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U N E M E T – Brasil
Março – Maio 2006 www.unemet.al.org.br
Educação sem Distância: O Novo
Tempo da Meteorologia?
Variações
Climáticas:
Mudanças Físicas
e Culturais
Uso e Aplicações
do Satélite TRMM
Américo Silvado
e a Meteorologia
na Marinha
Brasileira
O Surgimento
das Escalas
Termométricas
O Centro de
Treinamento em
Meteorologia da
OMM na América
do Sul
Natureza
Humana e
Desastres
Ambientais
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Ano II – Número 6 – Março – Maio 2006
Diretoria Executiva
Presidente
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Secretário Geral
Daniel Carlos Menezes (COPPE/UFRJ)
Diretor Administrativo e Financeiro
Carlos Henrique D’Almeida Rocha (COPPE/UFRJ)
Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ)
Diretor de Comunicação e Marketing
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
Diretora de Educação e Treinamento
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Diretor de Cooperação Nacional
e Internacional
José de Lima Filho (UFAL)
Conselho Diretor
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
José de Lima Filho (UFAL)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Conselho Fiscal
José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV)
Gustavo Bastos Lyra (COHIDRO)
Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE)
Conselho Editorial
Alailson Venceslau Santiago (IICA/OEA)
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ)
Daniel Carlos de Menezes (COPPE/UFRJ)
Revista Cirrus
é uma publicação da União
Nacional dos Estudiosos em Meteorologia -
UNEMET, distribuída gratuitamente aos usuários
cadastrados no site.
Imagem de Capa: Infraero
A revista não se responsabiliza por opiniões
emitidas pelos entrevistados e por artigos
assinados.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
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Editorial
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Variações Climáticas: Mudanças Físicas e
Culturais
Radar
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Fique Antenado
Ponto de Vista
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Agenda
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Programe-se
Capa
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Educação sem Distância: O Novo Tempo
da Meteorologia?
Memória
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Américo Silvado e a Meteorologia na
Marinha Brasileira
Curiosidades
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O Surgimento das Escalas Termométricas
Nossas Escolas
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Reflexões
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Natureza Humana e Desastres Ambientais
Redação
Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões
ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS.
Publicidade
Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo.
UNEMET – Brasil
Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara
57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil
Fone: (82) 3377-0268
www.unemet.al.org.br
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orreio
CIRRUS NA BIBLIOTECA EUMETCAL
Obrigado pela cópia da revista CIRRUS. Eu
queria saber se vocês teriam alguma objeção
para eu adicioná-la à biblioteca da Eumetcal.
Caso você não conheça a biblioteca da
Eumetcal é um repositório de pesquisa para
material de treinamento em Meteorologia que
tem sido mantida pelo projeto Eumetcal e está
disponível aos membros do projeto Eumetcal.
Agradecimentos antecipados.
Ian Mills
METOFFICE, Londres, Reino Unido.
ACONTECER METEOROLÓGICO
Aproveito a oportunidade para desejar
felicidades pelo Aniversário de 3 anos da
UNEMET e que continuem tendo muitos anos
mais brindando a todos nós com
informações.de grande importância sobre as
atividades meteorológicas. Gostaria de
agradecer por me manter deveras informado
sobre o acontecer meteorológico.
Gilma Carvajal
INAMHI, Quito, Equador.
INICIATIVA VITORIOSA
Como meteorologista formado na 2ª turma de
Meteorologia da UFPB, hoje UFCG, fico contente
com a iniciativa da revista CIRRUS em fazer
uma matéria sobre nosso curso, pena que
temos acesso só a capa da revista e não da
edição inteira. Parabéns pelo 3º ano da
UNEMET. Saudações Meteorológicas
Prof. Dr. Gilberto Diniz
Chefe do CPPMet/UFPel, Pelotas, RS.
CÓPIA IMPRESSA
Estimados, Parabéns mais uma vez pela
publicação da Revista. Se pudéssemos receber
pelo menos uma copia impressa eu circulo
entre os meteorologistas (somos em 8 no CTA)
e coloco na biblioteca. Seria possível ser
enviada uma cópia impressa deste numero (e
dos anteriores), caso ainda tenham?
Gilberto Fisch
Centro Técnico Aeroespacial (CTA/IAE-ACA),
São José dos Campos, SP.
NOTA
Todas as mensagens enviadas foram
prontamente respondidas e as sugestões
mencionadas já estão sendo avaliadas pelo
Conselho Editorial da Revista.
OS EDITORES
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CIRRUS N° 5: NÃO É UMA
PUBLICÃO QUALQUER!!
Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar a
Equipe. A publicação é atraente, os temas bem
escolhidos e o conteúdo bem dosado. Não é uma
publicação qualquer, e espero que tenha longa
vida!
Acerca do artigo sobre satélites meteorológicos,
meus parabéns ao autor. O leitor sairá com uma
boa visão da história, estrutura dos satélites e
características de imagens. Quanto às aplicações
por elas mesmas, permito-me observar que teria
sido interessante comentar com mais detalhes (eu
sei, a falta de espaço...) aplicações no Brasil. A
Meteorologia por Satélite em nosso país tem um
desempenho nada desprezível. Colaborando nesse
sentido, estou enviando algumas referências que
podem formar parte de uma listagem de
sugestões que pode ser de interesse para
internautas em geral. De novo, parabéns pela
Revista.
Juan Carlos Ceballos
CPTEC/INPE, Cachoeira Paulista, SP
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sclarecimentos a Respeito da Matéria
“Valorização e Respeito Profissional: Até quando
os Meteorologistas devem se submeter aos baixos
salários?”
onsideramos infortúnio o transtorno causado pela matéria publicada em sua última edição
de novembro-dezembro/2005, no editorial “Reflexões” sob o título “Valorização e Respeito
Profissional: Até quando os Meteorologistas devem se submeter aos baixos salários?”
acerca do concurso do INMET. Em respeito aos leitores da Cirrus, estamos publicando na
íntegra para esclarecimento, as informações enviadas em ofício n
o
. 060/GAB/INMET/2006 de
20 de fevereiro de 2006 pelo Diretor do INMET, Sr. Antonio Divino Moura, acerca da matéria
veiculada, não por exigência ou em termos de retratação forçada, mas simplesmente porque
esclarecimentos e opiniões são sempre bem vindos.
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“É realmente lamentável que muitos setores da administração pública federal ainda convivam
com salários bastante defasados e insuficientes para garantir um padrão de vida condigno a seus
funcionários. Herança de governos anteriores, este é, infelizmente, o caso dos órgãos de administração
direta subordinados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), entre os quais o
Instituto Nacional de Meteorologia. A legislação vigente determina que a admissão por concurso público
se dê nos níveis iniciais do Plano de Cargos e Salários de cada órgão, e o INMET subordina-se ao plano
geral do Ministério, onde o salário de início de carreira dos técnicos de nível superior é aquele anunciado
no edital do concurso. Desta forma, o Instituto não teve, nem poderia ter, qualquer influência na
determinação desse valor. Temos convicção, entretanto, de que o atual Governo, e em particular o
Ministro Roberto Rodrigues, têm consciência dessa defasagem e estão empenhados na busca de uma
solução. De fato, a expectativa é de que seja aprovada no decorrer dos próximos meses uma nova
gratificação funcional que virá minorar sensivelmente esse problema.
É importante para o INMET conseguir a aprovação de um Plano de Cargos e Salários Próprio.
Este é um problema de muitas décadas e posso dizer, com sentimento misto de satisfação e amargura,
que durante minha primeira gestão à frente do Instituto, no período de 1985 a 1987, consegui que fosse
elaborada e levada à apreciação do Presidente da República a proposta de um plano de carreira muito
semelhante ao que fora pouco antes aprovado para o INPE. Tal proposta mereceu o “de acordo” do
então Presidente José Sarney e foi encaminhada para os trâmites devidos. Deixei em seguida o INMET
e, à distância, constatei com pesar que não foi dada a necessária continuidade ao acompanhamento do
processo, e a conquista, que parecia tão próxima e poderia ter mudado significativamente a história
recente da instituição, não se concretizou.
É importante que se registre, também, que, além dos meteorologistas de seu quadro funcional, o
INMET contrata produtos de outros meteorologistas e especialistas do setor, por meio de consultorias
prestadas no âmbito de convênios com instituições como a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o
Instituto Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional Aplicado (IDAP) e o Instituto
Interamericano para Cooperação em Agricultura (IICA).
Nestes casos o Instituto pode, sim, influenciar na definição da remuneração dos especialistas e
tem conseguido garantir valores competitivos com o mercado. Frise-se, ainda, que os avanços que vêm
sendo conseguidos pelo INMET, como a expansão e atualização de sua rede de estações meteorológicas
automáticas, têm propiciado importantes oportunidades de trabalho para empresas prestadoras de
serviço e outras instituições nacionais, contribuindo para a geração de trabalho para muitos
meteorologistas.
A abertura de Concurso Público – após 21 anos desde o último permitido pelo Governo! - para a
contratação de 29 novos meteorologistas (e 10 administradores de nível superior) para o quadro do
INMET deve ser registrada sim, não com críticas como as imputadas pelo editorial da Cirrus, mas como
mais um importante passo, dentre muitos necessários que com certeza se seguirão, para a revitalização
institucional e melhores oportunidades de trabalho para os profissionais do setor.
Esta, acredito, é também a percepção e a expectativa do grande número de colegas
meteorologistas que optaram por participar do processo seletivo. Merece registro que 411 profissionais
se inscreveram para o Concurso Público do INMET. No aguardo de uma imediata ação corretiva por parte
dos Editores, dando conhecimento público do teor deste ofício, com o devido destaque na revista Cirrus.
Atenciosamente,
Antonio Divino Moura
Diretor
INMET
.
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É notável, e bastante gratificante, para nós da UNEMET o expressivo crescimento da revista
CIRRUS durante um ano! Atualmente, manifesta-se como um importante veículo de informação em
Meteorologia. A razão para este merecido destaque é a nossa dedicação, empenho e responsabilidade
com a qual são editadas as respectivas matérias.
Foi com muito pesar que recebemos o ofício n
o
. 060/GAB/INMET/2006 de 20 de fevereiro de
2006, fazendo sérias acusações e duras críticas à conduta da nossa Instituição.
A revista CIRRUS é um instrumento concreto de reivindicação. É através dela e de outras ações
que alcançamos os nossos objetivos. Sempre com um princípio bastante claro: a busca de
conhecimentos e esclarecimentos.
É importante esclarecer aos leitores que não foi intenção do corpo editorial denegrir, tão pouco
desqualificar o INMET, apenas externar a decepção de muitos de nós, meteorologistas, que mesmo
decepcionados com os baixíssimos salários submeteram-se ao processo seletivo.
A preleção quanto aos vencimentos foi geral, desde no âmbito das instituições acadêmicas, como
na Internet, através de listas de discussão e em sites de relacionamentos, por exemplo, o “Orkut”.
A abertura de concurso público para o provimento de cargos no INMET, após 21 anos, é sem
dúvida fato digno de registro. Sua realização, em nenhum momento foi questionada, e é, sem dúvida,
uma verdadeira vitória para a nossa classe e do Instituto. Principalmente, por terem sido registradas 414
inscrições.
De qualquer maneira, devemos ressaltar que destas 159 foram para os cargos de
Meteorologistas e 255 para a área administrativa, conforme informação extraída da página de internet
http://www.cetroconcursos.com.br/Concursos/Inmet/Inmet_Estatistica.htm
. No entanto, os baixos
salários para os aprovados neste concurso é uma amarga realidade.
Ao editar a matéria, o corpo editorial vislumbrava maiores perspectivas, muito além de
simplesmente criticar o concurso ou os baixos salários.
Tínhamos a intenção de levantar uma discussão mais ampla sobre a questão salarial, que não é
um problema apenas do INMET, outros órgãos também estão com os salários abaixo do piso estipulado
pelo sistema CONFEA/CREAs que é de 05 (cinco) vezes o Salário Mínimo comum, vigente no País, para
os profissionais que possuem atividades ou tarefas com exigência de mais de 06 (seis) horas diárias de
serviços, acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) para as horas excedentes das 06 (seis) horas
diárias de serviços, caso dos meteorologistas, conforme Resolução Nº 397, de 11 de agosto de 1995 do
CONFEA, Publicada no Diário Oficial da União de 18/10/1995.
Desconhecer e ignorar as importantes contribuições deste órgão para o desenvolvimento da
Meteorologia Brasileira é no mínimo ignorância. Mas de fato, a administração pública federal ainda tem
como prática um plano de cargos e salários insuficiente, não garantindo padrão de vida digno da
realidade aos seus funcionários, não imputa nenhuma inverdade na matéria publicada.
Ficamos felizes em saber da luta do atual diretor do INMET, por uma atualização salarial, tanto
no passado como agora na sua volta à frente do Órgão e esperamos sim, que o atual governo se
sensibilize com tamanha defasagem salarial; que a gratificação para os aprovados neste concurso, citada
por Vossa Senhoria em seu ofício, venha a se concretizar o mais rápido possível.
A aprovação do Plano de Cargos e Salários próprio deve ser uma conquista não só do INMET,
mas de toda a comunidade Meteorológica, e a UNEMET se solidariza com esta luta
.
Os Editores
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variações climáticas constituem um dos maiores problemas e preocupações que a
Humanidade terá de enfrentar e combater neste século. Nas últimas décadas o
aumento no consumo de combustíveis fósseis intensificou o chamado efeito estufa,
por essa razão os especialistas prevêem o aumento das temperaturas médias globais
entre 1 e 3,5 % até 2100 e o aumento do nível da água do mar entre 15 e 95 cm, segundo o
terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(
IPPC), publicado em
2001. Assim, será necessário que a sociedade global mude também seu modo de pensar e agir
para evitar conseqüências devastadoras a sua própria sobrevivência.
Nos últimos 100 anos as concentrações
dos gases responsáveis pelo Efeito Estufa
(GEE) aumentaram significativamente. Para
minimizar este problema deve haver uma ação
imediata em nível internacional, uma dessas
medidas é a intervenção florestal.
As variações climáticas são
acontecimentos naturais que ocorrem há
séculos, sempre aconteceram, mas é desde o
século passado que se tem verificado o maior
registro de variações até ao momento.
Segundo o relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, http://www.ipcc.ch/) essas variações
são na verdade alterações climáticas, e são
resultantes das intensas ações humanas, como
a queima de combustíveis fósseis e agressões
sobre o meio ambiente, resultando em
conseqüências para o clima que se refletem em
termos globais.
O efeito estufa ocorre naturalmente
constituindo um processo essencial para a
manutenção da vida no planeta: impede que a
superfície terrestre se torne demasiada fria,
com cerca de 30ºC a menos.
Apesar do aumento das concentrações
de CO
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na atmosfera ter ocorrido gradualmente
desde a última glaciação, verifica-se que após a
revolução industrial aumentaram numa taxa
bastante elevada.
Deve ser ressaltado que a discussão
atual está relacionada à intensificação do efeito
estufa causada diretamente pelas emissões de
gases resultantes da ação do homem. Esta é
uma situação que preocupa a comunidade
científica, governos e a opinião pública, pelas
conseqüências que podem trazer a sociedade e
a economia mundial.
Nesse sentido, a comunidade científica
tem-se dedicado a estudar as causas e efeitos
do aumento de GEE no funcionamento dos
sistemas climáticos. Para ultrapassar essa
situação é preciso primeiro que haja um
esforço de conscientização global sobre a
importância de combater o problema.
E
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As
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(In)certezas na Previsão das Mudanças
Climáticas
As incertezas associadas à modelagem
dos sistemas climáticos, para definir padrões
de alteração no espaço e no tempo,
predominam na sociedade e na comunidade
científica. No entanto existem certezas quanto
à ocorrência de alterações climáticas.
A maior incerteza sobre o Clima futuro
se relaciona com o ciclo da água. De fato, o
vapor de água é o mais importante gás de
efeito estufa e as nuvens participam no
controle radiativo da Terra (Figura 1),
contribuindo tanto para o efeito estufa,
aquecendo a superfície, como para o albedo
(reflexão de radiação solar), arrefecendo-a.
Grande parte da investigação
atualmente em curso, com vista à melhoria dos
modelos climáticos, refere-se ao estudo do
papel das nuvens e da sua representação em
modelos.
Figura 1 - As nuvens são importantes no controle
radiativo da Terra.
Deve-se ressaltar que os cenários não
são previsões. As diferenças de aquecimento
calculadas nos vários cenários, por diferentes
modelos, indicam que existe muita incerteza
quanto ao futuro. No entanto, a tendência para
o aquecimento global é consistente.
Não só é prevista em todos os casos
como constitui o resultado mais simples daquilo
que é neste momento inevitável: crescimento
significativo das concentrações dos gases de
efeito estufa nas próximas décadas.
Acredita-se que uma das formas de
melhorar a eficiência e análises das mudanças
climáticas pelos modelos deveria ser
intrinsecamente através de maior cooperação
internacional.
Mudança Cultural
Cada um de nós partilha alguma
responsabilidade pelas alterações climáticas de
origem antropogênica. É, pois, necessário
informar e conscientizar as pessoas para esta
problemática.
Podemos contribuir para limitar as
emissões com gases de efeito estufa por meio
da poupança da energia proveniente da
combustão de combustíveis fósseis, escolhendo
e adotando sistemas mais eficazes do ponto de
vista energético e preferindo, sempre que
possível, as energias renováveis.
Um dos setores que mais contribui
para as emissões foi o de transportes. A
preferência pelos transportes públicos e por
veículos menos poluidores é outra forma de
contribuir para limitar as emissões.
Atualmente, dados indicam assim que
já consumimos cerca de 20% a mais do que a
capacidade que o Planeta teria de renovação. E
se todos nós consumíssemos como os
americanos ou os europeus, deveriam haver
quatro planetas Terra para vivermos.
O crescimento do consumo atualmente
é um dos grandes problemas da atualidade,
similar ou pior do que todos os fatores sociais,
porque possui permanência que extrapola o
que os habitantes atuais do planeta podem
mudar, ou seja, se o modelo vigente de
crescimento do consumo fosse revertido, os
resultados apenas seriam alcançados em 30 ou
40 anos.
Observa-se que o comportamento
atual está levando a humanidade à destruição
de nosso habitat e a uma crise social
agravante, onde não se está dando a devida
seriedade e importância ao problema.
Em vista disso, é que, para superar a
pobreza e a degradação natural, é preciso se
buscar a sustentabilidade, e que, portanto, é
necessário provocar uma mudança social e
cultural em todos os setores da sociedade,
sejam eles pessoas, empresas ou instituições.
Esta mudança acarretará um novo
modelo, a partir do qual devem ser substituídos
os valores e comportamentos das pessoas
como protagonistas da sociedade de consumo e
devem ser urgentemente plantadas as bases de
um novo caminho para a sustentabilidade.
Acreditamos que aquilo que parece ser
para muitos uma utopia é, na verdade, o único
caminho para que possamos reverter a espiral
de degradação ambiental e combater a
pobreza, melhorando a vida de todos e a saúde
de nosso Planeta.
Porém, a velocidade dessa mudança
dependerá basicamente da educação, que é de
fundamental importância para formar novos
valores nas crianças e em mensagens para
formar novos comportamentos nos adultos,
que não se deve esperar que eles mudem seus
valores, mas sim que haja uma mudança de
atitude para uma mudança do estilo de vida.
Acreditamos que se isso ocorrer a
sociedade passará de um paradigma de
consumismo desenfreado para um de bem-
estar, para TODOS.
Os Editores
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A Hobeco tem uma oportunidade
profissional para Vendas Técnicas de Estações
Hidrometeorológicas.
O profissional deve ter conhecimentos
de:
1- Instrumentos Meteorológicos, sensores, data
loggers, aplicativos, telecomunicações.
2- Pessoa dinâmica disponível para viagens,
morando no Rio de Janeiro.
3- Inglês escrito e falado fluente.
4- Conhecimentos e experiência com a Lei 8666
de concorrências.
Os interessados deverão enviar
Curriculum Vitae para Sra. Marize Stahl do
Departamento Administrativo:
[email protected], ou para Caixa Postal: 877
RJ, CEP: 20.001-970, indicando experiência e
pretenção salarial.
Fonte: SBMET
PROGRAMA CAPES/FULBRIGHT DE
BOLSAS DE DOUTORADO NOS EUA
A CAPES e a FULBRIGHT oferecem
bolsas de doutorado nos EUA, como forma de
complementar os esforços despendidos pelos
programas de pós-graduação no Brasil,
buscando a formação de docentes e
pesquisadores de alto nível. Esta bolsa destina-
se a candidatos de comprovado desempenho
acadêmico com projetos que não possam ser
realizados total ou parcialmente no Brasil e que
se dirijam as instituições norte-americanas.
Os interessados deverão visitar o site
www.fulbright.org.br/bolsas8.htm
ou pelo e-
para obtenção
do formulário e demais informações necessário
para inscrição ao programa.
As inscrições para candidaturas
referentes ao ano acadêmico 2007/2008
estarão abertas até 3 de julho de 2006.
Fonte: Dr. Luiz Valcov Loureiro, Diretor
Executivo da Comissão Fulbright.
PRÊMIO JOVEM CIENTISTA 2006
Foi dada a largada para a XXII edição
do Prêmio Jovem Cientista (PJC), uma das mais
importantes premiações da América Latina,
entregue pelo Presidente da República.
Este ano, com o tema ‘Gestão
Sustentável da Biodiversidade: desafio do
milênio’, proposto pelos parceiros CNPq,
Fundação Roberto Marinho, Gerdau e
Eletrobrás/Procel, o prêmio tem muito a
contribuir com idéias e propostas para
promover o uso racional e sustentável dos
recursos ambientais.
São mais de R$ 130 mil distribuídos
em dinheiro pelo PJC, além da publicação dos
trabalhos vencedores em livro e de bolsas de
estudos concedidas pelo CNPq.
Uma grande notícia para as escolas. A
partir desta edição, além das instituições de
ensino superior, as de ensino médio também
poderão concorrer na categoria Mérito
Institucional.
Aquela que apresentar o maior número
de trabalhos com qualidade, de acordo com o
parecer da Comissão Julgadora, será premiada
com R$ 30 mil como um incentivo para o
melhoramento de infra-estrutura, dos
equipamentos de laboratório e do acervo da
biblioteca.
Em 2005, além da Menção Honrosa e
concessão de Bolsa de Iniciação Científica aos
três primeiros lugares do ensino médio, o PJC
contabilizou a significativa participação de
1.196 jovens de todos os estados brasileiros
nessa categoria.
As inscrições estão abertas até 29 de
setembro pelo site
www.jovemcientista.cnpq.br
.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Social do CNPq.
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COMITÊ DE ASSESSORAMENTO
ESPECÍFICO PARA A METEOROLOGIA NO
CNPQ
Durante o último julgamento de
pedidos de bolsas no CNPq (no final de
novembro de 2005) a representante da área de
Meteorologia no Comitê de Geofísica,
Meteorologia e Geodésia (CA-GM), Alice
Marlene Grimm, manifestou ao Coordenador do
Programa de Pesquisa em Ciências Químicas e
Geociências do CNPq, José Donizetti Freire, o
anseio da comunidade meteorológica pela
formação de um comitê próprio das Ciências
Atmosféricas.
O Coordenador relatou ao Presidente
do CNPq este pedido em reunião no final de
dezembro, tendo este solicitado a elaboração
de um documento de embasamento deste
pedido até o final de janeiro 2006.
Após consultas favoráveis a SBMET,
que inclusive contribuiu na composição dos
anexos, e a universidades que oferecem cursos
de pós-graduação em Meteorologia, a Dra Alice
enviou ao CNPq o documento que se encontra
disponível no site da SBMET
(http://www.sbmet.org.br/internas/noticias/ger
ais/12/index.html)
Endossaram a petição da Dra. Alice as
seguintes instituições:
¾ SBMET – Sociedade Brasileira de
Meteorologia;
¾ CPTEC – Centro de Previsão do
Tempo e Estudos Climáticos;
¾ INPE - Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais;
¾ UFPEL - Universidade Federal de
Pelotas;
¾ COPPE/UFRJ – Instituto Luiz
Alberto Coimbra de Pos-Graduacao e
Pesquisa em Engenharia da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro;
¾ USP - Universidade de São Paulo.
A UNEMET vem manifestar e também
endossar essa reivindicação e parabeniza a
Profa. Dra Alice Grimm por esta excelente
solicitação.
Fonte: SBMET.
PROJETO COSMIC/FORMOSAT – 3: Uma
Nova Era da Observação Atmosférica
O foguete Minotauro foi lançado no dia
14 de abril deste ano da Base de Vandenberg,
da Força Aérea norte-americana, levando seis
satélites, cada um com 70 quilos. Em órbita, a
cerca de 800 quilômetros de altitude, o Sistema
“Constelação” cobrirá uniformemente o globo
terrestre e deverá fornecer mais de 2,5 mil
medidas a cada 24 horas. Será o primeiro
sistema a oferecer dados atmosféricos diários e
em tempo real de milhares de pontos no
planeta para previsão do tempo e uso
científico.
A rede é chamada de Cosmic (de
Constellation Observing System for
Meteorology, Ionosphere and Climate), para os
norte-americanos, e de Formosat-3 (de
Formosa Satellite Mission), pelos taiwaneses.
À medida que se deslocarem pela
atmosfera terrestre, os seis satélites rastrearão
sinais de rádio de GPS (Sistema de
Posicionamento Global). De forma parecida
com que as moléculas de água contidas em
vidro alteram o “caminho” de feixes de luzes,
os sinais de GPS têm mudanças na freqüência e
na amplitude ao encontrar vapor de água e
outros componentes atmosféricos. São essas
mudanças que serão medidas pelo Cosmic para
fornecer dados atmosféricos de indicadores
como umidade, temperatura, densidade,
estrutura elétrica e campo gravitacional. As
informações serão publicadas na internet para
uso de pesquisadores interessados no assunto.
Segundo os responsáveis pelo Cosmic,
os dados poderão ser usados por
meteorologistas para auxiliar no estudo e na
previsão de fenômenos como furacões e
ciclones. Outro objetivo é auxiliar no estudo do
clima espacial, de modo a entender melhor os
fatores como tempestades geomagnéticas, que
podem afetar satélites e sistemas de
telecomunicação.
O “Constelação” é baseada em um
sistema criado pela Corporação Universitária
para Pesquisa Atmosférica (COMET/UCAR), dos
Estados Unidos. A expectativa é que os
satélites funcionem por pelo menos cinco anos.
Mais informações: www.cosmic.ucar.edu
.
Fonte: AGENCIA FAPESP.
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“O tempo nem se ganha nem se perde, se vive” (Aranguren)
cada ano a Organização Meteorológica Mundial (OMM) propõe um tema em vista das
comemorações do Dia Meteorológico Mundial (DMM). O tema sugerido para este ano foi
"Prevendo e Mitigando os Desastres Naturais". A escolha foi feita devido ao fato, que
90% de todos os desastres naturais estão relacionados ao tempo, o clima e a água. O
trabalho desenvolvido pela OMM e pelos Serviços Nacionais de Meteorologia e Hidrologia (SNMH),
é de grande importância em todos os países, contribuindo para o estado de prevenção e
mitigação de desastres naturais.
A seguir são apresentados os principais eventos ocorridos no Brasil em comemoração ao
Dia Meteorológico Mundial.
BELÉM, PA, Agência de Desenvolvimento
da Amazônia
As comemorações do Dia
Meteorológico Mundial foram realizadas nos
dias 23 e 24 de março de 2006 junto com o
Simpósio Regional - Seca na Amazônia:
Implicações Ambientais e Socioeconômicas.
Este evento foi realizado no auditório
da Agência de Desenvolvimento da Amazônia.
A solenidade de abertura contou com a
presença do representante do SIPAM, da UFPA,
da Defesa Civil e do Quarto Distrito Naval, além
de outras autoridades locais.
Foi realizada uma série de palestras
técnicas, relacionadas com o tema, entre as
quais uma ministrada pelo Dr. Luiz Carlos
Molion da UFAL.
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BELO HORIZONTE, MG, CREA-MG
Em 24 de março de 2006, o 5°
DISME/INMET, juntamente com o Núcleo
Regional de Meteorologia de Minas Gerais –
SBMET, coordenou a programação do Dia
Meteorológico Mundial, com o apoio do
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia de Minas Gerais - CREA/MG, que
cedeu suas instalações.
A abertura do evento ocorreu às 08:30
horas, coma a leitura mensagem da OMM pelo
Coordenador do 5º DISME, Fulvio Cupolillo. O
Diretor do Núcleo Regional da SBMET,
Claudemir de Azevedo Félix, dirigiu palavras de
agradecimento aos participantes. O evento
contou com a participação de diversas pessoas
e instituições, com um total de 60 participantes
(Figura 1).
A programação contou com palestras
diversificadas, tais como: Verão anômalo
2005/2006 em Minas Gerais (Rubens Leite
Vianello - 5°DISME/INMET); Aspectos
climáticos da região metropolitana de Belo
Horizonte (Magda Luzimar de Abreu - UFMG);
Institucionalização de um Centro de
Monitoramento de Eventos climáticos Anômalos
em Minas Gerais (Luiz Cláudio Costa - UFV);
Paradigmas dos Desastres Naturais e
Antrópicos: Ações de Defesa Civil em Belo
Horizonte (Cel. Valter de Souza Lucas -
COMDEC/PBH) e Sistema de Alerta de
Enchentes: Bacias dos Rios Sapucaí e Doce
(Heloísa Nunes - SIMGE/IGAM). Ao término de
cada palestra ocorreram debates com ampla
participação dos presentes.
Figura 1 – Público presente durante as
comemorações do Dia Meteorológico Mundial em
Belo Horizonte, MG.
BRASÍLIA, DF, INMET/MAPA
A solenidade de abertura do evento
teve início às 09:00 horas do dia 23 de março,
no auditório da biblioteca do INMET, com
muitas autoridades e mais de 100
participantes.
Na mesa de abertura estiveram
presentes o Secretário de Produção e
Agroenergia, Sr. Linneu Carlos da Costa
(Representante do MAPA), o Representante do
Diretor do Centro de Hidrografia da Marinha,
Capitão de Fragata Cláudio Magalhães Viera, o
representante do Diretor do Departamento de
Controle do Espaço Aéreo, Major Carlos
Roberto Henriques, o Secretário Nacional de
Defesa Civil, Coronel Jorge do Carmo Pimentel,
o Presidente da Companhia Nacional de
Abastecimento, Sr. Jacinto Ferreira, o
Representante do Diretor do INPE, Sr. João
Braga, e o Diretor do INMET e Representante
Permanente do Brasil junto a OMM, Dr. Antonio
Divino Moura (Anfitrião), Figura 2.
Além do Diretor do INMET, cada
autoridade da mesa usou da palavra para falar
da importância da Meteorologia no contexto
sócio-econômico na sociedade e do papel do
INMET, como elo de integração junto aos
outros órgãos de Meteorologia.
Diversas autoridades dos ministérios,
instituições federais e estaduais que trabalham
diretamente ou indiretamente com a
Meteorologia e no ensino dela também
participaram da abertura do evento.
Figura 2 – Solenidade de Abertura das
comemorações do Dia Meteorológico Mundial no
INMET em Brasília.
Várias palestras relacionadas com o
tema e envolvendo vários tipos de desastres
foram ministradas, principalmente ligadas às
mudanças climáticas ocorridas nas últimas
décadas, que estão sendo estudadas por
organizações internacionais com o objetivo de
minimizar suas conseqüências
socioeconômicas. Também foram abordados
temas como ações de defesa civil, terremotos
no Brasil, recursos hídricos e desastres naturais
no Nordeste, previsão de tempo, projeto de
integração da OMM com os centros regionais e
nacionais de Meteorologia e prevenção de
eventos críticos na Amazônia.
12
Após a solenidade de abertura houve o
lançamento do livro “Memórias do Seminário:
Natureza e Sociedade nos Semi-Áridos” de
autoria dos Srs. Francisco de Assis Souza Filho
e Antônio Divino Moura.
Ressalta-se que a data também foi
comemorada nos diversos distritos
meteorológicos, localizados em Manaus, Belém,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Cuiabá e
Goiânia.
CACHOEIRA PAULISTA, SP, CPTEC/INPE
No Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão
do MCT, o Dia Meteorológico Mundial foi
lembrado com a reunião de representantes das
diversas entidades meteorológicas do país,
realizada no auditório do CPTEC no dia 23 de
março.
A comemoração do Dia Meteorológico
foi realizada nas dependências do CPTEC/INPE,
em Cachoeira Paulista, com a presença do
Distrito de Meteorologia do INMET (7º DISME),
da Defesa Civil, Instituto de Pesquisa
Meteorológica da UNESP, SBMET,
representantes da Aeronáutica e do Exército,
além de outras autoridades regionais.
Durante a celebração foi lida a
mensagem do secretário geral da OMM, Michel
Jarraud, e o pesquisador Carlos Nobre
ministrou uma palestra abordando o tema
Desastres Naturais.
Além das previsões de tempo e clima e
dos avisos de alerta emitidos sistematicamente
a diversos órgãos nacionais que atuam na
mitigação de eventos extremos, o CPTEC/INPE,
durante o evento informou que está propondo
um projeto interinstitucional de monitoramento
e alerta para desastres naturais.
CUIABÁ, MT, 9º DISME/INMET
A Comemoração do Dia Meteorológico
Mundial em Cuiabá/MT foi organizada pelo 9º
DISME do INMET no dia 23 de março. Segundo
seus organizadores este evento foi considerado
um sucesso, apesar de ter poucos
participantes, porém contou com a presença do
Superintendente da Secretaria Federal de
Agricultura/MT, Presidente da Empresa
Matogrossense de Pesquisa, Assistência e
Extensao Rural, da Defesa Civil, da
Aeronáutica, do Instituto de Terras do
Matogrosso, da FUNASA, professores da UFMT
e outros que prestigiaram o evento (Figura 3).
A avaliação das pessoas presentes foi
muito positiva no que se refere aos temas que
cada palestrante enfatizou.
Figura 3 – Dia Meteorológico Mundial comemorado
em Cuiabá, MT.
GOIÂNIA, GO, SFA/GO
A programação realizada no dia 23 de
março com objetivo de comemorar o Dia
Meteorológico Mundial foi organizada e
comemorada no auditório da Superintendência
Federal da Agricultura, juntamente com o
Núcleo de Meteorologia da Secretaria de
Ciência e Tecnologia, através de sua
coordenadora Rosidalva Lopes da Paz, Defesa
Civil do Estado, através do Coronel Cleiton
Divino de Sousa Coelho, e Secretaria de Saúde
da Prefeitura de Goiânia.
Este evento contou com a presença de
diversas pessoas e instituições (Figura 4).
Figura 4 – Dia Meteorológico Mundial comemorado
em Goiânia, GO.
13
MACAPÁ, AP, SETEC/IEPA
O Instituto de Pesquisas Científicas e
Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA),
realizou no auditório do Museu Sacaca, em
Macapá no dia 23 de março, uma vasta
programação em comemoração ao Dia
Meteorológico Mundial.
O encontro discutiu meios de prevenir
a influência dos desastres naturais relacionados
com o tempo, clima e recursos hídricos no
Estado. O tema abordado deste ano teve como
base o texto produzido pelo Secretário Geral da
OMM, Michael Jarraud.
"A importância de monitorar o clima é
da mais alta importância para se diminuir parte
das ocorrências. O monitoramento e a previsão
do tempo são da mais alta importância porque
minimizam os custos assistenciais, econômicos
e ambientais", explicou Alan Cavalcanti,
coordenador do evento.
"O Centro Meteorológico do IEPA, que
está germinando aos poucos, pretende ser o
centralizador das informações hídricas e
meteorológicas do Estado para fornecer a
sociedade dados da mais alta qualidade e
atender as demandas de produção agrícola,
fluvial, aérea, terrestre, enfim, todo tipo de
informação que precisamos prestar. Um outro
bom exemplo da importância do serviço
meteorológico seria o caso do tornado que
atingiu o bairro do Marabaixo, no final de
fevereiro, deixando várias pessoas
desabrigadas", lembrou Alan.
O evento contou com a presença do
Dr. Paulo Nobre, representante do MCT, de
representantes do Governo do Estado, da
Infraero, da Defesa Civil e de Prefeituras de
Macapá, Santana e Laranjal do Jarí, além de
diversas pessoas (Figura 5).
Figura 5 – Solenidade de abertura durante evento
alusivo ao Dia Meteorológico Mundial em
Macapá/AP.
PORTO ALEGRE, RS, INFRAERO
As comemorações do Dia
Meteorológico Mundial em Porto Alegre foram
realizadas no dia 23 de março no auditório da
Infraero.
Ocorreram diversas atividades entre
elas a palestra do Tenente Coronel João Luis
Soares, da Defesa Civil do Estado do Rio
Grande do Sul, sobre a atuação da Defesa Civil
na mitigação de desastres naturais.
Além de representantes regionais da
Defesa Civil estiveram presentes vários
diretores da Infraero, representantes da
Aeronáutica, da Fundação Estadual de Proteção
ao Meio Ambiente, COOPAERGS, UFPEL, RBS,
CEEE entre outros.
RECIFE, PE, 3º DISME/INMET
A comemoração foi organizada pelo 3º
Distrito de Meteorologia do INMET, na sua sede
em Recife.
De acordo com Raimundo Jaildo dos
Anjos, coordenador do 3º DISME/INMET, “a
comemoração do Dia Meteorológico Mundial -
2006 foi um grande sucesso e muito bem
aceito pelos órgãos de Defesa Civil da Região
Metropolitana do Recife (RMR), onde vários dos
seus representantes se fizeram presente ao
evento”. Cerca de 30 pessoas participaram do
evento, inclusive com uma interação em tempo
real entre os participantes e os palestrantes,
Figura 6.
Figura 6 – Comemorações pelo Dia Meteorológico
Mundial em Recife, PE.
14
O grande destaque foi o interesse dos
representantes da Defesa Civil pelo tema
escolhido pela OMM para o ano de 2006, pois
alguns órgãos de defesa civil da Região
nordeste já vem fazendo algum trabalho ligado
a mitigação dos desastres relacionados a
questão do tempo atmosférico. Tanto a
palestra de Werônica Meira, representante do
Laboratório de Meteorologia de Pernambuco
(LAMEPE), quanto de José Constantino Silveira
Junior, da FIOCRUZ abrilhantaram a
comemoração, disse Raimundo dos Anjos.
RIO DE JANEIRO, RJ, CREA-RJ
As comemorações referentes ao Dia
Meteorológico Mundial de 2006 no Rio de
Janeiro foram feitas nos dias 23 e 24 de março.
A abertura aconteceu no dia 23 no CREA/RJ, na
parte da tarde, com a presença de
representantes do Ministério da Marinha, da
Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, do
Coordenador do 6º DISME/INMET (Luis Carlos
Austin) e do professor Valdo da Silva Marques
da Universidade Estadual do Norte Fluminense.
Entre os dias 23 e 24, foi realizada
uma exposição organizada pelo 6º DISME do
INMET no salão de embarque da Rodoviária
Novo Rio, onde foram expostos uma estação
meteorológica convencional e um “banner” com
uma estação automática. Para tanto houve
apoio da SOCICAM, empresa que administra a
Rodoviária, e da HOBECO. Durante os dois dias
aproximadamente 600 pessoas visitaram o
local e receberam explicações de técnicos do 6º
DISME sobre o INMET (Figura 7).
Profissionais da área, professores e
alunos proporcionaram um publico de 65
pessoas. Este evento foi uma organização do
Núcleo Regional de Meteorologia do Rio de
Janeiro – SBMET, do 6º DISME/INMET e do
CREA-RJ.
Figura 7 – Exposição organizada pelo 6º
DISME/INMET no salão de embarque da
Rodoviária Novo Rio.
SALVADOR, BA, SFA/BA
O Dia Meteorológico Mundial foi
comemorado no auditório da Superintendência
Federal da Agricultura (SFA/BA) no dia 23 de
março.
Na abertura do evento teve a
participação dos representantes da
Superintendência de Recursos Hídricos da
Bahia (SRH-BA), e da Defesa Civil de Salvador
(CODESAL).
Foram apresentadas quatro palestras
para um público de cerca de 20 pessoas,
considerado pequeno. Porém, isso ocorreu
devido a realização da Semana da Água,
evento organizado pela SRH-BA na mesma
data.
Entre as autoridades podem ser
destacadas as presenças do ex-Diretor do
INMET, Sr. Augusto Athayde, do Vereador Jose
Carlos Fernandes, ex-chefe da CODESAL, do
representante da Superintendência Federal de
Agricultura da Bahia e do comandante do
Serviço de Sinalização Náutica da Marinha do
Brasil na Bahia, órgão da DHN.
Se você quiser divulgar algum evento
relacionado com a área de Meteorologia, e/ou
áreas afins, é só enviar um e-mail para
Colaboração:
Prof. João Batista Miranda Ribeiro,
Departamento de Meteorologia/UFPA;
Sr. Francisco de Assis Souza Filho,
INMET;
CPTEC/INPE;
Sr. Edmir Jesus, IEPA;
Sr. Raimundo Jaildo dos Anjos,
Coordenador do 3º DISME/INMET.
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proximadamente três quartos da energia que impulsiona a circulação atmosférica provêm
do calor latente liberado pela precipitação. Sem dúvida, a precipitação é uma das
variáveis meteorológicas mais importantes, porém na maioria das vezes, dados
confiáveis dificilmente são encontrados devido a sua grande variabilidade espacial e
temporal. Sobre os oceanos esta dificuldade é ainda maior, já que não existem medições de
radares meteorológicos de superfície ou pluviógrafos.
1. A Obtenção de Informações sobre
Hidrometeoros através de Microondas
A medição de precipitação através de
sensoriamento remoto via satélite tem se
tornado indispensável para o desenvolvimento
de pesquisas, e tem sido uma boa solução para
estas limitações. Enquanto as observações nas
bandas do visível e infravermelho são sensíveis
essencialmente aos hidrometeoros presentes
no topo das nuvens, as observações em
microondas são sensíveis à coluna total de
hidrometeoros, representando uma ferramenta
promissora para o estudo da estrutura interna
das nuvens precipitantes.
O monitoramento da precipitação através
de sensoriamento remoto baseia-se na
interação dos diferentes hidrometeoros
1
, como
vapor d'água, água de nuvem e chuva, e gelo,
com a energia eletromagnética captada e
emitida em algumas faixas de freqüência pelos
sensores. A combinação das informações
coletadas pelos sensores de microondas ativos
1
É um meteoro constituído por um conjunto de partículas
de água, na fase líquida ou sólida, em queda livre ou em
suspensão na atmosfera, ou levantadas da superfície
terrestre pelo vento, ou depositadas sobre objetos, no
solo ou na atmosfera livre (INMET, 2006).
(radares) e passivos (radiômetros) de satélites
pode trazer uma visão tridimensional da
distribuição dos hidrometeoros, precipitação e
calor latente na atmosfera.
2. Projeto TRMM
Com a necessidade de se obter um maior
conhecimento da distribuição horizontal e
vertical da precipitação sobre os trópicos, as
agências espaciais do Japão (NASDA) e dos
Estados Unidos (NASA) lançaram o satélite
TRMM - Missão de Medidas de Precipitação
Tropical - em novembro de 1997.
O TRMM proporcionou um significativo
progresso ao entendimento da natureza da
precipitação, particularmente com a ajuda de
um par de sensores em microondas: o
radiômetro TMI (Imageador de Microondas do
TRMM) e o radar PR (Radar de Precipitação).
Além destes sensores, o TRMM conta ainda
com os sensores Infra-Vermelho e Visível
(VIRS), um Radiômetro Multi-Espectral
(CERES) e um Imageador de Relâmpagos
(LIS).
Características de observação do Satélite
estão descritas na Tabela 1 e na Figura 1
mostrando um exemplo de temperaturas de
brilho obtidas pelo TMI no dia 2 de maio de
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2006. Os sensores TMI, PR e VIRS realizam
varreduras com comprimentos de feixe de 878
km, 247 km e 720 km, respectivamente.
O TMI possui resolução em superfície
de 5 km para o canal de 85 GHz (alta
resolução), e 45 km para os canais 10,65;
19,35; 21 e 37 GHz (baixa resolução), o sensor
PR possui resolução horizontal de 5 km e 250
m na vertical para o canal de 13,8 GHz, e o
sensor VIRS uma resolução de 2,2 km para os
canais de 0,63; 1,6; 3,75; 10,8 e 12 µm.
Tabela 1 – Características de observação do
TRMM.
Altitude 403 km
Duração da órbita 91.5 minutos
Órbitas diárias 16
Latitude 38° S até 36° N
Longitude 180° O até 180° L
Fonte: Kummerow et al., 1998.
O GPROF (Goddard Profiling
Algorithm), algorítimo principal de estimativa
de precipitação do TRMM, está dividido em uma
componente continental e outra oceânica. Esta
configuração decorre do fato que estas duas
superfícies apresentam diferentes
emissividades e as interações da radiação de
onda longa com os hidrometeoros
(espalhamento, emissão e absorção) podem ou
não apresentar características observáveis
pelos radiômetros.
Figura 1 - Temperaturas de brilho observadas pelo
TMI no dia 02 de maio de 2006. Fonte:
http://trmm.gsfc.nasa.gov/data/quicklooks.html
O GPROF utiliza um modelo de
transferência radiativa em microondas
considerando uma atmosfera plano-paralela
para calcular as temperaturas de brilho
1
observadas a partir de várias situações, com ou
sem precipitação. Para isso, foi desenvolvido
um banco de dados que é composto de vários
perfis verticais de hidrometeoros que foram
simulados por um modelo de física de nuvens
chamado GCE (Goddard Cumulus Ensemble).
1
Valor de temperatura estimado a partir de medições de
radiância espectral por inversão analítica da lei de Planck,
assumindo-se que o sistema observado comporte-se
como um corpo negro à freqüência observada.
Para o oceano existem várias
simulações para furacão, sistema convectivo de
mesoescala e linha de instabilidade, e para o
continente utilizam-se 21 perfis verticais de
hidrometeoros. Os sinais provenientes dos
sensores do TRMM são processados e
disponibilizados em arquivos HDF na pagina
http://trmm.gsfc.nasa.gov/
.
3. Futuras Perspectivas do Sensoriamento
Remoto Ambiental
O satélite TRMM está no fim de sua
vida útil, sendo que a experiência obtida na
caracterização 3D da precipitação nos Trópicos
levou as agências espaciais dos EUA e Japão a
elaborarem o Global Precipitation Measuring
Mission (GPM).
O GPM tem como objetivo principal o
monitoramento da precipitação em tempo real
a cada 3 horas sobre o globo, com uma
resolução inferior a 25 x 25 km
2
.
Para isso, serão lançados 8 satélites de
órbita polar com radiômetros na faixa de
freqüência de microondas tais como o TMI, e
um satélite “mãe” similar ao TRMM com uma
órbita inclinada de 50° (cobertura de 50° N/S).
A previsão é que a constelação de satélites do
GPM esteja em órbita no ano de 2007, e que
várias agências espaciais de outros países
venham a colaborar na construção e
lançamento de outros satélites, de forma a
termos sempre 8 satélites polares em órbita.
Fica evidente que, a cada dia, a
obtenção de dados atmosféricos via
sensoriamento remoto espacial ganha espaço.
Os avanços tecnológicos obtidos nas últimas
décadas propiciaram implementações
significativas nos algoritmos e nos sensores
acoplados em plataformas de satélites. Acredito
que, assim como estações meteorológicas
convencionais estão sendo substituídas por
estações automáticas, os satélites ambientais
também se tornarão uma das fontes mais
importantes de obtenção de variáveis
atmosféricas.
Angelica Durigon
Meteorologista.
Formada pela Universidade
Federal de Pelotas em 2005;
Mestranda na área de microfísica
de nuvens e sensoriamento
remoto da atmosfera do
Programa de Pós-Graduação do
Departamento de Ciências
Atmosféricas do IAG/USP.
Para saber mais:
Kummerow, C., Barnes, W., Kozu, T.
et al., 1998. The Tropical Rainfall Measuring
Mission (TRMM) Sensor Package. J. Atmos.
Ocean. Technol., 15, 809-817.
Simpson, C., Adler, R. North, G.,
1988. A proposed Tropical Rainfall Measuring
Mission (TRMM). Bull. Amer. Meteoro. Soc., 69,
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onfira aqui a lista dos principais eventos, no Brasil e no mundo, já programados
para este ano.
VI Conferência Internacional de Clima Urbano -
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http://www.gvc.gu.se/icuc6
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A VI Conferência Internacional de Clima Urbano acontecerá em junho
na cidade de Göteborg, Suíça.
Mais informações sobre inscrição, hospedagem e outras normativas
podem ser obtidas com o Comitê Organizador do Evento:
Sven Lindqvist (i[email protected]).
I Seminário Internacional sobre Mudanças Climáticas e seus
Impactos na Agricultura
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www.cpd.ufv.br/intranet/eventos/climaticas/
No período de 21 a 23 de junho de 2006 a Universidade Federal de
Viçosa estará realizando o I Seminário Internacional sobre
Mudanças Climáticas e seus Impactos na Agricultura. Tem por
objetivo discutir os cenários de mudanças climáticas globais e os
mecanismos para se prever e quantificar seus impactos na
agricultura.
Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: [email protected]
ou pelo telefone (31) 3899-1859
Conferência Internacional "Convivendo com a Variabilidade e
a Mudança Climática: Compreendendo as Incertezas e os
Controles dos Riscos"
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www.livingwithclimate.fi
Esta Conferência será realizada na cidade de Espoo, Finlândia em
julho do corrente ano.
A Conferência está sendo organizada conjuntamente pelo Serviço
Meteorológico Finlandês (FMI), pela Organização Meteorológica
Mundial (OMM), e pelo Instituto de Pesquisa Internacional Sobre o
Clima e Sociedade (IRI). Com um foco claramente sobre o controle
do clima relacionado a riscos e oportunidades este fórum fornecerá
uma possibilidade para rever o progresso, obstáculos e perspectivas
futuras para a política e prática eficazes em setores críticos tais como
agricultura, recursos hídricos, saúde pública, e desastres.
Mais informações podem ser obtidas através do e-mail:
wmo2006@fmi.fi
; ou pelo fax: +358 9 1929 3146.
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Conferência Internacional "Transporte Sustentável: Relações
com a Melhoria da Qualidade do Ar e Mitigação de Mudanças
Climáticas"
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http://www.cleanairnet.org/saopaulo
O Banco Mundial e a Prefeitura de São Paulo, através das Secretarias
Municipais do Verde e Meio Ambiente, de Relações Internacionais e
de Transportes têm o grande prazer de convidar para participar da
Conferência Internacional "Transporte Sustentável: Relações com a
Melhoria da Qualidade do Ar e Mitigação de Mudanças Climáticas",
que será realizada no período de 25 a 27 de julho de 2006 no Parque
Anhembi em São Paulo.
Nesse evento espera-se proporcionar a disseminação do
conhecimento e de experiências bem sucedidas, congregando
autoridades e gestores de políticas blicas, formadores de opinião,
pesquisadores universitários, profissionais técnicos e empresários.
Mais informações podem ser obtidas com: Volf Steinbaum, Assessor
Técnico da Secretaria do Verde e Meio Ambiente (Tel.: +5511 3372
2326, e-mail: volfs@prefeitura.sp.gov.br
ou Sergio Sanchez, Clean
Air Initiative for Latin American Cities, (Tel.: 1 (202) 458 4089, e-
mail: ssanchez1@worldbank.org
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Conferência Mundial de Educação a Distância – ICDE
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http://www.icde22.org.br/
A Conferência Mundial do ICDE, realizada a cada dois anos,
conquistou um lugar entre os mais destacados eventos de educação
no mundo. Um bem sucedido formato combina a visão de futuro de
renomados conferencistas com centenas de apresentações técnicas
de fronteira nos mais relevantes aspectos da educação a distância,
da educação flexível e da educação baseada em TIC - Tecnologia da
Informação e da Comunicação.
A 22ª Conferência Mundial do ICDE (sigla em inglês para o Conselho
Internacional de Educação a Distância) será realizada no Rio de
Janeiro, RJ, no período de 3 a 6 do corrente ano, tendo como tema
“Promovendo Qualidade na Educação On-line, Flexível e à Distância,
oferecerá a pesquisadores, educadores e gerentes de organizações a
oportunidade de apresentar trabalhos baseados em pesquisas
científicas ou experiências inovadoras; participar de discussões em
mesas-redondas com especialistas de vários países.
Mais informações através do e-mail: ic[email protected]rg.br
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Reunião Anual da Sociedade Meteorológica Européia
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http://meetings.copernicus.org/ems2006/
De 4 a 8 de setembro de 2006, a 6ª reunião anual da EMS será
realizada em Ljubljana, Slovênia. Consistirá de uma conferência
científica ampla e aberta com apresentações orais e de painéis como
também simpósios e conferências especiais. Como parte integrante
deste Evento a EMS também realizará a 6ª conferência Européia
sobre Climatologia Aplicada (ECAC) que tem dirigido a Rede Européia
de Apoio do Clima (ECSN) e que estará organizando todas as sessões
relacionadas ao clima.
O Prazo final para envio de resumos é 12 de maio de 2006.
Mais informações podem ser obtidas em: Copernicus Meeting Office
Tel: +49-5556-1440, Fax: +49-5556-4709, e-mail:
meetings@copernicus.org
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Quarta Conferência Européia sobre Radar em Meteorologia e
Hidrologia (ERAD 2006)
18 – 22 /Set./06
http://www.grahi.upc.es/ERAD2006/index.php
Este evento será realizado na cidade de Barcelona, Espanha, em no
período de 18 a 22 de setembro de 2006.
A série de conferencias intitulada de ERAD foi estabelecida como um
fórum técnico bienal que trata de assuntos relativos à Meteorologia
e Hidrologia, criando um espaço para a comunidade científica
discutir os últimos avanços em radar e suas aplicações.
Mais informações e dúvidas entrar em contato com a organização do
evento: erad20[email protected].edu
2ª Conferência Internacional sobre a Física e os Efeitos
das Descargas Atmosféricas e Conferência
Internacional sobre Aterramentos Elétricos (Ground
2006)
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www.groundconferences.com
Os eventos, que serão realizados de 26 a 29 de novembro, em
Maceió, Alagoas, têm como objetivo reunir o conhecimento científico
atual sobre física dos raios e as aplicações tecnológicas disponíveis
para a proteção contra seus efeitos sobre a Terra.
O prazo para submissão de resumos de trabalhos encerra-se
no dia 15 de maio de 2006.
Mais informações podem ser obtidas em:
Secretaria do GROUND’2006 e LPE: Lrc[email protected]mg.br
Prof. Silvério Visacro F.: [email protected]fmg.br
Tel.: (31) 3499-4872/3499-5455
Prof. Osmar Pinto Júnior: [email protected]pe.br
Tel.: (012) 3945-6777/3945-6810
XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia: A
Meteorologia a Serviço da Sociedade (XIV CBMET)
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http://www.sbmet.org.br/internas/noticias/gerais/31/index.html
A Sociedade Brasileira de Meteorologia, com o apoio de diversas
entidades públicas e privadas, está organizando o XIV CBMET - XIV
Congresso Brasileiro de Meteorologia, a ser realizado no período de
27 de novembro a 1 de dezembro de 2006, no Centro de
Convenções da Universidade Federal de Santa Catarina, na cidade
de Florianópolis (SC).
As atividades constarão de mesas redondas, conferencias e
apresentações de trabalhos na forma oral e prioritariamente na
forma de painéis.
A data limite para o envio dos trabalhos é 30 de junho de 2006.
Mais informações podem ser obtidas com o Comitê Científico pelo e-
mail ccong@sbmet.org.br ou com o Comitê Organizador pelo email
gcong@sbmet.org.br.
Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia, ou áreas
correlatas, é só enviar um e-mail para:
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“A educão tem raízes amargas, mas os frutos são doces.”
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
esde os primórdios da educação de meteorologistas no Brasil, em 1958, a ciência
meteorológica tem avançado bastante, criando uma demanda crescente para
todos os profissionais formados em Meteorologia. Entretanto, em termos de
criação de cursos, o nosso ps avançou muito pouco nestes 48 anos de existência.
Atualmente só existem 13 cursos presenciais, sendo 4 de nível técnico (2º grau) e 9 de
graduação. Como a demanda por meteorologistas cresce constantemente e a criação de
novos cursos presenciais requer investimentos de médio a longo prazo, então uma
ótima opção para suprir essa deficiência seria o uso da Educação sem Distância.
Educação sem Distâncias: História e Evolução
O emprego da Educação sem
Distância (EsD)
3
, como ferramenta
educacional, apesar de ser bem recente em
nosso país, vem sendo utilizada e
aperfeiçoada nos últimos 200 anos. Os
primeiros cursos sem distância de que se
tem notícia no mundo surgiram ancorados
nos serviços de correios. A regularidade de
entrega da correspondência ao destinatário
só foi possível com o surgimento do motor a
vapor e do trem. Ao longo desses dois
séculos, os educadores incorporaram no
ferramental de ensino as inovações
tecnológicas: telégrafo, telefone, fotografia,
cinema, televisão, computador e, no final do
século XX, a Internet.
3
Neste contexto estamos usando o termo Educação sem
Distância em vez de “a distância” por considerarmos que
o que se busca é algo que não tem fronteiras e nem
distâncias para que se possa usar esta ferramenta na
educação.
Uma breve memória possibilita uma
melhor compreensão das mudanças
ocorridas na utilização dessas tecnologias na
história da educação.
A literatura mostra que a primeira
notícia sobre EsD surgiu em um anúncio
publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de
março de 1728, publicada pelo professor de
taquigrafia Cauleb Phillips: “Toda pessoa da
região, desejosa de aprender esta arte, pode
receber em sua casa várias lições
semanalmente e ser perfeitamente instruída,
como as pessoas que vivem em Boston”.
A ação institucionalizada da EsD
somente deu verdadeiramente sua partida
na segunda metade do século XIX com o
aparecimento da navegação a vapor e das
estradas de ferro, que passaram a garantir a
regularidade das entregas postais.
Registrou-se nesse período a criação de uma
escola de línguas por correspondência, em
Berlim, Alemanha, no ano de 1856.
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Os cursos sem distância, aliados à
estrutura de postagem e entrega dos
correios, tiveram grande aceitação pelo
público, nas duas décadas finais do século
XIX.
No ano de 1891, foi criada a
International Correspondence Schools (ICS),
hoje, o maior provedor de cursos sem
distância existente nos Estados Unidos. Com
o avanço da indústria ferroviária, a ICS
oferecia cursos por correspondência para os
trabalhadores das 150 empresas
ferroviárias. Trens eram fretados para levar
o material de uma cidade para outra.
Data também do final do século XIX
uma descoberta científica que iria
revolucionar o conceito de EsD a partir de
1920: o rádio. Até então seu uso estava
limitado a assuntos militares.
Deve-se ressaltar que a era do rádio
foi um dos divisores de águas na história das
comunicações. Até então a única forma do
público obter informações era por meio de
jornais, do telégrafo e de cartas mandadas
pelo correio. A era da radiodifusão
revolucionou a obtenção da informação,
multiplicando de maneira ampla o número
de usuários. Milhões de pessoas
acompanharam o andamento do século XX
com os ouvidos ligados nas caixas acústicas
dos rádios.
Em todos os países, o rádio passou a
ser um forte aliado da educação, porém as
propostas de EsD necessitaram se ajustar ao
novo formato de comunicação.
No Brasil não foi diferente, o rádio
revelou vocação educacional desde o seu
inicio em 1922. Essa era, pelo menos, a
idéia básica de Roquette Pinto, o fundador
da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
(PRA2). Roquette Pinto mantinha a utilização
sistemática do rádio como forma de ampliar
o acesso à educação ao grande público. Se o
rádio, concedido por Roquette Pinto, tinha
como objetivo popularizar o acesso à
educação, ele realmente só foi utilizado com
essa finalidade a partir da década de 1950.
A Escola de Comando do Estado-
Maior do Exército (ECEME) foi a pioneira no
uso da EsD no Brasil. Seus cursos por
correspondência, dirigidos aos oficiais que
prestavam concurso para admissão à Escola
de Comando, foram criados na década de
1930 e são mantidos até hoje. A lei de
ensino do Exército situa a ECEME como o
estabelecimento de mais alto nível no
sistema de ensino da corporação.
A ECEME tem como função a
formação do oficial dando seqüência aos
cursos ministrados na Academia Militar das
Agulhas Negras, na Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais e no Instituto
Militar de Engenharia.
Um marco na história da EsD no
Brasil, na modalidade por correspondência
foi, sem dúvida nenhuma, o Instituto
Universal Brasileiro (IUB), que foi criado na
capital paulista em 1942, oferecendo cursos
técnicos, por correspondência, há 64 anos.
O IUB já atendeu aproximadamente
3,5 milhões de alunos. Atualmente, mantém
mais de 160 mil alunos matriculados em um
dos seus 33 cursos técnicos, que vão desde
mecânica até eletrônica, corte e costura à
jardinagem. Em 2000, o IUB
(www.institutouniversal.g12.br) obteve a
autorização do MEC para dar cursos sem
distância para o ensino fundamental (1ª a
8ª) e ensino médio.
Os cursos sem distância sofreram
um grande avanço com o surgimento da
televisão que se tornou realidade comercial e
de público a partir da segunda metade da
década de 1940 nos EUA e Europa e a partir
de 1950 no Brasil.
Essa nova tecnologia, que possibilita
a transmissão em tempo real da imagem e
do som, trouxe aos educadores uma
poderosa ferramenta para uso educacional
sem distância. A experiência acumulada com
EsD, a partir do rádio, permitiu a criação de
grandes projetos educacionais, dentre eles
se destacam as mega universidades –
grandes complexos de EsD que atendem
milhares de alunos.
A partir das experiências pioneiras
da França e da Inglaterra (Centre Nationale
de Enseignement, em 1939, e a Open
University, em 1969), a expansão das mega
universidades se estendeu à periferia
européia (Espanha em 1972, Turquia em
1982) e as nações da Ásia (Indonésia em
1984, Coréia em 1982, Tailândia em 1972,
Índia em 1985, e China em 1979) e em
seguida na África (África do Sul, 1973).
Na trajetória de movimento de
criação desses grandes complexos de
educação, o número de estudantes
atendidos amplia-se na medida em que se
aproximam de países de economia
emergente, ou seja, aqueles que, a partir da
década de 1970, abarcaram um salto
educacional dentre as estratégias de
desenvolvimento.
Inclui-se nessa lista a Espanha (110
mil alunos), Coréia (196 mil alunos),
Tailândia (300 mil alunos), Indonésia (353
mil alunos) e a China com dois mega
sistemas educacionais chegando a atingir 1,5
milhões de alunos.
22
A China, o país mais populoso do
mundo, possui 800
universidades/faculdades, dentre as quais
311 oferecem educação superior por
correspondência, basicamente através de
duas grandes instituições: a China TV
Normal College (CTVNC) e a China Central
Radio and TV University (CCRTVU). A
primeira é responsável pelo treinamento dos
professores e pela educação profissional,
enquanto a segunda oferece cursos em
todas as áreas. A CTVNC possui 1,2 milhões
de alunos matriculados.
Os Estados Unidos lideram em
número de instituições superiores que
oferecem cursos sem distância. Há nos EUA
mais de 420 universidades relacionadas a
EsD, mas com uma especificidade que se
deve enfatizar: a forte vinculação entre as
instituições universitárias tradicionais e a
EsD. Cerca de 50% das instituições
acreditadas do ensino tradicional oferecem
EsD, embora poucas sejam dedicadas
exclusivamente à EsD.
Atualmente são oferecidos nos EUA
aproximadamente 1.000 cursos sem
distância, havendo no total 1.497
instituições convencionais de ensino
superior, sendo que 745 mantêm EsD.
Verifica-se que nos EUA essa tendência é
crescente.
A Open University, da Inglaterra, é
considerado o melhor experimento de EsD
existente no mundo. Embora, ela seja citada
como modelo por quase todas as mega
universidades surgidas a partir da década de
1970, ela tem uma estrutura peculiar que é
interessante assinalar.
O governo britânico constituiu uma
Comissão, em 1967, para estudar a criação
da Open University e resolveu instalar um
‘campus’ com estrutura totalmente
autônoma e desvinculada das universidades
convencionais, com direito inclusive a
emissão de diplomas.
Foram contratados renomados
professores com a tarefa de serem os
organizadores dos conteúdos dos programas
transmitidos por televisão através dos canais
da British Broadcasting Corporation (BBC).
Até hoje, um núcleo de professores
especialistas dedica-se em tempo integral à
concepção e produção dos programas.
Os cursos da Open University usam
todas as mídias como meio de
aprendizagem: material impresso, rádio,
televisão e atualmente Internet. O sucesso
dela deve-se principalmente ao fato de que
ela mantém em seus quadros 7 mil tutores
contratados que dão atendimento presencial
aos alunos quando necessário.
Existem cerca de 290 centros de
tutoria e aconselhamento distribuídos por
todo o Reino Unido. A Open University já
formou mais de 120 mil alunos e tem
atualmente aproximadamente 150 mil
matriculados.
Na América Latina, as primeiras
experiências com EsD, através da televisão
ocorreram no início da década de 1960.
Argentina, Colômbia, Chile e México, dentre
outros, vêm realizando trabalhos nessa área.
Um dos exemplos mais bem-sucedidos é o
da Colômbia que iniciou o ensino sistemático
sem distância em 1960 com a fundação da
Radio-Televisión Nacional. A programação
aos poucos foi sendo ampliada atendendo ao
ensino médio e na década de 1970 foi criada
a Universidad del Aire que se constituiu um
importante experimento para educação de
adultos nesse país.
No Brasil, nestes últimos anos, um
esforço especial vem sendo realizado no
sentido de aumentar a freqüência e a
qualidade do ensino na rede pública de
ensino pelo Ministério da Educação (MEC),
principalmente usando diversas ferramentas
e modalidades, tais como EsD.
Dentro deste esforço, consideramos
que um momento importante foi a criação da
Secretaria de Educação a Distância (SEED,
http://portal.mec.gov.br/seed
) no dia 27 de
maio de 1996, integrante da estrutura
regimental do MEC.
A SEED tem como responsabilidade
atuar como agente de inovação dos
processos de ensino-aprendizagem,
fomentando a incorporação das Tecnologias
de Informação e Comunicação (TICs) e da
EsD aos métodos didático-pedagógicos das
escolas públicas.
Neste mesmo ano, as bases legais
para a modalidade de EsD foram
estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996).
Outro fato importante ocorrido em
nosso país foi a criação, em 2001, da
Universidade Virtual Pública do Brasil
(UniRede, http://www.unirede.br/
), que é
um consórcio de 80 instituições públicas de
ensino superior que tem por objetivo
democratizar o acesso à educação de
qualidade por meio da oferta de cursos sem
distância.
23
A proposta da UniRede abrange os
níveis de graduação, pós-graduação,
extensão e educação continuada.
Em 2005, o MEC criou o Projeto
Universidade Aberta do Brasil (UAB,
http://www.uab.mec.gov.br/
), para a
articulação e integração de um sistema
nacional de educação superior sem distância,
em caráter experimental, visando
sistematizar as ações, programas, projetos,
atividades pertencentes as políticas públicas
voltadas para a ampliação e interiorização da
oferta do ensino superior gratuito e de
qualidade no Brasil.
A Universidade Aberta do Brasil é
uma parceria entre consórcios públicos nos
três níveis governamentais (federal, estadual
e municipal), com a participação de
universidades públicas e demais
organizações interessadas.
Neste ano de 2006 foi criado o
curso-piloto de Administração sem distância,
sendo uma parceria entre o MEC-SEED,
Banco do Brasil (integrante do Fórum das
Estatais pela Educação) e Instituições
Federais e Estaduais de Ensino Superior. Ao
todo serão oferecidas 10.000 vagas por 25
universidades públicas (18 federais e 7
estaduais).
Nasce um Novo Conceito em Educação:
o Virtual
Talvez em nenhum outro momento
da história da humanidade tenha se falado
tanto em desenvolvimento tecnológico como
nessas últimas três décadas do final do
século XX.
A bibliografia disponível mostra que
historicamente os avanços tecnológicos
foram responsáveis por alterações em
processos nos mais diversos campos das
atividades humanas trazendo junto
mudanças nas atitudes socioculturais das
sociedades.
A partir do último quarto do século
XIX as invenções vêm possibilitando não só
o aumento na capacidade produtiva, como
também melhor qualidade de vida para os
que têm acesso a essas tecnologias. Em
1844 surge o telégrafo, em 1848 a máquina
de escrever, 1873 a energia elétrica, em
1876 o telefone, em 1877 o motor de
combustão interna, em 1886 o automóvel,
em 1903 o avião, em 1920 o rádio
comercial, em 1913 o refrigerador, em 1925
a televisão, em 1946 o primeiro computador
e em 1990 a Internet.
Em 1971, a descoberta do
engenheiro Ted Hoff, da Intel, proporcionou
o gigantesco crescimento da microeletrônica
iniciada nos anos 50, nos EUA. Hoff inventou
o microprocessador, que é o computador em
um único ‘chip’. Essa descoberta, que
reduziu o preço médio de um circuito
integrado de US$ 50,00 em 1962 para US$
1,00 em 1971, possibilitou a explosão da
chamada terceira revolução ou revolução da
tecnologia da informação.
Vivemos hoje, indubitavelmente,
num mundo globalizado, plugado na
informação imediata, possível graças ao
avanço das telecomunicações e da Internet.
Se, nas primeiras décadas do século XX, a
imprensa pouco espaço reservava para o
noticiário científico, a partir dos anos 70 a
sociedade mundial observa-se o fenômeno
da globalização.
As descobertas tecnológicas
originadas, a partir da revolução da
informação ocupam hoje maior espaço na
mídia. Surge um público jovem, ávido e
interessado em notícias sobre ciência e
tecnologia. Nos últimos vinte anos há uma
explosão no mercado editorial mundial sobre
o assunto. As notícias de novas descobertas
têm duplo sentido: divulgação científica e
negócio. A tecnologia da informação recicla-
se em tempo nunca antes vista. Um
computador pessoal torna-se obsoleto em
apenas de 3 anos.
Em vista disso, talvez em nenhum
outro momento da nossa história tenha-se
estudado e escrito tanto sobre a importância
da educação no desenvolvimento econômico
dos países. Os autores que tratam do tema
afirmam: o que caracteriza a nova revolução
tecnológica é que a produtividade e a
competitividade dependem da capacidade de
gerar, processar e aplicar a informação
baseada no conhecimento.
O surgimento de novas tecnologias,
ao longo da história, particularmente no
campo da comunicação, vem despertando o
interesse de educadores e pedagogos em
vários países do mundo.
Embora o fenômeno não seja novo,
o avanço tecnológico nas ferramentas de
comunicação (rádio, televisão, computador e
Internet) abre toda uma nova perspectiva
para a incorporação dessa tecnologia à
prática educacional.
24
Educação e tecnologia interligam-se,
pois a educação representa a tradição
simbólica que permite a transferência
cultural de uma geração à outra. Um
ambiente virtual de aprendizagem nos impõe
reflexões, ao mesmo tempo, compreende
isso como apenas uma pequena parte, pois
através da Internet, o aluno com autonomia
encontrará infinitas informações que
enriquecerão sobremaneira o processo
ensino-aprendizagem.
Ao longo desses anos, a experiência
acumulada vem gerando centenas de
interpretações sobre a questão da
Tecnologia e Educação, na prática da EsD.
A questão não é a tecnologia
utilizada que tanto pode ser a mais antiga
que se conhece, como telégrafo ou rádio,
como a mais moderna, a Internet. O debate
é de que maneira a tecnologia pode
contribuir para a melhoria do conhecimento
daqueles que utilizam a modalidade sem
distância.
Deve-se ressaltar que da mesma
forma como a escrita mudou as maneiras de
pensar e de operar, ao modificar o papel das
operações cognitivas em relação à memória,
se pergunta se as modernas tecnologias
também produziram alguma mudança
quanto à nova estruturação do ato de
pensar.
Diante dessa dúvida, deve-se
procurar informações para tentar
compreender esta nova tecnologia como
formadora de uma nova cultura e encontrar
novas alternativas didáticas e metodológicas
próprias, não apenas transpor um tipo de
educação formal utilizando a Internet como
meio.
Muitas pessoas têm argumentos
contra, enfatizando que na EsD perde-se a
dimensão pessoal. Entretanto, a flexibilidade
que envolve este tipo de ensino não se
compara a nenhum outro, pois ele
liberdade tanto ao professor quanto ao
aluno, visto que pode se realizar de forma
tão personalizada que o envolvimento entre
as partes acontece com maior intensidade e
freqüência.
Sabe-se que a EsD por muito tempo
foi usada para preencher lacunas que as
outras modalidades de ensino não supriam.
Encaixam-se neste aspecto, a modalidade de
educação de jovens e adultos.
Claro que estes programas são muito
importantes, pelo qual a sociedade criadora
desta desigualdade também deve estar apta
a reavaliar e dar oportunidades a
escolarização e a essas pessoas.
Porém, compreende-se a EsD não
apenas neste aspecto, também importante,
mas como opção de escolha de uma nova
pedagogia que acredita na motivação do
aluno, na sua autonomia intelectual e no
despertar da sociedade para esta nova
tendência mundial.
Percebe-se que a considerável
expansão da Internet tem feito muito para
desvincular a EsD de sua anterior imagem
de ser uma modalidade educativa voltada
para pessoas de baixa renda. Centenas de
jovens executivos brasileiros chegam a
dispor de U$ 60 mil dólares anuais para
cursar MBA oferecido pela Universidade de
Harvard, por exemplo.
Portanto, é inimaginável todo o
potencial de desenvolvimento e
transformações da educação e, obviamente,
da sociedade do futuro por essa via.
Para se ter uma idéia, recentemente
6 das mais prestigiadas instituições anglo-
saxônicas dos EUA, precisamente a
Universidade de Columbia (New York), a
British Library, a New York Library, a London
School of Economics, a Cambridge University
Press e o Museu de História Natural
Smithonian (Washington) acabaram de
associarem a fim de propor através da Web
tanto cursos pagos como gratuitos; estes
últimos permitindo acesso a amplas bases de
conhecimento. Esta associação busca ser
uma referência mundial e ao mesmo tempo
se defender dos perigos da mercantilização
da Internet.
Em razão desses avanços
tecnológicos, há quem proponha substituir a
expressão “Educação sem Distância”, que já
seria anacrônica, por “aprendizagem online”.
No futuro, ao menos nos países
industrializados, serão muito comuns cursos
misturando atividades dentro e fora do
campus e estudantes locais e internacionais.
Hoje em dia essas transformações não
produzem unanimidade entre os educadores,
que se dividem entre o apoio entusiasmado
e a rejeição.
Outra vertente que atualmente
verifica-se é que a aprendizagem cada vez
mais obtém valor, sobretudo quando
entendida como uma disposição e uma
capacitação para a aprendizagem
permanente, em diferentes situações de
vida.
Para esse tipo de aprendizagem a
Internet cada vez mais oferece crescentes
contribuições, enquanto perde importância o
ensino tradicional, especialmente naquela
velha visão mecanicista de uma relação
entre alguém que sabe e alguém que ainda
não sabe ou sabe menos.
25
Meteorologia Brasileira: Demanda
Crescente e Baixa Quantidade de Cursos
No Brasil, tudo começou em 1935
quando Sampaio Ferraz escreveu sua
importantíssima obra denominada de
"Meteorologia Brasileira".
Em 1946 mais de 20 jovens
brasileiros foram selecionados para estudar
Meteorologia na cidade de Medelim,
Colômbia. Os 10 que tiveram melhor
desempenho acadêmico foram enviados para
aprofundarem seus estudos de Meteorologia
nos EUA.
No ano de 1956, o Ministério da
Agricultura e o Ministério da Educação
criaram o primeiro curso de Meteorologia no
Brasil, nível de segundo grau (Classe III da
antiga classificação da OMM/ONU), na então
Escola Técnica Federal Celso Suckov da
Fonseca, hoje, Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET –RJ).
Somente em 1963 ocorreu a criação
do primeiro curso de nível superior em
Meteorologia em nosso país. Foi conquistado
em nível de graduação (Classe I, na
classificação da OMM/ONU) e passou a
funcionar no Departamento de Física da
Universidade do Brasil, atualmente
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
A quantidade de escolas de
Meteorologia no Brasil no atual momento é
formada por 13 escolas, sendo 4 de segundo
grau (nível técnico) e 9 de graduação (nível
de bacharelado), conforme pode ser
observado na Tabela 1.
Examinando a Tabela 1, comprova-
se que há poucas escolas presenciais no
Brasil para o ensino da Meteorologia.
A região centro-oeste conta com o
pior indicador no que se refere à quantidade
de escolas em nosso país, possuindo apenas
uma, em nível técnico que foi recentemente
criada (2003). Muito pouco para uma região
que é sede de diversos órgãos e institutos
ligados a serviços de Meteorologia e áreas
correlatas, como INMET, Infraero, ANA,
ANEEL, Embrapa, dentre outros.
Já os indicadores da região sudeste
são os que apresentam melhores índices em
termos quantitativos em escolas existentes
atualmente.
Como comparação, a região sudeste
tem escolas que oferecem cursos tanto em
nível técnico quanto de graduação, enquanto
que nas regiões norte/nordeste somente
cursos de graduação, precisando
urgentemente que sejam criados cursos de
nível técnico em vista da demanda crescente
na área da Meteorologia Operacional e
outras atividades que devem ser realizadas
por este tipo de profissional.
Tabela 1 - Diagnóstico da Quantidade de Escolas
em Meteorologia no Brasil.
Classificação
Região/Estado/Cidade/
Escola
Total
Grau
Grad.
Norte
(PA –
Belém/UFPA)
(AM –
Manaus/UFAM)
2
----
----
1
1
Nordeste
(PB – CG/UFCG)
(AL –
Maceió/UFAL)
2
----
----
1
1
Sudeste
(RJ – RJ/CEFET)
(RJ – RJ/UFRJ)
(SP –
SJC/UNIVAP)
(SP – SP/IAG-
USP)
(SP –
Bauru/UNESP)
5
1
----
1
----
----
----
1
----
1
1
Sul
(SC –
Florianópolis/CEF
ET)
(RS –
Pelotas/UFPEL)
(RS – Santa
Maria/UFSM)
3
1
----
----
----
1
1
Centro-
Oeste
(DF –
Taguatinga/ETB)
1
1
----
Brasil Total 13 4 9
Em vista do quadro exposto acima e
da grande extensão do Brasil se faz
necessário criar muito mais escolas para que
todas as regiões do país possam ser
beneficiadas e as demandas supridas.
Sabemos que o modelo presencial
não suprirá esse déficit devido
principalmente ao demorado tempo de
aprovação e instalação de um curso,
elevados investimentos e questões políticas
em diversas regiões.
Assim, deve ser usada a modalidade
EsD para a criação de novos cursos
acadêmicos na área de Meteorologia,
facilitando desta maneira a ampliação e o
acesso a jovens em todas as partes do
Brasil.
Além disso, deverá ser priorizada a
capacitação, o treinamento e a melhoria da
qualificação de professores e de profissionais
em Meteorologia aproveitando as
modalidades sem distância, pois ela é
considerada mais efetiva em termos de
custo, tempo e espaço que as modalidades
presenciais.
26
Educação e Treinamento sem Distância
Mediados por Computador: CALMet
A ciência meteorológica deu um
passo muito importante na EsD quando foi
criada a Conferencia Internacional sobre
Educação de Meteorologistas a Distância,
com Apoio Computacional (CALMet,
http://calmet.comet.ucar.edu/index.htm). A
CALMet surgiu por iniciativa e trabalho de 10
professores espalhados pelo mundo,
preocupados com o ensino-aprendizagem
através do uso de computadores.
Nesse sentido, o termo “Computer-
Aided-Learning” (CAL) aplica-se, segundo
sua abrangência e modalidades de
visualização, a procedimentos científicos e
interativos, como canal de informação direta
e de apoio a estudantes, meteorologistas e
profissionais das demais áreas de
conhecimentos.
Consideramos desta maneira que a
CALMet é um marco significativo para a
educação meteorológica mundial pelas
seguintes razões:
enquanto a tecnologia de
aprendizagem com ajuda de
computadores tem mudado bastante,
os processos importantes de
aprendizagem são universalmente
reconhecidos e novos, emergindo
padrões para inter-operacionalidade
que permitem aos educadores
concentrar mais em pedagogia e menos
em tecnologia;
esta conferência inclui formalmente a
hidrologia e as disciplinas relacionadas
a Meteorologia e Hidrologia que são
esperadas se beneficiar enormemente
desta sinergia.
Talvez o mais importante destes
marcos seria o reconhecimento que ao
compartilhar e reutilizar os recursos seja um
elemento vital do uso de computadores em
educação.
As conferências CALMet são
conhecidas como eventos de aprendizagem
práticos e ativos para todos os participantes
compartilhando conhecimentos e
experiências.
Ela também é conhecida como um
fórum para aprendizagem dos participantes,
através dos seus vários mini-cursos,
seminários e demonstração de programas de
computadores relacionados à Meteorologia e
a Hidrologia (Figura 1).
Figura 1 – Imagem da Página da CALMET.
Atualmente o presidente da CALMet
é o Dr. Joseph Lamos, Diretor do COMET da
Universidade Coorporativa de Pesquisa
Atmosférica (UCAR), localizada em Boulder,
Colorado, EUA.
A cada dois anos, a CALMet/SCHOTI
tem realizado uma série de eventos de
dimensão internacional, tal como mini-
cursos, seminários e demonstrações do uso
de tecnologia virtual aplicável ao ensino-
aprendizagem em Meteorologia e áreas
correlatas.
Até o presente momento já foram
realizados 6 eventos: Boulder, Colorado,
EUA (1993), Toulouse, FRANÇA (1995),
Melbourne, AUSTRÁLIA (1997), Helsinki,
FINLÂNDIA (1999), Recife, BRASIL (2001) e
Boulder, Colorado, EUA (2004) cujas
temáticas abordadas foram: 1993 (Fazendo
a Coisa Certa), 1995 (Sonhos e Expectativas
Realísticas em Educação a Distância), 1997
(Terra, Oceano, Atmosfera: Forças para a
Mudança), 1999 (Está o CAL completamente
Integrado dentro da Instituição Educação?
Se não, por que não?), 2001 (Educação a
Distância: Compartilhando Recursos de
Aprendizagem em Nível Mundial), e 2004
(Criando Atividades para Aprendizagem).
Para que se pudessem avaliar as
candidaturas para sediar a VII Conferência
CALMET, e também ajudar na sua
organização, foi criado um Grupo de
Trabalho (GT) da CALMET para este fim.
Ressaltamos que a UNEMET integra este GT
como sendo a única organização da América
do Sul a participar.
Além disso, foi criado um “blog
(http://calmetblog.blogspot.com) para
facilitar a comunicação de seus membros e
apoiar este GT no planejamento da VII
Conferência CALMet, uso de equipamentos e
recursos, e outras atividades (Figura 2).
27
Figura 2 – Imagem da Página do “Blog” GT da
CALMET.
Após diversas discussões ficou
decidido que a próxima conferência será
realizada em julho de 2007 na cidade de
Beijing, China (Figura 3).
Figura 3 – Imagem da Página da próxima CALMET.
EsD e as Carências Educacionais em
Meteorologia Brasileira
Verifica-se que no Brasil ainda não
existe nenhum curso e nenhuma escola em
Meteorologia, tanto pública quanto privada,
na modalidade EsD, o que é muito ruim, pois
ela pode ajudar a ampliar o número de
escolas no Brasil e com isso atenuar ou
mesmo sanar o déficit de estudantes que
não possui acesso a ciência meteorológica.
Perspectivas Futuras: Contribuição da
EsD ao Ensino da Meteorologia
Atualmente, segundo a legislação
brasileira pertinente ao processo de
educação-aprendizagem, são duas as
possibilidades que nossa sociedade
meteorológica pode empregar:
CLASSIFICAÇÃO
PRESENCIAL
SEM DISTÂNCI
A
Até o momento a única estimativa
acerca de mercado de trabalho em
Meteorologia foi feita por Lima Filho e
colaboradores em 2003, onde este número
seria igual ou maior que 5.000 empregos.
De acordo os autores acima, em
nosso país formam-se por ano cerca de 30
alunos de Meteorologia em nível de
graduação.
Já em nível de pós-graduação, o
Brasil oferece cerca de 80 vagas por ano que
são em sua maioria preenchidas por
profissionais de outras profissões.
Assim, vem a seguinte questão:
Quantos meteorologistas com doutorado
estão no mercado de trabalho na
Meteorologia brasileira? Através de uma
primeira estimativa seria em torno de 500.
Porém, o mercado de trabalho brasileiro
teria que ter 5.000. Assim 5.000 - 500 =
4.500.
Desta forma, chegamos a um
número razoável para as nossas
necessidades atuais, que em nossa opinião,
não será alcançado com o modelo atual de
educação presencial e sim, sendo muito
corajosos, adotando o quanto antes os
métodos de EsD.
Portanto, percebemos que uma das
contribuições da transferência de tecnologia
e de conhecimento consistiria em melhorar
os diversos Serviços e Órgãos
Meteorológicos a fim de se prestar
informações eficazes e apoiar organizações
comprometidas com o desenvolvimento das
capacidades endógenas através de:
Treinamento de recursos
humanos;
Fortalecimento das capacidades
institucionais de investigação,
elaboração e execução de
programas;
Promoção de intercâmbio
tecnológico.
Por outro lado, o próprio fluxo da
história da ciência meteorológica impõe as
Escolas Brasileiras à necessidade de elaborar
um projeto institucional de educação para o
século 21 que tomem 2 direções prioritárias:
28
Programa de práticas que
incorpore o uso de tecnologias
nos cursos presenciais;
Implantação de cursos de
graduação, pós-graduação e
atividades de extensão
universitária sem distância.
Assim, é que as Universidades
Brasileiras terão que acompanhar as rápidas
mudanças tecnológicas exigidas pela
sociedade oferecendo:
Cursos Presenciais;
Cursos Semi-Presenciais;
Além de Cursos não presenciais,
através da EsD.
Portanto, o acesso à tecnologia está
tão impregnado em nossa cultura
atualmente que mesmo aqueles que sempre
se mostraram contrários, hoje não podem
arrogar-se ao direito de ficarem indiferentes
à revolução que a informática causou nesta
sociedade e, em especial, na educação.
Entretanto, como esta enorme
mudança dá lugar a um tipo de educação
denominada “virtual”, realidade que vem se
avolumando depois do advento da Internet
dando nova roupagem a EsD, este novo
modelo de educação tem causado muitas
discussões e alguns ainda resistem.
Porém, a sociedade transforma-se à
velocidades nunca sonhadas. Em apenas
uma geração, sofremos mudanças profundas
que afetam o nosso cotidiano de forma
abrupta, pois as distâncias perderam a real
significação já que as fronteiras foram
vencidas. A resistência contra as novas
tecnologias ocorre por não se saber as reais
implicações deste processo e, também, por
muitos entenderem a EsD como um tipo de
ensino que é fácil, desregrado, fora do
padrão.
Diante disso, fica o desafio para
todos nós que fazemos parte da sociedade
meteorológica brasileira de discutirmos se
queremos ou não suprir esse déficit e
estarmos à frente de nosso tempo, ou se
mais uma vez, perderemos o rumo da
história. Igualmente é imperioso conseguir
melhorar a qualidade dos cursos existentes
para que as próximas gerações possam
obter os frutos desta mudança.
Considerações Finais
A natureza deste texto não permite
extrair conclusões definitivas, e nem foi essa
a pretensão que o motivou.
Porém, todas essas idéias
contribuem para reafirmar que as
modalidades tecnológicas não só são úteis e
necessárias para serem usadas na área de
Meteorologia como, em muitos casos, as
modalidades sem distância parecem ser as
únicas viáveis para a redução das carências
educacionais existentes atualmente. Não é
demais insistir, entretanto, que o
acompanhamento presencial é fundamental.
Esse desafio certamente deverá ser
transposto. A utilização da EsD de forma
coerente com o nosso tempo, aproveitando
ao máximo desta tecnologia para levar a
educação em diferentes níveis e ao alcance
de todos os rincões deste nosso país deverá
ser buscado para se tornar uma realidade à
ciência meteorológica.
Diversos estudos mostram que a
maioria dos estudantes que se encontram
hoje matriculados neste tipo de ensino são
jovens e adultos trabalhadores que
certamente foram motivados pela autonomia
diante dos programas e por não precisarem
deslocar-se para estudar.
Assim, a EsD é uma alternativa
tecnológica que se apresenta em nível
mundial e, especificamente, na sociedade
brasileira, como um caminho privilegiado de
democratização da educação.
Graças a esta modalidade de ensino
(EsD) pessoas de todo as partes do país
poderão ter acesso ao ensino da
Meteorologia e com isso poderão em breve
ter novas oportunidades.
Diante desta reflexão, é
imprescindível dimensionar toda estrutura
necessária para desenvolver projetos em
EsD. Mais do que nunca os processos do
ensino virtual mesclado com períodos
presenciais, configuram hoje o modelo
desenvolvido por muitos cursos sem
distância atualmente existentes em nosso
país.
Não se pode esquecer que por
décadas o ensino presencial, graduação,
pós-graduação e outros, vêm atuando
através do modelo tradicional de educação
em sala de aula com professor.
Quebrar este ciclo referendado pela
EsD requer atrativos em ambientes digitais
que no mínimo possam despertar o interesse
do aluno para essa avançada solução
pedagógica em educação, e também dos
atores principais que farão estas mudanças,
os professores.
29
Um curso sem distância deverá
requerer uma quantidade maior de
profissionais preparados e também de cursos
de aperfeiçoamentos mais freqüentes para
estes professores.
Para auxiliar alunos em curso de
EsD, ferramentas devem ser implementadas
neste processo, onde Professor e Tutor
deverão ter todas as condições em suas
disciplinas para atingir os conteúdos
programáticos. A constante atualização nas
práticas pedagógicas a serem desenvolvidas
na EsD, deve ser a meta dos profissionais
desta área.
Portanto, não bastará somente o
tempo dispensado nas atividades
sincrônicas, e sim entender que o perfil
deste profissional estará em constante
mudança, acompanhando as tendências
mundiais na EsD que hoje tem uma missão
nobre na socialização do conhecimento.
Acreditamos que a Meteorologia
poderá, e muito, se beneficiar do Projeto
Universidade Aberta do Brasil (UAB),
desenvolvido pela Secretaria de Educação a
Distancia (SEED/MEC), haja vista que um de
seus objetivos principais é o atendimento à
demanda pelo ensino sem distância no país e
a ampliação do acesso à educação superior.
Assim, é urgente que a comunidade
de Meteorologia, através de todas as
sociedades (SBMet, SBA, FBMC, etc.) e
usando todos os fóruns (congressos,
seminários, reuniões, etc.), discuta
amplamente para que se possa agir no
sentido de usar a UAB para expandir a oferta
de cursos em Meteorologia a uma população
maior e atingir lugares distantes,
minimizando ou até mesmo sanando a
deficiência existente atualmente.
Por isso, esperamos que este texto
tenha proporcionado ângulos estratégicos ou
maneiras de olhar distintas e
complementares e com isso cada um de
nossos leitores sejam capazes de tirar, com
as informações citadas neste texto, suas
próprias conclusões.
Ednaldo Oliveira dos
Santos
Meteorologista, membro do
Grupo de Trabalho da
CALMet/OMM e Presidente da
UNEMET
Para saber mais:
Alves, J. R. M., 2001. Educação a
Distância e as Novas Tecnologias de
Informação e Aprendizagem. Disponível em
http://www.engenheiro2001.org.br/programa
s/980201a1.htm.
Chaves, E. Ensino a Distância:
Conceitos Básicos. Disponível em
http://www.edutecnet.com.br/edconc.htm
.
Clarke, A. C., 1989. Um Dia na Vida do
Século XXI. Editora Nova Fronteira, Rio de
Janeiro.
Lévy, P., 1993. As Tecnologias da
Inteligência. Rio de Janeiro, Editora, 34.
Lima Filho, J., Santos, E.O., Rocha,
C.H.E.D., et al., 2003. La Educación
Presencial y sin Distancias de Meteorólogos e
Hidrometeorólogos en Brasil. Proceeding of
WMO Symposium on New Perspectives on
Education and Training in Meteorology and
Hydrology, WMO/INM-España, p. 121-128.
Niskier, A., 1996. Mais perto da
Educação a Distância. In: Em Aberto, Brasília,
Ed. INEP, ano 16 n. 70, p.51-56, abr./jun.
1996.
Ozores, M. V. P., 2001. Tecnologia e
Educação: Um Estudo sobre a TV Escola no
Estado do Amazonas.
Saraiva, T., 1996. Educação a Distância
no Brasil: Lições da História. In: Em Aberto,
Brasília, Ed. INEP, ano 16, n.70, p. 17-27,
abr./jun. 1996.
ABED: http://www.abed.org.br
CALMet: http://calmet.comet.ucar.edu
SEED/MEC: http://portal.mec.gov.br/seed
UAB/MEC: http://www.uab.mec.gov.br
30
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Nova página WEB do INMET
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http://www.inmet.gov.br
Desde o dia 23 de março (Dia Meteorológico Mundial) está no ar a nova página WEB do INMET.
Agora é possível ter acesso a todos os dados das estações convencionais e automáticas da rede
sinótica do INMET em operação. Na página inicial, no link relativo a Observações e Satélites
(http://www.inmet.gov.br/html/observacoes.php) pode-se obter todos os dados. Ao clicar no
link estações convencionais irá surgir um mapa com a localização das estações, no mapa que
pode ser ampliado para melhor visualização, se obtêm todas informações sobre as estações e
os dados das últimas observações. No caso das automáticas, pode-se obter os dados de hora
em hora e também gráficos.
Sugestões, comentários e críticas podem ser enviadas: adiniz@inmet.gov.br ou
diretor@inmet.gov.br
Nova página WEB do Curso de Meteorologia do CEFET-SC, Santa Catarina
2
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http://www.cefetsc.edu.br/~meteoro/
Está no ar a nova página do Curso de Meteorologia do CEFETSC- Santa Catarina, com novas
configurações e mais dinâmica.
Segundo o Coordenador do Curso, Prof. Marcos Antônio Viana Nascimento, a partir de hoje a
comunidade do CEFET-SC e o público em geral terá uma nova fonte de informações no campo
da Meteorologia, além das condições do tempo na região central de Florianópolis. O novo
design da Homepage do Curso Técnico de Meteorologia surge como uma nova ferramenta de
auxilio no processo ensino aprendizagem das atividades acadêmicas.
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http://www.universia.com.br/
Nesta página podemos encontrar diversas informações acerca de empregos, cursos
universitários e de Pós-Graduação no Brasil e no exterior, bolsas de estudo e financiamento,
agenda, oportunidades de estágio e emprego, educação a distância, dentre outras informações
importantes. Assim vale a pena navegar por esta página.
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31
4
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http://www.iag.usp.br/siae98/
Este é um projeto do Sistema Integrado de Apoio ao Ensino da Universidade de São Paulo,
SIAE-USP, que visa elaborar material didático para fornecer à alunos de graduação e à
comunidade em geral informações atualizadas sobre algumas áreas que atuam no estudo
da Terra, em um sentido bastante amplo, envolvendo tópicos de Astronomia, Geofísica e
Meteorologia, as três áreas de atuação do Instituto Astronômico e Geofísico da
Universidade de São Paulo.
Devido ao caráter das informações disponibilizadas, que exigem constante atualização, o
"Investigando a Terra" é um portal em constante modificação, visando aprimorar o seu
conteúdo e disseminar a informação da maneira mais exata e simples.
Assim, este portal é bastante instrutivo ao investigar o nosso Planeta através de
informações nas três principais ciências ligadas ao conhecimento dos processos físicos que
ocorrem em nosso Planeta e Universo. Ele disponibiliza um ótimo material didático.
5
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http://www.prossiga.br/edistancia/
Neste portal, você encontrará Artigos e outros Textos, Associações, Sociedades Científicas
e Profissionais, Cursos, Dicas de Financiamento, Eventos, Fomento a Pesquisa, lista de
Instituições de Ensino e Pesquisa, Órgãos de Política, Professores, Pesquisadores e Pessoas
que atuam em na área de Educação a Distância (EAD), Coordenação e Fomento, Projetos,
Informações sobre Suporte Tecnológico, Periódicos, Teses e Dissertações, Manuais e, claro,
Livros. Além disso, traz notícias, diversos links interessantes sobre o tema, além de
esclarecer diversas questões sobre telemática, informativa educativa, etc. Desta maneira
este portal pertencente a Rede Prossiga/CNPq/MCT é uma ferramenta essencial a todos
que estão buscando conhecer e ampliar seus conhecimentos em EAD
6
6
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php
A Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa é um projeto que visa oferecer
gratuitamente recursos educacionais úteis para estudantes e professores desde o ensino
infantil até o universitário, ajudando a suprir a carência de bibliotecas escolares no país e
de materiais de qualidade em língua portuguesa na Internet, além de estimular o interesse
pela leitura. Ao mesmo tempo, é uma iniciativa que pretende contribuir para a criação de
infra-estrutura para o ensino à distância e inclusão digital.
O acervo compreende textos integrais de obras literárias, textos, artigos, documentos,
imagens, sons e vídeos. Atualmente, o projeto possui cerca de 10.000 obras disponíveis.
A Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa nasceu de uma parceria entre a
AT&T Foundation e a Escola do Futuro da USP.
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”Se vê na triste contingência de abrir mão
de todos os trabalhos científicos e técnicos
em andamento sob minha direção
superior...”
Américo Brazílio Silvado Filho (10/1863 – 03/1950)
ste é o quinto artigo da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil”. Nesta
oportunidade vamos falar da obra de um dos mais competentes e dedicados
homens da Meteorologia, pertencente à Marinha do Brasil. Estamos falando de
Américo Brazílio Silvado Filho, que teve grande importância para a
Meteorologia em nosso país no início do século 20.
Américo Silvado Filho nasceu em 02 de
outubro de 1863 na Bahia, e veio a falecer
em 03 de março de 1950. Filho de Américo
Brazílio Silvado e Urânia Adelaide de Argolo
Silvado.
Teve toda sua vida dedicada a Marinha
do Brasil. Ingressou no serviço militar ainda
adolescente como Praça de Aspirante a
Guarda-Marinha em 13 de março de 1879,
com apenas 16 anos. Três anos depois se
tornava membro efetivo da Guarda-Marinha.
Em 15 de dezembro de 1883 se tornou
Segundo-Tenente e em 1890 tornou-se
Primeiro-Tenente. Quatro anos depois virou
Capitão-Tenente. A partir daí foi ascendendo
de nível até chegar, em 07 de fevereiro de
1919, a Vice-Almirante, último cargo que
ocupou na Marinha. Em 1923 foi transferido
para a Reserva.
Dirigiu por longa data a Diretoria de
Meteorologia da Marinha. Além disso, foi
Superintendente de Navegação, do órgão
atualmente denominado de Diretoria de
Hidrografia e Navegação (DHN).
Ao longo deste período dedicou parte do
seu tempo e trabalho em prol da
Meteorologia brasileira integrando a
Repartição Central Meteorológica e depois
sendo Representante do Brasil na
Conferência Internacional dos Diretores de
Meteorologia.
Durante o tempo dedicado a Marinha
recebeu diversos elogios e louvores por seus
zelosos e dedicados trabalhos. Na área de
Meteorologia destacam-se:
Em 11/04/1892, recebeu louvor pelo
zelo e inteligência que revelou no
trabalho apresentado e intitulado
“Rápida Memória sobre o Serviço
Meteorológico do Cruzador Almirante
Barroso” (Figura 1).
Em 30/12/1905, foi louvado em
ordem do dia pelo bom desempenho
que deu à comissão que lhe foi
confiada relativa à determinação do
valor dos elementos magnéticos na
Costa do Brasil e a inspeção das
estações meteorológicas.
Da terceira seção da Secretaria da
Marinha de 16/07/1906 foi louvado
M
M
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33
pelo bom desempenho que deu à
comissão representando o Brasil na
Conferência Internacional dos
Diretores de Meteorologia e a
publicação de um artigo na Revista
Marítima Brasileira do relatório que
apresentou na volta da referida
comissão.
Em 06/06/1907 foi elogiado pelo
Contra-Almirante Affonso Graça,
Chefe da Carta Marítima em
06/11/1906 pelo modo como
reorganizou a seção de Meteorologia
de que era Chefe e dirigiu com
inexcedível dedicação, zelo e
competência, durante longo tempo,
desenvolvendo seus serviços a ponto
de honrar a Marinha.
Figura 1 - Foto do Cruzador Almirante Barroso,
1888, a caminho de sua segunda viagem de
circunavegação. Foto de Marc Ferrez (Franco,
2006)
1
.
Um dos momentos profissionais mais
interessantes ocorridos na vida do almirante
Américo Brazilio Silvado, antigo aluno de
Pereira Reis (engenheiro e crítico ferrenho
do Imperial Observatório e seus diretores,
por nunca ter sido nomeado diretor do
Observatório), foi quando ele polemizou com
Henrique Morize em 1904 sobre a
organização de um serviço meteorológico
nacional, tomando as dores de seu mestre
onde em uma carta escrita ao Jornal do
Commercio, citou: “Não havendo sido nunca
nomeado diretor do Observatório do Rio de
Janeiro, pelo qual me disse uma vez com
lágrimas nos olhos, que morreria sem deixar
um sucessor...” (Oliveira & Videira, 2003).
1
Dispovel em
https://www.mar.mil.br/menu_h/fotos/historicas/historic
as-p.htm
Outro fato intrigante em sua vida se
passou em 1922, quando o então Almirante
Américo Brazílio Silvado, há 8 anos
Superintendente e responsável pela
mudança da Superintendência de Navegação
do Rio de Janeiro, localizada no edifício do
Almirantado, na rua D. Manoel
15, e por
sua instalação na Ilha Fiscal, dirige aviso ao
Ministro da Marinha, inconformado com a
cessão da Ilha Fiscal para a realização da
Exposição do Centenário e a posterior
utilização dela como posto aduaneiro,
"se vê na triste contingência de
abrir mão de todos os trabalhos
científicos e técnicos em andamento
sob minha direção superior e de
pedir que digneis solicitar do Sr.
Presidente da República (Arthur da
Silva Bernardes) a minha
exoneração do cargo de
Superintendente de Navegação,
para o qual fui nomeado por decreto
nº 532 de 25 de março de 1914, e
em cujo exercício tenho estado
desde 2 de abril do dito ano
(CAMR, 2006).
De acordo com CAMR (2006) o pedido de
exoneração foi aceito, e o bravo Almirante
Silvado deixou a Superintendência em 28 de
abril de 1922, e a Exposição do Centenário,
com mostra de instrumentos náuticos se
realiza na Ilha Fiscal. Mas não foi em vão o
apelo do ex-Superintendente, pois no
mesmo ano de 1922, "os serviços de
hidrografia, navegação, Meteorologia e faróis
voltaram à antiga sede".
Sua dedicação à Meteorologia o levou a
ser representante do Brasil na Conferência
Internacional dos Diretores de Meteorologia.
Porém, o fato que mais orgulha a todos nós
da Meteorologia foi o excelente trabalho na
reorganização da seção de Meteorologia da
Marinha, a qual tinha um observatório
meteorológico, que na época era um dos
poucos órgãos que se dedicava com
maestria a prestar informações
meteorológicas no Brasil.
Assim, pode-se concluir que o Vice-
Almirante Américo Brazilio Silvado Filho
dedicou e realizou diversas atividades à
Meteorologia brasileira quando era
integrante e chefe da seção de Meteorologia
(Figura 2).
Além disso, soube representar a
Meteorologia brasileira de maneira dedicada
nas Comissões que participou em nível
mundial.
34
Figura 2 – Foto do Vice-Almirante Américo
Silvado Filho.
Américo Silvado noticiou seus feitos
através de diversas publicações, como
podem ser vistos abaixo:
SILVADO, A B. Descripção e Manejo
dos Reparos Hydraulicos-
Automáticos. Rio de Janeiro: H.
Lombaerts, 1889.
SILVADO, A B. Diversas Applicações
dos Regimentos: Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1894.
SILVADO, A B. Estudos de uma
Organização Geral para a Marinha
Brasileira. 1894.
SILVADO, A B. Instruções
Meteorológicas Organizadas. Rio de
Janeiro: Tipografia Leuzinger, 1900.
SILVADO, A B. Instruções
Meteorológicas. Rio de Janeiro:
[s.n.], 1900.
SILVADO, A B. Documentos para a
História da Marinha. Rio de Janeiro:
Imprensa Naval, 1917.
SILVADO, A B. Fuzão das Funções do
Oficial de Marinha, 1917.
SILVADO, A B. Introdução ao I Livro
de uma Ordenança Geral. Rio de
Janeiro: Correa Bastos, 1923.
SILVADO, A B. Nova Marinha.
Resposta a “Marinha D”. Rio de
Janeiro: C. Schimidt, 1897
SILVADO, A B. Projeto de um Manual
para o Serviço. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, 1896.
SILVADO, A B. Relatório Geral da
Primeira Comissão Magnética
Brasileira. Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1909.
SILVADO, A B. Táboas
Meteorológicas. Rio de Janeiro:
Tipografia Leuzinger, 1900.
O apreço, zelo, caráter e dedicação à
ciência meteorológica foram muito
importantes em um período da história da
Meteorologia que pouco se sabia acerca
desta Ciência. Assim, esperamos que a vida
e obra deste dedicado estudioso da
Meteorologia brasileira sejam sempre
lembradas e sirva de exemplo para todos
que buscam conhecer a ciência
meteorológica.
O Conselho Editorial gostaria de
agradecer imensamente a MÔNICA HARTZ
O. MOITREL (Capitão-de-Fragata e Chefe
do Depto. de História Marítima e Naval) e
CARLOS ANDRÉ LOPES DA SILVA (Capitão-
Tenente e Encarregado da Divisão de
História Marítima e Naval) pelas
excelentes informações e fotos.
Referência Bibliografia
CAMR, 2006. A Ocupação da Ilha
Fiscal. Centro de Sinalização Náutica e
Reparos Almirante Moraes Rego (CAMR).
Disponível em
http://www.mar.mil.br/camr/ocupacao_da_
ilha_fiscal.htm. Acesso em 25/fev./2006.
Oliveira, J.T., Videira, A.A.P., 2003.
As Polêmicas entre Manoel Pereira Reis,
Emmanuel Liais e Luiz Cruls na Passagem
do Século XIX para o Século XX. Revista da
SBHS, No I/2003, pp. 42-52.
Sugestões de Leitura:
BRASIL, Serviço de Documentação da
Marinha. História Naval Brasileira. Terceiro
Volume, Tomo I. Rio de Janeiro: SDM, 2002
Silvado, A B., 1890. Rápida Memória
sobre o Serviço Meteorológico.
Silvado, A B., 1902. Subsídios para a
História da Meteorologia no Brasil. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional.
Silvado, A B., 1908. Instruções
Meteorológicas. Rio de Janeiro: Imprensa
naval.
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Fonte: Instituto e Museu de História da Ciência – Itália
noção de temperatura é algo bastante intuitivo, ao longo de um ano passamos
por quatros estações distintas cada qual com sua peculiaridade, principalmente
no que tange as variações de temperatura.
A necessidade de se estabelecer
critérios e métodos para a aferição deste
fenômeno físico é bastante antiga e os
primeiros relatos datam do século II e III da
era Cristã.
O responsável pelas primeiras
tentativas de aferir a temperatura foi o
médico grego Cláudio Galeno (129-199),
onde é atribuída a ele vasta pesquisa em
anatomia, tanto que hoje é conhecido como
o “pai da anatomia” cujas pesquisas
perduraram como a base da medicina até o
final do século XVI.
Galeno sugeriu que as sensações de
quente e frio fossem medidas por uma
escala dividida em quatro partes acima e
abaixo de um ponto neutro, a qual nesta
escala foi atribuído a quatro graus de calor a
temperatura que a água ferveria e a
temperatura de quatro graus de frio ao
ponto de congelamento da água e a escala
neutra à uma mistura de partes iguais de
quente e frio.
É atribuído a Galileo Galilei (1564-
1642) o desenvolvimento do primeiro
termômetro (termoscópio de ar). O seu
instrumento era composto por um
reservatório aberto cheio de álcool, e um
tubo estreito de vidro com uma bola oca de
vidro na parte superior (Figura 1a).
Quando aquecido o ar dentro da
esfera expandia-se e borbulhava através do
álcool. Arrefecendo a esfera o álcool
penetrava dentro do tubo, desta maneira as
flutuações de temperatura poderiam ser
verificadas anotando a posição do líquido
dentro do tubo.
Devido à abertura do recipiente, a
altura na coluna do líquido poderia sofrer
alterações decorrentes das variações de
pressão atmosférica o que imputava erro as
suas medições.
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36
Em 1654 Fernando II (1610-1670),
Duque de Toscana (região da Itália),
desenvolveu o termômetro a álcool com o
capilar selado (Figura 1b), sendo o primeiro
termômetro de líquido em vidro, muito
parecido com os atuais, e estabeleceu uma
escala arbitrária dividida em 50 graus. Neste
caso a pressão atmosférica não provocava
alterações na aferição, pois o líquido
encontra-se totalmente encerrado dentro do
vidro.
(a)
(b)
Figura 1 – (a) réplica do termômetro
desenvolvido por Galileo; (b) réplica do
termômetro desenvolvido por Fernando
II.
Fonte: Instituto Museu de História da
Ciêcia, Itália.
Durante o século XVII foram criadas
várias escalas tanto que em 1778 foram
catalogadas 26 escalas distintas.
Em 1714 Daniel Gabriel Fahrenheit
(1686-1736), alemão de Danzig, cidade hoje
em dia conhecida por Gdansk, dedicou a
maior parte da sua vida envolvido com a
fabricação de instrumentos de precisão,
especialmente instrumentos meteorológicos.
Construiu o primeiro termômetro de
mercúrio com bulbo.
Em seus testes para determinar os
limites de sua escala, inicialmente colocou o
seu termômetro, ainda sem nenhuma
escala, dentro de uma mistura de água, gelo
e sal, e quando o mercúrio ficou estacionado
em determinada posição, ele marcou e
atribuiu o valor de 32 graus.
Depois colocou este mesmo
termômetro para determinar um segundo
ponto, a temperatura do corpo humano, a
qual ele atribui 96 graus. Esta escala se
tornou bastante adotada devido a qualidade
dos instrumentos produzidos.
Figura 2 – Anders Celsius.
Na metade do século XVII, Anders
Celsius (1701-1744) (Figura 2), nascido em
Upssala, na Suécia, tornou-se astrônomo na
Universidade de Upssala, local onde
desenvolveu diversos estudos em
astronomia, no entanto, o trabalho dele que
mais tomou notoriedade foi desenvolvido e
publicado em 1742 na Royal Academia
Sueca.
Ele propôs os pontos de fusão e
ebulição da água adotados para definir uma
escala de temperaturas. Adotando o zero
como o ponto de ebulição e 100 o ponto de
fusão.
Após algum tempo, o botânico sueco
Carolus Linneu (1707-1778) inverteu a
escala que se tornou conhecida por escala
centígrada, por ser dividida em 100 partes.
Apenas em 1948 o nome da escala
finalmente passou a se chamar oficialmente
de “Escala Celsius”.
Figura 3 – William Thomson.
William Thomson (1824-1907), mais
tarde conhecido como Lord Kelvin (Figura 3),
nascido em 26 de julho de 1824 em Belfast,
Irlanda, dedicou 53 anos da sua vida na
Universidade Escocesa de Glasgow, onde as
propriedades do calor foram um dos temas
preferidos de Kelvin.
37
Analisou com profundidade as
descobertas de Jacques Charles (1746-1823)
sobre a variação de volume dos gases em
função da variação de temperatura.
Charles concluíra, com base em
experimentos e cálculos, que para a
temperatura de -273.15º C todos os gases
teriam volume igual a zero.
Em seus estudos, Lord Kelvin
concluiu que na verdade não era o volume
da matéria que se anularia a essa
temperatura, mas a energia cinética de suas
moléculas. Sugeriu então que essa
temperatura deveria ser considerada a mais
baixa possível e chamou-a de zero absoluto.
A partir desta hipótese, propôs uma
nova escala termométrica, que
posteriormente recebeu o nome de escala
Kelvin, a qual permitiria maior simplicidade
para a expressão matemática das relações
entre grandezas termodinâmicas.
Relação entre as escala Celsius,
Fahrenheit e Kelvin
Cada uma das três escalas foi
definida de maneira distinta.
A partir da Figura 4 é possível
entender a relação existente entre elas
levando-se em conta o ponto de ebulição da
água e fusão do gelo.
Observem que estes pontos mudam
dependendo da escala adotada. Se você
quiser saber qual a temperatura de fusão do
gelo é possível ter três respostas: 0º C, 32º
F ou 273.15 K, o mesmo para a temperatura
de ebulição. Ou seja, todas representam a
mesma temperatura.
Figura 4 – Relação entre as principais escalas
termométricas.
Para saber mais:
CABRAL, P., 2005. Breve História da
Medição de Temperaturas. Disponível em
http://www.help-
temperatura.com.br/html/interesse/files/Historia
MedicaoTemperatura.PDF
.
CINDRA, J.L., TEXEIRA, O.P.B, 2004.
Calor e Temperatura e suas Explicações por
Intermédio de um Enfoque Histórico. In:
Martins, L.A.C.P., Silva, C.C.; Ferreira, J.M.H.
(eds.). Filosofia e História da Ciência no Cone
Sul. 3º Encontro, Campinas, AFIH, pp. 240-
248. Disponível em
http://ghtc.ifi.unicamp.br/AFHIC3/Trabalhos/32-
Jose-Lourenco-Cindra-Odete-Teixeira.pdf
.
Museu de História da Ciência da Itália:
www.imss.fi.it
www.theramonitor.com
http://www.ajc.pt/cienciaj/n19/hciencia.php
www.utc.fr
www.physicsweb.org
www2.ac-rennes.fr
38
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primeiro curso superior de Meteorologia na região norte do Brasil foi criado na
Universidade Federal da Pará. Ele está localizado atualmente no Centro de
Geociências da UFPA (Figura 1). No departamento de Meteorologia da UFPA
funciona o único Centro de Treinamento da Organização Meteorológica Mundial
(OMM) na América do Sul, onde é uma vitória para todos nós meteorologistas
brasileiros a existência e referência deste Centro em nosso país.
O curso de Meteorologia da UFPA teve
as suas ações iniciais ditadas pelo MEC, em 18
de agosto de 1975, quando foi feita uma
consulta à UFPA se tinha interesse em
implantar um Curso de Meteorologia.
A Universidade aceitou o desafio,
quando o Prof. Seixas Lourenço, coordenador
do programa de pós-graduação da UFPA
designou a Prof. Sônia Guerreiro, que
juntamente com a professora Elen Cutrim
elaboraram o curso baseando-se na experiência
da Prof. Sônia, que é da primeira turma de
Meteorologistas da UFRJ e também por ter sido
professora daquela Curso.
Figura 1 – Prédio do Centro de Geociências onde
funciona parte do Curso de Meteorologia e o
Escritório da Estação Meteorológica e Laboratório
de Climatologia (torre a direita).
Pela Resolução 325, de 22 de setembro
de 1975, o Reitor da UFPA autorizou a criação e
implantação do curso com a realização do
primeiro vestibular em 1976. Essa data de 22
de setembro é comemorada como a data de
aniversário do Curso.
No entanto, na época, faltavam
professores para o funcionamento do curso na
sua parte especializada e antes da realização
desse primeiro vestibular a pró-reitoria de pós-
graduação, através da Resolução 295, de 22 de
novembro de 1975, autorizou o funcionamento
do Primeiro Curso de Especialização em
Meteorologia Tropical, através de convênio
entre a UFPA e o INPE, com o suporte
financeiro da então Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), a ser
realizado em Belém, sob coordenação do Prof.
Antonio Gomes de Oliveira. Este Curso teve o
objetivo de formar especialistas para atuarem
como docentes no Curso de Graduação em
Meteorologia da UFPA.
Assim, desse Curso de Especialização
nasceu o embrião de professores na área de
Meteorologia. Dos alunos formados, 8
tornaram-se professores universitários nessa
área e, ainda hoje atuam no Departamento de
Meteorologia 4 professores daquela época:
José Carvalho, Dimitrie Nechet, Isa Maria
Silva e Maria do Carmo Oliveira.
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39
Os professores que participaram do
Curso de Especialização foram os professores:
Antonio Gomes, Paulo de Tarso, Leão e Moura,
pela UFPA e os pesquisadores Molion, Getúlio,
Heloísa, Marlene e Yushiiro (na época era
chamado de fogueteiro, por ter também
atividades na Barreira do Inferno, em Natal-
RN), pelo INPE.
Segundo informações do Prof. Dimitrie
Nechet, deve ressaltar que houve o interesse
de todos na participação da implantação do
novo Curso de Meteorologia, a ser implantado
na UFPA.
Por justiça e gratidão, ele lembra que o
Prof. Molion teve um relacionamento maior com
os alunos, incentivando e divulgando a
Meteorologia, inclusive estimulando a
continuarem os estudos na pós-graduação em
Meteorologia. E com isso acabou levando 5
alunos para a pós-graduação no INPE e desde
essa época sempre mantém contato com o
curso de Meteorologia da UFPA, com palestras
e apoio nas questões de Meteorologia. Segundo
ele, era o que mais vibrava com essa
implantação do Curso.
No primeiro vestibular, entraram 30
alunos e desses alunos apenas 15 concluíram o
curso. A primeira turma formou-se em 1979,
com apenas 3 concluintes, hoje, todos
professores pós-graduados integrantes do
Departamento de Meteorologia: Paulo
Fernando, Edson José e Maria Aurora.
Em 1981 foi nomeada uma comissão
pelo MEC, composta pelos meteorologistas e
professores José de Lima Filho da UFAL e Mário
Adelmo Varejão-Silva da UFRPE. Ressalta-se o
grande interesse desses professores no
reconhecimento do Curso e dando a UFPA
todas as informações necessárias para as
modificações e melhoria das instalações para o
reconhecimento. A Universidade acatou todas
as sugestões e em 13 de outubro de 1981, pela
Portaria 571 do MEC, o Curso de Meteorologia
foi reconhecido.
No dia 13/07/84 foi assinado um
acordo entre o Brasil e a Organização
Meteorológica Mundial (OMM), órgão
especializado da ONU, reconhecendo o
Departamento de Meteorologia da UFPA como
Centro Regional de Treinamento em
Meteorologia Tropical (CRTM). Em função
deste acordo o Departamento de Meteorologia
da UFPA já formou profissionais em nível de
graduação para Guiné-Bissau, Moçambique e
Angola, e em nível de Especialização, para
Peru, México e Panamá.
Em outubro de 1987 a Estação
Meteorológica foi reformada e re-inaugurada
com o nome de Professora Adelina Moraes de
Souza, que participou do primeiro Curso de
Especialização e faleceu nos Estados Unidos
quando fazia mestrado em Meteorologia
Desde a sua implantação 48 turmas
concluíram o curso, até o segundo semestre de
2005, com 201 concluintes. Desses concluintes,
37% são mulheres e 63% são homens. A
média de formandos por ano é de 7,4, isto
significa que dos que entraram apenas 25% se
formaram. Porém se for levado em
consideração a entrada, a partir de 1989, essa
porcentagem sobe para 37,4%. Outro dado
interessante é o tempo de permanência, onde o
Curso permite a sua conclusão de 4 a 8 anos e
dos que se formaram, 88% terminaram nesse
período e de 1996 para cá, a maioria tem
concluído o curso com 4 e 4,5 anos.
Com relação à distribuição dos
profissionais formados, 11,4% encontra-se em
Universidades e Institutos de Pesquisa, 27,8%
na área operacional, 17,4% em outras
atividades fora da Meteorologia, 29,9% sem
nenhuma informação, 10,4% fazendo pós-
graduação, sem vínculo empregatício, e 3%
são bolsistas. Dos 123 graduados, 65 são
mestres, 15 estão fazendo Mestrado, 13 são
doutores e 17 estão fazendo doutorado.
Assim, os números apresentados acima
demonstram a importância do Curso de
graduação em Meteorologia da UFPA no Brasil
haja vista que diversos profissionais formados
estão em órgãos de Meteorologia no Brasil e
alguns no exterior.
Quanto a pós-graduação, o
Departamento de Meteorologia teve 9 Cursos
de Especialização em Meteorologia Tropical,
com ênfase em Hidrometeorologia e
Agrometeorologia (Figura 2), com 77
concluintes.
Recentemente, a partir do segundo
semestre de 2005, foi implantado o curso de
Pós-graduação, em nível de Mestrado em
Ciências Ambientais, com característica
interdisciplinar em convênio com o Museu
Paraense Emílio Goeldi e a Embrapa Oriental
(CPATU). Foi feita seleção de duas turmas com
mais de 100 concorrentes em cada uma,
estando atualmente com mais de 30 alunos.
Em 6 de março de 2006 foi inaugurado
pelo Reitor Alex Fiuza de Melo e diretores de
Centros, professores e alunos de Meteorologia
um novo prédio financiado pela FADESP
(Fundação de Amparo e Desenvolvimento da
Pesquisa) para abrigar um grupo de
professores, que ocupavam a parte térrea da
FADESP, dotando o prédio com salas
individuais para os professores e laboratórios
remodelados.
O Departamento de Meteorologia da
UFPA possui na sua estrutura:
Laboratório de Meteorologia Sinótica,
Laboratório de Instrumentos
Meteorológicos,
Laboratório de Agrometeorologia,
Laboratório de Hidrometeorologia,
Laboratório de Meteorologia por
Satélite,
Laboratório de Meteorologia Ambiental,
Laboratório de Computação, e
Estação Meteorológica de Superfície.
40
Figura 2 - Área de Experimentação do Curso de
Especialização de Agrometeorologia da UFPA.
Fonte: http://www.ufpa.br/cg/espagro.htm
,
extraída em fevereiro de 2006
.
O Departamento de Meteorologia realizou
ou está em desenvolvimento as seguintes
pesquisas:
Mudança do uso de Solo na Amazônia:
Implicações Climáticas e na Ciclagem
de carbono: Milênio/LBA,
O Impacto do Desmatamento junto ao
Litoral Atlântico da Amazônia –
DESMATA. PPG7/FINEP,
Uso e Apropriação de Recursos
Costeiros - RECOS – Projeto Milênio -
Sub-área Monitoramento e Modelagem
Atmosférica.
O Curso de Meteorologia da UFPA
completou no ano passado 30 anos de criação,
e a festividade que comemorou os 30 anos de
formação de Meteorologistas na Amazônia, foi
realizada em Belém nos dias 21, 22 e 23 de
março de 2005, juntamente com o Dia
Meteorológico Mundial, cujo tema foi “O
Tempo, o Clima, a Água e o Desenvolvimento
Sustentável” representando muito bem o papel
da Amazônia, no contexto mundial, quando se
dá uma importância global na manutenção das
condições atmosféricas.
Essa comemoração foi planejada com o
objetivo de mostrar aos mais jovens, a luta e a
dedicação, na implantação de um curso de
formação de profissionais de nível superior, em
uma ciência tão complexa e necessária para o
desenvolvimento sustentável, que é a
Meteorologia.
Corpo Docente
O Curso é apoiado por vários
Departamentos da UFPA, como Matemática,
Física, Estatística, Informática, Biologia, Letras
e Literatura Estrangeira. Atualmente, o corpo
docente do Departamento de Meteorologia, é
composto por 18 professores, a seguir
relacionados:
NOME TITULAÇÃO
ÁREA DE
CONHECIMENTO
Adriano M. Leão
de Souza
Mestre** Meteorologia
Antônio Carlos
Lôla da Costa
Doutor Agrometeorologia
Bérgson C.
Morais
Mestre** Meteorologia
Dimitrie Nechet Mestre Meteorologia
Edson José P.
Rocha
Doutor Meteorologia
Dinâmica
Galdino Viana
Mota
Doutor Meteorologia
Dinâmica
Hernani José B.
Rodrigues
Mestre* Meteorologia
Sinótica
Isa Maria
Oliveira da Silva
Doutora Instrumentos de
Meteorologia
João Batista
Miranda Ribeiro
Doutor Agrometeorologia
José Carvalho
de Moraes
Mestre Hidrometeorologia
José Danilo da
Costa de Souza
Filho
Mestre*
Meteorologia
José de Paulo
Rocha da Costa
Mestre* Agrometeorologia
José Ricardo S.
Souza
Doutor
Meteorologia Física
Júlia Clarinda
Paiva Cohen
Doutora Meteorologia
Dinâmica
Maria Aurora S.
Mota
Doutora Meteorologia Física
Maria do Carmo
F. de Oliveira
Mestre
Agrometeorologia
Midori Makino Doutora Modelagem
Matemática
Paulo Fernando
S. Souza
Mestre Meteorologia
Dinâmica
*Em programa de doutoramento. **Professor Substituto.
Mais informações:
Departamento de Meteorologia da
UFPA:
Tel.: (91)3183-1412
FAX: (91)3183-1609
Caixa Postal 1611
CEP: 66075-110
Belém – PA
http://www.ufpa.br/cg/departamentos/DM/DM.
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Profa. Isa Maria Oliveira de Sousa
Chefe do Departamento
e-mail: imos@ufpa.br
Prof. Paulo Fernando de Souza Souza
Sub-Chefe
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egundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), organismo da ONU,
no período de 1992 a 2001, os desastres naturais ocorridos em todo o mundo
afetaram a vida de dois bilhões de pessoas, provocando a morte de outras 622
mil. As perdas econômicas causadas pelos desastres hidrometeorológicos foram
estimadas em 446 bilhões de dólares, para este período, o que representou 65% das
perdas totais das atividades produtivas. Portanto, quando será que o ser humano irá
perceber que a natureza faz parte de nosso meio e que temos que cuidar dela para não
sofremos ainda mais desastres como os já ocorridos?
Os desastres podem ocorrer como
conseqüência do impacto de um risco natural
ou causado por atividades humanas
(antrópicas).
Os riscos naturais incluem
fenômenos como terremotos, atividade
vulcânica, deslizamentos de terra,
maremotos, ciclones tropicais e outras
tempestades intensas, tornados e ventos
fortes, inundações fluviais e costeiras,
incêndios florestais e a névoa que formam
seca, tempestades de areia e de poeira.
Os riscos causados por atividades
antrópicas podem ser intencionais, como a
descarga ilegal de petróleo, ou acidentais,
como derramamentos tóxicos ou fusão
nuclear, por exemplo.
Estudo feito pelo PNUMA em 2004
mostra que todos esses riscos citados acima
podem ameaçar pessoas, ecossistemas, flora
e fauna do planeta. As populações carentes
seriam as mais vulneráveis aos desastres,
porque dispõem de menos recursos e
capacidade para lidar com os impactos ou
evitá-los.
Desastres Naturais
Neste estudo do PNUMA foi
ressaltado que as pessoas e o meio
ambiente estão sofrendo cada vez mais os
efeitos dos desastres naturais devido a
diversas razões, tais como: altas taxas de
crescimento populacional e elevada
densidade demográfica; migração e
urbanização não planejada; degradação
ambiental e possivelmente a mudança do
clima global.
O grande alcance dos impactos
socioeconômicos dos desastres naturais
causou uma mudança na abordagem política
para lidar com o conceito de risco nas
sociedades modernas.
Segundo a OMM cerca de 90% dos
desastres naturais estaria relacionado a
fenômenos do tempo, clima e das águas. O
ano de 2005 foi marcado por secas
prolongadas em várias partes do mundo,
incluindo o Brasil. Números recordes de
furacões devastadores foram registrados no
Oceano Atlântico, no hemisfério norte. No
final de 2004, a devastação provocada pelo
R
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42
Tsunami, na Ásia, no Oceano Índico, atingiu
proporções poucas vezes registradas na
história da humanidade. No Brasil, o ciclone
Catarina, em março de 2004, deixou a
comunidade científica apreensiva quanto à
ocorrência de novos eventos do gênero.
Comparando as duas últimas
décadas, o número de pessoas que
morreram em desastres naturais e não-
naturais foi maior na década de 1980
(86.328 ao ano) do que na década de 1990
(75.252 ao ano).
No entanto, mais pessoas foram
afetadas por desastres na década de 1990 –
de uma média de 147 milhões ao ano na
década de 1980 para 211 milhões de
pessoas anualmente na de 1990. Embora o
número de desastres geofísicos tenha
permanecido bem constante, o número de
desastres hidrometeorológicos (causados
pela água e pelo clima) aumentou (Figura
1).
Na década de 1990, mais de 90%
das vítimas de desastres naturais morreram
em eventos hidrometeorológicos, como
secas, tempestades de vento e inundações.
Embora as inundações tenham sido
responsáveis por mais de dois terços das
pessoas afetadas por desastres naturais,
essas são menos fatais do que muitos outros
tipos de desastres e equivalem a apenas
15% das mortes.
Através da figura acima se pode
observar uma crescente freqüência de
“grandes” desastres naturais.
As catástrofes são consideradas de
grandes proporções quando a capacidade de
reação de uma dada região estiver
comprometida, onde há necessidade de
assistência inter-regional ou internacional,
como normalmente ocorre em situações que
envolvem milhares de mortos, centenas de
milhares de desabrigados ou quando o país
sofre uma significativa perda econômica.
Cabe ressaltar que as comunidades
dos países em desenvolvimento sofram
diversos desastres em escala local, como
incêndios florestais, pequenas inundações,
secas e infestações, normalmente esses
eventos não se refletem nas estatísticas de
desastres.
Cerca de 75% das principais
catástrofes naturais do mundo entre 1970 e
1997 ocorreram na região da Ásia e Pacífico,
a maior parte em países em
desenvolvimento assolados pela pobreza.
Tem havido uma tendência geral ascendente
no número de desastres naturais devido a
eventos hidrometeorológicos (como ciclones
e inundações) na região, enquanto desastres
geofísicos, como erupções vulcânicas,
terremotos e maremotos permaneceram
bastante constantes.
Os desastres mais dispendiosos em
termos puramente financeiros e econômicos
são as inundações, os terremotos e as
tempestades de vento, mas eventos como
seca e fome podem ser mais devastadores
em termos de vidas humanas. Embora os
terremotos tenham sido responsáveis por
30% dos danos calculados, causaram apenas
9% de todas as fatalidades por desastres
naturais. Em contraste, a fome causou a
morte de 42%, mas foi responsável por
somente 4% dos danos na última década.
Em 1999, calculou-se que as perdas
financeiras globais devido a eventos
catastróficos naturais excederam US$ 100
bilhões – a segunda quantia mais alta já
registrada (Figura 2).
Um total de 707 eventos de grande
magnitude foi registrado em comparação
com 530 a 600 eventos nos anos anteriores.
É ainda mais surpreendente que o
número de grandes eventos catastróficos na
última década tenha triplicado, em
comparação com a década de 1960,
enquanto o índice de perdas econômicas
tenha aumentado quase nove vezes durante
o mesmo período.
Figura 1 -
Número de
grandes
desastres
naturais por
ano, 1950-
2001. Fonte:
Munich Re,
2001 apud
PNUMA,
2004.
43
Em caso de desastre, os países
menos desenvolvidos, com diversidade
econômica limitada e infra-estrutura
precária, não somente estão obrigados a
depender em grande parte da ajuda
internacional, mas suas economias também
precisam de mais tempo para se recuperar.
Ao contrário, nas economias desenvolvidas,
os governos, as comunidades e as pessoas
têm uma maior capacidade de lidar com
desastres.
Desde 1991, mais da metade de
todos os desastres registrados ocorreu em
países com níveis médios de
desenvolvimento humano. Entretanto, dois
terços das vítimas foram de países com
baixos níveis de desenvolvimento humano,
enquanto apenas 2% foram de países
altamente desenvolvidos. O efeito do
desenvolvimento sobre os desastres é
drástico: em média, 22,5 pessoas morrem
por desastre registrado em países altamente
desenvolvidos, 145 morrem por desastre em
países com desenvolvimento humano médio,
e 1.052 pessoas morrem por desastre em
países com baixos níveis de
desenvolvimento.
Em vista disso foi que a OMM propôs
este ano o tema "Prevendo e Mitigando os
Desastres Naturais". A escolha foi feita em
reconhecimento ao fato, que 90% de todos
os desastres naturais estão relacionados ao
tempo, clima e água e, também, pelo papel
vital desempenhado pela OMM e os Serviços
Nacionais de Meteorologia e Hidrologia
(SNMH).
Desastres Antrópicos
Vários acidentes de grande
importância envolvendo produtos químicos e
materiais radioativos chamaram a atenção
mundial para os perigos da má
administração, particularmente nos setores
de transporte, de produtos químicos e de
energia nuclear. Tais eventos
freqüentemente têm impactos que
transcendem as fronteiras nacionais;
ressaltam também o fato de que as questões
relativas à segurança tecnológica não dizem
respeito somente aos países desenvolvidos.
Alguns desastres resultaram na
introdução de normas voluntárias ou
obrigatórias elaboradas para prevenir
ocorrências similares.
A preocupação do público após a
explosão em uma fábrica de pesticidas em
Seveso, Itália, ocorrida em 1976, que
resultou na liberação de tetraclorodibenzop-
dioxina (TCDD), levou à introdução, em
1982, de uma Diretriz Européia sobre os
riscos de acidentes de grandes proporções
quanto a certas atividades industriais. De
forma similar, outros grandes acidentes,
como o vazamento de metil isocianato em
Bhopal, Índia, ocorrido em 1984, e o
incêndio em uma indústria química da
Sandoz na Basiléia, Suíça, em 1989,
estimularam legislações em muitos países
para prevenir e controlar incidentes com
produtos químicos.
Acidentes nucleares graves, como os
ocorridos em Three Mile Island, nos Estados
Unidos, em 1979, e em Chernobyl, em 1986,
não apenas geraram ações para fortalecer a
segurança nuclear e a preparação para
situações de emergência, como também
forçaram muitos países a abandonar ou
restringir severamente o desenvolvimento
do setor de energia nuclear.
O derramamento de petróleo do
Exxon Valdez, ocorrido no Alasca em 1989,
resultou em enormes danos ambientais e
econômicos e acelerou a produção, pela
Coalizão pela Economia Ambientalmente
Responsável (Coalition for Environmentally
Responsible Economics – CERES), dos
Figura 2 –
Custos
Econômicos
dos grandes
desastres
naturais
(Bilhões de
dólares), no
período de
1950 a
2000. Fonte:
Munich Re,
2001 apud
PNUMA,
2004.
44
“Princípios de Valdez”, um código de conduta
voluntário para o comportamento das
empresas em relação ao meio ambiente.
Os “Princípios de Valdez” orientam
as empresas quanto ao estabelecimento de
políticas ecologicamente firmes e exigem a
melhoria dos padrões empresariais de
segurança ambiental, assim como a tomada
de responsabilidade dos possíveis danos
ambientais por elas causados.
Embora a variabilidade climática seja
um fenômeno natural, a freqüência e a
gravidade crescentes dos eventos extremos
podem ser parcialmente atribuídas a
atividades humanas, como o desmatamento
e a gestão inadequada da terra e dos
recursos hídricos. Por exemplo, o
desmatamento de florestas tropicais na
África Central e Ocidental tem alterado o
clima local e os padrões pluviométricos e
aumentou o risco de ocorrência da seca. A
retirada de vegetação também pode
aumentar o escoamento e a erosão do solo.
A construção de represas e a
drenagem de áreas úmidas reduzem a
capacidade natural do meio ambiente de
absorver a água em excesso, ampliando os
impactos das inundações. Por exemplo, os
países na África Meridional sofreram
inundações devastadoras em 1999 e 2000,
que afetaram mais de 150 mil famílias.
A degradação de áreas úmidas como
as de Kafue, na Zâmbia, a construção de
represas, o desmatamento e o excesso de
pastoreio diminuíram a capacidade do meio
ambiente de absorver a água em excesso e
ampliaram o impacto das inundações.
Nas últimas três décadas, milhões de
africanos buscaram refúgio devido a
desastres naturais e antropogênicos que
causaram impactos tanto ambientais como
econômicos.
Ao fim de 2000, havia 3,6 milhões
de refugiados na África, 56% dos quais
abaixo de 18 anos de idade.
Freqüentemente, os refugiados se assentam
em ecossistemas frágeis, onde exercem uma
pressão considerável sobre os recursos
naturais, já que não têm outros meios para
sobreviver.
Na região da América Latina e
Caribe, incluindo o Brasil, os principais
perigos naturais são secas, furacões,
ciclones, tempestades tropicais, inundações,
maremotos, avalanches, deslizamentos de
terra e de lama, terremotos e atividade
vulcânica. Os acidentes associados à
mineração e a derramamentos de petróleo
representam os principais desastres
causados por atividades antrópicas na
região.
Registrou-se um total de 65.260
mortes em virtude de desastres naturais
nesta região durante a década de 1990. As
mortes resultaram principalmente de
inundações (54%), epidemias (18,4%),
tempestades, ciclones e furacões (17,7%),
terremotos (5,2%) e deslizamentos de terra
(3,2%).
Considerando o fato de que as
inundações e os deslizamentos de terra são
freqüentemente associados a tempestades e
furacões, os números indicam que 3/4 do
total de perdas humanas devido a desastres
naturais na região têm origem
hidrometeorológica.
Na região da América Latina e do
Caribe, o evento hidrometeorológico mais
conhecido é o fenômeno El Niño, cujos
impactos podem ser graves. Por exemplo,
após a ocorrência do El Niño em 1983, o PIB
do Peru caiu em 12%, principalmente devido
a uma redução na produção agrícola e na
indústria pesqueira. Os danos nos países da
Comunidade Andina (Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru e Venezuela) causados pelo El
Niño de 1997/1998 foram calculados em
mais de US$ 7,5 bilhões.
O número de mortes causadas por
desastres caiu consideravelmente entre
1972 e 1999, coincidindo com a tendência
global. O total de fatalidades na década de
1990 foi menor do que um terço do
registrado na década de 1970, enquanto o
número de pessoas feridas caiu para quase a
metade (após aumentar em
aproximadamente 30% na década de 1980).
Essa tendência pode ser explicada
pela ocorrência de menos terremotos graves
em áreas densamente povoadas ou
altamente vulneráveis, bem como pelo
estabelecimento de sistemas de alerta
antecipado e medidas de preparação para
casos de desastre em alguns países nos
últimos trinta anos.
Portanto, a degradação e as
mudanças ambientais estão se tornando
cada vez mais importantes, em relação tanto
à ocorrência como aos impactos de
desastres naturais.
45
Mudanças Climáticas e Aumento de
Eventos Severos Extremos
Diversos especialistas associam a
tendência atual observada em eventos
climáticos extremos com um aumento da
temperatura média global. Muitas partes do
mundo sofreram enormes ondas de calor,
inundações, secas e outros eventos
climáticos extremos.
Embora eventos individuais, como os
fenômenos relacionados ao El Niño, não
possam ser associados diretamente à
mudança antropogênica do clima, prevê-se
que a freqüência e a magnitude desses tipos
de eventos aumentem em um mundo mais
quente.
As mudanças na temperatura média
global “muito provavelmente’ afetarão
parâmetros como padrões de precipitação,
velocidades dos ventos, umidade do solo e
cobertura vegetal, que parecem influenciar a
ocorrência de tempestades, furacões,
inundações, seca e deslizamentos de terra.
Por exemplo, a extensão dos danos
causados por marés de tempestades pode
ser associada diretamente às variações do
nível do mar.
A maioria dos países da sub-região
do Noroeste do Pacífico e da Ásia Oriental e
os países insulares do Pacífico estarão
particularmente vulneráveis à mudança do
clima e à elevação associada do nível do
mar, porque muitos assentamentos
humanos e grande parte da infra-estrutura
industrial estão localizados em áreas
costeiras ou baixas.
Para os pequenos países insulares
em desenvolvimento, a mudança do clima e
eventos meteorológicos extremos também
podem ter impactos drásticos sobre a
biodiversidade terrestre, os cultivos de
subsistência e as fontes florestais de
alimentos.
Acredita-se que a interrupção e a
intensificação do ciclo hidrológico da Terra
seja um dos efeitos fundamentais da
mudança do clima.
É possível que já ocorram mudanças
nas condições hidrológicas da América do
Norte, conforme demonstrado pelo aumento
nos níveis anuais médios de precipitação nos
últimos trinta anos. Nos Estados Unidos, o
nível médio de umidade na atmosfera
aumentou 5% por década entre 1973 e
1993. A maior parte desse aumento se deve
a chuvas mais intensas que resultaram em
inundações e tempestades.
De acordo com alguns modelos de
mudança do clima, prevê-se o aumento da
magnitude, da freqüência e do custo de
eventos hidrológicos extremos em algumas
regiões da América do Norte.
Os efeitos previstos da mudança
climática incluem as mudanças no fenômeno
El Niño. Acredita-se que um evento El Niño
extraordinariamente forte ocorrido em 1997-
1998 tenha sido responsável por inundações
graves na Flórida, na Califórnia, em alguns
estados da região central dos Estados Unidos
e em partes do estado de New England.
Os efeitos projetados do
aquecimento global, como eventos climáticos
mais extremos e a elevação do nível do mar,
deverão multiplicar as perdas potenciais,
pois uma em cada três pessoas – cerca de
dois bilhões – vive hoje a 100 quilômetros
de um litoral. Treze das 19 mega-cidades
mundiais (com mais de dez milhões de
habitantes) se localizam em áreas costeiras.
Previsões atuais em relação ao
aumento do nível o mar nos próximos cem
anos indicam que os assentamentos
humanos no Golfo da Guiné, no Senegal, na
Gâmbia, no Egito e ao longo da costa
oriental da África, incluindo as ilhas do
Oceano Índico Ocidental, correm grande
risco de inundação e recuo de terras.
O Delta do Nilo, por exemplo,
sofreria enormes prejuízos econômicos
devido a inundações e contaminação por
água salgada, pois o Delta responde por
45% da produção agrícola nacional e por
60% da produção pesqueira nacional.
Também se prevê que a temperatura
do mar aumente em função das mudanças
climáticas globais, o que poderá danificar os
ecossistemas de recifes de coral e as
atividades econômicas que sustentam.
O Painel Intergovernamental sobre a
Mudança Climática (IPCC), organismo da
ONU, calcula que os impactos futuros de
eventos climáticos extremos afetarão
desproporcionalmente as populações pobres.
Vietnã e Bangladesh, por exemplo, estão
projetados a perder mais de 70.000 km
2
de
terra, afetando cerca de 32 milhões de
pessoas.
Os países ricos também não serão
poupados. Todo o litoral do Mediterrâneo é
particularmente vulnerável à elevação do
nível do mar, como também os litorais do
Atlântico e do Golfo, nos Estados Unidos.
Entretanto, a mudança e a
variabilidade do clima, por si sós, não
explicam o aumento dos impactos relativos a
desastres. “Natural” pode ser uma descrição
enganosa para desastres como secas,
inundações e ciclones que afligem grande
parte do mundo em desenvolvimento.
46
Perspectivas para Prevenção e Redução
de Desastres Naturais
Estudo elaborado pelo PNUMA, em
2004, mostra um número crescente de
governos e organizações internacionais que
estão promovendo a redução dos riscos
como a única solução sustentável para
reduzir os impactos sociais, econômicos e
ambientais dos desastres. Estas estratégias
de redução dos riscos incluem:
mapeamento da vulnerabilidade;
identificação de áreas seguras para
assentamentos e desenvolvimento;
adoção de códigos de construção com
base na engenharia de resiliência a
desastres e nas avaliações de riscos e
perigos locais; e
adoção desses planos e códigos por meio
de incentivos econômicos e de outras
naturezas.
Outra ação importante foi a criação
do programa de Conscientização e
Preparação para Emergências em Âmbito
Local (APELL) pelo PNUMA. O programa
APELL, desenvolvido em conjunto com
governos e com o setor industrial, reconhece
que a incidência e os efeitos dos desastres
ambientais podem ser reduzidos por meio de
iniciativas de prevenção e preparação em
âmbito local.
A estratégia do PNUMA inclui a
promoção de processos e tecnologias de
produção mais limpa e ajuda os países a
estabelecerem centros de produção mais
limpa.
A experiência mostrou os efeitos
positivos do planejamento e da criação de
competências institucionais. Um item
fundamental é fortalecer e padronizar
métodos de produção de dados em âmbito
regional, não apenas para evitar
inconsistências durante casos de
emergência, mas também para avaliar as
perdas.
São igualmente relevantes os
esforços para identificar a vulnerabilidade
dos territórios e das populações quando
enfrentam perigos naturais e causados por
atividades antrópicas.
As medidas preponderantes em caso
de desastres referem-se à administração do
risco, que possui um elemento crescente de
participação local e comunitária e utilizam de
forma não centralizada as organizações não
governamentais e os grupos de cidadãos.
Dentro dessa estrutura, surge uma
nova visão: o processo de desenvolvimento
deve reduzir o risco, por meio da diminuição
da vulnerabilidade social, econômica e
ambiental das populações e dos territórios.
Há muito tempo se faz necessário
identificar as causas antrópicas primárias e
defender mudanças estruturais e políticas
para combatê-las. Por exemplo, a destruição
do meio ambiente natural devido à
exploração madeireira ou a usos
inadequados da terra para obter ganhos
econômicos em curto prazo é um dos fatores
que promovem inundações ou deslizamentos
de lama.
Similarmente, a migração da
população para áreas urbanas e costeiras
aumenta a vulnerabilidade humana à medida
que as densidades populacionais aumentam,
a infra-estrutura fica sobrecarregada, as
áreas habitacionais movem-se para perto de
indústrias potencialmente perigosas, e mais
assentamentos são construídos em áreas
frágeis como planícies de inundação ou áreas
propensas a deslizamentos de terra.
Conseqüentemente, as catástrofes
naturais afetam mais pessoas, e ocorrem
mais perdas econômicas. Por exemplo,
apesar do fato da atividade sísmica ter
permanecido constante nos últimos anos, os
efeitos dos terremotos sobre a população
urbana parecem aumentar.
Embora os riscos naturais não
possam ser evitados, a conjugação da
avaliação de risco e avisos precoces com
medidas de prevenção e mitigação pode
evitar que eles se transformem em
desastres. Isso significa que podem ser
tomadas medidas para reduzir
consideravelmente a conseqüente perda de
vidas e os prejuízos socioeconômicos. A
prevenção e mitigação dos desastres
naturais resultam no valor incomensurável
da salvaguarda de vidas.
47
Até hoje, a maior parte das reações
aos desastres se concentra na melhoria das
previsões meteorológicas antes dos eventos
e na prestação de ajuda humanitária após –
ambos os quais salvaram inúmeras vidas.
"Todavia, os esforços mitigadores de longo
prazo freqüentemente são ignorados tanto
pelo público como pelos políticos," declara
Janet Abramovitz, Pesquisadora Sênior e
autora de livro Unnatural Disasters.
Em seu livro Abramovitz sugere
várias medidas mitigadoras específicas, tais
com ao invés de subsidiar práticas de
desenvolvimento e assentamentos
ambientalmente inseguras, os governos
deveriam direcionar novas ações longe do
caminho do perigo.
Apesar de todos sermos de alguma
forma vulneráveis aos impactos ambientais,
a capacidade das pessoas e das sociedades
de se adaptarem às mudanças e de
enfrentá-las é bastante variada.
Os países em desenvolvimento,
particularmente os menos abastados, têm
menor capacidade de adaptação a mudanças
e são mais vulneráveis às ameaças
ambientais e à mudança global, assim como
a outras pressões. Essa condição é mais
extrema entre as pessoas mais carentes e os
grupos desfavorecidos, como as mulheres e
as crianças.
Assim, se faz necessários que todos
os organismos existentes, sejam nacionais e
internacionais, tenham em mente que as
atividades devem vir não apenas em termos
de recursos financeiros, mas também em
ações de treinamento de recursos humanos
e de elaboração de planos para apoiaram as
ações de emergência e reconstrução.
Além disso, também deverão existir
investimentos em prevenção e mitigação,
para diminuir a vulnerabilidade aos
desastres naturais.
Deverão ser criadas redes de
cooperação e informação entre os países,
regiões, estados e municípios, e alianças
estratégicas com outras organizações
multilaterais, instituições científicas e
técnicas e organizações não-
governamentais, para compartilharem ações
e planos estratégicos sobre prevenção de
desastres naturais e resposta a emergências.
Estes órgãos também devem criar
iniciativas de prevenção e mitigação de
desastres naturais e atividades regionais de
conscientização sobre desastres naturais,
objetivando melhorar a qualidade da
informação meteorológica e
hidrometeorológica em diversas escalas
internacional, nacional e regional e estimular
à criação de programas contra riscos de
catástrofes.
Para encerrar deixamos como
reflexão a frase do editor e jornalista
responsável do Jornal do Meio Ambiente,
Vilmar Berna: “Nada vive isolado na
natureza.
Assim como influenciamos no meio,
somos influenciados por ele. Um ser
depende do outro para sobreviver. Não
existem seres mais ou menos importantes
para o conjunto da vida no planeta. A única
coisa importante é a rede de relações que
todos os seres vivos mantêm entre si e com
o meio em que vivem. Rompida esta ‘teia’,
ou diminuída em sua capacidade, a vida
corre perigo”.
Os Editores
Para saber mais:
PNUMA, 2004. Perspectivas do Meio
Ambiente Mundial GEO-3. Terceiro
Relatório do PNUMA. PNUMA, IBAMA, UMA.
IPCC, 1998. The Regional Impacts of
Climate Change: An Assessment of
Vulnerability. IPCC Special Report.
Cambridge: Cambridge University Press.
IPCC, 2001. Climate Change 2001:
The Scientific Basis. Contribution of
Working Group I to the Third Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on
Climate Change. Cambridge: Cambridge
University Press.
48
ala de Leitura
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BIOMETEOROLOGIA: ESTUDO DE
CASOS EM MACEIÓ, ALAGOAS
Editora Fundação Manoel Lisboa: Secretaria
de Planejamento do Estado de Alagoas
Prof. José Clênio Ferreira de Oliveira
O livro Biometeorologia: Estudo de
Caso em Maceió, Alagoas do professor José
Clênio F. de Oliveira, Instituto de Ciências
Atmosféricas da Universidade Federal de
Alagoas foi lançado em 23 de março deste ano.
Este livro nasceu da dissertação de mestrado
do autor, que consiste na determinação dos
efeitos de variáveis meteorológicas, sobre a
saúde e qualidade de vida da população da
cidade de Maceió, AL, Brasil.
Foi elaborada fundamentando-se em
dois eixos centrais: os efeitos diretos da
precipitação pluviométrica na qualidade de vida
urbana da cidade de Maceió, Alagoas, e os
efeitos diretos e indiretos das variáveis
meteorológicas na saúde da população da
cidade de Maceió, Alagoas.
Analisa também os anos entre 1995 e
2003 em que ocorreram altos riscos climáticos
devido à ocorrência de elevado índice
pluviométrico na cidade.
Maiores Informações podem ser obtidas com:
Prof. Roberto Lyra, e-mail: [email protected]
.
TERRÆ DIDATICA
Periódico Publicado pela UNICAMP
O Instituto de Geociências (IG) da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
acaba de lançar o periódico Terræ Didatica,
destinado à divulgação de materiais didáticos,
recursos educativos e informações de interesse
geral para as comunidades de geologia,
geografia e educação.
A publicação é editada em formato
eletrônico. A primeira edição, com 96 páginas,
já está disponível na internet. Os textos podem
ser baixados gratuitamente de três formas:
apenas resumos, artigos completos ou a revista
na íntegra, com todas as imagens e textos.
Segundo o editor-chefe da revista,
Celso Dal Ré Carneiro, o objetivo central da
Terræ Didatica é estimular o intercâmbio de
experiências pedagógicas entre as
comunidades de diversas áreas da geociência e
educadores do ensino fundamental e médio.
De acordo com Carneiro, o noticiário
dos acontecimentos recentes mostra o
interesse direto no estudo das causas e efeitos
de terremotos, tsunamis, enchentes,
deslizamentos de terras e outros fenômenos.
“Algum grau mínimo de conhecimento sobre
ciências da Terra passou a fazer parte da
bagagem de qualquer cidadão. Esses conceitos
nos ajudam a conviver melhor com fatores que
podem nos atingir, uma vez que afetam a
sobrevivência da espécie no planeta Terra”,
afirmou o editor da Terræ Didatica.
Mais informações em:
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