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CCA- CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DCTA-
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS
NORMA LÚCIA DE MIRANDA PIMENTEL
BISCOITO DE POLVILHO SUPLEMENTADO
COM AMIDO RESISTENTE:
UM NOVO ALIMENTO FUNCIONAL
Londrina
2007
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NORMA LÚCIA DE MIRANDA PIMENTEL
BISCOITO DE POLVILHO SUPLEMENTADO
COM AMIDO RESISTENTE:
UM NOVO ALIMENTO FUNCIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado e
Doutorado em Ciência de Alimentos da
Universidade Estadual de Londrina, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Ciência de
Alimentos.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Victória Eiras
Grossmann.
Londrina
2007
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NORMA LÚCIA DE MIRANDA PIMENTEL
BISCOITO DE POLVILHO SUPLEMENTADO
COM AMIDO RESISTENTE:
UM NOVO ALIMENTO FUNCIONAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado e
Doutorado em Ciência de Alimentos da
Universidade Estadual de Londrina, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Ciência de
Alimentos.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profa. Dra. Maria Victória Eiras Grossmann
Universidade Estadual de Londrina
Profa. Dra. Laura Beatriz Karam
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Profa. Dra. Marta de Toledo Benassi
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 16 de agosto de 2007.
Aos meus amados pais Carlos e Norma
pelo exemplo de vida, amor incondicional,
incentivo e paciência..
Ao meu avô Cícero pelo exemplo de vida e a
saudade deixada após a sua partida.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A Profa. Maria Victória por ser essa profissional de extrema competência
que passa os seus conhecimentos com tamanha facilidade que até nos faz pensar que a tarefa
de um mestre é simples. E à pessoa Victória que nos “abraça” como uma mãe nos momentos
de dificuldade, quando passamos pelos percalços da vida, dando uma palavra amiga, uma
palavra de incentivo e nunca nos deixando desanimar.
Victória, só tenho a agradecer e dizer que se tivesse que começar tudo de
novo escolheria você novamente como minha orientadora, pois você é uma mulher que me
servirá de exemplo por toda a vida.
AGRADECIMENTOS
Às professoras Adelaide Del Pino Beléia e Marta de Toledo Benassi pela correção e valiosas
sugestões feitas ao trabalho.
Aos professores do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos – DCTA da
Universidade Estadual de Londrina, pela atenção e conhecimentos transmitidos.
Às professoras Marney Cereda e Débora de Queiroz Tavares pelos materiais concedidos.
Às técnicas do laboratório, Berenice, Elza e Marli, pelo grande auxílio em todos os momentos
solicitados.
Às empresas Tup Guar (Walter), National Starch (Karla) e Maeda, pela doação de matérias-
primas.
Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos.
Ao amigo Nelson pelo carinho e amizade.
À minha irmã Flávia pelo amor e cumplicidade.
Às queridas amigas Michele Rosset (Mimi) e Cícera Gonçalves (Cirça), pelo apoio, incentivo,
compreensão, paciência e amizade inestimável.
A todos os amigos, pela amizade e os bons momentos compartilhados.
E a todos que não foram citados, mas que colaboraram de alguma forma para que esse
trabalho pudesse ter sido concluído.
Em especial a Deus, sem o qual nada seria possível....
A mente que se abre a uma nova idéia
jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
PIMENTEL, Norma L. M. Biscoito de Polvilho Suplementado com Amido Resistente: Um
Novo Alimento Funcional. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos) –
Universidade Estadual de Londrina, 71p.
RESUMO
É cada vez maior a procura, pelos consumidores, por alimentos que, além de nutrir, lhes
proporcionem qualidade de vida, bem-estar e diminuição dos riscos de doenças. Os alimentos
funcionais incluem-se nessa categoria específica de alimentos, pois, quando ingeridos em
quantidade e periodicidade adequadas, são capazes de produzir efeitos benéficos à saúde. O
amido resistente (AR) tem sido extensivamente pesquisado por apresentar efeitos benéficos
similares aos das fibras. Os biscoitos de polvilho, caracterizados por grande volume e pouco
peso, são tradicionalmente consumidos em todo o território nacional, sendo assim um
interessante veículo para o AR. O objetivo desta pesquisa foi produzir AR a partir de amido
de mandioca fermentado (AF) e empregar este ingrediente para desenvolver biscoito de
polvilho com apelo funcional. O amido resistente foi produzido pelo método de esterificação
com ácido cítrico em temperatura elevada, em diferentes tempos de reação (3, 4 e 7h). Os
biscoitos foram elaborados por substituição de parte do amido fermentado usado na
formulação pelo amido fermentado resistente (AFR) produzido (4h de reação) ou por amido
resistente comercial (amido de milho), de modo a promover a adição de 3, 5 e 7% de AR. Na
análise viscoamilográfica dos AFR, nos diferentes tempos de reação, não foram observadas
as curvas de viscosidade características do amido fermentado sem esterificação. O teor de
AR apresentado pelo AF foi de 10,41% (bs) e a modificação deste, nos tempos de 3, 4 e 7h,
aumentou o conteúdo para 11,19, 17,51 e 23,28% respectivamente. Através da microscopia
eletrônica foi observado que a medida que o tempo de reação com ácido cítrico aumentou,
ocorreram aumentos na aglomeração dos grânulos, corrosão na superfície, e modificações no
formato. Os biscoitos de polvilho formulados com amido resistente comercial e AFR tiveram
menor volume específico com o aumento da concentração de AR, enquanto que praticamente
não houve diferença na dureza. No teste de aceitabilidade, empregando uma escala hedônica
de sete pontos, os biscoitos formulados com adição de 3, 5 e 7% de AR comercial, obtiveram
notas médias de 6,4, 6,2 e 6,2, respectivamente, notas equivalentes a gostei moderadamente
e, os formulados com o AFR, 6,3, 5,5 e 4,9 (notas que variaram entre gostei moderadamente
e nem gostei/ nem desgostei). Todos os biscoitos formulados com AR comercial foram bem
aceitos, já os formulados com AFR a substituição de 5% de polvilho azedo por AR foi o
limite.
Palavras-chave: amido modificado, polvilho azedo, biscoito de polvilho, amido de mandioca
fermentado.
PIMENTEL, Norma L. M. Sour cassava starch biscuits (Biscoito de polvilho)
supplemented with resistant starch: a new fuctional food. Dissertation (Food Science
Master Degree) – Universidade Estadual de Londrina, 71p.
ABSTRACT
Consumers search each time more for foods that promote not only nutrition but also life
quality, welfare and decreasing levels of diseases risks. Functional foods are included in this
specific class of foods because, when ingested in adequate amount and periodicity, are
capable to produce beneficial health effects. Resistant starch (RS) has been extensively
studied as a consequence of its effects similar to the fibers ones. Biscoitos de polvilho,
characterized by great volume and little weight, are traditionally consumed in all the
Brazilian territory, being thus an interesting vehicle for RS. The objective of this research
was to produce RS from fermented cassava starch (FCS) and to use this ingredient to develop
biscoitos de polvilho with functional claim. RS was produced by the method of esterification
with citric acid in high temperature, with different reaction times (3, 4, 7h). The biscuits were
elaborated substituting part of the fermented starch used in formulation by the produced
resistant fermented starch (RFCS) or by a commercial RS (maize starch), as a way to
promote the addition of 3, 5 and 7% RS. Viscographic analysis of RFS, with different
reaction times, did not show the characteristic curve of FCS without esterification. RS level
in FCS was 10.41% (db) and the modification with times of 3, 4 and 7h increased this level
to 11.19,17.51 and 23.28%, respectively. Electronic microscopy showed that increasing
reaction time with citric acid increased starch granule agglomeration, superficial corrosion
and changes in the conformation. Biscoitos de polvilho formulated with commercial RS or
RFS had lower specific volume with the increase of RS while the hardness practically was
not affected. When acceptability was evaluated, using a seven points hedonic scale, the
biscuits formulated with 3, 5 and 7% of commercial RS had medium notes 6.4, 6.2 and 6.2,
respectively, and the ones with RFCS, 6.3, 5.5 and 4.9 (the grades were between like slightly
and neither like nor dislike).
All biscuits that were formulated with comercial AR had good
aceitability, but those formulated with AFR, 5% cassava starch substitued for AR was the
limit.
Key words: modified starch, fermented starch, sour cassava starch biscuit, fermented cassava
starch.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Evolução histórica da produção de amido de mandioca no Brasil -1990 a 2006. 20
Figura 2 - Distribuição estadual da produção de amido de mandioca em
2006........................................................................................................................................ 20
Figura 3 –. Principais setores compradores de fécula das fecularias em 2006..................... 21
Figura 4 – Fluxograma do processo de extração do amido de mandioca............................. 23
Figura 5 - Fluxograma de obtenção do polvilho azedo......................................................... 24
Figura 6 - Reação de ácido cítrico com amido...................................................................... 34
Figura 7 - Fluxograma de produção de citrato de amido...................................................... 40
Figura 8 - Curvas viscográficas de amido de mandioca fermentado e citratos de amido de
mandioca fermentado em condições de reação a 135°C / 3-7h............................................. 51
Figura 9 - Microscopia eletrônica de varredura do amido de mandioca nativo e
modificado.............................................................................................................................. 53
Figura 10 - Microscopia eletrônica de varredura do amido de mandioca fermentado e
modificado.............................................................................................................................. 54
Figura 11 - Biscoito de polvilho com inclusão de 3, 5 e 7% (da esquerda para a direita)
de AR, pela substituição de polvilho azedo por AR comercial.............................................. 62
Figura 12 - Biscoitos de polvilho com inclusão de 3, 5 e 7% (da esquerda para a direita)
de AR, pela substituição de polvilho azedo por AFR............................................................ 63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Parâmetros usados no Viscógrafo Brabender para análise
viscoamilográfica.................................................................................................................. 42
Tabela 2 - Quantidades de ingredientes utilizados para a formulação do biscoito de
polvilho................................................................................................................................. 44
Tabela 3 - Caracterização dos amidos de mandioca nativo (AN) e fermentado (AF) e
respectivos amidos resistentes (ANR e AFR) nos diferentes tempos de permanência na
estufa..................................................................................................................................... 49
Tabela 4 – Teor de AR em amido de mandioca fermentado (AF) e amidos de mandioca
fermentado resistentes (AFR), com tratamento em estufa por 3, 4 e 7h.............................. 57
Tabela 5 - Volume específico dos biscoitos de polvilho com diferentes níveis de adição
de AR de fontes comercial ou AFR...................................................................................... 59
Tabela 6 - Dureza das diferentes formulações de biscoitos de polvilho.............................. 60
Tabela 7 - Valores de aceitação para as diferentes formulações dos biscoitos de polvilho
(n = 102 provadores)............................................................................................................. 61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAM Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca
AF Amido Fermentado
AFR Amido Fermentado Resistente
AN Amido Nativo
ANOVA Análise de Variância
ANR Amido Nativo Resistente
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AOAC Association of Official Analitycal Chemists
AR Amido Resistente
bs Base Seca
CEPEA Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CNNPA Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos
CO
2
Dióxido de Carbono
DP Desvio Padrão
g Grama
h Hora
HCl Ácido Clorídrico
H
2
SO
4
Ácido Sulfúrico
KOH Hidróxido de Potássio
M Molar
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
min. Minuto
mL Mililitro
mm Milímetro
N Newton
N Nitrogênio
NaOH Hidróxido de Sódio
n° Número
nm Nanômetro
p Peso
s Segundos
v Volume
UB Unidades Brabender
UV Ultravioleta
UVB Ultravioleta B
UVC Ultravioleta C
µm Micrômetro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................
15
2 OBJETIVOS ...........................................................................................................................................
18
2.1. Objetivo Geral................................................................................................................ 18
2.2. Objetivos Específicos.................................................................................................... 18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
........................................................................................................
19
3.1 Aspectos Gerais.
................................................................................................................................... 19
3.2 Polvilho Doce e Polvilho Azedo...................................................................................................... 22
3.3 Propriedades do Amido de Mandioca Fermentado.................................................................... 26
3.4 Biscoito de Polvilho........................................................................................................ 30
3.5 Amido Resistente............................................................................................................ 33
4 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................................
38
4.1 Material........................................................................................................................... 38
4.2 Métodos.......................................................................................................................... 38
4.2.1. Produção de Amido Resistente (Citrato de Amido)................................................... 38
4.2.2. Caracterização dos Amidos Nativo e Fermentado, Antes e Após a Modificação
com Ácido Cítrico (Amidos Resistentes).............................................................................
41
4.2.2.1.Composição Química................................................................................................ 41
4.2.2.2. Análise Viscoamilográfica..................................................................................................... 41
4.2.2.3. Microscopia Eletrônica.......................................................................................................... 42
4.2.2.4. Quantificação de Amido Resistente......................................................................... 42
4.2.3. Formulação do Biscoito.............................................................................................. 43
4.2.4. Caracterização dos Biscoitos....................................................................................................... 45
4.2.4.1. Expansão.................................................................................................................. 45
4.2.4.2. Dureza instrumental................................................................................................. 45
4.2.4.3. Avaliação Sensorial................................................................................................. 46
4.3. Análise Estatística.......................................................................................................... 46
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................... 48
5.1. Caracterização dos Amidos Nativo e Fermentado, Antes e Após a Modificação com
Ácido Cítrico (Amidos Resistentes).....................................................................................
48
5.1.1.Proteína e Cinzas.......................................................................................................... 48
5.1.2. Análise Viscoamilográfica.......................................................................................... 50
5.1.3. Microscopia Eletrônica................................................................................................ 52
5.1.4. Quantificação de Amido Resistente............................................................................ 55
5.2. Caracterização dos Biscoitos.......................................................................................... 57
5.2.1. Volume Específico...................................................................................................... 57
5.2.2.Dureza........................................................................................................................... 59
5.2.3. Avaliação Sensorial..................................................................................................... 60
6. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS............................................................ 64
7. CONCLUSÕES............................................................................................................... 65
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 66
15
1. INTRODUÇÃO
A busca do consumidor por alimentos que lhe proporcionem benefício à
saúde tem aumentado nos últimos anos. Os alimentos funcionais enquadram-se nessa
categoria específica, pois são capazes de produzir efeitos fisiológicos benéficos e contribuir
para o controle e redução do risco de doenças (LOBO e SILVA, 2003).
Muitas pesquisas têm focado as propriedades funcionais dos alimentos.
Estas são atribuídas à presença de uma substância ou um grupo de substâncias que, quando
consumidas em quantidade e periodicidade adequadas, têm efeitos benéficos na saúde humana
(WALTER, SILVA e DENARDIN, 2005). O amido resistente (AR) é um desses
componentes.
O AR e os seus efeitos no trato gastrointestinal são similares àqueles
atribuídos a outros compostos classificados como fibras (celulose, hemiceluloses, pectina,
etc). Não é degradado pelas enzimas do trato gastrointestinal e fornecem carboidratos
fermentáveis para as bactérias do cólon. Mas, os produtos finais da fermentação de AR são,
quantitativamente, diferentes daqueles da fibra, produzindo, principalmente, butirato (25-30%
do total são ácidos graxos de cadeia curta). O butirato é metabolizado e fornece energia, que é
utilizada pelas células epiteliais do cólon para inibir ou evitar a transformação dessas células
em células malignas; ou seja, o AR diminui o risco de câncer de cólon (WALTER, SILVA e
DENARDIN, 2005).
16
Além disso, o AR pode ser usado como substrato para promover o
crescimento de alguns microrganismos probióticos atuando como um potencial agente
prebiótico (SAJILATA, SINGHAL e KULKARNI, 2006).
O consumo de AR tem sido relacionado com implicações benéficas na
administração do diabetes e está associado com um decréscimo nos níveis de colesterol e
triglicérides. Outros efeitos do consumo de AR são o aumento da frequência de evacuação e
do bolo fecal, prevenção de constipação e hemorróidas (WALTER, SILVA e DENARDIN,
2005); e, ainda, auxílio em regimes de perda de peso (CEREDA e VILPOUX, 2003).
O AR pode ser obtido a partir de fontes naturais como, por exemplo, da
banana verde e de cereais; ou por processamento do amido não resistente (APARICIO-
SAGUILÁN et al., 2007; KOKSEL et al., 2007). Pode ser constituído de diferentes frações:
amido fisicamente inacessível, amido retrogradado, complexos formados entre nutriente-
amido, amido modificado quimicamente (CALIXTO et al., 1993; GOÑI et al., 1996).
Muitos pesquisadores têm investigado formas de modificação do amido
granular para que a porcentagem de amido resistente aumente. Entre estas, pode-se citar: o
tratamento de grânulos de amido nativo com ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) ou ácido clorídrico
(HCl) para remover a fração amorfa (SHIN et al., 2007), ciclos de autoclavagem,
gelatinização seguida de retrogradação do amido (NIBA, 2002, 2003) e esterificação com
ácido cítrico em alta temperatura (XIE e LIU, 2004).
17
O amido
1
de mandioca, no Brasil, recebe também a denominação de
polvilho, que pode ser doce ou azedo. O polvilho azedo é um tipo de amido de mandioca
modificado por processo de fermentação e secagem solar, que apresenta características bem
diversas das do polvilho doce. É um produto regional e geralmente de preparo artesanal
(MAEDA e CEREDA, 2001). O polvilho azedo é usado, principalmente, na fabricação de
biscoitos e de pão de queijo, e é insubstituível, devido às suas características de sabor e
propriedades funcionais, principalmente a de expansão (PALATA-OVIEDO e CAMARGO,
1998; CEREDA et al., 2003). Também pode ser utilizado na preparação de pães sem glúten,
para indivíduos intolerantes a este (BERTOLINI et al., 2001).
O biscoito de polvilho, tradicional em alguns estados do Brasil, como Minas
Gerais, São Paulo e Paraná, é um dos produtos mais característicos fabricados com polvilho
azedo. É produzido através da mistura de polvilho azedo, sal e leite até que a granulometria
característica do polvilho azedo seja desfeita. Em seguida é feito o escaldamento, com água e
gordura vegetal hidrogenada ferventes, que tem como objetivo pré-gelatinizar os grânulos de
amido para facilitar a incorporação de água na massa. Os ovos são adicionados um a um e
mais água é adicionada até a massa atingir o “ponto ideal”. Esse biscoito poderia ser um novo
veículo para amido resistente e, considerando que o polvilho azedo é essencial para conferir-
lhe as características próprias, seria interessante que a matéria-prima para a produção desse
amido resistente fosse o próprio polvilho azedo.
1
No texto da autora aparece a denominação fécula, em vez de amido, uma vez que, comercialmente, esta é a
terminologia aplicada a amidos de raízes e tubérculos. Para padronização, neste trabalho, o termo fécula será
sempre substituído pela denominação científica de amido.
18
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Desenvolver biscoitos de polvilho com apelo funcional, devido à adição de
amido resistente.
2.2. Objetivos Específicos
Produzir e caracterizar amido resistente a partir de amido de mandioca;
Desenvolver biscoitos de polvilho com diferentes teores de amido resistente;
Avaliar as características de expansão e dureza dos biscoitos;
Avaliar a aceitação dos biscoitos.
19
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Aspectos Gerais
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é cultivada praticamente em todo o
território nacional e sua importância reside no fato de que suas raízes são comestíveis,
possuindo alto teor de amido (CEREDA et al., 2003).
A raiz da mandioca é um dos alimentos básicos da população brasileira,
principalmente para a de baixa renda. Porém, mais do que isso, a indústria de beneficiamento
da raiz vem apresentando um significativo desenvolvimento, garantindo a presença de vários
produtos (fécula, polvilho azedo, dextrina, álcool, etc), como matérias-primas em uma série
de indústrias, tanto alimentícias quanto não-alimentícias. Duas tendências vêm contribuindo
para o desenvolvimento do setor: (1) a crescente diferenciação de produtos, com o surgimento
de farinhas especiais, como as temperadas, por exemplo; e (2) as ótimas perspectivas para a
utilização do amido de mandioca como matéria-prima para diversos setores industriais. A
segunda tendência tem chamado a atenção do mercado, principalmente pela possibilidade de
substituição do amido de milho e de outros cereais, pelo amido de mandioca (GAMEIRO,
2002).
A produção brasileira de amido de mandioca em 2006 foi a terceira maior
dos últimos 16 anos, ficando praticamente igual à de 2001 e perdendo apenas para 2002,
quando a safra alcançou 667 mil toneladas (Figura 1) (CEPEA/ABAM, 2007).
20
FONTE: CEPEA/ABAM (2007).
Figura 1- Evolução histórica da produção de amido de mandioca no Brasil -1990 a 2006.
O principal estado produtor de amido de mandioca foi o Paraná, que
respondeu por 65% do total produzido em 2006, seguido pelo Mato Grosso do Sul (18%), São
Paulo (13%), Santa Catarina (4,0%) e, o estado de Goiás começou a apontar no cenário
nacional, sinalizando a nova fronteira de produção de amido de mandioca no Brasil (Figura 2)
(CEPEA/ABAM, 2007).
FONTE: CEPEA/ABAM (2007).
Figura 2 – Estados produtores de amido de mandioca em 2006.
21
A Figura 3 ilustra os principais setores compradores de amido de mandioca
em 2006, destacando-se o setor de papel e papelão que adquiriu mais de 26,0% da produção
total, seguido pelo setor de frigoríficos (19,5%), atacadistas (16,8%), massas, biscoitos e
panificação (14,5%), indústrias químicas (6,6%), setor têxtil (4,9%), e varejistas (4,8%). A
compra de amido de mandioca por outras fecularias representou 3,1% (CEPEA/ABAM,
2007).
FONTE: CEPEA/ABAM (2007).
Figura 3 –Principais setores compradores de fécula das fecularias em 2006.
Acrescenta-se ainda que do total comercializado pelas empresas, 61% foi de
amido nativo, 35% de amido modificado, enquanto que 3 e 2 % foram de polvilho doce e
azedo respectivamente (CEPEA/ABAM, 2007).
22
3.2. Polvilho Doce e Polvilho Azedo
De acordo com a Resolução RDC nº 263, de setembro de 2005 da ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), amidos são os produtos amiláceos extraídos de
partes comestíveis de cereais, tubérculos, raízes ou rizoma, e, os amidos extraídos de
tubérculos, raízes e rizomas podem ser designados de fécula. O amido ou fécula de mandioca
deve apresentar umidade máxima de 18,0 % (g/100g) (BRASIL, 2005).
O amido de mandioca, também comercialmente denominado de polvilho
doce, é utilizado para diversas finalidades, inclusive a alimentícia. A sua produção ocorre em
diferentes tipos de empresas, desde aquelas artesanais, de pequeno porte, até as modernas, de
grande investimento. Neste último caso, não se desenvolvem processos de fermentação nem
se estabelecem condições de contaminação com materiais biológicos ou outras sujidades;
visto que se trata de uma matéria-prima de ampla aplicação, com uma possibilidade maior de
comercialização na América do Sul com a implantação do mercado aberto (MERCOSUL)
(DEMIATE et al., 2003).
O polvilho azedo é o amido de mandioca modificado por fermentação e
secagem solar (MAEDA e CEREDA, 2001). Apresenta cheiro característico e sabor ácido
(CEREDA et al., 2003).
A técnica utilizada para extração de amido de mandioca (Figura 4) para
fazer o amido fermentado é a mesma que se usa para obtenção do produto não fermentado. A
diferença é que este último necessita ser de melhor qualidade, em função do uso, o que só
23
pode ser obtido com equipamentos mais sofisticados e caros, com capacidade mínima de 80
toneladas de raízes por dia (CEREDA et al., 2003).
Figura 4 - Fluxograma do processo de extração do amido de mandioca (CEREDA et al.,
2003).
É possível obter amido fermentado a partir do amido úmido ou seco, como
se observa na Figura 5:
CASCAS
Descarte
RALAÇÃO SOB ÁGUA
PENEIRAS + ÁGUA
BAGAÇO
MANIPUEIRA DILUIDA
(resíduo líquido contendo
amido
)
AMIDO ÚMIDO
Mandioca
52% Umidade
55% Umidade
68% Umidade
85% Umidade
95% Umidade
50% Umidade
24
Figura 5- Fluxograma de obtenção do polvilho azedo (CEREDA et al., 2003).
AMIDO SECO AMIDO ÚMIDO
52% Umidade
+
água
12 a 14% Umidade
+
água
FERMENTAÇÃO
GOMA
PERDA DE
UMIDADE
POLVILHO
AZEDO
25%
50% Umidade
50% Umidade
ESFARELAMENTO
SECAGEM
14% Umidade
MOAGEM
EMBALAGEM
25
Cereda et al. (2003), descreveram a fabricação de polvilho azedo comercial.
Os autores afirmam que o que define o produto, de características muito especiais, é o modo
como é produzido. Além de obtido pela fermentação de polvilho doce, pode também ser
produzido do amido recuperado do líquido de prensagem da massa ralada, como subproduto
da fabricação de farinha de mandioca. A maioria dos produtores inicia o processamento pela
raíz de mandioca, embora haja alguns que fermentem o polvilho doce extraído e armazenado
durante a safra. As raízes são lavadas, descascadas, raladas e submetidas à extração, onde se
separa o bagaço (massa) que contém as fibras e o "leite" de amido onde os grãos de amido
estão em suspensão. O amido purificado é transferido para tanques de fermentação e deve
permanecer nesses tanques sob uma camada de água, que no início chega a 20 cm e vai
secando a medida que o tempo passa. O tempo necessário para que a fermentação se complete
é variável. Nas regiões tradicionais produtoras de Minas Gerais a fermentação leva de 30 a 40
dias e requer um tempo maior nas regiões mais frias. O final da fermentação não é fácil de ser
constatado. A formação de bolhas na superfície, embora seja adotada por alguns autores, não
marca o final da produção de ácidos, que ocorre até 2/3 do tempo total de fermentação.
Alguns produtores contam com seus próprios critérios, avaliando a superfície da massa em
fermentação no tanque ou mesmo a acidez na boca. O valor do pH na massa de polvilho em
fermentação cai para valores entre 3,0 e 3,5, chegando até mesmo a 2,5, provavelmente
inibindo o processo fermentativo. Uma vez completada a fermentação, deixa-se secar a água
da superfície dos tanques até que o polvilho fique com umidade ao redor de 30 - 50%. O
polvilho fermentado é retirado dos tanques por meio de pás, podendo ou não passar por
esfarelador mecânico, e espalhado para secar. A secagem é sempre feita ao sol, um processo
que pode ser limitante à produção. Produtores que tentaram secagem artificial com uso de
calor asseguram que não se obtém produto seco com o mesmo poder de expansão, quando
aplicado na confecção de produtos panificáveis (como por exemplo, biscoito de polvilho e
26
pão de queijo), sugerindo que mais que o calor, é a radiação solar a responsável por essa
característica. No final da secagem, o polvilho azedo apresenta uma fina granulação, que lhe é
característica.
O polvilho azedo é ainda um produto artesanal, mesmo quando fabricado
em fecularias modernas. A secagem ao sol traz uma série de transtornos que vão da elevada
contaminação com poeira até a falta de padrão nos lotes (CEREDA e VILPOUX, 2003).
3.3. Propriedades do Amido de Mandioca Fermentado
Na legislação brasileira não existe ainda uma classificação do amido de
mandioca fermentado (polvilho azedo) segundo os índices de expansão ao forno, embora essa
seja a diferença primordial entre os polvilhos doce e azedo (CEREDA e VILPOUX, 2003).
Maeda e Cereda (2001) estabeleceram uma proposta de classificação,
baseando-se na expansão do polvilho azedo ao forno. Os limites propostos nesta classificação
foram: tipo A, o polvilho azedo que apresentar índice de expansão ao forno superior a 16,00
mL/g; tipo B, entre 12,00 mL/g e 16,00 mL/g e, tipo C com índice de expansão inferior a
12,00 mL/g.
27
O polvilho azedo apresenta características que o diferenciam do doce em
composição química, parâmetros viscográficos, índices de qualidade e tamanho de grânulos
(CEREDA et al., 2003).
A fermentação e a secagem ao sol influenciam as propriedades físico-
químicas e sensoriais do amido de mandioca fermentado. O conteúdo de proteína aumenta,
uma vez que estudos confirmaram a presença de uma microbiota natural (bactérias
diversificadas, fungos e leveduras) responsável pela fermentação, e que ao término dessa
fermentação permanecerá no produto; as propriedades de pasta, solubilidade e poder de
inchamento do amido fermentado são mudados (FRANCO, CABRAL e TAVARES, 2002). O
estudo comparativo entre os polvilhos azedo e doce mostrou que a fermentação confere ao
produto sabor e odor característicos. A curva viscoamilográfica Brabender passa a apresentar
picos menos elevados e o início do processo de gelatinização é detectado em temperatura
inferior à do polvilho doce, para as mesmas concentrações. Esse fato pode explicar a
possibilidade de gelatinização do polvilho azedo pelo processo de escaldamento. Quando se
faz o escaldamento (utilizando água e gordura ferventes) do polvilho azedo, a temperatura
desses ingredientes é suficiente para gelatinizá-lo, o que não ocorre com o polvilho doce
(CEREDA et al., 2003). O amido gelatinizado ajuda a reter CO
2
(dióxido
de carbono) e
expande a massa (CEREDA e VILPOUX, 2003).
Durante o processo fermentativo, o amido é o meio para o crescimento
bacteriano, quando muitos ácidos orgânicos são produzidos, principalmente o lático,
conferindo aos produtos fabricados com polvilho azedo um aroma e sabor peculiar
(PALATA-OVIEDO e CAMARGO, 1997; DEMIATE et al., 1999).
28
Os grânulos do amido de mandioca são modificados por ação de ácidos e
enzimas amilolíticas durante a fermentação (CAMARGO et al., 1988; MARCON et al.,
2006), mas a simples adição de ácido orgânico e/ou enzima não é suficiente para prover a
capacidade de expansão (FRANCO, CABRAL e TAVARES, 2002). O ataque ácido é
demonstrado por uma grande produção de ácidos orgânicos, incluindo os ácidos láctico,
acético, butírico, propiônico, entre outros. A ação enzimática é observada como pequenas
perfurações e fissuras em alguns grânulos de amido com o uso do microscópio eletrônico
(MARCON et al., 2006).
Palata-Oviedo e Camargo (1997) propuseram que a propriedade de
expansão de amido de mandioca hidrolisado com ácido orgânico e seco pelo sol resulta em
parte de interações químicas entre os ácidos orgânicos e o amido, catalisadas pelo segmento
UV (ultravioleta) das radiações solares, o que pode explicar a propriedade de expansão do
polvilho azedo.
Bertolini et al. (2001) afirmaram que se pode assumir que a expansão do
amido de mandioca fermentado é uma consequência de suas propriedades termomecânicas,
resultantes das mudanças estruturais do amido durante a fermentação e secagem sob o sol. A
expansão ocorre com quantidade de água adequada quando a temperatura interna da massa
está próxima à temperatura de fusão (90-100°C). Quando a temperatura da massa é a mesma
que a da evaporação da água, a umidade da massa é suficiente para iniciar a expansão. Então,
a menor viscosidade após a fusão, devido à despolimerização do amido, poderia diminuir a
força de resistência à expansão no caso de amido de mandioca fermentado, quando
comparado com amido de mandioca nativo.
29
Franco, Cabral e Tavares (2002) investigaram o efeito de fermentação e de
secagem sob o sol na capacidade de expansão do amido de mandioca fermentado e
observaram que o conteúdo de ácido láctico produzido durante a fermentação diminuiu em
torno de 30% durante a secagem ao sol. Esses autores sugeriram a possibilidade de ocorrência
de uma reação fotoquímica envolvendo o amido e resultando na formação de uma rede
tridimensional que retém as bolhas de gás durante o cozimento do produto final.
Outra hipótese para explicar a propriedade de expansão do polvilho azedo é
a de que bactérias lácticas produziriam exopolissacarídeos, que seriam responsáveis pela
formação de uma estrutura viscoelástica, a qual permitiria a retenção de gás e a expansão da
massa de polvilho azedo durante o forneamento (CEREDA et al., 2003).
Estudos mais recentes realizados por Vatanasuchart et al. (2005)
encontraram que amidos de mandioca modificados por hidrólise com ácido lático (1%) por 15
minutos e expostos a radiação UVB ou UVC (ultravioleta B ou C, que possuem diferentes
comprimentos de onda), por 7, 9 e 11 horas, tiveram propriedades de expansão efetivas
durante o assamento. Estes pesquisadores alegaram que as regiões amorfas dos grânulos de
amido foram parcialmente despolimerizadas pela hidrólise do ácido lático e a irradiação
ultravioleta (UV), reduzindo o tamanho das moléculas de amido e facilitando a formação de
uma estrutura de massa com menor viscosidade, conduzindo, conseqüentemente, a uma boa
expansão.
30
3.4.Biscoito de Polvilho
O biscoito de polvilho se caracteriza por ser um produto muito leve e
volumoso, resultado da expansão no forno (CEREDA et al., 2003). Existe uma infinidade de
formulações de biscoito de polvilho no mercado, algumas incluindo, além de polvilho azedo,
polvilho doce, farinha de milho, água, leite, ovos e sal. Estes biscoitos têm várias
denominações regionais, como: bolo de vento, rosca de polvilho, corujão, biriba, no Brasil,
pan de bono e pan de yuca, na Colômbia, e chipa paraguaya, no Paraguai (APLEVICZ,
2006).
Segundo Maeda e Cereda (2001), a formulação padrão do biscoito de
polvilho consiste em polvilho azedo, gordura vegetal hidrogenada, sal e água; podendo ainda,
o sabor ser incrementado pela a adição de leite e ovos.
A principal função do amido em produtos de panificação é absorver água e,
deste modo, estabelecer a estrutura do produto (PEREIRA et al., 2004).
A água é utilizada na fabricação de biscoito de polvilho para dissolver os
ingredientes solúveis, influenciando também no escaldamento do polvilho. A quantidade de
água é fundamental para o inchamento do grânulo de amido e sua quantidade depende dos
ingredientes da fórmula e do processo de panificação utilizado, constituindo o meio
dispersante para os outros ingredientes da formulação, além de favorecer o crescimento do
biscoito durante o assamento (PEREIRA et al., 2004; APLEVICZ, 2006). Em biscoitos de
polvilho, a quantidade total de líquido na formulação afeta a consistência e a elasticidade da
31
massa que deve ser suficientemente macia para ser moldada e suficientemente rígida para
manutenção da forma até que esteja assada, devendo apresentar um certo grau de elasticidade
para se expandir sem romper durante o assamento (APLEVICZ, 2006).
Em produtos de panificação, as gorduras contribuem para as propriedades
de mastigação, conferindo-lhes maciez. O aumento do conteúdo de gordura, além do efeito
amaciador, contribui para dar maior brilho e uma melhor aparência, como também atua no
valor nutricional, sendo a mais concentrada fonte de energia presente nos alimentos. A
gordura atua ainda como um lubrificante molecular, ajudando a massa a ter maior
extensibilidade, contribuindo para maior elasticidade (PEREIRA et al., 2004; SANTOS,
2006).
Nas receitas tradicionais, o leite é adicionado à mistura de escaldamento do
polvilho e a gordura presente no leite confere melhor aparência da crosta do produto final. O
leite também auxilia na obtenção de uma melhor coloração do biscoito (PEREIRA et al.,
2004; SANTOS, 2006; APLEVICZ, 2006).
O ovo tem capacidade aerante (pela formação de espuma da clara),
capacidade emulsificante (pela ação da lecitina da gema) e a contribuição nutricional,
servindo também como agente corante, de sabor e de aroma, originando biscoitos com melhor
estrutura, textura mais leve e aerada, maior volume, característica de liga, cor amarela natural,
além do fornecimento de proteínas, vitaminas (A, D e E) e minerais (PEREIRA et al., 2004;
SANTOS, 2006; APLEVICZ, 2006).
32
O sal contribui essencialmente para o sabor, sendo utilizado o cloreto de
sódio comum iodado na fabricação de biscoito de polvilho (PEREIRA et al., 2004; SANTOS,
2006). Estudos amilográficos mostram que o sal retarda a gelatinização do amido de
mandioca, mantendo o grânulo intacto por um tempo mais longo durante o assamento e
influencia também o escaldamento, por aumentar a temperatura da mistura (SANTOS, 2006).
Na fabricação de biscoitos de polvilho escaldados, o polvilho azedo
proporciona ao produto sabor agradável, com crosta fina, crocante, com maior volume, além
de maior absorção de água, fazendo com que se obtenha maior rendimento em biscoitos. O
escaldamento é uma das principais etapas na fabricação do biscoito de polvilho por afetar a
textura, o sabor e a aparência final do produto. Consiste em adicionar ao polvilho, água ou
leite ferventes, que podem ser ou não acompanhados por óleo e também por sal. A mistura do
escaldamento depende do produto, sendo comum adicionar um pouco de água antes do
escaldamento a fim de hidratar o polvilho e promover o inchamento dos grânulos facilitando o
processo. Uma parcela de produtores indica a mistura com água, leite, óleo e sal como a que
resulta em biscoitos com melhor textura, sabor e aparência (APLEVICZ, 2006).
O biscoito apresenta, no seu interior, uma matriz de amido gelatinizado, que
é responsável pela sua expansão e textura. Análises microscópicas permitem comprovar que
os grânulos apresentam-se com diferentes graus de integridade, segundo a sua posição no
biscoito: os grânulos da superfície apresentam-se íntegros e sem inchamento. É provável que,
durante o forneamento, os grânulos da superfície sejam desidratados e aqueles do interior
sejam gelatinizados, provocando a expansão do biscoito (CAMARGO et al., 1988).
33
Silva et al. (1998) investigaram a influência do teor de água, o efeito da pré-gelatinização do
amido fermentado e a adição de amilose e de amilopectina no crescimento do biscoito, e,
concluíram que: o tempo de formação do biscoito demonstrou ser altamente dependente do
teor de água presente na sua formulação; os biscoitos formulados com amilose ou
amilopectina em substituição ao amido fermentado, apresentaram baixo grau de expansão
quando comparados ao padrão; e, a gelatinização total do amido modificado por fermentação,
parece destruir completamente suas propriedades de expansão, pois não foi observado
crescimento do biscoito com uma formulação padrão contendo apenas amido totalmente
gelatinizado.
3.5. Amido Resistente
O amido é classificado em função da sua estrutura físico-química e da sua
susceptibilidade à hidrólise enzimática. Segundo Englyst, Kingman e Cummings (1992), de
acordo com a velocidade com o qual é digerido “in vitro”, o amido divide-se em: rapidamente
digerível, quando, ao ser submetido à incubação com amilase pancreática e amiloglicosidase
em uma temperatura de 37°C, converte-se em glicose em 20 minutos; lentamente digerível,
se, nas condições anteriores, é convertido em glicose em 120 minutos e amido resistente
(AR), que resiste à ação das enzimas digestivas.
O amido resistente é definido como amido ou produtos de degradação do
amido que não são degradados pelas enzimas do trato gastrointestinal de indivíduos saudáveis
34
e podem ser completa ou parcialmente fermentados no cólon (FARAJ, VASANTHAN e
HOOVER, 2004).
De acordo com Faraj, Vasanthan e Hoover (2004), o AR é classificado em
quatro categorias: fisicamente inacessível à α-amilase pancreática (AR1), amido granular
(AR2), amido retrogradado (cristais de amilose) (AR3) e amido térmica ou quimicamente
modificado (AR4). Por serem amidos nativos, os AR1 e AR2, perderão o potencial de amido
resistente se forem gelatinizados durante o processamento do alimento (MUN e SHIN, 2006).
Xie e Liu (2004) mostraram que o tratamento de amidos de milho (normal,
ceroso e com alto conteúdo de amilose), com ácido cítrico (140°C, 7h) aumentou o seu
conteúdo de amido resistente para 78% ou mais, dependendo do tipo de amido de milho. O
ácido cítrico é inofensivo à saúde humana, e a taxa de digestão do amido esterificado pela
pancreatina diminui com o aumento do grau de substituição por citrato. De acordo com a
Figura 6, quando o ácido cítrico é aquecido, este se desidrata para produzir um anidrido. O
anidrido cítrico pode então reagir com o amido para formar o citrato de amido.
Figura 6- Reação de ácido cítrico com amido (XIE e LIU, 2004).
35
Segundo Sajilata, Singhal e Kulkarni (2006), o AR pode substituir uma
porcentagem da farinha de trigo sem afetar significativamente o manuseio ou a reologia da
massa de produtos panificáveis. Comparando a adição de AR com a adição de fibras no
resultado final desses produtos, foi encontrado que o AR promove uma textura mais macia,
aparência e sabor. Uma outra propriedade funcional do AR citada por estes pesquisadores é a
sua capacidade de melhorar a crocância do produto.
O AR pode ser adicionado em vários alimentos, devido às suas diferentes
propriedades físico-químicas em função do tipo e pode ser aplicado no desenvolvimento de
gêneros alimentícios de baixa caloria e pouca gordura (MUN & SHIN, 2006). Aplicações
potenciais incluem pães, tortilhas, massa de pizza, “cookies”, “muffins”, “wafer”, cereais
matinais, “snacks”, bem como leites fermentados reduzidos de gordura, bebidas lácteas
saborizadas e pré-misturas para sopas instantâneas e bebidas de chocolate (APARICIO-
SAGUILÁN et al., 2007).
Aparicio-Saguilán et al. (2007) prepararam “cookies” adicionados de AR
produzido a partir de amido de banana (19,34% de AR). Após aplicação de um teste sensorial
afetivo, não encontraram diferença na preferência entre os “cookies” adicionados de AR e o
controle.
Na pesquisa realizada por Wepner et al. (1999) sobre adição de citrato de
amido em sistemas alimentares, encontraram que a adição de 10% de citrato de amido
produzido através de diferentes fontes (amidos de trigo - 57,5% de AR, batata – 50,2% de
AR, ervilha – 45,9% de AR e milho – 50,8% de AR) em pão provocou diminuição no volume
deste (destacando uma maior diminuição no volume do pão após adição de citrato de amido
36
de milho) e mudanças em outras características do produto (como por exemplo, as estruturas
alveolares no miolo do pão apresentaram-se mais grosseiras e mais irregulares). Estes pães
com adição de citrato de amido também apresentaram cor mais amarelada do que o padrão e o
pão sem adição de citrato de amido foi claramente preferido na avaliação sensorial.
Comentaram que a diminuição no volume e as mudanças em outras características do produto
devido à adição de citrato de amido poderiam ser compensadas por nova variação na receita,
assim como um aumento no conteúdo de água, ou ainda, que a adição de menor quantidade de
AR poderia resultar em produto com características ótimas. No preparo de “wafer” com
adição de citrato de amido, concluíram através da avaliação sensorial que um produto
aceitável com um aumento no conteúdo de AR pode ser alcançado adicionando 7,5% de
citrato de amido em “wafers” e que, quando maior quantidade de citrato de amido é
adicionada ao produto, variações adicionais na receita conduziriam a um produto aceitável,
nem tão duro e nem tão quebradiço. Na adição de citrato de amido em macarrão, foram
observadas mudanças nas características do produto, tais como na dureza, na cor e na perda de
sólidos durante o cozimento o que, poderia ser compensada através de alterações na receita
em termos de níveis de ovo e/ou conteúdo de umidade. Observaram também que para a
aplicação de citrato de amido no aumento do conteúdo de fibra nos alimentos, tem que ser
levado em consideração que o conteúdo de AR pode mudar durante a produção do alimento
devido à degradação deste.
Não se tem conhecimento de estudos em que o amido resistente tenha sido
incorporado em biscoitos de polvilho.
Considerando que, hoje em dia, muitas doenças resultam de alimentação
inadequada, e que algumas podem estar relacionadas com insuficiente ingestão de fibra, é
37
razoável assumir que um aumento no consumo de componentes não digeríveis seria
importante. Neste contexto, as fontes de AR seriam preferencialmente incluídas na dieta, já
que não causam alterações sensoriais pronunciadas como fazem as tradicionais fontes de
fibras (WALTER, SILVA e DENARDIN, 2005).
38
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Material
Para a produção dos biscoitos foram utilizados amido de mandioca
fermentado, ovos, sal, leite e gordura vegetal hidrogenada, adquiridos no comércio local.
Amido de mandioca resistente, outro ingrediente dos biscoitos, foi
produzido em laboratório, a partir de amidos de mandioca nativo e fermentado, adquiridos no
comércio local, segundo o item 4.2.1. Também foi utilizado o amido de milho resistente
comercial (Hi-maize®260), doado pela National Starch & Chemical (Brasil), caracterizado
através da metodologia do item 4.2.2.3.
4.2. Métodos
4.2.1. Produção de Amido Resistente (Citrato de Amido)
O amido resistente foi produzido pelo método de esterificação com ácido
cítrico em temperatura elevada, de acordo com a metodologia proposta por Xie e Liu (2004).
Amidos de mandioca nativo e fermentado foram utilizados como matéria-prima
39
O método de produção de amido resistente (Figura 7) consistiu em dissolver
20g de ácido cítrico em 20mL de água e ajustar o pH para 3,5 com NaOH 10M e completar o
volume final para 50mL adicionando água destilada. A solução de ácido cítrico (50mL) foi
misturada com 50g de amido e condicionada à temperatura ambiente por 16 horas.
Posteriormente, o amido foi colocado em estufa com circulação de ar forçado, a 50°C, e foi
seco até atingir um nível de umidade de 5-10%. A mistura foi moída e seca em estufa com
circulação de ar forçado por 3, 4 e 7h em uma temperatura de 135°C a fim de ocorrer a
esterificação. A mistura seca foi lavada com 3 litros de água para remover o ácido cítrico que
não reagiu. O amido lavado foi seco à temperatura ambiente até atingir umidade de 10 a 15%
e, finalmente, moído.
Para a modificação do amido de mandioca fermentado, foram testados os
três tempos de estufa (3, 4 e 7h). Para a do amido de mandioca nativo, foi testado apenas o
tratamento em estufa pelo maior tempo (7h), para verificar a possível diferença com o amido
de mandioca fermentado, frente ao tratamento químico.
40
Figura 7- Fluxograma de produção de citrato de amido.
Amido nativo
Solução de ácido cítrico
pH=3,5
Mistura de amido com ácido cítrico
Condicionamento (16h, temperatura ambiente)
Moagem
Secagem (50°C, até umidade de 5-10%)
Esterificação (135°C / 3, 4 e 7h)
Lavagem
Secagem
(35°C, até umidade de 10-15%)
Moagem
Citrato de amido
41
4.2.2. Caracterização dos Amidos Nativo e Fermentado, Antes e Após a Modificação com
Ácido Cítrico (Amidos Resistentes)
4.2.2.1 Composição Química
O teor de umidade, proteínas e cinzas dos amidos, antes e depois da
modificação foi determinado conforme descrição da Association of Official Analytical
Chemists (AOAC, 1998).
4.2.2.2. Análise viscoamilográfica
A análise viscoamilográfica foi realizada em suspensões de amido a 10%
(p/v, bs), no Viscógrafo Brabender (Brabender, Duisburg – Alemanha), equipado com
cabeçote de 700cm.g de sensibilidade, para os amidos de mandioca nativo e fermentado e
para as suas respectivas modificações (3, 4 e 7h de estufa a 135°C). Na Tabela 1, estão
apresentados os parâmetros empregados no teste.
42
Tabela 1 – Parâmetros usados no Viscógrafo Brabender para análise viscoamilográfica
PARÂMETROS DO VISCÓGRAFO
Temperatura inicial (°C) 30
Razão para aumento da temperatura (°C/min) 1,5
Temperatura máxima (°C) 95
Tempo de permanência em temperatura máxima (min) 20
Razão para diminuição da temperatura (°C/min) 1,5
Temperatura mínima (°C) 50
Tempo de permanência em temperatura mínima (min.) 0
4.2.2.3. Microscopia eletrônica
Foi realizada a observação do aspecto superficial dos grânulos de amido de
mandioca nativo, fermentado e modificados, em microscópio eletrônico de varredura – The
Quanta 200 – Philips (Holanda). Pequenas quantidades de amostras foram fixadas sobre
“stubs” em fitas de carbono. Foram recobertas com uma camada de carbono, e em seguida,
com uma camada de ouro com 20nm de espessura.
4.2.2.4. Quantificação de amido resistente
Para a quantificação do teor de amido resistente, foi utilizado um kit de
determinação de AR adquirido na Megazyme (Irlanda). É um método aprovado pela AOAC
(método 2002.02) e pela AACC (método 32-40).
43
A quantificação foi realizada de acordo com o proposto no kit, porém, com
modificações: foi feita a digestão do amido não resistente utilizando as enzimas α-amilase e
amiloglucosidase, e as soluções contendo este amido foram separadas por centrifugação. Após
a determinação da fração digerível através da medida da absorbância de cada solução, por
diferença encontrou-se o valor do amido resistente. Esta modificação foi necessária porque o
método utiliza o hidróxido de potássio (KOH) para solubilizar o AR (após este já ter sido
separado do amido não resistente) mas, de acordo com Shin, Song e Seib (2004), o KOH não
solubiliza totalmente o AR4 devido à presença de ligações cruzadas.
A quantificação foi realizada de acordo com o proposto no kit, porém, com
modificações: foi feita a digestão do amido não resistente utilizando as enzimas α-amilase e
amiloglucosidase, e as soluções contendo este amido foram separadas por centrifugação. Após
a determinação da fração digerível através da medida da absorbância de cada solução, por
diferença encontrou-se o valor do amido resistente. Esta modificação foi necessária porque o
método utiliza o hidróxido de potássio (KOH) para solubilizar o AR (após este já ter sido
separado do amido não resistente) mas, de acordo com Shin, Song e Seib (2004), o KOH não
solubiliza totalmente o AR4 devido à presença de ligações cruzadas.
4.2.3. Formulação dos Biscoitos
Os biscoitos foram formulados com polvilho azedo, sal, ovos, leite, gordura
vegetal hidrogenada e água, em proporções determinadas a partir de ensaios preliminares
(Tabela 2). Foram testadas, nas formulações, as substituições de diferentes porcentagens de
44
polvilho azedo pelo amido resistente comercial (National Starch) e pelo produzido em
laboratório de modo a promover a adição de 3, 5 e 7% de AR na massa. Essas proporções de
substituição de polvilho azedo por AR foram estabelecidas a partir da Portaria n º 27, de 13 de
janeiro de 1998 (BRASIL, 1998), que diz que para que um produto pronto para consumo seja
fonte de fibra, deve conter, no mínimo, 3g de fibras / 100g (sólidos) e que para que um
alimento tenha o atributo de alto teor de fibras, deve conter no mínimo 6g de fibras / 100g
(sólidos). Como a legislação não determina as quantidades mínimas que um alimento deve
conter para AR, utilizou-se a legislação para fibras como parâmetro.
Tabela 2 – Quantidades de ingredientes utilizados para a formulação do biscoito de polvilho.
MATÉRIA-PRIMA QUANTIDADE
Polvilho azedo 650g
Sal 20g
Gordura vegetal hidrogenada + água 200mL + 250mL
Leite integral pasteurizado 250mL
Ovos 3
Água *Qr
*Qr = Quantidade requerida para dar o ponto (aproximadamente 250 mL).
Os ingredientes foram pesados seguindo a formulação estipulada. Colocou-
se, em uma batedeira, os ingredientes secos (polvilho azedo, amido resistente, sal) e o leite e
misturou-se bem, até desfazer a granulação característica do amido de mandioca fermentado.
Em seguida, acrescentou-se a mistura de óleo e água em ebulição para “escaldar” o polvilho.
A massa foi misturada continuamente e foram sendo acrescentados os ovos, um a um.
Posteriormente, adicionou-se água em temperatura ambiente até obter a consistência ideal. Os
biscoitos foram pingados com sacos de confeiteiro em assadeiras de inox e levados ao forno a
180°C por aproximadamente 20 minutos.
45
4.2.4. Caracterização dos Biscoitos
4.2.4.1. Expansão
O volume específico dos biscoitos foi determinado em 6 unidades de
biscoitos escolhidas aleatoriamente, pela razão entre volume e peso. O volume foi calculado
por deslocamento de sementes de painço.
4.2.4.2. Dureza instrumental
A dureza (N) dos biscoitos (seis determinações) foi determinada em
texturômetro TA-XT2i (Stable Micro Systems), e os registros feitos através do Software
XTRAD.
Cada amostra foi disposta horizontalmente em uma plataforma e cortada por
uma “ponta de prova” tipo faca, com velocidade pré-teste, teste e pós-teste de 5,00 mm/s, uma
distância de 8,00mm e força do “triguer” de 0,2N.
46
4.2.4.3. Avaliação sensorial
O método utilizado na avaliação sensorial dos biscoitos de polvilho com
diferentes níveis de substituição de polvilho por AR foi o teste de aceitação. A escala
hedônica de sete pontos ancorada com termos verbais (ver em ANEXO) foi utilizada, para
que cada provador pudesse indicar o quanto gostou ou desgostou de cada amostra, uma vez
que as expressões verbais da escala estão associadas a valores numéricos, para posterior
análise estatística dos resultados.
Os provadores não treinados receberam três amostras codificadas, uma por
vez, e foram solicitados a indicar o quanto gostaram ou desgostaram, segundo a escala. Estes
foram orientados a tomar água entre a prova de uma amostra e outra. Foram recrutados 102
provadores para a realização do teste.
4.3. Análise Estatística
Os dados das análises físicas e químicas foram comparados empregando
análise de variância (ANOVA) e a significância (p < 0,05) das diferenças entre as médias foi
avaliada pelo teste de Tukey.
Para a análise sensorial, o planejamento experimental utilizado foi o de
blocos incompletos balanceados. Foram avaliadas 6 amostras por 102 provadores, sendo que
cada provador avaliava 3 diferentes amostras em uma úncia sessão. Com os resultados, foi
47
feita uma análise de variância, tendo amostras e provadores como causas de variação, e teste
de médias (Tukey).
48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Caracterização dos Amidos Nativo e Fermentado, Antes e Após a Modificação com
Ácido Cítrico (Amidos Resistentes)
5.1.1. Proteína e Cinzas
Os amidos nativo (AN) e fermentado (AF) apresentaram teores de proteína e
de cinzas de 0,21 e 0,16 e de 0,33 e 0,21%, respectivamente em base seca (Tabela 3).
Os valores médios encontrados de proteína (0,21%) e de cinzas (0,16%)
para o AN foram semelhantes aos valores médios encontrados por Leonel, Garcia e Reis
(2004): 0,23% para proteínas e 0,17% para cinzas.
Como citado anteriormente, a Resolução RDC n° 263, de setembro de
setembro de 2005 da ANVISA, que revogou a Resolução CNNPA n° 12 de 1978 (BRASIL,
2005), não fixa nenhum padrão de identidade e qualidade referente ao teor máximo de
proteínas e cinzas para amidos, féculas e farinhas. Mas, a antiga resolução 12/78 estabelecia
um limite máximo de 0,5% de cinzas para os polvilhos doce e azedo. Os dois amidos (AN e
AF) comerciais tiveram teor de cinzas abaixo desse limite.
49
Comparando o amido nativo (AN) com todos os amidos nativos resistentes
(ANR), não houve diferença significativa entre os teores de proteína. Para o amido
fermentado (AF) e os amidos fermentados resistentes (AFR), verificou-se diferença
significativa (p < 0,05) entre os que permaneceram 3 e 4h na estufa (Tabela 3).
Tabela 3 – Caracterização dos amidos de mandioca nativo (AN) e fermentado (AF) e
respectivos amidos resistentes (ANR e AFR) nos diferentes tempos de permanência na estufa.
Amostra Tempo
(h)
Proteína (N x 6,25) *
(% bs)**
Cinzas*
(% bs)**
AN 0 0,21
a
± 0,00 0,16
d
± 0,02
ANR 3 0,29ª ± 0,03 0,81
c
± 0,01
ANR 4 0,21
a
± 0,00 1,32
b
± 0,01
ANR 7 0,25
a
± 0,06 1,42
a
± 0,01
AF 0 0,33
A
± 0,00 0,21
D
± 0,01
AFR 3 0,23
B
± 0,03 1,18
C
± 0,02
AFR 4 0,27
B
± 0,00 1,56
B
± 0,03
AFR 7 0,31
A
± 0,00 1,84
A
± 0,01
*Valores médios ± DP (desvio padrão) obtidos de triplicatas. **bs = base seca. Letras
minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa de proteína e cinzas
entre as amostras de amido de mandioca nativo e amido de mandioca nativo resistente
(Tukey, p < 0,05). Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença
significativa de proteína e cinzas entre as amostras de amido de mandioca fermentado e amido
de mandioca fermentado resistente (Tukey, p < 0,05).
Quando se observa os valores médios de cinzas encontrado nas amostras de
AN e os ANR, verifica-se que todas as amostras apresentam diferenças significativas entre si
(p < 0,05). O mesmo ocorreu para o AF e seus AFR.
50
Para os amidos modificados, tanto do AN como do AF, ocorreu um
aumento no teor de cinzas à medida que o tempo de reação entre o amido e o ácido cítrico
aumentou.
As variações percentuais tanto de proteína quanto as de cinzas ocorridas não
podem ser levadas em consideração como decorrentes somente do processo de modificação,
uma vez que as sucessivas lavagens pelas quais o amido passa após o tratamento, impedem
que se estabeleçam balanços de massa, pois algum material pode ser perdido.
5.1.2. Análise Viscoamilográfica
Para todos os amidos de mandioca modificados (nos diferentes tempos de
reação) não foram observadas as curvas de viscosidade características do amido sem
modificação, sendo registradas retas paralelas ao eixo do tempo (Figura 8). Este resultado está
de acordo com o encontrado por Xie e Liu (2004), que reportaram o mesmo comportamento
em citratos de amidos de milho, indicando que a modificação ocorre dentro dos grânulos e
que estes não gelatinizam nem intumescem durante o teste viscoamilográfico. Reportaram
também, que o maior conteúdo de amido resistente no citrato de amido resultou em uma
menor viscosidade, indicando que o amido com conteúdo de amido resistente maior absorve
menos água.
Estes resultados também estão de acordo com a pesquisa realizada por Xie,
Liu e Cui (2006), na qual, as micrografias feitas por microscopia eletrônica de varredura em
51
citratos de amido (7%, p/p, de conteúdo de sólidos em água) mostraram que, com o
aquecimento (100°C por 30 minutos), os grânulos dos amidos de milho normal e ceroso sem
modificação gelatinizaram e romperam, mas, em contrapartida, os grânulos dos citratos de
amido não incharam ou exibiram muito menos intumescimento.
Os resultados obtidos sugerem que os grânulos de amido de mandioca com
a substituição de citrato, onde são formadas ligações cruzadas, resistem ao intumescimento
granular, resultando conseqüentemente, resistência à hidrólise enzimática. Também se pode
sugerir, de acordo com Shin et al. (2007) que a modificação química afeta a organização dos
grânulos de amido.
Figura 8 – Curvas viscográficas típicas de amido de mandioca fermentado e citratos
de amido de mandioca fermentado em condições de reação a 135°C / 3-7h.
Curva de Viscosidade
-10 0
0
100
200
300
400
500
600
0 20406080100
te m po (m in.)
viscosidade (UB)
30ºC 95ºC 95ºC 50ºC60ºC
amido de mandioca fermentado
citrato de amido 135ºC / 3 - 7h
52
5.1.3. Microscopia Eletrônica
Os grânulos de amidos de mandioca nativo e fermentado não são uniformes
quanto ao formato e tamanho, mas ambos apresentam grânulos predominantemente
arredondados com uma das periferias retas (Figuras 9 A e 10 A).
Segundo Palata-Oviedo e Camargo (1998); Marcon et al. (2006), o aspecto
dos grânulos de amido de mandioca nativo difere tamm, daquele do amido de mandioca
fermentado, devido à modificação causada pela fermentação, uma vez que as enzimas
produzidas durante o processo fermentativo provocam algumas fissuras na superfície dos
grânulos. Estas diferenças, porém, não são visualizadas nas micrografias apresentadas, em
virtude do baixo aumento.
O AN e o AF apresentaram mudanças no aspecto dos seus grânulos após
serem tratados com ácido cítrico e submetidos à temperatura de 135°C em estufa com
circulação de ar forçado. Nas Figuras 9A e B pode-se ver que, com a exposição dos grânulos
de amido de mandioca nativo à reação com ácido cítrico e ao calor, ocorre modificação
destes. Estes grânulos vão se aglomerando e também sofrem corrosão na sua superfície com o
passar do tempo. Da mesma maneira, nas Figuras 10B, C e D, observa-se que com o passar do
tempo de exposição ao reagente químico e à alta temperatura, maior é a modificação sofrida
pelo amido de mandioca fermentado. Os grânulos de amido também se aglomeram cada vez
mais com o passar do tempo e alguns dos grânulos apresentaram-se com aspecto de ”donuts”
ou rosquinhas, como observado também pelos autores Xie, Liu e Cui (2006), para os amidos
de milho normal e ceroso tratados com ácido cítrico e alta temperatura. Estes autores
53
descrevem, também, que esses grânulos com forma de “donut” podem ser consequência do
inchamento granular seguido pelo colapso. E ainda sugerem que os reagentes químicos tais
como o ácido cítrico, poderiam ter acesso diretamente a uma região organizada no centro do
amido por canais e cavidades, que conduziriam a uma alteração na morfologia do grânulo.
Figura 9- Microscopia eletrônica de varredura (800x): A- amido de mandioca nativo, B-
citrato de amido (tratamento por 7h). A escala corresponde a 50 µm.
54
Figura 10- Microscopia eletrônica de varredura (800x): A- amido de mandioca fermentado,
B- citrato de amido fermentado (tratamento por 3h), C- citrato de amido fermentado
(tratamento por 4h), D- citrato de amido fermentado (tratamento por 7h). A escala
corresponde a 50 µm.
Xie, Liu e Cui (2006) observaram em microscópio eletrônico de varredura
os citratos de amido de milho após aquecimento a 100°C por 30 minutos e, relataram que a
forma de “donut” dos grânulos dos citratos de amido de milho permaneceu virtualmente
inalterada, confirmando que a formação do citrato resultou em ligações cruzadas no amido.
As ligações cruzadas preservam a estrutura dos grânulos durante o aquecimento em água.
Também observaram que, após o aquecimento, todos os citratos de amido de milho e seus
55
controles perderam a birrefringência, devido à fusão da região cristalina do grânulo.
Reportaram, ainda, que os conteúdos de AR foram superiores a 68% nestes citratos de amido
após o aquecimento, devido à formação de ligações cruzadas, indicando que estes são estáveis
ao aquecimento, apesar de uma pequena perda na quantidade de AR.
5.1.4. Quantificação de Amido Resistente
De acordo com os dados mostrados na Tabela 4, verificou-se que ocorreu
uma tendência de aumento dos teores de AR nos amidos de mandioca fermentados
modificados com ácido cítrico e alta temperatura, à medida que o tempo de reação na estufa
aumentou. O teor de AR do AF não diferiu significativamente (p < 0,05) daquele do AFR que
permaneceu 3h na estufa, mas foi diferente dos do AFR com permanência de 4 e 7h.
Muitos são os métodos existentes para quantificar o teor de AR. De acordo
com Walter, Silva e Emanuelli (2005), foram desenvolvidos os métodos in vitro de
quantificação de AR, os quais podem ser diretos ou indiretos. Nos diretos, o amido resistente
é quantificado após remoção da fração digerível por tratamento enzimático, simulando a
hidrólise que ocorre na parte superior do trato digestivo (boca, estômago e intestino delgado).
Posteriormente, o amido remanescente é solubilizado com hidróxido de potássio ou
dimetilsulfóxido, e novamente hidrolisado por enzimas amilolíticas e então é quantificado na
forma de glicose. Os métodos indiretos são baseados na determinação do amido total e do
amido disponível, de onde se obtém, por diferença a quantidade de AR. Esses métodos
acumulam erros durante o procedimento, e ainda, de acordo com a técnica escolhida, existem
56
variações em relação ao modo como a amostra é preparada, tipos e quantidades de enzimas,
condições de tempo e temperatura de incubação e reagentes utilizados para a solubilização da
fração resistente.
O trabalho proposto por Shin, Song e Seib (2004) compara a digestibilidade
de AR4 usando diferentes métodos analíticos e diferentes enzimas. Foram utilizados os
métodos de fibra total da AOAC e o gravimétrico, com a utilização da pancreatina. Um dos
resultados encontrados por esses pesquisadores foi de 72,9% de AR pelo método da AOAC e
de 10,5% pelo método gravimétrico para o amido de trigo, mostrando a grande diferença
encontrada, dependendo da escolha da metodologia.
Muitas vezes, o AR é quantificado pela metodologia de determinação do
teor de fibra alimentar da AOAC, superestimando assim o teor de AR, uma vez que, na
determinação de fibras, após a destruição da região cristalina do amido pelo aquecimento,
pode ocorrer a formação de ligações cruzadas entre proteína e amido, podendo atuar como
uma camada protetora para a digestão da α-amilase, resultando em um maior nível de AR.
Alguns pesquisadores sugerem que a utilização da protease seria muito importante para a
obtenção de valores mais exatos na determinação de AR (SHIN, SONG e SEIB, 2004;
WALTER. SILVA e EMANUELLI, 2005). Essa é uma possível explicação para a diferença
encontrada no teor de AR do produto comercial utilizado nesse trabalho. Enquanto que o teor,
informado pelo fabricante, empregando o método da AOAC (1998), foi de 70,00%, pelo
método proposto pela Megazyme, a porcentagem de AR encontrada foi de 20,30% ± 2,20.
57
Tabela 4 - Teor* de AR em amido de mandioca fermentado e amidos de mandioca
fermentado resistentes com tratamentos em estufa por 3, 4 e 7h.
Amostra Tempo de estufa (h) AR (% bs)**
Amido fermentado 0 10,41
c
± 2,27
Amido fermentado resistente 3 11,19
b,c
± 1,00
Amido fermentado resistente 4 17,51
a,b
± 3,29
Amido fermentado resistente 7 23,28
a
± 0,35
*Valores médios ± DP obtidos de triplicatas. **bs = base seca. Letras diferentes na mesma
coluna indicam diferença significativa de AR entre as amostras (Tukey, p < 0,05).
O teor de AR do ANR com permanência de 7h em estufa foi determinado, a
título de comparação, com o teor do AFR com o mesmo tempo de tratamento. Como o valor
encontrado foi de 18,00% ± 0,79, não se deu prosseguimento às determinações dos teores de
AR para os ANR com permanência em estufa por 3 e 4h, uma vez que se optou por trabalhar
com o AFR por dois motivos: o 1°, porque se empregaria a mesma matéria-prima utilizada na
confecção do biscoito de polvilho, e, o 2°, porque o teor de AR produzido, no mesmo tempo,
no AFR, foi maior do que o do ANR.
Considerando que não houve diferença significativa (p < 0,05) no teor de
AR entre os tratamentos com ácido cítrico por 4 e 7h na estufa, o tempo de 4h foi escolhido
para a produção do AFR para emprego nos biscoitos de polvilho devido, a economia de tempo
e menor gasto de energia.
5.2. Caracterização dos biscoitos
5.2.1. Volume Específico
58
Como observado na Tabela 5, os biscoitos de polvilho formulados com o
amido resistente comercial apresentaram um maior volume específico do que os produzidos
com o AFR produzido em laboratório. Uma das razões pode ser a de que a porcentagem de
AR do produto comercial era um pouco maior do que a do AFR (20,3 e 17,5%
respectivamente), ocorrendo uma menor substituição na quantidade de polvilho azedo por AR
comercial. Outra, é que por não poder aplicar um processo de secagem adequado na produção
do AFR em laboratório, este pode não ter tido a granulometria, dispersibilidade, capacidade
de hidratação e gelatinização similares à do produto comercial com conseqüentes efeitos no
desempenho tecnológico.
Os volumes específicos das três formulações (3, 5 e 7%) com o AR
comercial não apresentaram diferença significativa (p < 0,05), embora se observe uma
tendência à diminuição com o aumento da concentração deste. Esse fato pode ser explicado
pelo alto valor do desvio padrão, consequência das características do produto avaliado. O
biscoito de polvilho é um produto bastante irregular, por sofrer expansão devido à formação e
crescimento de bolhas de ar, resultando um produto cheio de alvéolos no seu interior. Para o
biscoito de polvilho produzido com o AFR, a formulação com adição de 5% de AR não
diferiu significativamente das formulações com 3 e 7% (p < 0,05), mas o biscoito formulado
com 3% diferiu daquele com 7%.
Como descrito no item 5.1.2., os grânulos de AF, após a esterificação com
ácido cítrico, sofreram modificações drásticas. A substituição de citrato, formando ligações
cruzadas, faz com que os grânulos resistam à gelatinização e ao intumescimento. Isto explica
a diminuição do volume específico com o aumento da porcentagem de substituição de
59
polvilho azedo por AR, que tem comportamento diferenciado em relação ao amido que não
sofreu este tipo de modificação.
Tabela 5 – Volume específico* dos biscoitos de polvilho com diferentes níveis de adição de
AR de fontes comercial ou AFR.
Amostra Volume Específico (mL/g)*
Biscoito com adição de 3% de AR (comercial) 6,46
a
± 2,21
Biscoito com adição de 5% de AR (comercial) 5,01
a
± 1,85
Biscoito com adição de 7% de AR (comercial) 4,58
a
± 0,87
Biscoito com adição de 3% de AR (AFR) 4,82
A
± 1,42
Biscoito com adição de 5% de AR (AFR) 3,25
A,B
± 1,21
Biscoito com adição de 7% de AR (AFR) 1,91
B
± 0,64
*Valores médios ± DP obtidos de sextuplicatas. Letras minúsculas diferentes na mesma
coluna indicam diferença significativa com relação ao volume específico entre as amostras de
biscoito de polvilho com diferentes teores de AR comercial (Tukey, p < 0,05). Letras
maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa com relação ao
volume específico entre as amostras de biscoito de polvilho com diferentes teores de AFR
(Tukey, p < 0,05).
Wepner et al. (1999) também observaram que a adição de AR (citrato de
amido) provocou a diminuição de volume em pães.
5.2.2. Dureza
De acordo com os dados da Tabela 6, não foi encontrada diferença
significativa (p < 0,05) entre as amostras de biscoito de polvilho formuladas com diferentes
teores de AR comercial, em relação à dureza. No caso dos biscoitos formulados com AFR,
apenas os com adição de 3 e 7% de AR apresentaram diferença significativa (p < 0,05).
60
Verifica-se que houve grande variabilidade nos resultados de cada amostra (alto desvio
padrão), mas, isto é consequência das características do produto, da mesma maneira que
ocorreu no caso do volume específico.
O fato de haver pouca diferença entre as amostras, para esta propriedade, é
positivo, porque a dureza é uma característica importante para a aceitabilidade do produto.
Tabela 6 –Dureza* das diferentes formulações de biscoitos de polvilho.
Amostra Dureza (N)
Biscoito com adição de 3% de AR (comercial) 10,44
a
± 2,07
Biscoito com adição de 5% de AR (comercial) 10,18
a
± 1,77
Biscoito com adição de 7% de AR (comercial) 10,13
a
± 2,09
Biscoito com adição de 3% de AR (AFR) 8,60
B
± 0,78
Biscoito com adição de 5% de AR (AFR) 9,41
A,B
± 0,98
Biscoito com adição de 7% de AR (AFR) 10,91
A
± 1,48
*Valores médios ± DP obtidos de sextuplicatas. Letras minúsculas diferentes na mesma
coluna indicam diferença significativa com relação a dureza entre as amostras de biscoito de
polvilho com diferentes teores de Hi-maize®260 (Tukey, p < 0,05). Letras maiúsculas
diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa com relação a dureza entre as
amostras de biscoito de polvilho com diferentes teores de AR 4h de estufa (Tukey, p < 0,05).
5.2.3. Avaliação Sensorial
Os valores médios das notas dadas pelos provadores às amostras das
diferentes formulações dos biscoitos de polvilho estão apresentados na Tabela 7. Todas as
amostras que continham AR comercial e a formulada com AFR com incremento de 3% de AR
tiveram a mesma aceitação e esta foi alta (entre 6,2 e 6,4 – gostei moderadamente, para um
61
máximo possível de 7,0 – gostei muito). Apenas os biscoitos que continham teores adicionais
de 5 e 7% de AR, proveniente de AFR, apresentaram menor aceitabilidade (notas 5,5 e 4,9,
respectivamente), ficando a aceitação entre gostei pouco e não gostei e nem desgostei.
Apesar de não ser obrigatório o preenchimento do espaço reservado aos
comentários na ficha sensorial (ANEXO), 44 provadores o fizeram, expondo suas opiniões
em relação as amostras oferecidas. Dentre estes, 15 comentaram que a amostra com maior
teor (7%) de AR proveniente de AFR apresentou sabor ácido, 10 encontraram a mesma
característica para a amostra com 5% desse mesmo ingrediente e apenas 2 provadores
disseram o mesmo para a amostra que tinha 3%. Foi citado, por 9 provadores, que a amostra
com 7% de AR de AFR apresentou pouca expansão ou que estava dura. Outras características
como crocância, aparência e sabor também foram citadas, porém de maneira menos enfática.
Tabela 7- Valores médios de aceitação* para as diferentes formulações dos biscoitos de
polvilho (n = 102 provadores)
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa entre as amostras (Tukey,
p < 0,05).
Os comentários dos provadores de que os biscoitos de polvilho formulados
com AFR apresentavam sabor ácido, podem ser justificados pelo fato de que o biscoito de
polvilho apresenta, tradicionalmente, um sabor característico levemente acidificado, já que o
Amostra Nota
Biscoito com adição de 3% de AR (comercial) 6,4
a
Biscoito com adição de 5% de AR (comercial) 6,2
a
Biscoito com adição de 7% de AR (comercial) 6,2
a
Biscoito com adição de 3% de AR (AFR) 6,3
a
Biscoito com adição de 5% de AR (AFR) 5,5
b
Biscoito com adição de 7% de AR (AFR) 4,9
c
62
ingrediente principal utilizado na sua produção é o polvilho azedo, o qual apresentou pH 3,5.
O AFR utilizado para substituir parte do polvilho azedo apresentou pH 2,5, resultando,
produtos mais acidificados do que o convencional. Isto, contudo, não constitui sempre uma
propriedade negativa, uma vez que alguns provadores criticaram esse sabor mais ácido e
outros o elogiaram.
Podemos observar na Figura 11 que os biscoitos de polvilho formulados
com 3% de AR proveniente da fonte comercial apresentaram maior expansão. À medida que a
porcentagem de AR aumentou, os biscoitos apresentaram menor expansão, crosta mais
homogênea e compacta (com menos rachaduras).
Figura 11 – Biscoito de polvilho com inclusão de 3, 5 e 7% (da esquerda para a direita) de
AR, pela substituição de polvilho azedo por AR comercial.
O mesmo ocorreu, de forma mais acentuada, para os biscoitos de polvilho
formulados com AFR (Figura 12).
63
Figura 12 – Biscoitos de polvilho com inclusão de 3, 5 e 7% (da esquerda para a direita) de
AR pela substituição de polvilho azedo por AFR.
64
6. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
A pesquisa realizada foi de extrema importância para agregar conhecimento
e como treinamento, que é o objetivo principal de um mestrado. Entretanto, seriam
necessários estudos complementares, conforme as sugestões feitas a seguir:
1. Melhoramento do processo de produção do AR a partir do polvilho
azedo, com novos testes de aplicação no biscoito de polvilho.
2. Quantificação do teor de AR do biscoito de polvilho para se ter idéia do
quanto desse amido já está presente no produto em que se adicionará mais AR.
3. Quantificação do teor de AR do biscoito de polvilho suplementado com
AR, uma vez que parte do que foi adicionado pode ser degradado durante o assamento,
enquanto AR resultante da retrogradação pode ser formado no resfriamento.
4. Comprovação dos efeitos funcionais do biscoito de polvilho
suplementado com AR, através de estudos de intervenção em humanos.
65
7. CONCLUSÕES
Foi possível produzir biscoitos de polvilho com boas características
sensoriais, com suplementação de até 7% de AR, pelo emprego de um amido de milho
comercial com teor de 20,3% de AR, em substituição parcial ao polvilho azedo. Também foi
possível elaborar esses biscoitos com suplementação de AFR (17,51%), devendo-se levar em
consideração que o produto final teve um sabor acidificado mais intenso do que o biscoito de
polvilho tradicional e menor expansão, limitando a substituição parcial do polvilho azedo pelo
AFR para uma porcentagem inferior a 7%.
Os biscoitos de polvilho desenvolvidos poderiam ser considerados um novo
alimento funcional, embora seja recomendável a realização de estudos que comprovem seus
efeitos benéficos para a saúde.
As modificações químicas e estruturais que ocorrem durante a fermentação
do amido de mandioca, na produção do polvilho azedo, parecem favorecer a reatividade deste
quando tratado com ácido cítrico. Isto explicaria a maior produção de citrato de amido a partir
de amido fermentado em comparação com o amido nativo.
A metodologia utilizada para a produção do amido resistente é relativamente
simples, e foi satisfatória, uma vez que foi observada a possibilidade de aumentos de até
120% de amido resistente, em relação à porcentagem inicial apresentada pelo amido de
mandioca fermentado. Mas, um processo de secagem adequado na produção do AFR poderia
melhorar as suas características quanto à dispersibilidade, capacidade de hidratação e
gelatinização, que trariam conseqüentes efeitos benéficos no desempenho tecnológico.
66
REFERÊNCIAS
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conteúdo de nutrientes. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/ 27_
98.htm>. Acesso em 05 mar. 2006.
67
_______. Resolução - RDC ANVISA, nº 263, de 22 de setembro de 2005, aprova o
Regulamento Técnico para Produtos de Cereais, Amidos, Farinhas e Farelos. Disponível
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4, p. 974-980, 2005.
ANEXO
TESTE SENSORIAL
Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto gostou ou desgostou do
produto.
7- gostei muito
6- gostei moderadamente
5- gostei pouco
4- nem gostei / nem desgostei
3- desgostei pouco
2- desgostei moderadamente
1- desgostei muito
Comentários:
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