193
não tem culpa, por exemplo, minha mãe pela infância que ela deve ter tido
com o meu avô e a minha avó, não se dando, os dois brigando o tempo inteiro,
e meu avô implicando com ela, não deixou nem ela estudar então,
infelizmente, ela foi e esta sendo ainda refém de uma coisa que não pediu.
E eu sou filho dela, ela é minha mãe,como é que eu vou mudar de mãe porque
essa mãe eu não quero, é o que eu falo vem de lá pra cá aquela coisa
entendeu? (O choro que estava contido até esse momento, apareceu)
Nesse momento Diogo não agüentou mais, afirmar que a mãe que ele tem é uma mãe que
ele não gostaria de ter, foi penoso e triste, o tom de voz abaixou, mas manifestando
inconformidade e desespero, Diogo é um rapaz alto de 1,90m e naquele momento parecia ser
um menino, foi se encolhendo no sofá até que de repente levantou e foi beber um copo de água.
No tipo Sentimento Extrovertido, tendo como função auxiliar a Intuição, é evidente a expressão
de seus afetos, muitas vezes são expressões bombásticas, como também se evidencia o contato
com sentimentos profundos e emoções variadas, sejam elas facilitadoras do contato com o
outro ou não, considerando, também, o ego como “outro”.
Marina ficou condoída com o sofrimento do marido, fez uma pausa, em seguida olhou
para ele como que comunicando que iria continuar a falar, ele olhou para ela com certo carinho.
O clima parecia estar mais ameno quando o diálogo foi reiniciado.
Marina: Depois veio o pai dele também, a gente ia lá e era aquela confusão.
Ele fazia umas brincadeiras, quer dizer brincadeiras não porque aquilo era
maldade comigo e eu não gostava. Pegar e me bater, uma vez me puxou o
cabelo e me tacou no chão e ficava dando risada, eu não achava legal, eu não
gostava daquilo, piada, umas coisas feias assim, a bebida estragava até porque
ele é uma boa pessoa, falei eu não quero isso pra mim.
Eu falei: “Não comigo não vai ser assim, falta de respeito, e a gente sempre
brigava e deu uma confusão um dia quando eu estava grávida do Pedro, voltei
de ambulância foi uma confusão com a assistente social do hospital porque ela
veio atrás de mim porque achou que o Diogo tinha batido em mim, olha, então
foi uma coisa.
Quando o Pedro nasceu, o pai dele batia no berço, queria pegar o Pedro pelas
pernas, eu não quero isso pros meus filhos, Deus me livre, e o Diogo não
entendia. Ele dizia: É normal ele é assim mesmo.
Percebemos que Diogo tentou justificar a atitude do pai:
Diogo: É eu tenho uma irmã por parte de pai, e ele tem um enteado que está
preso já vai fazer uns 7 ou 8 anos. Essa situação não me agrada, nunca me
agradou, porque a mulher dele era cozinheira da lanchonete que meu pai tinha
e eu trabalhava com ele.
E aí minha mãe descobriu, ligaram em casa para avisar a minha mãe. Um cara
que meu pai tinha emprestado dinheiro e quando meu pai foi cobrar, o cara
pegou mal com o meu pai, aí ele ligou em casa e falou pra minha mãe que o
meu pai estava enrolado com a cozinheira. Eu acho que ela foi embora pra
Rondônia (a cozinheira), mas minha mãe não se entendeu mais com meu pai,
eles não se ajustaram e meu pai cabeçudo ao invés de falar: eu errei, vamos