RESUMO
Este trabalho identifica a emissão de comportamentos de risco para acidentes
infantis durante interações de crianças em playgrounds escolares e as
características de risco dos brinquedos recreativos, bem como analisa as opiniões
dos profissionais da educação infantil em relação a tais interações e aos possíveis
acidentes que possam delas decorrer, em especial dos professores, mediante
intervenção com cenas das interações. São participantes 52 escolares do Pré-I e
Pré-II, 33 profissionais e 31 docentes de duas escolas municipais de educação
infantil de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Utiliza filmagem, roteiros
de investigação (questionários) pré-testados e cenas selecionadas das filmagens
para intervenção breve com professores. Como resultados, identifica, por meio das
filmagens, a emissão de diversos comportamentos de risco nos playgrounds, como o
“uso inadequado dos brinquedos”, “imitação” (de brincadeiras perigosas),
“competição por um brinquedo” e “desafio/competição entre si”, bem como diversas
características de risco nos brinquedos, como permanência de brinquedo no sol
acumulando energia solar e ausência de barreiras físicas ao redor dos
equipamentos. As opiniões dos profissionais, obtidas por meio dos questionários,
apontam: quedas e choques com brinquedos e/ou com outras crianças como os
acidentes mais freqüentes, motivados pela falta de atenção/cuidado da criança; o
trepa-trepa como brinquedo de maior risco, bem como as situações interativas entre
crianças e brinquedos, sobretudo no balanço, e das crianças entre si, durante o
correr; as orientações às crianças sobre o uso correto dos brinquedos como
medidas preventivas já adotadas e que poderiam ser realizadas e as conversas
informais/regras como os trabalhos sobre prevenção de acidentes já realizados com
as crianças. Na intervenção, os professores visualizam comportamentos de risco
para a ocorrência de acidentes nas cenas apresentadas, e justificam como variáveis
para a ocorrência desses comportamentos a falta de percepção de risco/perigo
pelos alunos e a criança querer explorar as possibilidades que o brinquedo
proporciona. Sinalizam como possíveis conseqüências machucados e acidentes e
apontam como forma de prevenção de acidentes e promoção de proteção as
atitudes do professor, tais como orientações e conversas diárias com as crianças.
Diante dos resultados obtidos e do índice de acidentes que ocorrem nas escolas
conclui que os riscos para acidentes em playgrounds escolares são uma realidade,
porém, mudanças precisam ser realizadas no sentido de capacitar os profissionais
da educação a atuarem na prevenção dos acidentes e na promoção da segurança
das crianças. Os comportamentos de risco identificados nas filmagens poderiam se
tornar elementos para ações preventivas, inseridas no contexto de educação formal
dos alunos. Conclui, também, que os profissionais têm informações variadas e
procedimentos pertinentes aos acidentes, os quais poderiam ser enriquecidos com
uma atuação integrada com profissionais da saúde e direcionados para a formação
dos alunos. Além disso, novos estudos foram apontados como sendo necessários
para ampliar e generalizar os resultados obtidos nessa pesquisa.
Palavras-chaves: Educação Infantil – Acidentes Infantis – Comportamentos de
Risco.