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A criança de 7 a 11 anos: o desafio da escolaPrograma 4
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sar seus próprios pensamentos; portanto, os conteúdos de
seus pensamentos se tornam conscientes.
A exploração do próprio corpo, característica do
período anterior, se desloca para a exploração e o
conhecimento do mundo exterior. Nessa fase, se ob-
serva curiosidade e ímpeto por atividades intelectuais.
A criança se torna crítica e autocrítica.
Mais potente e mais segura, continua a caminha-
da em direção a sua autonomia.
As relações fora do âmbito familiar (com colegas,
amigos e professores) passam a ser o centro de inte-
resse da criança. A aceitação de regras e normas é fruto
de seu convívio grupal, o que implica um amadureci-
mento da criança. Lealdade e fidelidade são noções
aprendidas nessa etapa da vida. O outro é levado em
consideração. É a fase do jogo cooperativo, coletivo.
E a criança com deficiência mental?
A criança com deficiência mental não é desprovida de
inteligência. Se a deficiência for leve, ela é capaz de atin-
gir uma estrutura cognitiva que lhe possibilite realizar
operações lógicas de nível concreto, com apoio em ob-
jetos. Portanto, consegue operar mentalmente e abstrair,
tal como a criança que não é deficiente.
Piaget se refere à estrutura cognitiva da criança com
deficiência mental como uma “construção mental inacabada”.
No caso da deficiência leve, a estrutura cognitiva não chega
ao estágio das operações formais, ou seja, não chega à cons-
trução final – quarto e último estágio das estruturas do co-
nhecimento. Daí a expressão “construção mental inacabada”.
Se a criança com deficiência mental leve é capaz
de operar mentalmente, embora numa idade poste-
rior à das crianças não-deficientes, ela é também ca-
paz de ser alfabetizada e de ter acesso a outros co-
nhecimentos das sucessivas seriações escolares.
Progressivamente, práticas inovadoras e integradas
têm confirmado que, devidamente ‘trabalhadas’, as crian-
gógico, de cada caso em particular. E significa considerar,
nesse estudo, principalmente os aspectos ligados à pró-
pria escola, enquanto facilitadora ou não de aprendiza-
gens – metodologia, sistemática de avaliação do aluno, re-
lacionamento com a classe, currículo etc. – e, ainda, a
abordagem teórica que dá sustentação ao nosso entendi-
mento do que é aprendizagem e como ela se processa.
Em relação à decisão quanto ao encaminhamen-
to do aluno para classe especial, é importante que se
leve em consideração que:
[...] a educação tem como princípio fundamental a capacidade
de crescimento do ser humano, que é ilimitado quanto à qual-
quer tentativa de previsão, ou seja, de antecipadamente indicar
com precisão as possibilidades de cada um. (Mazzotta, 1987)
Aprender acerca do aluno com deficiência mental
na faixa etária de 7 a 11 ou 12 anos significa, ainda,
rever nossos conhecimentos sobre o desenvolvimen-
to infantil, embora de forma breve.
Uma nova etapa
Em função de uma nova condição de desenvolvimento
cognitivo, a criança de 6 a 7 anos passa a conhecer o mun-
do e a se relacionar com ele de forma diferente do que fa-
zia na fase pré-escolar. Seu comportamento, sua linguagem,
suas relações sociais e, principalmente, seu raciocínio, pas-
sam por grandes modificações. O conhecimento começa a
ser construído de forma mais compatível com o mundo real,
uma vez que agora a fantasia se diferencia da realidade.
A flexibilidade e a mobilidade crescentes de seu pen-
samento a tornam capaz de operar mentalmente; por exem-
plo, compreende que, se 5 + 3 = 8, então: 8 - 3 = 5 e 8 - 5 =
3. As operações mentais, como seriar, classificar, ordenar, e
as que envolvem reversibilidade, conforme o exemplo, são
realizadas com apoio em objetos ou materiais concretos.
Ou seja, é a existência do concreto e observável que dá
suporte aos seus pensamentos. Ela se torna capaz de pen-