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MARTA ASSUNÇÃO ALVES
CARACTERIZAÇÃO E ASPECTOS PÓS-COLHEITA DOS
FRUTOS DE OPUNTIA FICUS-INDICA (L.) MILLER
ORIUNDOS DE ARCOVERDE - PERNAMBUCO
RECIFE – 2008
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2
MARTA ASSUNÇÃO ALVES
CARACTERIZAÇÃO E ASPECTOS PÓS-COLHEITA DOS
FRUTOS DE OPUNTIA FICUS-INDICA (L.) MILLER
ORIUNDOS DE ARCOVERDE - PERNAMBUCO
Tese apresentada ao colegiado do Programa
de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal
de Pernambuco, para obtenção do Grau de
Doutor.
Orientadora: Nonete Barbosa Guerra
Co-orientadora: Samara Alvachian Cardoso Andrade
Recife - 2008
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4
Olhe para o alto ...
Olhe para o alto e veja a sua montanha
A montanha que está aí, dentro de você!
São imensos os desafios, os medos, a descrença,
os conflitos, as dúvidas, as inseguranças.
Mas você tem dentro de si forças poderosas
que precisam ser despertadas!
Olhe para o Alto e ouse ser aquilo que você deseja ser.
Olhe para o alto e ouse ter grandes esperanças,
acreditando poder transformar sonhos em realidade.
Olhe para o alto e ouse fazer de cada desafio
um motivo para reforçar em si o espírito de luta,
garra e determinação de vencer.
Por isso, esforce-se o mais que puder!
E quando chegar ao topo e olhar para baixo,
sentirá a satisfação de ter a montanha a seus pés,
e o prazer supremo da conquista.
(autor: desconhecido)
IV
5
DEDICO
Em especial, aos meus pais Carlos e
Violante, por me ensinarem a ter fé em
Deus, pelo eterno amor, apoio, força e
incentivo durante minha vida, através do
carinho e dedicação que contribuíram
para a execução desta pesquisa.
Às minhas filhas, Violante Lina e Joana
Carolina, pelo apoio, carinho extremo,
incentivo, confiança e paciência
demonstrada através da compreensão e
companheirismo em todas as horas.
Ao meu irmão Marcos, meus tios,
primos, cunhados, sobrinhos e sogra,
que apoiaram através de palavras de
força e confiança, e sempre acreditaram
neste trabalho.
V
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela graça da vida e por permitir a realização de mais uma etapa de
minha vida.
À Professora Nonete Barbosa Guerra, pela sua incansável paciência, amizade,
apoio, incentivo, orientação e contribuição à minha formação, científica e
pessoal, através de suas palavras de força.
À Professora Samara Alvachian Cardoso Andrade, pela co-orientação, apoio e
incentivo para a realização deste trabalho, através de suas sugestões,
experiências e principalmente amizade.
Ao IPA (Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária), na pessoa do seu
Presidente, pelo incentivo e apoio técnico prestado no transcorrer desta pesquisa.
Às Doutoras Rita de Cássia A. P. Galindo e Maria Cristina Lemos da Silva, e
aos Doutores Antônio Félix da Costa, Hélio de Almeida Burity, Djalma
Cordeiro dos Santos, Iderval Farias, Rildo Sartori B. Coelho, Ildo Eliezer
Lederman, João Emmanuel Fernandes Bezerra e Luiz Gonzaga Biones Ferraz e
Antônio Raimundo de Souza pela confiança, orientação, incentivo, apoio e
suporte técnico prestado no transcorrer desta pesquisa.
Às Professoras Silvana Magalhães Salgado, Alda Verônica de Souza Livera e
Margarida Angélica Vasconcelos, pela amizade, orientação, sugestões, atenção e
apoio incondicional durante esta caminhada.
Aos donos das propriedades, que acreditaram na importância do trabalho e
forneceram os frutos, que compuseram a amostra, para sua realização.
VI
7
Às funcionárias da biblioteca do IPA, em especial Almira e Sônia, pela amizade,
presteza, empenho, gentileza e apoio técnico dispensado constantemente durante
a realização deste trabalho.
Aos funcionários e amigos do Laboratório de Experimentação e Análises de
Alimentos (Leaal) do Departamento de Nutrição – UFPE, cuja solidariedade e
suporte técnico permitiram a realização dos experimentos.
Aos Professores da Área de Alimentos, que forneceram, através de suas
experiências, informações técnicas e palavras de força para a execução deste
trabalho.
A Cristina Malta, pelo auxílio na revisão do português e na padronização das
referências bibliográficas.
À Secretária de Pós – Graduação Necy, por estar sempre disponível a nos ajudar
e orientar.
A todos, tios, cunhados, amigos e em especial ao meu irmão, Marcos Assunção,
Guiomar, Graciete e Letícia Maria do Nascimento, Idalina Pontes Assunção,
Antônio José e Marta Ferreira Alves, Maria do Carmo e Antônio Alves, Luíza
Maria e José Edmilson de Melo, que contribuíram, direta ou indiretamente, para
a realização deste trabalho.
Ao amigo Josué Francisco da Silva Júnior, pela sua incansável colaboração,
força e apoio em todos os momentos.
Às amigas Karla Suzanne Damasceno, Andréa Carla Mendonça de Souza e
Maria do Socorro Furtado Bastos, pelo apoio, amizade e atenção em todos os
momentos vividos durante a execução deste trabalho.
VII
8
A todos os amigos, parentes, funcionários do IPA (da sede e das estações de
Ibimirim e Arcoverde) e aos funcionários da UFPE (Departamento de Nutrição),
que contribuíram, direta e indiretamente, para a execução deste trabalho.
VIII
9
SUMÁRIO
Pág.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................ 11
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 14
LISTA DE QUADROS E TABELAS................................................................. 17
RESUMO .............................................................................................................. 20
ABSTRACT .......................................................................................................... 22
1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................. 24
2 – REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 28
2.1 – As cactáceas ................................................................................................ 29
2.2 – Morfologia, fisiologia e composição química ........................................... 30
2.3 – Índices de colheita ...................................................................................... 36
2.4 – Tecnologia pós-colheita .............................................................................. 38
2.5 – Considerações finais ................................................................................... 43
2.6 – Referências bibliográficas .......................................................................... 44
3 – OBJETIVOS .................................................................................................. 49
3.1 – Geral. ............................................................................................................ 50
3.2 – Específicos ................................................................................................... 50
4 – PLANO DE TRABALHO ............................................................................. 51
5 – EXPERIMENTOS 53
5.1 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DOS
FRUTOS DE OPUNTIA FICUS-INDICA (L.) MILLER PRODUZIDOS
POR PLANTAS ADAPTADAS AO SEMI-ÁRIDO
PERNAMBUCANO ......................................................................
54
5.1.1 – Resumo ...................................................................................................... 55
10
5.1.2 – Abstract ................................................................................................... 56
5.1.3 – Introdução .................................................................................................. 57
5.1.4 – Material e métodos .................................................................................... 58
5.1.5 – Resultados e discussão ............................................................................... 61
5.1.6 – Conclusões ................................................................................................. 71
5.1.7 – Referências bibliográficas ......................................................................... 72
5.2 – OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PÓS-COLHEITA DE FRUTOS
DA OPUNTIA FICUS-INDICA (L.) MILLER .................................
77
5.2.1 – Resumo ...................................................................................................... 78
5.2.2 – Abstract ...................................................................................................... 79
5.2.3 – Introdução .................................................................................................. 80
5.2.4 – Material e métodos .................................................................................... 82
5.2.5 – Resultados e discussão ............................................................................... 87
5.2.6 – Conclusões ................................................................................................. 98
5.2.7 – Referências bibliográficas ......................................................................... 98
6 – CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................. 102
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 104
7 –. APÊNDICES ................................................................................................. 107
8 – ANEXOS ......................................................................................................... 109
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
12
AM - Atmosfera modificada
Anova- Análise de variância
ANR - Açúcares não redutores
AR - Açúcares redutores
AT - Açúcares totais
ATT - Acidez total titulável
C - Rendimento da casca
CAM - Metabolismo do ácido crasulaceano
D - Densidade
DAF - Dias após a floração
DL - Diâmetro longitudinal
DT - Diâmetro transversal
EC - Espessura da casca
EP - Espessura da polpa
F - Firmeza do fruto
IAL - Instituto Adolfo Lutz
IPA - Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária
MRS - Metodologia de superfície de resposta
MS - Matéria seca
N - Newton
NSF - Número de sementes fecundadas
PC - Peso da casca
PCA- Análise de componentes principais
PF - Peso do fruto
13
pH - Potencial hidrogênio iônico
PP - Perda de peso
PS - Peso das sementes
PSS - Peso da polpa sem semente
PVC - Cloreto de polivinila
R - Rendimento
S - Rendimento de sementes
SST - Sólidos solúveis totais
SST / ATT - Sólidos solúveis totais / Acidez total titulável
UP - Umidade da polpa
UR - Umidade relativa do ar
14
LISTA DE FIGURAS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
15
Pág.
Revisão da Literatura
Figura 1 - Planta e frutos da Opuntia ficus-indica no estádio de maturação
comercial, oriundos do município de Arcoverde - PE, 2006 ..............
30
Figura 2 - Aspectos externos e internos do fruto da O. ficus-indica .................... 31
Figura 3 - Aspectos externos do fruto de Opuntia ficus-indica em fase de
deterioração, colhidos em Ibimirim – PE, 2005 ............................
33
Figura 4 - Fruto de Opuntia ficus-indica colhido com pedaço do cladódio
(Ibimirim - PE, 2005) .........................................................................
38
Experimentos
I . Caracterização física, físico-química e química dos frutos de Opuntia
ficus-indica (L.) Miller produzidos por plantas adaptadas ao semi-árido
pernambucano
Figura 1 - Freqüência da coloração dos frutos de Opuntia ficus-indica no dia de
colheita, Arcoverde - PE, 2006 ...........................................................
62
Figura 2 - Morfologia e coloração dos frutos de Opuntia ficus-indica das
diferentes propriedades de Arcoverde – PE, 2006 .............................
66
Figura 3 - Pesos das variáveis nas duas primeiras componentes principais para
os parâmetros físicos, físico-químicos e químicos em Opuntia ficus-
indica (Propriedades 1, 2 e 3) ..............................................................
70
Figura 4 - Escores das amostras nos dois primeiros componentes principais para
os parâmetros físicos, físico-químicos e químicos em Opuntia ficus-
indica (Propriedades 1, 2 e 3) ..............................................................
71
16
II . Otimização das condições de pós-colheita de frutos da Opuntia ficus-
indica (L.) Miller
Figura 1 - Freqüência das cores dos frutos de Opuntia ficus-indica no tempo
zero e na saída do armazenamento ......................................................
88
Figura 2 - Curvas de contorno da propriedade 1, após aplicação dos tratamentos
em frutos de Opuntia ficus-indica .......................................................
95
Figura 3 - Curvas de contorno da propriedade 2, após aplicação dos tratamentos
em frutos de Opuntia ficus-indica .......................................................
96
Figura 4 - Curvas de contorno da propriedade 3, após aplicação dos tratamentos
em frutos de Opuntia ficus-indica .......................................................
97
17
LISTA DE QUADROS E TABELAS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
18
QUADRO
Pág.
Quadro 1. Composição química do fruto da Opuntia ficus-indica (L.) Miller ............ 35
TABELAS
Experimentos
I. Caracterização física, físico-química e química dos frutos de Opuntia ficus-
indica (L.) Miller produzidos por plantas adaptadas ao semi-árido
pernambucano.
Tabela 1- Escala estruturada de intervalos de cores ...................................................... 60
Tabela 2- Parâmetros físicos, físico-químicos e químicos dos frutos de Opuntia
ficus-índica cultivados em Arcoverde-PE, 2006 ............................................
63
Tabela 3- Coeficientes de correlação entre os parâmetros físicos, físico-químicos e
químicos dos frutos de Opuntia ficus-indica .................................................
65
II. Otimização das condições de pós-colheita de frutos da Opuntia ficus-indica
(L.) Miller
Tabela 1- Níveis decodificados e codificados das variáveis independentes utilizados
no delineamento experimental das condições pós-colheita de frutos
Opuntia ficus-indica (L.) Miller ....................................................................
85
Tabela 2 – Matriz de planejamento das condições de armazenamento pós-colheita de
frutos Opuntia ficus-indica (L.) Miller ..........................................................
86
Tabela 3 Escala estruturada de intervalos de cores .................................................... 87
Tabela 4 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica
colhidos na propriedade 1...............................................................................
91
19
Tabela 5 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica
colhidos na propriedade 2 ..............................................................................
91
Tabela 6 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica
colhidos na propriedade 3 ..............................................................................
92
Tabela 7 - Coeficientes de regressão e determinação da equação para as variáveis
dependentes durante o armazenamento pós - colheita dos frutos de Opuntia
ficus-indica (L.) Miller ...................................................................................
93
20
RESUMO
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
21
O desconhecimento da potencialidade da Opuntia ficus-indica (L) Miller (figo da índia)
como frutícola e a escassez de dados sobre o comportamento pós-colheita de seus frutos
motivou esta pesquisa, para avaliar o potencial comercial e tecnológico e otimizar as
condições pós-colheita dos frutos de três propriedades do semi-árido pernambucano. De
cada propriedade colheu-se, aleatoriamente, 150 unidades no estádio II - 1/2 maduro,
das quais, após seleção, 20 foram destinadas à caracterização física, físico-química e
química (experimento 1) e 62 aos ensaios pós-colheita (experimento 2), segundo o
planejamento fatorial 2
2
, cujas variáveis dependentes foram: temperatura e tempo (três
níveis) e as independentes, relacionadas aos parâmetros de qualidade, avaliadas no
tempo zero e ao final de cada período. Os dados do experimento 1, foram submetidos à
Anova, Análise de Componentes Principais e correlação de Pearson, e os do
experimento 2, à Metodologia de Superfície de Resposta. Foram observadas diferenças
significativas, entre as propriedades, relativas ao pH, acidez total titulável, sólidos
solúveis totais, relação sólidos solúveis totais / acidez total titulável, espessura de polpa
e relação diâmetro longitudinal / diâmetro transversal; estas diferenças exerceram maior
influência na qualidade e diferenciação entre os frutos da P2 e da P1, que também,
diferiram da P3. Os resultados do experimento 2 indicam que as melhores condições de
armazenamento, apresentadas pelos frutos da P3, foram: 10 ºC/ 10 dias e 15ºC / 30 dias,
na dependência do mercado. Os frutos da P3 apresentam, portanto, maior potencial para
consumo in natura, enquanto os da P2 para industrialização. A incorporação destas
plantas ao sistema produtivo contribuirá para a melhoria da renda do pequeno produtor
dessa região.
Palavras-chave: figo da índia, caracterização de frutos, tecnologia pós-colheita.
22
ABSTRACT
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
23
The lack of information about the Ountia ficus-indica (L) Miller (prickly pear) potential
as fructiferous species and the data scarcity about its fruits post-harvest behavior have
motivated this research to evaluate its commercial and technological potential.
Therefore, the experiment were carried out in 3 Pernambuco semi-arid properties. From
each property was collected, randomly, 150 samples at stage 2 (half mature), which,
after selection, 20 ones were destined to physical, physico-chemical and chemical
analysis. The first experiment(experiment 1) and the following 62 post-harvest analysis
(experiment 2), according to the factorial planning 2
2
, whose dependent variables were
temperature and time (3 levels) and the independents, related to quality parameters,
evaluated on the beginning and at the end of each time period. The experiment 1 data
were submitted to ANOVA, Main Components Analysis and Pearson’s correlation and
the experiment 2, the Surface Response Methodology. Significant differences were
observed between the properties related to the pH, total titratable acidity, total soluble
solids, total soluble solids relationship/total titratable acidity, thickness of pulp and
relationship of longitudinal diameter/transverse diameter; these differences exerted a
large influence on quality and differentiation among the fruits from P2 and P1 samples
and has differed from P3, as well. The result of experiment 2 indicates that at the best
storage conditions, showed in the sample P3, we have got: 10 ° C / 10 days and 15 º C /
30 days, depending on the market. The sample P3 was identified as having the greater
potential for waste in nature, while the P2 ones intended for industrialization. The
incorporation of this plant properties to productive system will contribute to improving
the regional small farmers gains.
Key word: prickly pear, characterization of the fruit, post harvest technology
24
1 INTRODUÇÃO
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
25
A Opuntia ficus-indica (L.) Miller é a palma forrageira mais estudada, utilizada
e difundida em regiões áridas e semi-áridas do planeta. A espécie pertence à família das
Cactaceae Juss., subfamília Opuntioidae e gênero Opuntia Mill, do qual foram
catalogadas aproximadamente 300 espécies, desde o Canadá até a Patagônia. No
México, já foram registradas 104 espécies e variedades (BARBERA, 2001; MANICA,
2002; NOBEL, 2001; SCHEINVAR, 2001). O interesse econômico por frutos dessa
planta tem aumentado de forma considerável nos últimos anos, levando a um aumento
da área cultivada, conseqüentemente ocorrendo uma maior oferta de frutos e outros
produtos no mercado mundial.
O futuro das zonas áridas e semi-áridas do mundo depende do desenvolvimento
sustentável de sistemas agrícolas apoiados em uma seleção adequada de cultivos
(BARBERA; INGLESE; PIMENTA-BARRIOS, 2001). Assim, a adaptação de espécies
frutíferas da Opuntia desponta como uma forte opção para um melhor aproveitamento
das áreas que se apresentam degradadas que precisam diversificar sua agricultura
(BICALHO; PENTEADO, 1982; MANICA, 2002). Esta pretensão tem como suporte
sua resistência à seca e a temperaturas elevadas; a adaptabilidade aos solos com
limitações de profundidade e fertilidade, além daqueles rochosos ou com textura difícil
para outros cultivos; a alta eficiência na utilização da água e seu fácil manejo,
proporcionando alimento para o homem, como ocorre em grande escala no México,
além da sua utilização como forragem (BARBERA; INGLESE; PIMENTA –
BARRIOS, 2001; MANICA, 2002).
Os generos Opuntia e Nopalea Salm-Dyck foram introduzidas no Brasil pelos
portugueses, em meados do século XVIII, com o objetivo de desenvolver a criação de
26
cochonilla. A partir de 1900 passou a ser utilizada como forragem, sendo instalados
campos de propagação. Três centros se destacaram na sua produção: Batalha, Major
Isidoro e Pão de Açúcar, respectivamente no Estado de Alagoas, Região do Agreste em
Pernambuco e Região dos Cariris Velhos na Paraíba (SOBREIRA FILHO, 1992). Das
inúmeras variedades de opuntia introduzidas no Nordeste, destinados à produção de
forragem, apenas três tiveram boa adaptação: a palma graúda ou gigante (Opuntia sp.);
a palma miúda (hoje Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck); e a palma redonda
(Opuntia sp.) (SOBREIRA FILHO, 1992).
Atualmente, no Brasil, são cultivados mais de 500.000 hectares de O. ficus-
indica, especialmente nas regiões áridas e semi-áridas dos estados nordestinos, nas
quais é intensa a utilização do cladódio como forragem para animais, enquanto o
consumo de seus frutos pela população, é restrito ao período de estiagem prolongada,
como complemento de sua alimentação (LIRA et al., 2004; LOPES; LIMA, 2007;
MANICA, 2002; SANTOS; LIRA; SILVA, 2006; SANTOS et al., 2006; FLOREZ-
VALDEZ, 2003).
O potencial da Opuntia ficus-indica como espécie frutícola não é muito
conhecido e seus frutos tampouco são apreciados pela população urbana local. Para
modificar este cenário, esforços devem ser envidados no sentido de selecionar espécies
mais adequadas às condições edafoclimáticas dessa região, determinar os tratos
culturais, o ponto ótimo de colheita e estabelecer tratamentos pós-colheita que
mantenham ao máximo as características organolépticas do fruto, de modo a garantir
um padrão de qualidade compatível com as exigências do mercado. A carência de
trabalhos científicos, realizados na Região Nordeste, sobre este fruto, bastante
27
valorizado no mercado internacional, abre um vasto campo de pesquisas voltadas para
sua caracterização e determinação das condições ótimas de pós-colheita.
28
2 REVISÃO DA LITERATURA *
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
* A revisão foi aceita em forma de artigo para publicação na Revista Iberoamericana de Tecnología
Postcosecha, conforme especificado no Anexo A.
29
As cactáceas
As cactáceas são ervas, arbustos e menos árvores, suculentas, ramificadas,
compostas de caules (artículos ou segmentos carnosos), com 60 – 150 cm de largura,
formado a partir do envelhecimento das palmas primárias que assumem uma
consistência lenhosa, suportando as demais (conhecidas como cladódios, raquetes ou
folhas) superpostas umas as outras, com altura média de 3 – 6 m, coroa larga, glabra, e
ovário ínfero, geralmente envolvido por hipanto (formado pelo receptáculo); frutos baga
(BARBERA, 2001; SOUZA; LORENZI, 2005). Constituem um grupo extremamente
diversificado, com um impressionante conjunto de estratégias adaptativas, evolutivas e
ecológicas que lhes conferem uma grande capacidade de desenvolvimento nos
diferentes habitat. Neste contexto, destacam-se os gêneros Opuntia e Nopalea, de ampla
distribuição em regiões áridas e semi-áridas, por serem as cactáceas mais exploradas no
que diz respeito ao potencial alimentar e forrageiro (BARBERA, 2001; REBMAN;
PINKAVA, 2001). Os cladódios da Opuntia sp. são utilizados como verduras e seus
frutos consumidos in natura ou constituem matéria-prima para o processamento de
diversos produtos.
Dentre as espécies do gênero, a O. ficus-indica (L) Miller (Figura 1) tem se
destacado como a mais estudada, utilizada e difundida nas regiões semi-áridas
(BARRIOS; URÍAS, 2001). Os principais produtores são: Itália, Chile, Israel,
Colômbia, Estados Unidos e, principalmente, o México, que também é o país com
maior variabilidade genética, disponibilidade de germoplasma, área cultivada e maior
consumo de frutos (CORRALES-GARCÍA; SILVA, 2005; FLORES-VALDEZ, 2002).
30
Marta Assunção Alves
Figura 1. Planta e frutos da Opuntia ficus-indica no estádio de maturação
comercial, oriundos do município de Arcoverde – PE, 2006.
Morfologia, fisiologia e composição química de Opuntia
Genericamente denominado de “tuna”, em espanhol, “prickly pear”, em inglês, e
“figo-da-índia”, em português, o fruto da O. ficus-indica (Figura 2) apresenta
morfologia idêntica à do cladódio, é doce e suculento, com um comprimento de 4,8 – 10
cm e largura de 4 – 8 cm. Seu tamanho é determinado em função do número de
sementes fecundadas e abortadas, e sua forma é de baga ovoidal, oblonga, globosa,
cilíndrica, piriforme; unilocular, polisperma e carnosa; umbilicada no extremo superior,
provida de um pericarpo coriáceo, em que se observam tufos de gloquídeos (pequenos
espinhos de celulose quase cristalina). O peso pode variar entre 100 – 200 gramas; deste
total, 30 – 40% representam o peso da casca, que nos estádios iniciais de
desenvolvimento é verde, mudando para branco – esverdeado, amarelo, laranja,
vermelho, púrpura, amarelo-arroxeado, até violáceo ou profundamente marrom, na
dependência da cultivar. Sua porção comestível (polpa), que corresponde a cerca de
31
45% do peso total, é suave, suculenta, translúcida, mucilaginosa, gelatinosa, aveludada,
açucarada, muito aromática quando madura, e possui numerosas sementes pequenas e
lenticulares, cujo peso total representa de 5 – 15% do fruto (MANICA, 2002;
RAMADAN; MÖRSEL, 2003).
Andréa Carla Mendonça de Souza
Figura 2. Aspectos externos e internos do fruto
da O. ficus-indica
A maturidade fisiológica desse fruto ocorre entre 70 e 110 dias após a floração
(DAF), podendo estender-se até 150 dias, na dependência da cultivar, do manejo
cultural, das condições edafoclimáticas e dos tratamentos pós-colheita. O ciclo de
desenvolvimento compreende três fases, caracterizadas por: aumento do peso fresco e
seco da casca; redução da taxa de crescimento global, acompanhada do
desenvolvimento das sementes e polpa e expansão da parte comestível, principalmente
ao longo das últimas 5 e 6 semanas que precedem a maturação (CORRALES-GARCÍA,
2003).
Embora ainda pouco conhecida, trabalhos sobre a fisiologia têm demonstrado
algumas particularidades dessa espécie e de seus frutos, como o fato de que apresentam
32
um uso da água 4 a 5 vezes mais eficiente que o de outras espécies, em termos de
conservação da água em matéria seca, devido ao mecanismo de fixação do dióxido de
carbono, denominado CAM (metabolismo do ácido crasulaceano), através do qual a
captação atmosférica ocorre no período noturno, ocasionando uma redução de perda de
água durante o dia, o que explica a aptidão dessa planta para se desenvolver em climas
xerófilos (NOBEL, 2001).
Quanto aos seus frutos, apresentam padrão respiratório do tipo não climatérico,
com taxa respiratória e atividade metabólica pós-colheita pouco elevadas, quando
comparados a frutos de outras espécies. Conforme Kader (2005), os frutos se
caracterizam por uma baixa atividade fisiológica e reduzida produção de etileno, menor
que 0.3 μL kg
-1
h
-1
a 20 °C, e por serem, aparentemente, insensíveis à exposição deste
gás. Quando colhidos no estádio de maturação comercial apresentam uma lenta redução
da taxa de respiração ao longo do tempo de armazenamento, comportamento
dependente, dentre outros fatores, da variedade (CANTWELL, 2001). Em frutos
verdosos, com 13,30 ºBrix, Berger et al. (1978) determinaram, no dia da colheita, uma
taxa respiratória de 72mg CO
2
/kg de fruta/hora, que atingiu 115mg no terceiro dia,
seguida de uma redução que se manteve mais ou menos constante, entre 10 - 30mg
CO
2
/kg de fruta/hora, sem registro de mudanças da coloração da casca.
Deste modo, a deterioração destes frutos (Figura 3) não é decorrente apenas de
sua fisiologia, mas, principalmente, dos danos físicos da casca, durante o manejo na
colheita e pós-colheita (CANTWELL, 2001). Altamente perecíveis, começam a
apresentar sinais de apodrecimento aos nove dias após a colheita, e aos vinte geralmente
apresentam perdas de 70 a 80%, conforme Kader (2005). Os frutos machucados são
33
facilmente infectados por microrganismos, causando apodrecimento da base,
deterioração favorecida por patógenos, dentre os quais se destacam o Fusarium spp.;
Alternaria spp., Chlamydomyces spp. e Penicillium spp. (ESQUIVEL, 2004).
As mudanças das características internas do fruto na pós-colheita: pH, acidez,
ºBrix, concentração de acetaldeído e etanol são relativamente pequenas; a vitamina C é
significativamente reduzida, em função das condições de armazenamento
(CORRALES-GARCÍA; RODRIGUEZ; CRUZ, 1997); a susceptibilidade à
desidratação é elevada (ESQUIVEL, 2004).
Marta Assunção Alves
Figura 3. Aspectos externos do fruto de Opuntia ficus-
indica em fase de deterioração, colhidos em Ibimirim –
PE, 2005.
Os resultados obtidos por diversos autores sobre a composição química dos
frutos estão apresentados no quadro 1. Do ponto de vista nutricional, destacam-se os
carboidratos, entre 14 e 15%, como os principais nutrientes que, associados ao baixo
teor de lipídeos e proteínas e ao elevado teor de água, explicam o reduzido valor
calórico do fruto. No que diz respeito aos minerais, Bicalho e Penteado (1981) citam
este fruto como importante fonte de cálcio e fósforo e, além destes, Sawaya et al. (1983)
34
destacam o magnésio e o potássio. Os valores de vitamina C, apresentados por diversos
autores, variam de 20,33 a 91,24 mg/100, e são comparáveis aos da laranja, limão e
mamão, considerados boas fontes deste nutriente (BICALHO; PENTEADO, 1981;
1982; CANTWELL, 2001; FAO, 2005; SEPÚLVEDA e SÁENZ, 1990; SAWAYA et
al, 1983).
Discrepâncias entre os valores apresentados no quadro 1, podem ser atribuídas a
fatores diversos, como: metodologia analítica, cultivar, condições edafoclimáticas,
método de cultivo, estádio de maturação do fruto e condições de armazenamento. Neste
contexto, Bicalho e Penteado (1981) ressaltam ainda a importância do estádio de
maturação sobre a composição centesimal e mineral, principalmente do estádio verde
maduro para maduro, caracterizado pelas mudanças químicas dos constituintes do fruto.
O quadro 1 apresenta também informações sobre acidez, pH e sólidos solúveis
totais (ºBrix), de fundamental importância na determinação do ponto de colheita, tanto
para o consumo in natura como para a seleção da matéria-prima para fins industriais.
Na literatura, também são encontrados dados sobre constituintes com potencial
funcional, presentes no fruto, como: pigmentos, betalaínas e polifenóis, obtidos por
Ramadan e Mörsel (2003) e Stintzing, Schieber e Carle (2001).
35
Quadro 1. Composição química do fruto da Opuntia ficus-indica (L.) Miller
FONTES CONSULTADAS (AUTORES)
COMPONENTES
(1)* (2)* (3)* (4)* (5)* (6)** (7)** (8)** (9)** (10)**
Valor Calórico (Kcal/100g) 50,0 55,3 47,30
Umidade (g/100g) 82,27 50,41 83,770 84,83 87,27 85,60
Cinzas (g/100g) 0,392 3,90 0,4 – 1,0 0,44 0,36 0,40 0,44
Proteína (g/100g) Nx 6,25 0,90 <0,01 0,21 – 1,6 0,82 1,08 0,98 0,40 0,21 0,80
Lipídios (g/100g) 0,50 0,09 – 0,7 0,96 0,23 0,10 0,12 0,7
Açúcares totais (g/100g) 14,06 13,42 13,20 12,8
Fibra (g/100g) 5,37 0,19 0,02 – 3,15 0,23 0,02 2,79 0,02 0,10
Acidez (% ác. cítr.) 0,078 0,33 0,059 0,06 0,124 0,18
Solidos Solúveis Totais (g/100g) 14,58 40,0 16,00 14,06 13,65 12,26 19,66
pH 6,32 3,34 5,3-7,1 6,37 5,33 5,948
Cálcio (mg/100g) 26,3 15,0 – 32,8 12,8 ± 1,1 38,91 10 28,0
Magnésio(mg/100g) 25,1 16,1 21,78 28,0
Sódio (mg/100g) 0,62 0,60 – 1,19 0,60 0,80
Fósforo (mg/100g) 12,8 – 27,6 32,8 30,36 16 15,40
Ferro (mg/100g) 0,40 2,65 0,30 1,50
Potássio (mg/100g) 158,3 217,0 217,0 ± 3,3 0,80 161,0
ß – caroteno (%) 0,53 traços
1.Medina; Rodriguez; Romero (2007); 2. Cereza; Duarte (2005); 3. Sáenz (2000);
4. Sepúlveda; Sáenz (1990); 5. Bicalho; Penteado (1981; 1982); 6. Coelho et al. (2004);
7.
Manica (2002); 8. Franco (1995); 9.
Sawaya et al. (1983); 10. FAO (2001).
(*) Polpa fresca sem sementes.
(**) Fruto inteiro.
35
Índices de Colheita
O desenvolvimento dos frutos, de uma maneira geral, inicia-se com uma intensa
multiplicação celular, seguida de aumento do volume, que dá lugar ao aparecimento de
vacúolos, nos quais ocorre o acúmulo de nutrientes sintetizados até a maturação, cuja a
fase é designada como amadurecimento (CHITARRA; CHITARRA, 2006; WILLS et
al., 1989).
As reservas de substratos permitem que os frutos de padrão respiratório
climatéricos sejam colhidos na maturação fisiológica, ao atingirem o volume
característico da espécie e promoverem as modificações químicas características do
amadurecimento: aumento da respiração, elevação do teor de sólidos solúveis totais,
interconversão de açúcares simples, elevação do pH, redução dos ácidos orgânicos,
fenólicos, e modificações dos componentes da parede celular por ação enzimática,
sobretudo da protopectina a pectina fora da planta (CORRALES-GARCÍA; FLOREZ-
VALDEZ, 2003; GUERRA et al., 2006).
Por ser um fruto não climatérico, o figo-da-índia deve ser colhido maduro, uma
vez que, diferentemente dos climatéricos, não possui as reservas necessárias para
promover as modificações supracitadas fora da planta. Razão pela qual Barbera (2001) e
Corrales-García (2000) consideram imprescindível a determinação do ponto de colheita
para obter frutos de alta qualidade, como forma de preservar suas características
organolépticas e nutritivas após a colheita.
O completo desenvolvimento do fruto pode ser determinado pelo aumento de
volume, coloração da casca, queda dos gloquídeos (pequenos espinhos de celulose
36
37
cristalina), firmeza, grau de profundidade do receptáculo floral, peso específico e
sólidos solúveis totais, mínimo de 14 ºBrix, em conjunto com outros atributos de
qualidade, como a porcentagem de polpa, espessura e facilidade de remoção da casca,
relação polpa-casca, gravidade específica e resistência física ao manuseio
(CORRALES-GARCÍA; FLOREZ-VALDEZ, 2003).
Convém ressaltar que os indicadores do ponto de colheita sofrem influência de
fatores intrínsecos e extrínsecos, a exemplo do peso, do ºBrix, da acidez e, por extensão,
da relação ºBrix/acidez, que variam em função da região onde o fruto é cultivado, do
vigor e idade da planta, condições edafoclimáticas e coloração da casca, podendo esta
última ser influenciada pelo tamanho do fruto e seu posicionamento na planta
(GARCÍA, 2000). Estas constatações levaram Bleinroth (1988) a recomendar a
utilização de dois ou mais índices de colheita, pré-estabelecidos para a variedade nas
condições utilizadas no seu cultivo, para determinar o ponto ótimo de colheita dos frutos
de um modo geral. Recomenda-se também que os frutos devem ser colhidos em horário
que favoreça a turgência dos tecidos, facilite o corte e proporcione maior resistência aos
danos mecânicos por compressão.
No caso específico desse fruto, devido à presença dos gloquídeos são requeridas
tecnologias de colheita especiais para minimizar as perdas e atender às exigências do
mercado, principalmente quanto à boa resistência ao manuseio e transporte
(BARBERA, 2001; FLORES-VALDEZ, 2002). A colheita do figo-da-índia pode ser
realizada de três formas: por giro ou torção; corte rente à articulação e corte abaixo do
fruto, incluindo um pequeno pedaço do cladódio (Figura 4), com a finalidade de
proteger a porção basal, reduzindo, assim, a incidência de putrefação. Neste caso, a fruta
38
deve ser curada, ou seja, mantida por um ou dois dias em temperatura ambiente, sob
corrente de ar, para que o tecido do cladódio seque e caia no momento da seleção e
embalagem. Nas duas últimas formas de colheita, utilizam-se canivetes, para reduzir os
danos físicos (marcas de dedos), conservando por mais tempo a aparência dos frutos
(FLOREZ-VALDEZ, 2002).
Marta Assunção Alves
Figura 4. Fruto de Opuntia ficus-indica colhido
com pedaço do cladódio (Ibimirim - PE, 2005).
Tecnologia Pós-colheita
Após a colheita, o fruto poderá sofrer deterioração, devido aos danos por lesões
e infecções patológicas decorrentes do corte e do manejo imediato e apresentar
fisiopatias ou desordens fisiológicas (danos pelo frio) quando submetido a temperaturas
e tempo de armazenamento distantes do limiar biológico da espécie e variedade
(FLOREZ-VALDEZ, 2002).
A mais importante operação pós-colheita diz respeito à remoção dos gloquídeos
“despinado”, que poderá ser realizada de forma manual ou mecânica. A remoção
39
manual é feita por escovação dos frutos dispostos sobre o solo ou em áreas cobertas
com palha ou sobre tábuas perfuradas. Esta prática causa danos consideráveis ao fruto,
aumentando sua perecibilidade. A forma mais indicada é a mecânica, através da
passagem dos frutos por uma série de escovas giratórias (com cerdas de nylon),
aspergidos com água ou remoção por sucção, processo que reduz o número de lesões
(CANTWELL, 2001; CORRALES-GARCÍA, 2000).
Depois de escovados, os frutos são encerados, operação que poderá ser realizada
por imersão ou aspersão de cera, com o objetivo de controlar a perda de água por
transpiração, reduzir a intensidade das trocas gasosas próprias do fruto, melhorar o
aspecto visual e prolongar sua conservação. Embora Félix et al. (1992) indiquem a cera
de Candelilla como a mais eficiente para controlar a perda de peso, as mais utilizadas
são a parafina, ésteres de sacarose e ácidos graxos. A utilização de cera de carnaúba
poderia constituir uma alternativa importante para o desenvolvimento da economia local
no semi-árido, onde a carnaúba é uma espécie nativa, particularmente explorada nos
estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
Na seleção dos frutos são considerados os defeitos, as más-formações, os danos
físicos e mecânicos (cicatrizes, marcas de dedos etc.). Sua classificação é realizada
manual ou mecanicamente, segundo a cor e o tamanho. Na seqüência, os frutos podem
ser envolvidos em papel de seda, para reduzir o contágio de podridão entre eles, e
acondicionados em caixas. Dependendo da finalidade, são utilizadas caixas de madeira,
indicadas para o acondicionamento de frutos destinados ao mercado local; e caixas de
papelão, com capacidade em torno de 5kg, para frutos destinados a exportação. As
primeiras, embora acondicionem maior quantidade de produtos, ocasionam sérios
40
danos, por compressão, e, por serem reutilizáveis, constituem fontes de microrganismos
responsáveis por infecções e decomposição, acarretando consideráveis perdas pós-
colheita (CORRALES-GARCÍA, 2000).
Mais vantajosas que as de madeira, por possuírem paredes internas lisas e
brandas, reduzirem os danos, a incidência microbiana e facilitarem o manejo no
transporte e em câmaras de armazenamento, as caixas de papelão apresentam,
entretanto, como desvantagens, a limitada reutilização, o alto custo, menor resistência
mecânica e à umidade (CANTWELL, 2001; CORRALES-GARCÍA, 2000).
Dentre as numerosas dificuldades que afetam o manejo pós-colheita dos frutos
tropicais, principalmente o transporte aos mercados externos, destaca-se a baixa
tolerância ao frio (temperatura mínima de segurança entre 8 e 12 ºC), reduzindo o tempo
de conservação. O manejo adequado reduz a perda de peso por transpiração, por
diminuir o déficit de pressão de vapor de água entre o fruto e o ambiente de
armazenamento. A pressão de vapor dos espaços intercelulares da maioria dos frutos é
de cerca de 99%, requerendo, portanto, umidade relativa do ar (UR) da câmara de
armazenamento entre 86 e 95%, para manutenção da qualidade (CANTILLANO, 1991).
Diferentes películas podem ser utilizadas como cobertura das caixas e
elaboração de diferentes invólucros, a fim de reduzir as perdas de peso e modificar a
atmosfera. Essas práticas, contudo, requerem o uso de papel ou outro material
absorvente, para evitar que a umidade condensada aumente a decomposição por ataque
microbiano (CANTWELL, 1995). Para reduzir os riscos de alterações por
microrganismos, além da modificação da atmosfera, pode-se utilizar combinações
técnicas, como imersão dos frutos em água aquecida contendo fungicidas, de
41
preferência de baixa toxicidade, associada ou não à aplicação de ceras e armazenamento
refrigerado como reportado para pêssego por Oliveira e Cereda (2003). Neste contexto,
é bom salientar que, embora temperaturas na faixa de 11 - 12ºC sejam mais indicadas
para o armazenamento de frutos tropicais, para os frutos de O. ficus-indica,
excepcionalmente, têm sido recomendadas temperaturas mais baixas, entre 5 e 8ºC, cuja
eficácia encontra-se na dependência de fatores como tempo de armazenamento,
embalagem, época de colheita e variedade (CORRALES-GARCÍA, 2000).
Berger et al. (1978) conduziram experimento com frutos de O. ficus-indica
tratados por imersão, por dois minutos, em água aquecida a 48 - 50 ºC, contendo
Benlate (Benomyl) e Botran (DCNA), em seguida foram embalados em sacos de
polietileno (0,038 mm de espessura) e armazenados a 0 ± 0,5 ºC com UR entre 85 -90%,
por períodos de 21, 32, 42, 49 e 50 dias. Ao final do experimento, constataram que os
frutos encontravam-se em condições para consumo, indício de boa tolerância ao frio, e
que a embalagem foi eficaz na conservação da aparência e no controle da perda de peso,
cuja média diária foi de 0,11%, durante o armazenamento a 0ºC, e de 0,33% nas
condições de comercialização. Inglese, Basile e Schirra (2002) mencionam que a
utilização de películas de polietileno em frutos armazenados a 6 ºC, por seis semanas, e
posteriormente comercializados a 20ºC, além de reduzir a perda de peso e os danos pelo
frio, conserva a aparência. Corrales-García (2003) também destaca o papel da película
de polietileno na redução da perda de peso e retenção do frescor em frutos armazenados
a 9ºC, por quatro semanas.
Em contraposição, Franco e Veloz (1985) relatam danos pelo frio, após
armazenarem frutos de O. amyclaea Tem. e O. ficus-indica a 8 ou 10 ºC, por 15 dias e
42
García, Rodriguez e Cruz (1997), ao armazenarem frutos de seis variedades dessa
espécie, por 60 dias, sob refrigeração (9 ºC e 90% de UR), constataram que a “Burrona”
e a “Cristalina” foram mais tolerantes do que a “Torreoja” e a “Copena”. Estes
resultados foram ratificados por Franco e Veloz (1985), ao constatarem a
susceptibilidade destes frutos a danos pelo frio, na dependência da variedade, expressos
pelo surgimento de pequenas manchas escuras na superfície da casca, levando ao seu
escurecimento.
43
Considerações Finais
A fruticultura, no Brasil, é uma das atividades mais dinâmicas e competitivas da
atualidade e uma das principais fontes de renda para a Região Nordeste. Dentre os
frutos cultivados, destacam-se, no segmento exportador, a uva, a goiaba, a manga e o
melão, devido à potencialidade produtiva, aliada à demanda do consumo. Além destes,
outros frutos poderão ser cultivados visando a exportação, como é o caso do O. ficus-
indica, objeto desta revisão, que constitui uma alternativa para a diversificação do
mercado de frutos exóticos na Região Nordeste, pela conhecida aptidão de se
desenvolverem em climas xerófilos. A consecução deste objetivo perpassa, no entanto,
por ações que permitam uma maior competitividade no setor, isto é, pesquisas voltadas
para aspectos fundamentais desta temática, como: seleção das variedades mais
produtivas; condições favoráveis de cultivo; estabelecimento do ponto ótimo de
colheita; definição da tecnologia pós-colheita em função das cultivares, condições sine
qua non para garantir produtos com um padrão de qualidade compatível ao exigido pelo
mercado nacional e internacional.
Há, portanto, ainda um longo caminho a percorrer, diante da impossibilidade de
transpor os resultados obtidos pelos pesquisadores de outros países, principalmente do
México, para os frutos aqui produzidos, face às diferenças entre as variedades cultivadas
e, sobretudo, das condições edafoclimáticas. As pesquisas deverão contribuir para
agregar valor a essa espécie, que poderá ser explorada como alternativa alimentar e/ou
fonte de renda complementar para os agricultores familiares da Região Nordeste.
44
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49
3 OBJETIVOS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
50
3.1 - Geral
Determinar as características e as condições ótimas de pós-colheita de frutos
obtidos de plantas de Opuntia ficus-indica, adaptados ao semi-árido
pernambucano, tendo em vista a sua comercialização.
3.2 - Específicos
Determinar os parâmetros que exercem influência na qualidade dos frutos;
Identificar os melhores tratamentos pós-colheita.
51
4 PLANO DE TRABALHO
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
52
Este trabalho envolveu a execução dos seguintes experimentos:
Experimento 1
Caracterização física, físico-química e química dos frutos de Opuntia ficus-indica (L.)
Miller produzidos por plantas adaptadas ao semi-árido pernambucano.
Experimento 2
Otimização das condições de pós-colheita de frutos da Opuntia ficus-indica (L.) Miller.
53
5 EXPERIMENTOS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
54
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, FÍSICO-QUÍMICA E
QUÍMICA DOS FRUTOS DE OPUNTIA FICUS-INDICA
(L.) MILLER PRODUZIDOS POR PLANTAS ADAPTADAS
AO SEMI-ÁRIDO PERNAMBUCANO*
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
* Parte deste trabalho foi enviado para publicação na Acta Horticulturae, conforme especificado no
Anexo B. O trabalho foi apresentado no VI International Congress on Cactus Pear and Cochineal e VI
General Meeting of FAO-CACTUSNET, Paraíba, outubro de 2007 (Anexo C).
55
RESUMO
A valorização dos frutos da palma, Opuntia ficus-indica (figo da índia), no mercado
internacional para consumo in natura e industrialização motivou a realização desta
pesquisa, tendo em vista avaliar o potencial de espécies adaptadas às condições
edafoclimáticas do semi-árido pernambucano. Dos 50 frutos colhidos de três
propriedades particulares, codificadas como P1, P2 e P3, no estádio II- ½ maduro
(apresentando 60% de mudança de cor), foram aleatoriamente selecionadas 20
unidades/propriedade que, após determinação das características físicas, tiveram suas
polpas avaliadas quanto aos parâmetros físico-químicos e químicos, cujos dados foram
submetidos à Anova, Análise de Componente Principal e Correlação de Pearson. Os
resultados demonstram que os frutos da P1 diferiram estatisticamente (p<0,05) dos
frutos das demais propriedades, quanto aos teores de açúcares totais, pH, acidez total
titulável e relação sólidos solúveis totais/acidez total titulável, e particularmente da P2,
no que diz respeito a açúcares redutores, sólidos solúveis totais, diâmetros e número de
sementes fecundadas, e da P3 quanto aos açúcares não redutores. Contudo,
apresentaram similaridade, quanto aos parâmetros físicos, com exceção dos citados
anteriormente. A morfologia, associada às demais características, apontam os frutos da
P3 como os mais adequados à comercialização para consumo in natura, enquanto os
originados da P2, detentores dos maiores teores de açúcares totais, açúcares redutores,
sólidos solúveis totais e espessura da polpa, parâmetros da maior importância na
definição do flavor e do rendimento, apresentam maior potencial industrial.
Palavras-chave: figo da índia, qualidade do fruto, potencial comercial e potencial
tecnológico.
56
ABSTRACT
The increasing importance of the prickly pear (Opuntia ficus-indica) (prickly pear) as a
food source to human consumption led us to carry out this research in order to evaluate
the potential of species submitted onto edapho-climatic conditions in the semi-arid
region out there Pernambuco State. Fruits were harvested at about 50 samples out of
farms. At the time they were encoded as P1, P2 and P3, classified as stage II-½ mature
(showing 60% in color change). Later on, we took 20 units of the fruit from each farm,
randomly selected, to determine their physical and chemical parameters. As long as the
research was carried on, we submitted the samples under Anova method, to comply
with Pearson correlation. As one can see, the results achieved, shown up the rewards of
P1 sample, have differed statistically (p <0.05) from other properties on the levels of
total sugars, pH, total titratable acidity and respect total soluble solids / total titratable
acidity. In particular, if we take into consideration those P2 parameters (reducing
sugars, total soluble solids, fruit diameter and number of fertile seeds) as the same time
the P3 sample, to non reducing sugars parameters. However, they had shown some
similarity on the physical parameters. Excepting for the ones above mentioned. The
morphology associated with other characteristics confirmed the fruits of P3 as the most
appropriate for human consumption in natura. At the same time, those originating from
P2, shown the greatest levels of total sugars, reducing sugars, total soluble solids and
pulp thickness. In fact, these parameters are very important in defining flavor to
determine their commercial potentialities.
Key word: prickly pear, quality of the fruit, commercial and technological potential
57
INTRODUÇÃO
A palma Opuntia ficus-indica (L.) Miller, originária da América central, foi
introduzida no Brasil pelos portugueses, no século XVIII, tendo sido difundida e
cultivada como forragem animal nas regiões áridas e semi-áridas nordestinas, a partir de
1900.
Sua adaptação nestas regiões se deu graças a alguns fatores: resistência à seca e
temperaturas elevadas; tipos de solos (com limitações de profundidade, fertilidade,
rochosos e de textura difícil para outros cultivos); alta eficácia na utilização de água e
fácil manejo (BARBERA; INGLESE; PIMENTA-BARRIOS, 2001; MANICA, 2002).
Em relação ao seu cultivo como frutícola, os conhecimentos ainda são escassos
quanto aos problemas de adaptação ecológica, fertilidade, produtividade, ponto de
colheita, bem como definição de tecnologias pós-colheita que mantenham o padrão de
qualidade exigido para exportação (BARBERA, 2001). Neste contexto, a determinação
das características de qualidade dos frutos de genótipos adaptados às condições
edafoclimáticas das regiões supra-citadas é de fundamental importância, especialmente
por pertencerem à categoria dos não climatéricos, que devem ser colhidos ao atingirem
a maturação fisiológica, caracterizada pela elevação do teor de açúcares, redução da
firmeza, da acidez e elevação do pH, dada a sua incapacidade de promover estas
modificações fora da planta (CANTWELL, 2001; CORRALES-GARCIA; FLOREZ-
VALDEZ, 2000, 2003).
A consecução deste objetivo perpassa pela realização de pesquisas com cultivos
detentores de bons parâmetros agronômicos (produtividade, resistência, adaptabilidade,
entre outros) e que apresentem potencial comercial e tecnológico (BELIG et al., 2003;
58
BERNARDES-SILVA; LAJOLO; CORDENUNSI, 2003; FRANÇA; NARAIN, 2003;
GUERRA, 1979; SILVA; MERCADANTE, 2002), tendo em vista caracterizá-los
quanto aos aspectos físicos, físico-químicos e químicos, permitindo uma melhor
utilização do seu potencial.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
O material foi constituído por frutos de O. ficus-indica , provenientes de três
propriedades particulares, codificadas como P1, P2 e P3, todas localizadas no município
de Arcoverde, na mesorregião Sertão e microrregião Sertão do Moxotó do Estado de
Pernambuco, entre as coordenadas geográficas 08º:25’:08” latitude sul e 37º:03’:14
longitude oeste Gr, a aproximadamente 663m de altitude. Nesta área, segundo a
classificação de Köppen, predomina o tipo climático “AS”, tropical chuvoso com verão
seco (WIKIPÉDIA, 2008).
As plantas das propriedades P1, P2 e P3 foram identificadas no Herbário - IPA
Dárdano de Andrade Lima, da Empresa Pernambucana de Pesquisas Agropecuárias
(IPA), e tombadas no acervo, sob os números IPA 73436; IPA 73434 e IPA 73435,
respectivamente.
Métodos
A colheita foi efetuada manualmente, com o auxílio de luvas e faca, no período
da manhã, em março de 2006. De cada propriedade foram colhidos 50 frutos
(associados a uma pequena fração do cladódio - raquete), em diferentes posições e
orientações da planta, de acordo com os seguintes critérios: estádio II – ½ maduro,
59
casca com cerca de 60% de mudança de cor (CANTWELL, 2001), tamanho uniforme,
pouca presença de gloquídeos (espinhos de celulose cristalina) e ausência de defeitos
visuais (larvas, insetos, fungos, danos na casca e injúrias mecânicas).
Logo após a colheita, os frutos foram imersos em água, para pré-resfriá-los e
eliminar parte das impurezas e dos gloquídeos, sendo posteriormente secados
naturalmente a temperatura ambiente, acondicionados em caixas de papelão ondulado,
em uma única camada, e transportados para o Laboratório de Pós-Colheita de Frutos do
IPA, localizado na cidade do Recife - PE, onde foram conduzidos os experimentos.
Após seleção, os frutos foram submetidos a uma lavagem com escovação
(escova com cerdas macias), para eliminar os gloquídeos e as impurezas remanescentes
e secados sobre papel toalha, à sombra, sob 23ºC ± 1ºC, por três dias, período
necessário para a queda da fração do cladódio a eles aderida.
Métodos analíticos
Do total dos frutos/propriedades, foram retiradas aleatoriamente 20 unidades,
para serem avaliadas quanto aos parâmetros físicos (fruto inteiro), físico-químicos e
químicos (polpa homogeinizada), conforme descrito a seguir:
Coloração (casca e polpa) – por observação direta, conforme escala de intervalo
estruturada de 7 pontos (Tabela 1); peso dos frutos (PF), das cascas (PC), das polpas
sem semente (PSS) e das sementes (PS) (em balança semi-analítica digital – Marte –
capacidade 1.000g); rendimento (R), calculado pela equação
(a)
; diâmetros longitudinal
(a)
Rendimento (%) = (A * 100) / Peso do fruto;
onde: A= peso da polpa sem semente, peso da casca ou das sementes.
60
(DL) e transversal (DT), este último avaliado no terço mediano (secção equatorial)-
medidos por paquímetro digital (Mitutoyo – Digimatic: 0 – 150mm, Model – CD- 6”
BS); volume do fruto (cm
3
), por deslocamento do nível de água; densidade do fruto
(D), obtida a partir da relação massa (g)/ volume (cm
3
); firmeza do fruto (F)
(perfurações efetuadas em lados opostos no terço mediano), utilizando penetrômetro
manual (Scales & Force Precision Instruments since 1835) com ponteira de 0,48mm de
diâmetro; número de sementes fecundadas (NSF), por contagem direta das sementes
secas à temperatura ambiente (23ºC ± 1ºC); matéria seca (MS) e umidade da polpa (UP)
(g/100g), em estufa a 75ºC até peso constante; potencial hidrogeniônico (pH), através de
leitura direta em potenciômetro digital (Tecnal modelo Ph meter Tec – 2), aferido com
solução tampão Ph 4 e 7 [AOAC, 2002, 943.02 (cap.32, pág. 12)]; sólidos solúveis
totais - SST (ºBrix), por refratometria em Hand refractometer (OSK 6533 type – N- 1,
ATAGO N-1E; ºBrix 0 ~ 32% sacarose)[AOAC, 2002, 932.12 (37.1.15)] ; acidez total
titulável (ATT), conforme o Instituto Adolfo Lutz (IAL) (2005) e relação SST/ATT;
açúcares totais (AT), açúcares redutores (AR) e não redutores (ANR), conforme IAL
(2005).
Tabela 1 - Escala estruturada de intervalos de cores
Códigos Coloração
1
Amarelo claro / Verde claro
2
Amarelo / Verde Claro
3
Amarelo
4
Amarelo claro / Alaranjado
5
Amarelo Alaranjado
6
Laranja / Amarelado
7
Laranja
61
Análise estatística
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (Anova), sendo
realizado o teste de Duncan ao nível de 5% de significância para comparação entre as
médias dos frutos / propriedade. Para verificar possíveis associações entre os parâmetros
avaliados foi realizada a Análise de Componentes Principais (PCA – Principal
Component Analysis) e a correlação de Pearson, ao nível de 5% de significância,
utilizando o programa computacional Statística 6.0 (STATSOFT, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a caracterização dos figos da índia, provenientes de plantas adaptadas às
condições edafoclimáticas do município de Arcoverde, foram considerados os
parâmetros físicos, físico-químicos e químicos, relacionados ao processo de
amadurecimento, de amplo emprego na seleção de variedades e no manuseio comercial,
tanto para consumo in natura (BICALHO; PENTEADO, 1981), como para fins
industriais (ESQUIVEL, 2004).
Considerado, por Esquivel (2004), como o mais importante índice de
amadurecimento, a coloração da casca dos frutos, independentemente da origem,
apresentava-se entre amarelo claro/verde claro (> 58%) e amarelo claro/laranja claro (<
17%) (Figura 1), indicativas de que o processo de amadurecimento encontrava-se em
curso, isto é, no estádio considerado ótimo para colheita comercial (CANTWELL,
2001).
62
De acordo com esta mesma escala foi estabelecida a cor das polpas que, embora
variável, entre amarelo claro levemente alaranjado e laranja intenso, apresentou
predominância do amarelo alaranjado (61%) (Figura 1), bastante atrativa.
Quanto aos demais indicadores, os resultados apresentados na tabela 2
demonstram uma grande similaridade entre os frutos originados das propriedades 2 e 3,
principalmente quanto aos parâmetros físico-químicos e químicos.
Figura 1 - Freqüência da coloração dos frutos de Opuntia ficus-indica no dia de
colheita, Arcoverde – PE, 2006.
A – amarelo; AcAL – amarelo claro / alaranjada; AAL - amarelo/ alaranjada; AVc -
amarelo / verde claro; LAL - laranja / amarelada; L – laranja.
Ao cotejar os resultados da tabela 2 com os encontrados na literatura verifica-se
que o peso dos frutos, situado entre 117,75 e 121,54g, encontra-se nas faixas citadas por
Gharras et al. (2006), Corrales-Garcia e Silva (2005) e Manica (2002), para figos da
índia maduros de diferentes variedades: 88,70 - 130,87g, 100 – 200g e 110 – 166g,
respectivamente, sendo ainda similares aos achados de Coelho et al. (2004): 120,322g.
(casca)
A
vc
58%
AAL
17%
A 25%
(polpa)
AAL
61%
LAl 17%
AcAL
15%
L 7%
63
Tabela 2 - Parâmetros físicos, físico-químicos e químicos dos frutos de Opuntia
ficus-índica cultivados em Arcoverde-PE, 2006
PROPRIEDADES
PARÂMETROS
P1 P2 P3
Peso do Fruto (g) 117,10±15,00a 121,54±9,77a 117,75±16,60a
Diâmetro longitudinal (mm) 86,42±7,06a 66,67±3,11b 82,24±7,92a
Diâmetro transversal (mm) 53,72±3,98b 57,68±1,70a 52,72±3,02b
Espessura da casca (mm) 2,94±0,61a 3,56±1,22a 3,04±0,79a
Espessura da polpa (mm) 47,85±4,0ab 50,67±3,40a 46,65±2,91b
Polpa sem semente (%) 54,37±1,98a 53,33±4,08a 55,10±3,57a
Semente (%) 5,81±1,00a 5,74±0,41a 5,47±0,56a
Casca (%) 39,82±2,59a 40,93±4,43a 39,43±3,45a
Firmeza do fruto (N) 17,81±1,3a 18,03±1,02a 17,69±1,04a
Nº sementes fecund. (unid.) 309,00±36,08a 271,80±24,79b 283,30±45,34ab
Densidade (g/cm
3
) 1,00±0,02a 1,02±0,01a 1,01±0,02a
Açúcares totais (g/100g) 10,49±2,14b 12,29±0,92a 11,86±0,84a
Açúcares redutores (g/100g) 10,37±2,13b 11,94±0,87a 11,23±0,94ab
Açúcares não redutores (g/100g) 0,13±0,04b 0,35±0,25b 0,64±0,35a
Sólidos solúveis totais (ºBrix) 12,40±2,33b 14,32±0,40a 13,48±0,93ab
Acidez (% ác. cítrico) 0,06±0,02a 0,05±0,004b 0,05±0,01b
SST / ATT 210,70±56,62b 297,97±30,79a 274,75±33,85a
Ph 5,81±0,44b 6,38±0,11a 6,44±0,20a
Matéria seca (g/100g) 12,60±2,03a 14,13±0,79a 13,37±1,18a
Umidade da polpa (g/100g) 87,40±2,03a 85,87±0,79a 86,63±1,18a
Valores obtidos da média de análises de 20 frutos / propriedade.
Médias seguidas de letras iguais na horizontal não diferem significativamente, a nível de 5%, pelo teste
de Duncan.
64
Os percentuais dos constituintes do fruto, polpa, casca e sementes, ratificam os
achados de Gharras et al. (2006) para os frutos meio maduros: 52,80 – 55,97%; 38,80 -
40,39% e 4,82 – 5,62%, respectivamente; entretanto, foram inferiores aos determinados
por Coêlho et al. (2004), Manica (2002) e Bicalho e Penteado (1981). Durante o
desenvolvimento de três variedades de figos da índia, Gharras et al. (2006) observaram
um aumento diferenciado do percentual da polpa e um decréscimo dos percentuais da
casca e semente, em função das variedades, e conseqüente aumento do rendimento.
Estes resultados ratificam os achados de Bicalho e Penteado (1981), que registraram
9,28g de aumento do rendimento da polpa entre os frutos verdes e maduros, constatação
que denota a importância de ser observado o ponto de maturação para a colheita,
independentemente da destinação, isto é, consumo in natura ou industrialização.
Convém ressaltar que, não obstante as considerações de Corrales-Garcia e
Florez-Valdez (2003) e Hills (2001), de que o número de sementes fecundadas e
abortadas é determinante do tamanho e do peso do fruto, as correlações (Tabela 3)
obtidas entre estes parâmetros não as confirmam.
65
Tabela 3. Coeficientes de correlação entre os parâmetros físicos, físico-químicos e químicos dos frutos de Opuntia ficus-indica
Parâmetros DL DT EC EP PSS C NSF D AT AR ANR PH SST ATT SST/ATT MS UP
DL
1 -0,86* ns ns ns ns ns ns ns -0,83* ns ns -0,83* ns ns ns ns
DT
-0,86* 1 ns 0,87* ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
EC
ns ns 1 ns -0,94* 0,96** ns ns ns ns ns ns ns ns ns 0,85* -0,85*
EP
ns 0,87* ns 1 ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
PSS
ns ns -0,94** ns 1 -0,99*** ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
C
ns ns 0,96** ns 0,99** 1 ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
NSF
ns ns ns ns ns ns 1 ns -0,88* -0,86* ns ns -0,96** ns ns -0,85* 0,85*
D
ns ns ns ns ns ns ns 1 0,95* 0,93** ns ns 0,85* ns 0,81* ns ns
AT
ns ns ns ns ns ns -0,88* 0,95** 1 0,97** ns 0,85* 0,95** ns ns 0,87* -0,87*
AR
-0,83* ns ns ns ns ns -0,86* 0,93** 0,97* 1 ns ns 0,97** ns ns 0,91* -0,91*
ANR
ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns 1 ns ns ns ns ns ns
PH
ns ns ns ns ns ns ns ns 0,85* ns 0,82* 1 ns ns 0,91* ns ns
SST
-0,83* ns ns ns ns ns -0,96** 0,85* 0,95* 0,97** ns ns 1 ns ns 0,93** -0,93**
ATT
ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns 1 -0,87* ns Ns
SST/ATT
ns ns ns ns ns ns ns 0,81* ns ns ns 0,91* ns -0,87* 1 ns ns
MS
ns ns 0,85* ns ns ns -0,85* ns 0,87* 0,91* ns ns 0,93* ns ns 1 -1***
UP
Ns ns -0,85* ns ns ns 0,85* ns -0,87* -0,91* ns ns -0,93** ns ns -1** 1
ns: não significativo; *p0,05;**p0,01;***p0,001.
PF – peso do fruto; DL e DT - diâmetro longitudinal e transversal; Ec e EP – espessura de casca e de polpa; PSS – polpa sem semente; S – semente; C – casca; NSF – número de sementes fecundadas; F- firmeza; D –
densidade; AT- açúcares totais; AR- açúcares redutores; ANR- açúcares não redutores; pH – potencial hidrogênio Iônico; SST – sólidos solúveis totais; ATT- Acidez total titulável; MS – matéria seca e UP- umidade de
polpa.
65
Embora a determinação dos diâmetros seja considerada, por Lima et al. (2002),
de pouca importância para a caracterização do fruto, a relação entre DL/DT é bastante
representativa da sua morfologia.
Nesta pesquisa, os DL são comparáveis aos relatados por Bicalho e Penteado
(1981), 79,5mm, e Torres et al. (2005), 84,9mm, para frutos maduros cultivados em
Valinhos-São Paulo, e Caturité - Paraíba, respectivamente. Verifica-se, entretanto, que
os frutos da P2, com DL inferior e DT superior aos das demais propriedades,
apresentavam-se mais uniformes e cilíndricos (r = 1,16) que os da P1 e P3, cuja relação
DL/DT foi de 1,61 e 1,56, respectivamente, ambos com forma cônica e piriforme
(Figura 2), confirmando Gerhardt et al. (1997), ao afirmarem que frutos com resultados
mais próximos a 1 são mais arredondados. A forma cilíndrica da P2, que sugere a
existência de uma variação genotípica, segundo Corrales-Gracía e Silva (2005) é
indesejável para a comercialização in natura.
P1 P2 P3
Figura 2. Morfologia e coloração dos frutos de Opuntia ficus-indica das
diferentes propriedades de Arcoverde- PE, 2006.
66
67
Outro indicador da maturidade dos frutos, a densidade, não diferiu dos
resultados obtidos para frutos colhidos no mesmo estádio de maturação, por Bicalho e
Penteado (1981). No que diz respeito à firmeza do fruto, considerada excelente critério
para o estabelecimento da maturidade, os resultados variaram entre 17,69 – 18,03 N.
Estes valores indicam uma considerável resistência a danos mecânicos, característica
desejável durante o manejo dos frutos nas operações de pós-colheita.
A caracterização dos aspectos físico-químicos e químicos das polpas (Tabela 2)
evidencia um elevado pH (5,81 – 6,44) e baixa acidez (0,05 – 0,06% ácido cítrico) que,
associados ao teor de umidade (> 86,0%), aumentam o risco de alterações por
microrganismos, uma vez que a faixa de pH entre 5,4 e 7,0 é propícia ao
desenvolvimento de inúmeras espécies microbianas.
De acordo com Gharras et al. (2006), o fruto da O. fícus-indica (figo da índia), é
considerado um alimento pouco ácido (pH>4,5) devido ao seu “extremamente baixo
conteúdo de ácidos orgânicos”. Os valores determinados nesta pesquisa estão de acordo
com os apresentados pela literatura mexicana e chilena (HERNÁNDEZ-PÉREZ et al.,
2005; SAWAYA et al., 1983; SEPÚLVEDA; SÁENZ, 1990) e brasileira (BICALHO;
PENTEADO, 1982; COÊLHO et al., 2004).
Com relação à acidez total titulável, os resultados obtidos (0,05 – 0,06% ácido
cítrico) ratificam Bicalho e Penteado (1982), Sepúlveda e Sáenz (1990) e Hernández-
Pérez et al. (2005). Entretanto, estes dados são inferiores aos relatados por Medina,
Rodriguez e Romero (2007), Coelho et al. (2004), Manica (2002) e Corrales-Garcia e
Martinez (2001). Não obstante a negativa de sua influência sobre a qualidade
68
microbiológica de produtos elaborados a partir destes frutos, baixos valores de acidez
são desejáveis para frutos destinados ao consumo in natura (PAIVA et al., 1997).
Os teores de açúcares totais (10,49 e 12,29 g/100g) obtidos nesta pesquisa,
embora inferiores aos achados por Gharras et al. (2006), Manica (2002), Schirra,
Inglese e La Mantia (1999), Corrales-Garcia e Martinez (2001), Sepúlveda e Sáenz
(1990) e Franco (1995), são equivalentes aos de Bicalho e Penteado (1982). Em relação
ao SST (ºBrix), os resultados concordam com os descritos para frutos maduros, por
estes últimos autores e por Hernández-Pérez et al. (2005), sendo superiores aos
relatados por Coelho et al. (2004). A diferença encontrada entre a P1 e as demais
propriedades poderá estar relacionada ao vigor, idade da planta, tipo e manejo da cultura
(LAKSHIMINARAYA; ALVARADO-SOSA; BARRIENTOS-PÉREZ, 1979).
No que diz respeito à prevalência de AR, cerca de 97% do total de açúcares é
condizente com o encontrado na literatura. Com relação a este parâmetro, Gharras et al.
(2006) registraram uma elevação de 117.24g / kg, no estádio verde maturo, para
152.26g / kg, no fruto maduro. O baixo teor de sacarose destas frutas maduras,
conforme Ouelhazi et al. (1992), citado por Cantwell (2001), “é consistente com a
presença de invertases ativas”. A predominância de AR: glicose (59,4%) e frutose
(40.6%), conforme Sawaya et al. (1983), no fruto maduro, contribui para uma maior
doçura, conseqüentemente, melhor qualidade do fruto. Corrales-Garcia (2003), Lima et
al. (2002) e Gonzaga Neto et al. (1986) consideram também de extrema importância o
comportamento do ºBrix e açúcares, na fisiologia do desenvolvimento do fruto, devido à
sua repercussão na qualidade pós-colheita.
69
No que se refere à relação ºBrix / ATT (210 – 297), os resultados foram
semelhantes aos relatados por Bicalho e Penteado (1982) (198,35 – 216,10). Esta
relação, usualmente empregada para avaliar o grau de maturação para colheita, por ser
resultante do balanço entre açúcares e ácidos, constitui uma boa expressão para definir o
sabor dos frutos. Nestes frutos constata-se uma predominância da doçura sobre a acidez,
geralmente desejável para consumo in natura (BICALHO; PENTEADO, 1982; LIMA
et al., 2002; MANICA et al., 1998; NASCIMENTO; RAMOS; MENEZES, 1998).
Análise da Componente Principal (PCA)
A análise de componente principal mostrou-se significante e explicou 75,43% da
variância total dos dados (Figuras 3 e 4).
Na primeira componente principal (PC1), que corresponde a 51,22% de toda a
informação desta pesquisa (Figura 3), predominam as seguintes características: AT, AR,
pH, SST, relação SST/ATT, MS, D e EC, todos com escores positivos e significativos
(p>0,05).
Nesta mesma PC1 observa-se ainda que os frutos da P1 se destacam dos da P2,
de modo significante, quanto ao NSF e DL, e não significante, quanto ao valor de UP,
todos com escores negativos.
Na segunda componente principal, o PF e a EP dos frutos da P2, caracterizados
por elevada negatividade, contribuem e explicam os 24,21% da variância total.
70
Na figura 4 evidencia-se que a PC1 descriminou os frutos da P1 dos da P2 tendo
por base a variação das características físicas, físico-químicas e químicas anteriormente
citadas.
Possíveis correlações entre os parâmetros de qualidade dos frutos foram
estabelecidas pelos respectivos coeficientes de Pearson e de determinação.
Figura 3. Pesos das variáveis nas duas primeiras componentes principais
para os parâmetros físicos, físico-químicos, químicos em Opuntia
ficus-indica (Propriedades 1, 2 e 3).
AT: Açúcares Totais; AR: Açúcares redutores; ANR: Açúcares não redutores;
relação SST/ATT: ºBrix / acidez; A=ATT: Acidez total titulável; MS: Matéria
seca; UP: Umidade da polpa; PF: Peso dos frutos; DL: Diâmetro longitudinal;
DT: Diâmetro transversal; EC: espessura da casca; EP: espessura da polpa;
PSS: Polpa sem semente; S: Semente; C: Casca; F: Firmeza; D: Densidade e
NSF: Número de sementes fecundadas.
71
Figura 4. Escores das amostras nos dois primeiros componentes principais
para os parâmetros físicos, físico-químicos e químicos em Opuntia
ficus-indica (Propriedades 1, 2 e 3).
Os resultados demonstram que o maior coeficiente (Tabela 3) foi obtido entre
MS e UP com sinal negativo, seguido dos obtidos com SST em relação ao AR, NSF,
AT, MS e UP, dos quais NSF e UP com sinal negativo.
Estas correlações se revestem da maior importância, ao considerar a facilidade
de determinação do SST que, associado a outros parâmetros, indica o completo
desenvolvimento do fruto (CORRALES-GARCIA; FLORES-VALDEZ, 2003).
Estes resultados também apresentam consistência com as representações gráficas
destas variáveis na análise do componente principal, que destaca a P2 entre as demais
propriedades.
Conclusões
Os resultados obtidos nesta pesquisa validam os critérios de colheita utilizados para
a seleção de figos da índia no estádio de amadurecimento comercial e demonstram que:
não obstante a similaridade entre a maioria dos parâmetros físicos, existe uma
diferença morfológica entre os frutos da P2 e das demais propriedades;
nos parâmetros relacionados ao flavor e rendimento industrial, os frutos da P2 e
da P3 diferem dos da P1;
do ponto de vista comercial, os frutos oriundos da P3 e P2, com características
comparáveis às de frutos desta espécie, produzidos em outras regiões do país e
do mundo, apresentam, respectivamente, maior potencial para consumo in
natura e para industrialização.
72
73
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77
OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PÓS-COLHEITA DE
FRUTOS DA Opuntia ficus-indica (L.) Miller
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
78
RESUMO
Diante da escassez de dados sobre o comportamento pós-colheita dos frutos da Opuntia
ficus-indica (L.) Miller (figo da índia), produzidos no país, principalmente no nordeste,
foi procedida a otimização das condições de armazenamento para atender mercados a
longa distância, sendo colhidos 100 (cem) frutos aleatoriamente no estádio II – ½
maduro, em três propriedades do semi-árido pernambucano, codificadas como P1, P2, e
P3. Foram selecionadas 20 unidades/propriedade (controle/tempo zero) e 42 unidades/
propriedade, que após tratamentos preliminares e serem embaladas com filme plástico,
foram armazenados sob diversas condições, segundo o planejamento fatorial 2
2
cujas
variáveis independentes foram: temperaturas de 10 ºC ± 1ºC, 15 ºC ± 1ºC e 20ºC ± 1ºC
e tempo de 10, 30 e 50 dias. No tempo zero e ao final de cada período procedeu-se à
determinação das variáveis dependentes relacionadas aos parâmetros de qualidade. Os
dados experimentais, submetidos à metodologia de superfície de resposta,
demonstraram uma significativa influência dos fatores independentes isolados sobre a
UP da P1 e ao pH e ATT das P2 e P3, e da interação entre eles sobre a PP, de todas as
propriedades, a MS e SST da P1 e a SST/ATT das propriedades 2 e 3 e que os
coeficientes de determinação mais elevados (R
2
>0,90) foram obtidos para PP, MS, UP e
SST da P1 e para PP, pH, ATT e SST/ATT das P2 e P3. Uma análise destes resultados,
associada às características visuais, indica que as melhores condições de
armazenamento, em termos da qualidade dos frutos, foram: 10ºC ± 1ºC /10dias e 15ºC ±
1ºC / 30 dias na dependência do mercado de destino.
Palavras-chave: figo da índia, qualidade do fruto para exportação, condições de
armazenamento.
79
ABSTRACT
The lack of data information about the behavior of post-harvest of the prickly pear
produced in Brazil, mainly in northeast areas, as a way of subside this paper, we had to
adopt procedures to improve the conditions on storage method to reach long-distance
markets, Therefore, 100 fruit at the stage II - ½ mature, were randomly picked from 3
farms established at semi-arid region in Pernambuco State. These samples were encoded
as P1, P2 and P3, respectively. The next step was to select 20 units/ownership
(control/time zero) and 42 units/property which after preliminary treatment procedures,
packing with plastic film, they were stored under different conditions, according to the
design factorial whose 2
2
independent variables. Where: temperatures of 10 ° C ± 1 °
C, 15 ° C ± 1 ° C and 20 ° C ± 1 ° C, and elapsing times of 10, 30 and 50 days. At time
zero by the end of each period, we proceeded an analysis of those dependent variables
related to the parameters of quality. Experimental data was submitted to the surface
response methodology, had demonstrated a significant influence related to isolated
factors on the UP and the pH of P1 and P2 and P3 of ATT, and the interaction between
them on the PP, on every farm. For instance, MS SST and the P1 and SST / ATT 2 and
3 of the properties and those higher coefficients of determination (R2> 0.90) were
obtained for PP, MS, UP and the SST P 1 and PP, pH, and ATT SST / ATT of P 2 and
P3. Focusing these results associated with the visual characteristics, the overall
performance indicates that the best storage condition, in terms of the quality of the
fruit, were 10 ° C ± 1 ° C / 10days and 15 ° C ± 1 ° C / 30 days depending on the market
destination.
Key word: prickly pear, quality of the fruit for exportation, conditions for storage.
80
INTRODUÇÂO
Os frutos da Opuntia ficus-índica (L.) Miller (figo da índia) produzidos no semi-
árido pernambucano, a exemplo do que ocorre em outras regiões do país, ainda são
pouco difundidos e consumidos, do ponto de vista comercial, não obstante sua
similaridade, em termos de características químicas, físico-químicas e físicas, com os
cultivados em países como o México e o Chile, grandes produtores e exportadores
(ALVES et al. 2007).
No mercado internacional, verifica-se uma considerável demanda por esse fruto,
abrindo perspectivas para sua exploração nas regiões áridas e semi-áridas do Nordeste
brasileiro, como forma de melhorar as condições sócioeconômicas de sua população.
Contudo, para viabilizar esta proposta faz-se necessário suplantar uma série de
obstáculos, tais como: susceptibilidade a lesões decorrentes do manuseio inadequado,
durante a colheita e operações pós-colheita que, associadas ao elevado teor de umidade,
facilitam o ataque microbiano, responsável por perdas que alcançam 30% a 40% da
produção (MALGARIM et al., 2005).
Entre as operações tecnológicas capazes de minimizar estas perdas e prolongar a
vida útil pós-colheita dos frutos e hortaliças podem ser citadas a aplicação do frio e o
emprego de atmosfera modificada, pela utilização de filmes flexíveis, de emulsões
cerosas, parafinas, ésteres de ácidos graxos, entre outros, para embalagem dos frutos,
cuja eficácia tem sido comprovada por diversos autores (GOULD, 1996; GUERRA,
1993).
81
Embora temperaturas iguais ou inferiores a 10ºC não sejam indicadas para frutos
tropicais, devido à sua baixa tolerância ao frio, de acordo com a literatura variações
entre 0 e 20 ºC vêm sendo empregadas na conservação dos frutos de Opuntia. Em 1978,
Berger et al. conservaram, por dois meses, frutos previamente tratados por imersão em
fungicidas (Benlate-Botran), a uma temperatura de 48-50ºC, embalados em sacos de
polietileno e armazenados a 0 ± 0,5ºC e 85-90% UR, comprovando a eficácia da
embalagem e apresentando uma boa tolerância ao frio, divergindo de Franco e Veloz
(1985), que, ao armazenarem frutos sob diversas temperaturas, por um período de 15
dias, constataram, a 8 e 10ºC, susceptibilidade a danos pelo frio. Garcia, Rodriguez e
Cruz (1997), em frutos de seis variedades, armazenados por 60 dias, a 9ºC e 90% UR,
verificaram que a tolerância ao frio estava relacionada à variedade, que também, influi
sobre a perda de peso, segundo pesquisa realizada, neste mesmo ano, por Franco-
Moreno e Rodriguez – Campos (1997), com frutos de 20 variedades, armazenados a
20ºC, por 10 dias, com 60 –70% UR. Posteriormente, Inglese, Basile e Schirra (2002)
verificaram que a cobertura dos frutos com películas de polietileno durante o
armazenamento a 6ºC, por seis semanas, reduziu a perda de peso, os danos pelo frio e
propiciou uma melhor aparência. O papel desta película em relação à perda de peso e
retenção do frescor, em frutos armazenados a 9ºC por 4 semanas, também foi destacado
por Corrales-Garcia (2003).
No Brasil, as pesquisas sobre o tema restringem-se a dois trabalhos
desenvolvidos no semi-árido paraibano, por Primo, Silva e Silva (2005) e Primo, Silva e
Martins (2007). O primeiro ratificou a eficácia da atmosfera modificada (AM) por filme
de PVC sobre a qualidade de frutos de palma, em dois estádios de maturação,
armazenados a 10ºC/18 dias, enquanto o estudo de 2007 avaliou a eficácia do amido de
82
inhame como revestimento de frutos, em quatro estádios de maturação, armazenados
sob refrigeração a 12ºC/15 dias, sobre a evolução da cor da polpa.
Diante da escassez de dados sobre o comportamento pós-colheita dos frutos
produzidos no país, especialmente no semi-árido nordestino, foi implementada esta
pesquisa com vistas a otimizar as condições de armazenamento para atender mercados
a longa distância.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
O material foi constituído por frutos de O. ficus-indica, provenientes de três
propriedades particulares, codificadas como P1, P2 e P3, todas localizadas no
município de Arcoverde, na mesorregião Sertão e microrregião Sertão do Moxotó do
Estado de Pernambuco, entre as coordenadas geográficas 08º:25’:08” latitude sul e
37º:03’:14” longitude oeste Gr, a aproximadamente 663m de altitude. Nesta área,
segundo a classificação de Köppen, predomina o tipo climático “AS”, tropical chuvoso
com verão seco (WIKIPÉDIA, 2008).
As plantas, das propriedades P1, P2 e P3, foram identificadas no Herbário - IPA
Dárdano de Andrade Lima, da Empresa Pernambucana de Pesquisas Agropecuárias
(IPA), e tombadas no acervo, sob os números IPA 73436; IPA 73434 e IPA 73435,
respectivamente.
83
Métodos
Procedimentos da colheita e pós-colheita
A colheita foi efetuada manualmente, com o auxílio de luvas e faca, no período
da manhã, em março de 2006. De cada propriedade foram colhidos 100 frutos
(associados a uma pequena fração do cladódio - raquete), em diferentes posições e
orientações da planta, de acordo com os seguintes critérios: estádio II – ½ maduro,
casca com cerca de 60% de mudança de cor (CANTWELL, 2001), tamanho uniforme,
pouca presença de gloquídeos (espinhos de celulose cristalina) e ausência de defeitos
visuais (larvas, insetos, fungos, danos na película e injúrias mecânicas).
Logo após a colheita os frutos foram imersos em água, para pré-resfriá-los e
eliminar parte das impurezas e dos gloquídeos, sendo posteriormente secados
naturalmente a temperatura ambiente, acondicionados em caixas de papelão ondulado,
em uma única camada, e transportados para o Laboratório de Pós-Colheita de Frutos do
IPA, localizado na cidade do Recife - PE, onde foram conduzidos os experimentos.
Os frutos foram submetidos a uma lavagem com escovação (escova com cerdas
macias), para eliminar os gloquídeos e as impurezas remanescentes, imersos em solução
sanitizante de hipoclorito de sódio (13,2g/l) associado ao Cercobim 700Pm (0.7g/l) a
45ºC/ 20 min, para reduzir o risco de infecção por microorganismos, e secados sobre
papel toalha, à sombra, sob 23ºC ± 1ºC, por três dias, período necessário para a queda
da fração do cladódio a eles aderida.
84
Procedeu-se então à retirada, ao acaso, de 20 frutos/ propriedade (tempo zero do
armazenamento) e 42 frutos / propriedade que, em duplas, foram acondicionados em
bandejas de poliestireno com dimensões de 150 x 150 x 25 mm, de forma a
disponibilizar três bandejas por tratamento, perfazendo um total de vinte e uma
bandejas/propriedade. Cada uma delas foi envolvida com filme flexível de cloreto de
polivinila (PVC) de 16 μm de espessura e 440 mm de largura, para obtenção de
atmosfera modificada, e aleatoriamente distribuídas em câmaras de refrigeração com
umidade do ar 85-90%, monitoradas por Termohigrógrafo – Thermo-Hygrograph 79t,
Dr. A. Muller, de rotação semanal, conforme estabelecido no delineamento
experimental.
Delineamento experimental
Para otimizar as condições de armazenamento pós-colheita do fruto de Opuntia
ficus-indica, foi empregado um planejamento fatorial 2
2
(BOX; BEHNKEN,1960). Os
fatores (variáveis independentes), selecionados com base no seu impacto sobre a
qualidade dos frutos, foram: tempo (10-30-50 dias) e temperatura (10 ± 1ºC; 15 ± 1ºC e
20 ± 1ºC) (Tabela 1). Os seguintes atributos ou respostas (variáveis dependentes) foram
considerados nesta pesquisa: Perda de massa (PP); Densidade (D); Firmeza (F); Matéria
seca (MS); Umidade da polpa (UP); Potencial hidrogeniônico (pH); Acidez total
titulável (ATT); Sólidos solúveis totais (SST); Açúcares totais (AT); Açúcares redutores
(AR), Açúcares não redutores (ANR) e observações visuais. O delineamento
experimental, que resultou em 7 experimentos, sendo os três últimos repetições do
ponto central, foi aplicado aos frutos originados de cada propriedade (P1, P2 e P3)
(Tabela 2) e a metodologia de superfície de resposta (MSR) foi aplicada aos dados
85
experimentais por meio do programa Statistica for Windows, versão 6.0 (STATSOFT,
1997). Os dados foram ajustados ao seguinte modelo polinomial:
,
211222110
XXbXbXbby
+
+
+
=
onde: y é a variável resposta (PP,D, F, MS, UP, pH, ATT, SST, SST/ ATT, AT, AR e
ANR);
n
b coeficientes de regressão;
1
X o tempo (-1, 0, 1) e
2
X a temperatura (-1, 0, 1).
Análises estatísticas
O critério utilizado para caracterizar a eficiência do ajuste das informações ao
modelo foi o coeficiente de determinação (R
2
).
Tabela 1 - Níveis decodificados e codificados das variáveis independentes
utilizados no delineamento experimental das condições pós-
colheita de frutos de Opuntia ficus-indica (L.) Miller
Variáveis
Independentes
Símbolos Níveis
Decodificados Codificados Decodificados Codificados
Tempo (dias) t X
1
10 -1
30 0
50 1
Temperatura (ºC) T X
2
10 -1
15 0
20 1
86
Tabela 2 – Matriz de planejamento das condições de armazenamento pós -
colheita de frutos de Opuntia ficus-indica (L.) Miller
Ensaios Decodificados Codificados
t (dias) T (ºC) t (dias) T (ºC)
1 10 10 -1 -1
2 50 10 1 -1
3 10 20 -1 1
4 50 20 1 1
5 30 15 0 0
6 30 15 0 0
7 30 15 0 0
Determinações analíticas
PP (%) – conforme equação de Laranjeira (1997), PP (%) = 100 X ((Mi – Mf) /
Mi), onde PP (perda de massa), Mi (massa total inicial); Mf (massa total final); D,
obtida a partir da relação massa (g)/ volume (cm
3
); F, a partir de perfurações efetuadas
em lados opostos no terço mediano, utilizando penetrômetro manual (Scales & Force
Precision Instruments since 1835) com ponteira de 0,48mm de diâmetro; MS e UP (%),
em estufa a 75ºC, até peso constante; pH, através de leitura direta em potenciômetro
digital Tecnal (modelo Ph meter Tec – 2), calibrado com solução tampão Ph 4 e 7
[AOAC, 2002, 943.02 (cap.32, pág. 12)]; SST (ºBrix), por refratometria em Hand
refractometer (OSK 6533 type – N- 1, Atago N-1E; ºBrix 0 ~ 32% sacarose) )[AOAC,
2002, 932.12 (37.1.15)]; ATT, conforme o Instituto Adolfo Lutz (IAL) (2005) e relação
SST/ATT, AT, AR e ANR conforme IAL ( 2005), e observação visual da aparência e
coloração (casca e polpa) – conforme escala de intervalo estruturada de 7 pontos
(Tabela 3).
87
Com exceção da perda de massa, densidade e firmeza, realizadas nos frutos
inteiros, os demais parâmetros físico-químicos e químicos foram efetuados utilizando as
polpas homogeneizadas de cada um dos 62 frutos/propriedade, sempre em triplicata, no
tempo zero (controle) e ao final de cada um dos 7 ensaios efetuados.
Tabela 3 - Escala estruturada de intervalos de cores
Códigos Coloração
1
Amarelo claro / Verde claro
2
Amarelo / Verde Claro
3
Amarelo
4
Amarelo claro / Alaranjado
5
Amarelo Alaranjado
6
Laranja / Amarelado
7
Laranja
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Efeito das condições de armazenamento sobre as características visuais dos frutos
Nesta pesquisa observou-se que ao final do armazenamento, 87% dos frutos,
independentemente da propriedade de origem, exibiam casca com coloração amarelo /
verde claro e 59% de suas polpas laranja / amarelada, em substituição parcial da
amarela alaranjada, exibida por 61% dos frutos no tempo zero, indicando que, ocorreu
uma discreta evolução deste parâmetro, durante o armazenamento (Figura 1).
88
Verificou-se ainda, ao final de cada período de armazenamento, que os frutos
permaneceram túrgidos, sem danos pelo frio, livres de ataque microbiano, comprovando
a eficácia do tratamento prévio com água aquecida (42ºC/ 2min.), associado à aplicação
de fungicida e as revestimento com filme de PVC.
Figura 1. Freqüência das cores dos frutos de Opuntia ficus-indica no
tempo zero e na saída do armazenamento
(a) casca; (b) polpa; A – amarelo; AcAL – amarelo claro/ alaranjado; AAL - amarelo/
alaranjada; AVc - amarela / verde claro; LAL - laranja / amarelada; L - laranja.
(a)
Avc 87%
A 11%
AAL 2%
(b)
LAl 59%
AAL
4%
A 27%
L 10%
Saída do
Armazenamento
(a)
Avc
58%
AAL
17%
A 25%
Tempo Zero do
Armazenamento
(b)
AAL 61%
LAl 17%
AcAL 15%
L 7%
89
Efeito das condições de armazenamento sobre os parâmetros de qualidade dos
frutos
As tabelas 4, 5 e 6 apresentam os resultados experimentais utilizados na
metodologia da superfície de resposta.
Convém ressaltar que a PP registrada para os frutos das propriedades
pesquisadas foi inferior a 5%, percentual, conforme Félix et al. (1992), insuficiente para
alterar sua aparência, somente observada em PP superiores a 8%. Este resultado é
similar ao obtido por Corrales-Garcia, Moreno e Campos (2006), em 20 variedades, das
quais apenas 3 apresentaram perda superior a 5%, e por Morga, Bolaños e Silva (2006
b), que registraram perdas entre 1,3 – 3,6%, após 12 dias de armazenamento a 10 ºC,
valores que, segundo os autores, estavam associados à presença de microrganismos, fato
não observado neste estudo. Outros autores observaram: que as perdas de peso (entre
0,1 - 3,0%) de frutos armazenados sob AM, após 18 dias, foram 10% inferiores às
determinadas para frutos armazenados em atmosfera ambiente (PRIMO; SILVA;
MARTINS, 2007); após 20 dias de armazenamento dos frutos das cultivares Cristalina e
Amarilla Milpa Alta a 10 ± 1ºC e 90 – 95%UR, perdas de 4,57 e 11,01%,
respectivamente (CORRALES-GARCIA; SILVA 2005); que ao final do
armazenamento a 20ºC± 1ºC / 14dias, em frutos previamente tratados a quente
(60ºC/30”) perdas menores que 1,8% (DIMITRIS et al., 2005). Estes resultados
demonstram, além da influência do binômio tempo e temperatura, o efeito protetor da
AM ao manter a UR elevada em torno dos frutos, das variedades e do tratamento a
quente sobre esse importante parâmetro de qualidade.
90
De acordo com Berger et al. (1978), a maturação do figo da índia não evolui
após a colheita, permanecendo estáveis parâmetros como: SST, ATT e F. Os dados
apresentados na tabela 3,embora ratifiquem esta premissa, mostram uma ligeira
tendência de elevação do SST em função, principalmente, do tempo de armazenamento,
comportamento não registrado para os frutos da P2 e P3, que também diferiram da P1
quanto ao percentual deste parâmetro no tempo zero, possivelmente devido à influência
dos tratos culturais empregados.
Pequenas variações também foram observadas ao final dos períodos de
armazenamento, por Morga, Balaños e Silva (2006 a), ao armazenarem frutos sob
atmosfera controlada, a 2ºC, por 15 e 20 dias, de 13,7 - 14,2 ºBrix e de 12,5 - 13,7 ºBrix,
respectivamente; Primo, Silva e Silva (2005), após 18dias, a 10ºC, encontraram, para
frutos com 50% de mudança de cor e embalados, variação de 11,0 – 10,0 ºBrix. Quanto
à ATT, na P2 e P3 as variações ocorridas em função da temperatura foram suficientes
para influenciar a relação SST/ATT.
Embora a firmeza da Opuntia, nos ensaios 1 (Tabelas 4, 5 e 6) tenha sido
superior à do tempo zero, tendeu a diminuir progressiva e lentamente, nos demais
ensaios, independentemente da propriedade, com exceção do ensaio 2 (da P2 e P3) que
permaneceu superior ao tempo zero. Ao final dos 30 dias, os frutos apresentavam-se
firmes, com variações de 15,07 N - 17,71 N; 17,75 N -18,05 N; 17,21 N - 17,75 N, para
P1, P2 e P3, respectivamente, em relação ao tempo zero. Resultados superiores aos
registrados por Primo, Silva e Silva (2005), que também referem uma leve redução da
firmeza durante o armazenamento, de 10 N para 6 - 7 N, em frutos do semi-árido
paraibano, embalados com PVC.
91
Tabela 4 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica colhidos
na propriedade 1
Tabela 5 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica colhidos
na propriedade 2
Variáveis dependentes
Ensaios
PP D F MS UP pH ATT SST
SST /
ATT
AT AR ANR
0 0 1,01 17,71 12,75 87,25 5,81 0,06 12,59 209,83 10,68 10,55 0,13
1 1,70 1,01 18,82 11,80 87,98 6,62 0,06 11,80 196,67 9,91 9,77 0,14
2 3,60 1,01 17,48 14,35 85,65 6,42 0,07 13,80 197,14 12,81 12,11 0,69
3 2,58 1,01 15,22 12,27 87,50 5,92 0,09 12,30 136,67 10,90 10,21 0,69
4 4,80 1,02 14,31 15,30 85,20 6,19 0,06 14,50 241,67 10,84 10,70 0,14
5 2,90 1,02 16,10 13,30 86,70 6,27 0,11 13,53 123,00 12,21 11,64 0,57
6 2,80 1,00 14,57 13,14 86,86 6,49 0,09 13,33 148,11 10,81 10,31 0,50
7 2,85 1,01 14,54 13,46 86,54 6,10 0,11 13,27 120,64 11,57 10,58 0,99
Variáveis dependentes
Ensaios
PP D
F MS UP pH ATT SST
SST /
ATT
AT AR ANR
0 0 1,01 18,05 13,54 86,00 6,37 0,05 14,36 287,2 12,34 11,99 0,36
1 2,4 1,03 19,37 14,70 85,30 6,57 0,04 14,20 355,00 12,85 12,63 0,22
2 4,05 1,02 18,82 14,54 85,46 6,25 0,06 13,47 224,50 11,42 11,24 0,18
3 3,02 1,01 16,86 14,56 85,44 5,14 0,07 14,07 201,00 13,08 12,73 0,35
4 4,90 1,02 16,53 13,62 86,38 6,25 0,08 13,67 170,87 12,42 12,14 0,28
5 3,15 1,04 17,74 12,97 87,03 5,80 0,06 13,07 217,83 11,17 10,76 0,41
6 3,40 1,03 16,59 13,65 86,35 5,92 0,06 13,50 219,17 12,36 12,03 0,33
7 3,30 1,02 18,91 13,10 86,90 6,02 0,07 13,20 188,57 11,18 10,82 0,36
92
Tabela 6 - Dados experimentais usados para análise da superfície de respostas e os
valores correspondentes ao tempo zero em frutos de Opuntia ficus-indica colhidos
na propriedade 3
A tabela 7 apresenta os coeficientes de regressão que descrevem os efeitos das
condições de armazenamento pós-colheita sobre as variáveis dependentes. A influência
significativa dos fatores isolados tempo e temperatura ficou restrita à UP da P1 e ao pH
e ATT das P2 e P3, respectivamente, enquanto foi registrada interação entre estes
fatores sobre a PP, em todas as propriedades, a MS e SST da P1 e a SST/ATT das
propriedades 2 e 3. Os coeficientes de determinação mais elevados (R
2
>0,90) foram
obtidos para os parâmetros PP, MS, UP e SST da propriedade 1 e da PP, pH, ATT e
SST/ATT das propriedades 2 e 3, indicando um bom ajuste dos dados experimentais
destes parâmetros à equação.
Variáveis Dependentes
Ensaios
PP D F MS UP pH ATT SST
SST /
ATT
AT AR ANR
0 0 1,01 17,75 13,37 86,63 6,43 0,05 13,49 269,80 11,87 11,24 0,63
1 1,73 1,02 18,39 13,53 86,47 6,82 0,04 13,60 340,00 12,11 11,88 0,23
2 3,50 1,01 17,84 13,72 86,28 6,60 0,06 13,20 220,00 12,58 12,31 0,27
3 2,40 1,02 17,90 13,60 86,40 6,15 0,07 13,40 191,43 12,65 12,42 0,23
4 4,50 1,01 17,51 13,01 86,99 6,21 0,08 12,47 155,87 11,37 11,11 0,26
5 2,70 1,00 18,29 13,64 86,36 6,41 0,07 14,07 201,00 11,57 11,39 0,18
6 2,90 1,02 16,43 13,98 86,02 6,43 0,06 13,73 228,83 12,08 11,86 0,22
7 3,00 1,01 16,92 14,05 85,95 6,55 0,06 13,93 232,17 12,03 11,80 0,23
93
Tabela 7 - Coeficientes de regressão e determinação da equação para as variáveis dependentes durante o armazenamento pós- colheita dos frutos de
Opuntia ficus-indica (L.) Miller
Variáveis dependentes
Propriedades Coeficientes
PP D F MS UP pH ATT SST SST/ATT AT AR ANR
b
0
3,03 13,37 86,63 6,29 0,08 13,22 166,27 10,76 10,76 ns
Linear
b
1
1,03 ns ns 1,39 -1,16 ns ns 1,05 ns ns ns ns
b
2
0,52 ns ns 0,35 ns ns ns 0,3 ns ns ns ns
Interação
b
12
ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
P1
R
2
0,97
0,99 0,99
0,78 0,22
0,96
0,44 0,75 0,75 0,22
b
0
3,46 13,73 86,26 5,98 0,06 13,60 225,28 11,76 11,76 0,32
Linear
b
1
0,88 ns ns ns ns ns ns ns -40,16 ns ns ns
b
2
0,37 ns ns ns ns -0,47 0,01 ns -51,91 ns ns ns
Interação
b
12
ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
P2
R
2
0,95
0,42 0,42
0,97 0,93
0,33
0,91
0,34 0,34 0,41
b
0
2,96 13,65 86,35 6,45 0,06 13,48 247,26 11,82 11,82 0,23
Linear
b
1
0,97 ns ns ns ns ns ns ns -38,89 ns ns ns
b
2
0,42 ns ns ns ns -0,26 0,01 ns -53,17 ns ns ns
Interação
b
12
ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns
P3
R
2
0,98
0,42 0,42
0,96 0,93
0,42
0,97
0,82 0,82 0,25
* ns= não significativo (p0,05)
PP- perda de massa; D- densidade; F-firmeza; MS – matéria seca; UP- umidade de polpa; pH – potencial hidrogêniônico; ATT- Acidez total titulável ; SST – sólidos solúveis totais;
AT- açúcares totais; AR- açúcares redutores; ANR- açúcares não redutores
.
93
94
A partir desses resultados foram gerados os contornos das superfícies de
resposta para cada um dos parâmetros supra-citados (Figuras 2, 3 e 4). Na figura 2 (a e
c) observa-se que a elevação da MS e SST foi positivamente influenciada pelo aumento
do tempo de armazenamento, inverso, ao ocorrido com a UP (Figura 2 b), enquanto o
percentual de PP (Figura 2 d) aumentou linearmente em função de ambas as variáveis
do processo, comportamento também observado nos frutos das demais propriedades
(Figuras 3 d e 4 d). A influência conjunta destas variáveis foi também demonstrada nas
figuras 3 e 4, no que diz respeito à redução da SST/ATT. Nestas figuras, observa-se que
os mais baixos valores de pH foram registrados a temperaturas superiores a 15ºC,
independentemente do tempo de armazenamento, o oposto do observado para a ATT,
que aumentou linearmente com o aumento da temperatura.
95
(a) (b)
(c) (d)
Figura 2 – Curvas de contorno, após aplicação dos tratamentos em frutos
de Opuntia ficus-indica (propriedade 1)
(a) matéria seca, (b) umidade da Polpa, (c) SST (ºBrix), (d) perda de peso, após aplicação dos
tratamentos.
96
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3 – Curvas de contornos, após aplicação dos tratamentos em
frutos de Opuntia ficus-indica (propriedade 2)
(a) pH, (b) ATT, (c) SST/ATT, (d) perda de peso, após aplicação dos tratamentos.
97
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4 – Curvas de contornos, após aplicação dos tratamentos
em frutos de Opuntia ficus-indica (propriedade 3)
(a) pH, (b) ATT, (c) SST/ATT, (d) perda de peso, após aplicação dos tratamentos.
98
CONCLUSÕES
A otimização das condições de armazenamento da Opuntia ficus-indica teve
como finalidade obter o mínimo de PP, maior F e melhores valores de SST, associados
à aparência visual dos frutos, indicadores de qualidade requeridos à sua
comercialização. A análise conjunta destes fatores comprovou a eficácia da embalagem
e demonstrou que os frutos das P2 e P3, quando armazenados a 10ºC/10dias,
apresentaram características superiores aos demais ensaios. Contudo, na dependência do
mercado, este tempo poderá ser insuficiente para sua exportação. Desta forma, 15ºC/ 30
dias consolida-se como a melhor alternativa para atender os mercados a longa distância,
condição na qual a melhor performance foi exibida pelos frutos da P3.
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102
6 CONCLUSÕES GERAIS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
103
Conclusões gerais
Com base nos resultados analíticos obtidos, nas condições em que foram
conduzidos os experimentos, pode-se concluir que:
dentre as características que exercem influência na qualidade dos frutos de O.
fícus-indica destacam-se: pH, ATT, SST, SST/ATT, EP e relação DL/DT;
dos frutos estudados, as melhores características de qualidade para o consumo
in natura e para a industrialização, foram registradas para os obtidos das plantas P3 e
P2, respectivamente;
das condições de armazenamento aplicadas destacam-se: 10ºC / 10 dias, para os
frutos destinados a mercados próximos, e 15ºC / 30dias, para exportação a longa
distância;
as características de qualidade dos frutos dessas plantas permitem à sua
incorporação ao sistema produtivo, como forma de melhorar a renda do pequeno
agricultor das regiões áridas e semi-áridas da Região Nordeste.
104
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
105
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107
8 APÊNDICES
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
108
Apêndice A - Freqüência de ocorrência das cores nos frutos no tempo zero
Códigos das Cores
Propriedade
1 2 3 4 5 6 7
Cores da Casca
P 1
55 20 25
P 2
70 25 5
P 3
50 30 20
Cores da Polpa
P 1
15 55 30
P 2
70 10 20
P 3
30 60 10
P1 – propriedade 1; P2- propriedade 2 e P3 – propriedade 3
Apêndice B - Freqüência de ocorrência das cores nos frutos depois dos tratamentos
Códigos das Cores
Propriedade
1 2 3 4 5 6 7
Cores da Casca
P1
93 7
P2
86 10 5
P3
83 17
Cores da Polpa
P1
43 43 14
P2
21 12 53 14
P3
17 81 2
P1 – propriedade 1; P2- propriedade 2 e P3 – propriedade 3
109
9 ANEXOS
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
110
Anexo A: Artigo submetido e aceito para publicação na Asociacion Iberoamericana de
Tecnologia Postcosecha, S.C.
111
Anexo B: Artigo submetido para publicação na Acta Horticulturae
112
Anexo C: Trabalho apresentado no VI International Congress on Cactus Pear and
Cochineal and VI General Meeting of FAO-CACTUSN
113
Alves, Marta Assunção
Caracterização e aspectos pós-colheita dos frutos
de Opuntia ficus-indica (L.) Miller oriundos de
Arcoverde- Pernambuco / Marta Assunção Alves. –
Recife : O Autor, 2008.
VIII, 112 folhas : il., fig., tab., graf.,
Tese (doutorado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Nutrição. 2008.
Inclui bibliografia apêndice e anexos.
1. Figo da índia. 2. Caracterização físico-química.
3. Armazenamento 4. Opuntia fícus-indica (L) Miller
5. Pós-colheita . I.Título.
634.6 CDU (2.ed.) UFPE
664.804 CDD (22.ed.) CCS-10/2008
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