
sentido de verificar a influência ideal de um sobre o outro e comparar esta influência ideal
com a influência real (Weber, em sua tese central na Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo, ao verificar a afinidade eletiva entre esses dois fenômenos utiliza esse tipo de
perspectiva sociológica Weber, 2002:30-31) mas a relação que Holanda estabelece entre
seus tipos expressam e acentuam diretamente a interação entre eles.
De certa forma, Max Weber percebeu claramente um certo problema
epistemológico, que surgia ao tentar entender a formação de sociedades históricas
dinâmicas, e chegou mesmo a sugerir uma formação explicativa diferente dos tipos isolados
e já apontando caminho para os tipos construídos aos pares
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(Weber, 1992:138). A própria
sociologia histórica sempre ocupou um papel relevante no sistema teórico de Weber e os
significados de seus agentes históricos sempre ajudaram a orientar o sentido da
interpretação. A análise sociológica de Weber abre caminho, inclusive, para a orientação
dos tipos que são utilizados em Raízes do Brasil, mas que parecem fazer parte de um
imaginário coletivo e arraigado, como um personagem presente em várias literaturas
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Na descrição e explicação do processo social capitalista junto à formação do tipo ideal, Max Weber
apontou a necessidade de se estabelecer a oposição ao tipo formado com a construção, por antítese, de outro
tipo ideal. Mas parece não ter podido analisar as implicações metodológicas deste procedimento: “Este
conceito, desde que cuidadosamente aplicado, cumpre as funções específicas que dele se esperam, em
benefício da investigação e da representação. Para analisarmos ainda outro exemplo, pode-se traçar
igualmente a “idéia” do “artesanato” sob a forma de uma utopia, para o que se procede à reunião de
determinados traços que se manifestam de modo difuso entre os artesãos das mais diversas épocas e países,
acentuando de modo unilateral as conseqüências dessa atividade num quadro não contraditório, e referindo-a
a uma expressão do pensamento que nela se manifesta. Além disso, pode-se tentar delinear uma sociedade na
qual os ramos da atividade econômica e mesmo a atividade intelectual se encontram dominados por máximas
que nos parecem ser aplicações do mesmo princípio que caracteriza o “artesanato” elevado ao nível do tipo
ideal. E a este tipo ideal do artesanato pode ainda opor-se. Por antítese, um tipo ideal correspondente a uma
estrutura capitalista da indústria, obtido a partir da abstração de determinados traços da grande indústria
moderna para, com base nisso, se tentar traçar a utopia de uma cultura “capitalista”, isto é, dominada
unicamente pelo interesse de valorização dos capitais privados. Ela acentuaria diferentes traços difusos da
vida cultural, material, e espiritual moderna e os reuniria num quadro ideal não contraditório, para efeito de
investigação. Este quadro constituiria, então, uma tentativa de traçar uma “idéia” da cultura capitalista - mas
não analisaremos agora se isso é possível, e de que modo. Weber, Max. Op.cit. p. 138
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Na introdução de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Max Weber já havia comentado o
significado da ação do tipo ideal de aventureiro: “Esse tipo de empreendedor, o aventureiro capitalista, existiu
em toda parte. Suas atividades, à exceção do comércio e do crédito, assim como das transações bancárias,
eram de caráter predominantemente irracional e especulativo, ou direcionado para a aquisição pela força,
sobretudo a aquisição do botim, tanto na guerra como na exploração fiscal das pessoas a eles sujeitas”.
Editora Martin Claret, 2002.