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Mais recentemente, em 2006, Veja, mais uma vez é incisiva no assunto, apresentando
“A verdade sobre as dietas”. O enunciador anuncia os resultados de uma investigação que
coloca como a grande vilã de todos os tempos, a gordura, numa posição até então, não vista: a
de que esta não faz mal à saúde, a partir de estudo feito nos Estados Unidos. No subtítulo: “O
que você come tem, sim, enorme influência no seu bem-estar e na força do corpo para evitar
doenças”. E ao lado deste: “As falhas da megapesquisa americana que concluiu que ingerir
gorduras não faz mal ao coração e nem causa câncer”.
Veja questiona a pesquisa apoiada na opinião de especialistas brasileiros, criticando as
técnicas de coleta de dados americana, conforme pode-se constatar no início da reportagem:
Na semana passada, foi publicado pela Associação Médica Americana o maior
estudo já realizado no mundo para avaliar o papel da dieta pobre em gorduras na
prevenção de doenças cardíacas e câncer. O resultado surpreendeu porque está na
contramão de todas as evidências recolhidas até hoje sobre a influência dos
alimentos na manutenção da saúde. Segundo seus autores, comer pouco e se fiar
em refeições escassas em gorduras e ricas em grãos, frutas, verduras e legumes
não garante a redução dos riscos de distúrbios cardiovasculares e tumores
colorretais e de mama. O trabalho, que consumiu 415 milhões de dólares dos
cofres do governo americano, faz parte de uma pesquisa mais ampla, a Women's
Health Initiative. (Veja, edição nº 1943, de15/02/06)
[...]Os especialistas que questionam a validade dos dados divulgados agora
acreditam que o tempo de estudo – oito anos – é insuficiente para descartar
possíveis benefícios da dieta a longo prazo. Outro ponto duvidoso é expandir
para a população como um todo os dados obtidos por meio da análise restrita a
mulheres com idade acima de 50 anos e na pós-menopausa. Além disso, os
pesquisadores recomendaram a redução do consumo total de gorduras e não
diferenciaram, na análise, os subtipos de gordura presentes na dieta. Sabe-se que
as gorduras saturadas e trans são extremamente danosas à saúde e aumentam os
riscos de infarto, derrame e diabetes, mas gorduras poliinsaturadas protegem as
artérias e possuem ação antioxidante, o que reduz os riscos de formação de
tumores malignos. Há ainda outro problema: o desenho inicial do estudo previa
uma diminuição de 20% no consumo de gorduras, mas as pacientes não
conseguiram atingir a meta. No primeiro ano, a redução foi de apenas 10,7%. No
sexto ano de acompanhamento, a taxa foi ainda menor: 8%. "Todas essas