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Intensificam-se as transformações no processo produtivo, através do avanço
tecnológico, da constituição das formas de acumulação flexível e dos modelos
alternativos do taylorismo/fordismo, onde se destaca, de forma especial, o toyotismo
422
.
Essas transformações decorrentes da concorrência intercapitalista visam a controlar o
movimento dos trabalhadores e, por conseguinte, a luta de classes
423
. Basicamente, a
forma de produção flexibilizada procura a adesão dos trabalhadores, que devem
aceitar, na íntegra, os projetos do capital.
Segundo Antunes (2000), o toyotismo substitui o padrão fordista dominante, em
várias partes do capitalismo globalizado. Os direitos do trabalho são
desregulamentados, são flexibilizados de modo a dotar o capital do instrumental
necessário para poder adequar-se a uma nova fase de produção. “Direitos e conquistas
históricas dos trabalhadores são substituídos e eliminados do mundo da produção”.
Diminui-se o despotismo taylorista através da participação dentro do universo da
422
O Taylorismo é um sistema de organização do trabalho, especificamente industrial, que tem como
base a separação das funções de planejamento e execução, na fragmentação e na especialização das
tarefas, no controle de tempos e movimentos e na remuneração por desempenho. Consiste numa
estratégia patronal de gestão e organização do processo de trabalho, e, conjuntamente com o fordismo,
estruturaram a organização científica do trabalho. Esta concepção conjugou a utilização intensiva da
maquinaria, o controle e a disciplina na fábrica, visando à eliminação da autonomia dos produtores
diretos e do tempo ocioso, como forma de assegurar aumentos na produtividade do trabalho. Estes
princípios de racionalização produtivista foram desenvolvidos pelo engenheiro norte-americano F. W.
Taylor (1856-1915); posteriormente, Henry Ford (1863-1947) os aperfeiçoou. Desde a década de 1930
até a década de 1970, este foi o modelo organizacional do trabalho predominante. A partir de 1973, a
crise estrutural do capitalismo, gerada pela crise do padrão de acumulação taylorista/fordista, fez com
que o capital mergulhasse num processo de reestruturação. Nesse momento, instaura-se uma corrida,
entre os países considerados superpotências, pela acumulação de capital e a competitividade passa a
ser o elemento mais importante. Para conseguir competir, então, nos grandes mercados, a Toyota
japonesa precisaria modificar e simplificar o sistema da empresa americana Ford. Na procura de
soluções para esse encaminhamento, iniciaram um processo de desenvolvimento de mudanças na
produção. Introduziram técnicas em que fosse possível alterar as máquinas rapidamente durante a
produção, para ampliar a oferta e a variedade de produtos, pois, para eles, era onde se concentrava a
maior fonte de lucro. Obtiveram excelentes resultados com essa idéia e ela passou a ser a essência do
modelo japonês de produção. Nesse contexto, assistimos a uma nova fase de exploração da mão-de-
obra, a chamada acumulação flexível – a partir do modelo de produção criado pelos japoneses, toyotismo
– e, junto com ela, a degradação das condições de trabalho, dos direitos trabalhistas e,
conseqüentemente, dos trabalhadores.
423
É importante observar o comentário a este respeito realizado por Carreras (1994), como exemplo do
que a intelectualidade uruguaia opinava sobre o tema: “A dinâmica pela qual o Estado assumiu a função
de assegurar o mercado de trabalho dissolveu as classes sociais no capitalismo, de maneira que nos
encontramos ante o fenômeno de um capitalismo sem classes, mas com todos os problemas da
desigualdade social”. CARRERAS, Sandra. La Izquierda Hacia el Siglo XXI: de la desesperación de la
duda a la incertidumbre como programa. In: La Vigência de las Propuestas Socialistas: aportes a la
discusión. Montevideo: Fesur, 1994, p. 45.