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Comunicação e Turismo
Módulo I
II
II
I
não faça uso da palavra oral, o mesmo não se podendo dizer da escrita. Das 3.000 línguas faladas no mundo, 106
chegaram à escrita, apenas 78 à literatura, segundo afirma a professora Maria Thereza Rocco. A fala é marca, critério
de humanidade, atividade fundadora da qual o homem se serve para organizar e expressar sensações, experiências,
ou seja, estruturar a elocução. Entre fala e escrita existem aproximações e distanciamentos. Quando falamos, além
das palavras, usamos outros e poderosos elementos – gestos corporais, expressões faciais, olhares, suspiros,
muxoxos e, principalmente, entoação. Pela entoação distinguimos uma frase afirmativa, uma negativa, percebemos
a seriedade ou a ironia. Ao escrevermos, entretanto, nos ficam só as palavras. Daí a importância fundamental dos
sinais de pontuação, da ortografia, da concordância, da escolha e colocação das palavras. Além do mais, a estruturação
de um discurso escrito é essencial à sua qualidade. O assunto a ser tratado, a organização interna – introdução,
desenvolvimento –, conclusão, a divisão em parágrafos, a coesão (assunto a ser tratado no próximo módulo).
Uma outra questão deve estar sendo germinada em seu cérebro: e a televisão, o computador? Qual o papel da
língua nesses novos instrumentos de comunicação?
Platão, pensador que viveu entre 428-348 a.C., o mais célebre dos filósofos gregos, em sua obra Fedro, condena
a escrita e sua disseminação, acusando-a de responsável pelo esquecimento, de destruidora da memória. E ele não foi
o único. Em nossa era, outros grandes nomes, por razões diversas, trataram a escrita com suspeita. O novo assombra.
O século XX caracterizou-se por grandes, belas, boas e algumas trágicas invenções. A televisão foi uma bela
invenção. Você já imaginou o quanto a televisão tem sido companhia para os velhinhos, os solitários, os doentes
quer idosos, quer crianças? O computador e as redes eletrônicas, que nos permitem mobilidade espacial, temporal,
intercâmbios culturais e comerciais e até mesmo amores sem que deixemos o nosso lugar, estão sendo difundidos
grandemente e tornando-se indispensáveis às atividades humanas do século XXI. Mas, por serem novos, estão nos
assombrando.
Quando do surgimento da fotografia, muitos afirmaram que ela destruiria as artes plásticas. Do cinema, disse-
ram que mataria a fotografia, e as previsões afirmavam que seria morto pela televisão. Todos aí estão e ganharam
nova companhia com o computador. E todos estão assustando, dando preocupação aos pensadores da língua e,
muitas vezes, sendo acusados de incapacitar o homem para a leitura e a escrita de qualidade. E, de nós, exigindo o
aprendizado de novos modos de leitura.
A televisão, meio eletrônico caracterizado pela imagem, nem por isso dispensa o verbal. Com a televisão, surge
um novo tipo de oralidade associada à imagem, uma oralidade outra, que vem presa a uma escrita que a sustenta
e muitas vezes a determina. Assim como o rádio, a oralidade da televisão é escrita por seus roteiristas, no caso de
programas de entretenimento, dramaturgia e outros, e por editores, no caso de programas jornalísticos. No Brasil,
essa situação ganha um interesse especial porque os primeiros profissionais de TV foram homens e mulheres do
rádio que migraram para o novo veículo. Carregando toda sua experiência radialista (portanto, oral) para um veículo
visual, foram os verdadeiros construtores da televisão brasileira como a conhecemos e usufruímos presentemente.
A língua é essencial nas redes eletrônicas que veiculam textos variados: sonoros, visuais, icônicos, figurativos e
verbais, ou seja, temos uma miscelânea. Exemplo maior é a internet, que permite um intercâmbio entre pessoas
diferentes, de níveis e expectativas variados, de culturas diferentes, jogando, namorando, comprando, vendendo,
pagando, por escrito, utilizando-se de registros lingüísticos e icônicos (ícone é um elemento gráfico que reproduz
os traços, que se assemelha e, portanto, representa um objeto, uma operação, um link)
As invenções são sempre motivadas. Nada surge ao acaso, ao sabor do vento. Os inventos são sempre respostas
às necessidades humanas, que podem ser sociais, culturais, cognitivas. Novos registros e níveis lingüísticos, novas
formas verbalizadas surgem em decorrência de nossas próprias necessidades. A língua não morrerá, a escrita
também não. Incorporações, arranjos, trocas, transformações são fatores de enriquecimento.
Proposta 1:
Você está fazendo prova mensal de Língua Portuguesa, cujas questões estão baseadas no texto A marca
do homem. Escolha dentre as respostas dadas a mais adequada à pergunta feita. Lembre-se de reler o
texto-base para responder.
1. O que significa dizer que a língua não é uma unidade uniforme e homogênea?
(a) Língua = conjunto/variedades; não tem forma estática; varia em termos de região, de sociedade e históricamente.
(b) De acordo com o texto, nenhuma língua é estática, imutável. Todas sofrem variações sociais, regionais e históricas.
(c) De acordo com o texto, as línguas têm variações e mudam de classe social, de região e na história.
2. O que você entende por destinatários variados e diferenciados?
(a) Os destinatários variam em termos socioculturais e históricos. Os interesses de um adolescente escolarizado
e do sexo masculino são diferentes dos interesses de um homem de 30 anos. O garoto, provavelmente, abre
o jornal e vai direto para o caderno de esportes ou lazer. Um homem maduro está mais interessado nas
notícias econômicas, políticas, internacionais. É possível que, numa segunda-feira, após um importante
jogo de futebol dentro de um campeonato, o interesse desse homem maduro também seja pelo caderno de
esportes. Os destinatários variam suas preferências de acordo com a situação.
Comunicação Aluno.p65 27/3/2007, 10:419