Considerando o mesmo percentual de 10% a 15% de intolerantes à lactose (média brasileira)
para a cidade de Juiz de Fora, somente um décimo desses intolerantes consome leite. Verifica-
se, com essa análise, um importante potencial de incremento de consumo para este nicho da
população. Do ponto de vista econômico, podem-se inserir cerca de 8,5% a 13,5% da
população da cidade no consumo do produto, multiplicando os benefícios por toda a cadeia
produtiva do leite: aumento do consumo de ração e vacinas dos animais, ganho de escala para
o produtor rural, geração de renda e empregos para a região. Do ponto de vista nutricional,
estes consumidores poderiam beneficiar-se dos nutrientes do leite, porém sem os incômodos
causados pela lactose.
Apesar do foco do trabalho ser o leite longa vida, pôde-se observar que os dados sobre o
consumo de leite, em geral, em Juiz de Fora são preocupantes. Parcela significativa da
amostra da pesquisa não consumia leite e 3,1% dos que consumiam leite o faziam sob a forma
não tratada termicamente (crua), correndo sérios riscos de saúde. Um elevadíssimo índice de
94% da amostra, aqui metodologicamente extrapolada para toda a população, consome leite
abaixo dos índices recomendados pela FAO. Enquanto este órgão preconiza um consumo de
170 lts/hab/ano, o consumo médio do cidadão de Juiz de Fora está em 76 lts/hab/ano. Isto
representa um déficit de 94lts/hab/ano, ou cerca de 47.000.000 de litros de leite/ano não
consumidos pela população da cidade.
Em 2004 a cadeia produtiva láctea brasileira movimentou R$ 64,78 bilhões, de acordo
com o estudo "Tomografia da Cadeia do Leite São Paulo 2004", apresentado pelo Programa
dos Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial da Universidade de São Paulo —
Pensa/USP (MILKNET, 2005). A produção brasileira de leite foi de cerca de 23,5 bilhões de
litros em 2004, ou seja, cada litro de leite produzido movimentou cerca de R$ 2,76. Somente
com o atingimento dos índices recomendados pela FAO em Juiz de Fora, levando-se em conta
os mesmos cálculos de 2004, haveria uma movimentação em torno de R$ 130.000.000,00
distribuídos ao produtor independente, supermercados, insumos agropecuários, como
produtos veterinários, rações, inseminação artificial, máquinas e equipamentos. Vale ressaltar
que os benefícios podem ser muito maiores, pois não estão calculados os efeitos
multiplicadores deste volume de capital na cidade.
Os grandes nichos a serem trabalhados, por possuírem baixo consumo de leite longa
vida, são os jovens entre 15 e 22 anos e os idosos, somando 21% da população. Os solteiros e
as mulheres consomem menos leite, assim como as pessoas que têm renda familiar até R$
500,00 e acima de R$ 4.500,00.