
conteúdo do seu programa político do «Frankfurter Zeitung»
(1)
, periódico democrático pequeno-burguês?
E como podem, neste mesmo programa, incluir-se, pelo menos, sete reivindicações que, directa e
literalmente, coincidem com o programa do Partido Popular e com o da democracia pequeno-burguesa?
Refiro-me às sete reivindicações políticas numeradas de 1 a 5 e de 1 a 2 entre as quais não há uma só que
não seja democrático-burguesa
(2)
.
Em segundo lugar, renega-se, praticamente por completo, para o presente, o princípio do
internacionalismo do movimento operário, e isto fazem-no homens que, durante cinco anos e nas mais
duras circunstâncias, defenderam, dum modo glorioso, este princípio! A posição que os trabalhadores
alemães ocupam hoje à cabeça do movimento europeu deve-se, essencialmente, à atitude autenticamente
internacionalista mantida durante a guerra
(3)
; nenhum outro proletariado se teria comportado tão bem. E
vão agora renegar este princípio, no momento em que, em todos os países do estrangeiro, os operários o
reafirmam com o mesmo vigor com que os governos tratam de reprimir todo e qualquer intento de impô-
lo numa organização? O que fica em pé do internacionalismo do movimento operário? A pálida
perspectiva, não já duma futura acção conjunta dos trabalhadores europeus para a sua emancipação, mas
de uma futura «fraternidade internacional dos povos», dos «Estados Unidos da Europa» dos burgueses da
Liga para a Paz!
Não havia, naturalmente, razão para falar da Internacional como tal. Mas, pelo menos, era preciso não dar
nenhum passo atrás em relação ao programa de 1869; e podia dizer-se, por exemplo, que, ainda que o
Partido Operário Alemão seja obrigado a actuar, antes de mais, dentro das fronteiras do Estado de que faz
parte (não tem o direito de falar em nome do proletariado europeu, nem, muito menos, o de dizer coisas
falsas), tem consciência da sua solidariedade para com os trabalhadores de todos os países e estará sempre
disposto a continuar, como até agora, cumprindo os deveres que tal solidariedade impõem. Estes deveres
existem embora se não considerem nem proclamem como parte da Internacional. São, por exemplo: os
auxílios, em caso de necessidade; a oposição ao envio de operários estrangeiros que substituam os
grevistas em caso de greve; as medidas tomadas para que os órgãos do Partido informem os trabalhadores
alemães sobre o movimento operário no estrangeiro; a agitação contra as guerras ou ameaças de guerra,
provocadas pelas chancelarias; a atitude a observar, durante essas guerras, como assumida e
exemplarmente pelo proletariado alemão em 1870-1871, etc..
Em terceiro lugar, a nossa gente deixou que lhe impusessem a «lei de bronze do salário» lassalliana,
baseada numa concepção económica inteiramente caduca, a saber: que o trabalhador não recebe, em
média, mais do que um salário mínimo e isto porque, segundo a teoria malthusiana da população, há
sempre trabalhadores de sobra (era esta a argumentação de Lassalle). Ora bem: Marx demonstrou,
minuciosamente, em O CAPITAL, que as leis que regulam os salários são muito complexas, que tão
depressa predomina um factor como outro, segundo as circunstâncias; que, portanto, esta lei não é, de
modo algum, de bronze, mas, pelo contrário, muito elástica, e que o problema não pode ser resolvido
assim, em duas palavras, como pensava Lassalle. A fundamentação que Maltus dá da lei de Ricardo
(falseando este último), tal como pode ver-se, por exemplo, citada noutro folheto de Lassalle, no «Manual
do trabalhador», página 5, foi refutada, com todo o pormenor, por Marx, no capítulo sobre «a acumulação
do Capital». Assim, pois, ao adoptar a «lei de bronze» de Lassalle, pronunciaram-se a favor dum princípio
falso e duma demonstração falaciosa.
Em quarto lugar, o programa, propõem como única reivindicação social, a ajuda estatal lassalliana, na sua
forma mais descarada, tal como Lassalle a plagiou de Buchez. E isto depois de Bracke ter demonstrado
sobejamente a inocuidade dessa reivindicação
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, depois de quase todos, se não todos, os oradores do
nosso partido se terem visto obrigados, na sua luta contra os lassallianos, a combatê-la. Não poderia o
nosso partido chegar a maior humilhação. O internacionalismo rebaixado ao nível dum Armand Goegg, o
socialismo à altura dum republicano burguês, Buchez, que apresentava esta reivindicação diante dos