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EXPEDIENTE
Expediente
Conselho editorial
Andréa de Faria Barros Andrade, Getúlio Marques Ferreira,
Sandra Branchine e Sonia Ana C. Leszczynski
Coordenação editorial
Cinara Barbosa e Rodrigo Farhat
Produção executiva
Cinara Barbosa
Reportagens e fotografias
Rodrigo Farhat
Revisão
Gráfica Ipiranga
Impressão e Projeto Gráfico
Gráfica Ipiranga
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos estendidos
são de exclusiva responsabilidade dos autores
Agradecimentos
André Vilaron
Mônica Maria Montenegro de Oliveira
E a todos os professores e estudantes que fazem a rede de educação tecnológica no Brasil.
©2005 Ministério da Educação
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Série Cadernos Temáticos
Tiragem: 2.800 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco L, andar
70047-900 - Brasília - DF
Tel.: (61) 2104-8430/9526
Fax: (61) 2104-9744
Endereço na Internet: www.mec.gov.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Cadernos temáticos / Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
v. 1, (nov. 2004) . Brasília : Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica, 2004-.
1. Educação profissional. 2. Práticas educativas. 3. Experiências
pedagógicas.
CDU 377
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Arquivo
SUMÁRIO
Sumário
Apresentação 07
Editorial 09
Reportagens
Café orgânico ganha força no sul de Minas 10
ANP reativará campos marginais em parceria com o Cefet-RN 18
Profissionais do Cefet combatem arroz daninho 26
Cefet de Goiás forma especialistas em Geoprocessamento 34
Resumos Estendidos
Implantação de laboratório para análise de sementes 39
Oscar Emílio Ludtke Harthmann
Uma visão crítica da TV digital no Brasil 41
Ricardo Lima e Silva e Chaquibe Costa de Farias
Dispositivo didático de comprovação das leis dos termopares:
medição de temperatura 42
Aline Soares Dantas, Leandro Luttiane da S. Linhares, Marcelo Henrique Costa
e
José de Anchieta Lima
Análise do dimensionamento e operação de sistemas de microirrigação
considerando diferentes emissores 44
Kennedy Flávio Meira de Lucena
Arranjo Produtivo Local Sustentável (APLS) em torno do bambu: inclusão
social, geração de renda e benefício ambiental 45
Eloy Fassi Casagrande Jr. e Helena Akemi Umezawa
Cursos superiores de tecnologia: a resposta ao mercado de trabalho e as
transformações na educação superior 47
Maria Clara Kaschny Schneider
Definição do perfil profissional para CST na área de indústria
de petróleo - um estudo de caso 50
Romilda de Fátima Suinka de Campos e Marcos Antonio Cruz Moreira
Parceria entre o Cefet-RN e a ANP na formação de técnicos de
nível médio para a indústria de petróleo e gás 51
Lunardo Alves Sena, Nivaldo Ferreira da Silva Jr., Gilson Gomes Medeiros, Raimundo Nonato
Barbosa Felipe e Renata Carla Tavares dos Santos Felipe
Sistema computacional para simulação e otimização do escoamento
de petróleo em redes de tubulações em tempo real 53
Kennedy F. M. Lucena, Carlos de O. Galvão, Francisco V. Brasileiro, Cledson Souto, Érica Machado
e Esther V. Brasileiro
Detecção de manchas de óleo na superfície do mar em imagens de
radar de abertura sintética (SAR) 54
Régia Talina Silva Araújo e Fátima Nelsizeuma Sombra Medeiros
Pesquisa e extensão na área de petróleo e gás natural 55
Lunardo Alves Sena, Nivaldo Ferreira da Silva Jr., Gilson Gomes Medeiros,
Raimundo Nonato Barbosa Felipe e Renata Carla Tavares dos Santos Felipe
A questão do desenvolvimento no contexto da globalização:
impactos do neoliberalismo na regulação do setor
petrolífero nacional 57
Lier Pires Ferreira Júnior
Desenvolvimento regional e redes de difusão de tecnologia 58
Décio Estevão do Nascimento
Influência dos modificadores de rede nas propriedades
fotoluminescente no sistema CA
x
SR
1-x
WO
4
59
Sayonara Lira Porto, Elson Longo e Antonio Gouveia de Souza
A contribuição de um aeroporto industrial para o desenvolvimento
tecnológico local 60
Maurício de Oliveira e Décio Estevão do Nascimento
Proposta de correção acústica do auditório da Escola Técnica
Federal de Palmas 61
Liliane Flávia Guimarães da Silva
Projeto de torrefação de café orgânico e convencional 63
Sérgio Pedini
Controle digital de nível 64
Priscila Gonçalves V. Sampaio, Jonathan Paulo Pinheiro Pereira, José de Anchieta Lima
Projeto de bancada para aferição de hidrômetro 66
Jailton Clélio Menezes Mota, André Alves de Mendonça Dantas
e José Kleber Costa de Oliveira
Transformação de plásticos - simulação do processo produtivo 67
Carmen Iara Walter Calcagno
Eletrotécnica virtual - o computador como
ferramenta de aprendizagem 68
Eudes Gomes Araújo Jr. e José Henrique de Souza
Contatos 70
Foco 72
Arquivo
APRESENTAÇÃO
Apresentação
Leitor,
Um retrato da rede federal de educação tecnológica começa a
ser desenhado e está em suas mãos, neste terceiro Caderno
Temático da Educação Profissional. Aqui, você vai encontrar
reportagens e relatos de experiências e práticas pedagógicas
sobre riquezas e tecnologias desenvolvidas por professores e
alunos dessas escolas.
Este caderno integra uma série de cinco. O primeiro volume
aborda o meio ambiente. O segundo examina projetos
relacionados à qualidade de vida, à cidadania, à saúde, à educação
e ao trabalho e o quarto exemplar da série, à comunicação, à
informática, aos multimeios e à interdisciplinaridade. O último
caderno desta coleção foca a inserção das escolas da rede federal
nas comunidades.
Trabalho nunca antes feito pela Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação,
estes cinco cadernos são espaço para divulgação de práticas e
pesquisas científicas. Para produzi-los, a equipe da Setec foi
para as ruas ouvir professores, alunos, funcionários e
moradores das vilas e das cidades de diferentes Brasis.
Algumas instituições aparecem nos resumos de práticas
pedagógicas e nos relatos de experiências. Outras foram
focadas pelas reportagens. Uma parcela consta de ambas as
partes desse volume.
As reportagens procuraram mostrar, de outro ângulo, uma
rede de escolas pouco conhecida do grande público. As matérias
abordam, principalmente, o compromisso das instituições com
as comunidades.
Esperamos publicar, nas próximas edições dos Cadernos
Temáticos da Educação Profissional, novas experiências, novas
práticas e novos relatos. Preferencialmente, de um Brasil
melhor e mais moderno, resultado do ensino, da pesquisa e de
atividades de extensão desenvolvidas nas escolas da rede federal
de educação profissional e tecnológica.
Boa leitura.
Antonio Ibañez Ruiz
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica
7
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
8 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Rodrigo Farhat
9
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
EDITORIAL
Editorial
O Brasil precisa de profissionais com novos perfis. Criativos,
autônomos, que saibam exercer suas atividades em grupos, que
sejam solidários e tolerantes. Eles devem também ser capazes
de avaliar seus resultados. Além de saber como fazer, esses
novos trabalhadores devem ainda entender por que se faz dessa
ou daquela maneira.
Este caderno, produzido pela Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, faz um
recorte na formação dos brasileiros pelas instituições federais
de educação profissional e revela um dos retratos possíveis
sobre a forma como o Brasil tem preparado esses novos
trabalhadores.
A rede - integrada por 34 centros federais de educação
tecnológica (Cefets), 36 escolas agrotécnicas (EAFs) e 42
unidades de ensino descentralizadas e a Escola Técnica de
Palmas -, quase um século, capacita, para o mundo do
trabalho, milhares de técnicos e tecnólogos, mestres e doutores
em 20 diferentes áreas profissionais.
Um esboço dessa rede está neste volume, sob a forma de relatos
de experiências, práticas pedagógicas e de reportagens. Neste
exemplar sobre riquezas e tecnologias brasileiras, trabalhos
que relatam, desde a proposta de correção acústica de auditório
da Escola Técnica de Palmas até a implantação de laboratório
para análise de sementes na EAF de Rio do Sul, em Santa
Catarina. A reflexão sobre os impactos dos cursos superiores
de tecnologia, na profissionalização da mão-de-obra brasileira
e a inclusão social, geração de renda e benefícios ambientais
resultantes da criação de um arranjo produtivo local de bambu,
em Fazenda Grande, na grande Curitiba, relatado por
professores do Cefet do Paraná, são outros dos 21 relatos
presentes neste volume.
As reportagens tratam da tecnologia desenvolvida no Cefet
de São Vicente do Sul, no Rio Grande do Sul, para cultivo do
arroz irrigado, do curso de Geoprocessamento do Cefet de
Goiás, da experiência do professor Sérgio Pedini com
produtores de café orgânico em Machado, no sul de Minas
Gerais, e do projeto de reativação de campos marginais de
petróleo, em Natal, parceria do Cefet do Rio Grande do Norte
com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Como se perceberá em cada prática e reportagem, os projetos
estão relacionados às vocações do homem e das cidades, onde
vivem professores e alunos da rede. Como disse um dia um
filósofo, a história determina o homem, mas são eles próprios
que a fazem, conscientes de seus processos e realidades.
Descubra, nas próximas páginas, um retrato de um Brasil que
se renova nas mãos de quem o faz.
10 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Café orgânico ganha força no sul
de Minas
Escola Agrotécnica de Machado ajuda produtores a melhorar
qualidade do produto
Luís Adauto de Oliveira é um pequeno agricultor familiar de
café do sul de Minas Gerais. Pequeno, mas persistente.
quase 15 anos, Adauto planta o grão.
Luís Adauto tem seis hectares
(60 mil metros quadrados) de
terra e 15 mil pés de café.
Produz entre 90 e 120 sacas
por safra. No cafezal,
trabalham somente ele e a
mulher. Fazem de tudo,
plantam, adubam e
pulverizam. Na colheita da
safra, quando o trabalho é
maior, chamam outras
famílias e fazem mutirões para
colher o grão. Em 2004,
participaram de oito colheitas,
em terras de pequenas
famílias que vivem do plantio
do café, como eles.
Agricultura orgânica
11
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço
Fundo e Região, Luís Adauto representa 150 pequenos
produtores como ele. Juntos, vendem todo o café que conseguem
plantar para a Europa e os Estados Unidos. Na safra de 2003,
eles exportaram todas as 3,5 mil sacas que colheram. Dos 11
contêineres, quatro tinham café orgânico e sete, convencional.
Mas nem sempre foi assim. Em 1991, Adauto e outros 20
lavradores fundaram a Associação dos Pequenos Produtores de
Poço Fundo e Região. Um ano depois, oito dos fundadores
desistiram, pois não quiseram esperar pelos resultados da idéia
que tinham semeado.
Adauto seguiu em frente e foi atrás de compras conjuntas e
vendas associadas para diminuir os custos e aumentar as
receitas dos agricultores que representava. "No início, os lucros
eram tímidos, assim como os descontos", lembra. Ficaram
nessa peleja até 1996, quando começaram a aprender os
fundamentos da agricultura orgânica. Um ano depois, mesmo
Além do preço a libra (0,454 quilo)
do café orgânico é vendida por US$ 1,35
(R$ 458 por saca de 60 quilos) e a do
convencional sai por US$ 1,20 (R$ 400)
a diferença básica entre ambos os
produtos é a forma de cultivo. Enquanto
o primeiro utiliza apenas adubação
natural e trato manual dos canteiros, o
segundo é produzido com agrotóxicos,
fertilizantes químicos e alta mecanização.
Os agricultores orgânicos usam ainda
técnicas de rotação de culturas, plantio
consorciado e compostagem para manter
o solo fértil e produtivo todo ano. Outra
diferença é que, em sua maioria, a
produção orgânica de alimentos é feita
por famílias que têm, na pequena
propriedade, seu único sustento,
enquanto que na convencional os
lavradores são contratados para trabalhar
grandes extensões de terras.
Para ser considerado orgânico, o produto
precisa ser certificado e ter um selo em
sua embalagem. São as instituições
certificadoras independentes que
verificam e fiscalizam a produção de
alimentos orgânicos, do plantio à
comercialização.
12 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
com o Certificado Fair Trade, continuaram sem conseguir vender
o café. "É que os europeus ainda acreditavam que no Brasil
existia monocultura e latifúndio", explica Adauto.
Certificação - O cenário só começou a mudar para Adauto e
seus colegas em 1997, quando eles descobriram que o preço do
café orgânico certificado é até duas vezes maior que o do
convencional. Eles foram, então, vencendo resistências dentro
da associação e, em 1998, 12 produtores foram certificados
pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO).
Os produtores tiveram que eliminar adubos químicos e
fertilizantes e também rastrear todos os produtos que
entravam na propriedade, como os insumos para a cafeicultura.
Obrigatoriamente, esses produtos têm que ser orgânicos e
também precisam ser certificados.
Alguns problemas foram resolvidos com a certificação, mas não
todos. Onde estavam os compradores? Para quem vender o café
que produziam? Essas eram as maiores angústias daqueles
pequenos produtores do sul de Minas. O sentimento foi domado
com a Conferência Internacional de Café Orgânico e Mercado
Justo, promovido pela Escola Agrotécnica Federal (EAF) de
Machado, em 2000, lembra Luís Adauto, que teve a participação
de cerca de 400 pessoas, entre elas compradores de todo o
mundo, principalmente da Austrália, China, Colômbia e Japão.
Novo cenário, nova exigência. O selo da AAO não tinha validade
para o mercado externo, pois cada país tem seus critérios. Em
2001, já com 75 famílias na cooperativa, Luís Adauto e seus
companheiros foram atrás da certificação da BCS Öko Garantie
e, ao final daquele ano, conseguiram vender 285 sacas de café
orgânico certificado para a norte-americana Royal Coffee.
Mas ainda faltava qualidade ao café...
O fair trade, ou mercado
solidário, pressupõe que a
relação comercial entre
produtores e compradores seja
leal e justa. Para isso, precisa
obedecer a alguns princípios.
Dentre eles, destacam-se:
acesso às informações do
mercado; condições seguras e
saudáveis de produção;
direitos iguais para homens e
mulheres; financiamento da
produção; organização dos
produtores; preço justo; respeito
à legislação trabalhista e ao
meio ambiente; transparência
e co-responsabilidade na
gestão das cadeias produtiva
e comercial; e treinamento e
apoio a produtores.
É também uma exigência do
mercado solidário que, parte
da receita obtida com a venda
do produto orgânico, seja
investida na comunidade.
No caso dos produtores de Poço
Fundo, para cada saca de café
orgânico comercializado, US$
20 são destinados à melhoria
das condições de vida da
população local. A cooperativa
presidida por Adauto mantém
uma escola de informática
para atender a produtores,
filhos de lavradores e crianças
carentes do município e
também participa da
manutenção do asilo da
cidade. Recentemente, a
receita foi utilizada ainda para
reconstruir a estrutura de
distribuição da merenda
escolar para as crianças e, neste
ano, os agricultores familiares
da região querem financiar o
programa de prevenção de
saúde bucal das crianças de
Poço Fundo.
13
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Mercado justo respeita meio ambiente
e leis trabalhistas
Enquanto Adauto tentava fortalecer a associação de produtores
familiares, em Poço Fundo, a 14 quilômetros dali, em Machado,
um grupo de profissionais pensava no desenvolvimento da
região. A idéia do agrônomo Sérgio Pedini e seus colegas da
Escola Agrotécnica Federal (EAF) de Machado era integrar
respeito ao meio ambiente e às leis trabalhistas e criar um
mercado justo e solidário para o café.
Em 1997, no campus da Escola Agrotécnica Federal de
Machado, eles promoveram um seminário de desenvolvimento
regional em conjunto com prefeituras, sindicatos e associações
de trabalhadores. No evento, várias alternativas para a
sustentabilidade da economia cafeeira do sul de Minas foram
apontadas, como melhorar a gestão de pequenas lavouras e
incentivar o turismo rural, por exemplo.
"Utilizamos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT) para capacitar agricultores e fomentar associações e
cooperativas, de 1998 a 2000", lembra Sérgio Pedini. Ele e
seus colegas trabalharam, no período, com 24 grupos de
agricultores familiares de café. Cada um com 20 pessoas, em
média.
Ao final de uma avaliação, eles viram que era preciso colocar a
mão na massa, ou melhor, o café no mercado. Então, a EAF de
Machado fez, em parceria com a Associação de Cafeicultura
Orgânica do Brasil (Acob), a Conferência Internacional de
Café Orgânico e Mercado Justo para aproximar os lavradores
do mercado consumidor.
Faziam parte do grupo, além
do agrônomo Pedini, o
historiador Roberto Camilo
Órfão Morais, o diretor e o
diretor-executivo da EAF de
Machado, Renato Ferreira de
Oliveira e Wanderley Fajardo
Pereira, respectivamente, o
secretário-executivo da
Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento e Ensino de
Machado, Luciano Olinto
Alves, e a contadora Ana Lúcia
Silvestre.
14 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Torrefação "Vimos, então, que o mercado de café orgânico
estava em expansão e que os grandes produtores tinham
mercado, diferentemente dos pequenos lavradores,
principalmente por falta de volume de produção e de qualidade
do grão", reconhece Pedini. Foi então que a capacitação voltou
a ser o foco do trabalho da equipe da EAF de Machado.
Em 2001, a escola ganhou da Fundação Vitae R$ 240 mil
para comprar equipamentos e treinar pessoal. Pedini contou a
novidade aos produtores e eles decidiram montar uma
torrefação de café. "Nessa época, a maior dificuldade era
beneficiar o café orgânico. As torrefações não tinham interesse
em parar suas máquinas para higienizá-las, como exigiam as
certificadoras para o processamento do produto", conta o
agrônomo. Os recursos foram também utilizados para a
montagem de cursos de qualidade.
A Fundação Banco do Brasil ofereceu, no ano seguinte, R$
150 mil para a instituição e os agricultores apontaram a
montagem do rebenefício do café como próximo passo para o
incremento da produção.
Brasil orgânico Em julho de 2002, foram inauguradas
ambas as unidades de processamento de café.
Em 2003, com valor agregado torrefação e rebenefício os
pequenos produtores foram para o mercado, atrás de recursos.
Foi quando a Agência de Promoção de Exportações (Apex),
O motivo é a incipiência da
produção do café orgânico, se
comparada à do conven-
cional.
A unidade de rebenefi-
ciamento do café da EAF de
Machado recebe dos produtores
associados o grão semi-
beneficiado. Nessa etapa, três
máquinas são utilizadas: uma
para catar pedras e paus e
retirar outras impurezas; outra
para classificar o grão,
separando-o por tamanho; e,
por último, na máquina
eletrônica, os grãos são
selecionados pela cor. Quando
o produto sai da unidade,
pode ser exportado ou ir para
a indústria, onde é torrado e
empacotado a vácuo.
15
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) patrocinou a viagem dos agricultores de
Machado à Feira de Orgânicos de Nuremberg, na Alemanha
(Biofach), em fevereiro de 2003. Em setembro do mesmo
ano, Sérgio e os agricultores Luís Adauto inclusive foram
para a Feira Sana, em Bolonha, na Itália, também com apoio da
Apex e do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Ainda em 2003, eles receberam outro convite da Fundação
Vitae e, com recursos de R$ 490 mil, compraram mais
equipamentos para modernizar a torrefação e o rebenefício,
dessa vez, em parceria com a Fundação Leman.
Em outubro de 2004, eles participaram do Encontro Terra
Madre, em Turim, também na Itália. Nesse encontro, quase 5
mil pessoas, de 132 países, foram reunidas para debater
estratégias do Slow Food.
Pioneirismo Enquanto ajudavam os agricultores de
Machado a melhorar sua lavoura, Sérgio Pedini e seus colegas
da EAF de Machado iam desenvolvendo tecnologia. Por isso,
a escola foi a primeira da rede federal de educação tecnológica
a inserir, em seus cursos, disciplinas relacionadas à lavoura
orgânica, tanto do café, como da mandioca, da mamona, do
milho, da soja e do feijão.
Esse processo motivou a escola a protocolar no Ministério da
Educação, em janeiro deste ano, um projeto de criação de um
curso superior de tecnologia em Cafeicultura. O curso, que
tem início previsto para agosto de 2005, terá 30 vagas e
formará profissionais na área, com enfoque prioritário na
qualidade e na diferenciação do produto, seja de cafés especiais,
seja de orgânicos e sustentáveis.
No primeiro semestre deste ano, a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa)/Café e a Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) têm um
encontro marcado com a direção da EAF de Machado. Nessa
reunião, as três instituições vão definir uma parceria que
permitirá aos estudantes, na elaboração de suas monografias,
serem orientados por um pesquisador das instituições de
pesquisa. Em contrapartida, a escola vai colocar à disposição
de ambas sua infra-estrutura física. "Queremos que eles
também contribuam na construção e condução do novo curso,
trazendo novidades e propondo temas de investigação
científica", planeja Pedini.
Para o futuro, Luís Adauto e a
Cooperativa dos Agricultores
Familiares de Poço Fundo e
Região querem partir para
outras lavouras de produtos
orgânicos, como frutas,
mamonas e azeitonas.
O Slow Food começou na
Itália, nos anos 1980, e prega
a preservação da satisfação e
do gosto, tanto na degustação
dos alimentos como em sua
preparação. preferência a
produtos orgânicos, como
ressalta a página do
movimento na Internet (http:/
/www.slowfood.com). São
mais de 80 mil integrantes
espalhados por 104 países do
mundo. Simbolicamente, sua
logomarca é um caracol.
16 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Brasil tem baixa participação no
mercado justo
A participação do Brasil no mercado solidário ainda é pequena.
Somente dez cooperativas têm o selo internacional e produzem
laranja, café, manga e banana. Juntas, representam menos de
4,5% do total dos 229 produtores da América Latina. O país
está atrás de Bolívia, Peru e Colômbia.
O comércio justo certificado cresce acima de 20% por ano.
Em 2003, atingiu movimento próximo de US$ 500 milhões
em 18 países. Na África, América Latina e Ásia, cerca de 800
mil famílias são beneficiadas.
Principais mercados são Suíça, Reino Unido e Alemanha, que
compram artesanato, açúcar, arroz, cacau, café, chá, frutas
frescas e mel, entre outros produtos, naturais e
manufaturados.
Produtores apostam no diferencial
A família do engenheiro agrônomo Ivan Franco Caixeta produz
café 145 anos. Nesse período, um século foi de produção
orgânica, sem tecnologia.
Nos anos 1960, ele dava assistência técnica ao tio, Carlos
Fernandes Franco, que usava um inseticida muito forte para
17
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
São sete membros da família
Caixeta, o pai, quatro irmãos e
uma tia de Ivan. Produzem
uma média de 7 mil sacas de
café por ano em 439 hectares
de lavoura.
São 50 associados, mas a meta
é atingir 500 até o final de
2005
controlar o moleque da bananeira, uma praga que ataca os
cafezais. Num dia de chuva forte, um saco do veneno foi
esquecido na lavoura. Nessa noite, os bois entraram no cafezal
e 12 morreram envenenados pelo inseticida. O tio de Ivan então
começou a procurar alternativas para a lavoura. Ele dizia a
Ivan: "Se fez tanto mal ao gado, imagine o que faz no organismo
de um homem."
Sócio da União de Cafeicultores Orgânicos de Machado, Ivan
Caixeta planta café desde 1994.
Outro produtor da região, Ércio Silva, secretário-executivo
da Associação da Cafeicultura Orgânica do Brasil (Acob),
também não acredita na cafeicultura convencional. "Para o
médio produtor, é a falência", diz. Ércio cita os insumos e a
mão-de-obra como os maiores problemas.
Ele trabalha atualmente para criar uma política para a
cafeicultura orgânica, que consiga aglutinar as ações isoladas
do setor e unir toda a cadeia produtiva, como produtores,
certificadoras, exportadores, fabricantes de insumos
orgânicos, industriais, pesquisadores e técnicos.
Orgânicos respeitam meio ambiente
A agricultura orgânica está baseada no respeito ao meio
ambiente e na preservação dos recursos naturais. Por isso, vários
resíduos são reintegrados aos canteiros, como esterco, restos
de verduras, folhas e aparas. Decompostos, eles se
transformam em nutrientes para as plantas, deixando a terra
porosa, solta e permeável à água e ao ar.
A rotação de culturas é outro preceito da agricultura orgânica.
Ela preserva a fertilidade do solo e o equilíbrio de nutrientes e
também contribui para o controle de pragas. O cultivo de
duas espécies, lado a lado, mantém o solo coberto e ajuda a
controlar a erosão.
A produção é feita, geralmente, por pequenas famílias, que
tiram da terra seu sustento. Com isso, a agricultura orgânica
fortalece o vínculo do homem à terra.
18 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
ANP reativará campos marginais
em parceria com o Cefet-RN
Projeto Campo-Escola formará técnicos para a área do petróleo
e gás natural
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai investir, este ano,
na criação de um programa-piloto no Rio Grande do Norte,
para reativar campos de petróleo não econômicos, devolvidos
pela Petrobrás. O trabalho está sendo feito em parceria com o
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do
Norte (Cefet-RN).
Segundo contam os professores Nivaldo Ferreira da Silva
Júnior e Raimundo Nonato Barbosa Felipe, o projeto -
batizado de Campo-Escola tem como referência um modelo
aplicado na América do Norte. Consiste em transformar
campos marginais em laboratórios e capacitar profissionais
que possam atuar, em pequenas empresas, no gerenciamento e
na produção de petróleo e gás, em terra. Estão previstos ainda
testes de tecnologia e de equipamentos nacionais para operação
O projeto está sendo
implementado também na
Bahia, através de parceria entre
a ANP e a Universidade Federal.
Campo de baixa produção, que
não adiciona valor significativo
ao portfólio da companhia
exploradora. Geralmente são de
pequeno porte e encontram-se
no limiar da inviabilidade
econômica. Investimentos para
incremento da produção já não
coincidem com metas e escala
do operador, como explica o
professor Gilson de Medeiros.
São 28 no Rio Grande do Norte.
Petróleo
Fotos: Arquivo Cefet-RN
19
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
pelas companhias. Além de reverter a tendência de queda da
produtividade, a idéia é gerar oportunidades de emprego e
aumentar a arrecadação do Estado, como explicam os outros
dois professores do Cefet-RN responsáveis pela condução do
programa, Gilson Gomes de Medeiros e Renata Carla Tavares
dos Santos Felipe .
No Rio Grande do Norte, o projeto será desenvolvido em
cinco campos: Alto Alegre, Fazenda Nova, Riacho Alazão,
Riacho Velho e Rio do Carmo.
De 201 campos em terra, no Brasil, de acordo com dados de
2001 da ANP, 59 têm reservas provadas de 1.306.039
milhões de barris de óleo, o equivalente a 93% do total das
reservas no país. Em contrapartida, 142 campos têm apenas
93.261 milhões de barris de óleo (7% do total de reservas
provadas terrestres ou 1% das reservas provadas do país).
Entre 1999 e 2002, segundo a ANP, a produção de petróleo
do Rio Grande do Norte caiu 12%, atingindo 87 mil barris
por dia.
A análise de dados geológicos
permite que a ANP estime
recuperar comercialmente os
reservatórios descobertos e
avaliados, com grande grau
de certeza, de petróleo e gás
natural existentes em terra e
mar.
Conhecido muitos anos pelo
homem, os antigos o
utilizavam em sua forma
natural 4 mil anos antes de
Cristo. O petróleo tem os mais
variados nomes: betume
(talvez o termo mais antigo),
asfalto, alcatrão, lama, resina,
azeite, nafta, óleo de rocha,
bálsamo da terra, óleo da terra,
óleo mineral, malta,
pissasfalto, bréia, óleo de
Medéia, óleo de São Quirino,
óleo de Sêneca, óleo de
Rangum, nafta da Pérsia,
piche de Trinidad, pez de
Barbados.
20 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Falta de uso traz riscos
De acordo com a ANP, alguns desses campos estão abandonados
vários anos e merecem, inclusive, observação constante para
monitorar riscos ambientais. É que a deterioração do
revestimento dos poços pode contaminar com óleo, por
exemplo, os lençóis freáticos.
Além do problema ambiental, a ANP tem como uma de suas
diretrizes, segundo a assessora da Diretoria de Exploração e
Produção, Magda Chambriard, incentivar a pequena e média
empresa em bacias maduras. Neste sentido, o projeto Campo-
Escola vai funcionar como treinamento de profissionais para o
setor e terá "jeito de primeiro emprego", funcionando como
uma escola dentro da fábrica, como diz Magda.
Campos O campo Alto Alegre está na cidade de Areia Branca.
A produção foi iniciada em setembro de 1993 em um único
poço e fechada, quatro anos depois, por razões econômicas.
O campo de Fazenda Nova fica na cidade de Pendência. Tem
dois poços. Sua produção começou em 1981 e durou apenas
nove dias.
Riacho Alazão é um campo com dois poços em Apodi. Aberto
em 1993, foi fechado pela Petrobrás em 2001. Um dos poços
foi cedido ao município para produção de água.
Riacho Velho está na cidade de Upanema. A produção de um
único poço começou em 1989 e foi encerrada em 1997.
O campo de Rio do Carmo, em Mossoró tem quatro poços
21
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
perfurados, que foram abertos e fechados em 1997, por questões
econômicas.
Turmas terão 30 alunos
Para a oferta dos cursos técnicos de Operação e Manutenção
da Produção do Petróleo e Gás Natural, o Cefet-RN formará
duas turmas de 30 estudantes cada, uma em Natal e outra na
unidade de Mossoró, no sertão potiguar. Os cursos terão
início a cada 18 meses e a primeira turma está prevista para o
segundo semestre de 2005, como esclarece o professor
Nivaldo.
A ANP tinha identificado uma demanda potencial de
profissionais para exploração e produção petrolífera no país e
a falta de quadros qualificados, resultado de mais de quatro
décadas de monopólio. A escassez de mão-de-obra tem
obrigado empresas nacionais e estrangeiras, em operação no
Brasil, a importarem mão-de-obra para o setor.
A agência fornecerá R$ 15 mil mensais em bolsas de estudos
destinadas à parte dos alunos do Cefet-RN e da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, que também é parceira no
projeto Campo-Escola. Caberá ao Cefet, além da estrutura
física, a cessão de laboratórios e o envolvimento de mais de
uma dezena de professores.
Existem 136 campos marginais no país
Existem no Brasil, segundo a ANP, 136 pequenos campos de
petróleo e gás natural. Juntos, eles têm uma reserva provada
de 91 milhões de barris. Dos cerca de 3,5 mil poços perfurados
Serão destinadas dez bolsas
para o campus do Cefet-RN,
em Natal, e dez para a
unidade de Mossoró.
22 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
nesses campos, menos de um terço encontra-se em produção.
O projeto Campo-Escola foi criado para funcionar como uma
incubadora de pequenas empresas locais, além de capacitar
profissionais para o setor. Foi neste sentido, que a ANP decidiu
firmar parcerias com universidades e centros federais de
educação tecnológica, para a reativação de dez campos de
petróleo e gás natural em todo o país.
Professores pesquisam requisitos
mínimos de medição
No Cefet-RN, os professores Gilson, Nivaldo, Raimundo e
Renata coordenam ainda uma pesquisa sobre medição da produção
de petróleo e gás natural. A idéia é dar confiabilidade às medições
realizadas e propor modificações nas especificações técnicas e
exigências legais da medição da produção de campos marginais.
Com a diminuição dos custos operacionais, novos investimentos
são viabilizados e o aumento da produção de petróleo e gás natural
eleva os royalties devido aos estados e municípios.
A investigação dos problemas relacionados à medição estava
concentrada nas regiões Sudeste e Sul e, por isso, era direcionada
à realidade da bacia de Campos, que tem cerca de 85% das reservas
de petróleo do País, explica o professor Raimundo Nonato. "Esses
requisitos, por isso, não eram de todo aplicáveis à situação das
regiões Nordeste e Norte. Um campo da bacia de Campos produz
Do latim petra (pedra) e oleum (óleo).
Plásticos, produtos farmacêuticos e cosméticos, solventes e
tintas também têm o petróleo como matéria-prima.
É o pagamento mensal feito por
empresas ao governo pela exploração
de recursos minerais. O termo (do
inglês "royal") significa relativo ao rei.
Era o direito que o soberano tinha de
receber como pagamento pela
extração de minerais em suas terras.
O pagamento de royalties sobre o
petróleo foi determinado pela
legislação que criou a Petrobrás. O
Artigo 27 da Lei 2.004, de 3 de
outubro de 1953, diz ser devido ao
estado 4% e ao município 1% como
pagamento de royalties sobre o valor
da produção terrestre de petróleo e gás
natural em seus territórios. Mais tarde,
a legislação foi alterada diversas
vezes, pelas leis 7.453/85, 7.525/86,
7.990/89 e 9.478/97.
23
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
todo o volume do estado do Rio Grande do Norte", compara.
Com investimentos de cerca de R$ 338 mil, da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e do Centro de Pesquisa da Petrobras
(Cenpes), os pesquisadores do Rio Grande do Norte querem
delimitar novos níveis de exigência da medição. Em campos
pequenos, esclarece a professora Renata, os critérios que
fundamentam alguns requisitos do Regulamento Técnico da
Medição (Portaria Conjunta ANP/Inmetro1/2000) podem ser
amenizados . A periodicidade da calibração de instrumentos e o
emprego de sistemas e métodos simplificados de medição poderiam
ser modificados, por exemplo.
O projeto Incertezas na Medição de Petróleo e Gás Natural tem
ainda a participação de pesquisadores do Cefet-AM, Cefet-BA,
Cefet-SE, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade Estadual
da Bahia. No Rio Grande do Norte, acabou resultando na criação
do Núcleo de Pesquisa em Processos de Petróleo e Gás Natural
no Cefet-RN.
O ciclo do petróleo
O petróleo é uma combinação de moléculas de carbono e
hidrogênio e sua formação está ligada à da Terra.
É matéria-prima para a fabricação de mais de 6 mil produtos,
de adesivos, borrachas e tecidos sintéticos a combustível
Do latim petra (pedra) e
oleum (óleo).
24 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
de aviação, corantes, detergentes e explosivos. Outros
produtos derivados são o gás de cozinha, a gasolina e os
lubrificantes.
Por quase 400 milhões de anos, grandes quantidades de restos
vegetais e animais ficaram no fundo dos mares e lagos e foram
soterrados pelos movimentos da crosta terrestre sob a pressão
das camadas de rochas e pela ação do calor. A decomposição
desses restos orgânicos é que formou o petróleo.
O petróleo pode ser encontrado em áreas onde houve
acumulação de restos orgânicos e rochas sedimentares. Mas o
arranjo dessas rochas precisa ser favorável. É que o petróleo
não fica onde foi gerado e necessita procurar outra rocha para
aprisioná-lo e formar uma jazida. Para isso, ele passa através
dos poros das rochas até encontrar uma trapa, que é um
compartimento isolado no subsolo de onde o petróleo não
tem condições de escapar.
O primeiro passo para a busca do petróleo é a exploração, que
utiliza métodos de investigação de duas ciências: Geologia e
Geofísica. Enquanto a primeira analisa as características das
rochas na superfície e ajuda a prever seu comportamento em
grandes profundidades, a segunda faz uma radiografia do
subsolo.
A perfuração é a segunda etapa, diz Gilson. Primeiro, um poço
pioneiro é perfurado com uma sonda. Se a perfuração mostra
que não existe petróleo no subsolo, o poço é fechado com
cimento e abandonado. Se, entretanto, é comprovada a
existência de óleo, outros poços são perfurados para que o
limite do campo seja estabelecido. O campo de petróleo
somente será explorado se a área tiver um volume
comercialmente aproveitável de óleo. É que os investimentos
para a montagem de uma infra-estrutura para produção
comercial são altos.
Plásticos, produtos farmacêu-
ticos e cosméticos, solventes e
tintas também têm o petróleo
como matéria-prima.
Os detritos de rochas formados
pela ação da natureza na
crosta terrestre são sedimentos,
que, acumulados em camadas,
dão origem às rochas
sedimentares. Diversas cama-
das dessas rochas formam as
bacias sedimentares.
25
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Entre a descoberta de uma jazida e o início da produção, muitos
profissionais são mobilizados e bilhões de reais são gastos. Na
fase de produção, diz o professor Gilson, o óleo pode vir à
superfície espontaneamente, por causa da pressão interna dos
gases, ou então são empregados processos mecânicos, como o
"cavalo de pau", que é usado para bombear o petróleo para a
superfície. Existem ainda os bombeamentos hidráulico e
centrífugo e a injeção de gás.
Dos campos de produção, o petróleo e o gás seguem para o
parque de armazenamento, onde ficam estocados. Depois, eles
são transportados para as refinarias, por meio de tubos
submarinos ou subterrâneos.
O refino é uma série de operações de beneficiamento do petróleo
bruto para a obtenção de produtos específicos. Na refinaria,
o petróleo vai sendo separado em frações e transformado em
produtos derivados.
Cefets de 8 estados participam de
programa de formação de RH
A ANP também estimula a complementação curricular de
cursos de educação profissional de nível médio, em diferentes
regiões do País, por meio do Programa de Recursos Humanos
para o Setor de Petróleo e Gás (PRH). Além da parceria
firmada com o Cefet-RN, a agência mantém programas
específicos com os Centros Federais de Educação Tecnológica
de Alagoas, Amazonas, Bahia, Campos (RJ), Espírito Santo,
Paraná, Rio Grande do Norte e Sergipe e universidades federais.
Desde sua criação, em 1999, a ANP já promoveu 18 cursos
de nível técnico e 36 de nível superior. Nesse período, 558
profissionais se tornaram técnicos em atividades da indústria
do petróleo, num investimento total de R$ 92 milhões, até
outubro de 2004, se computados os cursos técnicos, de
graduação, mestrado e doutorado. Se considerarmos somente
os de nível técnico, os investimentos foram de R$ 5,3 milhões.
Entre os ex-bolsistas técnicos, 294 foram absorvidos pela
indústria.
Segundo pesquisa da Organização Nacional da Indústria do
Petróleo (Onip), a demanda da área por técnicos de nível médio
é de quase 50% do total de contratações.
Para capacitar os profissionais do setor, a parceria PRH/Cefets
aos estudantes suporte financeiro para gastos específicos
do programa. Além das bolsas de estudo, que variam entre R$
250,00 e R$ 680,00, o PRH estimula a criação de uma rede
nacional integrada de instituições de ensino e pesquisa.
26 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Profissionais do Cefet combatem
arroz daninho
Escola de São Vicente do Sul usa tecnologia de ponta no
combate a plantas daninhas
Existem várias alternativas para controle de plantas invasoras
na cultura do arroz e o Centro Federal de Educação Tecnológica
de São Vicente do Sul (Cefet-SVS), no Rio Grande do Sul,
tem formado profissionais competentes para gerenciar o
manejo de plantações desse importante grão para a cultura e a
economia nacional. Um dos principais mecanismos de controle
é o cultivo de uma variedade de grão chamada Irga 422CL,
como explica o diretor de Administração do Cefet-SVS, Luiz
Fernando Rosa da Costa.
O 422CL, ou arroz mutagênico, é derivado da cultivar Irga
417, através do método de retrocruzamento, diferenciando-
se dessa pelo ciclo mais longo, maior peso do grão e por possuir
tolerância ao herbicida Only. Como é tolerante a este produto,
Em São Vicente do Sul, a
propriedade média de cultivo
de arroz tem 50 hectares. O
sistema é de irrigação por
inundação por até 100 dias e
a lâmina dágua tem cerca de
cinco centímetros.
Agricultura
27
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
é usado para controle do arroz vermelho, que compete com a
cultura, reduzindo sua produtividade e rentabilidade.
O Cefet-SVS usa tecnologia de ponta no combate a essa planta
daninha, como o Projeto 10, que prega, entre outros, o
controle de invasoras e o plantio na época correta.
O projeto, criado pelo Instituto Riograndense do Arroz
(Irga), estimula o manejo da cultura do arroz de acordo com
metas, através de avaliações da performance da lavoura e análise
dos resultados. Para melhorar a produção e atingir entre oito
e nove toneladas por hectare a média nacional é de 3,23
toneladas por hectare , o Irga orienta o produtor a identificar
pontos fortes e fracos de sua lavoura, para depois executar
ações de controle e manutenção da cultura. Como diz um
manual do instituto, é preciso molhar as botas.
Para os técnicos do Irga, as chaves para melhorar os
rendimentos da cultura do arroz irrigado estão na adequação
da área (sistema de irrigação e drenagem e estradas), época de
semeadura, controle de plantas daninhas, manejo da irrigação
e nutrição de plantas.
A principal é o arroz vermelho,
que tem como causas: o uso
intensivo das áreas com arroz,
a ausência de herbicidas
seletivos, o sistema de posse
da terra, com grandes áreas
arrendadas para cultivo, o uso
de cultivares com ciclo médio
e o atraso na colheita.
28 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Cultura Entre as formas de cultivo do arroz, destacam-se o
sistema convencional, o plantio direto, o cultivo mínimo, o
pré-germinado e o transplante de mudas. As duas últimas são
feitas em lâminas dágua e o transplante de mudas é mais
utilizado no Oriente. Segundo dados do Irga, na safra 2002/
2003, o sistema mais utilizado foi o cultivo mínimo (46%),
seguido do convencional (36%).
A Ásia ocupa a primeira posição em consumo e produção de
arroz, em todo o mundo, seguido da América Latina, que é o
segundo continente em produção e terceiro no consumo.
No Brasil, os 12 milhões de toneladas de arroz produzidos
anualmente são cultivados de duas maneiras, irrigado ou em
sequeiro. A lavoura de arroz irrigado é a tradicional no Rio
Grande do Sul, o maior produtor brasileiro, com mais da
metade da produção nacional. Além do Rio Grande do Sul, os
estados de Mato Grosso, Santa Catarina, Maranhão e Pará são
também grandes produtores. O arroz contribui com 15% a
20% da safra nacional de grãos.
O arroz irrigado do Rio Grande do Sul representa, em média,
53% da produção brasileira. A lavoura produz no estado,
anualmente, cerca de 5 milhões de toneladas e é considerada
estabilizadora da safra nacional. A produção representa 3,1%
do Produto Interno Bruto (PIB) e gera R$ 175 milhões em
Imposto para Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
além de 250 mil empregos, de acordo com informações da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Cultivado em cerca de 950 mil hectares no Rio Grande do
Gramínea do gênero oryza e
da espécie sativa
29
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Sul, a lavoura do arroz tem produtividade média próxima a
5,5 mil quilos por hectare. O índice é próximo ao obtido em
países do Mercosul, tradicionais no cultivo de arroz irrigado,
como a Argentina e o Uruguai, mas aquém dos índices de
produtores mundiais, como China e Indonésia, segundo
explica o professor de Culturas Anuais, Paulo Roberto
Cecconi Deon.
Na última década, a lavoura do grão no Rio Grande do Sul
passou de 698,1 mil hectares em 1990 para 961,8 mil
hectares, em 2003, segundo dados do Ministério da
Agricultura. No mesmo período, a safra do estado saltou de
3,19 milhões de toneladas, em 1990, para 4,69 milhões de
toneladas de arroz em casca, em 2003. Para efeito de
comparação, o Brasil registrou uma safra de 7,42 milhões de
toneladas do grão em 1990, contra 10,19 milhões de
toneladas em 2003.
Grão é classificado por integridade e
processamento
Existem vários tipos de grãos de arroz e eles são classificados
pelo percentual de grãos quebrados por quilo e também pela
forma de cultivo e beneficiamento que sofreram antes de
chegar à mesa do consumidor.
O arroz de tipo um é aquele que pode ter até 10% de grãos
quebrados por quilo. É considerado quebrado o grão que
tiver menos de três quartos de seu tamanho normal. O de
tipo dois pode ter até 20% de grãos danificados por quilo e o
de tipo três, até 30%. Os de tipo quatro e cinco podem conter
30 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
até 40% e metade dos grãos fragmentados, respectivamente.
O cereal pode ser, ainda, de diversas qualidades, conforme foi
cultivado ou processado. o arroz aromático, o integral, o
orgânico e o parboilizado, como explica o professor de
agricultura, João Flávio Carvalho. O primeiro é o que foi
condimentado com temperos aromatizados. O integral é o
arroz que foi descascado, mas não polido e, por isso, apresenta
todos os seus componentes e propriedades originais. o
orgânico é o arroz que foi cultivado sem o uso de insumos
químicos, como fertilizantes e pesticidas. O arroz parboilizado
é imerso, ainda com casca, em água aquecida em uma autoclave
para que o grão absorva as vitaminas e sais minerais de sua
casca.
Beneficiamento resulta em vários
subprodutos
Do grão do arroz tudo se aproveita. O beneficiamento do
grão, após sua colheita, origem a uma séria de subprodutos,
como a casca, o grão integral, o grão inteiro e o farelo. A
casca pode ser utilizada para a produção de energia ou como
cama de suínos, por exemplo, e o farelo, na produção de ração
animal.
De 100 quilos de arroz em casca, 80 são de arroz integral e
20 de casca. Os 80 quilos de arroz integral resultam em 68
quilos de renda, ou seja, arroz inteiro e quebrado, no jargão
dos produtores. Os 12 quilos restantes são de farelo. Da renda,
extraem-se 58 quilos de arroz inteiro e dez de arroz quebrado
31
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
RS produz quase metade da safra
brasileira.
O Brasil produziu 12,86 milhões de toneladas de arroz na
safra 2003/2004. A contribuição do Rio Grande do Sul, nesse
ano, foi de quase a metade: 6,3 milhões de toneladas, mas a
produtividade do estado foi duas vezes maior que a nacional.
Enquanto a brasileira foi de 3,23 mil quilos por hectare, a
gaúcha foi de 5,5 mil quilos por hectare, pois a área de plantio
brasileira é de 3,6 milhões de hectares e a do Rio Grande do
Sul corresponde a apenas 1,03 milhão de hectares, segundo
dados do Anuário Brasileiro do Arroz de 2004, que utilizou
como fonte o levantamento divulgado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), em abril de 2004.
Profissional é preparado para gerenciar
lavoura
O Cefet de São Vicente do Sul oferece, atualmente, quatro
cursos técnicos Agrícola com habilitação em Agricultura e
Zootécnica, Agroindústria, Enfermagem, Informática e um
curso superior de tecnologia em Irrigação e Drenagem.
O tecnólogo em Irrigação e Drenagem formado pelo Cefet-
SVS é um profissional preparado para manejar sistemas de
irrigação, com otimização do uso da água e energia, para
elaborar e gerenciar projetos na área, em busca da racionalização
dos recursos hídricos. Ele também é apto a coordenar o manejo
32 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
de água nas lavouras de arroz pré-germinado com irrigação
por inundação permanente e nos sistemas de aspersão
convencionais, mecanizados, microaspersão e gotejamento,
tanto em culturas anuais como em espécies perenes.
Esse profissional recebe, em início de carreira, cerca de três
salários mínimos da categoria (entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil)
e ainda tem participação nos resultados da lavoura.
Alegrete Outra escola da rede no estado, a Escola
Agrotécnica Federal de Alegrete, distante de São Vicente do
Sul cerca de 200 quilômetros, também está autorizada pelo
Ministério da Educação a oferecer cursos superiores. A partir
do segundo semestre de 2005, a instituição oferecerá os
cursos de tecnologia em Produção e Classsificação de Grãos e
Sementes e em Industrialização de Produtos de Origem Animal.
Escola capacita técnicos em Aviação
Agrícola
Formar profissionais de aviação agrícola para orientar a
calibração de equipamentos e definir o momento adequado de
aplicação de agrotóxicos em lavouras. Esses trabalhadores têm
que entender de clima, de toxicologia, de prevenção de acidentes
e segurança do trabalho. Também precisam conhecer
equipamentos e fazer o planejamento da ação.
Na rede do MEC, o Centro Federal de Educação Tecnológica
de São Vicente do Sul (Cefet-SVS) é a única instituição
credenciada para desenvolver cursos nessa área. Na escola, os
33
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
cursos que são oferecidos desde 1988, formaram cerca de
360 profissionais em 11 turmas.
Segundo o diretor Carlos Alberto Pinto Rosa, a formação
de profissionais dessa área em instituições credenciadas evita
que danos ambientais sejam provocados por administração
dos defensivos agrícolas. O professor de Irrigação e Drenagem
de São Vicente do Sul, Marcos Gregório Ramos Hernandez,
que também é coordenador dos cursos de Aviação Agrícola,
explica que a parte teórica do curso é ministrada à noite e a
prática, durante o dia, em empresas da região, como a Itagro
Aviação Agrícola, em Alegrete, e a Ibicuí Aviação Agrícola, em
Rosário do Sul, que cedem o espaço físico e os equipamentos
para as aulas.
No programa do curso, os estudantes aprendem sobre
aeronaves agrícolas, histórico da aviação na agricultura,
características e utilização de aviões, legislação e política da
atividade e tecnologia de aplicação. Os alunos, que são
formados como técnicos executores em aviação agrícola,
ganham, após formados, cerca de R$ 500 por mês, sem contar
as comissões de safra, que chegam, em alguns casos, a R$ 20
mil, dependendo da área de plantio.
As vantagens oferecidas pela aplicação aérea de defensivos
agrícolas em relação à terrestre são muitas. Além do preço, a
qualidade da aplicação é superior, o tempo é menor, não amassa
a plantação, nem compacta o solo, como os tratores. Tudo
isso resulta em ganhos de produtividade, em redução de gastos
com defensivos e em uma menor exposição de funcionários
no manuseio de agrotóxicos.
34 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Cefet de Goiás forma especialistas
em Geoprocessamento
Curso integra cartografia, geodésia por satélite, sistema de
informação geográfica e sensoriamento remoto
Hoje em dia, agrônomos, ambientalistas, analistas de sistema,
arquitetos, engenheiros, geógrafos, geólogos, médicos,
professores e urbanistas têm utilizado o geoprocessamento
em suas rotinas de trabalho para aperfeiçoar a eficiência de
seus serviços. Para preparar esses profissionais para o uso da
cartografia e da geodésia por satélite, do sistema de informação
geográfica (SIG) e do sensoriamento remoto é que o Centro
Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiás oferece
um curso de especialização na área, desde 2004.
São 360 horas de aula de disciplinas que abordam diferentes
temas, como banco de dados geográficos, mapeamento
aerofotogramétrico, processamento digital de imagens, SIG
em ambientes distribuídos, SIG para meio ambiente,
planejamento e gestão territorial e também para redes de infra-
estrutura, entre outros.
Mas o que é geoprocessamento e para que serve? Quem
responde é o coordenador do curso de especialização do Cefet
Especialização
Arquivo
35
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Como os sistemas de
abastecimento de água,
eletricidade, esgotos, gás e
telefonia das cidades.
de Goiás, professor Valdeir Francisco de Paula. É o grupo de
tecnologias de geração de informações, tratamento e análise
de dados espaciais, que, aplicadas à organização, planejamento
e gestão do espaço geográfico, auxiliam profissionais e gestores
públicos a aperfeiçoar serviços que envolvem desenvolvimento
regional, educação, infra-estrutura, meio ambiente,
planejamento urbano e rural, saúde, segurança e transportes.
Prefeituras não podem mais planejar suas políticas públicas
sem mapas digitais atualizados, diz Valdeir. Com eles, por
exemplo, o secretário de saúde de uma cidade pode ter em mãos
o cruzamento dos dados de densidade populacional e
saneamento básico e, assim, prever ações de saúde em regiões
mais densamente povoadas, porém com baixa infra-estrutura
de água tratada e esgoto canalizado ou o titular da educação
pode ver a localização de escolas com distâncias inferiores a
dois quilômetros para atender às crianças em idade escolar. É
com base nesses dados que as políticas públicas podem ser
definidas com precisão pelo gestor.
O geoprocessamento pode ainda ser utilizado para mapear a
criminalidade, a população ou o mercado.
Com o sistema de informações geográficas, todas as
informações ficam integradas num ambiente computacional
Maiores usuários são das áreas
da administração pública,
agricultura, concessionárias de
água, telefonia e energia, meio
ambiente, planejamento de
vendas, saúde pública e
transportes.
36 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
chamado pelos profissionais da área de mapa temático.
Segundo o professor Valdeir, o programa de especialização do
Cefet de Goiás foi criado por causa da carência de profissionais
especializados nessa área em empresas, órgãos e instituições
de ensino e pesquisa, que agora podem fazer uso dessa
tecnologia para incorporar novos procedimentos em suas
atividades.
O curso é oferecido em parceria com o Instituto de
Desenvolvimento Tecnológico do Centro-Oeste (ITCO) e
com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia do Estado (Crea-GO).
Nova turma em agosto
As aulas para nova turma do curso começam em agosto deste
ano. Os interessados em participar da seleção devem ficar
atentos, pois as inscrições serão aceitas entre maio e junho.
Os estudantes são selecionados por meio de análise de currículo
e de entrevista.
As aulas são quinzenais, sempre às sextas-feiras, das 16h às
22h, e aos sábados, das 8h às 18h.
Durante o curso, são utilizados receptores GPS geodésicos
Ashtech Z12 e Ashtech ProMark II, receptores GPS de
navegação Garmin, mesas digitalizadoras A3 e A0 e plotter A0
para desenhos CAD. São também usados programas de
computador para sistemas de informações geográficas (SIG)
Os profissionais do setor
trabalham com bancos de
dados geográficos, fotografias
aéreas, imagens de satélite,
mapas digitais, posicionamento
por satélites e sistemas de
informação geográfica. Eles
também devem conhecer as
bases da cartografia, da
geodésia e da geo-estatística.
37
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
e cartografia, para processamento digital e tratamento de
imagens, para publicação de mapas na internet e para
processamento de sistema de posicionamento global (GPS) e
de geo-estatística. O curso oferece ainda a base cartográfica
digital de Goiânia e imagens de satélite do estado de Goiás.
Depois de ver todas as disciplinas, os estudantes têm ainda
que elaborar um trabalho de conclusão de curso ou uma
monografia em sua área de interesse.
Mais informações sobre o curso podem ser requisitadas através
do endereço eletrônico [email protected] ou do
telefone (62) 223-2388.
Arquivo
Arquivo
38 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
RESUMOS ESTENDIDOS
Resumos Estendidos
Resumos Estendidos
André Vilaron
39
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
A Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul - EAFRS - foi idealizada
a partir de agosto de 1972, em razão da prioridade que representa
a agricultura no contexto da atividade econômica na região do
Alto Vale do Itajaí e das reivindicações das comunidades rurais da
região pelo ensino, na área agrícola . Em 17 de dezembro de 1994,
a EAFRS foi inaugurada e as suas atividades letivas foram iniciadas
em 5 de junho de 1995.
A Instituição oferece atualmente os cursos de Técnico Agrícola
com habilitação em Agropecuária e Técnico Agrícola com
habilitação em Agroecologia. Os dois cursos são concomitantes
com o ensino médio. Também oferece o curso Técnico Agrícola
com habilitação em Agropecuária e o Técnico Florestal no sistema
pós-médio.
A agricultura do Alto Vale do Itajaí é praticada por
aproximadamente 25.000 famílias rurais, sendo o sistema de
produção baseado na pequena propriedade familiar, caracterizada
pela presença de atividades diversificadas. O setor de agricultura
das culturas anuais como milho, feijão e arroz irrigado, e o de
hortaliças como cebola, melancia, pepino, repolho, tomate e
beterraba necessitam de volume e qualidade de sementes. Juntam-
se a estes, a área de espécies florestais, forrageiras, adubos verdes
e plantas ornamentais que também apresentam representatividade.
A agricultura caracteriza-se pelo uso intenso de procedimentos
que demandam alta tecnologia e grande quantidade de insumos.
Entre esses insumos, podemos destacar o uso de sementes que é
responsável por uma parte significativa dos custos de produção
da maioria das culturas. A produção de sementes, a nível de
pequena propriedade, é importante para que o agricultor possa
reduzir custos.
A nível nacional, o mercado de sementes está em franca expansão.
Em volume de sementes comercializadas, destaca-se a cebola,
cultura de destaque na região do Alto Vale do Itajaí, sendo
também bastante comercializadas as de tomate e repolho. Quanto
à produção de sementes propriamente dita, a maioria das sementes
comercializadas são importadas, não havendo unidade de
produção no Brasil. No caso da cebola ,os principais produtores de
sementes estão localizados na região sul do Rio Grande do Sul.
No momento da implantação da cultura, recomenda-se que o
agricultor conheça a qualidade da semente que está plantando.
Para isso, existem laboratórios oficiais e particulares de análise
de sementes que podem prestar esse tipo de serviço, informando
a germinação, as purezas física e varietal e a qualidade sanitária
das sementes.
Para atendimento das necessidades dos agricultores e das
empresas produtoras de sementes da região, fez-se necessário a
implantação do laboratório, pois a falta de um faz com que as
amostras sejam encaminhadas para outras regiões do estado,
Implantação de laboratório para análise de sementes
HARTHMANN, Oscar E. L.
1
;
Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul / SC
1
Coordenador do Laboratório de Sementes.
Equipe de trabalho: BITENCOURT Jr., Darcy; ZAGO, Nélio J. ; MEDEIROS, Luiz A. ; CAÇOLA, Álvaro.
40 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
encarecendo e aumentando o tempo de retorno dos resultados.
A instalação do laboratório na Escola Agrotécnica Federal de
Rio do Sul vem atender à necessidade de ensino no primeiro
momento e possibilita projetos de parceria com os órgãos de
pesquisa, extensão e produção da região, visando um trabalho
de análise e produção de sementes. A implantação dessa estratégia,
contudo, deverá passar pela ação de profissionais competentes e
com habilidades para atuarem na área de sementes e, nesse
contexto, a EAFRS deve desempenhar importante papel na sua
região de abrangência.
A estrutura física do laboratório de sementes da Escola
Agrotécnica Federal de Rio do Sul - EAFRS é composta de dois
ambientes, o laboratório propriamente dito e áreas de
desenvolvimento de projetos. O laboratório tem uma área de
96 m
2
, contando com recepção (18 m
2
), sala de preparo de
amostras e pesagem (18 m
2
), análises e câmara fria (60m
2
).
Possui equipamentos para execução de diferentes testes
relacionados com a qualidade de sementes nas áreas agrícola e
florestal. Seu principal objetivo é a melhoria do ensino através
de aulas práticas, cursos específicos, treinamentos,
desenvolvimento da rotina de produção de sementes, visando à
formação de profissionais técnicos competentes na área de
tecnologia e produção de sementes. Dar suporte às pesquisas
realizadas em tecnologia de sementes e aos diferentes projetos
de iniciação à pesquisa realizados pelos alunos. Constam ainda
as atividades do laboratório de sementes, treinamentos, estágios,
cursos de curta duração para técnicos e agricultores. No
laboratório são desenvolvidas atividades de análise de sementes,
tais como: preparo de amostras, análise de pureza, exame de
sementes silvestres e nocivas, testes de germinação, determinação
do teor de umidade, teste de viabilidade e determinações
adicionais (número de sementes por kg, peso de mil sementes,
quebra de dormência e outras). São estudadas as seguintes
espécies: cereais (feijão, milho, arroz e girassol), forrageiras e
adubos verdes (azevém, aveia, ervilhaca e nabo forrageiro),
hortaliças (cebola e tomate), florestais (pinus, eucaliptus,
bracatinga, pinheiro brasileiro, grevilha, erva-mate, palmeira real
e espécies nativas da mata Atlântica).
O presente projeto tem como objetivo geral qualificar e estimular
os alunos no ramo da produção e melhoria na qualidade de
sementes utilizadas na região. Além disso, dar suporte técnico
através de cursos e treinamentos aos produtores rurais do Alto
Vale do Itajaí - SC, mostrando alternativas de produção de
sementes agrícolas e florestais. Neste contexto, também serão
desenvolvidos trabalhos de pesquisa e prestação de serviços.
Os objetivos específicos são: oportunizar aos alunos
conhecimentos da metodologia de um laboratório de sementes;
alterar os conteúdos das disciplinas que envolvem a área de
sementes nos cursos de Agropecuária, Floresta e Agroecologia;
realizar trabalhos de iniciação a pesquisa voltados para área de
sementes com a participação direta dos alunos; dar suporte para
produção interna de sementes da Instituição, visando à produção
de sementes de cereais, plantas forrageiras e espécies florestais e
realizar análises laboratoriais para agricultores e empresas da
região.
Agradecimentos:
especial a VITAE pela orientação e apoio
financeiro para viabilizar nosso projeto.
Arquivo
41
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Uma visão crítica da TV digital no Brasil
SILVA, Ricardo L. e; FARIAS, Chaquibe C. de
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
A motivação da HDTV (High Definition Television) surge da
necessidade de aprimorar-se tecnicamente a qualidade da TV, no
que diz respeito à definição de imagem, dentre outros parâmetros.
A idéia remonta aos anos setenta e foi concebida, a princípio,
como um sistema analógico.Contudo, houve uma evolução
consistente das tecnologias de modulação digital, de tal ordem
que seria mais vantajoso usar este tipo de modulação. Daí surgiu
a terminologia digital, ou seja, TV digital.
A evolução das técnicas digitais mencionadas anteriormente, que
foram decisivas para concepção da TV digital, diz respeito a um
maior aproveitamento do espectro e também uma resposta
adequada em termos da velocidade da transmissão de dados
necessária para transmissão de imagem em tempo real. Cabe
Arquivo
42 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
ressaltar que o desenvolvimento do padrão de compressão de
vídeo MPEG-2, foi decisivo na viabilização do uso das técnicas
de modulação digital em televisão.
A partir das técnicas de modulação digital, é possível enviar mais
informações através do mesmo canal, ensejando a utilização de
alguns recursos que não são viáveis na transmissão analógica,
além da otimização de outros. Vale destacar tais recursos: alta
definição, canais multiplexados, som digital, TV interativa,
transmissão de dados, recepção sem fantasmas.
O Brasil tem ciência da importância da implantação da TV digital
e está em processo de escolha do padrão a ser adotado. Existem
três sistemas de transmissão usados internacionalmente, que são:
ATSC - Advanced Television Standard Committee (Americano),
DVB - T - Digital Video Broadcasting - Terrestrial (Europeu) e
ISBD-T - Integratend Services Digital - Terrestrial (Japonês).
Ademais, existe a possibilidade do Brasil desenvolver seu próprio
padrão. Independentemente do padrão a ser adotado, os
parâmetros que devem ser avaliados são: áudio , vídeo,
multiplexação, interatividade e transmissão.
Existem testes preliminares feitos no Brasil, que indicam um
melhor desempenho dos padrões japonês e europeu com relação
ao americano.
A implantação da TV digital no Brasil é um salto qualitativo em
termos tecnológicos, mas tem desdobramentos outros em termos
sociais e econômicos. Porquanto, se faz necessária uma avaliação
criteriosa, pela inteligência nacional, para a escolha do padrão a
ser adotado no país.
Dispositivo didático de comprovação das leis dos
termopares: medição de temperatura
DANTAS, Aline S.
1
; LINHARES, Leandro L.
S.
2
, COSTA, Marcelo H.
3
; LIMA, José A.
4
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
*
A instrumentação é a ciência da adaptação de dispositivos e
técnicas de medição, de indicação, de ajuste e controle nos
equipamentos e processos de fabricação. Tem como objetivo a
otimização na eficiência dos processos de fabricação e a obtenção
de um produto de maior qualidade a um custo mais baixo e em
menor tempo
5
. Essas vantagens fazem com que a instrumentação
seja aplicada a diversos ramos de indústrias, tais como: siderúrgica,
petroquímica, alimentícia, papel, etc.; obtendo o rendimento
máximo do processo.
Em um processo industrial é possível encontrar diversos
instrumentos interligados (detectores, transmissores, sensores,
atuadores, indicadores, registradores, conversores), com o objetivo
de realizar uma determinada tarefa dentro de um processo. A
Vista frontal do dispositivo didático.
1,2,3
Graduandos em Tecnologia em
Automação Industrial
4
Professor da Área da Indústria
* Laboratório de Eletromecânica
43
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
associação destes instrumentos é chamada malha. As principais
grandezas que podem ser monitoradas em uma malha de processo
são: pressão, nível, vazão e temperatura; as quais são denominadas
de variáveis do processo.
A medição de temperatura é vital no controle de qualidade dos
produtos e na segurança do maquinário das indústrias
5
. Tal
preocupação ocorre, por exemplo, em processos de pasteurização
de leite, tratamento térmico de metais, refinamento de petróleo,
produção de energia elétrica, em locais com riscos de explosões
(caldeiras) e etc. Por ser uma grandeza tão importante a ser medida
e controlada na maioria dos processos, aliada à necessidade da
aplicabilidade prática dos conceitos da instrumentação foi
desenvolvido um Dispositivo didático para medição de
temperatura, aplicando como base os conceitos de um sensor de
temperatura conhecido como Termopar. Os pares termoelétricos
(termopares), são constituídos por duas junções chamadas de
junta de medição e referência, funcionam transformando calor
em tensão elétrica, produzida pela diferença de temperatura entre
as suas junções.
Para a construção do dispositivo foram utilizados os seguintes
materiais: madeira, pregos, adesivo epoxi, fita isolante, chuveiro
elétrico, tinta, solda branca e cabos de ligação.
O dispositivo desenvolvido é composto de: dois termopares, 1 e
2, do tipo T (cobre e constantan), tendo o termopar 2 um
material intermediário (cobre), um recipiente para aquecimento
de líquidos, quatro bornes para medição da tensão produzida e
montagem dos esquemas de ligação e um compartimento interno
para armazenar acessórios como ferro de solda, cabos de conexão,
extensão elétrica, etc.
A opção por inserir no dispositivo termopares do tipo T se deve
às suas características. "Os pares termoelétricos de cobre-
constantan possuem alta resistência à corrosão em atmosferas
úmidas e umidade de condensação"
6
. A faixa de medição para
este tipo de termopar é de -200oC a 350oC. Sendo assim de
grande aplicabilidade na didática de ensino.
Esse dispositivo visa ao conhecimento de um tipo de sensor de
baixa complexidade e custo de montagem, sendo, por isso,
amplamente utilizado na medição de temperatura. Proporciona
também a concatenação entre a teoria e a prática, possibilita a
verificação das leis dos termopares, bem como pode ser utilizado
por estudantes.
Referências:
5
BORCHARDT, I. G., Gomes, A. F. Termometria termoelétrica.
Sagra SA. 1979
6
SIGHIERI, L., NISHINARI, A. Controle automático de processos
industriais
. Editora Edgard Blücher. 1999.
RIBEIRO, M. A.
Instrumentação. Tek Treinamento & Consultoria
Ltda
. 8 ed. 1999
SOISSON, H. E.
Instrumentação industrial. Ed Hemus. 1989.
Vista superior do dispositivo
didático.
Vista inferior do dispositivo
didático. Pode-se notar local
para guardar acessórios
Exemplo de medição no Termopar A
Esquema de diferença das
temperaturas
Esquema de soma de temperaturas
44 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Análise do dimensionamento e operação de
sistemas de microirrigação considerando
diferentes emissores
LUCENA, Kennedy F. M. de
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
Os sistemas de microirrigação se caracterizam pela aplicação
d'água próxima à planta, sob baixas taxas de descargas e baixas
pressões de trabalho, potencializando, com isso, economia de
água e de energia. No entanto, o elevado custo inicial, devido à
extensa rede de tubulações para cobrir toda a área e outros
acessórios, constitui a principal limitação do uso da microirrigação.
Os emissores são elementos fundamentais na microirrigação, pois
são responsáveis diretos pela precisão com que água é aplicada
ao solo e afetam tanto o dimensionamento como a operação do
sistema. Neste estudo, o efeito de quatro emissores, com
características hidráulicas diferentes, sobre o dimensionamento
e a operação de sistemas do tipo microaspersão. Duas
configurações de sistemas foram avaliadas: com oito e vinte sub-
unidades, ambas totalizando uma área irrigada de 20,16 ha. Para
essa análise, foi desenvolvido um modelo de programação não-
linear com o objetivo de minimizar os custos fixos e operacionais
do sistema, representados pelos equipamentos e pelo consumo
de energia elétrica, respectivamente. Os resultados permitem
constatar que os emissores com maior descarga promovem a
redução dos custos operacionais, mas levam a aumentos
consideráveis nos custos fixos e nos custos totais do sistema.
Os custos das sub-unidades também sofrem aumentos
representativos com o aumento da descarga do emissor. A descarga
do emissor tem maior efeito sobre os custos do sistema que a
pressão de operação dos mesmos. Na seleção do emissor deve-se
procurar aquele com menor descarga e menor pressão de serviço
permissível, que atenda aos requerimentos de tempos de irrigação
e às restrições hidráulicas do dimensionamento.
Arquivo
45
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Arranjo Produtivo Local Sustentável (APLS) em
torno do bambu: inclusão social, geração de
renda e benefício ambiental
CASAGRANDE Jr., Eloy F. ; UMEZAWA, Helena A.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
O bambu é conhecido desde a Antigüidade e tem sido utilizado
para os mais diversos fins. Sua resistência, flexibilidade,
durabilidade, versatilidade, facilidade de reprodução, rápido
crescimento e adaptabilidade a climas e solos diferentes, permitem
que ele atenda àqueles que buscam materiais regionais e renováveis.
Seu benefício ambiental está no fato de ser uma planta C4, isto
é, de alta absorção de carbono (a denominação C4 refere-se ao
número de átomos de carbono presentes no primeiro produto
da fixação do CO
2
) e de ter rizomas que detêm a erosão do solo.
Em países asiáticos, o bambu é um vital recurso para o
desenvolvimento econômico e estima-se que ele seja usado como
estrutura para alguma forma de abrigo para cerca de 1 bilhão de
pessoas. De acordo com Qisheng e Bin
1
na China, um programa
para substituir a madeira tropical estimulou a implantação de
100 fábricas que produzem 10 milhões de m
2
de piso de bambu
anualmente e que tem grande aceitação no mercado internacional.
Vélez
2
calculou que o bambu obtido em 1ha oferece um
rendimento anual de 22 a 44 toneladas métricas. Nos trópicos,
um terreno de apenas 20m x 20m fornece matéria-prima para
construir duas casas de 8m x 8m, em um período de cinco anos.
O Brasil conta com a maior diversidade e o mais alto índice de
florestas endêmicas de bambu da América Latina (AL): são 137
espécies, representando 32% das espécies da AL, e 17 gêneros
ou 85%, sendo que os estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa
Catarina, Bahia e Paraná, possuem a maior diversidade de florestas
de bambu. No entanto, esta matéria prima é usada em casos
isolados de pesquisas na construção civil
3
e em outras áreas,
como o artesanato, gerando renda para poucas família
4
. A partir
de uma dissertação de mestrado defendida junto ao Programa
de Pósgraduação em Tecnologia - PPGTE do Cefet-PR
5
, foi
estimulado um trabalho interdisciplinar de pesquisa do potencial
do bambu com professores e alunos de outros departamentos,
como o de Desenho Industrial, Mecânica, Química, Biologia e
Construção Civil. Isto proporcionou a implantação de um
projeto que envolve cerca de 130 famílas carentes do município
de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba,
onde se desenvolvem produtos da cadeia produtiva do bambu,
gerando emprego e renda e regenerando o meio ambiente. O
Arquivo
46 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
projeto financiado através do IX Prêmio UNISOL/Banco Real -
Desenvolvimento Sustentável e Geração de Renda, foi concebido
como um "Arranjo Produtivo Local Sustentável - APLS"
6
e tem
como um dos objetivos ser um pólo-piloto que possa ser
replicado em várias regiões do estado do Paraná e do Brasil.
Iniciada em julho de 2004, a organização do "APLS do Bambu"
(Fig. 01) da Fazenda Rio Grande valoriza a capacitação técnica
das comunidades que têm a matéria-prima próxima às suas regiões
de domicílios e possam confeccionar de produtos de bambu com
valor agregado. O projeto conta com a parceria da Prefeitura
local e tem o design e as estratégias de empreededorismo como
marco referencial.
Referências:
1
QISHENG, Zhang; BIN, Xu. Bamboo Flooring Manufacturing
Unit
. International Network for Bamboo and Rattan -INBAR.
Transfer of Technology Model-TOTEM. Bamboo Engineering and
Research Center/ Nanjing Forestry University / Nanjing, Jiangsu
Province, China, 2001.
2
VELEZ, Simon. Grow your own house - Bamboo Architecture.
Colômbia: Vitra Design Museum, ZERI, C.I.R.E.C.A., 2001.
3
BERALDO, A. L.; AZINNI, A.; GHAVAMI, K.; PEREIRA, M. A.
R.
Bambu: Características e Aplicações, in Tecnologias e Materiais
Alternativos de Construção
. Campinas: Editora UNICAMP, 2003,
pp 253-299.
4
SEBRAE. Artesanato: Um Instrumento de Inserção Social. Brasília:
Revista Sebrae n
0
. 5, Julho/Agosto de 2002.
5
UMEZAWA, Helena Akemi. Uso do Potencial do Bambu para o
Desenvolvimento Local Sustentável: Estudo de Caso da Colônia
Parque Verde, Município de Fazenda Rio Grande - PR
. Curitiba:
Tese de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia,
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, 2002.
6
CASAGRANDE Jr., Umezawa, H.A. Bambu e Arranjos Produtivos
Locais Sustentáveis (APLS): Seqüestro de carbono, Tecnologia
Social e Sustentabilidade
. Anais 1 Conferência Brasileira de Materiais
e Tecnologias Não Convencionais - Habitações e Infra-Estrutura de
Interesse Social / Brasil NOCMAT 2004. Pirassununga: FZEA/USP, SP.
Conglomerado Agroindustrial em torno do bambu na Colônia Parque Verde
Fig. 01
47
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
O presente artigo trata da inserção dos cursos superiores de
tecnologia no mercado de trabalho e no contexto da Educação
Superior Brasileira. Pretende-se fazer uma reflexão do impacto
desses cursos tanto na profissionalização da mão de obra, como
na resposta ao anseio da população pela expansão do ensino
superior.
Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação,
enquadrados no Inciso II do artigo 44 da LDB
1
, com Diretrizes
Curriculares Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de
Educação (Resolução CNE/CP 3, de 18.12.02), com foco no
domínio e na aplicação de conhecimentos científicos e
tecnológicos em áreas específicas de conhecimento relacionado
a uma ou mais áreas profissionais. Tem por finalidade o
desenvolvimento de competências que possibilitam tanto a
utilização e aplicação da tecnologia e o desenvolvimento de novas
aplicações ou adaptações em situações profissionais, quanto a
compreensão das implicações decorrentes de suas relações com
o processo produtivo, à pessoa humana e à sociedade.
Os tecnólogos estão aptos a desenvolver atividades numa
determinada área profissional de forma plena e inovadora e têm
formação específica para desenvolvimento, pesquisa aplicada,
inovação tecnológica, aplicação, difusão de tecnologias, gestão
Cursos superiores de tecnologia: a resposta ao
mercado de trabalho e as transformações na
educação superior
SCHNEIDER, Maria C. K.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Fotos: Divulgação MEC
48 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
de processos de produção de bens e serviços e o desenvolvimento
do potencial empreendedor.
Os cursos superiores de tecnologia, em sua concepção, estão
articulados com o mercado de trabalho e sua justificativa deve
estar pautada em uma pesquisa de mercado que mostra a demanda
de trabalho para o profissional que pretende formar. A diferença
evidencia-se na comparação com as propostas dos cursos de
bacharelado, enquanto este se dá em articulação com a academia
e com o conhecimento, os cursos de Tecnologia articulam-se
com as áreas profissionais, com o conhecimento e com a prática.
Esses cursos são, além de uma perspectiva de formação
diferenciada, uma oportunidade de qualificação para uma grande
parcela da população brasileira que não consegue ter acesso à
educação superior. Vale lembrar que, no Brasil, somente 9% da
população em idade de 18 a 24 anos está inserida no ensino
superior. Se quisermos, realmente, ser um país desenvolvido, esse
índice é muito abaixo do aceitável para o desenvolvimento
almejado. Os cursos de tecnologia são uma resposta efetiva a
essa necessidade, visto que propõem formar profissionais que
tenham oportunidade de inserção rápida no mercado de trabalho,
ou que estejam atuando e necessitam de qualificação para
melhorar a sua projeção profissional.
Os bacharelados reforçam o conhecimento teórico e acadêmico,
propondo uma formação, ainda, muito tradicional. Em
contrapartida a formação de tecnólogos busca trabalhar a prática
como ferramenta para a construção do conhecimento. Deve-se
reforçar que a formação não está somente preocupada com a
prática, mas principalmente em como mobilizar os conhecimentos,
habilidades e atitudes na resolução de problemas. Uma formação
mais dinâmica e prática, porém, não deve ser confundida com
menos especialização, pelo contrário, propõe profundidade,
conhecimento focado e contextualizado, autonomia e educação
continuada. Ressalta-se que a formação mais rápida deve ser
sinônimo de educação autônoma, pois considera o aluno como
responsável pelo seu aprendizado. Sabe-se, hoje, que nenhum
profissional, por mais especializado que seja, consegue dar conta
de todas as informações sobre a sua área de atuação. Se nos
preocupamos, na formação de nossos alunos, com a necessidade
de estar aprendendo sempre estaremos proporcionando aos
alunos essa perspectiva de aprendizado e uma responsabilidade
maior com a sua própria formação. Todo e qualquer profissional
necessita, hoje, cada vez mais, de respostas rápidas e competentes
no desempenho da profissão. Para desenvolver competências,
segundo Perrenoud
2
preciso trabalhar por problemas e por
projetos, propor tarefas complexas que incitem os alunos a
mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los.
Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne
da profissão". Ensinar deveria consistir em conceber, encaixar e
regular situações de aprendizagem. E é essa concepção que está
profundamente relacionada aos currículos dos cursos de
tecnologia, ou seja, todo o conhecimento é importante, mas mais
importante é saber o que fazer com ele, de que modo mobilizá-lo
na busca do exercício profissional.
A escola sempre se preocupou em "dar" uma formação acadêmica
primorosa, desvinculando completamente o saber do fazer, como
se isso fosse menos nobre. A proposta de trabalhar com uma
formação consistente, mas prática, faz a diferença na formação,
49
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
pois enquanto o aluno do bacharelado vai ter contato com as
situações práticas somente após o curso, o aluno de tecnologia
vai ter a sua formação construída dessa forma. Não se propõe
aqui dizer qual é melhor ou pior, mas que elas se prestam a
situações diferentes e, principalmente, a atuações diferenciadas.
Isso deve ficar claro, pois existe, ainda, alguma incompreensão
em relação a esse profissional. que se dizer, também, que a
formação tradicional reforça a aprendizagem desvinculada da
prática e, mais ainda, como tarefa árdua, como se não houvesse
aprendizado sem sofrimento. Isso está relacionado ao trabalho
sem prazer desconectado da vida e da satisfação em desenvolver
uma proposta ou um projeto profissional que desafie e incite.
Carlos Drummond de Andrade, o poeta que tão bem escreveu
sobre temas cotidianos, nos coloca uma frase muito expressiva
em relação ao assunto: "...Alguma coisa que 'bolasse' nesse
sentido, no campo da educação, valeria como corretivo prévio de
aridez com que se costumam transcorrer os destinos
profissionais, murados na especialização, na ignorância do prazer
estético, na tristeza de encarar a vida como dever pontilhado de
tédio..." Creio que é esse desafio educacional para o século 21,
aprender, com autonomia e aprender para aplicar na vida tanto
profissional como pessoal, utilizando a tecnologia como
ferramenta associada à beleza, à criação e à praticidade da vida.
Referências:
1
Brasil - LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
9394/96
2
PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar.
Ed. Artes Médicas - Porto Alegre, 2000.
50 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Definição do perfil profissional para CST na área
de indústria de petróleo - um estudo de caso
CAMPOS, Romilda F. S. de ; MOREIRA, Marcos A. C.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos
Unidade de Ensino Descentralizada de Macaé / RJ
A bacia de Campos concentra a maior parte das atividades de
exploração e produção de petróleo do país, tendo como base
operacional a cidade de Macaé
1
. A carência de profissionais
especializados neste setor é conhecida e objetivamente foi
quantificada em duas pesquisas da ONIP (Organização Nacional
da Indústria do Petróleo) publicadas em janeiro de 2001 e
fevereiro de 2002
2
. Neste contexto foi efetuada a implantação
do CST em Indústria de Petróleo e Gás da Uned Macaé, do
Cefet de Campos. O perfil profissional do curso foi estabelecido,
na ocasião, com base nas pesquisas citadas e nos levantamentos
feitos quando da implantação e acompanhamento do Programa
de Recursos Humanos da ANP (Agência Nacional do Petróleo)
para o nível técnico (PRH-Técnico) que funcionou em sete
Cefets do país, no período de 2001 a 2002.
Após o ingresso de três turmas no curso, as discussões com os
professores de maior experiência profissional na área e com os
próprios alunos - que em sua grande maioria atuavam em
diversos postos de trabalho diretamente ligados às atividades do
setor - sugeriram a necessidade de reavaliação do perfil
profissional para o pós-reconhecimento do curso. O processo
de reavaliação teve como foco dois pontos principais: em primeiro
Arquivo
51
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
lugar, identificar as oportunidades, desafios e dificuldades da
implantação de um CST em um setor cujos postos de trabalho
são tradicionalmente divididos entre engenheiros e técnicos; em
segundo lugar, identificar o perfil profissional mais adequado
ao curso.
Para implementar o processo de reavaliação, foram realizadas duas
oficinas: a primeira com professores e a segunda com alunos do
curso. Esses encontros seguiram a metodologia proposta pelo
enfoque participativo - instrumentos Zopp e Metaplan -
referenciados nas oficinas do Programa Nacional de
Municipalização do Turismo, elaboradas pela Embratur. O
desenvolvimento das oficinas, os resultados e suas conclusões
serão descritos na versão final do artigo.
Referências:
1
ANP-Anuário Estatístico 2004- Seção 2 - Indústria Nacional
do Petróleo
2
ONIP - Demanda de Recursos Humanos para o Setor de
Petróleo e Gás - Identificação, Caracterização e Quantificação
dos Perfis Profissionais Demandados pela Indústria de Petróleo
e Gás, entre 2002 e 2005.
EMBRATUR - Programa Nacional de Municipalização do
Turismo - PNMT: Oficinas de sensibilização para o turismo.
Parceria entre o Cefet-RN e a ANP na
formação de técnicos de nível médio
para a indústria de petróleo e gás
SENA, Lunardo A. ; SILVA Jr, Nivaldo F. da ; MEDEIROS, Gilson G. ; FELIPE, Raimundo N.
B.; FELIPE, Renata C. T. dos S.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Com o advento da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional e as conseqüentes mudanças nos sistemas de educação
profissional, que reestruturaram as instituições de ensino técnico
do País, passou a existir uma preocupação maior em atender às
necessidades dos setores produtivos, a partir da formulação de
currículos flexíveis e adequados à realidade desses setores, sendo
de grande importância, para tanto, a aproximação e o
estreitamento das relações dessas instituições com as empresas.
Um dos setores que mais ansiavam por iniciativas desse tipo é o
das empresas petrolíferas, em razão de que faltam profissionais
qualificados dentro dos padrões exigidos, em decorrência dos
novos conceitos advindos do redirecionamento das políticas
governamentais e da revolução tecnológica que atingiu este setor
nos últimos anos.
Tal anseio encontrou as instituições de ensino tecnológico, que
tradicionalmente preparavam profissionais especializados para
os diversos ramos da indústria, sem atuar nesta área, estando
despreparadas pela carência de laboratórios específicos,
inexistência de cursos e de corpo docente, uma vez que, a única
52 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
empresa que atuava nessa área tinha, por prática, ela própria treinar
os seus profissionais. Essa atitude, de sucesso no passado, se
mostrou inadequada para o novo momento decorrente da quebra
do monopólio no país e a inclusão, no setor, de várias novas
empresas, inclusive de pequeno e médio porte.
Para solucionar essa situação, a Agência Nacional do Petróleo,
junto com o MEC, através de sete centros federais localizados
proximamente às regiões produtoras de petróleo, fomentou a
criação e a implantação de diversos cursos na área de petróleo e
gás natural a partir de 2001. No Cefet-RN, foram criados os
cursos de Operação da Produção do Petróleo e Gás e Manutenção
na Indústria do Petróleo e Gás, que resultaram na inserção de 80
técnicos no mercado de trabalho, com formação na área de
petróleo e gás. Sem essa parceria com a Agência Nacional de
Petróleo, seria inviável o oferecimento dos referidos cursos.
Iniciativas como estas não são somente oportunas, como também
necessárias.
Arquivo
53
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Sistema computacional para simulação e
otimização do escoamento de petróleo em redes
de tubulações em tempo real
LUCENA, Kennedy F. M.
1
; GALVÃO, Carlos de O.
2
; BRASILEIRO, Francisco V.
3
; SOUTO,
Cledson
4
; MACHADO, Érica
5
; BRASILEIRO, Esther V.
6
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
1
Cefet-PB
2, 3, 4,5 ,6
Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG)
A complexidade do monitoramento e controle, em tempo real,
de redes de tubulações para escoamento de petróleo decorre de
vários fatores, entre o quais: a confiabilidade dos sistemas de
aquisição de dados e comunicação, tempos limites entre a
aquisição de dados e a decisão de controle, restrições operacionais
de um grande número de dispositivos, controle que envolve
objetivos e restrições econômicas, operacionais, ambientais e
institucionais. O sistema computacional Smart Pumping foi
projetado para atender a esses requisitos. Uma abordagem de
simulação-otimização é a estratégia adotada para a previsão e o
controle do estado da rede. O módulo de simulação é baseado
na hidráulica do escoamento em regime permanente. O controle
é centrado nos sistemas de bombeamento e de tancagem,
respeitando restrições operacionais de reservatórios, dutos e
bombas, sem reduzir as metas de atendimento de demandas,
entendidas como quantidade e qualidade de fluidos
transportados. Para o controle em tempo real, um esquema de
otimização gera múltiplos cenários operacionais, sendo o ótimo
selecionado através de meta-heurísticas. Para atender aos
requisitos de tempo para decisão do controle, uma arquitetura
de execução em um grid computacional foi adotada,
alternativamente ao uso de computadores dedicados de alto
desempenho.
Arquivo
54 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Detecção de manchas de óleo na superfície do mar
em imagens de radar de abertura sintética (SAR)
ARAÚJO, Régia T. S.
1
; MEDEIROS, Fátima N. S.
2
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
Unidade de Ensino Descentralizada de Juazeiro do Norte
As imagens de radar de abertura sintéticas (SAR) têm contribuído
consideravelmente para compreensão de fenômenos
atmosféricos. Desde a última década, os sistemas SAR têm
desempenhado um papel importante no sensoriamento remoto
de desastres ambientais. Estes sistemas têm melhorado as
possibilidades de detecção dos derrames de óleo, que afetam
seriamente o ecossistema marinho, permitindo um
monitoramento mais rigoroso e eficaz da costa.
A detecção da mancha de óleo no mar, por técnicas de
processamento digital de imagens é determinada pelo contraste
entre a radiância espectral do óleo e a radiância da água à sua
volta. A presença de um filme de óleo na superfície do mar suaviza
as pequenas ondas, devido ao aumento da viscosidade na camada
superior da água, reduzindo drasticamente a energia de
retroespalhamento, resultando em imagens mais escuras no
imageamento SAR
1
. Áreas escuras em imagens SAR podem ser
causadas por ventos localmente baixos, por manchas naturais do
mar (vegetação marinha, zonas de sombras entre estruturas) ou
por presença de óleo, exigindo, portanto, uma interpretação
cuidadosa dos dados. Existem métodos probabilísticos para
distinguir manchas de óleo de manchas similares, que utilizam
informações estatísticas obtidas, a partir de medidas de
características físicas e geométricas das mesmas
2
. Este trabalho
propõe um algoritmo para detecção de manchas de óleo no mar
em imagens SAR, utilizadas para fins de monitoramento remoto
ambiental. Além disso, os classificadores Bayesiano, K-NN e redes
neurais são aplicados no conjunto de imagens, a fim de identificar
manchas de óleo e manchas similares a óleo no mar. O algoritmo
proposto para localização das áreas escuras combina análise
Cefet - CE
Universidade Federal do Ceará - UFC
André Vilaron
55
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
multiescala por transformada wavelet não-decimada, e crescimento de
regiões
3
. Este algoritmo incorpora um módulo de suavização do ruído,
devido às imagens SAR serem corrompidas por ruído speckle. A utilização
da transformada wavelet não-decimada para filtragem de ruído speckle e
realce de bordas nas imagens de teste constitui, neste trabalho, uma
etapa fundamental que antecede a segmentação. A abordagem por
crescimento de regiões é aplicada na imagem pré-processada, para isolar
regiões escuras nas imagens SAR para interpretação e classificação das
mesmas.
Os resultados dos classificadores foram avaliados segundo o coeficiente
Kappa e o teste de leave-one-out. A análise de desempenho dos algoritmos
de classificação, segundo o coeficiente Kappa, mostrou que o método
Bayesiano apresentou o melhor resultado quando foram utilizadas 50%
das amostras para treino do classificador, enquanto o K-NN obteve o
melhor resultado quando foram utilizadas 30% das amostras.
Referências:
1
ALPERS, W.; HÜHNERFUSS, H. Radar signature of oil films on sea
surface and marangoni effect
. J. Geophys. Res, 93, 3642-3648, 1998.A
2
FISCELLA, B.; GIANCASPRO, A.; NIRCHIO, F.; PAVESE, P. &
TRIVERO, P.
Oil spill detection using marine SAR images, International
Journal of Remote Sensing, Vol.21, No. 18, pp. 3561-3566, 2000.
3
ARAÚJO, R. T. S.; MEDEIROS, F. N. S.; COSTA, R. C. S.; MOREIRA,
R. B.; SILVA, J. L.
Spots segmentation in SAR images for remote sensing
of environment
, IEEE Proceedings of Southwest Symposium on Image
Analysis and Image Interpretation, v. 1, p. 95-99, Lake Tahoe - Nevada,
EUA, Mar. 2004.
Pesquisa e extensão na área de petróleo e gás natural
SENA, Lunardo A. ; SILVA Jr, Nivaldo F. da; MEDEIROS, Gilson G. ; FELIPE, Raimundo N.
B. ; FELIPE, Renata C. T. dos S.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Tendo em vista a posição proeminente que hoje ocupa a bacia
Potiguar na produção de petróleo e gás natural, o Cefet-RN tem
se voltado para o desenvolvimento de ações de pesquisa e
extensão nessa área. Podemos considerar como marco inicial desse
processo o advento da Portaria ANP-Inmetro 001/2000, a partir
da qual foi firmada uma parceria da ANP com o Cefet - RN
objetivando a prestação de consultoria técnico-científica na área
de medição da produção de petróleo e gás natural das regiões
produtoras do RN, CE e AM; visando a avaliar a confiabilidade
das medições realizadas, com implicações diretas sobre a cobrança
dos royalties devidos pela produção de petróleo e gás natural e a
correspondente distribuição das participações governamentais.
Dessa primeira ação, observou-se que a investigação de problemas
relativos a este tema estava concentrada nas regiões Sudeste e
Sul, mas ainda era incipiente nas regiões Norte e Nordeste. Além
disso, os trabalhos que estavam sendo realizados voltavam-se
mais para a realidade da produção da bacia de Campos, não sendo
aplicáveis à situação da nossa região.
56 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
A partir da publicação do Edital CTPETRO/CNPq-FINEP 03/
2001, o Cefet-RN vislumbrou a possibilidade de estruturação
de uma rede de pesquisa na referida área, envolvendo várias
instituições, de forma a atender às demandas direcionadas às
regiões Norte e Nordeste. Foi então estruturado o projeto
"Incertezas na Medição de Petróleo e Gás Natural", com as
participações do Cefet-AM, do Cefet-BA, do Cefet-SE, da UFRN
e do Ceped (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, ligado à
Universidade Estadual da Bahia). Tal projeto foi apresentado à
Rede de Instrumentação e Controle, constituída a partir daquele
Edital, sendo aprovado como o Projeto 10/05. Posteriormente,
este projeto recebeu o aval do Cenpes-Petrobras com o aporte de
recursos adicionais, visando atender às necessidades específicas
daquela Empresa.
Como resultados verificados, o Projeto 10/05 possibilitou a
criação, no Cefet-RN, do Núcleo de Pesquisa em Processos de
Petróleo e Gás Natural, contando atualmente com quatro
professores e quatro bolsistas, encontrando-se em fase de
instalação um laboratório de volumetria e outro de medição por
coordenadas. Nas demais instituições envolvidas, também foram
criados grupos de trabalho semelhantes e em todas elas foi
fomentada a capacitação dos docentes e a montagem de uma
infra-estrutura adequada para realizar atividades de pesquisa e
extensão nesta área. Ao longo desse período inicial de atividades,
diversos artigos técnico-científicos foram publicados e
apresentados em congressos de nível regional, nacional e
internacional.
Arquivo
57
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
A questão do desenvolvimento no contexto da
globalização: impactos do neoliberalismo na
regulação do setor petrolífero nacional
FERREIRA Jr, Lier P.
1
Colégio Pedro II
1
Doutorando em Direito Internacional -
(UERJ). Mestre em Relações Internacionais
- PUC/Rio (1996). Bacharel em Direito -
UFF (2000). Bacharel (1994) e
Licenciado (1992) em Ciências Sociais -
UFF. Professor de Sociologia do Colégio
Pedro II.
2
Revista do Mercosul, Rio de Janeiro, n
0
.
53, p. 30, set. 1999.
A presente pesquisa focou os impactos do neoliberalismo na
regulação político-jurídica do setor petrolífero nacional. Para
tal, utilizou-se de uma perspectiva sócio-histórica, de caráter
comparativo, onde elementos aparentemente dispersos como
globalização, desenvolvimento e regulação jurídico-política da
indústria do petróleo foram integrados para constituírem uma
centralidade epistemológica. Quinze anos após a deflagração
das reformas neoliberais no Brasil, suscita pouca controvérsia
afirmar que o binômio globalização-neoliberalismo é gerador de
desigualdade, subordinação e marginalização. Números do Banco
Mundial e da ONU apontam que o contingente de pessoas,
vivendo em situação de absoluta pobreza, aumentou de em mais
de 500 milhões de pessoas na segunda metade dos anos 90.
Segundo estes organismos, "metade dos 6 bilhões de habitantes
do mundo vive hoje com US$ 2,00 ao dia; 35% dos trabalhadores
do mundo em desenvolvimento terão queda de renda este ano
(1999); 20% dos países mais ricos do planeta detêm 86% do
PIB mundial, enquanto os mais pobres participam com apenas
1%.
2
O setor petrolífero nacional, aberto após a vigência da EC
09/95 e, posteriormente, da Lei n
0
90478/97 mostra que
crescimento da atividade econômica não significa,
necessariamente, desenvolvimento. O fim do monopólio da
Petrobras e o trabalho da ANP fizeram crescer o setor, inclusive
com o ingresso de grandes conglomerados transnacionais, mas a
riqueza gerada não vem se convertendo em motor para o
desenvolvimento sustentável do país e em desenvolvimento
humano sustentável para o conjunto da população,
particularmente os munícipes das áreas produtoras. Conclusões:
a globalização não é um mecanismo eficaz para a promoção do
desenvolvimento dos países periféricos. Esta assertiva tem sua
importância recrudescida quando se constata que a ordem jurídica
internacional exigida pela globalização possui caráter
essencialmente mercadológico, onde a questão dos interesses
corporativos, da desregulamentação econômica e do equilíbrio
dos mercados assume proporções colossais, sendo mais
Fotos: Arquivo
58 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Desenvolvimento regional e redes de difusão de
tecnologia
NASCIMENTO, Décio E. do
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Distribuição de renda e poder de compra estão relacionadas com
o nível e a sustentabilidade do processo de desenvolvimento
econômico de um país ou de uma região. O desenvolvimento
econômico de uma região, por sua vez, depende diretamente do
nível tecnológico e da eficácia da indústria local, que são derivados
de sua capacidade de gerar ou absorver inovações de processos
ou produtos. A inovação é uma pré-condição do desenvolvimento
local. Ela é essencial para que as empresas locais não sejam
condenadas a desempenhar um papel marginal, ou pelo menos
não muito marginal, no cenário das trocas econômicas. Porém,
inovações tecnológicas e organizacionais (competência das
empresas locais) devem vir acompanhadas também de inovações
institucionais (competência das instituições locais) que orientem
e facilitem o desenvolvimento pretendido. Ou seja, o
desenvolvimento regional não pode prescindir nem de
competências locais para criação e/ou difusão de inovação, nem
de competências e estruturas para mobilização e coordenação de
recursos necessários (humanos, técnicos, financeiros). Estas
reflexões são frutos de pesquisas realizadas no âmbito do
doutoramento do autor em socioeconomia. O estudo buscou a
compreensão - em termos de natureza, dinâmica e espaço - dos
processos e das redes de difusão de tecnologias de produção e
de organização em uma região em estágio inicial de
industrialização. A metodologia utilizada envolveu revisão da
literatura (desenvolvimento regional, inovação e redes) e pesquisa
de campo. O setor agroindustrial do estado do Tocantins foi
utilizado como estudo de caso. Entre outros resultados, a
pesquisa mostrou que, apesar da situação de isolamento
geográfico e da baixa densidade de canais distribuidores e
geradores de inovação, as empresas obtêm um sucesso relativo
na fabricação de produtos de qualidade e competitivos. O estudo
sugere que este sucesso relativo é fruto de suas relações dentro
de redes de natureza sócio-tecno-econômicas.
importantes do que os fundamentos essenciais do próprio Estado
democrático de direito: a soberania estatal e a dignidade da pessoa
humana; a organização jurídico-política do setor petrolífero no
Brasil concorre para a preservação do presente estágio de
dominação e subdesenvolvimento da sociedade brasileira. Mais
do que o Estado e/ou os interesses nacionais, a empresa
transnacional assume a primazia das relações jurídicas e políticas,
num quadro onde privatizações, fusões, incorporações, trustes e
cartéis, em diferentes segmentos da produção, limitam a promoção
de políticas nacionais desenvolvimentistas, aviltam a soberania
dos Estados e reduzem a efetividade dos direitos humanos e
sociais.
59
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Influência dos modificadores de rede nas
propriedades fotoluminescente no sistema
CA
x
SR
1-x
WO
4
PORTO, Sayonara L.
1
; LONGO, Elson
2
; SOUZA, Antonio G. de
3
.
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
1
Cefet -PB
2
Laboratório Interdisciplinar de
Eletroquímica e Cerâmica (Liec)
3
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
A perspectiva de obter novos materiais cerâmicos, com novas
propriedades, tem impulsionado a pesquisa mundial. O grau de
pureza, a qualidade da superfície, a presença de defeitos
estruturais, o uso do dopante, o tempo e a temperatura de
tratamento térmico são fatores determinantes nas propriedades.
Em busca desses novos materiais, várias técnicas de preparação
têm sido desenvolvidas. O método dos precursores poliméricos,
"método Pechini", se destaca entre as várias técnicas de síntese
química, por apresentar um custo relativamente baixo e eficiência
significativa na obtenção dos óxidos multicomponentes à
temperaturas mais baixas. Esse método parte do princípio básico
da imobilização dos íons metálicos em uma resina polimérica.
Neste trabalho, foi desenvolvido um estudo das propriedades
estruturais e fotoluminescentes do sistema Ca
X
Sr
1-X
WO
4
,
sintetizado pelo método dos precursores poliméricos. A
caracterização térmica e estrutural do sistema obtido foi realizada
por Análise Térmica Diferencial (DTA) e Termogravimetria (TG)
e pela técnica de difração de raios X (DRX).
As curvas termogravimétricas mostraram três etapas principais,
das quais duas etapas consecutivas se referem à perda do material
orgânico, evidenciada no DTA por um pico exotérmico em
aproximadamente 550
o
C.
Os resultados de DRX mostraram que as amostras apresentaram
cristalinidade a partir de 500
o
C, com uma definição melhor dos
picos para temperaturas mais altas de tratamento térmico.
A amostra Ca
0
,
6
Sr
0
,
4
WO
4
tratada termicamente a 600
o
C produziu
a mais alta intensidade fotoluminescente. Esta alta intensidade
foi associada à presença dos modificadores de rede, que são
capazes de promover defeitos que contribuem positivamente na
fotoluminescência.
Arquivo
60 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
A contribuição de um aeroporto industrial para o
desenvolvimento tecnológico local
OLIVEIRA, Maurício de; NASCIMENTO, Décio E. do.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
O presente estudo analisa a proposta de criação de Aeroportos
Industriais no Brasil sob a ótica do binômio inovação-
desenvolvimento.
Estes aeroportos associam a infra-estrutura aeroportuária
internacional ao processo de desenvolvimento de regiões. Um de
seus diferenciais é a implantação de regimes aduaneiros especiais,
como forma de estimular as exportações de empresas instaladas
no referido espaço. Portanto, é de suma importância adotar critérios
eficientes no que diz respeito ao aproveitamento de potencialidades,
convergindo para o desenvolvimento e propósitos locais.
Este trabalho tem como objetivo identificar os fatores que
caracterizam a relação entre a implantação de um ativo de
desenvolvimento, neste caso um aeroporto industrial, e o
desenvolvimento tecnológico da região de implantação. Um estudo
de caso realizado junto ao segmento industrial eletroeletrônico
da região metropolitana de Curitiba acompanha o trabalho visando
subsidiar a análise e a identificação de fatores ligados à realidade
empresarial atual, porém sem intenções de generalização para outros
setores ou regiões.
A criação do aeroporto industrial trata de uma inovação
organizacional, encorajado por ambiente institucional favorável,
com grande potencial de promoção de desenvolvimento tecnológico
e de competitividade de empresas e produtos locais, fato que
demandou o estudo das principais idéias sobre inovação e seus
vetores tecnológico, institucional e organizacional.
Programa de Pós-graduação em
Tecnologia -(PPGTE)
Arquivo
61
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Considerando que a implantação deste modelo de ativo de
desenvolvimento visa a ampliar a capacidade exportadora do
sistema produtivo nacional, é feita uma breve apresentação de
alguns mecanismos facilitadores de participação no mercado
externo, existentes no Brasil, bem como da definição técnica e
legal do aeroporto industrial e de modelos semelhantes em
funcionamento em outros países. A análise final dos resultados
do estudo de caso, feita à luz da fundamentação, possibilita
concluir que, a possível criação de um centro industrial de alto
valor agregado do setor de eletroeletrônica na zona aeroportuária
da RMC, pode criar um ambiente sinérgico entre as empresas
que poderá refletir no desenvolvimento de novos produtos,
acelerando o processo de desenvolvimento tecnológico local.
Proposta de correção acústica do auditório
da Escola Técnica Federal de Palmas
SILVA, Liliane F. G. da
Escola Técnica Federal de Palmas / TO
No auditório da Escola Técnica Federal de Palmas, a audibilidade
encontra-se inadequada devido à presença de materiais de baixa
absorção sonora. A seleção e distribuição correta de materiais
absorventes e refletores proporcionaram as condições ótimas de
audibilidade, atingindo o tempo de reverberação ótimo, que é o
tempo necessário para que o nível do som seja reduzido em 60
dB, a partir do momento em que cessa a fonte sonora
1
. Determina-
se o tempo de reverberação ótimo em função do volume e do uso
a que se destina o auditório, ou seja, texto falado, para no mínimo
3 freqüências. Foram então selecionadas as freqüências da fala,
125, 500 e 2000 Hzs
2
. As características de um auditório para
voz falada e de um auditório para concertos é totalmente diferente,
pois a voz falada requer um tempo de reverberação menor que a
música, ou seja, neste último caso o som permanece mais tempo
no ambiente, mesmo após cessar a fonte sonora. O projeto de
auditórios, portanto, exige um cálculo preciso das características
absorventes e reflectantes dos materiais de acabamento para um
uso específico.
O cálculo foi realizado, considerando-se a sala cheia e a sala
vazia, pois nestas duas situações a diferença do tempo de
reverberação não deve exceder 0,2s (De Marco, 1982, p.99). Além
disso, recomenda-se uma diferença menor que 0,1 s entre os
tempos de reverberação ideal e o tempo de reverberação calculado
(De Marco, 1982, p.102). Obtendo-se os valores parciais do
coeficiente de absorção de cada material na NBR 12179
3
e em
bibliografias especializadas, obtemos as absorções parciais e o
tempo de reverberação com os coeficientes constantes na tabela
01.
Verifica-se portanto, que é necessário o tratamento acústico nas
superfícies do auditório, com a utilização de materiais de maior
62 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Tabela 1- Cálculo do tempo de reverberação existente no
recinto
Tabela 2 - Cálculo do tempo de reverberação após
intervenção no recinto
absorção acústica em todas as freqüências. Propõe-se a
introdução de um material absorvente nas paredes laterais e de
fundo, um painel de Eucatex Acústico, com câmara de ar de
50mm, e tapete de forrando o piso da rampa e circulações,
obtendo os valores da tabela 02. Com isso, os valores necessários
para os tempos de reverberação com a sala cheia e a sala vazia
aproximaram-se do ideal, ainda que não tenha atingido o
necessário por centésimos de segundo. Esta correção acústica,
baseada na mudança das propriedades dos materiais no ambiente,
para obter as propriedades acústicas necessárias ao seu uso
específico proporcionará as condições aceitáveis de audibilidade.
Referências:
1
DE MARCO, C.S. Elementos da acústica arquitetônica. São
Paulo: Nobel, 1982.
2
SANTOS, N. et al. Antropotecnologia: A Ergonomia dos
Sistemas de Produção
. Curitiba: Genesis, 1997.
3
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. NBR 12179. São Paulo: 1990.
63
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Projeto de torrefação de
café orgânico e convencional
PEDINI, Sérgio
Escola Agrotécnica Federal de Machado / MG
Este artigo tem por finalidade apresentar a experiência da EAFM-
Escola Agrotécnica Federal de Machado na área de processamento
de café e a inserção da instituição, através do projeto, na realidade
produtiva da região, em especial dos cafeicultores familiares do
sul de Minas Gerais.
Escola Agrotécnica Federal é uma instituição educacional
autárquica federal, vinculada ao MEC, com autonomia
administrativa, patrimonial, financeira, didática, técnica e
disciplinar, caracterizando-se por ministrar cursos técnicos em
nível médio (2ºgrau) nas áreas de Agropecuária, Agroindústria,
Enologia, Zootecnia, entre outras, em regime aberto, de internato
e semi-internato, sempre com uma finalidade e um perfil.
A região do sul de Minas é composta basicamente por pequenos
produtores, que produzem em áreas de topografia acidentada,
em meio a problemas ambientais sérios e com poucos recursos
financeiros. Esse quadro retrata um cenário delicado, onde essa
clientela sobrevive sob situação de alto risco, pois a sua
característica fundiária e topográfica não os tem viabilizado
economicamente devido à perda de competitividade com outras
regiões produtoras.
A EAFM foi criada em 1947 e vem, desde 1997, apostando no
aprimoramento dos segmentos temáticos do café, da
agroindústria e do meio ambiente, como alternativas de
desenvolvimento sustentável para a região e a conseqüente
capacitação dos técnicos para se tornarem aptos a dar o devido
suporte a esse desenvolvimento. Exemplos dessa trajetória podem
ser destacados: Fórum de Desenvolvimento Regional (1997);
curso pós-técnico em Agroecologia (1999); Conferência
Internacional de Mercado Justo e Café Orgânico em 2000 e o
projeto "Aperfeiçoamento da formação profissional relacionada
à industrialização do café e análise da bebida", financiado pela
VITAE em 2002, com apoio também da Fundação Banco do Brasil,
MEC e Prefeitura de Machado.
O projeto foi crucial na concretização da proposta que vinha
sendo construída desde 1997, pois possibilitou uma melhora
visível na qualidade de ensino, nas áreas de agroindústria e
qualidade de café, e proporcionou um contato direto dos alunos
com a produção de cafés diferenciados, em especial os orgânicos,
pois a Escola tem possibilitado desde a inauguração, em 2002, a
prestação de serviços nas áreas de rebenefício e industrialização
de cafés para os produtores da região, notadamente os de origem
familiar, com o acompanhamento total por parte dos alunos. Em
2003, foram rebeneficiadas 272 sacas de café de 53 produtores e
torrados 14.520 kg de 22 produtores, que têm exportado para o
Japão, EUA e Alemanha. Nos últimos anos, no entanto, o
segmento café e, em especial, o setor de industrialização do
produto vêm se modernizando rapidamente e exigindo uma
Fotos: Sérgio Pedini
64 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Controle digital de nível
SAMPAIO, Priscila G. V.
1
; PEREIRA, Jonathan P. P.
2
; LIMA, José A.
3
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
*
1
Graduando em Tecnologia em Automação
Industrial
2
Laboratorista da Área de Tecnologia
Industrial
3
Prof. da Área de Tecnologia Industrial
* Laboratório de Eletromecânica
Reservatório superior.
melhor adequação de currículos e estruturas para fazerem face à
essa evolução. Trata-se de uma possibilidade de se transformar
uma unidade agroindustrial, com fins pedagógicos, em uma ação
concreta de inserção social da instituição.
Atualmente ,observamos crescer em praticamente todas as áreas
o uso de aplicações eletrônicas, com o objetivo de controle na
sua mais abrangente definição. Podemos constatar a utilização
de controladores digitais de nível, em sistemas que necessitam
de patamares de níveis fixos, como é o caso de sistemas dosadores
encontrados, por exemplo, na indústria petrolífera, química,
farmacêutica, etc
4-6
.
O nível pode ser considerado a altura da coluna de líquido ou
de sólido, no interior de um tanque ou vaso. A medição de nível,
embora tenha conceituação simples, requer, por vezes, artifícios
e técnicas apuradas. O nível é uma variável importante na indústria,
não somente para a operação do próprio processo, mas também
para fins de cálculo de custo e de inventário. Na compra e venda
de produto, cujo faturamento é baseado na medição do nível
dos tanques, as medições requerem a máxima exatidão possível.
Professores da área da indústria do curso de Automação
65
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Estrutura
Circuito
Industrial, do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Rio Grande do Norte, tem estimulado seus alunos a
desenvolverem projetos, com o objetivo de colocar em prática
os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.
O projeto constitui-se de um circuito controlador digital
simples, utilizado no monitoramento e atuação em uma planta
formada por dois reservatórios posicionados em alturas
distintas. A idéia geral do controlador é um circuito, capaz
de detectar o nível mínimo de um reservatório, o que leva ao
acionamento do motor-bomba e detectar um nível superior,
definido pelo usuário, constituído por cinco níveis de opção,
onde ao ser atingido, fará com que o motor-bomba desligue,
aguardando que novamente o nível atinja o valor mínimo,
fechando o ciclo de trabalho automático. Todo o processo de
seleção do nível máximo e visualização do nível do reservatório
podem ser acompanhados pelo usuário, através de uma coluna
vertical de indicadores luminosos (LED´s).
O controlador é formado pela junção de módulos simples,
são eles um circuito flip-flop que tem a única função de gerar
um sinal, que será usado para habilitar a observação do nível
do reservatório, ou a seleção de seu nível máximo. Um circuito
contador que tem função de proporcionar, ao usuário, a
escolha do nível máximo, a cada toque realizado por ele no
botão nível, fará com que o circuito aumente esse limite, um
circuito comparador de tensão, acoplado à bóia do reservatório
superior, gera a informação do nível do mesmo, um circuito
que recebe o sinal do flip-flop para exibir nos indicadores a
informação de nível do reservatório, ou a de limite superior
escolhido pelo usuário, e o circuito de lógica, que combina
as informações do comparador e do contador. Quando as duas
forem iguais, é hora de desligar o motor, pois o nível superior
foi atingido. Outra parte desse mesmo circuito monitora o
nível mínimo que, quando atingido, fará com que a bomba
religue. O circuito de acionamento é formado apenas por uma
unidade transistorizada, que recebe os sinais da lógica e um
relé com intertravamento
7
.
Este trabalho permitiu o conhecimento de um tipo de
controlador de baixa complexidade e custo para montagem e
com um alto benefício, sendo por isso amplamente utilizado
na medição e controle de nível.
Referências:
4
RIBEIRO, M. A. Instrumentação. Tek Treinamento &
Consultoria Ltda. 8 ed. 1999
5
SIGHIERI, L., Nishinari, A. Controle automático de
processos industriais
. Editora Edgard BLÜCHER. 1999.
6
SOISSON, H. E. Instrumentação industrial. Ed Hemus.
1989.
7
BRAGA, N. C. Revista Saber Eletrônica. Editora Saber. 2002
Reservatório inferior e Motor
bomba
66 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Projeto de bancada para aferição de hidrômetro
MOTA, Jailton C. M. ; DANTAS, André A. de M. ; OLIVEIRA José K. C. de
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Este trabalho tem, por finalidade, projetar e executar a montagem
de uma bancada para aferição de hidrômetros de pequena capacidade
(vazão) e de diâmetros inferiores a 32 mm.
Esse projeto foi concebido, adotando-se o princípio da
confirmação da vazão aduzida pelo hidrômetro. A técnica consiste
em passar, através do hidrômetro, um volume d'água conhecido
em um tempo também conhecido, desta forma, conferir-se os
valores registrados pelo hidrômetro e, caso seja necessário, ajusta-
se o hidrômetro, de maneira que o mesmo mantenha-se dentro de
uma faixa de erro admissível pela norma.
Desta forma, poderemos aplicar com mais profundidade, o
conhecimento teórico adquirido em sala de aula sobre o assunto
de medição de vazão.
A bancada foi desenvolvida dentro de critérios de segurança e
atendendo às normas vigentes, a Portaria 246 de 17 de outubro
de 2000, do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial - IMETRO, ligado ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC ,
conforme descrição abaixo dos seus principais itens que julgamos
importantes para o trabalho.
Os objetivos e campos de aplicação:
- Este Regulamento aplica-se aos hidrômetros que possuam
totalizadores para indicar o volume de água escoado, utilizando
sistema mecânico ou magnético para receber os movimentos do
dispositivo sensor.
- Este Regulamento não se aplica aos hidrômetros destinados a
medir água cuja temperatura for superior a 40ºC.
Detalhe construtivo:
A estrutura principal da bancada montada em cantoneira "L" de
abas iguais de 30 x 30 x 3mm, serve como base para colocação dos
hidrômetros a serem aferidos. Faz parte também deste projeto dois
reservatórios, um inferior de 100 litros, aproveitado da estrutura
já existente no laboratório de Hidráulica e Pneumática do Cefet e
outro superior, de capacidade 70 litros, construído em chapa de
aço Inox 18. No reservatório inferior, existe uma bomba
centrífuga com as seguintes características: vazão nominal de 8
m³/h e altura manométrica de 40 mca (metros de coluna de água),
para bombear a água, através do hidrômetro testado.
A seguir, temos a parte de tubulação em PVC (cloreto de polivinil)
com as respectivas conexões e, por fim o dispositivo de controle
do nível do reservatório superior, sendo que este dispositivo faz
parte de um outro projeto de pesquisa científica e está sendo
desenvolvido por uma outra equipe da turma 3.18, do curso de
Automação Industrial.
Este trabalho mostrou o desenvolvimento de um processo de
aferição de hidrômetro, procurando minimizar o índice de erros
cometidos por instrumentos descalibrados, que podem provocar
um aumento ou redução do valor da conta de água para o
consumidor.
Duvulgação Cefet RN
67
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
A disciplina Instrumentação, percebendo a necessidade de aplicar
na prática os conhecimentos teóricos sobre o assunto,
desenvolveu a pesquisa e construiu a bancada de aferição de
hidrômetro.
Transformação de plásticos
simulação do processo produtivo
CALCAGNO, Carmen I. W.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas
Unidade Descentralizada de Sapucaia do Sul / RS
O projeto do "Curso Técnico da Área Indústria - Habilitação:
Transformação de Termoplásticos"
1
é composto por cinco
módulos que preparam os alunos para atuar na indústria de
terceira geração petroquímica, na obtenção de produtos plásticos.
Durante o curso, atividades de simulação do processo produtivo
são realizadas, oportunizando aos alunos experimentarem
situações reais do mundo do trabalho. Neste relato serão
apresentadas algumas das atividades realizadas, de forma
integrada, com alunos dos módulos II e V.
O módulo II tem por objetivo desenvolver competências de operação
de equipamentos, entre outras. Os alunos iniciarão, nesse módulo,
as atividades práticas nos laboratórios de transformação de
termoplásticos. O módulo V tem por objetivo desenvolver
competências de supervisão e de planejamento da produção, entre
outras. Os alunos desse módulo desenvolveram, ao longo do curso,
conhecimentos em diferentes áreas e possuem razoável compreensão
do processo produtivo.
Os processos de extrusão de filmes e de reciclagem mecânica de
termoplásticos são exemplos dos processos produtivos simulados.
Cada atividade é realizada em quatro períodos semanais. Em cada
processo, os alunos supervisores (módulo V), inicialmente, apresentam
aos alunos operadores (módulo II) o ambiente de trabalho e ensinam
a operação segura dos equipamentos (simulando a capacitação de
novos funcionários). Em encontro posterior, os "supervisores" orientam
os "operadores" na execução da produção planejada e no
monitoramento do processo produtivo. Por exemplo, no processo de
extrusão de filmes, os "supervisores" planejam a produção de diferentes
especificações de filmes, que serão obtidas durante a simulação e
elaboram planilhas de monitoramento e controle de produção. Os
"operadores" executam a produção, conforme as orientações dos
"supervisores", e realizam registros nas planilhas.
Os professores avaliam alunos de ambos os módulos e os "operadores"
avaliam seus "supervisores" e vice-versa, constituindo a avaliação parcial
das competências destes módulos.
O planejamento das atividades integradas ocorre em reuniões
docentes semanais. Atividades isoladas, em cada módulo, são
realizadas como preparação dos alunos.
Alunos do Cefet / RS - Uned /
Sapucaia do Sul obtém filmes
plásticos em aulas práticas que
simulam o processo produtivo,
integrando alunos de módulos
diferentes: inicialização do
processo
Ajuste do processo
Fotos: Carmen Calcagno
68 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
Nas atividades, relatadas acima, os alunos participaram
efetivamente como atores no processo de aprendizagem,
desenvolvendo competências profissionais de forma
contextualizada. Relatos de alunos demonstraram que os mesmos
sentiram-se estimulados com esse tipo de atividade e que a prática
pedagógica foi eficiente no desenvolvimento das competências
profissionais.
Referências:
1
CALGAGNO, C.I.W.; SALLES, C.de A.; NORO, M.M.C.;
CAVALHEIRO, AZ.; REICHWALD, G.J.; SCHULTZ, M.E.R.;
KAISERr, P.V.T. Projeto do Curso Técnico da Área Indústria -
Habilitação: Transformação de Termoplásticos. Centro Federal de
Educação Tecnológica de Pelotas - UNED/Sapucaia do Sul, Brasil,
2001.
Eletrotécnica virtual o computador como
ferramenta de aprendizagem
ARAÚJO Jr. ; Eudes G. ; SOUZA, José H.
Centro de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte*
O acesso à informação, a qualquer hora do dia ou da noite, tem
levantado um questionamento sobre como motivar os jovens a
freqüentarem as salas de aula da maneira convencional? Uma
alternativa seria o uso do computador e de outras tecnologias
como ferramentas de estudo e pesquisa. Neste contexto,
apresentamos uma proposta de inserção do computador, como
uma ferramenta auxiliar de aprendizagem e de fixação de
conteúdos programáticos, pois o aluno poderá praticar o que
aprendeu em sala na sua casa, utilizando um programa de
computador.
Por definição, um resistor é todo e qualquer elemento que se
opõe à passagem de corrente elétrica, apresentando assim uma
relação inversa entre eles. Um resistor se opõe, mas não impede
a circulação da corrente elétrica e, quando isso acontece, alguns
efeitos podem ser aproveitados para realização de trabalho. O
calor produzido pela passagem da corrente por um resistor pode
ser usado para aquecimento - estufas, chuveiro enquanto que
a radiação ultravioleta pode ser empregada para iluminação de
ambientes fechados lâmpadas incandescentes.
Um capacitor é o elemento capaz de armazenar energia na forma
de campo elétrico, e conseqüentemente, se opor à variação brusca
de tensão. Similarmente aos resistores, os capacitores são
agrupados para desempenharem funções mais complexas
eficazmente.
Um indutor é o elemento capaz de armazenar energia na forma
de campo magnético, e conseqüentemente, se opor à variação
brusca de corrente. Podemos ligar indutores em série, em paralelo
ou em série-paralelo.
A utilização do computador, como ferramenta auxiliar na
aprendizagem dos conteúdos trabalhados em sala de aula, através
* Gerência de Tecnologia Industrial; Grupo
de Mecatrônica Aplicada - Cefet- RN
Monitoramento do processo
69
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
de aplicativos dedicados vem se mostrando como uma maneira
eficiente de motivação dos alunos, pois o computador é um
dispositivo do cotidiano da maioria dos jovens. Sistemas
similares podem ser desenvolvidos para outras disciplinas e em
outras áreas de ensino, pois a motivação dos alunos é alta, além
da prática de atividades lúdicas em sala de aula.
Referências:
BARTKOWIAK, R. A. - Circuitos Elétricos, edição revisada, São
Paulo-SP, Makron Books, 1999.
BOYLESTAD, R. L. - Introdução à Análise de Circuitos, 10ª edição,
São Paulo-SP, Prentice Hall, 2004.
CARRON, W. e Guimarães, O. - As Faces da Física, edição, São
Paulo-SP, Moderna, 1997.
COTRIM, A. A. M. B. - Instalações Elétricas, edição, São Paulo-
SP, Makron Books, 1992.
CREDER, H. - Instalações Elétricas, 13ª edição, Rio de Janeiro-
RJ, LTC, 1995.
GUSSOW, M. - Eletricidade Básica, edição revisada e ampliada,
São Paulo-SP, Makron Books, 1996.
HUXLEY, A. - Admirável Mundo Novo, edição, São Paulo-SP,
Globo, 2000.
70 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
CONTATOS
Contatos
CE
DETECÇÃO DE MANCHAS DE ÓLEO NA
SUPERFÍCIE DO MAR EM IMAGENS DE RADAR DE
ABERTURA SINTÉTICA (SAR)
Régia Talina Silva Araújo
Fátima Nelsizeuma Sombra Medeiros
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
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Fortaleza -CE CEP: 60040-531
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Unidade de Ensino Descentralizada de Juazeiro do Norte
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Juazeiro do Norte -CE CEP: 63040-540
Telefone: 88 571-2657
Fax: 88 571-2657
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MG
PROJETO DE TORREFAÇÃO DE CAFÉ ORGÂNICO
E CONVENCIONAL DA ESCOLA AGROTÉCNICA
FEDERAL DE MACHADO
Sérgio Pedini
Escola Agrotécnica Federal de Machado
Rodovia Machado Paraguaçu, Km 03- Santo Antônio
Machado -MG CEP: 37750-000
Telefone: 35 3295-5011
Fax: 35 3295-5011
E-mail: [email protected].br Home Page:
www.eafmachado.gov.br
PB
ANÁLISE DO DIMENSIONAMENTO E OPERAÇÃO
DE SISTEMAS DE MICROIRRIGAÇÃO
CONSIDERANDO DIFERENTES EMISSORES
Kennedy Flávio Meira de Lucena
INFLUÊNCIA DOS MODIFICADORES DE REDE NAS
PROPRIEDADES FOTOLUMINESCENTE NO
SISTEMA
CA
X
SR
1-X
WO
4
*Sayonara Lira Porto
Elson Longo
Antonio Gouveia de Souza
SISTEMA COMPUTACIONAL PARA SIMULAÇÃO E
OTIMIZAÇÃO DO ESCOAMENTO DE PETRÓLEO
EM REDES DE TUBULAÇÕES
EM TEMPO REAL
Carlos de O. Galvão
Kennedy F. M. Lucena
Francisco V. Brasileiro
Cledson Souto
Érica Machado
Esther V. Brasileiro
UMA VISÃO CRÍTICA DA TV DIGITAL NO BRASIL
Ricardo Lima e Silva
Chaquibe Costa Farias
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Fax: 83 241-1434/ 241-4407/ 241-4293
E-mail: [email protected] Home Page:
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PR
A CONTRIBUIÇÃO DE UM AEROPORTO
INDUSTRIAL PARA O DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO LOCAL. ESTUDO DE CASO
Maurício de Oliveira*
Décio Estevão do Nascimento
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL
(APLS) EM TORNO DO BAMBU: INCLUSÃO
SOCIAL, GERAÇÃO DE RENDA E BENEFÍCIO
AMBIENTAL
Eloy Fassi Casagrande Jr.
Helena Akemi Umezawa
akemi@netpar.com.br
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E REDES DE
DIFUSÃO DE TECNOLOGIA
Décio Estevão do Nascimento
decioen@cefetpr.br
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RJ
A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NO
CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO: IMPACTOS DO
NEOLIBERALISMO NA REGULAÇÃO DO SETOR
PETROLÍFERO NACIONAL
Lier Pires Ferreira Júnior
Colégio Pedro II
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DEFINIÇÃO DO PERFIL PROFISSIONAL PARA CST
NA ÁREA DE INDÚSTRIA DE PETRÓLEO - UM
ESTUDO DE CASO
Romilda de Fátima Suinka de Campos
Marcos Antonio Cruz Moreira,.1
71
CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
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CONTROLE DIGITAL DE NÍVEL
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Jonathan Paulo Pinheiro Pereira
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DISPOSITIVO DIDÁTICO DE COMPROVAÇÃO DAS
LEIS DOS TERMOPARES: MEDIÇÃO DE
TEMPERATURA
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ELETROTÉCNICA VIRTUAL - O COMPUTADOR
COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
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FORMAÇÃO DE TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO
PARA A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS
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PROJETO DE BANCADA PARA AFERIÇÃO DE
HIDRÔMETRO
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RS
TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS - SIMULAÇÃO
DO PROCESSO PRODUTIVO
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SC
CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA: A
RESPOSTA AO MERCADO DE TRABALHO E AS
TRANSFORMAÇÕES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Maria Clara Kaschny Schneider
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TO
PROPOSTA DE CORREÇÃO ACÚSTICA DO
AUDITÓRIO DA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE
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72 CADERNOS TEMÁTICOS 3 JAN. 2005
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