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 Intensificam-se as transformações no processo produtivo, através do avanço 
tecnológico, da constituição das formas de acumulação flexível e dos modelos 
alternativos do taylorismo/fordismo, onde se destaca, de forma especial, o toyotismo
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. 
Essas transformações decorrentes da concorrência intercapitalista visam a controlar o 
movimento dos trabalhadores e, por conseguinte, a luta de classes
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. Basicamente, a 
forma de produção flexibilizada procura a adesão dos trabalhadores, que devem 
aceitar, na íntegra, os projetos do capital. 
Segundo Antunes (2000), o toyotismo substitui o padrão fordista dominante, em 
várias partes do capitalismo globalizado. Os direitos do trabalho são 
desregulamentados, são flexibilizados de modo a dotar o capital do instrumental 
necessário para poder adequar-se a uma nova fase de produção. “Direitos e conquistas 
históricas dos trabalhadores são substituídos e eliminados do mundo da produção”. 
Diminui-se o despotismo taylorista através da participação dentro do universo da 
                                                
 
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 O Taylorismo é um sistema de organização do trabalho, especificamente industrial, que tem como 
base a separação das funções de planejamento e execução, na fragmentação e na especialização das 
tarefas, no controle de tempos e movimentos e na remuneração por desempenho. Consiste numa 
estratégia patronal de gestão e organização do processo de trabalho, e, conjuntamente com o fordismo, 
estruturaram a organização científica do trabalho. Esta concepção conjugou a utilização intensiva da 
maquinaria, o controle e a disciplina na fábrica, visando à eliminação da autonomia dos produtores 
diretos e do tempo ocioso, como forma de assegurar aumentos na produtividade do trabalho. Estes 
princípios de racionalização produtivista foram desenvolvidos pelo engenheiro norte-americano F. W. 
Taylor (1856-1915); posteriormente, Henry Ford (1863-1947) os aperfeiçoou. Desde a década de 1930 
até a década de 1970, este foi o modelo organizacional do trabalho predominante. A partir de 1973,  a 
crise estrutural do capitalismo, gerada pela crise do padrão de acumulação taylorista/fordista, fez com 
que o capital mergulhasse num processo de reestruturação. Nesse momento, instaura-se uma corrida, 
entre os países considerados superpotências, pela acumulação de capital e a competitividade passa a 
ser o elemento mais importante. Para conseguir competir, então, nos grandes mercados, a Toyota 
japonesa precisaria modificar e simplificar o sistema da empresa americana Ford. Na procura de 
soluções para esse encaminhamento, iniciaram um processo de desenvolvimento de mudanças na 
produção. Introduziram técnicas em que fosse possível alterar as máquinas rapidamente durante a 
produção, para ampliar a oferta e a variedade  de produtos, pois, para eles, era onde se concentrava a 
maior fonte de lucro. Obtiveram excelentes resultados com essa idéia e ela passou a ser a essência do 
modelo japonês de produção. Nesse contexto, assistimos a uma nova fase de exploração da mão-de-
obra, a chamada acumulação flexível – a partir do modelo de produção criado pelos japoneses, toyotismo 
– e, junto com ela, a degradação das condições de trabalho, dos direitos trabalhistas e, 
conseqüentemente, dos trabalhadores. 
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 É importante observar o comentário a este respeito realizado por Carreras (1994), como exemplo do 
que a intelectualidade uruguaia opinava sobre o tema: “A dinâmica pela qual o Estado assumiu a função 
de assegurar o mercado de trabalho dissolveu as classes sociais no capitalismo, de maneira que nos 
encontramos ante o fenômeno de um capitalismo sem classes, mas com todos os problemas da 
desigualdade social”. CARRERAS, Sandra. La Izquierda Hacia el Siglo XXI: de la desesperación de la 
duda a la incertidumbre como programa. In: La Vigência de las Propuestas Socialistas: aportes a la 
discusión. Montevideo: Fesur, 1994, p. 45.