
quando vamos à igreja, seja ela pentecostal, católica, espírita, etc., absolutamente não esperamos ouvir um
sermão a respeito das penas infernais dos condenados, ardendo no caldeirão de enxofre. Contudo, essa era a
ração costumeira do dito rebanho religioso.
Gradativamente, a transformação científica que ocorreu através de Nicolau Copérnico, Isaac Newton
e Charles Darwin, e que ainda perdura no presente século, foi desgastando a arrogante concepção religiosa de
ter o Homem uma importância extraordinária, mas que diante das bilhões de estrelas e outro tanto de
galáxias, dissolveu o Homem a um mero cisco nessa imensidão. Por outro lado, essa revelação da sua
pequenez aliada ao crescente número de genocídios, evidencia um tipo de efeito colateral, no qual o ser
humano passa a ser um ente biológico tão dispensável, quanto a enormidade de invertebrados recolhidos pela
natureza a cada instante.
Mesmo durante a euforia contagiante na época da Revolução Francesa, os representantes do povo
francês através da Assembléia Nacional reconheceram e declararam, sob os auspícios do Ser Supremo, a
famosa Declaração Francesa dos Direitos Humanos, evidenciando a pequenez do ser humano. Não existem
direitos sem deveres reciprocamente atribuídos. No caso da Declaração dos Direitos do Homem, para que
esta não seja um rol de desejos passivos, deve existir uma apropriada afirmação das obrigações e das
responsabilidades daqueles que precisam valer estes direitos (GIUMBELLI, 2001). Superando-se o egoísmo
pessoal, pode-se aprender a aceitar e a tolerar outro ser humano, pois é fundamental que haja o respeito
mútuo entre os indivíduos.
O retrocesso gerado pela intolerância religiosa
O tema da intolerância religiosa, assunto que se imaginava banido dos conflitos internacionais, volta à
cena com o apelo dos Talebans para que muçulmanos, no mundo todo, ataquem os Estados Unidos e seus
aliados, invocando a “jihad” e o nome de Alá. Contudo, receosos de acender o estopim de uma “guerra santa”
de proporções imprevisíveis, os estadunidenses fizeram de tudo para eliminar qualquer conotação religiosa
da recente luta contra o Afeganistão. Países como esse, governados pela tirania religiosa, na qual uma elite
sacerdotal utiliza com perspicácia a ditadura da fé para extirpar os mais elementares direitos humanos,
infringindo a liberdade em nome de uma crença, principalmente quando se constata que a miséria não
decorre essencialmente da situação econômica do país.
Observa-se uma forte tendência das sociedades democráticas para um sistema baseado numa
variedade sócio-cultural, sem subordinação à globalização e de sua interferência na economia de países e no
cotidiano das pessoas. Predomina a heterogeneidade, com as sociedades cada vez mais variadas,
diversificadas e complexas, tal como ocorre nas grandes metrópoles. A essência democrática é o pluralismo,
e quanto maior a diferenciação entre as pessoas, maiores são as necessidades de tolerância mútua, visto que
sem a harmonia da convivência não há pluralismo que resista. Entretanto, marchando contra o movimento
pacífico, as sociedades religiosas detentoras do poder do Estado, promovem uma padronização impetuosa
nos hábitos religiosos, políticos e culturais (TAMER, 2002). Devido ao seu alto grau de intolerância e