
48 CADERNOS TEMÁTICOS Nº 3 JAN. 2005
de processos de produção de bens e serviços e o desenvolvimento
do potencial empreendedor.
Os cursos superiores de tecnologia, em sua concepção, estão
articulados com o mercado de trabalho e sua justificativa deve
estar pautada em uma pesquisa de mercado que mostra a demanda
de trabalho para o profissional que pretende formar. A diferença
evidencia-se na comparação com as propostas dos cursos de
bacharelado, enquanto este se dá em articulação com a academia
e com o conhecimento, os cursos de Tecnologia articulam-se
com as áreas profissionais, com o conhecimento e com a prática.
Esses cursos são, além de uma perspectiva de formação
diferenciada, uma oportunidade de qualificação para uma grande
parcela da população brasileira que não consegue ter acesso à
educação superior. Vale lembrar que, no Brasil, somente 9% da
população em idade de 18 a 24 anos está inserida no ensino
superior. Se quisermos, realmente, ser um país desenvolvido, esse
índice é muito abaixo do aceitável para o desenvolvimento
almejado. Os cursos de tecnologia são uma resposta efetiva a
essa necessidade, visto que propõem formar profissionais que
tenham oportunidade de inserção rápida no mercado de trabalho,
ou que já estejam atuando e necessitam de qualificação para
melhorar a sua projeção profissional.
Os bacharelados reforçam o conhecimento teórico e acadêmico,
propondo uma formação, ainda, muito tradicional. Em
contrapartida a formação de tecnólogos busca trabalhar a prática
como ferramenta para a construção do conhecimento. Deve-se
reforçar que a formação não está somente preocupada com a
prática, mas principalmente em como mobilizar os conhecimentos,
habilidades e atitudes na resolução de problemas. Uma formação
mais dinâmica e prática, porém, não deve ser confundida com
menos especialização, pelo contrário, propõe profundidade,
conhecimento focado e contextualizado, autonomia e educação
continuada. Ressalta-se que a formação mais rápida deve ser
sinônimo de educação autônoma, pois considera o aluno como
responsável pelo seu aprendizado. Sabe-se, hoje, que nenhum
profissional, por mais especializado que seja, consegue dar conta
de todas as informações sobre a sua área de atuação. Se nos
preocupamos, na formação de nossos alunos, com a necessidade
de estar aprendendo sempre estaremos proporcionando aos
alunos essa perspectiva de aprendizado e uma responsabilidade
maior com a sua própria formação. Todo e qualquer profissional
necessita, hoje, cada vez mais, de respostas rápidas e competentes
no desempenho da profissão. Para desenvolver competências,
segundo Perrenoud
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"é preciso trabalhar por problemas e por
projetos, propor tarefas complexas que incitem os alunos a
mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los.
Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne
da profissão". Ensinar deveria consistir em conceber, encaixar e
regular situações de aprendizagem. E é essa concepção que está
profundamente relacionada aos currículos dos cursos de
tecnologia, ou seja, todo o conhecimento é importante, mas mais
importante é saber o que fazer com ele, de que modo mobilizá-lo
na busca do exercício profissional.
A escola sempre se preocupou em "dar" uma formação acadêmica
primorosa, desvinculando completamente o saber do fazer, como
se isso fosse menos nobre. A proposta de trabalhar com uma
formação consistente, mas prática, faz a diferença na formação,