apenas modismos gerenciais.
17
Assim como na medicina, em que os médicos e cientistas não se cansam de pesquisar
causas e efeitos que atormentam a humanidade, os administradores e cientistas da administração
também o fazem no contexto das organizações. Como laboratório, as empresas participam
efetivamente desses movimentos, experimentando seus métodos e os efeitos práticos.
Experiências na construção de visão de futuro têm sido feitas por várias organizações. A
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP (POLI), por exemplo, iniciou, em 2002,
um processo de construção de visão de futuro ou shared vision, utilizando uma metodologia de
participação multidisciplinar com representatividade dos participantes. As etapas de construção
da visão de futura, segundo esta metodologia, dividem-se em quatro fases: 1º) descoberta de
bases comuns, assentadas no passado; 2º) compartilhamento das complexidades nas situações do
presente; 3º) criação de um futuro através da aspiração de todos; e, 4º) levantamento e seleção de
sugestões de projetos, a chamada construção do futuro. Utilizando o proposto por Weisbord
(1995), onde a reunião de pessoas ligadas a uma mesma atividade deve objetivar a descoberta do
que há em comum, a POLI realizou uma conferência e conseguiu construir o que denominam de
POLI 2015. Passaram a perseguir uma perspectiva de visão de futuro, construída com a
preocupação de alcançá-la no longo prazo, coerente com os anseios da comunidade acadêmica e
demais agentes sociais envolvidos na história presente e futura da instituição.
Em entrevista concedida à revista Bahia Indústria, intitulada Modelos de Gestão -
Ferramentas que auxiliam a gestão nas empresas, em agosto de 2003, o principal executivo do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI-BA, na época, esclareceu quanto ao
estágio de implementação do modelo de gestão estratégica na entidade.
Desde o início deste ano, o SENAI Bahia vem investindo na implantação do Balanced
Scorecard (BSC). O diretor regional da entidade, Gustavo Sales, explica que a decisão
surgiu da necessidade de colocar em prática uma estratégia de atuação comum que
considerasse o SENAI como um todo. A definição de uma estratégia comum será o
primeiro passo para a implantação do Campus Integrado do SENAI, na avenida Orlando
Gomes. O projeto foi apresentado durante um seminário promovido pela Symnetics, em
julho, na FIEB. A primeira fase da implantação do BSC no SENAI compreendeu o
conhecimento da ferramenta pela equipe, entrevistas com os líderes para definição das
estratégias, definição de indicadores e metas e identificação de projetos que deveriam
ser implementados para atingir os resultados. Todo o processo aconteceu com o
acompanhamento da Symnetics, consultoria responsável pela implementação do BSC.
O processo, que teve início em abril deste ano, resultou na construção da visão
estratégica do SENAI. A segunda fase do projeto começa agora. “Estamos na ponta do
iceberg por que o maior desafio é a implantação das estratégias”, afirma Gustavo Sales.
“A principal perspectiva, além das previstas pela metodologia, é o cumprimento da meta
do SENAI que é o foco na indústria através de educação profissional e da prestação de
serviços especializados”, ressalta. (LEMOS, 2003, p.18 e 19).
18
Mintzberg, Ahsltrand e Lampel (2000), exortam a necessidade de se buscar inspiração
nas diversas tendências surgidas no campo da administração estratégica. Desde que emergiram,
as chamadas “escolas de pensamento”, a partir dos anos 60, segundo os autores, dez pontos de
vista distintos, a maioria refletidos nas práticas gerenciais, apresentaram-se com suas
perspectivas de processo de formulação estratégica. Identificam nessas escolas uma certa
abordagem estreita e exagerada, tornando-as, de alguma forma, compatível com um ser que se
encontra com deficiência visual crônica, restando-lhes apurar outros sentidos que equilibrem o
percurso de cada uma. É certo que tal “cegueira” poderá contribuir, ao longo do tempo, com a
uma série de tentativas e erros que levaram algumas organizações ao insucesso, quando da
formulação estratégica, haja vista a não vinculação das propostas de algumas das escolas de
pensamento nessa área.
O SENAI-BA, como entidade sem fins lucrativos, tenta implantar um modelo de gestão
estratégica, atribuindo a importância à construção de uma visão futura consistente e
implementando um sistema que o suporte, na intenção de avançar nessas questões. A entidade
experimentou um processo de formulação estratégica com foco na definição de visão de futuro,
investindo no desenvolvimento de uma ferramenta de gestão de desempenho balanceado. Por
meio da sua opção pela gestão orientada para a estratégia e de um sistema de mensuração de
desempenho, acreditaram seus executivos que estas opções vinculariam, objetiva e
mensuradamente, a visão de futuro às ações operacionais, pressentindo o alcance de fato dessa
visão e do cumprimento efetivo da missão institucional da entidade. O sucesso dessa experiência
responderá algumas das principais questões que cercam a gestão estratégica de entidades sem
fins lucrativos, dentre as quais: como o SENAI-BA construiu e implementou sua visão de
futuro entre 1993 e 2005 ?
O SENAI-BA é atuante e vocacionado para a oferta de educação profissional e de
serviços técnicos e tecnológicos, nos três níveis da educação (básico, técnico e tecnológico);
visa a formação humana e técnica, e a capacitação para o mundo do trabalho numa determinada
área profissional das indústrias nos termos da legislação vigente - Lei Federal 10.097, Parecer do
Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica - CNE/CEB 17/97 e Resolução
CNE/CEB 16/99.
19
O SENAI-BA opera na área de educação, formando uma rede estadual de Unidades
Educacionais, tecnologicamente atualizada e distribuída nas regiões de maior concentração
industrial da Bahia. Possui Missão institucional definida, como: “Proporcionar a melhoria
contínua do padrão de qualidade e produtividade da indústria regional, através da educação
profissional e da prestação de serviços especializados, contribuindo para o desenvolvimento
econômico e social do Estado da Bahia”. (SENAI-BA, 1995)
A Visão anterior construída pelo SENAI-BA de uma: “Organização voltada para o
conhecimento e para a informação, com foco nos nichos de mercado que agreguem valor aos
produtos e serviços oferecidos à indústria,” passou a ser, no novo processo de construção, objeto
desta pesquisa: Provedor de Soluções Tecnológicas para o Setor Industrial, entendendo-se como
soluções tecnológicas todos os serviços, sejam educacionais ou técnicos e tecnológicos
(consultorias, análises laboratoriais, metrológicos etc).
Como Valores: “ética e transparência” (a prática de todas as ações estará fundamentada
em valores morais e na transparência das inter-relações com clientes, força de trabalho,
mantenedores, fornecedores e sociedade); “responsabilidade social” (a manutenção de uma
política de cidadania, comprovada por ações dirigidas à força de trabalho e à sociedade,
caracteriza o propósito de responsabilidade social); “valorização das pessoas” (a busca e
promoção incessante de efetiva participação sinérgica no processo de gestão, visam resgatar as
necessidades de auto realização da força de trabalho); “satisfação do cliente” (o êxito dos
clientes e sua fidelização aos seus produtos e serviços estarão assegurados pela constante
prospecção das suas necessidades); e, “inovação” (como um processo estratégico de reinvenção
contínua do próprio negócio e de criação de novos conceitos de negócio, é uma prática
imprescindível para que se oferte soluções modernas, em suas diversas áreas de atuação, voltadas
para o aumento da competitividade e da capacitação de seus clientes).
O pensamento determinante da maioria dos autores pesquisados enfatiza a necessidade
das organizações que se preocupam com gestão estratégica em definirem como desejam chegar
ao futuro e de que forma elas acompanharão os passos dados, a fim de justificarem as opções
estratégicas adotadas no presente. Reside aí a preocupação daqueles que apontam para a
construção de visão de futuro, de forma consistente e assertiva, como importante fator para se
dar consistência aos processos de formulação estratégica e seus desdobramentos, permitindo as
20
organizações o alcance da missão institucional e da contribuição efetiva para a sociedade e para
os estudos na Administração.
Pretende esta pesquisa fazer uma análise crítica da experiência do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial – Departamento Regional da Bahia – SENAI-BA, no que concerne à
construção e implementação da visão de futuro eleita para aquela entidade, da concepção até o
estágio de implementação em que se encontra, quando do término do período deste trabalho.
Dessa forma, contribuir para com os esforços empreendidos pelo SENAI-BA por um futuro
melhor e à luz de estudos científicos a respeito do tema, ampliando os subsídios a possíveis
pesquisas futuras que venham a fazer uso de trabalhos a respeito das experiências
organizacionais sobre visão de futuro.
1.2 PROCESSO METODOLÓGICO DA PESQUISA
Este trabalho teve seu desenvolvimento estrutural voltado para uma sistematização das
práticas de gestão estratégica, com foco na experiência de uma entidade sem fins lucrativos, do
segmento de educação profissional e de prestação de serviços técnicos e tecnológicos.
Analisando o período entre 1993 e 2005 do SENAI-BA (ver p. 79), este estudo tem como foco
principal a reflexão das práticas gerenciais estratégicas à luz dos conceitos referenciais, fatos e
de resultados obtidos, na criação de visão de futuro. Estes dados foram levantados segundo um
ordenamento que pudessem estabelecer um vínculo objetivo entre o tema proposto para a
pesquisa, seus significados e os efeitos ocorridos.
Esta pesquisa busca, também, através dos pontos elencados, estabelecer uma relação
mensurável entre a prática do SENAI-BA e a teoria sobre o assunto ao longo do período
considerado. Dessa forma, verificar a ocorrência do aproveitamento de conhecimentos
científicos sobre visão de futuro e de que forma essas idéias contribuíram, direta ou
indiretamente, para o alcance da posição pretendida no tempo, considerando-se a dimensão
estratégica, a natureza da missão institucional da entidade e as opções estratégicas adotadas para
a sua construção. Foi considerada também como área de abrangência geográfica da pesquisa o
Estado da Bahia, onde estão localizadas as unidades escolares e o sede administrativa do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI-BA.
21
Outros conceitos também importantes são objeto de exploração e de inter-relação com
o da visão de futuro: a) a estratégia pelos aspectos originários que influenciam, conceitualmente,
qualquer estudo e discussão sobre gestão estratégica e seus desdobramentos; b) a gestão
estratégica como forma de ordenar o pensamento e as ações que inspiraram a empresa e o líder
empresarial responsável pela condução do processo; e, c) a cultura organizacional. Também o
diálogo entre autores nos questionamentos feitos em contraposição a outros, quanto a crença no
sucesso das metodologias empregadas, independentemente dos aspectos ideológicos praticados
pelo conjunto de pessoas que integram uma determinada empresa.
Deste modo, através de uma seqüência originada pelo estudo da construção e alcance de
visão de futuro, iniciou-se o processo de análise de alguns outros conceitos relacionados com o
tema central da pesquisa. Isto, para desenvolver uma relação lógica entre os significados
provenientes dos autores estudados e o processo de planejamento porque passou o SENAI-BA
no período de análise. Outros aspectos são igualmente considerados como o exame do curso da
gestão estratégica, onde é feita a investigação das características de alguns processos em relação
ao tema proposto, tais como: construção de visão de futuro, gestão orientada para a estratégia e
gestão de desempenho balanceado (balanced scorecard), dentre outros.
Quanto aos autores, foram visitados reconhecidos acadêmicos da administração de
empresas. Dada as especificidades do estudo, foram pesquisados, dentre outros autores:
Mintzberg (1973, 1979, 2000 e 2001), explorando suas idéias a respeito do tema e da descrição
feita das dez escolas de pensamento estratégico; Porter (1999 e 2002), na teoria da análise
estratégica, em artigos e na visão crítica da teoria do BSC; Kaplan e Norton (2001), com a teoria
da gestão orientada pela estratégia e seus “cases” de implantação e acompanhamento; Barros e
Prates (1996), nos trabalhos feitos no Brasil quanto ao estilo brasileiro de administrar,
notadamente quanto aos aspectos culturais; Iglesias e Teixeira (2002), no trabalho de
acompanhamento da implantação do BSC em empresas brasileiras; Weisbord (1995), no trabalho
desenvolvido para a criação de base comum de uma comunidade cooperativa, visando a
construção de visão de futuro de uma organização complexa.
Foram admitidos indicadores de desempenho estratégico utilizados pelo SENAI-BA,
entre 2002 e 2005, período em que a entidade iniciou a apuração dos mesmos, cuja medição
demonstra os resultados obtidos. Foram selecionados os indicadores que, no âmbito desta
22
pesquisa, pudessem refletir com objetividade a mensuração de sua performance estratégica, no
que concerne ao alcance da visão de futuro.
Através do relato da experiência vivenciada pelo autor da pesquisa, na qualidade de
técnico da entidade em estudo, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2005, foi realizada
uma análise do processo de concepção da visão de futuro e de sua implementação no SENAI-
BA. Os procedimentos adotados acompanharam uma seqüência metodológica onde foram
contemplados: análise do conteúdo da literatura revisada que trata do tema construção da visão
de futuro; coleta de dados através do levantamento no acervo físico disponível na entidade; e,
uso de indicadores de desempenho disponíveis, buscando identificar os efeitos práticos dos
métodos empregados para a construção da visão de futuro.
O tratamento das informações da pesquisa seguiu a opção pela análise qualitativa, ainda
que se tenha utilizado dados numéricos no auxílio ao desenvolvimento das avaliações e das
considerações feitas. Para tanto, estes foram compilados, visando materializar um conjunto de
medidas que favorecessem o progresso do trabalho, perseguindo uma dimensão aderente aos
exames e reflexões registrados.
A estrutura do trabalho apreciou a exposição detalhada da experiência do SENAI-BA, na
busca por um modelo de gestão estratégica que melhor se adequasse aos anseios da entidade; do
esforço inicial de dotar a entidade de um sistema de planejamento estratégico até a idealização de
um modelo de gestão estratégica mais amplo e mais ambicioso empresarialmente, ainda que se
trate de uma entidade sem fins lucrativos. Os dados históricos da caminhada estratégica do
SENAI-BA foram disponibilizados sem restrições, o que facilitou, consideravelmente, a
consecução dos objetivos da pesquisa.
Foi realizada, também, investigação da literatura do mundo acadêmico que desse
substância ao objeto de estudo, de maneira a torná-lo partícipe do universo de discussões e do
acervo sobre o tema visão de futuro. Foi necessário um esforço de aproximação conceitual da
palavra chave com termos diferenciados, utilizados por alguns autores, o que propiciou
amplitude ao trabalho do pesquisador. Objetivamente, foi possível alargar o espectro da pesquisa
para um campo de vinculação conceitual através da extrapolação do raciocínio científico,
agregado concretamente valor ao conteúdo do trabalho.
23
A pesquisa foi organizada em capítulos dispostos segundo o ordenamento proposto para
apresentação do tema. Segue uma estruturação aplicada em trabalhos dessa natureza, onde a
estrutura contém a introdução do tema e seu desenvolvimento, chegando, em seguida, a termo.
De maneira mais prática, perseguiu-se a lógica indutiva de apresentação, onde o trabalho
contivesse início, meio e fim, dando rumo inteligível ao estudo executado.
O primeiro capitulo é iniciado com a exposição de motivos que caracterizam a introdução
do tema, dando a este argumentação quanto à propriedade da realização da pesquisa, via a
exibição da entidade de uma forma geral, do pensamento e opinião de alguns autores importantes
sobre o assunto, da experiência de instituições congêneres e da oportunidade de se realizar um
trabalho dessa natureza. Também nesse capítulo consta o método utilizado para alcançar a
materialidade do estudo.
A sistematização histórica da caminhada estratégica rumo à construção de visão de futuro
no SENAI-BA, faz parte do segundo capítulo, retratando cronologicamente os fatos e os
resultados alcançados. Busca-se, nele, através da exposição do que de fato ocorreu na história da
entidade, descrever a experiência na definição de rumos. Também, através dos resultados
auferidos, relatar, qualitativamente, o quanto ela atingiu ou se manteve distante da performance
ambicionada. Dela fizeram parte, como agentes do processo de construção, a Diretoria Regional
do SENAI-BA, os gestores das Unidades Escolares de Salvador, Lauro de Freitas, Feira de
Santana e Ilhéus, membros da Assessoria de Desenvolvimento, além de técnicos indicados pelos
gestores das unidades.
No terceiro capítulo é realizado um levantamento de conteúdos científicos que versem
sobre visão de futuro. Como se trata de tema vinculado aos estudos e propostas no campo do
planejamento estratégico, a pesquisa aborda o tema principal com vínculo na formulação
estratégica e seus pesquisadores. São chamados a contribuir com esse estudo, autores de
reconhecida credibilidade e que possuem papel relevante no subsídio às abordagens feitas para
retratar o assunto.
Tentando contribuir com possíveis experiências que se façam presentes em organizações
que enveredem pela busca de um futuro desafiador, é feita uma analogia entre as teorias e a
prática consideradas pelo SENAI-BA, utilizando-se da construção da visão de futuro como
24
ferramenta para esse objetivo. Traçada uma linha de tempo, é abordado no terceiro capítulo o
processo histórico da entidade versus os estudos e teorias propostas pelas escolas do pensamento
estratégico. Os métodos e modelos teóricos implementados são confrontados com a teoria, de
maneira a permitir o esclarecimento sobre quanto o conjunto de propostas feitas pelos autores
sobre assunto, foi aproveitado e contribuiu para analisar, interpretar e aprimorar os resultados
alcançados pelo processo estratégico do SENAI-BA, após o que foram apresentadas reflexões,
através de inferências do autor da pesquisa, com recomendações sobre possíveis acertos ou
ajustes a serem feitos pelo SENAI-BA.
No último capítulo são apresentadas as conclusões do trabalho. Algumas limitações se
fizeram presentes, notadamente quanto ao andamento das ações estratégicas do SENAI-BA no
período considerado pela pesquisa, cuja dinâmica impossibilitou a inserção dos indicadores de
desempenho estratégico que, até dezembro de 2005 ainda não possuíam dados ratificados pela
entidade. Foram também considerados a descrição das referências consideradas para efeito de
fundamentação teórica a respeito do tema visão de futuro e os anexos utilizados para ilustrar
melhor o trabalho apresentado.
25
2 HISTÓRICO
2.1 A CONSTRUÇÃO DE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA
O SENAI se vincula a FIEB por determinação legal, disposta em seu Regimento
aprovado pelo Decreto nº 494, de 10 de janeiro de 1962, onde no Capítulo IV – Do Conselho
Nacional do SENAI, no Art.17 de sua Composição, na alínea b, consta que: os presidentes dos
Conselhos Regionais, na qualidade de presidentes das federações industriais, representam as
categorias econômicas da indústria. (SENAI-DN, 1997).
A construção de Visão de Futuro no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
SENAI - Departamento Regional da Bahia, teve seu início no ano de 1993, na ascensão de um
novo Presidente do Conselho Regional, cuja experiência profissional nas Organizações
Odebrecht sempre esteve vinculada a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) e,
conseqüentemente à metodologia de planejamento daquela empresa. Até então não havia
registros de alguma iniciativa do gênero que indicasse ter a Federação das Industrias do Estado
da Bahia – FIEB, desenvolvido processos de planejamento que objetivassem a definição de uma
Visão de Futuro para as entidades a ela ligadas, como no caso o SENAI-BA, mesmo que de curto
prazo, estando sua gestão caracterizada por um perfil diretivo mais voltado para os aspectos
políticos de representação de interesses específicos do segmento industrial, sob um regime
presidencialista.
Em 1993, foi elaborado no SENAI-BA o primeiro documento intitulado Plano de Ação
1993, fundamentado num diagnóstico produzido a partir da consolidação de opiniões originadas
da participação de técnicos, encarregados de áreas, chefes de setores, diretores de Unidades
Operacionais, chefes de divisões e da Diretoria Regional. Esse diagnóstico foi construído com o
uso de uma função microeconômica de produção, onde com o emprego de critério de atribuição
de pontos para os fatores de produção elencados (recursos de capital, recursos humanos,
tecnologia de produção, tecnologia de organização e fatores externos) desenvolveu-se uma
equação cujos resultados geraram, segundo seus autores, a identificação das limitações mais
relevantes para o SENAI. (SENAI-BA, 1993)
26
Priorizadas ações pelo rendimento percentual encontrado para cada fator de produção, a
entidade procedeu ao alinhamento dos dados desse diagnóstico com as novas realidades do meio
ambiente interno e externo, visando não só atender as diretrizes e linhas de ação emanadas do
Conselho Nacional do SENAI, como também gerar um estilo administrativo orientado pelo
custo-benefício dos recursos disponíveis. Foram também prospectadas as perspectivas
econômicas para o ano de 1993, tratando de temas como: reforma fiscal, inflação, déficit
público, privatizações, investimentos industrias, qualidade de produtos, competitividade,
terceirização e comércio exterior com foco no Mercosul.
Extrai-se desse esforço, comparativamente a processos de planejamento, uma primeira
iniciativa de orientar o futuro a partir da elaboração de cenários, limitando-se estes aos aspectos
especificamente econômicos sem, contudo, dar materialidade a uma possível Visão de Futuro
para a entidade. Complementarmente foram incorporados ao documento: quadro orçamentário
com histórico do ano de 1992 e projeção para 1993 e programas e projetos em número
significativo e em diversas frentes e natureza. Não há registro de controle e acompanhamento das
iniciativas descritas no Plano de Ação de 1993, o que suscita a ocorrência de um processo apenas
de elaboração de um documento de intenções, cujos efeitos práticos, se ocorreram, não
indicaram tratamento das informações que gerassem dados históricos.
Em 1994, dada a influência do modelo odebrechiano de planejamento adotado por
orientação da presidência do conselho regional do SENAI-BA, passou-se a implementar uma
estrutura de construção focada no polinômio: sobrevivência, crescimento, rentabilidade
econômica e imagem. Oriundos da TEO representaram as perspectivas que desdobradas em
diretrizes, metas e planejamento operacional se configurariam em ações, monitoradas,
mecanicamente, através de um formulário sob controle de um setor específico da administração
central. (SENAI-BA, 1994)
Seguindo uma estrutura de acompanhamento baseada no modelo dos Programas de Ação
também da TEO, o monitoramento foi feito com a definição de data de início e término,
atividades, responsável, recursos necessários, pontos críticos para garantia do sucesso, os
beneficiados e os prejudicados, na tentativa de se implementar de fato um processo de gestão
estratégica. Pela primeira vez, entretanto, o SENAI-BA passa a incorporar, na busca da
construção de uma relativa visão de futuro, a missão institucional de: “Servir à indústria da
Bahia através da qualificação dos seus colaboradores e da prestação de assessoria especializada,
27
buscando apoiar o desenvolvimento econômico e social do Estado.” Fato é que no início do ano
seguinte o Departamento Nacional elaborou um documento intitulado Planejamento
Estratégico/Projetos Realizados em 1994 (Custos), demonstrando projeto a projeto, em cada
abrangência geográfica e de natureza, os custos previstos versus os incorridos, num exercício
limitado ao mapeamento financeiro das ações de cada um dos 27 (vinte e sete) Departamentos
Regionais existentes à época. (SENAI-BA, 1994)
Tal esforço também não parece ter dado efeito a concretização de um modelo de
planejamento que visasse a construção de uma visão futura a ser perseguida pela entidade.
Contudo, o re-direcionamento idealizado e operacionalizado pelo principal executivo da época,
fazendo com que o SENAI-BA se voltasse para o atendimento às demandas de mercado, re-
inseriu o mesmo no contexto contemporâneo, tornando-o capaz de gerar receitas próprias, além
das parafiscais recebidas, através da customização de serviços educacionais e de consultoria
técnica e tecnológica, oferecidos a demandas de natureza específica de cada indústria solicitante
dos mesmos.
O SENAI-BA passava a se desvincular de um passado cujas importantes realizações não
acompanharam a evolução tecnológica dos parques industriais instalados e das indústrias que
modernizavam seus maquinários, modificando seus processos produtivos e, conseqüentemente
suas demandas por educação profissional e serviços técnicos e tecnológicos. O foco da atuação
se concentrara, até então, na formação de menores aprendizes e na oferta de cursos cujo
conteúdo não se aplicava às necessidades contemporâneas da indústria.
Dando continuidade a uma história de existência de cerca de trinta e três anos, o ano de
1995 representou um marco importante na evolução do processo de planejamento do SENAI-
BA. Essa constatação se deve ao fato de que naquele ano alguns atributos formais de
planejamento se fizeram presentes, haja vista a estrutura do documento intitulado Planejamento
Estratégico/Orçamento 1995 demonstrar isto. Nele a hierarquia desenhada a partir da Missão
Institucional, seguida de Cenários, Objetivos, Estratégias, Prioridades, Diretrizes, Metas e
Orçamento demonstrou um esforço da entidade em tornar mais científico o processo de
planejamento, porém ainda distante da definição de Visão de Futuro. A missão passou a ser:
“Proporcionar a melhoria continua do padrão de qualidade e produtividade da indústria regional,
através da educação profissional e da prestação de serviços especializados, contribuindo para o
desenvolvimento econômico e social do Estado da Bahia.”(SENAI-BA, 1995)
28
O que parece é que a instabilidade na definição da missão institucional demonstrava à
época a ausência da definição clara de uma Visão de Futuro a ser alcançada, pois apesar dos
esforços aparentes em avançar, a consecução dos resultados continuaria com foco limitado
apenas em aspirações e orçamento operacional. Os cenários elaborados com fronteiras
delimitadas aos temas econômicos e políticos, estes com enfoque restrito ao segmento industrial,
reforçam a observação relativa a alteração de missão. No mais, a introdução de objetivos e
estratégias, como também de prioridades, diretrizes, metas e orçamento comprovam o interesse
em se dar cunho científico ao processo de planejamento.
A manutenção da missão institucional no planejamento do ano de 1996 teve importante
significado na história recente do SENAI-BA, no processo de aprendizado institucional, haja
vista demonstrar um posicionamento mais efetivo no que concerne à razão de ser da Entidade,
ratificada na introdução inserida no documento base, onde é descrito: “Planejamento apresentado
neste documento procura reforçar as bases definidas anteriormente para uma atuação mais eficaz
e inovadora da instituição, ao mesmo tempo em que representa mais uma etapa em direção a uma
atuação integrada dos órgãos do sistema.”(SENAI-BA, 1996).
Outro ponto relevante foi à definição de um horizonte maior, dando ao processo de
planejamento o cunho de longo prazo, agora definido para o quadriênio 1996-1999. Também a
inserção de valores no conjunto de itens que compõem o documento de planejamento
estratégico, mostra o amadurecimento do processo de planejamento. É adotado um processo
participativo de fato, propiciando, segundo seus autores, ganhos tanto de conteúdo quanto do
aprimoramento da capacidade de planejamento da entidade. Não é feita alteração no modelo de
elaboração de cenários, que permanecem com foco limitado às questões econômicas e políticas.
Já o orçamento ganha mais densidade, na medida em que apresenta um conjunto de informações
analíticas norteadoras da projeção de receitas e despesas, e de ingressos e desembolsos, ou seja,
cuidando tanto do que tange o econômico como também o financeiro.
A consideração de período de longo prazo passou a ser efetiva com a revisão, a partir de
1997, do planejamento estratégico, redefinindo-se para o então quadriênio 1997-2000, o
horizonte de planejamento naquele ano. Mantida a missão institucional, houve uma considerável
agregação de valor no conteúdo dos cenários propostos, com a inclusão de temas além do
econômico e político que prevaleciam até então; temas relacionados com o social, os ambientes
29
internos e externos, os aspectos relacionados a empresas/empresários/sindicatos, tecnologia e
pessoas no trabalho. A preocupação com o foco na definição de prioridades passa a ser
perceptível, à medida que se restringiu para um grupo de 4 (quatro) grandes temas, ao invés de
tantos elencados no ano anterior. (SENAI-BA, 1997).
Da mesma forma foi dado tratamento aos objetivos que passaram a ser definidos em
número de 5 (cinco), às diretrizes e metas, indicando a intenção de materializá-los de fato.
Ocorre que ainda assim não foi possível perceber o desenvolvimento de um movimento concreto
que estimulasse o SENAI-BA a estabelecer um método para construir a visão de futuro, cuja
perseguição para seu alcance, indicasse estar preocupada de fato em avançar nesse tema no
tempo. A elaboração do documento de planejamento estratégico atendeu apenas à necessidade de
formalização do processo.
Não houve grandes alterações na revisão do planejamento em 1998 com horizonte para
2001. A estrutura foi mantida sem que metodologicamente houvesse tido agregação de novas
formas para o processo de construção do planejamento estratégico. O destaque ficou para uma
abordagem mais científica na escolha de projetos estratégicos elegíveis para o período; os
projetos passaram a incorporar uma análise de viabilidade econômica, que garantia sua
permanência no portfólio de iniciativas a serem implementadas. (SENAI-BA, 1998).
O cálculo de valor presente líquido, da taxa interna de retorno e do tempo de retorno do
investimento deram caráter financeiro aos projetos elencados pelo SENAI-BA, tornando a
proposição e a operacionalização deles reféns de uma lógica de geração de resultados ou auto-
sustentação, para que fossem aprovados. É certo que os projetos de efeito notadamente social,
que jamais gerariam retorno financeiro, também foram objeto de análise e consideração por parte
da alta administração, recebendo um tratamento diferenciado para seleção e escolha. Não foi
naquele ano, ainda, que se pôde observar um avanço no processo de planejamento que
desembocasse na construção de uma cultura de planejamento fundamentada numa expectativa de
alcance do futuro definida e perseguida como vetor de visão para um tempo que levasse a
entidade à frente, de forma clara, explícita e determinada.
30
Em 1999 ocorre uma agregação no processo de construção do planejamento do SENAI-
BA. É inserida a matriz SWOT, também conhecida como FOFA (tradução para o português),
como metodologia de análise das forças e fraquezas, oportunidades e ameaças. Tendo como foco
a sobrevivência e o crescimento o SENAI-BA, em alinhamento com as aspirações do SENAI
Nacional, sente a necessidade de quebrar paradigmas e promover mudanças de posturas e de
enfoques por parte de seus integrantes. Tomando o planejamento estratégico como ferramenta
básica para implementar e viabilizar as ações de reposicionamento frente às novas demandas de
um mercado globalizado. É certo que todo esse movimento teve como uma das inspirações o fato
do SENAI, em nível nacional e local, defrontar-se com uma ameaça real de diminuição dos
recursos para-fiscais repassados de percentual descontado sobre a folha de pagamento das
industrias, que o financiava à época como também nos dias atuais, e que, se cortados, impactaria
na continuidade de suas operações. (SENAI-BA, 1999).
Como momentos de crise muitas vezes representam oportunidades de reflexão e
crescimento, surgia daí a grande chance do SENAI-BA reagir e diferenciar-se de tudo aquilo que
representou seu passado até então. A construção de um planejamento com bases mais científicas
resultou pela primeira vez na definição de um rumo, macro-estratégias e prioridades integradas.
Foi definida a condição para o lançamento das bases de um novo estágio para a entidade; o
aprimoramento da qualificação das pessoas, em destaque para as que atuavam nas áreas de
negócios e no relacionamento com clientes. (SENAI-BA, 1998).
É citado no documento relativo ao Planejamento Estratégico de 1999-2002: “O que se
espera como fruto do conjunto de compromissos assumidos é a configuração de uma nova
estrutura e novas atitudes de uma organização capaz de chegar ao ano de 2002 com: clareza de
visão externa e interna, dentre outras”. Naquele momento o SENAI-BA se lançava, após anos de
aprendizado, numa nova etapa, onde a experiência aliada a uma metodologia mais parametrizada
cientificamente, proporcionaria direcionar a entidade rumo a construção de visão de futuro de
forma mais assertiva. (SENAI-BA, 1998).
Reforça essa observação ainda, o fato de se ter lançado mão da avaliação de performance
de exercícios anteriores e do segundo semestre de 1998, como também das demais características
metodológicas e estruturais já utilizadas anteriormente. Da matriz SWOT, produziu o SENAI um
importante instrumento para análise das potencialidades e dos riscos, geradores de informações
capazes de auxiliar a entidade no posicionamento de mercado, como também no
31
redirecionamento interno e suas possíveis correções de rumos, ambos pretendidos quando do
início do processo.
Nasce então, a primeira descrição formal de Visão do SENAI-BA: “Organização voltada
para o conhecimento e para a informação, com foco nos nichos de mercado que agreguem valor
aos produtos e serviços oferecidos à indústria.” Essa construção surgiu de um processo
participativo de um grupo de pessoas de todo o Departamento Regional da Bahia que, orientados
por prioridades definidas pelo líder da entidade, seu Diretor Regional, e alinhadas com as
diretrizes do Departamento Nacional e do Sistema FIEB. A visão passava a fazer parte, então, do
documento de planejamento estratégico.
É fato que naquele ano, até mesmo a projeção de metas para o horizonte de quatro anos,
ratificou o interesse em planejar para o longo prazo; mesmo sem o advento ainda àquela época
do “Balanced Scoredcard”, ferramenta utilizada contemporaneamente em processos de
planejamento, os profissionais do SENAI-BA já dividiam as metas e índices a serem perseguidos
em perspectivas de satisfação do cliente, financeiro, pessoas e produção. Tais perspectivas se
configurariam num momento futuro, através de estudos propostos por estudiosos e cientistas da
área de administração, numa estruturação importante para a entidade das ações a serem
implantadas, acompanhadas e medidas. Até mesmo a elaboração de sinopses de projetos
estratégicos, propostas pelo Departamento Nacional do SENAI, foi incorporada ao documento
final, registrando, formalmente, as intenções e seus responsáveis, além de outros itens que a
compunham. (SENAI –BA, 1998).
A influência direta da missão institucional na elaboração do texto da visão ficou
perceptível, incorporando o passado e o presente, com pouca relação direta com um futuro
desafiador e transformador, que realmente diferenciasse as ações passadas e as intenções
presentes com as aspirações de um futuro distinto e inovador. Esse movimento demonstrou que o
SENAI-BA se encontrava num processo de aprendizagem, no início da formatação de um
modelo de construção de visão de futuro.
32
Quase nada foi alterado para o exercício de 2000. Como se a entidade estivesse num
momento de reflexão sobre a história percorrida até então, quanto a processos de planejamento
estratégico, observa-se que para aquele ano, apenas foi elaborado o Plano de Ação, com efeito
sobre o horizonte que se reduziu a um ano. A visão mantida descritivamente compôs o
documento de forma burocrática, tanto quanto a missão institucional, sem, contudo, representar
expectativa de alcance futuro. Prevaleceu a preocupação de não se interromper a elaboração de
documento anual de planejamento, que caracterizasse a descontinuidade do processo, com perda
de referencial histórico. (SENAI-BA, 2000).
Retomando o processo histórico em 2001, o SENAI-BA, constrói um documento nos
moldes do de 2000, apresentando, contudo, uma estruturação diferenciada, à medida que passa a
considerar no mesmo documento tanto itens de planejamento de longo como de curto prazo.
Intitulados de Plano Estratégico e Plano de Ação, respectivamente. No primeiro, a descrição dos
aspectos relacionados com missão, visão, valores, objetivos e estratégias e macro-indicadores
financeiros e operacionais; no segundo, itens relativos aos desafios a serem perseguidos no ano
de 2001. (SENAI-BA, 2001).
Percebe-se a manutenção da mesma Visão de Futuro – “Organização voltada para o
conhecimento e para a informação, com foco nos nichos de mercado que agreguem valor aos
produtos e serviços oferecidos à indústria” - oriunda do quadriênio 1999-2000, com as limitações
de uma descrição que demonstrava, ainda, distância na busca de um futuro desafiador, como
relatado anteriormente. Contudo, o Plano de Ação começou a apresentar as prioridades
específicas para o curto prazo, como também resultados e prazos, metas operacionais, estrutura
operacional, equipe, orçamento e fluxo de caixa, detalhados, senão alinhados a uma visão
portadora de futuro, pelo menos estruturado para, num processo histórico e contínuo de
aprendizagem, facilitar quando do surgimento de uma visão então desafiadora. (SENAI-BA,
2001).
Já em 2002, mesmo mantendo a estrutura de formulação do documento de planejamento
estratégico, surge, força da idealização da Diretoria Regional do SENAI-BA, através de um
modelo intitulado Modelo Integrado de Gestão do SENAI da Bahia
1
, com o apoio da Presidência
da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, também Presidente do Conselho Regional do
1
Modelo de gestão idealizado pelo principal executivo do SENAI-BA para nortear as ações de gestão estratégica da
entidade (p. 37)
33
SENAI, a iniciativa de buscar um método que viabilizasse a discussão ampla e a definição
daquilo que a entidade vinha buscando ao longo dos anos, que era a visão organizacional
portadora de futuro. Acreditando ser um passo vital para a entidade, buscou-se o apoio do
Departamento Nacional, que já havia patrocinado iniciativa idêntica junto a outros
Departamentos Regionais do SENAI no país, adotando-se um método de prospecção através da
gestão pela estratégia, operacionalizada por uma consultoria representante dos então criadores do
BSC - Balanced Scorecard – o professor Kaplan e o consultor norte-americano Norton. (SENAI-
BA, 2002).
Assim, em abril de 2002, reunidos os principais executivos e técnicos do SENAI-BA e
do Departamento Nacional, com a orientação de consultores da Symnetics, a entidade passou a
dar os primeiros passos em busca da descoberta da então visão de futuro desejada. Foram feitas
entrevistas com os principais executivos e delas foram prospectados, segundo as experiências
gerenciais e operacionais e da intuição de cada um deles, objetivos estratégicos segmentados nas
perspectivas de cumprimento da missão, mercado, financeira, processos internos e pessoas e
inovação.
Mantida a missão institucional elaborada em 1995, despertou-se para uma visão de futuro
que pudesse modificar a imagem da entidade até então presente na sociedade – de uma escola de
menores aprendizes de ofícios tradicionais destinados a facilitar o primeiro emprego de jovens
no setor industrial, para a de uma entidade provedora de soluções (educacionais e tecnológicas)
para todas as indústrias que a ela apresentassem os mais diversos problemas relacionados com o
processo produtivo, fosse ele tradicional ou de avançada tecnologia industrial. A visão passa
para: “Ser (o SENAI-BA) provedor de soluções tecnológicas para o setor industrial baiano”.
(SENAI-BA, 2002).
A entidade parece ter conseguido, então, definir uma visão capaz de lhe proporcionar um
futuro desafiador, principalmente, por forçar, para seu atingimento, o repensar de processos e
práticas operacionais e administrativas. Para registrar e comunicar essa visão, juntamente com a
missão já conhecida, o SENAI-BA elaborou seu mapa estratégico. Neste mapa, estão contidas a
missão e a visão de futuro, seguidas dos objetivos estratégicos em disposição de causa e efeito e
seus respectivos indicadores de medição de alcance, de forma a possibilitar o monitoramento de
cada ação empreendida. A metodologia de ordená-los numa seqüência de causa e efeito, seguiu o
conhecimento processual de como elaborar um mapa estratégico e seus desdobramentos,
34
desenvolvido pela empresa de consultoria Symnetics. Entendem eles que dessa forma é possível
acompanhar, em todas as fases, a performance de cada perspectiva, dos objetivos estratégicos e
dos indicadores com suas metas, permitindo dar mensuração numérica a cada uma delas,
inclusive para as que representam a visão e a missão institucional da entidade.
Também para favorecer o alcance da visão de futuro eleita, foram prospectados e
escolhidos oito projetos estratégicos, intitulados de iniciativas estratégicas: Ampliação de
Competências Tecnológicas; Implantação de Política e Metodologia Educacionais no SENAI-
BA; Mapeamento de Habilidades e Competências; Implantação da Gestão da Qualidade; Sistema
Único de Tecnologia da Informação; Renovação da Imagem Institucional; Desenvolvimento de
Lideranças; e, Transferência Regional de Tecnologia Alemã para Pequenas e Médias Empresas.
O mapa estratégico, representação visual da estratégia ou visão de futuro, desenvolvido
pelo SENAI-BA (FIGURA 01), pretendia então comunicar algo que até então embora existisse,
não estava explícito: a existência de duas linhas claras de atuação que iriam ser fundamentais
para o alcance da visão de futuro se mantidas em coexistência harmônica: uma, destinada ao
atendimento de jovens para o primeiro emprego financiada com recursos para-fiscais recebidos
pela entidade, sem ônus para os mesmos, baseada num programa chamado de EM-EP (Ensino
Médio com Educação Profissional. Neste, através de uma parceria com o Serviço Social da
Indústria, Departamento Regional da Bahia - SESI-BA, jovens entre 14 e 18 anos incompletos
cursariam o ensino médio e durante este mesmo período fariam cursos modulares que os
habilitaria ao final do percurso, à condição de técnicos em alguma área das artes industriais
demandadas pelo setor industrial baiano.); e, a outra, para o apoio à micro e pequenas, e
atendimento a médias e grandes empresas, atuantes na Bahia.
35
FONTE: SENAI-BA, 2002
FIGURA 01 – MAPA ESTRATÉGICO DO SENAI-BA
O efeito deste programa, além de contribuir com o alcance do futuro desejado, estaria
garantindo as condições de acesso de jovens oriundos de famílias de baixa renda, a
oportunidades num setor produtivo exigente de mão-de-obra qualificada e atualizada
tecnologicamente. A segunda linha impunha ao SENAI-BA uma série de redirecionamentos de
posturas e de atuação operacional, cujos desafios ultrapassados poderiam garantir com um certo
de grau de confiança, o tão almejado alcance da visão de futuro pretendida.
Assim, tanto o principal executivo, como todos os demais empregados do SENAI-BA,
crêem ter escolhido um caminho sem volta. A determinação de estar sempre atentos aos sinais
demandados pelo setor industrial quanto às suas reais necessidades, passava por uma atuação
firme dos gestores de unidades operacionais, gerentes, consultores e instrutores em geral.
Foram formados comitês, cujas atividades se voltaram para o planejamento e a execução
das ações estratégicas definidas. O Comitê de Gestão da Qualidade SENAI-BA (CGQS),
36
encarregado de levar a entidade à obtenção do Certificado de Qualidade para todas as Unidades
(capital e interior) abrangendo todos os produtos e processos, posição alcançada em meados de
2004 e mantida até então; o Comitê de Gestão da Tecnologia da Informação (CGTI), responsável
pela modernização dos sistemas computacionais e da integração destes para implantação de um
único banco de dados capaz de integrar a comunicação e as informações; Comitê Permanente de
Educação (CPE), destinado a discutir, analisar e definir políticas educacionais da entidade;
Comitê Permanente de Tecnologia (CPT), com mesma atribuição do CPE, porém voltado às
políticas de prestação de serviços em consultoria, serviços laboratoriais etc; e, Comitê de Gestão
de Pessoas (CGP), com a tarefa de discutir, analisar e definir políticas da entidade no processo de
gestão da relação profissional com os empregados.
É importante registrar a definição de um Modelo Integrado de Gestão do SENAI da
Bahia (FIGURA 02). Este modelo foi idealizado pelo diretor regional para nortear as ações de
gestão estratégica da entidade, dispostas interdependentemente, onde cada uma contribuiria para
o desenvolvimento de processos administrativos e operacionais voltados para o alcance da visão
futura da entidade: a) implantar um modelo de gestão orientado para a estratégia com vistas a
descobrir em qual futuro a entidade desejaria estar no médio e longo prazo; b) implantar sistema
de gestão da qualidade baseado nos requisitos da ISO 9001:2000, que contribuiria para a
uniformidade dos processos de trabalho através do registro, implantação e acompanhamento de
normas; e, c) implantar práticas de gestão baseadas em critérios de excelência organizacional,
objetivando atingir um patamar elevado no contexto do sistema empresarial ao qual esta inserido
o SENAI-BA.
Modelo Integrado de Gestão do SENAI - BA
FONTE: SENAI-BA, 2002
FIGURA 02 – MODELO INTEGRADO DE GESTÃO DO SENAI-BA
IMPLANTAR SISTEMA DE GESTÃO
DA QUALIDADE BASEADO NOS
REQUISITOS DA ISO 9001:2000
BALANCED SCORECARD – BSC
IMPLANTAR MODELO DE
GESTÃO ORIENTADO PARA A
ESTRATÉGIA
PRÊMIO NACIONAL DA
QUALIDADE PNQ
ISO 9001:2000
IMPLANTAR PRÁTICAS DE
GESTÃO BASEADAS NOS
CRITÉRIOS DO PNQ
IMPLANTAR SISTEMA DE
GESTÃO DA QUALIDADE
37
Outro aspecto relevante foi a preocupação com o processo de acompanhamento da
performance de indicadores operacionais e financeiros. Elaborados de forma artesanal até o ano
de 2000, o SENAI-BA, através da Assessoria de Desenvolvimento, resgatou um sistema
desenvolvido pelo SESI-BA - Serviço Social da Indústria, instituição co-irmã do SENAI-BA,
customizando-o para os interesses deste, implantando o primeiro sistema de acompanhamento de
indicadores automatizado e em rede. Com o importante apoio de técnicos do departamento de
informática do Sistema FIEB, foi possível resolver questões importantes relativas à transmissão
de dados em longa distância, em tempo real. Essa primeira experiência habilitou o SENAI-BA a
dar passos mais seguros quando do início da busca pelo atingimento da visão futura perseguida
pela entidade.
Num segundo estágio, agora objetivando um futuro desafiador, necessitava a entidade de
realizar, além do acompanhamento de indicadores operacionais e financeiros, os de nível
estratégico, assim como os projetos de mesma natureza. Também desenvolvido pela Assessoria
de Desenvolvimento do SENAI-BA, em parceria com uma empresa baiana de desenvolvimento
de softwares - a M&F Plan e, com base na experiência anterior, implantou-se um sistema
corporativo de acompanhamento de indicadores operacionais, financeiros e estratégicos, em rede
e em tempo real.
No triênio 2003, 2004 e 2005, o processo de elaboração do documento de planejamento
continuou inalterado em relação aos períodos anteriores, tendo como prioridade a inserção de
boa parte dos projetos estratégicos definidos em 2002. Repetiu-se a metodologia dos anos
seguintes, tendo como alteração em 2004 a inserção da Política da Qualidade do SENAI-BA no
referido documento, que, para 2005, permaneceu sem alterações. Os resultados, alcançados ano a
ano, irão demonstrar o quanto o SENAI-BA se aproximou ou se afastou da visão portadora de
futuro definida em 2003, que seguem analisados no item 2.2 desta pesquisa. (SENAI-BA, 2003;
2004; e, 2005).
38
2.2 RESULTADOS ALCANÇADOS
A análise dos resultados alcançados foi feita pela Coordenação da Assessoria de
Desenvolvimento do SENAI-BA, unidade responsável pelo levantamento, compilação e análise
de dados e informações da entidade, relativos ao histórico do planejamento estratégico do
período considerado nesta pesquisa.
Do ano de 1993 até o ano de 2002, as experimentações com planejamento estratégico no
SENAI-BA surtiram efeito especificamente de aprendizado, o que trouxe contribuição para o
processo de amadurecimento da entidade nesse tipo de processo. Todas as tentativas
metodológicas, empíricas ou baseadas em modelos científicos consagrados, não deram resultado
prático na obtenção e implementação de ações que auxiliasse, de fato, a entidade a buscar um
futuro desafiador. O que se sucedeu ao longo desse período foi um inequívoco esforço em
implantar um modelo que mostrasse que ela possuía planejamento estratégico sem, contudo,
apresentar o caráter de um processo destinado à obtenção de visão de futuro, como crucial
objetivo a ser perseguido.
A partir do mapa estratégico (p. 36), construído em 2003 para representar e comunicar as
opções estratégicas do SENAI-BA foram eleitos indicadores de mensuração de desempenho,
para cada um dos dezenove objetivos estratégicos definidos. Esses indicadores foram
exaustivamente discutidos, quando da elaboração do mapa, de forma a espelhar, com
fidedignidade e aderência, o caminho definido para o futuro a ser perseguido pela entidade.
Atendendo uma regra metodológica do modelo de elaboração da empresa de consultoria que
dirigiu os trabalhos, limitou-se, também, o número de indicadores, como forma de evitar um
volume exagerado destes com conseqüente desvio do foco dos futuros esforços de trabalho.
Vinte e um indicadores representariam diretamente o propósito do alcance da visão de
futuro pretendida pelo SENAI-BA, de um total de trinta previamente definidos. É oportuno
destacar que alguns indicadores, por apresentarem como resultantes números absolutos e não a
relação entre duas variáveis, mostraram-se, de certa forma, descaracterizados como tal. Todavia,
por opção da entidade, foram mantidos como indicadores e contêm dados históricos registrados.
Outro aspecto diz respeito a alguns indicadores que, até o período final desta pesquisa, não
39
possuíam medidas, haja vista se tratar de indicadores com dependência direta a projetos
estratégicos em andamento para viabilizar sua mensuração futura ou por não terem sua forma de
cálculo definida.
Saliente-se o fato de que a entidade, já em 2000, através de um sistema desenvolvido por
um especialista em gestão estratégica do SESI-BA e impulsionado por outros dois especialistas
da mesma área do SENAI-BA, iniciava um processo de medição de indicadores operacionais e
gerencias automatizado e em rede: o SAIGOM – Sistema de Apoio a Informações para Gestão
Objetiva de Melhorias, criado pelo pesquisador Elton Alonso Nogueira e customizado para uso
no SENAI-BA. A experiência com o uso desse sistema criou as condições para que, no ano de
2002, fosse possível implantar o CRYPTA/3 – Sistema de Gestão Estratégica, desenvolvido pelo
mesmo especialista em parceria com a M&F Plan que o customizou, tendo sido impulsionado
para a entidade pelos mesmos especialistas. É perceptível que o aculturamento do SENAI-BA
nessa nova fase de inserir o planejamento estratégico num processo automatizado de
acompanhamento foi facilitado pela experiência anterior.
O conjunto de indicadores selecionados em 2002 para medir o alcance da visão de futuro
está descrito no quadro abaixo, cujo detalhamento encontra-se nos apêndices a este trabalho:
40
PERSPECTIVA OBJETIVO ESTRATÉGICO INDICADORES
Prover educação profissional visando a
empregabilidade
Laborabilidade
Cumprimento
da Missão
Prover soluções tecnológicas Agregação tecnológica
Crescimento da oferta de vagas em cursos
de aprendizagem industrial em nível
Técnico – CAI TEC
Matrículas CAI TEC
Matrículas cursos de aprendizagem
industrial em nível básico – CAI BAS
Atender jovens com foco no 1º emprego
Matrículas cursos de aprendizagem
industrial em nível básico – CAI BAS
Apoiar micro e pequenas empresas
Participação no mercado das micro e
pequenas empresas
Mercado
Atender médias e grandes empresas
Participação no mercado das médias e
grandes empresas
Garantir integração de competências Atendimento integrado
Conhecimento setorial
Identificar necessidade global do cliente e do
mercado
Soluções globais identificadas por cliente e
por mercado
Aperfeiçoar processos de gestão e de
informação
Práticas gerenciais de excelência
implantadas
Desempenho de cursos
Ofertar cursos de formação com efetividade
Custo por aluno
Formação de novas parcerias estratégicas
Processos internos
Intensificar parcerias estratégicas
Investimento em infra-estrutura via
parceiros estratégicos
Qualificação da área técnica
Garantir o domínio do conhecimento
tecnológico
Colaboradores com competência técnica
Assegurar a atualização da infra-estrutura
tecnológica
Investimento em infra-estrutura tecnológica
Aprimorar competências em gestão Qualificação gerencial
Pessoas e
inovação
Desenvolver profissionais para atuação
polivalente, com visão generalista
Colaboradores com visão generalista
FONTE: SENAI-BA
QUADRO 01 – PERSPECTIVAS, OBJETIVOS E INDICADORES ESTRATÉGICOS
41
O SENAI-BA, no atendimento ao que prescreve a metodologia do BSC, determinou
metas para um período de três anos subseqüentes, comprometendo-se a tentar levantar dados
relativos aos dois últimos anos (2001 e 2002). Com um universo de cinco anos a entidade
poderia avaliar seu posicionamento estratégico frente aos desafios traçados, verificando
aproximação ou distanciamento do planejado. Este foi o método escolhido pelo SENAI-BA,
após diversas tentativas históricas com outros modelos propostos pelas consultorias
anteriormente utilizadas como facilitadoras nos processos de planejamento estratégico, por
indicar a possibilidade de mensuração de resultados além da fase de diagnóstico estratégico, ou
seja, medir, também, a de filosofia corporativa (cumprimento da missão e alcance da visão de
futuro).
Um primeiro resultado obtido foi o discernimento, de forma mais objetiva, dos níveis
estratégico, gerencial e operacional e do inter-relacionamento entre eles na busca pelo alcance da
visão de futuro pretendida. Até então, as tentativas de vincular os aspectos estratégicos ao dia-a-
dia operacional e gerencial esbarravam-se na incompatibilidade de mesclar o presente, com um
futuro pretendido. Esse comportamento se deu pela cultura, ainda em fase de amadurecimento,
quanto a processos de planejamento estratégico e pela alta demanda por resultados que dessem
maior sustentabilidade financeira aos negócios empreendidos, distanciando a entidade dos riscos
de queda da contribuição compulsória, que compõe importante parcela de financiamento
recebida de forma para-fiscal.
O reordenamento das competências técnicas das unidades escolares, definindo áreas de
competências transversais e as de competências em processos produtivos, foi uma importante
decisão gerencial. As áreas transversais destinadas a aportar serviços técnicos e tecnológicos de
natureza geral no apoio às demandas das áreas de processos industriais que ofertam serviços
técnicos e tecnológicos de caráter específico (Figura 03) aos clientes do SENAI-BA. Essa
organização de competências favorece a imagem da entidade junto a seus clientes, haja vista
evitar a superposição de unidades escolares na atuação em áreas idênticas, além de potencializar
a atuação das mesmas através da integração de competências, dando mais dinamismo ao modelo
de atendimento às demandas das indústrias. A partir de uma demanda de um curso na área de
construção civil pela clientela, por exemplo, pode-se ofertar serviços de natureza transversal,
como logística, manutenção, meio-ambiente etc.
42
FONTE: SENAI-BA, 2004
FIGURA 03 – PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DE COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS COM
COMPETÊNCIAS DE PROCESSOS PRODUTIVOS
Outro efeito foi a definição de projetos estratégicos (QUADRO 02) orientados a
materializar estratégias necessárias à criação de um ambiente corporativo que desse ordenamento
administrativo e operacional e, assim, preparasse o SENAI-BA para enfrentar os desafios que
poderiam dificultar a obtenção do futuro desejado. Esses projetos, eleitos quando da definição da
nova visão de futuro da entidade, foram divididos por áreas estratégicas definidas no mapa
estratégico (ver p.35), formam o conjunto de ações de porte para os planos futuros. Eles tomaram
um caráter essencial, dada a amplitude de seus possíveis resultados e o inter-relacionamento
entre alguns outros que se não executados ou não obtendo o estágio desejado, poderiam
interferir, no sucesso da implementação de outros.
43
Nome do Projeto Descrição
Construção da 2ª etapa do
SENAI Cimatec
Ampliação de competências tecnológicas do
SENAI-BA
Implantação de Política e
Metodologia Educacionais
no SENAI-BA
Alinhar conceitual e metodologicamente os
processos de educação do SENAI-BA
M
apeamento de Habilidades
e Competências
Mapear Habilidades e Compencias da força de
trabalho do SENAI-BA.
Implantação da Gestão da
Qualidade
Dotar o SENAI de modelo de gestão integrado
baseado nos cririos do Programa Nacional da
Qualidade e nos requisitos da ISO 9001:2000.
Sistema Único de
Tecnologia da Informão
Integrar sistemas de informações em operação no
SENAI-BA.
Renovão da Imagem
Desenvolver Política de Marketing que reforce a
nova imagem do SENAI-BA.
Desenvolvimento de
Lideranças
Implantar programa voltado para o
desenvolvimento de lideranças.
Projeto Tecnotrans
Promover a transferência de tecnologia para
modernização de pequenas e médias empresas
industriais na Bahia.
FONTE: SENAI-BA, 2004
QUADRO 02 – PROJETOS ESTRATÉGICOS
O projeto do campus SENAI, voltado para ampliar as competências disponíveis na
entidade foi aprovado, tendo sido sua construção iniciada em 2005, com previsão de término
para 2006. Esta iniciativa propicionará um salto tecnológico das áreas de competências. Sua
denominação foi alterada para Projeto 2º Etapa do SENAI Centro Integrado de Manufatura e
Tecnologia - CIMATEC, inaugurado em 2002. Esse empreendimento permitirá a entidade
atender segmentos industriais cuja manufatura exige complexas operações de engenharia, hoje
instalados no estado da Bahia, auxiliando, também, as políticas públicas de atração de indústrias
e de formação local de mão-de-obra qualificada. É um importante passo para contribuir com as
políticas públicas de melhoria das condições sócio-econômicas do Estado e da mudança de
44
percepção da sociedade quanto ao papel desempenhado pelo SENAI-BA, até pouco tempo
reconhecido apenas por preparar aprendizes para ofícios tradicionais da indústria. Faz-se
oportuno ressaltar que essa iniciativa não tornou inválidos os serviços tradicionalmente
oferecidos (calçados, automotiva, gráfica etc). A eles foram agregados valores, através de
reinvestimento em maior especialização de instrutores e na adequação em infra-estrutura das
instalações de laboratórios e de salas de aula, como também, dotados de equipamentos mais
modernos, tornando-os atualizados para atendimento às demandas de serviços desses setores da
indústria modernizados tecnologicamente.
Já o projeto de implantação de política e metodologia educacional do SENAI-BA visou a
reformulação dos processos educacionais vigentes, alinhando conceitos e métodos, de forma a
dar uma identidade educacional e modernizar cursos e conteúdos até então ofertados. Também o
investimento feito em educadores que atuam nas unidades escolares, objetivando a melhoria da
performance desses profissionais, através da realização de cursos de aperfeiçoamento e
especialização pedagógica, teve o propósito de gerar um conjunto de condições técnicas e
materiais capazes de auxiliar a entidade no alcance do futuro desejado. Não se pode ignorar o
esforço, desde a reflexão estratégica feita em 2002, que o SENAI-BA fez para resgatar o
importante papel educacional que, ao longo dos anos, foi sendo colocado num plano secundário,
quando passou a incorporar a busca pela sustentabilidade financeira como prioridade, dando à
prestação de serviços posição prioritária nas ações organizacionais. São esperados
desdobramentos nesse projeto face a dimensão, abrangência e impacto na missão institucional e
na visão de futuro pretendida.
Definir políticas e implementar ações educacionais estratégicas como macro-objetivo
desse projeto é traduzido através do desdobramento feito em cinco grandes ações: a) criação de
faculdades de tecnologia do SENAI-BA - credenciando as unidades escolares a ofertar cursos
superiores de tecnologia; b) inclusão de pessoas com necessidades especiais nos cursos regulares
ofertados pela entidade, dando a elas oportunidade real de inserção no mundo do trabalho
industrial; c) qualificar/formar adolescentes e jovens a partir da conjugação de esforços e
integração de ações educacionais entre o SENAI e outros parceiros, articulando educação e
trabalho para atender às demandas do mercado industrial, através dos cursos de aprendizagem
industrial, no nível básico e técnico; d) realizar avaliação da efetividade dos cursos realizados
através de exames de avaliação externa com alunos concluintes dos cursos técnicos, visando
45
aferir a efetividade dos mesmos; e, e) formação de docentes, objetivando possibilitar a aquisição
e desenvolvimento de competências e habilidades fundamentais para o exercício da docência.
No segundo semestre de 2006 a avaliação da efetividade dos cursos foi iniciada, quando
todas as demais já estavam em avançado estágio de implementação. A faculdade de tecnologia
do SENAI-BA, unidade escolar do Cimatec – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia, já
havia conseguido o credenciamento pelo Ministério da Educação e Cultura, de três cursos
tecnológicos (Tecnologia em Logística, Tecnologia em Soldagem e Inspeção de Equipamentos e
Tecnologia em Mecatrônica), com avaliação A. A inclusão de pessoas com necessidades
especiais nos cursos do SENAI-BA foi iniciada, porém, com poucas turmas fechadas e como
programa piloto, estando num estágio acanhado de execução. Já os cursos de aprendizagem
industrial avançaram muito, fato comprovado pelo crescimento em cerca de 190% do número de
matrículas, o que indica avanço quanto ao propósito de dar aos jovens condições de
empregabilidade maior e melhor. Em parceria com universidade especializada em qualificar
docentes, até dezembro de 2005, já haviam sido requalificados 20 docentes, que obtiveram grau
em nível superior, criando-se melhores condições para o processo educacional oferecido pela
entidade.
Mapear as habilidades e competências presentes e necessárias para um futuro próximo
tornou-se um projeto desafiador para as pretensões do SENAI-BA. Foi realizado levantamento
dos processos administrativos e operacionais, em cada unidade, visando identificar as
habilidades e competências necessárias à sua força de trabalho, através de consultoria
especializada, de maneira a catalogar o perfil profissional requerido. Depois disso, foram
prospectados aptidões e conhecimentos de cada empregado objetivando um alinhamento a ser
feito buscando adequar o perfil profissional à demanda dos processos necessários ao avanço da
entidade. A resultante desse esforço foi a racionalização do Plano de Desenvolvimento de
Pessoal – PDP que, a partir de então, passou a espelhar as reais demandas por treinamento ao
invés do seu uso como estabilizador de insatisfações salariais ou outras. A entidade passou a
contar com um PDP coerente com as reais necessidades do SENAI-BA, cuja proposta de
investimento é defensável em sua íntegra diante das instâncias deliberativas que, por
determinação regimental, aprovam o plano anual de treinamento corporativo.
A iniciativa de implantação de uma gestão da qualidade, nos moldes do que estabelecem
as normas da International Organization for Standartization (ISO) e os critérios do Programa
46
Nacional da Qualidade (PNQ) pretendia dotar o SENAI-BA de um modelo integrado de gestão
(ver p.36).
A formalização e padronização dos processos administrativos e operacionais existentes
proporcionaram levantar, discutir e alinhar procedimentos e processos de trabalho realizados de
certa forma descentralizada por cada unidade, unificando linguagens e fluxos de rotinas. Esse
esforço ocasionou a racionalização de recursos e economia de tempos e movimentos,
possibilitando as unidades a se ocuparem mais com o operacional e com as demandas dos
negócios junto à clientela. Outro importante resultado foi a conquista da certificação ISO para
todo o SENAI-BA, significando que todos os processos da entidade possuem um atestado de
qualidade total, fato que contribuiu para a formação de uma base sólida de organização interna.
Um dos grandes problemas na área de gestão da informação nas organizações sempre foi
o grande número de sistemas computacionais que se sobrepõem, causando uma grande sensação
de descontrole e desconfiança de dados que circulam internamente e que são divulgados,
também, externamente. Para resolver essa questão, o SENAI-BA selecionou um projeto
estratégico denominado de “Gestão do Conhecimento”, destinado à implantação de um único
sistema de tecnologia da informação, capaz de dar confiabilidade aos dados e informações
gerados. Como se trata de uma iniciativa cujo investimento é considerável, até dezembro de
2005, a entidade já havia aprovado o projeto e iniciado a execução do cronograma físico-
financeiro, com vistas à conclusão do mesmo para o ano de 2006. Do sucesso desse
empreendimento dependerá uma das mudanças mais importantes a serem implementadas;
preparar a entidade para atuar de maneira integrada no trato das questões de relacionamento com
o mercado.
De um modo geral em todo o país, e na Bahia em particular, o SENAI sempre teve uma
imagem de entidade educacional que apenas prepara jovens aprendizes para o mundo do trabalho
da indústria. Essa associação está longe da atual realidade do SENAI-BA, haja vista estar
atuando já há alguns anos com educação profissional e a prestação de serviços técnicos e
tecnológicos em regime de alinhamento com os avanços técnicos e pedagógicos, exigidos pelo
setor industrial. Por decisão da alta administração o projeto estratégico de renovação da imagem
somente deverá se iniciar, quando, de fato, o conjunto das mudanças pretendidas esteja num bom
curso, o que de certa forma se apresenta como uma medida cautelar e bom senso.
47
Quanto ao projeto de desenvolvimento de lideranças não havia registros de sua realização
até o final de 2005, até por que tal iniciativa dependeria da efetividade do que estivesse definido
no PDP do SENAI-BA. Para torná-lo factível, esse projeto está submetido a uma certa hierarquia
em relação ao do mapeamento de habilidades e competências. Dessa forma é possível perceber
porque ainda não foi implementado. Esta defasagem poderá trazer dificuldades para a entidade
quando necessitar de uma atuação mais efetiva dos seus líderes.
Um último projeto se refere à transferência de tecnologia nas artes industrias para
pequenas e médias empresas do segmento industrial. Este projeto visa apoiar as pequenas e
médias indústrias no processo de modernização, com o repasse de conhecimentos e técnicas para
melhoria dos empreendimentos. Em parceria com instituições alemãs e o SENAI-DN, o SENAI-
BA passou a oferecer ao setor industrial baiano apoio ao acesso a modernas técnicas de gestão e
operação de manufatura em áreas de tecnologia avançada, oportunizando o seu ingresso ao
mercado local e ao mercado externo. Essa iniciativa tem efeito direto sobre o crescimento
econômico local e seus desdobramentos na geração de emprego e renda, como também no
fortalecimento da imagem institucional do SENAI-BA junto ao setor industrial.
Nem todos os resultados dos indicadores de mensuração de desempenho, descritos no
Quadro 01 (ver p.40), foram medidos até dezembro de 2005, pelas razões já analisadas. São eles:
agregação tecnológica; atendimento integrado; desempenho de cursos; práticas gerenciais de
excelência implantadas; conhecimento setorial; soluções globais identificadas por cliente e no
mercado; colaboradores com visão generalista; qualificação área técnica; colaboradores com
competência técnica; e, qualificação gerencial. Esses indicadores, que representam 48% dos
indicadores considerados como de impacto para aferição do alcance da visão de futuro
pretendida, dependem da evolução dos projetos estratégicos em andamento, para serem
cotejados. Também, podem ser considerados como participantes do conjunto mais relevante a ser
acompanhado, haja vista a importância que têm para as pretensões da entidade em estabelecer
uma nova imagem institucional perante o mercado e a sociedade.
Os outros indicadores relacionados possuem dados, mas, não puderam ter seus valores
ratificados até dez de 2005 em função do processo de mudança pelo qual o SENAI-BA vem
passando nos últimos quatro anos, o que tem exigido da entidade constante reflexão sobre os
48
mesmos. Como a maioria dos projetos estratégicos terá realização em 2006, será possível a
confirmação dos números até então considerados. Esse fato justifica a preocupação da entidade
em não divulgar tais números, evitando a exposição desnecessária de todo o processo até então
executado.
Restaria considerar que os resultados qualitativos apresentados na pesquisa dos projetos
estratégicos servem como balizadores da avaliação da performance do SENAI-BA, na busca por
uma visão de futuro desafiadora. Nota-se a determinação em atingir um novo patamar estratégico
que dê fôlego à própria história da entidade, à medida que precauções contra qualquer tipo de
precipitação cronológica e até mesmo metodológica tem sido o traço principal da postura da alta
administração.
O Quadro 03, a seguir, sintetiza as ações e os resultados alcançados durante o processo de
construção da visão de futuro do SENAI-BA de 1993 a 2005.
49
Desenvolvimento cronológico do processo de definição de Visão de Futuro no SENAI-BA e os resultados obtidos:
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
AÇÕES
Processo limitado
a um grupo de
estrategistas.
Foco em função
macroeconômica.
Prospecção de
cenário
exclusivamente
econômico.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento.
Elaboração do 1º
plano de ação
Uso do polinômio
odebrechtiano
sobrevivência,
crescimento,
rentabilidade e
margem como
estrutura do
planejamento.
Elaboração de
Planejamento
Operacional
contendo:
diretrizes, metas,
prazos,
responsáveis etc.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento.
Planejamento com
foco no mercado.
Definição de missão
institucional clara.
Prospecção de cenário
econômico e político.
1ª estruturação
científica de
planejamento, com
definição de: missão,
cenários, objetivos,
estratégias,
prioridades, diretrizes
e metas.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento.
Primeiro
planejamento
plurianual 1996/1999.
Prospecção de cenário
econômico e político.
Mesma estrutura de
planejamento de
1995, com inclusão
do item valores
organizacionais.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento, porém
com caráter
econômico e
financeiro.
Planejamento
plurianual
1997/2000.
Prospecção ampla
de cenários:
econômico,
político, social e
tecnológico.
Definição de temas
e objetivos
principais a serem
perseguidos.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento.
Planejamento
plurianual
1998/2001.
Mesma estrutura de
documento de
planejamento, com
inserção de análise
de viabilidade
econômico /
financeira de
projetos.
Elaboração de
orçamento
desvinculado do
planejamento.
Uso da matriz
SWOT para
prospecção de
cenários,
potencialidades e
riscos.
Definição de
macroestratégias e
prioridades, com
foco no mercado.
Investimento na
mudança de atitude
funcional e no
aprendizado
organizacional
1º discussão sobre a
necessidade de
definição de visão
de futuro.
RESULTADOS
Inserção
incipiente de
planejamento
estratégico na
entidade. Sem
efeito prático e
com aprendizado
Implantação de
modelo de
planejamento
importado de outra
cultura, com
aprendizado e sem
efeito prático.
Utilização de alguns
atributos científicos
de planejamento
estratégico, gerando
processo mais
adequado, sem efeito
prático e com
aprendizado.
Emprego de mais
atributos científicos
de planejamento
estratégico, sem efeito
prático e com
aprendizado.
Uso de mais
atributos científicos
de planejamento
estratégico, sem
efeito prático e com
aprendizado.
Aplicação de mais
atributos científicos
de planejamento
estratégico, sem
efeito prático e com
aprendizado.
Processo de
planejamento mais
amadurecido,
provocando
primeira discussão
sobre o futuro da
entidade de forma
mais afirmativa.
FONTE: AUTOR DA PESQUISA, 2006.
QUADRO 03 – DESENVOLVIMENTO CRONOLÓGICO DO PROCESSO DE DEFINIÇÃO DE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA E OS RESULTADOS OBTIDOS
50
Desenvolvimento cronológico do processo de definição de Visão de Futuro no SENAI-BA e os resultados obtidos: (continuação)
2000 2001 2002 2003 2004 2005
AÇÕES
Manutenção do
status quo dos
processos
anteriores.
Elaboração de
Plano de Ação
para prioridades e
ações apenas de
curto prazo.
Implantação de
indicadores de
desempenho
gerencial e
operacional.
Manutenção do
status quo dos
processos
anteriores.
1ª Elaboração de
documento
contendo
Planejamento
estratégico de longo
prazo e Plano de
Ação para curto
prazo.
Surgimento do Modelo Integrado de gestão SENAI-
BA.
Uso do BSC como ferramenta de prospecção e
formalização estratégica.
1 ª definição de visão portadora de futuro
Definição de linhas de atuação: educação profissional
e serviços tecnológicos.
Construção do mapa estratégico do SENAI-BA.
Definição de projetos estratégicos e criação de
respectivos comitês gestores.
Implantação de indicadores de mensuração de
desempenho estratégico, gerencial e operacional.
Manutenção do
status quo do
processo anterior,
com definição de
projetos
estratégicos
como prioridade.
Foco na execução
de projetos
estratégicos.
Manutenção do
status quo do
processo anterior,
com definição de
projetos
estratégicos
como prioridade.
Foco na execução
de projetos
estratégicos.
Manutenção do
status quo do
processo anterior,
com definição de
projetos
estratégicos como
prioridade.
Foco na execução
de projetos
estratégicos.
RESULTADOS
Estabilização do
aprendizado
organizacional,
com inserção,
automatizada, de
medida de
indicadores de
performance
.
Planejamento
estratégico
contemplando
ações de curto e
longo prazos. Com
algum efeito
prático.
Crescimento do aprendizado organizacional e maior
amadurecimento do processo de planejamento
estratégico.
Criação de visão portadora de futuro.
Discernimento objetivo dos níveis estratégicos,
gerenciais e operacionais.
Definição de projetos estratégicos comprometidos
com o futuro.
Criação de ambiente corporativo propício ao
ordenamento administrativo e operacional.
Resgate do papel
educacional da
entidade.
Reordenamento
das competências
técnicas das
unidades
escolares,
definindo-se
áreas específicas
de atuação.
Credenciamento
de cursos
superiores de
tecnologia.
Formação da
primeira turma de
jovens técnicos.
Instrumento com
habilidades e
competências da
força de trabalho.
Aperfeiçoamento
de docentes.
Formação da
segunda turma de
jovens técnicos.
Racionalização do
plano de
desenvolvimento de
pessoal.
Obtenção da
certificação ISO de
qualidade para toda
a entidade.
FONTE: AUTOR DA PESQUISA, 2006.
QUADRO 03 - DESENVOLVIMENTO CRONOLÓGICO DO PROCESSO DE DEFINIÇÃO DE VISÃO DE FUTURO NO SENAI-BA E OS RESULTADOS OBTIDOS
51
3 A TEORIA SOBRE A VISÃO DE FUTURO
3.1 A VISÃO DE FUTURO NO CONTEXTO DA FORMULAÇÃO ESTRATÉGICA
Há pluralidade de argumentos de autores e pesquisadores envolvidos no tema gestão
orientada para a estratégia e sistemas de mensuração de desempenho. O professor Kaplan e o
executivo Norton (2001), criadores dos cinco princípios do sistema de gestão estratégica ou
organizações orientadas para a estratégia, conteúdo incorporado às teorias da gestão estratégica,
estabelecem uma espécie de metodologia genérica, capaz de fazer qualquer cultura
organizacional adaptar-se a ela.
Em contrapartida, surgem ponderações de outros autores que contestam a afirmativa de
Kaplan e Norton (2001) que somente com alguma maturidade, sofisticação gerencial e estilo de
gestão participativa e não autoritária, as condições básicas para a implementação de um modelo
de gestão orientado para a estratégia, composto pela etapa de construção da visão de futuro,
estão garantidas. Iglesias e Teixeira (2002), contrapõem-se a isto, ao constatarem numa pesquisa
não probabilística com executivos brasileiros, em São Paulo, haver influência da cultura
organizacional específica de cada empresa, necessitando de adaptação do método proposto ao
que intitulam de Estilo Brasileiro de Administrar, tal como descrito por Barros e Prates (1996).
Nesse sentido, afirmam que tais condições básicas, por si, não são capazes de adaptar as
empresas a um determinado método, específico e padronizado, para o mundo empresarial.
Para a caracterização das questões relacionadas com a cultura organizacional das
empresas, Goldszmidt (2003), elenca dois grupos de fatores críticos para a implementação de
gestão orientada para e estratégia, quais sejam: no primeiro os aspectos gerais da organização
(processos organizacionais; cultura organizacional; existência de uma estratégia ou visão de
futuro claramente definida; e, existência de um sistema de informação adequado); e, no segundo,
os fatores relacionados especificamente com a implementação de uso do BSC balanced
scorecard (ferramenta de gestão que auxilia a tradução da estratégia em objetivos estratégicos) e
do esforço necessário para implementá-lo (liderança e apoio da alta administração;
individualização do projeto e sua abrangência e uso de projeto piloto; elaboração de indicadores;
equipe do projeto; comunicação e disseminação; dinâmica da aplicação da metodologia e sua
integração com os sistemas gerenciais).
52
Há de se levar em conta então, que é preciso considerar a necessidade de estabelecimento
de condições prévias de adaptação de modelos de gestão estratégica a uma determinada cultura
organizacional. Não procedendo assim, é possível que o modelo implementado possa guiar a
empresa a um comportamento estratégico repleto de equívocos, alimentando, inclusive, a cultura
de descarte de idéias aparentemente bem concebidas, porém mal aplicadas e utilizadas. Esta
situação acaba gerando uma permuta freqüente de propostas metodológicas, como indicativo de
solução para questões estratégicas, notadamente no que concerne a construção de visão de futuro
e possível implantação de sistema de monitoramento de seu alcance.
Outro ponto oportuno para reflexão, destacado entre os fatores críticos relacionados por
Goldszmidt (2003), versa sobre a necessidade da existência de uma estratégia ou visão de futuro
claramente definida; e, existência de um sistema de informação adequado, antes de se pretender
implementar um modelo de gestão estratégica. Quanto ao primeiro fator, infere-se, com
concordância, que se uma empresa não for capaz de construir uma visão de futuro e estabelecer
estratégias claras para alcançá-la, não importará o modelo que adote, pois estará susceptível ao
fracasso, sendo mais agravante ainda no caso de empresas sem fins lucrativos.
Quanto à existência prévia de sistema de informação adequado, sugere-se a
implementação de um BSC, a partir de uma cultura também já existente de acompanhamento,
via sistema, do desempenho operacional e gerencial. Um ponto que reforça essa tese é que o
percurso da experiência de Kaplan e Norton (2001), antes de ter ampliado seu escopo e atingir o
que eles denominam de empresas orientadas para a estratégia, passou pela experimentação e
validação de um conjunto de indicadores que oferecessem à alta gerência uma rápida visão do
negócio.
Porter (2002), abordando o tema estratégia, comparativamente às idéias propostas por
Kaplan e Norton (2001), defende a customização do BSC, ou seja, adequação dele ao perfil
da(s) estratégia(s) específica(s) de cada empresa, dotando-o de um conjunto distinto de medida
de desempenho para cada uma delas. Para ter posicionamento estratégico a organização tem que
possuir estratégias específicas e distintas e reforça a tese de que um sistema proposto deve partir
de estratégias formuladas anteriormente e se adequar às medidas previamente definidas de
controle e aferição de performance. Enfatiza que, se uma empresa está em processo de
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competição por indicadores de desempenho iguais aos dos concorrentes, ela se encontra apenas
num embate operacional e não estratégico.
Também questiona Porter (2002), quanto à hierarquia posta no BSC, onde as
perspectivas seguem um certo ordenamento lógico, dando prioridade aos aspectos financeiros, e,
após, a clientes, processos internos, ficando por último o aprendizado e o crescimento. Ora,
como implementar esse modelo de gestão orientado para a estratégia em empresas que não
objetivam, prioritariamente, o lucro? Sugere que se observe a prioridade estratégica focada na
visão de futuro e conseqüente no cumprimento da missão institucional. A representação gráfica
do mapa estratégico das empresas sem fins lucrativos - que na proposta por Kaplan e Norton
(2001) tem como principal objetivo comunicar a estratégia da empresa por toda a organização e
fora dela de forma clara e rápida - seria de difícil elaboração, pois além da inclusão de mais uma
perspectiva - a de cumprimento da missão - seria a consideração dos aspectos financeiros
direcionados a um outro grau de importância no contexto organizacional, assinala Porter.
Mintzberg e Quinn (2001), fazem uma reflexão sobre o próprio significado da palavra
estratégia, afirmando não existir uma única definição universal aceita por todos os envolvidos no
tema. Discorre sobre as várias definições de estratégia, nomeando-as como: plano, pretexto,
padrão, posição e perspectiva. Percorrem esses significados de maneira oportuna, traduzindo-os,
como: curso de ação consciente engendrado para lidar como uma determinada situação;
manobra para ludibriar possíveis adversários; consistência, pretendida ou improvisada, de
determinado comportamento; posicionamento da organização no ambiente; e, introspecção para
identificar a cultura.
Para Mintzberg, Ahsltrand e Lampel (2000) alguns autores vinculam a estratégia com
espírito empreendedor, atribuindo a construção da visão futura de uma empresa, à inspiração
oriunda do grande líder. Na sua interpretação a visão pessoal é a essência para o surgimento da
conseqüente estratégia. Este vínculo liga a própria formulação da estratégica a um processo de
obtenção do conceito vindo da mente de um determinado indivíduo. Seria o uso da chamada
teoria da escola cognitiva, que busca utilizar a psicologia cognitiva para acesso à mente do
estrategista da organização.
54
3.2 AS ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO E A VISÃO DE FUTURO
As dez escolas de planejamento estudadas por Mintzberg, Ahsltrand e Lampel (2000),
direta ou indiretamente atribuem importância e relevância ao processo de definição de visão de
futuro, reconhecida como estratégia genérica ou mesmo objetivo estratégico. Ao mapear as
premissas dessas escolas, observa-se que os autores a elas ligados, de alguma forma, relatam
como se identificam com a crença de que a definição de visão de futuro faz parte da busca
organizacional pelo alcance de seus objetivos. Essas escolas prescrevem ou descrevem
metodologias de processos de planejamento que não dispensam a prospecção da visão de futuro,
como instrumento balizador e norteador das organizações que pretenderam e pretendem
continuar seus negócios ainda por um longo tempo.
A escola de pensamento chamada de Design, dá os primeiros passos para a discussão
sobre o tema visão de futuro a partir do livro-texto básico, intitulado Business Policy: Text and
Cases, por Learned, Chistensen, Andrews e Guth (1965), originários da Harvard Business
School,. Essa afirmativa se baseia nas premissas dessa escola que acredita ser a percepção e o
controle da estratégia genérica de responsabilidade exclusiva do executivo principal ou gerente
geral. A estratégia genérica advinda do ponto de vista desse agente, entendida como uma visão
de futuro para os negócios, seria um dos fatores primordiais da arquitetura da finalidade da
empresa, atribuindo-se, então, a alta administração, o papel de conceber os possíveis destinos da
organização.
Essa proposição demonstra um caráter prioritário na definição de futuro, caracterizando
o processo como de natureza especificamente interno e centralizado, relegando aos demais
atores da empresa a condição de executores, como também aos externos, figurações sem
importância alguma na formulação estratégica, nela incluída a visão de futuro. Teria a
organização um nível hierárquico que formularia essa visão e aos demais a condição de apenas
implementadores; o pensamento residiria no topo da hierarquia e a ação nos níveis abaixo dela.
Dentre as escolas com perfil prescritivo de planejamento, inclui-se também a de
Planejamento, surgida nos idos dos anos 70 e originada pelo trabalho de de Ansoff, publicado
em 1977. Focada na existência de um grupo seleto de planejadores especializados e
componentes de um departamento especializado de planejamento estratégico, com vínculo
55
direto com a alta administração, a proposta desta escola dá atenção especial à definição de
objetivos no início do processo e orçamentos e planos operacionais no final. A partir do uso da
palavra objetivo como estratégia por um dos proeminentes representantes da escola de
Planejamento, Lorange (1980), é possível transpor seu conceito em sinônimo de visão de futuro,
como o feito em relação à de Design e, como tal, significando a imagem antecipada do que a
empresa pretende ser ou se transformar no tempo. Os adeptos dessa escola fazem a avaliação das
condições internas e externas, no trilho da proposta feita pela escola de Design com a criação da
análise SWOT (avaliação de pontos fortes, pontos fracos, das oportunidades e das ameaças).
Após a divisão em etapas claras desse modelo de análise, propunham a articulação destas com
muitas listas de verificação e técnicas, fixando-se em seguida os objetivos, e, depois, elaborando
orçamento e planos operacionais. Absorvidos, dentre outros conceitos, pelo de valor de
mercado/contábil da empresa, a comunidade de planejamento, orientada para a análise
financeira, passa a aplicar diversas técnicas desta natureza, bem como a de avaliação da
estratégia competitiva.
Preocupado não só com o processo mas também com o cronograma de execução das
etapas que o compõem, Steiner (1979) acrescenta uma etapa inicial, denominada de plano para
planejar. Nele, num dado momento do Ciclo Anual de Planejamento (modelo implantado na
General Eletric em 1980), a alta direção pronuncia uma declaração explícita da estratégia
genérica e das metas corporativas. Esta declaração passa a ser admitida então, hipoteticamente
para efeito comparativo, como a explicitação da visão de futuro no âmbito do que prescreve o
modelo da escola de Planejamento. Contudo, não há uma explicação nos mapas de planejamento
propostos por esta escola que indique como a estratégia explicitada fora realmente criada. Ao
que parece, dado que o modelo se baseia na centralização de poder decisório na figura do CEO
(Chef Executive Office) da organização, tudo indica emanar de sua habilidade e de seu controle a
visão de futuro da empresa.
No início da década de 80 surge a escola de Posicionamento, precursora da
Administração Estratégica, dando ênfase ao processo de formulação da estratégia, como a do
Design e de Planejamento o fizeram, mas, acrescentando no mesmo grau de importância, o foco
no conteúdo das mesmas. Aparecem as consultorias especializadas (butiques de estratégia),
ofertando cursos, conferências, criando a indústria da estratégia, que se espalhou rapidamente
pelo mundo dos negócios.
56
O foco no comportamento estratégico de setores industriais, não apenas de uma
determinada empresa, analisando vantagens e restrições estratégicas, deu o tom das proposições
da então escola de Posicionamento. A crença de que a estratégia-chave como posicionamento
frente ao mercado possui serventia diante da concorrência presente e/ou futura, inspira a
presença de uma visão futura, provendo reserva de recursos para uma possível expansão, com
vias a ampliar ou consolidar a posição econômica das empresas no mercado em que atuam.
Permanecendo o desenvolvimento da visão de futuro (estratégia genérica) sob a orientação
auspício do administrador principal, seu processo de criação não está claro quanto à escolha de
um determinado futuro para a empresa.
Uma das importantes contribuições dessa escola foi a criação da matriz de crescimento-
participação estável, conhecida como matriz BCG (Boston Consulting Group), que se propunha
a servir na identificação, de como alocar recursos em diferentes negócios de uma empresa
diversificada,. Inspirados no modelo clássico da escola de Design desenvolveram uma matriz
composta por quatro estratégias genéricas resultantes de dimensões chaves. A partir daí as
empresas passariam a demarcar sua posição no mercado e, posteriormente, selecionar a
estratégia que melhor se adequasse ao futuro pretendido pela organização.
Com a publicação do livro Estratégia Competitiva, Porter (1999) estimula a criação da
escola de Posicionamento, propondo técnicas de análise competitiva e de indústrias. Ele acredita
que a estratégia de negócios de uma empresa deve ser baseada na estrutura de mercado no qual
ela opera. Identificando cinco forças contidas no ambiente concorrencial das empresas, Porter
(1980) apresenta um modelo de análise competitiva de uma organização que influencia o
ambiente concorrencial baseado no acesso a mercados em função do nível de dificuldade das
barreiras de entrada; na relação comercial entre a empresa e seus fornecedores; no nível de
pressão exercida pelos consumidores em relação a preços e qualidade; na relação de
substituibilidade dos produtos ou serviços ofertados pela empresa; e, na luta pela conquista de
posições no mercado através da rivalidade entre concorrentes. A partir das peculiaridades de
cada uma dessas forças externas as empresas adotam determinada estratégia (visão de futuro).
Afirma ainda que em função da grande quantidade de forças externas existentes, é possível crer
que somente umas poucas estratégias genéricas sobrevivam à concorrência no longo prazo,
propondo a adoção de estratégias de liderança em custo, diferenciação e foco.
57
A Teoria dos Jogos, oriunda da teoria econômica, utilizada por Neumann e Morgenstern
(1947) muito contribuiu com a escola de Posicionamento. Examinando na economia o nível de
concorrência e de cooperação dentro de pequenos grupos de empresas, essa teoria proporciona
um atalho para se chegar até a pretendida estratégia genérica ou visão de futuro. A partir da
observação do jogo em interesse próprio e conhecedores de situações bem-definidas, os atores
racionais passam a assumir uma determinada estratégia. Esta teoria examina, a partir de
situações que permitam questionamentos simples, o exame sistemático de permutas e
combinações, cujas deduções levam a empresa a grandes números de possibilidades. Assim,
essa teoria presta auxílio ao ordenamento do pensamento estratégico com vias a obtenção da
chamada estratégia dominante, também aqui, intitulada de visão de futuro.
Fazendo da formação da estratégia um processo analítico, a escola de posicionamento,
ainda que numa linha coincidente com a da escola do Design, onde a formulação é gerada na
alta administração, incrementa uma análise formal, até então não registrada. Ocorre que, como
essa análise é feita a partir de dados e fatos passados e presentes, a extrapolação que gera a visão
de futuro pode estabelecer uma distância arriscada e destoante entre o que a empresa é e o que
pretende ser. Outro ponto importante diz respeito ao foco da análise orientada notadamente
pelos aspectos econômicos, relegando a segundo plano os aspectos de caráter social e político,
como também, desconsiderando a importância das capacidades internas existentes na
organização. Dessa forma, poder-se-á gerar uma análise tendenciosa, com efeito negativo sobre
a construção da visão de futuro.
A escola empreendedora defende a formação de estratégia como um processo visionário.
Assim, convida os interessados no assunto a uma primeira reflexão sobre missão e visão. Esta
escola destaca a visão da estratégia ou de futuro como uma perspectiva associada com imagem e
senso de direção, com foco exclusivo nos ditames e na inspiração do líder no processo de
formulação estratégica. A intuição, o julgamento, a sabedoria, a experiência e o critério advêm
do estado inato do líder da organização. A proposta dessa escola reside em que seu conceito
central, a visão. A configuração de visão de futuro é criada ou expressa em sua mente.
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É, ao mesmo tempo, inspiração e senso de direção. Possuindo uma qualificação simplista
e sendo uma espécie de imagem, a visão não se transforma num plano concretamente articulado,
podendo o líder apropriar-se dessa flexibilidade, adaptando-o às suas experiências. Bennis e
Namus (1988) descrevem a visão como algo que invoca um estado futuro, que nunca houve e
ainda não existe. Tem que ser algo que seja simples, inteligível, desejável e possua energia.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) – através do que denominam de pensamento
estratégico como o “ver”, fazem uso de metáforas do pensamento do ver além, explicando o
sentido de se pretender chegar ao futuro.
Mas há muitas idéias criativas neste mundo, muito mais do que ele pode controlar –
basta visitar qualquer galeria de arte. E assim, além de ver para os lados, os pensadores
estratégicos precisam ver além. Idéias criativas têm de ser colocadas em contexto, para
serem vistas em um mundo ainda por revelar. Ver além é diferente de ver à frente. Ver
à frente é prever um futuro esperado, construindo uma estrutura a partir de eventos do
passado – as descontinuidades são previstas intuitivamente. Ver além constrói o futuro
– inventa um mundo que, caso contrário, não existiria. (MINTZBERG; AHLSTRAND
e LAMPEL, 2000, p.100)
A visão de futuro com essa perspectiva ganha expressão, onde o “sonhar” vendo-se à
frente e, declarado circunstancialmente, propicia a visibilidade de uma situação que se pretende
alcançar estrategicamente. Na escola Empreendedora essa visão se torna de suma importância na
definição de rumos, além de vincular o processo de formulação estratégica a uma estrutura
ligada ao comportamento da mente humana. O empreendedor, entendido assim como o líder
principal, será o grande “inspirador” de todo o processo..
Schumpeter (1984), define o empreendedor, define-o como o agente que dirige o motor
responsável pela manutenção do capitalismo em movimento, através do que chama de
destruição criativa. Também ressalta que o empreendedor não é necessariamente aquele que
investe o capital inicial ou inventa um novo produto; é sim, aquele que detém a idéia do
negócio. A inovação para Schumpeter (1984) é o traço original da figura do empreendedor e,
sem ela há uma descaracterização desse agente, alterando seu papel para o de outro ator no
processo. Ele pode ser o fundador da empresa, um gerente ou um líder inovativo. Que possuindo
idéias nas mãos as tornam poderosas e rentáveis. Nessa escola, a liderança personalizada,
inspirada na figura do grande líder, aquele cuja visão de futuro remete a empresa ao sucesso,
dado seu comportamento pessoal e tido algumas vezes como heróico, é a base da formulação da
59
estratégia principal. Um dos rótulos atribuídos ao grande líder na escola empreendedora é o de
liderança visionária vinculada ao gestor de uma organização, não ao seu criador
necessariamente. Este ponto distingue então este personagem daquele que cria seu próprio
negócio, o dono da empresa.
Dada a ocorrência de lacunas das propostas prescritivas do planejamento, surge a figura
de um grande líder dotado de uma visão “salvadora” da organização. Isto declarado propõe que
toda empresa que deseja o reconhecimento necessita estabelecer uma visão, ou, minimamente
uma causa que se afigure como estratégia rotulada como visão de futuro. Por sua vez a visão de
futuro estaria compatível com um desejo visionário e factível de alcance que classifique a
empresa como única.
É preciso aprofundar a análise sobre o perfil do líder visionário. Nas pesquisas feitas por
Collins e Moore (1970), divulgadas através do livro The Organizacion Makers, 150 (cento e
cinqüenta) empreendedores independentes tiveram suas vidas mapeadas desde a infância,
passando pelo processo de educação formal e informal, até a criação de seus empreendimentos.
Testes psicológicos indicaram ser pessoas rígidas e determinadas, que trazem desde o início da
vida marcas que buscam a realização e a independência, e afeitos a rupturas em relação à
regularidade da vida cotidiana. Capazes de correrem grandes riscos, a partir desse rompimento,
assumem o papel de obstinadas pessoas em busca de viver por conta própria; transformam seus
dilemas num desafio incorporado ao sentido visionário do futuro sem a preocupação com a
estabilidade e, assim, projetam um determinado negócio ou idéia.
A necessidade de controle, de independência e de realização, faz desse empreendedor
uma pessoa isolada que possui personalidade empreendedora composta de decisões, visões e
intuições, além de caracterizá-lo como um “calculista.” Esta afirmação pode ser ratificada
através do estudo feito por Stevenson e Gumpert (1985), que sugeriram uma diferença entre
administradores e empreendedores na tomada decisões. Os primeiros seguem uma lógica de
questões, tais como: quais recursos estão sobre seu controle? Qual estrutura existente para
relacionamento com o mercado? De que forma amenizar o efeito sobre minha capacidade, a
partir das ações dos outros? Qual é a melhor oportunidade, circunstancialmente? Já o
empreendedor, começa seus questionamentos pela possibilidade de prospectar a oportunidade,
60
ou seja, onde é que ela pode estar? Como aproveitá-la? Qual a demanda de recursos? Como
conquistar o controle? E, finalmente: Qual é a melhor estrutura para isto?
Outro aspecto é a capacidade de adaptação às mudanças ambientais; o empreendedor
transforma mudanças em oportunidades favoráveis, ficando sempre sintonizado com elas. O
administrador objetiva a estabilização, reagindo de maneira defensiva a potenciais ameaças.
Teria então, o primeiro, tendência a ações revolucionárias com objetivos de curto-prazo, ficando
para o administrador um perfil de agente de ações evolucionárias com expectativas vinculadas
ao longo prazo.
Quanto à geração da estratégia genérica ou visão de futuro, Mintzberg (1973) propôs a
ocorrência de quatro formas:
- a primeira estaria na predominância da busca por oportunidades, dando menor
importância aos problemas e, assim, gerando a estratégia dominante;
- a segunda, não menos importante que a anterior, o poder centralizado em mãos do
empreendedor (agente que possui a capacidade de envolver a organização em cursos de ação
ousados), descrito por Drucker (1970) como aquele que tem uma idéia definida, também narrada
como uma clara teoria do negócio e que nesta se inspira para adoção de ações e tomada de
decisões. Esse empreendedor, através do poder e/ou do carisma, acaba por conduzir os negócios
muitas vezes sem a existência de um plano ou de procedimentos formais, adaptando-se às
variações de mercado e assim executando movimentos sincrônicos com as mudanças rápidas e
constantes deste.
- a terceira, como o empreendedor navega constantemente num mar de incertezas e delas
tenta obter as oportunidades que propiciem grandes saltos, sempre para frente, a estratégia surge
nessas transposições, através dos chamados golpes ousados;
- a quarta e última, estando o empreendedor sempre com o ego em evidência e
influenciado por este, enxergando na materialidade da realização o alcance do crescimento,
estaria caracterizada a estratégia dominante da organização empreendedora.
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Alguns estudos desenvolvidos na McGil University sobre a origem da visão e o papel
que desempenha na vida e existência das organizações, foram importantes para melhor
desvendar este assunto a partir de experimentações e proposições oriundas de diversas áreas do
conhecimento humano como a dramaturgia: O drama que incita a magia do que ocorre entre a
ficção e a vida real; Brook (1968), diretor de teatro, propõe, então, que se observe que no teatro
essa magia se dá com a combinação entre ensaio e desempenho dos atores somados com a
presença do público. Dessa combinação surge a energia que entusiasma todos os envolvidos no
processo de busca pela visão de futuro desejada.
Westley e Mintzberg (1989), transpondo esses conceitos para a administração baseada na
visão de futuro, os traduzem como sendo: Repetition (ensaio), que sugere haver sucesso quando
este provém do conhecimento de causa do líder visionário, detentor de experiências
semelhantes; Representation (desempenho), quando se trata da capacidade desse líder no
emprego da linguagem simbólica, conseguindo fazer com que seus liderados enxerguem e
creiam nas novas perspectivas por ele anunciadas; e, Assistence (presença), ou seja, a acuidade
desse líder na identificação da especificidade tanto do público quanto do tempo aos quais,
respectivamente, deverá se dirigir e utilizar no processo de convencimento na adesão do futuro
pretendido.
[MINTZBERG; AHLSTRAND e LAMPEL, (2000)], descrevem a liderança visionária
como estilo e estratégia associados: “é drama mais não é representação.” Essa liderança nasce, é
feita e é o produto de um momento histórico.
Ao líder visionário é vedado o direito de atuar num papel destoante daquele que
realmente exerça, como também em relação ao discurso usado no convencimento aos demais
atores envolvidos na construção da visão de futuro proposta. Este poderá cair em descrédito e
posterior desventura quando observado distanciamento entre a ação e a retórica, de forma que a
ele cabe função relevante e intransferível, pois seus sentimentos expressos em consonância com
suas atitudes é que o tornam um líder visionário. Dessa forma, havendo coerência entre o propor
e o fazer fica inatingível a pretensão de se expressar uma liderança visionária numa fórmula a
ser seguida e imitada.
62
A dependência da escola Empreendedora na existência de um líder visionário e que deste
emana a visão de futuro, a torna refém do comportamento de um único sujeito, assim como nas
escolas anteriormente narradas. As soluções de problemas de uma organização estarem
obrigadas a transitarem forçosamente na busca, contratação e ação de um novo líder visionário,
as tornam dependentes de salvadores da pátria que podem tanto encaminhá-la para o sucesso
quanto para o fracasso.
Segundo Stacey (1992) existem conseqüências danosas na formação de visão, segundo
as premissas dessa escola, dentre eles o que parece mais prejudicial: o de depositar a confiança
num único sujeito com delegação para decidir o que fazer, enquanto outros apenas observam e
executam as orientações emanadas do grande líder; essa cultura pode obstruir propostas de ações
inovadoras além de prejudicar um possível aprendizado sufocado pela conformidade e inércia
dos liderados. Restaria a proposição de Collins e Porras (2000), onde se tornaria mais vantajoso
para as empresas construírem uma organização visionária do que se basear apenas num líder
com visão. Seus caprichos e sua saúde que podem, a qualquer tempo, apresentarem problemas e
aí a empresa ficará órfã de seu estrategista-chave.
A escola Cognitiva aparece na década de cinqüenta com o viés no estudo dos processos
mentais de pensamento, percepção, classificação e reconhecimento daquilo que possivelmente
ocorre na cabeça daqueles que formulam a visão estratégica ou de futuro, utilizando-se das
ferramentas existentes no campo da psicologia cognitiva. Em busca da pesquisa do significado e
impacto desse processo na extensão de poder, autoridade, genialidade, talento ou saber da
cognição do estrategista, ela se posiciona diferentemente das explicações de que o que se passa
na mente desse ator é em grande parte uma incógnita. Para esta escola os estrategistas encarnam
o papel de autodidatas que conseguem gerar seus esquemas mentais de absorção de
conhecimento, assim como de formulação de idéias, principalmente com o uso das experiências
vivenciadas. Estas experiências forjam o conjunto de conteúdos que se transformam no saber
desse individuo, que, empregados, convertem-se na maneira como fazem as coisas acontecerem
e, em seguida, conformam as experiências futuras. Um dos autores dessa escola, o cientista
político Simon (1978), que muito transitou pela área de Administração, notabilizou-se pela
noção de que: como o mundo é extenso e de aparente complexidade, e o cérebro humano, ao
invés disto, possui uma capacidade consideravelmente limitada de processamento de
informações, a tomada de decisão é um processo irracional com esforço ilusório de se tratar
63
como se racional fosse, caracterizando o que ele intitula de racionalidade limitada. “A escolha é
sempre exercida através de um esquema simplificado, limitado e aproximativo da situação real”.
Encontrar a origem do pensamento na cabeça de um grande líder para geração da visão
de futuro parece tarefa complicada. A predisposição do pensamento passou a ser a bola da vez
para a explicação desse processo e suas possíveis conseqüências. Makridakis (1990), resumindo
um trabalho feito por Tversky e Khanemann (1974) sobre o assunto, passa a relatar algumas
características dessa tendência do pensamento humano, comentando sobre o que ele chamou de
“crenças infundadas ou sabedoria convencional”:
Crescemos numa cultura em que aceitamos determinadas afirmações como verdadeiras,
embora elas possam não ser. Por exemplo, acreditamos que, quanto mais informações
tivermos, mais precisas serão as decisões. As evidências empíricas não apóiam essa
crença. Em vez disso, o maior número de informações simplesmente parece aumentar
nossa confiança de que estamos certos, sem melhorar necessariamente a precisão de
nossas decisões... Na realidade, as informações encontradas em geral são redundantes e
provêm pouco valor adicional. (MAKRIDAKIS, 1990, p.38).
No caminho inverso ao proposto pela escola Empreendedora, que acredita que
comparações e metáforas geram ganhos na formulação da estratégia principal, dentre outros
aspectos, a escola Cognitiva alerta para a possibilidade de inversão de resultados esperados.
Um dos métodos sugeridos pela escola da Cognição é o instrumento Myers-Briggs
(MYERS, 1962), que baseado na produção literária de obra de Carl Jung, psicólogo e psiquiatra
sueco. Este método utiliza os estudos relativos ao mapeamento do comportamento humano para
ajudar na compreensão do processo de formação de estratégias. As combinações dos grupos de
comportamentos elencados definiriam o perfil gerencial e, a partir de então, seria possível
entender o processamento de informações e o esquema mental da formulação estratégica
elaborados pelo estrategista.
Para Simon (1987), a organização mental das informações acumuladas pelo indivíduo,
associada a uma aplicação rápida num determinado contexto, gera a essência da intuição
humana. Assim, ao realizar uma análise de determinado problema com base em conhecimentos
e hábitos, e empreender uma rápida capacidade de resposta a ele, origina-se o que se chama de
discernimento criativo. Ou seja, reconhecendo elementos familiares, hábitos e conhecimentos
adquiridos, ao se deparar com situação problema, o empreendedor, através desse discernimento
64
criativo, num instante de síntese criativa, produz soluções inovadoras, como também pode
projetar a visão de futuro da organização.
Das escolas até aqui consideradas que versaram sobre como se dá a construção da visão
de futuro, onde o processo se inicia na cabeça do líder principal, dando-se seguimento às etapas
subseqüentes do processo de planejamento, a escola de Cognição parece ter avançado mais,
tentando explicar o processo mental ocorrido na mente desse estrategista. As anteriores indicam
ter iniciado seus estudos a partir da constatação de que um determinado líder construiu
mentalmente a visão de futuro, sem levar em conta, efetivamente, o ocorrido no interior da sede
da memória, das lembranças e do pensamento desse sujeito.
Aparece a escola de Aprendizado como reforço aos argumentos da escola Cognitiva, ao
crer que os estrategistas aprendem ao longo e após de um determinado tempo de absorção de
conhecimentos e de experimentações. Esta escola enfatiza que, admitindo-se por vezes a
originalidade da formulação da visão de futuro emana da cabeça do líder, na maioria das
ocasiões é no convívio coletivo deste com os demais integrantes da empresa, no aprendizado
para o enfrentamento de determinado problema, que surge a estratégia emergente. Então, os
chamados padrões de comportamento passam a influenciar na formulação da estratégia, assim
como modificam o foco da gestão estratégica, de uma administração de mudanças para uma por
mudanças (LAPIERRE, 1980).
Lindblom (1959) é reconhecido como um precursor da escola do Aprendizado. Após
escrever e divulgar o artigo: “A ciência de alcançar o objetivo de qualquer maneira”, pôs-se no
espaço das discussões sobre formulação estratégica. Objetivando definir como se manifesta a
formulação na política governamental e, sugerindo que esta faz parte de um processo que não é
nítido nem controlado, haja vista seus participantes estarem lidando com um mundo demasiado
complexo, ele acaba atingindo as premissas da administração racional e também o espaço da
iniciativa privada que não seria diferente, nesse processo, da iniciativa governamental.
As hipóteses e premissas das escolas defensoras da racionalidade no processo de
formulação da estratégia ficam impactadas pelos questionamentos a respeito da origem do
pensamento estratégico oriundo única e exclusivamente da inteligência racional do grande líder,
da deliberação e consciência racionais dentro do processo de formulação ocorrido na empresa, e,
65
da inviolabilidade da crença de que formulação e implementação são obrigatoriamente
separáveis. Com características claras de uma escola baseada em descrição, ou seja, preocupada
em produzir como as estratégias são formadas, a escola de Aprendizado lança por terra a
tradição criada pelas escolas prescritivas, considerando a formulação destas em algo que não
corresponde à realidade, mas que é fruto apenas da imaginação. Os defensores dessa escola
alertaram também para as questões relacionadas com a dissociação entre a formulação e a
correspondente implementação. Ficam como se estivessem numa batalha silenciosa para ver a
quem atribuir o fracasso dos resultados; de um lado, os pensadores, e, de outro, os executores.,
fruto da segmentação de um processo que deveria primar pela soma e não pela divisão do pensar
com do agir.
A observação dos estudiosos da Teoria da Aprendizagem fez descobrir que a origem das
re-orientações no campo das estratégias organizacionais não se dava nem a partir de grandes
esforços formais de planejamento, nem, tampouco, do andar onde habitavam os altos executivos
das empresas. Nasciam da multiplicidade de ações e decisões cotidianas tomadas por todos os
que habitavam e operavam a organização. Mais ainda, que a casualidade conspirava a favor da
descoberta de grandes redirecionamentos, fruto da somatória das pequenas mudanças ocorridas
ao longo do tempo.
Outro autor importante, Quinn (1979), conferiu maior visibilidade às teorias dessa escola
e inaugurou uma das fases que deu maior substância ao seu conteúdo. Em continuidade aos
pensamentos de Lindblom , no campo empresarial, Quinn (1979) defendeu a tese de que as
cabeças centrais da organização associam seus pensamentos e esforços uns aos outros com foco
numa mesma direção. A esta direção clara daria o nome de estratégia final ou, aqui, também
considerada, de visão de futuro da empresa. Por intermédio do que ele designou de
incrementalismo lógico, ou seja, uma lógica oculta que une as partes interessadas num todo,
criam-se as condições para se encontrar a estratégia através de uma concepção integrada.
Percorrendo um caminho de aprendizado a organização formada por subsistemas incitaria as
mentes dos executivos a exercitar um padrão dentre as decisões comumente adotadas, de modo a
caracterizar esse processo como de “administração estratégica construída no tempo”. Assim,
seria possível criar as condições para se desenvolver uma nova visão de futuro já presente na
imaginação do principal executivo, já que para Quinn (1979) o agente central é o principal
executivo, ainda que assessorado por uma equipe de executivos, da mesma forma que
66
considerado na escola de Design. Para se distinguir das características desta escola, Quinn
acredita numa empresa pouco obediente e com mente própria, com seus executivos
movimentando as pessoas, seletivamente, para uma visão concebida de forma ampla, onde haja
o aprendizado permanente e consciente.
A Teoria Evolucionária, criada a partir das considerações elaboradas pelos economistas
Nelson e Winter (1982), manteve vínculos estreitos com os pensamentos de Quinn. Esta teoria
propõe uma origem diferenciada para o processo de elaboração da visão futura ou estratégia
principal. Reafirmam a existência de subsistemas e, que, na inter-relação das rotinas entre eles
estaria o princípio das mudanças, não nas mentes dos principais executivos como supôs Quinn.
As rotinas, como modelos que se repetem nas atividades cotidianas das organizações, como tal,
representam as ações que acabam por controlar seu funcionamento regular, propiciando
estabilidade operacional. A sutileza dos evolucionários está na descoberta de que essas rotinas
são propulsoras silenciosas de mudanças e, a partir destas, novas rotinas surgiriam para
adequação a uma nova realidade que, por sua vez, geraria uma mudança maior ainda. Esse ciclo
virtuoso reproduziria um efeito em cascata e, capilarizado na empresa, favorecendo o
aparecimento de inovações e de estímulos ao desenvolvimento de ideais futuros, de forma
corporativa e não apenas nas mentes dos principais agentes da organização.
Dessa forma, os empregados com liberdade e apoio para criação e inovação, não
submetidos à formalidades excessivas pelos níveis hierárquicos de alocação de recursos,
ficariam ávidos a desenvolver novos produtos. Aí estaria identificada a origem das mudanças
estratégicas, cujas propostas derivariam de agentes estratégicos (não necessariamente da alta
administração), capazes de defender propostas ou empreendimentos que pudessem levar a
empresa a uma movimentação estratégica. Na proposta do chamado “empreendimento
estratégico”, a figura do intrapreneurship (PINCHOT, 1989) - pessoas com aptidão e iniciativa
que atuam como empreendedores internos - é de vital importância. Seriam competidores com
outros de igual papel no ambiente interno da organização por recursos financeiros e apoio
funcional dos níveis hierárquicos, exercendo um papel primordial de estimular o aprendizado
organizacional.
67
Bower (1970), em sua obra Managing the Resourse Allocation Process: A study of
Planning and Investment, descreve o processo de alocação de recursos como algo complexo sob
o ponto de vista do que se possa imaginar. Seguindo etapas não menos complexas que seu
entendimento genérico, o processo de alocação necessitaria de fases como: estudo, negociação,
convencimento e definição pelos níveis hierárquicos da empresa, demandando um tempo
considerável de seu início até o fim. Assim, os empreendedores teriam que desenvolver suas
iniciativas e negociá-las com gerentes intermediários. Estes, por sua vez, após aderirem às
idéias, convenceriam os executivos para, então, se chegar a um estágio de possível definição e
atribuição de recursos para financiar as idéias escolhidas.
O conceito de “estratégia emergente” se manifesta na escola de Aprendizado
acompanhado de uma definição que considera a estratégia como um padrão ou conformidade de
ação. Na visão do psicólogo Weick (1973), no âmbito da compreensão retrospectiva, sem ação
não há como ocorrer aprendizado. Agir primeiro e reter os comportamentos desejáveis seria o
melhor caminho para se alcançar um padrão. A capacidade de experimentação nas organizações,
como fator primordial de aprendizado individual e coletivo, habilita-as a realizarem, a partir do
somatório das práticas sucessivas realizadas e validadas, a convergência para um determinado
padrão que transforme na estratégia emergente. Esta estratégia ou visão de futuro pode surgir
então de diversificados atores internos e/ou externos, individualmente ou coletivamente, que
interagindo entre si, até mesmo de forma despropositada num determinado processo, operam
como idealizadores de seu desenvolvimento.
Poder e política sempre estiveram presentes nas relações humanas, como também, nas
organizações. Seu uso no processo de persuasão de pessoas possui evidência histórica desde os
primeiro registros de funcionamento das sociedades primitivas que se agrupavam para a defesa
de interesses, fazendo uso, ainda que de forma empírica, do poder através da força e do
exercício político no trato das relações humanas. A escola de Poder, enfatizando esses aspectos,
caracteriza a formação da estratégia como um processo claro de influência, através do uso do
poder e da política, com o objetivo de se negociar objetivos específicos e favoráveis a
determinados interesses.
68
Publicações dos anos 70 como Strategy Formulation: Political Concepts
(MACMILLAN [1978]) deram um caráter formalizador aos pensamentos elaborados por autores
dessa escola. O reconhecimento de que homens possuem funções mentais e de personalidade
que os capacitam a desenvolver sentimentos e projeções, mostra a realidade como ela é nessas
organizações. Os defensores dessa linha de reflexão combatem pressupostos anteriores que
indicavam que as pessoas exercem papéis submissos e leais a definições estratégicas oriundas de
altos executivos. A isto foi dada a denominação de “poder micro”. Nessa escola a formulação da
estratégia é um processo político e a estratégia é uma política. O poder macro consiste na
interdependência entre a empresa e os grupos externos de pressão, consistindo nos cuidados
gerenciais com as demandas dos stakeholders e do aproveitamento destes em benefício da
organização, além de propiciar a formulação da estratégia de maneira cooperativa, através da
formação de redes e alianças.
Como processo político, a formulação estratégica englobaria análise, cognição,
aprendizagem, negociação e concessão entre agentes envolvidos que, ao enfrentarem a
imprevisibilidade de alguma variável ambiental ou mercadológica, lançam mão de atributos
políticos. Um jogo político se estabelece e nele surge o poder como recurso determinante na
dinâmica organizacional dado que os recursos são financeiramente escassos, em momentos de
conflito, previsíveis em função disto, ou mesmo pela existência de diferenças humanas,. Assim,
a afirmação de que a formação da estratégia surge apenas a partir da cabeça do principal
executivo, ou mesmo de um seleto grupo de planejamento, fragiliza-se diante da real dimensão
do papel dos indivíduos que atuam na empresa, cujos comportamentos e interesses e
conseqüente demonstração de poder, mapeiam a estrutura de poder decisório da organização.
As arenas de embate político estariam em todo tipo de organização, seja da pública ou
privada, pois até mesmo empresas dirigidas autocraticamente seriam, com o passar do tempo,
também influenciadas pela política e pelo poder. Após as confrontações em momentos de
mudanças difíceis é feito um realinhamento imprevisível de forças e decretado quem é “dono do
que” e “quem manda em que”, abrindo-se a uma constante e silenciosa temporada para novos
conflitos e novas arenas de disputa pela hegemonia de um grupo sobre os demais agentes da
corporação, com implicações sobre o processo de formação da estratégia ou visão de futuro da
empresa. Um novo direcionamento estratégico demonstraria mudança de poder decisório e
conseqüentemente uma nova definição de visão de futuro. As manobras políticas teriam mais
69
força ao se tratar de empresas com descentralização organizacional, pois estas seriam mais
vulneráveis aos efeitos das disputas políticas e seus desdobramentos.
Na onda da formulação da estratégia como processo coletivo, no contexto de
envolvimento de pessoas com seus papéis e comportamentos, emerge a escola Cultural,
destacando a força social da cultura na formação estratégica e da manutenção de sua estabilidade
como também, em alguns casos, na resistência ativa a mudanças em nível estratégico. Do bojo
das concepções dos orientais que a experimentaram nos anos 80, cujo sucesso de sua aplicação
foi admitido nas corporações japonesas, no âmbito da administração, os aspectos referentes à
organização e motivação parecem ter caracterizado bem a importância dessa escola neste
processo. Admitindo-se que houve uma imitação das tecnologias norte-americanas, também é
reconhecível que a maneira de realizar os eventos destingiu, de fato, a forma como os japoneses
atuaram nesse processo, principalmente no que se refere ao reconhecimento de que a
organização é uma entidade integrada pela reunião de pessoas, suas crenças e valores, que visam
o interesse comum.
A formação da estratégia ou visão de futuro estaria atrelada a um processo de interação
social agregado a crenças e traduções comuns das circunstâncias pelos membros que compõem a
empresa. Através do processo de contato entre esses grupos sociais, pelo qual cada um assimila,
adota ou rejeita elementos da cultura do outro, há um aculturamento tácito não verbalizado que
resulta na formação da cultura organizacional e seus efeitos sobre a definição do objetivo
estratégico a ser alcançado. Essa cultura, atuando como uma espécie de agente filtrador
perceptivo (SNODGRASS, 1984), acabaria por definir as premissas das decisões pessoais
arraigadas em propósitos de interesse coletivo e às condições em que os recursos serão aplicados
em benefício do atingimento da estratégia principal.
Um ponto não menos importante do que a formação da estratégia é o da resistência a
mudanças. As censuras impostas pelas culturas organizacionais enraizadas em crenças que
geram barreiras internas a alteração no quadro estratégico podem desencorajar um processo de
definição de uma nova e competitiva visão de futuro. Observou Lorsh (1986) que a
desconsideração dos sinais de mudanças emitidos pelo ambiente externo e pelos executivos da
empresa pode torná-los míopes se forem defensores de um determinado status quo, ou seja, da
70
crença de que se algo funcionou bem no passado tenderá, obrigatoriamente, a continuar dessa
forma. Até mesmo o uso da técnica de benchmark entre organizações em redes fechadas pode
desencorajar mudanças estratégicas, na medida em que outros produtores fora destas técnicas
possam estar desenvolvendo inovações que se tornem ameaçadoras para o futuro desses
negócios.
Surge, então, a necessidade de vencer a chamada inércia estratégica da cultura
organizacional, através do uso da flexibilidade e da inovação como partes integrantes dessa
cultura. Segundo Lorsh (1986), o estímulo a um ambiente onde se permita e exercite a discussão
de questões e a contestação de crenças enraizadas pode facilitar o aparecimento de novas idéias,
bem como, a manutenção de programas internos de educação gerencial e de revisões culturais,
com o uso de agentes externos e o revezamento na realização de uma função ou um negócio.
Outra observação importante é a de que é preciso escrever formalmente e compartilhar as
crenças principais para que os gerentes possam ter conhecimento das convicções estabelecidas
pelas organizacionais, como reforça Lorsh. Essa crença é reforçada pela afirmação de Biorkman
(1989) de que as mudanças estratégicas devem ser amparadas em alterações essenciais de
cultura. Autores como Waterman, Peters e Phillips (1980), referindo-se a valores que
dominantes em relação a uma empresa podem torná-la detentoras de vantagens competitivas e,
assim, bem sucedidas. Introduzindo a estrutura 7-S
2
, eles colocaram a cultura como marco
superior e, ao seu redor, a estratégia, a estrutura, os sistemas, os estilos, as pessoas e as aptidões.
A harmonia entre esses fatores organizacionais conspiraria a favor do alcance dos resultados
almejados pela empresa, dando-lhe certa garantia de sucesso.
O ambiente, até então tratado pelos pesquisadores como um fator do tema visão de futuro
ou estratégia principal, passa a ser considerado como o ator principal no curso de seu
desenvolvimento. Ao lado dos aspectos liderança e organização, o ambiente compõe as três
forças principais para um processo de formação dessa estratégia. As influências do ambiente
externo com suas demandas exercem poder de decisão sobre a cabeça dos estrategistas e suas
opções estratégicas.
2
Aspectos dominantes elencados por Watterman, Peters e Phillips a serem incorporados pelas organizações e que
mesclados harmonicamente, podem propiciar sucesso aos empreendimentos.
71
A escola Ambiental não ignora os sinais emanados pelo ambiente, de forma que sua
influência extrapola o sentido de entendê-lo como apenas uma força econômica externa descrita,
como foi, pontualmente, pela administração estratégica. O ambiente representa o habitat natural
da empresa, com todos os acontecimentos cotidianos ou esporádicos, em pequena ou larga
escala, encontrando-se sempre em estado de aparente competição. Assim, seja no âmbito
concorrencial ou no desenvolvimento de estratégias, o ambiente é quem determina quê
adaptação contingênciada a empresa deve seguir, subordinando-se a ele as tomadas de decisões
e os demais aspectos organizacionais, sob pena dela ser excluída do nicho ecológico a que
pertence.
Segundo a visão de contingência, em oposição ao pensamento da administração clássica,
a empresa sempre está sujeita a uma situação em que tudo pode acontecer. As incertezas e a
natureza das coisas e dos negócios é que acabam por oferecer as melhores descrições do
ambiente a que está submetida. Esta afirmação se baseia na percepção de que as situações
enfrentadas são as mais diversas possíveis, originadas dentro e fora do segmento de atuação,
gerando igual oferta de comportamentos reativos. Não importa o continente ou país em que a a
empresa esteja. O importante é que a empresa desenvolva a capacidade de monitoramento
sistemático desse ambiente, mapeando as dimensões que fazem as diferenças para cada uma
delas.
Mintzberg (2000) propôs quatro dimensões de ambientes organizacionais dentro dessa
linha de mapeamento que envolve as empresas por todos os lados: 1ª) para problemas reais que
surgem inesperadamente, o ambiente da empresa pode variar de estável a dinâmico, tornando a
previsibilidade dos padrões e de atuação vulneráveis aos desejos dos clientes; 2ª) a inconstância
de governos, as alterações tecnológicas e até mesmo à instabilidade climática. Outro ambiente é
o relacionado com a simplicidade ou complexidade das circunstâncias; nele uma situação pode
se apresentar como de simples resolução ou com exigente questionamento que importe em alto
nível de avançado conhecimento científico, tanto em produtos como em relação a
comportamento de clientes; 3ªº) Um terceiro ambiente estaria vinculado à diversidade de
mercado, que pode oscilar por demandas integradas ou diversificadas, que impliquem numa
atuação local e pontual até uma que importe em atravessar fronteiras para seu atendimento; e, 4ª.
A última dimensão se vincula a hostilidade ou harmonia concorrencial enfrentada pela empresa
que pode favorecê-la ou prejudicá-la consideravelmente em seus negócios. Na linha dessa teoria,
72
Miller, Droge e Toulouse (1988), incrementam a discussão afirmando que o ambiente a que a
empresa esta submetida, possui um contexto que é representado pelos desafios, seus recursos
econômicos e humanos e que estes fatores apresentem resultados diversos a depender do
processo empregado para geração de estratégias, correspondente aos anseios da alta
administração. Descrevem eles:
Portanto, os executivos irão escolher dentre um número de estratégias viáveis e
processos de geração de estratégia dentro de qualquer contexto, adotando aqueles que
não só sejam adequados aos seus ambientes, mas também reflitam seus motivos
pessoais, predileções e capacidades. Porém, tendo escolhido dentre o conjunto de
opções estratégicas e processos adequados e confortáveis, os executivos poderão
pensar que a gama de estruturas que podem ser usadas para a apoiar e implementar
essas opções torna-se limitada. Estratégias diferentes requerem estruturas diferentes,
assim como maneiras diferentes de gerar estratégias. (MILLER, DROGE E
TOULOUSE, 1988, p.545).
Já na visão ecológica da população nas organizações, entendem seus pesquisadores mais
ilustres, Hannan e Freeman (1977), que é pouco tempo após seu surgimento que as empresas
forjam o modo como são organizadas, em função das instituições básicas e das atividades e
relações que vigoram entre elas e o seu conjunto de traços particulares. Dessa forma, tornam-se
resistentes e inflexíveis no que concerne ao desenvolvimento de deliberações estratégicas com
vistas a definição de expectativas de visão de futuro. Chegou a duvidar pois, da influência do
aprendizado ou das adaptações na formação das características do seu ambiente, relegando um
papel superficial às mudanças que ocorrem, a partir da fase do pós-nascimento, que seria
proveniente da ascendência de forças políticas internas e das pressões externas. Acredita que
nada teria a ver com sua capacidade de adaptação à concorrência. A sobrevida no processo
concorrencial estaria vinculada à capacidade fixa de carga, ou seja, a aquisição de recursos
finitos, que são disputados entre empresas do mesmo segmento, cujo ambiente estabelece os
critérios que determinam quem permanece no mercado. Logo, os pensadores dessa escola não
acolhem o processo de adaptação e sobrevivência nem a utilidade da estratégia como ferramenta
incidental. Elas teriam opções fortuitas de maximizar sua adequação, retirando o máximo do
ambiente a que estão sujeitas ou mantendo algum tipo de reserva que lhes garantiria a
possibilidade de fazer frente às empresas concorrentes que sejam entrantes ou existentes.
Estariam, assim, postas às condições que aumentariam ou reduziriam as chances de manutenção
delas no mercado ao qual atuam. As que atenderiam a essas condições sobreviveriam. As demais
seriam extintas.
73
Por que não reunir idéias, conceitos e propostas de cada um dos pesquisadores e grupo
de autores do pensamento estratégico que contribuíram ou auxiliariam na compreensão da
importância e da criação e desenvolvimento da visão de futuro nas organizações? Tanto aqueles
que se dedicaram a narrar o “ser” e/ou o “estar”. Aquelas que o fizeram através do relato do
curso do estágio de transformação são importantes nesse contexto. A escola de Configuração
parece incorporar este estado de espírito, na medida em que favorece a reunião desses
pensadores em torno dos objetivos comumente perseguidos pelas empresas.
Beneficiando-se do conceito de que a estratégia vincula-se às mudanças, as empresas
também teriam que contribuir com a continuidade para a formação de comportamentos e de
novos objetivos a serem alcançados. Seria como a formação de um ciclo contínuo de propostas
de mudanças, alternados por períodos de estabilidade, tendo cada um deles a contribuição com a
conquista de novos patamares de desenvolvimento organizacional. Duas características estão
vinculadas a esta escola: a análise do agrupamento de interesses que determinam o modelo
estratégico e de gestão adotados; e, o processo de como é seqüenciada a definição dos ciclos da
vida organizacional.
Uma das linhas de pensamento, oriunda da tese de doutorado de Khandwalla (1970),
baseada na experimentação, relacionou a eficácia nas organizações não a um processo
estabelecido e específico de planejamento ou a um modelo de gestão em particular. O que
definiria essa eficiência seria uma correspondência entre várias características complementares,
como a integração de um tipo de planejamento com determinada estruturação a um distinto
estilo de liderança. Mintzberg (2000), a partir desses estudos, propõe a classificação das
organizações em relação à estrutura e às relações de poder, adotando o conceito de configuração,
descrevendo-as como: empreendedoras, máquinas, profissionais, diversificadas, adhocráticas,
missionárias e políticas. Uma dessas características assumidas acaba por definir seus estágios de
ciclo de vida e, por conseguinte, sua permanência temporal no mercado no qual atuam. Miller
(1978), desenvolvendo estudos nessa área, analisou essa integração através do que ele intitula de
arquétipos, ou estados de formação da estratégia, estrutura, situação e processo. No campo dos
fracassos: a “burocracia estagnada”, onde os vínculos afetivos com velhas estratégias e a
manutenção de sistemas fracos de informação não evidenciariam a necessidade de mudança; o
“gigante sem cabeça”: um conglomerado de negócios com fraca autoridade central; e, as
“conseqüências”: uma equipe nova e inexperiente tentando implementar mudanças com recursos
74
escassos. Já no domínio do sucesso, a “empresa dominante”: àquela bem estabelecida e imune a
desafios sérios, detentora de patentes, estrutura centralizada e estratégias tradicionais; o
“conglomerado empreendedor”: a que representa a extensão da personalidade atrevida de seu
construtor, que continua dirigindo seus destinos; e, a “inovadora”: pequena empresa com foco
estratégico em nicho, estrutura simplificada, diversificação e inovação de produtos.
Na revolução estratégica, segundo Miller e Friesen (1978), as organizações buscam
atingir um estágio de nova estabilidade frente às mudanças constantes. Isto se dá pela
necessidade da empresa em restaurar uma postura integrada entre estratégia, estrutura e cultura,
vislumbrando o que os autores chamam de nova configuração. Eles descrevem as mudanças
como quantum, isto é, mudança de muitos elementos ao mesmo tempo, a estratégia, e, depois, a
estrutura e os sistemas. Essa teoria insinua que quando surgem as novas estratégias de mudança
elas são reprimidas, submergindo quando a empresa mergulha numa crise que impõe a chamada
“revolução estratégica”, e se empenham num movimento para uma nova direção.
Indo além, Miller (1996) oferece também uma linha de raciocínio para o entendimento
da estratégia dentro da área da configuração. Entende ele que sendo a estratégia um padrão, não
ocorrendo durante um longo tempo poderá significar que não houve estabelecimento de
estratégia alguma. Entende ele que se a estratégia é um padrão, não ocorrendo durante um longo
tempo um que dê coerência nem consistência organizacional, isto quer dizer que não houve
estabelecimento de estratégia alguma. Assim, num estudo realizado em conjunto com Mintzberg
e Miller (1996) afirmam que a perspectiva da síntese (abordagem da configuração segundo eles),
descreve o que ocorre nas empresas. Uma das hipóteses é que forças evolutivas naturais
poderiam representar o fator predominante na procura por coerência e consistência
organizacional entre as diferentes partes que compõem a organização, alinhando-se num esforço
de vários setores na realização de uma função e, assim, alcançando a eficiência desejada. É
como se a simples aplicação de uma determinada técnica, numa dada circunstância, fosse de fato
o que desse significado a uma nova configuração. Tendo em foco a mudança, essa escola passa a
estabelecer algumas explicações referentes ao que mudar numa empresa e como ela ocorreria de
maneira abrangente tanto na estratégia e na estrutura, como no domínio das idéias conceituais.
No campo do gerenciamento de mudanças, a cautela e a contestação do termo quando se verifica
as alegações de que pessoas que resistem a mudanças são afetadas, têm causa em processos
históricos de supergerenciamento, principalmente quando gerenciá-las tem o significado de
75
“forçar” ou “fazer acontecer”. É como se fosse possível a existência metódica de um processo
ordenado de pensamento e implementação com efeito sobre um curso determinado de ação,
somente vistos em filmes de ficção ou em modelos herméticos de planejamento estratégico. A
mudança não pode ser gerenciada, mas correspondida e se extraindo dela benefícios.
O cubo da mudança, retratado por Mintzberg (2000), põe em perspectiva duas dimensões
de mudança que acabam por representar as ações que objetivam a reformulação, a revitalização,
aculturamento, gerenciamento da qualidade total, desenvolvimento de novos produtos etc. Nele,
estão, lado a lado a estratégia, que retrata para qual direção está voltada a empresa, e, a
organização, que indica em que estado ela se encontra. De cima para baixo, da mais abstrata
para a mais tangível, além da estratégia, encontra-se, em primeiro lugar, a visão (ou perspectiva
estratégica), seguida de posições, programas e produtos. Abaixo da organização, com o mesmo
sentido, estão cultura, estrutura, sistemas e pessoas.
Dando destaque à dimensão estratégica, em primeiro lugar se observa a visão
reconhecida pelos defensores do pensamento dessa escola como de perspectiva estratégica.
Afirmam se tratar do item que mais representa a amplitude de mudança numa empresa. Essa
afirmação de certo dá à visão de futuro um destaque importante, porém, não exclusivo ao
processo de mudança. Chamam atenção que se poderá facilmente alterar um determinado
produto ou indivíduo. Contudo, mudar a visão do lado da estratégia e a estrutura do lado da
organização, sem demais alterações na hierarquia, incentivar uma ação pouco inteligente. Na
lógica de atuação para mudanças, propõem que qualquer mudança no topo implica em alterações
nos itens que o sucedem, ou seja, como mudar a visão sem repensar as posições estratégicas e
reprojetar programas e produtos? E isto tudo pode ainda variar da ação mais formal para a mais
informal, item a item. Afirmam, ainda, que mudanças sérias somente se darão quando há
alteração em todos os itens do cubo.
Os mapas surgem como idéia de demonstração gráfica para se colocar em perspectivas
os métodos de mudança. No ápice duas dimensões dividem o espaço entre as micro e as
macromudanças. As micromudanças, que podem ter macroconsequências, significariam
perguntar que ações isoladas podem conduzir a padrões significativos de ação. Já as
macromudanças afetariam a empresa como um todo, reposicionando seu lugar no mercado ou
mudando todas as instalações físicas. Saliente-se que nesse tipo de figuração, as posições mais
76
para o lado esquerdo representam maior desafio político; as centrais com caráter mais de
assunção ao risco e, finalmente à direita, encontra-se o aprendizado estratégico. Na escala
horizontal, três aspectos de mudança são considerados: no topo as mudanças planejadas; no
centro, as conduzidas; e, na base, as evoluídas. As mudanças planejadas são consideradas como
programáticas (um sistema ou conjunto de procedimentos a ser seguido), que vão desde
programas de melhoria da qualidade e treinamento (micro), até programas de desenvolvimento
organizacional e planejamento estratégico (macro). Já as conduzidas são as guiadas, ou seja,
alguém ou um grupo de pessoas com alguma posição influente de autoridade, supervisiona e
garante sua efetivação. Neste caso se dão as reestruturações e as revitalizações, atingindo os
contextos estratégico, organizacional e cultural da empresa. São mudanças que ocorrem em
custos operacionais, na estrutura organizacional, nas posições estratégicas, na mentalidade
gerencial e na cultura global. A mudança evoluída tem um caráter arriscado: é a chamada
evolução orgânica, aquela que não tem influência relacionada com pessoas detentoras de
autoridade, nem é gerenciada, pois se dá nos chamados lugares obscuros da organização.
Resumem os configuracionistas, segundo Mintzberg (2000), que é preciso atenção dado
o grande volume de literatura e consultorias destinadas a programas maciços de mudanças
abrangentes ou transformação. Cada autor e cada consultoria possui uma “fórmula mágica” para
o sucesso desse tipo de empreendimento, como se fosse fácil e ágil transformar uma empresa da
noite para o dia. Afirma Mintzberg que Peters (1989) é um admirador das mudanças gradativas e
constantes, chamando-as de “pegar pedaços” e alertando à empresa a não se deixarem atolar, ou
seja, deve-se ir elegendo determinada situação e ir mudando, uma a uma, construindo, degrau a
degrau, as transformações organizacionais. Mais ainda, alerta para o questionamento quanto a
real necessidade de mudança, num modismo mais interessado na comercialização de
consultorias que nas demandas factuais, transformando mudanças em anarquia.
O uso de cada metodologia proposta até então estaria submetido, de fato, ao tempo e ao
contexto em que cada empresa se encontre. O processo de geração da visão de futuro pode ser
efetivado através das mais diversas formas conceituais e de modelos de planejamento formais.
Contudo, parece que os esforços empreendidos por todos aqueles que se dedicaram aos estudos
da aplicação de métodos e técnicas para sua criação, descrevendo-a de forma explícita ou
através de conceitos mais gerais, não foi nem será em vão. Parece que falar em visão de futuro é
retratar, de certa forma, a própria razão de ser de uma organização e dos empregados que dela
fazem parte, pois é o sonho que estimula a busca pela materialização futura de empreendimentos
77
que tragam retorno para seus investidores e benefícios para a sociedade e, nele, certamente o
desejo de alcançar uma uma realização pessoal ou coletiva.
O Quadro 04, a seguir, sintetiza os diversos conceitos sobre visão de futuro, explorados
pelas escolas de pensamento estratégico.
78
SÍNTESE DO CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO PELAS ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO
ESCOLA DE PENSAMENTO
ESTRATÉGICO
VISÃO DE FUTURO
Estratégia genérica como fator primordial da arquitetura dos fins da empresa, advinda da cabeça do
líder.
Design
Estratégia genérica declarada explicitamente pela alta administração, dotada da imagem antecipada do
que a empresa pretende ser, oriunda da mente do CEO.
Planejamento
Estratégia dominante definida pela alta administração, prospectada com o emprego da síntese da
análise competitiva de mercado.
Posicionamento
Perspectiva associada com a imagem e senso de direção, criada ou expressa na mente do líder
visionário da organização.
Empreendedora
Solução inovadora portadora de futuro, que surge do modelo mental criado pelo líder empresarial.
Cognitiva
Estratégia final emergente do líder, surgida a partir das ações e decisões cotidianas empíricas
(pequenas mudanças no tempo), adotadas em convívio e aprendizado com seus pares.
Aprendizado
Direcionamento estratégico influenciado pelo alinhamento de forças políticas, através do poder
hegemônico da dinâmica organizacional.
Poder
Objetivo estratégico resultante da formação da cultura organizacional procedente de uma interação
social dos membros que compõem a empresa.
Cultural
Estratégia reativa aos acontecimentos ambientais (problemas inesperados, circunstanciais, de
demandas e concorrenciais), que pode propiciar capacidade de sobrevivência no tempo.
Ambiental
Perspectiva estratégica que representa a amplitude de mudança desejada num sistema organizacional,
dependente da cultura, estrutura, sistemas e pessoas.
Configuração
FONTE: AUTOR DA PESQUISA.
QUADRO 04 – SÍNTESE DO CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO PELAS ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGIGO.
7
9
4 ANALOGIA ENTRE AS TEORIAS E A PRÁTICA DO SENAI NA
CONSTRUÇÃO DA VISÃO DE FUTURO
4.1 ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO SENAI-BA À LUZ DOS MÉTODOS E MODELOS
TEÓRICOS SOBRE VISÃO DE FUTURO
No tocante aos efeitos sobre o planejamento estratégico em empresas sem fins lucrativos,
Drucker (1995) afirma que uma organização sem fins lucrativos tem que estar dotada de quatro
pilares para funcionar: um plano, marketing, pessoas e dinheiro. Bryson (1988), defende a idéia
de que “Planejamento estratégico é um esforço disciplinado por originar decisões fundamentais
que dêem forma e guiem uma organização”. Isto mostra a importância que o planejamento
estratégico e a visão de futuro têm para ordenar idéias e recursos disponíveis nesse tipo de
entidade. Assim, o planejamento estratégico se torna uma ferramenta gerencial indispensável
para as organizações sem fins lucrativos, auxiliando, significativamente, no processo de escolhas
estratégicas e na adequada alocação de recursos. O planejamento estratégico propicia
conformidade nas ações destinadas ao enfrentamento dos desafios, diminuindo as
vulnerabilidades existentes nas entidades que não objetivam lucro e dependem de recursos para-
fiscais no financiamento de suas operações.
Ao se confrontar as abordagens teóricas do pensamento estratégico com as
experimentações implementadas ao longo dos anos no SENAI-BA (QUADRO 05, p.84), é
possível fazer uma reflexão crítica sobre o desenvolvimento do processo de definição da visão
futura dessa entidade. Observa-se que desde 1993 o SENAI-BA vem experimentando diversos
modelos e perseguindo um método que se alinhe com o perfil e com as necessidades definidas
pela alta administração. Traçada uma linha cronológica entre as idéias propostas pelas escolas de
pensamento estratégico e a as ações implementadas pela entidade e os resultados obtidos,
durante o período observado, é possível observar a existência de nexos que identificam como se
deu o processo histórico de implantação e amadurecimento do modelo da gestão do
planejamento estratégico no SENAI-BA.
80
4.1.1 A Fase dos Modelos Prescritos de Planejamento (Design, Posicionamento e
Planejamento) – 1993 A 2001.
Começando pelo ano de 1993, são perceptíveis algumas idéias das escolas de design,
posicionamento e planejamento, com predominância desta última. A definição de uma estratégia
genérica por parte do presidente do Conselho do SENAI-BA, caracterizou fortemente o modelo
utilizado de planejamento. Outro aspecto relevante, que fortaleceu a afirmativa de que a escola
de planejamento explica fortemente o modelo implementado naquele ano, é a constatação do
foco e da orientação na função macroeconômica, relegando-se a plano secundário outros
cenários também importantes, tais como o social e o político. Essa experiência se revelou de
modo natural, sem uma conotação científica que indicasse a busca por uma rota de definição de
uma visão de futuro. Presentes também estiveram, de forma não intencional, a escola de poder,
dado o caráter político da entidade e a de aprendizado pela capacidade de experimentação
organizacional, fato que se repetiu em períodos seguintes.
Em 1994, a estrutura de planejamento focada na experiência empresarial da Odebrecht e
a adoção de uma metodologia desenvolvida naquela organização, podem ser analisadas à luz das
escolas de planejamento, posicionamento e empreendora. Sem abrir mão do exercício central de
definição dos rumos para a entidade, característico da escola de poder e do aprendizado, foi
elaborado um planejamento operacional focado nas demandas de mercado, bem semelhante com
o proposto pela escola de planejamento. Reforça isto a realização do processo denominado de
ciclo anual de planejamento, utilizado para definir o modelo de planejamento que se
materializou naquele ano. Não houve a aplicação intencional de um modelo científico de
planejamento que resultasse na criação de visão portadora de futuro para o SENAI-BA naquela
época.
Já no ano de 1996, pode-se atestar a existência de um primeiro esforço em aplicar
métodos científicos de planejamento estratégico no SENAI-BA. As idéias da escola de
posicionamento, ainda fortemente presentes, foram mescladas com as da escola empreendedora,
quando a entidade definiu uma missão institucional mais clara, além da repetição das etapas
sugeridas pela primeira e da presença assídua das idéias defendidas pela escola de poder. Assim
mais estruturado, o processo de planejamento dava clara impressão de se estar em busca da
consolidação de um modelo que de fato auxiliasse a entidade na definição de metas de médio e
81
longo prazo. Foram definidos missão, cenários, objetivos, estratégias, prioridades, diretrizes e
metas, tal qual proposto pelas escolas citadas.
O primeiro planejamento plurianual da entidade, realizado em 1996, demonstrou que, se
não havia até então sinais de construção de visão de futuro, pelo menos existia a vontade política
de se planejar para o futuro. Além do cenário especificamente econômico, incorporou-se o
político como importante ofertador de subsídios a uma entidade com forte perfil também
político. Nos anos seguintes, 1997 e 1998, nenhuma alteração fora registrada, a não ser o
emprego de ferramentas de análise prévia de viabilidade econômica de projetos propostos e
inseridos no planejamento estratégico. Pode-se dizer que permaneceram significativamente as
idéias defendidas pela escola de posicionamento no modelo empregado.
No exercício de 1999 foi utilizada a matriz SWOT, desenvolvida pelo (Boston
Consulting Group) - BCG para prospecção de cenários, potencialidades e riscos, gerando a
definição de macro-estratégias e prioridades, com foco no mercado, agregando, assim, às idéias
da escola de planejamento. Percebe-se que durante os primeiros sete anos, tanto as idéias da
escola de planejamento, como as de posicionamento, foram consideradas no processo de
planejamento estratégico. Isto é confirmado pela assiduidade do caráter prescrito nos processos
de planejamento implementados na entidade. Os anos de 2000 e 2001 não apresentaram
alteração no contexto de planejamento estratégico, seguindo, basicamente, o até então aplicado.
4.1.2 A Fase dos Modelos Descritivos (Empreendedora, Cognitiva, Aprendizado,
Configuração) – 2002 A 2005.
O marco do emprego científico na história do planejamento estratégico do SENAI-BA
foi, sem dúvida, o ocorrido em 2002. Já com o aprendizado de quase uma década, mostrou-se
amadurecido no processo de planejamento, demonstrando capacidade de definir uma visão de
futuro desafiadora. Observando-se o desenrolar do processo na entidade, percebe-se que as
linhas de pensamento das escolas empreendedora, cognitiva, de aprendizado e de poder,
destacaram-se em relação às demais, sem, contudo, abandonar-se idéias da escola de
planejamento e as de posicionamento. O ano poderá ser observado pelas proposições visionárias,
modelos mentais, empirismo e decisões centralizadas, contidas no processo.
82
O modelo integrado de gestão do SENAI-BA (ver p.36) surgiu mo fruto da representação
mental de senso de direção, da síntese criativa na busca de solução, da habilidade de
alinhamento político e da inteligência racional do principal gestor da entidade na época. Essas
características, descritas pelas quatro escolas em destaque (empreendedora, cognitiva, de poder e
de aprendizado), respectivamente, estiveram presentes, nas ações do principal executivo, como
de resto nas ações de seus auxiliares diretos, fossem eles gestores de unidades escolares ou
mesmo técnicos destacados para missões de natureza estratégica. As características dessas
escolas estiveram presentes, possivelmente em função da constante atuação gerencial empírica,
auxiliando a compreensão entre a análise de idéias propostas e a realidade dos fatos.
Os resultados auferidos em 2005, em que os trabalhos de levantamento de dados e de
informações no SENAI-BA foram encerrados neste trabalho, exibiram a importância daquelas
escolas de pensamento estratégico para reflexão e aprimoramento de processos dessa natureza.
Mais que isso. Ainda que tais processos tenham se dado sem um caráter intencional por parte
dos agentes envolvidos, é de se notar que seus fundamentos influenciaram nas ocorrências (que
se mostram cíclicas) que se revelaram no decorrer do processo de planejamento estratégico
implantado no SENAI-BA.
A ausência de interação social e de estratégias reativas no processo de planejamento
estratégico foi responsável pela participação discreta das idéias das escolas cultura e ambiental,
durante o período analisado. As características específicas de centralização do processo
decisório da entidade, não permitiu uma aproximação maior do pensamento estratégico nela
contido com o ambiente externo e com a sociedade de fato.
O SENAI-BA conseguiu experimentar boa parte das idéias propostas pelas escolas do
pensamento estratégico nos últimos quinze anos, porém de modo mais empírico. Tentativas e
erros levaram a entidade a um aprendizado importante na formulação estratégica. Atuou, como
grande número das organizações o fazem, misturando idéias e métodos propostos, dentro
daquilo em que Mintzberg e Quinn (2001) comentam sobre a não existência de consenso sobre
um único conceito ou método sobre estratégia ou visão de futuro, defendendo a oportunidade de
inspiração nas diversas tendências e pontos de vista surgidos no âmbito da administração
estratégica, como forma de encontrar o modelo ideal. É como se houvesse, de certa maneira,
uma fusão dessas idéias naquilo em que propõe a escola da configuração, no emprego da
83
perspectiva estratégica representada pela dimensão das mudanças desejadas, também entendida
como visão de futuro, atrelada à cultura, à estrutura, aos sistemas e às pessoas.
O Quadro 05, que se segue, demonstra, através de uma matriz sintetizada, a relação entre
as idéias difundidas pelas escolas de pensamento estratégico e as ações empreendidas e
resultados alcançados pelo SENAI-BA ao longo das fases analisadas.
84
MATRIZ SÍNTESE ENTRE O CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO DAS ESCOLAS E AS AÇÕES E RESULTADOS DO SENAI-BA
Ano/Ações/Resultados
Escolas
Visão de Futuro
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
DESIGN
PLANEJAMENTO
POSICIONAMENTO
EMPREENDEDORA
COGNITIVA
APRENDIZADO
PODER
CULTURAL
AMBIENTAL
CONFIGURAÇÃO
Legenda: = nenhuma influência = pouca influência; = alguma influência; e, = muita influência
FONTE: AUTOR DA PESQUISA, 2006.
QUADRO 05 – MATRIZ SÍNTESE ENTRE O CONCEITO DE VISÃO DE FUTURO PELAS ESCOLAS E AS AÇÕES E RESULTADOS DO SENAI-BA
85
4.2 RECOMENDAÇÕES
As recomendações a serem feitas dizem respeito à agilidade das ações nos projetos
estratégicos, para torná-los mais concretos, cujo ritmo de implementação até então tem frustrado
as expectativas lançadas pela Diretoria Regional do SENAI, em 2002. Como a entidade pretende
avançar no ano de 2006, através da realização plena dos projetos estratégicos, espera-se um
comprometimento maior com a consecução dos que estão em andamento, como daqueles ainda
sem ações efetivas, de maneira a recuperar o tempo gasto e dotar o SENAI-BA de condições
reais para o alcance da visão de ser um provedor de soluções, reconhecidamente pelo mercado e
pela sociedade.
O processo histórico de planejamento que resultou na definição de uma visão de futuro
desafiadora para a entidade não deve ser descontinuado porque se conseguiu encontrar um bom
nível de comprometimento da equipe para os próximos anos. As contínuas mudanças que
ocorrem no dia-a-dia das organizações sejam pelas dificuldades impostas pelos modelos
econômicos ou pela concorrência com outros agentes, justifica a atenção permanente no assunto.
Ter conseguido o discernimento entre ações em nível estratégico das gerenciais e das
operacionais foi um marco para o amadurecimento da gestão estratégica do SENAI-BA. Através
do processo de planejamento estratégico implementado foi possível identificar os desafios
futuros transformados em objetivos, projetos e metas estratégicos.
É imprescindível que não haja descontinuidade ou que o planejamento passe a ser um
mero processo que apenas compõe a gestão da qualidade. Dar consistência ao processo de
planejamento estratégico é uma ação que se espera no SENAI-BA. O modelo a ser seguido
deverá ser híbrido quanto ao aproveitamento das idéias das escolas de pensamento estratégico,
com ênfase na metodologia utilizada em 2002, onde o uso da gestão orientada para a estratégia e
da ferramenta de Balanced Scorecard, com o apoio da elaboração de cenários através da matriz
SWOT, propiciaram resultados práticos de elaboração de planejamento estratégico para o
SENAI-BA. Esse processo não deve prescindir do apoio da análise estratégica, no exame dos
resultados, ano a ano, da evolução de projetos estratégicos e de indicadores de desempenho
estratégico mensurados em exercícios anteriores.
86
Alguns equívocos foram cometidos. Dentre eles, a priorização na formulação de normas
e procedimentos para a obtenção do certificado ISO indica ter atrasado outras ações estratégicas
importantes. A implantação de modelo de gestão orientado para a estratégia ficou estagnada,
tendo sido realizadas poucas reuniões de análise estratégica até o final de 2005, como também
àquelas referentes à implantação de práticas de gestão de excelência baseadas nos critérios do
Prêmio Nacional de Qualidade, estiveram praticamente inertes. Muito tempo parece ter sido
gasto com a formalização de procedimentos, indicando uma opção clara da entidade pela
elaboração de documentos para avançar no tempo. Este fator pode ter inibido a realização de
outras ações estratégicas, sugerindo a necessidade de balanceamento das ações e das
priorizações para o ano de 2006.
O uso de projetos estratégicos no estímulo à implementação de ações torna-se
fundamental para afirmar as opções feitas para o futuro. Essa característica exercitada a partir de
2002 pelo SENAI-BA demonstrou-se mais efetiva que as tentativas anteriores, onde planos
estratégicos expunham intenções que muitas vezes não passaram de registros em papel para
justificar a existência de um possível planejamento estratégico. Os projetos estratégicos
acabaram se configurando em aglutinadores de esforços materiais e profissionais, gerando um
aproveitamento potencial da capacidade de atuação da entidade e dinamizando o interesse dos
empregados em participar deles.
Torna-se indispensável a advertência quanto ao tratamento estratégico do conjunto de
indicadores elencados para dar mensuração às ações estratégicas idealizadas. O caráter ativo do
processo de medição, acompanhamento e análise é que pode auxiliar a entidade na observação
quanto à proximidade ou distanciamento da visão de futuro desejada. Sem o devido e correto
controle sobre eles, o SENAI estará navegando com se estivesse sem bússola, a mercê das
intempéries que podem causar danos na rota e no rumo e, assim, fragilizar o processo até então
construído, na medida em que não será possível mapear nem diagnosticar causa e efeito dos
resultados obtidos durante o percurso, tampouco avaliar a manutenção ou troca de indicadores.
Para tanto, é preciso incentivar o uso do CRYPTA (sistema de gerenciamento de indicadores de
desempenho), dando-lhe o caráter estratégico como instrumento de comunicação, avaliação de
resultados e de correção de rumos.
87
Outro ponto importante está na opção feita pelo SENAI-BA quanto ao investimento em
áreas de atuação tecnologicamente avançadas. Ocorre que ser provedor de soluções é algo de
vasto espectro de atividade e, como essa ação acaba por expressar a visão escolhida para se
chegar ao futuro, há de se ter cuidado com possíveis abandonos de setores industriais
tradicionais. Em outras palavras, é preciso haver investimento em áreas de educação e de
prestação de serviços vinculadas a manufatura de calçados, gráficas, construção civil,
confecções, citando algumas, e não somente em áreas tecnologicamente mais avançadas como
por exemplo: usinagem, prototipagem e logística.
O investimento feito nos últimos anos na área educacional da entidade resgatou o papel
social que justifica a existência do SENAI-BA e dos demais departamentos regionais
distribuídos nos estados. Melhorar continuamente as condições de ensino através do
aperfeiçoamento de professores e da infra-estrutura das unidades escolares é condição sine qua
non para alcançar os objetivos desejados pela entidade. A educação é a principal ferramenta para
que isto ocorra, e a qualidade dela é que definirá as bases para o aprimoramento do ensino
profissional e do aproveitamento, em larga escala, dos egressos dos cursos oferecidos à indústria
e a sociedade. O que não deve acontecer é o excesso de normalização de processos, onde muito
tempo é gasto em discussões conceituais e sem efeito prático para a qualidade do ensino. A
avaliação da efetividade dos cursos, prevista para 2006, será importante ferramenta de medição
do quanto a educação profissional no SENAI-BA resulta em aproveitamento de técnicos pelo
mercado de trabalho industrial, auxiliando na geração de emprego e renda. A educação
tecnológica atualmente oferecida tem importância estratégica nesse processo, porém há de se
cuidar dos cursos técnicos que, se não oportunizam objetivamente postos de trabalho, geram
pelo menos a expectativa de avanço educacional para jovens e adultos.
Os efeitos decorrentes do constante processo de re-organização interna por que tem
passado o SENAI-BA precisam ser mantidos à luz do uso de princípios profissionais de
recrutamento e seleção. Os desafios que a entidade ainda tem que enfrentar, até atingir o alcance
da visão de futuro desejado, exige um comportamento idôneo na hora em que pessoas são
escolhidas para os postos de trabalho oferecidos. A base de sustentação das ações estratégicas
está vinculada à capacidade de atrair, desenvolver e reter talentos que de fato possam auxiliar na
obtenção dos resultados necessários à construção das “estradas” que levarão o SENAI-BA ao
futuro pretendido. O Plano de Desenvolvimento de Pessoal não pode ser utilizado como fator de
barganha para amenizar descontentamentos remuneratórios. A entidade não deve abrir mão da
88
diretriz de gastar cada centavo destinado a treinamento e aperfeiçoamento segundo seu retorno
para o alcance da visão de futuro planejada.
As parcerias com instituições de ensino e pesquisa nacionais e internacionais são
também importantes para ajudar a entidade a chegar onde pretende. Intensificá-las será
fundamental para isto, pois a gestão da informação e do conhecimento não pode depender
somente da geração interna de idéias e de aprendizado. O intercâmbio de conhecimento tem
ajudado as entidades a avançar no tempo, possibilitando ganhos para elas, seus clientes e a
sociedade em geral. As transferências de tecnologia feitas pelo SENAI-BA para as indústrias
baianas, têm sido importante para a melhoria em processos de fabricação, com conseqüente
benefício para todos.
É crucial formar lideranças que possam assumir os rumos da entidade na substituição
futura e natural dos atuais gestores. O estímulo ao crescimento profissional e à renovação
tenderá ao surgimento de novos líderes com capacidade de continuar a busca por desafios que
levem o SENAI-BA a aprimorar constantemente a visão de futuro. Para isso é necessário
investimento na formação e no exercício eventual desses novos líderes, fazendo da
experimentação tão utilizada pela entidade no aprendizado da gestão estratégica, ferramenta
capaz de também dar oportunidade àqueles que poderão estar à frente dos destinos do SENAI-
BA.
Recomendações são lembranças que podem fazer a diferença, ainda que pareçam ser
uma opinião de quem esteja à margem das decisões do dia-dia da entidade. Contudo, não
objetivam senão contribuir com a consecução de um projeto de visão de futuro que pretende
levar o SENAI-BA a um estágio de excelência através de ações efetivas, neutralizando retóricas
passadas que consumiam recursos sem a preocupação de construir o futuro.
89
5 CONCLUSÕES
Definir como a organização deseja chegar ao futuro torna-se vital para a manutenção da
motivação empresarial. De que adiantaria investir recursos materiais e horas de trabalho sem a
perspectiva de alcançar o futuro? O sentido de existência das empresas em muito se parece com
o da realidade humana. A longevidade de um negócio acaba determinando se todos os esforços
empreendidos durante anos foram válidos e propiciaram os benefícios esperados pela sociedade
de modo geral. É nesse sentido que a definição de visão de futuro e o seu alcance se encaixam
no mundo dos negócios, com objetivos de lucro ou sem fins lucrativos. Para uma instituição
conseguir alcançar um futuro desejado é semelhante à percepção do esforço dedicado pelo ser
humano para alcançar níveis de gratificação por ter atingido metas fundamentais de vida que o
motivem a novos desafios. A busca, então, pela definição e obtenção de uma visão portadora de
futuro produz efeito sobre a ciência, a arte e a própria vida das empresas.
Um processo de aprendizado costuma ser lento, gradual e exige muita perseverança. A
experiência vivenciada pelo SENAI-BA durante os quinze anos analisados, foi, sem dúvida, de
grande valia para a sua história, como também, para os estudos sobre gestão estratégica. Muitos
foram os avanços e os retrocessos durante esse período. Tudo indica que os erros foram capazes
de inspirar mudanças que revelaram “o como se fazer diferente” para melhorar os resultados.
Pela reflexão crítica dos fatos tudo leva a crer que mais do que a aplicação de teorias ou
métodos, empíricos ou científicos, os melhores resultados emergiram para o SENAI-BA através
do processo de aprendizado no tempo. A evolução, mesmo com mudança de atores na direção
dos rumos da entidade, foi sendo obtida pela cultura de planejamento sustentada pelos agentes
que sempre estiveram presentes durante o período pesquisado mesmo com mudança de atores na
direção dos rumos da entidade. Muitos fatores contribuíram para que isso se tornasse realidade
e, a eles, é preciso que se faça referência na conclusão deste trabalho.
A fase do Design, Posicionamento e Planejamento, entre 1993 e 2001, pode ser vista
como a de maior risco de insucesso na criação e obtenção de uma visão de futuro. A cultura
desenvolvida nos quarenta anos de existência do SENAI-BA desafiou os gestores da época a
buscarem, pragmaticamente, a renovação de rumos, para evitar o colapso de uma entidade que
havia estagnado no tempo, acostumada à acomodação funcional. Se até então os recursos
parafiscais tinham sido suficientes para a manutenção do status quo dos interesses corporativos
90
de cada uma das entidades que compõem o Sistema FIEB, e dentro dele o SENAI-BA; a partir
daquele momento uma questão vital se apresentava: como manter em operação uma entidade
sem fins lucrativos com o risco iminente de diminuição gradativa dos recursos para-fiscais que a
financiava?
A resposta teve que surgir pela via da implementação de um processo de planejamento
estratégico em que se dotou a entidade de ferramentas capazes de auxiliá-la a superar as
dificuldades presentes, a partir da projeção de ações futuras, de curto e médio prazo, garantindo-
lhe perspectivas de continuidade. Isto, de alguma forma, justificou alguns dos equívocos
acontecidos durante a primeira fase dessa história. Com isto, a criação de visão de futuro ficou
em plano secundário, o que de certo modo, gerou aumento das incertezas quanto ao tempo que
estava para vir.
Uma questão importante, enfrentada pelos gestores foi a relativa adequação da antiga
estrutura aos moldes do que se delineava como demanda do presente. Esse processo foi doloroso
para a entidade. Sem critérios objetivos, foi operacionalizada uma redução de quadro funcional e
de estrutura atrelada a uma proposta de consultoria capaz de dizer “o que fazer”, porém não “o
como fazer”. Assim, o processo de enxugamento como o de reorganização se deu mediante
critérios mais pessoais que profissionais, causando transtornos operacionais quase irreversíveis
às necessidades de mudança que se mostravam indispensáveis. A estrutura resultante da
sugestão da consultoria, iria se apresentar como um grande desafio, na medida em que se
transformou em considerável e onerosa estrutura, cuja funcionalidade mostrou-se confusa. Esses
fatos contribuíram para o retardamento do processo rumo a definição de uma visão de futuro.
Há que se reconhecer o esforço da entidade em adotar novos rumos, pois já naquela
época, seu Diretor Regional, o senhor Eduardo Oliveira Santos, propunha a construção do
Nimatech depois batizado de Cimatec. O dirigente à época dessa primeira fase, o senhor
Eduardo Oliveira Santos, detentor de experiência diretiva anterior de sucesso numa organização
com a finalidade de obtenção de lucro, talvez imaginando encurtar o espaço entre a indefinição
de futuro e a criação de visão, propôs o redirecionamento das atenções na prestação de serviços
educacionais e de serviços técnicos e tecnológicos. Corrigidos os equívocos no foco de
atendimento, foi possível racionalizar recursos, direcionando-os para a realização do papel
definido em lei e auxiliar na formação de um ambiente institucional favorável ao planejamento
de médio e longo prazo. A entidade realizava um papel mais assistencialista, como se governo
91
fosse, do que um corresponde à sua missão de atendimento às indústrias, aos industriários e seus
dependentes.
Dificilmente o SENAI-BA poderia aspirar um futuro possível e melhor se não
acontecessem os movimentos materializados nessa primeira fase, para ajustes da entidade. De
um primeiro movimento de gestão estratégica construída de maneira burocrática até os dias
atuais, muitas experiências foram colocadas em prática. Conclui-se que o conhecimento
científico que se dispunha sobre gestão estratégica foi empregado, tendo o SENAI-BA
experimentado várias das idéias propostas pelas escolas de pensamento estratégico. Idéias
relacionadas com a crença em que o líder sempre esteve no centro da concepção dos destinos
das empresas, sempre estiveram presentes, face o sistema presidencialista reinante, que por sua
natureza nesse tipo de entidade, acaba por influenciar, decididamente, os destinos a serem
escolhidos.
As contribuições das idéias oriundas das escolas de pensamento estratégico auxiliaram
na análise crítica feita ao processo de planejamento. Com esses estudos foi possível realizar uma
confrontação entre a teoria e a prática, ratificando ou retificando ocorrências que caracterizam o
tipo de situação vivenciada pela entidade. Oportuno registrar que no caso do SENAI-BA, as
influências das escolas prescritivas na primeira fase foram marcantes e determinantes para a fase
seguinte.
Já na segunda fase, entre 2002 e 2005, são perceptíveis as contribuições de escolas
descritivas como a empreendedora, a cognitiva, a de aprendizado e a de configuração. Na
experiência da entidade a primeira fase foi marcada pela arrumação organizacional. O seu
progresso ficou marcado pelo amadurecimento da gestão, habilitando o SENAI-BA a adotar os
chamados modelos descritivos. Prescritivas ou descritivas, as escolas conseguiram fornecer
subsídios para o entendimento de ações e decisões tomadas pelos líderes empresariais na gestão
estratégica.
Nessa segunda fase algumas características chamaram a atenção, quanto à qualidade, ao
volume e à agilidade das ações empreendidas. A agilidade como se deu o processo de discussão
e definição da visão de futuro a ser alcançada e dos caminhos estratégicos a serem perseguidos
para isso não foi acompanhada pelas etapas seguintes. Por cautela ou por insegurança, entre
2002 e 2005, a entidade restringiu a atenção em alguns importantes projetos estratégicos
92
concebidos para pavimentar os caminhos escolhidos em busca da visão criada em 2002. O fato é
que por dificuldades de negociação política com a alta administração ou por incerteza quanto
aos riscos de insucesso, a entidade permaneceu neste período avançando pouco nos resultados
estratégicos almejados, talvez por se tratar de projetos com significativo volume de recursos a
serem investidos. Por essa razão, o SENAI-BA pouco avançou no alcance da visão de futuro
pretendida, apesar de apresentar resultados preliminares positivos em alguns projetos
estratégicos.
É inegável, porém, o feito realizado pela entidade a partir de 2002. Com um processo de
planejamento ágil e simplificado naquele ano, lançando mão da ferramenta de gestão para a
estratégia, também conhecida como balanced scorecard, o SENAI-BA obteve um resultado do
que fazer à frente excepcional. Conseguiu traduzir seus objetivos e projetos estratégicos a partir
da visão de futuro eleita, iniciando uma nova era em sua gestão. Pela primeira vez em anos de
contratação de consultorias como facilitadoras de ciclos anuais de planejamento, foi possível
observar a consecução de resultados práticos e factíveis. Ficou aparente que o uso de
metodologias para planejamento necessitam utilizar a simplicidade e a adequabilidade às
verdadeiras demandas de cada organização, seja no número de etapas ou nas ferramentas
utilizadas para tal. A experiência do SENAI-BA comprova isto factualmente, não deixando
dúvidas em relação ao que aceitar nas propostas formuladas por consultorias que prestam
serviços nessa área.
A elaboração do mapa estratégico, com seus objetivos e indicadores, e os projetos
estratégicos formaram um conjunto de relevante importância para o processo de gestão
estratégica. Foi possível com o mapa (ver p. 35) mostrar e reconhecer graficamente a possível
existência de duas linhas claras de atuação: uma voltada para o atendimento aos reclames sociais
de jovens de famílias de baixa renda que necessitavam ingressar no mercado de trabalho com
melhor qualificação e com possibilidade de conquistar bons salários; outra, dedicada ao
atendimento pró e reativo de demandas oriundas de setores industriais ou mesmo de empresas
industriais isoladamente.
O reordenamento das competências técnicas das unidades escolares proporcionou
racionalidade no uso e aplicação dos recursos disponíveis na entidade (ver p.42). Era comum no
passado se observar que duas unidades escolares, também prestadoras de serviços técnicos e
tecnológicos ao setor industrial baiano, no desejo de realizarem negócios com a oferta de
93
serviços em áreas industriais, encontravam-se nas salas de espera das indústrias ofertando
propostas com descritivo de serviços iguais e planilhas de recuperação de custos absolutamente
diferenciadas, causando desconfiança da clientela e fazendo-a pensar que havia concorrência
interna no SENAI-BA. Recursos da entidade eram aplicados em duplicidade, gerando
desperdícios por um lado e diminuição de capacidade produtiva por outro, o que inviabilizava a
cooperação entre as unidades escolares e a melhoria da imagem institucional.
O credenciamento de cursos superiores de tecnologia foi uma conquista na história do
SENAI-BA, haja vista se tratar do reconhecimento da entidade como ofertadora de cursos de
nível superior fato que a coloca num patamar educacional elevado diante da sociedade e de seus
clientes. A habilitação de jovens de famílias de baixa renda como técnicos, oriundos do ensino
médio do SESI-BA, e o aproveitamento satisfatório de algumas turmas pelo mercado de
trabalho industrial, modificou o perfil de saída dos egressos da entidade que até então era
reconhecida como formadora apenas de aprendizes em ofícios tradicionais e sem o caráter
técnico. Também a obtenção da certificação ISO foi uma vitória importante para demonstrar o
esforço do SENAI-BA em se organizar e se preparar para superar os obstáculos que podem
transformar-se em barreiras para o alcance da visão de futuro pretendida.
Merece destaque a atuação das lideranças que se fizeram presentes na entidade no
favorecimento dessas mudanças. Como declaram alguns pensadores da escola de configuração,
no que tange às dimensões que influenciam as mudanças planejadas numa organização, estão a:
cultura, estrutura, os sistemas e as pessoas. Não fosse a capacidade executiva e técnica dos
gestores que passaram pelo SENAI-BA, superando barreiras às vezes muito difíceis de se
transpor e negociando habilmente num sistema altamente político e centralizador, dificilmente a
entidade teria avançado tanto quanto o fez. O modelo implementado por esses líderes apresentou
atributos de movimento com grande participação dos empregados, pelo menos na proposição de
idéias a serem submetidas a alta administração do Sistema FIEB.
Outra importante ação adotada pelo gestor da segunda fase, o senhor Gustavo Leal Sales
Filho, foi a definição de alguns importantes projetos estratégicos alinhados com o compromisso
de alcançar a visão de futuro. Para dar certo, tais iniciativas, por ação do mesmo gestor, foram
instituídos comitês gestores constituídos por técnicos especialistas em cada área demandada
pelos projetos, o que ordenou o andamento desses projetos, apesar de alguns não terem
apresentado resultados materiais até o final de 2005. O SENAI-BA espera contar com o
94
exercício de 2006, como o que apresentará resultados mais significativos nos projetos
estratégicos e na mensuração de indicadores de desempenho estratégico que pouco avançaram
até o momento. Tudo indica que, na experiência da entidade, os resultados apresentados pelos
projetos, na dinâmica das ações estratégicas, foram mais concretos do que propriamente a busca
por mensuração de indicadores de desempenho, atrelados ou sem vínculo objetivo.
Um dos pontos discutidos por pensadores da gestão estratégica reside na experiência
prévia das organizações no uso de sistemas automáticos de controle de indicadores de
desempenho. O SENAI-BA, em parceria com uma empresa baiana de desenvolvimento de
software, customizou um sistema de gestão estratégica, utilizando-se da inteligência corporativa
disponível em sua força de trabalho. Isto demonstrou uma enorme capacidade de mobilização e
de realização de iniciativas, decorrente do preparo técnico de seus empregados. Esse mesmo
corpo técnico já havia implementado sistema similar de acompanhamento de indicadores
operacionais e gerenciais, dotando a entidade de uma experiência prévia que facilitou
sobremaneira a customização e implantação do sistema de gestão estratégica CRYPTA.
Que o SENAI-BA conseguiu avançar na arte de planejar o futuro não há dúvida. Ao
superar as dificuldades, mostrou aprendizado no tempo e que tem capacidade de transformação e
de adaptação às mudanças impostas hoje em dia. A experiência da entidade serve comprova que
é possível se propor novos e desafiadores rumos para organizações com considerável tempo de
existência e sem fins lucrativos, como também utilizar as mais variadas idéias de concepção em
planejamento e delas extrair o que lhe é mais proveitoso e favorável.
Também é preciso continuar avançando na pesquisa visando a descrição e análise das
etapas subseqüentes dos projetos estratégicos e suas reais conseqüências no futuro, além do
acompanhamento da medição de resultados através dos indicadores de desempenho estratégico.
Outra linha a ser pesquisada pode focar a estabilidade do processo estratégico desenvolvido na
entidade, suas alterações e adições em relação a antigas e novas metodologias propostas sobre o
assunto.
Que essa dissertação possa ser vista como importante contribuição de um empregado do
SENAI-BA, que já não mais faz parte de seu quadro funcional, e que vivenciou, direta ou
indiretamente, cada momento dessa história pela busca de uma visão portadora de futuro.
Também que ela possa ser útil no esforço de transformar o conhecimento tácito em
95
conhecimento explícito, representando um legado na socialização do conhecimento sobre gestão
estratégica, principalmente para aqueles que ingressando na entidade, tenham a oportunidade de
fazer parte de seu futuro.
De resto, citar o pensamento de Victor Hugo que inspira os homens na procura por
tempos melhores: "Não há nada como um sonho para poder criar o futuro".
96
REFERÊNCIAS
ANDRADE, C. Roteiro para elaboração do projeto de dissertação para mestrado. Revisado pela
professora Maria do Carmo Guimarães, Salvador, [2002]. Roteiro.
ANSOFF, H. I. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, c 1977.
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______ . Plano estratégico: SENAI 2002-2004. Plano de ação 2002. [Salvador], [2001].
______ . Planejamento estratégico: SENAI 2003-2005. Plano de ação 2003. [Salvador], [2002].
______ . Planejamento estratégico: SENAI 2004-2007. Plano de ação 2004. [Salvador], [2003].
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100
ANEXO A
Perspectivas
Objetivo
Descrição do Objetivo
Prover educação profissional
visando a empregabilidade
Criar condições de inserção de egressos dos cursos de aprendizagem no mercado de trabalho e de
manutenção da empregabilidade de trabalhadores da indústria.
Prover soluções tecnológicas
Fornecer soluções integradas nas áreas de competência (educação profissional e serviços técnicos e
tecnológicos) do SENAI Bahia de acordo com as demandas da índústria, para elevação da sua
competitividade.
Renovar imagem no mercado
industrial
Ser identificado como provedor de soluções tecnológicas.
Atender jovens com foco no 1º
emprego
Proporcionar a qualificação gratuita de jovens, com idade entre 14 e 17 anos, criando condições para
empregabilidade.
Apoiar micro e pequenas
indústrias
Induzir as micro e pequenas indústrias a desenvolver competências tecnológicas, capacitando-as a atuar em
elos de cadeias produtivas.
Atender médias e grandes
indústrias
Atuar junto às médias e grandes indústrias ofertando soluções diferenciadas e com enfoque de atuação em
elos de cadeias produtivas.
Financeira
Promover o crescimento dos
negócios de forma sustentada
Assegurar resultados financeiros planejados, ordenados e alinhados com os propósitos de crescimento
institucional, que garantam a execução de planos orçamentários e de projetos de expansão, provenientes da
prestação de serviços auto-sustentáveis.
Garantir a integração de
competências
Integrar física e operacionalmente as competências, facilitando a troca e transferência de informações e
conhecimentos, o desenvolvimento de produtos e a padronização de práticas.
Dar suporte em inovação
tecnológica
Desenvolver serviços técnicos e tecnológicos (consultoria, ensaios laboratoriais, desenvolvimento de
produtos, etc) e processos de pesquisa e de experimentação de novas tecnologias.
Garantir a efetividade nos
programas educacionais
Desenvolver programas tecnológicos que garantam acesso de trabalhadores a novas tecnologias.
Ofertar cursos de formação com
efetividade
Desenvolver programas gratuitos de aprendizagem, com qualidade e otimização de custos,
comparativamente a outros fornecedores do segmento industrial e da sociedade.
Intensificar parcerias
estratégicas
Intensificar parcerias estratégicas, nacionais e internacionais, que possibilitem a geração de conhecimento,
de competências internas e a captação de recursos para contínua adequação tecnológica da infra-estrutura.
Identificar a necessidade global
do cliente e do mercado
Monitorar continuamente as demandas do cliente de forma global (visâo sistêmica do negócio) e as do
mercado industrial.
Aperfeiçoar processos de
gestão e de informação
Implementar boas práticas gerenciais e sistemas de informação para a melhoria da produtividade.
Desenvolver profissionais para
atuação polivalente, com visão
generalista
Capacitar profissionais visando aquisição de competências múltiplas requeridas para atuação como docentes
e consultores, e de ampla capacidade de análise das áreas que compõem o negócio dos clientes e suas inter-
relações, com vistas à viabilização da oferta de soluções tecnológicas integradas nas competências do
SENAI.
Promover ambiente propício
para atrair, desenvolver e
manter pessoas
Promover ambiente de trabalho que estimule o crescimento pessoal e profissional.
Garantir o domínio do
conhecimento tecnológico
Garantir o estado-da-arte no conhecimento tecnológico e no domínio de sua aplicação.
Assegurar atualização da infra-
estrutura tecnológica
Investir continuamente na adequação tecnológica da infra-estrutura física, equipamentos e sistemas de
informação.
Aprimorar competências em
gestão
Capacitar profissionais visando o desenvolvimento de competências em gestão.
Processos InternosPessoas e Inovação
Descrição dos Objetivos Estratégicos
Mercado
Cumprimento da
Missão
Processos Internos
Projeto Modelo de Avaliação de Performance do SENAI
BSC SENAI BA
FONTE: SENAI-BA, 2004
ANEXO A – DESCRIÇÃO DE OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
ANEXO B
101
DETALHAMENTO DOS PROJETOS ESTRATÉGICOS DO SENAI-BA
1. Nome do Projeto 2. Descrição
3. Responsável
(Área e Nome)
4. Prazo 5. Observações
Implantação do CAMPUS
Integrado SENAI
Intergração física e operacional das Unidades
Operacionais do SENAI-BA, da Capital.
Diretor Executivo
Diretor SENAI-BA
Implantação de Política e
Metodologia Educacionais no
SENAI-BA
Alinhar concentual e metodologicamente os
processos de educação do SENAI-BA
ASDEN-SEQ Comitê Permanente de Educação SENAI - CPES
Gestão de Pessoas por
Habilidades e Competências
Mapear Competências da força de trabalho do
SENAI-BA.
AGEPE
CGPS
Implantação da Gestão da
Qualidade
Dotar o SENAI de modelo de gestão integrado
baseado nos critérios do Programa Nacional da
Qualidade e nos requisitos da ISO 9001-2000.
CGQS Comitê Gestor de Qualidade SENAI - CGQS
Sistema Único de Tecnologia da
Informação
Integrar os sistemas de informões em operação
no SENAI-BA
DEPIN
CGTS
Comitê Gestor da Tecnologia de Informação SENAI - CGTIS
Renovação da Imagem
Desenvolver política de marketing que reforçe a
nova imagem do SENAI-BA.
A definir
Desenvolvimento de Lideranças
Implantar programa voltado para o
desenvolvimento de lideranças.
Diretor SENAI-BA
Projeto Tecnotrans
Promover a transferência de tecnologia para
modernização de pequenas e médias empresas
industriais na Bahia
Diretor SENAI-BA
BSC SENAI DR/BA
Projeto Modelo de Avaliação de Performance do SENAI
FONTE: SENAI-BA, 2003
ANEXO B – DETALHAMENTO DOS PROJETOS ESTRATÉGICOS DO SENAI-BA
102
ANEXO C
Detalhamento dos Indicadores de Desempenho Estratégico – SENAI-BA
FONTE: SENAI-BA, 2004
ANEXO C – DETALHAMENTO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ESTRATÉGICO DO SENAI-BA
103
ANEXO C
Detalhamento dos Indicadores de Desempenho Estratégico – SENAI-BA (Continuação)
FONTE: SENAI-BA, 2004
ANEXO C – DETALHAMENTO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ESTRATÉGICO DO SENAI-BA
104
ANEXO C
Detalhamento dos Indicadores de Desempenho Estratégico – SENAI-BA (Continuação)
FONTE: SENAI-BA, 2004
ANEXO C – DETALHAMENTO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ESTRATÉGICO DO SENAI-BA
105
ANEXO C
Detalhamento dos Indicadores de Desempenho Estratégico – SENAI-BA (Continuação)
FONTE: SENAI-BA, 2004
ANEXO C – DETALHAMENTO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ESTRATÉGICO DO SENAI-BA
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