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Geografia e Cartografia para o Turismo
Módulo I
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chamado de erosão por dissolução que produz vales profundos ou canyons, depressões ovaladas de contornos
sinuosos - as dolinas. (...) O processo de dissolução cria numerosas cavidades subterrâneas, as grutas ou
cavernas, muito procuradas por apreciadores de raridades naturais como estalactites e estalagmites. O ecotu-
rismo está sempre presente nessas regiões.
Em nosso país tais áreas são pontos turísticos muito visitados, como o vale do Ribeira, em São Paulo, as
grutas de Maquiné e da Lapinha, em Minas Gerais, a de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, que é, também, um
centro religioso, e vários outros nos demais estados. (...)
As regiões areníticas e quartzíticas, de cimento silicoso, quando trabalhadas pela erosão pluvial, evoluem
para formas bastante originais denominadas de ruiniformes e podem se tornar objeto de visitas. Os exemplos
mais conhecidos, entre nós, são os arenitos de Vila Velha (PR), as encostas da Chapada dos Guimarães (MT)
e as Sete Cidades do Piauí, na região de Piracuruca, todas já incluídas nos roteiros turísticos nacionais. (...)
O clima nos caminhos do turismo
Para o turismo, no sentido lato, e a prática do ecoturismo propriamente dito, o clima é um recurso natural
nada desprezível.
Embora seja um procedimento reducionista e incorreto apresentar temperatura como sinônimo de clima,
não há dúvida de que esse elemento é um dos mais significativos para o conforto humano e a sensação de
bem ou de mal estar. O ideal térmico para o organismo humano varia conforme a latitude de origem do grupo
considerado. A maioria dos estudiosos admite que, para as populações das latitudes médias, os limites
oscilam entre 18ºC e 22ºC. (...) Isso significa que, desse ponto de vista, regiões subtropicais ou mediterrâneas,
numa posição transicional entre as médias e as baixas latitudes, são as mais propícias, exercendo, por esse
motivo, uma espécie de poder de sedução.
Há outro elemento do clima que favorece essa região: a duração do brilho solar (ou seja, ausência de
nebulosidade) que, nessa faixa, exibe valores médios muito elevados. (...) Em nosso país, assinala-se o contraste
entre Apodi, na região semi-árida do Rio Grande do Norte, 3.000 horas, e São Paulo, capital, com 1.732 horas.
Os totais anuais e a sazonalidade da precipitação também apontam para essa
mesma zona, uma vez que os dados médios, aí, são moderados, variando de 500
a 700 milímetros anuais (exemplo: Marselha, 548 mm) e a estiagem ocorre no
verão, beneficiando todo tipo de atividade ao ar livre. (...)
(...) A chuva inoportuna, isto é, a que ocorre durante o dia, é um fenômeno
meteorológico indesejável para a atividade turística. (...)
Os países escandinavos possuem, há várias décadas, empresas que oferecem
seguro contra o mau tempo, isto é, mediante um sistema de compensações,
indenizam o turista que não tenha podido desfrutar de um roteiro de lazer em
virtude de condições meteorológicas desfavoráveis.
Na faixa intertropical, as áreas situadas acima de 1.000 metros constituem, quase sempre, refúgios de
salubridade pela boa qualidade do ar (elevada concentração de ozônio), pressão atmosférica mais baixa e
temperaturas médias anuais variando entre 15 e 20ºC. Quando localizada a alguma distância do oceano,
especialmente em encostas protegidas dos ventos dominantes (posições de sotavento), tais sítios são carac-
terizados por umidade relativa baixa que inibe a propagação de complexos patogênicos (Sorre). No passado
tornaram-se cidades-sanatório e, atualmente, são centros turísticos de montanha, podendo mencionar-se,
entre nós, como exemplos mais expressivos, Campos do Jordão, Teresópolis e Poços de Caldas, no Sudeste,
e Garanhuns e Guaramiranga, no Nordeste.
Latitude, altitude, distância do oceano e situações de sotavento podem combinar-se e produzir espaços
muito favoráveis à prática de atividades de lazer. O turismo de grande escala está atento a essas características
naturais e as vem aproveitando com sucesso, em vários pontos do globo, notadamente nos citados domínios
mediterrâneos e nos litorais tropicais beneficiados pelos ventos alísios.
O contacto terra/oceano e o papel de outras paisagens
A linha de contacto que separa terras e águas, seja dos grandes blocos continentais, seja de pequenas
ilhas, pode se apresentar de forma muito variada, desde escarpas abruptas até planícies abertas e restingas,
limitadas por praias que, freqüentemente, apresentam grande beleza paisagística, além de oferecerem varia-
das opções de lazer.
Uma das mais espetaculares manifestações da natureza nessa interface terra/oceano é a Grande Barreira
de Coral, afloramento de recifes que se estende por mais de 1.000 km ao largo da costa nordeste da
Austrália, sustentada sobre a plataforma continental e rodeada de águas transparentes, excelentes para a
prática do mergulho.
A zona intertropical, beneficiada por intensa radiação solar especialmente aquela de moderada ou escas-
sa nebulosidade, é muito apropriada à prática do turismo de praia. Enquadram-se nesse particular o Caribe,
a maior parte das ilhas da Polinésia e o litoral brasileiro, de Santos para o norte. (...)
Fiordes da Noruega, com
geografia peculiar
Crédito: Reprodução/
www.noruega.org.br
Geografia_Silv.p65 26/3/2007, 13:5611