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SANDRA VIEIRA BRAZ
STRESS, QUALIDADE DE VIDA E MITOS
CONJUGAIS
PUC-CAMPINAS
2010
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SANDRA VIEIRA BRAZ
STRESS, QUALIDADE DE VIDA E MITOS
CONJUGAIS
PUC-CAMPINAS
2010
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia, do Centro de Ciências da
Vida PUC-Campinas, como requisito
para obtenção do título de Mestre em
Psicologia como Profissão e Ciência.
Orientadora: Profa. Dra. Marilda
Emmanuel Novaes Lipp
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Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e
Informação - SBI - PUC-Campinas
t152.43 Braz, Sandra Vieira.
B827s Stress, qualidade de vida e mitos conjugais / Sandra
Vieira Braz. - Campinas: PUC-Campinas, 2010.
xiv, 102p.
Orientadora: Marilda Emmanuel Novaes Lipp.
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1. Stress (Psicologia). 2. Casamento. 3. Casamento - Aspectos
psicológicos. 4. Pessoas casadas. 5. Qualidade de vida. I. Lipp,
Marilda Novaes. II. Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia. III. Título.
18ª.ed.CDD
t152.43
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
“Bendize, ó minha alma, o Senhor,
e não esqueças nenhum de seus benefícios.”
Salmo 103,2
Agradeço a Deus pelo dom da vida, renovada a cada novo
Agradeço a Deus pelo dom da vida, renovada a cada novo Agradeço a Deus pelo dom da vida, renovada a cada novo
Agradeço a Deus pelo dom da vida, renovada a cada novo
amanhecer e
amanhecer e amanhecer e
amanhecer e a cada sonho que se concretiza.
a cada sonho que se concretiza. a cada sonho que se concretiza.
a cada sonho que se concretiza.
ii
Agradeço também...
À querida orientadora Dra. Marilda E. N. Lipp, que com muito
carinho me acolheu e orientou com inquestionável competência,
possibilitando que esse sonho se tornasse realizado.
Á professora Dra. Elisabeth Pacheco e Dra. Juliana Barros de
Oliveira por aceitarem participar da Banca de Defesa dessa
Dissertação, proporcionando discussões e sugestões que servirão
para crescimento, aprendizado e incentivo à pesquisa.
Á minha madrinha, Cordelia, que sempre me incentivou e me
apoiou com amor e dedicação, proporcionando todas as condições
para que eu chegasse até aqui.
Aos meus pais, Claudio e Marlene, especialmente minha mãe, que
me estimulou nos percalços dessa caminhada e que nos momentos
de alegria ou de desalento ficou ao meu lado, compartilhando da
minha vida com amor maternal.
Ao meu querido noivo, João Paulo, que com muito amor soube
compreender e respeitar as horas de ausência colocando-se
disponível para colaborar em todas as etapas deste trabalho.
Ao meu irmão Claudio pelos momentos de descontração.
ii
Às minhas amigas especiais de graduação: Adriana Satomi,
Marília e Verena que, com muita amizade e consideração, me
animaram durante a realização deste trabalho.
À estimada psicóloga Isolina, por quem tenho grande admiração e
que, com muito carinho me incentivou desde o lançar da semente
deste projeto.
À minha querida amiga Vanessa, pelos ensinamentos e solicitude
nas horas difíceis; nunca me esquecerei de suas palavras amigas e
alentadoras para renovar meu ânimo.
À querida professora Maria do Carmo que com muito carinho, se
predispôs a contribuir com seus conhecimentos da língua
portuguesa.
Ás colegas do curso de mestrado, Ana Carolina, Claudiane,
Márcia, Ariane e Maria Angélica, pelo companheirismo e apoio
durante essa jornada.
Ao CNPQ, pelo auxílio concedido para a efetivação deste trabalho.
Aos casais que gentilmente aceitaram participar desta pesquisa.
A todas as pessoas que contribuíram, de alguma forma, para
concretizar essa pesquisa.
Enfim, agradeço sempre por conviver com pessoas tão especiais
que me ajudaram a assumir um lugar privilegiado nesta vida.
iv
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem "Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem
o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamen
o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosameno dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamen
o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente
te te
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no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem
no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem
no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem
viver o presente nem o futuro; Vivem como se nunca fossem
viver o presente nem o futuro; Vivem como se nunca fossem viver o presente nem o futuro; Vivem como se nunca fossem
viver o presente nem o futuro; Vivem como se nunca fossem
morrer e morrem como se nunca tivessem vivido."
morrer e morrem como se nunca tivessem vivido."morrer e morrem como se nunca tivessem vivido."
morrer e morrem como se nunca tivessem vivido."
(Buda
(Buda(Buda
(Buda)
))
)
SUMÁRIO
Agradecimento......................................................................................................I
Índice de Figuras...............................................................................................VII
Índice de Tabelas.............................................................................................VIII
Índice de Anexos.................................................................................................X
Resumo..............................................................................................................XI
Abstract.............................................................................................................XII
Apresentação...................................................................................................XIII
Introdução..........................................................................................................01
Stress.................................................................................................................01
Casamento.........................................................................................................14
Qualidade de Vida.............................................................................................19
Mitos Conjugais.................................................................................................23
Objetivo Geral....................................................................................................36
Objetivos Específicos.........................................................................................36
Método...............................................................................................................37
Participantes ....................................................................................................37
Critérios de Inclusão..........................................................................................37
Material..............................................................................................................38
Local..................................................................................................................41
Procedimento.....................................................................................................41
Método de Análise dos Dados...........................................................................42
Resultados.........................................................................................................43
Discussão..........................................................................................................64
Conclusão..........................................................................................................75
Referências Bibliográficas.................................................................................77
Anexos...............................................................................................................90
vii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.Porcentagens de stress na amostra...................................................46
Figura 2. Fases de stress dos esposos............................................................47
Figura 3. Fases de stress das esposas............................................................48
Figura 4. Predominância de sintomas de stress na amostra masculina...........48
Figura 5. Predominância de sintomas de stress na amostra feminina.............50
Figura 6. Porcentagens do sucesso e fracasso nos quadrantes do IQV da
amostra masculina.............................................................................................52
Figura 7. Porcentagens do sucesso e fracasso nos quadrantes do IQV da
amostra feminina...............................................................................................53
Figura 8. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore da
questão 12) e o tempo de casamento...............................................................57
Figura 9. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore da
questão 5) e stress............................................................................................58
Figura 10. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore
da questão 13) e o stress..................................................................................59
Figura 11. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore
da questão 15) e o stress..................................................................................60
Figura 12. Comparação dos valores entre o IQV social (sucesso x fracasso) e
os mitos conjugais.............................................................................................62
viii
INDICE DE TABELAS
Tabela 1. Descrição da faixa etária da amostra dos esposos...........................43
Tabela 2. Descrição da faixa etária da amostra das esposas...........................44
Tabela 3. Descrição da escolaridade dos esposos...........................................44
Tabela 4. Descrição da escolaridade das esposas...........................................45
Tabela 5. Três sintomas de stress psicológicos mais frequentes na amostra
masculina...........................................................................................................49
Tabela 6. Três sintomas de stress físicos mais frequentes na amostra
masculina...........................................................................................................49
Tabela 7. Três sintomas de stress psicológicos mais frequentes na amostra
feminina.............................................................................................................50
Tabela 8. Três sintomas de stress físicos mais frequentes na amostra
feminina.............................................................................................................51
Tabela 9. Três itens mais preocupantes do IQV na amostra masculina...........52
Tabela 10. Três itens mais preocupantes do IQV na amostra feminina............54
Tabela 11. Comparação dos valores entre IQV afetivo (sucesso x fracasso) e
idade dos filhos..................................................................................................54
Tabela 12. Mitos mais prevalentes da amostra masculina x amostra feminina
...........................................................................................................................55
Tabela 13. Mitos mais prevalentes da amostra feminina x amostra masculina
...........................................................................................................................56
ix
Tabela 14. Comparação dos valores entre o questionário para casais e stress
...........................................................................................................................57
Tabela 15. Comparação dos valores entre o IQV afetivo (sucesso x fracasso) e
os mitos conjugais.............................................................................................60
Tabela 16. Comparação dos valores entre o IQV social (sucesso x fracasso) e
os mitos conjugais.............................................................................................61
Tabela 17. Comparação dos valores entre o IQV saúde (sucesso x fracasso) e
os mitos conjugais.............................................................................................62
Tabela 18. Comparação dos valores entre gêneros (masculino x feminino) com
a satisfação do casamento................................................................................63
Tabela 19. Comparação dos valores entre o IQV na área da saúde e a
satisfação conjugal............................................................................................63
x
INDICE DE ANEXOS
Anexo A. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..................................91
Anexo B. Formulário de Identificação dos participantes...................................93
Anexo C. Inventário de Qualidade de Vida.......................................................94
Anexo D. Questionário para Casais..................................................................95
Anexo E. Escala Analógica Visual....................................................................98
Anexo F. Posicionamento dos Casais frente aos Mitos Conjugais...................99
Anexo G. Interpretação de um Boxplot ou Desenho Esquemático.................101
xi
Braz, S.V. (2010) Stress, Qualidade de Vida frente e Mitos Conjugais.
Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de Campinas, PUC-
Campinas. (xiv + 102p.)
RESUMO
Este estudo teve por objetivo estudar a associação entre a presença de mitos
conjugais, o stress e a qualidade de vida em casais com a sete anos de
matrimônio. A amostra foi composta por 15 casais (15 homens e 15 mulheres),
na faixa etária entre 19 e 37 anos, com pelo menos um filho. Para a coleta dos
dados utilizou-se um formulário para a identificação dos participantes, o
Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSL), Inventário de Qualidade
de Vida (IQV), Questionário para Casais e a Escala Analógica Visual (EAV). A
pesquisa ocorreu nas residências dos participantes. Os resultados mostraram
associação significativa entre os mitos conjugais, stress e qualidade de vida, ou
seja, algumas expectativas em relação ao matrimônio auxiliaram para uma
melhor harmonia matrimonial e, possivelmente, uma qualidade de vida mais
saudável na amostra estudada. Verificou-se também que quanto maior a
satisfação no casamento melhor a qualidade de vida relacionada à área da
saúde. Em suma, é importante enfatizar que este estudo foi realizado com uma
amostra reduzida e que, portanto, as conclusões aqui apresentadas devem ser
consideradas de maneira cuidadosa, evitando-se generalizações precipitadas.
Sugere-se a necessidade de realização de estudos futuros, com uma amostra
maior.
Palavras-chave: Stress, Qualidade de vida, Casamento.
xii
Braz, S.V. (2010) Stress, Life Quality and Conjugal Myths. Master’s Degree
Dissertation. Pontifical Catholic University of Campinas, PUC-Campinas. (xiv +
102p.)
ABSTRACT
This study had the objective of studying the association among the presence of
conjugal myths, the stress and the life quality in couples with up to seven years
of marriage. The sample was composed of 15 couples (15 men and 15 women),
in the 19 37 age group, with at least one child. To collect the data it was used
a form to identify the participants, the Adults Stress Symptoms Inventory
(ASSI), Life Quality Inventory (LQI), questionnaire for couples and the Analog
Visual Scale (AVS). The survey occurred in the participants’ house. The results
showed significant association among the conjugal myths, stress and life
quality, in other words, some expectations in relation to marriage helped to a
better matrimonial harmony and, possibly, a healthier life quality in the studied
sample. It was also verified that the bigger the satisfaction in the marriage, the
better the life quality related to the health area. In short, it is important to
emphasize that this study was done with a reduced sample and that, therefore,
the conclusions here presented must be considered in a careful way, avoiding
precipitated generalizations. It is suggested the necessity of doing future
studies, with a bigger sample.
Key words: Stress, Life Quality, Marriage.
xiii
APRESENTAÇÃO
O relacionamento conjugal está associado tanto à saúde como à
qualidade de vida, em várias fases do desenvolvimento humano, embora o fato
de um casamento durar não necessariamente signifique que o mesmo é
satisfatório para os membros do matrimônio.
Satisfação conjugal é um conceito subjetivo, pois implica em ter as
próprias necessidades e desejos satisfeitos, bem como corresponder ao que o
outro espera, objetivando a reciprocidade e espontaneidade de cada um.
A literatura aponta que, o casamento se transforma ao longo do ciclo de
vida familiar e, assim, o nível de satisfação também varia com o decorrer dos
anos de convívio; quando este se encontra comprometido, o equilíbrio familiar
pode ser bastante prejudicado agravando a qualidade do relacionamento
conjugal ocasionando o stress.
Atualmente, o stress excessivo é um dos assuntos mais discutidos e
relevantes na nossa sociedade e um dos problemas mais comuns que afligem
o ser humano em qualquer período da vida. Seus efeitos sobre a saúde física e
o bem estar emocional o cada vez mais comprovados. Lipp (1990) afirma
que todas as pessoas, em algum momento da vida, já o experimentaram,
porém poucas conseguem identificar o impacto que ele pode causar tanto na
saúde física como na saúde emocional.
O interesse pelo tema stress surgiu durante a graduação no curso de
Psicologia, quando a pesquisadora começou a trabalhar como voluntária de
iniciação científica no Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress da
xiv
PUC-Campinas e, consequentemente, após sua conclusão na graduação,
continuou a ser voluntária do laboratório tendo a oportunidade de participar de
diversas pesquisas correlacionando o stress e suas implicações.
Pode-se perceber que a literatura internacional oferece estudos sobre o
relacionamento amoroso, sobre a presença do stress em momentos de crises,
sobre o convívio familiar, entre outros aspectos; porém, especificamente sobre
as expectativas que o casal manifesta frente à vivência do matrimônio, existe
uma lacuna, com poucos trabalhos publicados a respeito. Assim sendo, faz-se
necessário buscar maiores informações acerca do tema para que a pesquisa
tente suprir algumas lacunas.
Nesse sentido, o presente estudo buscou investigar, no contexto
matrimonial, a associação entre stress e qualidade de vida frente aos mitos
conjugais. Este trabalho pretendeu contribuir para uma melhor compreensão a
respeito da influência dos mitos conjugais no stress e na qualidade de vida
dentro do relacionamento conjugal.
Por fim, para esclarecer sobre o tema abordado, tornou-se importante
percorrer, na introdução, os estudos relacionados ao stress, casamento,
qualidade de vida e mitos conjugais. No método encontra-se a descrição dos
participantes, do material e do procedimento utilizados para a realização das
coletas de dados. Em seguida, são apresentados os resultados, a discussão, a
conclusão do estudo, as referências bibliográficas e os anexos.
1
INTRODUÇÃO
A história da humanidade é marcada pela ocorrência de doenças que atingiram
a população de forma surpreendente. Ao analisar esses momentos, é possível
perceber que o contexto histórico é determinado pelo surgimento dessas patologias
(Lipp, 2003a). Atualmente, vivencia-se um momento marcado por constantes
mudanças responsáveis pela excitação do homem, que não consegue mais se
adaptar ao ritmo atordoante do mundo globalizado.
A reação de stress tem sido foco de diversos estudos atuais devido ao seu
aumento exarcebado e suas consequências na saúde física e psicológica do ser
humano.
Nos últimos anos, cada vez mais pessoas sofrem de stress. As mudanças
bruscas no estilo de vida e a exposição a um ambiente complicado, frente à
globalização e suas consequências para a vida em sociedade, podem levar a pessoa
ao desgaste físico e emocional (Lipp, 2008).
A grande quantidade de demandas sociais e de mudanças, que ocorrem na
contemporaneidade, prepara um cenário propício para que o ser humano desenvolva
atitudes em que predominam os sintomas de stress, como: tensão, irritabilidade,
dificuldades para relaxar, dificuldades de concentração, baixa produtividade,
podendo desenvolver ou agravar doenças já existentes (Lipp & Malagris, 1995).
Diante da necessidade de compreender e refletir sobre o sofrimento humano,
Brasio (2000), relata que nos últimos anos, inúmeras pesquisas sobre stress foram
desenvolvidas no Brasil, mostrando uma preocupação não somente em verificar os
2
sintomas do stress ocupacional em grupos de risco, como também elaborar planos
específicos de controle de stress que atendam a população necessitada.
Estudos sobre o stress vêm despertando, cada vez mais, interesse e
necessidade por parte dos estudiosos, com o intuito de buscar uma compreensão
complementar e profunda do melhor manejo da sua reação. Na área ocupacional se
destacam os estudos com jornalistas (Proença, 1998), professores (Reinhold, 1984),
bancários (Silva, 1992) executivos (Pacheco, 1993) e juízes do trabalho (Lipp &
Tanganelli, 2002).
Outro foco de investigação se refere aos grupos de risco, tais como: infância
(Bignotto, 1997; Tricolli 1997), gestação (Torrezan, 1999), idosos (Nacarato, 1995),
mulheres que desempenham papel de chefe na família (2000) e matrimônio (Vilela,
2001).
Segundo Bueno (2003), a palavra stress vem sendo utilizada de maneira
crescente nos seus mais variados aspectos entre a população, de um modo geral
nas diferentes classes sociais e culturais. No entanto, o termo stress tanto no meio
dos profissionais da saúde como nos meios de comunicação e entre os leigos tem,
eventualmente, seu uso de modo equivocado, devido à falta de um conhecimento
adequado quanto ao seu significado.
Contudo, o stress tem exigido de psicólogos clínicos e pesquisadores não
apenas uma compreensão maior sobre o assunto, mas também uma descrição mais
precisa da sua etiologia, dos aspectos presentes nesse processo e das
possibilidades de intervenção e prognóstico.
Silva e ller (2007) destacam que em inúmeros contextos da sociedade atual,
o termo stress é bastante conhecido e utilizado. Na maioria das vezes, é empregado
3
carregado de sentido negativo, pois é o causador ou a conseqüência de vários
problemas para as pessoas. No entanto, o conceito contém os dois sentidos, positivo
e negativo.
O termo stress originou-se do latim “stringere” que significa estreitar, rodear e
ligar que posteriormente deu origem à palavra “étreindre”, em francês. A palavra
stress foi utilizada com diversos sentidos em diferentes áreas do conhecimento. Na
engenharia, por exemplo, o termo foi utilizado para representar uma força, pressão
ou carga que produz uma tensão contra uma determinada resistência (Stora, 1990).
Segundo Lazarus e Lazarus (1994), as primeiras referências à palavra stress
significando “aflição” e “adversidade” datam do século XIV, no entanto, somente no
século XVIII o termo passou a ser utilizado em inglês para designar “opressão,
desconforto e adversidade”.
na área da saúde, a palavra foi utilizada pela primeira vez no ano de 1926
pelo endocrinologista Hans Selye (apud Lipp, 1996). Seus primeiros trabalhos sobre
stress abriram um novo campo de estudo que vem sendo investigado por diferentes
pesquisadores com o intuito de esclarecer e desvendar esse fenômeno tão presente
na vida do ser humano.
Selye (1936), durante seus estudos, observou uma reação comum em
pacientes portadores de diferentes patologias, quando eram expostos a alguma
situação penosa, ou seja, notava uma resposta não característica do organismo
frente a determinadas situações, causando um enfraquecimento ou adoecimento do
mesmo.
Para Selye (1965), os seus experimentos realizados com ratos, verificaram-se,
frente a alguns eventos que, muitos desses animais acionavam uma tríade composta
4
por dilatação do córtex da supra-renal, atrofia timo-linfática úlceras intestinais. A
partir desses resultados, o pesquisador redirecionou seus estudos, buscando
compreender qual era a síndrome provocada nos seus experimentos. Suas
descobertas posteriores fizeram-no concluir que independente da origem do evento
estressor, o corpo reagia a ele da mesma maneira. Assim, denominou essa reação
de “síndrome do simplesmente estar doente”; posteriormente, esse fenômeno foi
chamado da Adaptação Geral.
A partir de seus primeiros estudos, Selye (1952) publicou vários artigos que
culminou, na década de 50, sua obra-prima sobre o stress, onde propôs o conceito
trifásico do stress com base em seus efeitos, que podem se manifestar tanto
fisicamente como emocionalmente nas pessoas.
- Estágio de Alerta:
O primeiro estágio do stress ocorre quando a pessoa percebe ou se exposta
a algum tipo de estressor que, consequentemente, leva a quebra da homeostase. A
partir daí, o organismo se prepara para a reação de luta ou fuga, que é fundamental
à sobrevivência. Os sintomas presentes correspondem à preparação do organismo,
corpo e mente, para a preservação de sua vida, mantendo-se em prontidão para
possível emergência.
Cipriano (2002) afirma que é na fase de alerta, que a inspiração aumenta
decorrente da adrenalina liberada e, eventualmente, a pessoa sabendo administrar o
stress, pode utilizá-lo em seu benefício, pois a motivação, o entusiasmo e a energia
que esse estágio produz podem auxiliar na sua produtividade.
5
Caso o estressor seja de curta duração, a pessoa pode entrar e sair dessa fase
sem nenhuma complicação, pois o organismo recupera seu equilíbrio naturalmente,
após a retirada do estímulo estressor. Porém, se o momento de tensão persistir por
um período longo ou por um curto período muito intenso, o organismo tende a
avançar para o estágio de resistência.
- Estágio de Resistência:
É o segundo estágio do stress ocorre quando algo ameaçador perdura por um
período muito prolongado. Nesse período, o organismo tenta adaptar, ou como o
próprio nome sugere, busca resistir às situações estressantes, utilizando suas
reservas de energia adaptativa para o reequilíbrio interno, o que o torna desgastado
e suscetível a doença.
Nesse estágio, as reações são opostas às da primeira e muitos dos sintomas
iniciais tendem a desaparecer. Ocorrem sensações de desgaste generalizado sem
causa específica e problemas com a memória. Se a pessoa souber administrar
estratégias para superar ou eliminar os estressores, poderá recuperar sua saúde
sem prejuízos maiores.
No entanto, se o ser humano permanecer nesta fase por um período
considerável, o stress pode se desenvolver para a fase mais problemática, que é a
fase de exaustão.
- Estágio de Exaustão:
É o terceiro estágio do stress. É o momento em que o organismo, grandemente
debilitado, pode apresentar sinais que, às vezes, são confundidos com a fase de
6
alerta. Isto acontece devido aos mecanismos de adaptação utilizados por ele para
superar o stress, tais como: úlceras, hipertensão arterial, lesões miocárdicas e
algumas dermatoses, infecções do aparelho respiratório, entre outros.
Esta fase não é tão habitual, pois em geral, um estressor muito grave ou
prolongado pode levar a esses problemas de saúde. Na maioria das vezes, as
pessoas costumam passar pela primeira fase e no máximo pela segunda. De modo
geral, na fase de resistência, ocorre uma adaptação do indivíduo frente às
dificuldades pelas quais está passando. Quando isso não ocorre, e o estressor não é
controlado, a energia adaptativa é esgotada e o indivíduo entra em exaustão.
Conforme Lipp e Rocha (2007c) dificuldades para sair desse estágio
sozinho, necessitando de um tratamento especializado entre a medicina e
Psicologia, para a melhora do quadro.
Pesquisas posteriores promoveram o surgimento de novas definições sobre o
stress, referindo-se ao tema como uma reação que acarreta alterações no organismo
quando exposto a uma situação estressora.
Segundo Lazarus e Fokman (1984), definem o stress como um relacionamento
particular entre a pessoa e o ambiente, que pode ser avaliado pela pessoa como
sobrecarregado ou excedendo seus recursos, o que implica em risco ao seu bem
estar.
Já para Beck (1984), existem três “síndromes do stress” – a hostilidade, o medo
e a depressão que representam as reações emocionais do ser humano.
Inicialmente, na hostilidade, as pessoas são hipersensíveis a situações que
impliquem em restrições ou assalto; na síndrome do medo, as pessoas são
extremamente sensíveis ao perigo, e por último, na síndrome da depressão, é
7
ativada a tríade cognitiva negativa, que corresponde a uma visão negativa de si, do
mundo e do futuro. Uma pessoa em depressão acredita-se doente, incapaz,
incompetente, fracassada e inferior. Também visualiza o mundo como sendo
excessivamente exigente e cruel, portanto incapaz de satisfazer suas necessidades.
Vendo a si e ao mundo dessa forma, a expectativa do futuro é só sofrimento e dor.
Para o mesmo autor, o stress ativa esquemas que são estruturas cognitivas
que regulam o processamento das informações e todos os processos do
conhecimento, incluindo a percepção e a memória. Dessa forma, tanto Beck (1984)
quanto Lazarus e Folkman (1984) incluem, em sua definição, a avaliação cognitiva
que a pessoa faz dos eventos estressores.
As teorias cognitivas acreditam que o stress é o resultado de avaliações que
podem utilizar uma superestimação da ameaça ou uma subestimação da eficácia
dos recursos de enfrentamento para lidar com a situação ameaçadora (Beck, 1995).
Segundo Rangé (2003), o que determina qual a resposta que a pessoa terá em
relação ao stress é o modo como ela percebe os estímulos, os estressores, ou seja,
suas cognições formadas pelos pensamentos, sentimento, valores, crenças e
atitudes que influenciam a resposta comportamental do indivíduo.
Conforme Lipp (2005), o stress é uma reação do organismo diante de situações
muito difíceis ou muito excitantes, que pode ocorrer em qualquer pessoa,
independente da idade, sexo, raça ou situação econômica.
Para França e Rodrigues (2002), o fenômeno do stress é desencadeado, como
referiu Selye, por um estímulo estressor e, a resposta da pessoa diante do estímulo
chama-se processo de stress. Se a reação do indivíduo causar consequências
negativas, trata-se, então, de distress; por outro lado, quando uma reação
8
saudável ao estímulo dá-se o nome de eutress. Sendo assim, é possível considerar
o fenômeno como processo ou como estado. O processo refere-se à tensão
desencadeada por uma situação de desafio, ameaça ou conquista. O estado é o
resultado positivo (eutress) ou negativo (distress) do esforço gerado pela tensão
mobilizada pela pessoa.
É importante enfatizar, segundo Lipp (2003a), o stress como sendo um
processo e não uma reação única, pois a partir do momento em que a pessoa é
exposta a uma fonte de stress, um longo processo bioquímico instala-se, visando
fortalecer o organismo a fim de capacitá-lo para a ação necessária naquele
momento. Posteriormente, em razão da inabilidade do organismo em manter o
equilíbrio, uma quebra da homeostase que ocorre nessa mobilização hormonal; o
organismo que conseguiu sobreviver a ela adapta-se e aprende a resistir à tensão na
qual se encontra. Entretanto, o estágio de reestabelecimento da homeostase, muitas
vezes é temporário e, em situações nas quais a demanda continua presente ou
quando outros desafios se somam, uma quebra pode ocorrer.
Inicialmente, o stress se manifesta de modo igual para todos, com
aparecimento de taquicardia, sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e a
sensação de estar em alerta. Ao longo do seu desenvolvimento, diferenças surgem
de acordo com as predisposições genéticas do indivíduo, potencializadas pelo
enfraquecimento ocorrido durante a vida em conseqüência de acidentes ou doenças
(Lipp, 2003b).
Até recentemente acreditava-se que o stress se desenvolvia em três fases
(modelo trifásico de Selye). Após anos de pesquisa, no Laboratório de Stress (LEPS)
da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, identificou-se a existência de outra
9
fase do stress, designada de quase-exaustão (localizada entre resistência e
exaustão), dando origem ao modelo conhecido como quadrifásico do stress, que se
baseou no anterior (Lipp, 2005).
Com base no modelo trifásico de Selye (1952), expandido por Lipp (2003b)
para um modelo quadrifásico, foi elaborado o Inventário de Sintomas de Stress para
adultos (ISSL), que foi validado por Lipp e Guevara (1994) e padronizado por Lipp
(2005). A fase acrescentada é chamada de quase-exaustão.
- Fase de Quase- Exaustão:
Esta é a terceira fase que se encontra entre as de resistência e exaustão. Este
estágio é caracterizado pelo enfraquecimento da pessoa que não é capaz de se
adaptar ou resistir ao stress e, assim, os problemas de saúde começam a aparecer,
mas ainda de maneira não tão intensa quanto na fase de exaustão.
Os sintomas que surgem dependem do nível da gravidade em que se
encontram, diagnosticados através de uma avaliação psicológica com o Inventário de
Sintomas de Stress de Lipp (ISSL). Este inventário permite identificar se a pessoa
apresenta stress, qual a gravidade do problema e se a vulnerabilidade presente está
mais acentuada na área física ou psicológica (Lipp, 2000).
Quanto à ação do stress, Lipp et al. (1990) enfatizam que o stress prolongado
pode afetar o sistema imunológico, decorrente do prejuízo sofrido pelas células
linfáticas do timo e as glândulas dos gânglios linfáticos. Posteriormente, os glóbulos
brancos sofrem baixa e o organismo fica exposto a inúmeras infecções e doenças,
inclusive um envelhecimento precoce. Para que o stress não se agrave, contribuindo
para o surgimento de “doenças de adaptação”, é preciso que o organismo consiga
manter o seu equilíbrio diante dos acontecimentos estressantes.
10
Dessa forma, pode-se perceber que o stress excessivo pode gerar um
desajuste do organismo, favorecendo o aparecimento de patologias. As reações
psicológicas que o stress pode desencadear variam desde apatia, depressão,
desânimo e sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva aa raiva, a ira, a
irritabilidade e a ansiedade (Brasio, 2000).
Lipp e Malagris (1995) sugerem que a hipersensibilidade emotiva pode ser uma
resposta ao stress intenso e, eventualmente, a necessidade do indivíduo falar
constantemente na razão pela qual está estressado, apresentando retraimento nas
relações sociais, são também sintomas psicológicos ao stress.
O stress excessivo é capaz de produzir consequências graves para a própria
pessoa, sua família, a empresa para a qual trabalha e a comunidade onde vive.
Diante desse fato, Lipp e Malagris (2001), ressaltam que o stress excessivo
tende a refletir na sociedade, pois uma sociedade saudável e desenvolvida requer
habilidades e manejos de seus cidadãos, porém, se o país apresenta um nível muito
alto de stress, sua população pode se torna frágil, sem resistência para lidar com os
obstáculos da vida. De um modo geral, o ser humano estressado lida
inadequadamente com as mudanças devido suas habilidades adaptativas estarem
voltadas para o enfrentamento do stress.
Para as mesmas autoras, a existência de uma dificuldade com relação à
seriedade da condição do organismo, isto é, sendo o stress um processo que se
desenvolve por etapas, é possível se ter um stress “passageiro”, de baixo grau ou
intensidade, como também um nível mais severo quando a pessoa apresenta
doenças mais graves, caracterizando assim, o stress como uma reação
psicofisiológica muito complexa presente desde sua origem, a necessidade do
11
organismo criar habilidades para lidar com determinados eventos que ameaçam a
sua homeostase interna.
Não obstante, apesar dos danos causados pelo stress excessivo, é importante
salientar que a resposta de stress, não é em si, negativa, uma vez que, é
compreendida como uma reação natural com o objetivo de proteger o próprio
organismo. Assim, o stress em doses moderadas não é maléfico, porém quando se
torna excessivo, sérias consequências começam a surgir debilitando o organismo
(Justo, 2005).
No entanto, observa-se que o stress é um dos principais fatores que contribui
para a baixa qualidade de vida da sociedade, por isso tem sido dedicada atenção
especial para esse tópico tanto em programas de tratamento quanto de prevenção
em saúde.
Portanto, ao longo da vida, o ser humano se depara com inúmeras situações do
cotidiano que levam ao stress podendo ser originadas de fontes externas ou
internas.
Fontes externas e internas
Segundo Lipp e Rocha (2007b) qualquer situação, fato ou evento que exige
uma adaptação pode ser chamado de estressor, porque estabiliza o funcionamento
do organismo. Quanto maior a adaptação que a pessoa precisa fazer, maior será o
seu nível de stress. Uma possibilidade de entender o stress é verificar a natureza da
situação que deu origem, por isso, os estressores podem ser classificados como
externos e internos.
12
Os fatos que envolvem adaptação a mudanças são considerados importantes
estressores, visto que, requerem, em alguns casos, o uso de uma quantidade
significativa de energia adaptativa a fim de superá-los, proporcionando um desgaste
maior ao organismo (Holmes & Rahe, 1967).
Os mesmos autores sugerem que quanto maior o número de mudanças
ocorridas no período de doze meses, maior é a probabilidade de um problema de
saúde acontecer em decorrência do stress.
Segundo Everly (1989), algumas situações ou eventos são naturalmente
estressantes, como: frio, fome e dor. O autor designa esses estressores de
“biogênicos”, isto é, os que atuam no desenvolvimento do stress automático por
estarem relacionados à sobrevivência humana. Por outro lado, os fatores
psicossociais, além de serem determinados pela história da sobrevivência, também
apresentam uma capacidade de estressar, apesar de não estarem relacionados
diretamente aos elementos de sobrevivência.
À medida que o ser humano passa por mudanças, ele utiliza suas reservas de
energia adaptativa e, conseqüentemente, pode, em certas circunstâncias,
enfraquecer sua resistência física e mental, originando inúmeras doenças
psicofisiológicas que podem ser interpretadas como tendo em sua gênese o stress
emocional excessivo (Toates, 1999).
Segundo Lazarus (1966), a fonte de tensão pode ser externa ou interna.
Externa ao próprio organismo, como uma exigência de algo ou alguém, ou interna,
exemplificada como uma autodemanda, ou autocobrança.
Em conformidade com Lazarus, Lipp (1996), coloca que as fontes externas de
stress são mais fáceis de serem identificadas, pois o caracterizadas pelos eventos
13
que ocorrem fora do corpo e da mente da pessoa, porém afetam sua vida, como por
exemplo, morte, acidente, doenças e até as relações interpessoais do cotidiano, e
independem, na maioria das vezes, do mundo interno das pessoas.
Além das fontes externas de stress mencionadas acima, Lipp (2007b) afirma
que existem as causas internas que são expectativas irrealistas, cognições
distorcidas, perfeccionismo, sonhos inalcansáveis que cada ser humano muitas
vezes tem para si próprio e para os outros ao seu redor. Assim, o que para outras
pessoas representaria somente um desafio, para quem tem ansiedade parece uma
batalha muito grande. Porque percebem os desafios como gigantescos e,
consequentemente tendem a se estressarem mais.
No que se refere ao stress dentro do matrimônio, Gray (1996) faz algumas
considerações sobre os diferentes modos de cada sexo reagir ao stress do outro.
Ressalta que, parte das crises, dentro do casamento, se instala porque homens e
mulheres tender a, desconhecer suas próprias emoções diante das situações de
tensão. Tais reações parecem fortalecer as diferenças fundamentais de
comportamento entre ambos. Enquanto os homens em eventos estressantes na
maioria das vezes preferem isolar-se, as mulheres talvez por serem mais verbais,
sentem necessidade de discutir as causas das suas manifestações de stress.
Em suma, ao longo dos anos, constatou-se que diversos estudos relacionados
ao stress têm contribuído de maneira expressiva para uma melhor compreensão e
manejo e medidas profiláticas das manifestações físicas e psicológicas provocadas
pela reação do stress. Porém, estudos direcionados à compreensão dessa reação no
contexto matrimonial, ainda são escassos.
14
CASAMENTO
Conceituação histórica
Ao longo da história, pode-se perceber como os conceitos de sexualidade,
amor e casamento são diretamente influenciados pelos aspectos políticos, religiosos
e culturais, sofrendo, assim, intensas mudanças em períodos relativamente curtos
(Matos et al., 2005).
Durante a Antiguidade, os povos hebreus, gregos e romanos possuíam uma
visão do sexo como algo bom e desejado pelos deuses, sendo desvinculado do
casamento, que era arranjado pelos pais e visava apenas à procriação de herdeiros
(Socci, 1983).
Com o início do Cristianismo, ocorreram diversas transformações em relação
ao casamento e à família, os quais passaram a ser desvalorizados; priorizou-se, no
casamento a virgindade como atributo indispensável para considerada garantia de
acesso à salvação, após a morte (Vainfas, 1992).
O mesmo autor enfatiza que a Igreja Católica, lentamente, foi modificando seus
conceitos, passando primeiramente a aceitar a sexualidade dentro do casamento
ainda que condenasse o prazer carnal e, posteriormente, nos séculos XII e XIII, o
matrimônio tornou-se um de seus sacramentos. Desta maneira, de hostilizada e
desvalorizada, a união monogâmica e indissolúvel passou a ser quase uma regra
para os leigos, como o celibato era para o clero.
No século XVI, com a Reforma Protestante, a Igreja Católica viu-se destituída
de parte do domínio que exercia sobre certas concepções. O sexo conjugal tornou-
se amplamente aceito e houve a rejeição da idéia de castidade como um desejo
15
divino, apesar do prazer permanecer considerado como algo pecaminoso. O
casamento, valorizado, deixou de ser visto apenas como um sacramento dentro dos
domínios eclesiásticos (Vainfas, 1992).
No final do século XVIII e início do XIX, surgiu o chamado “amor romântico” em
que a compatibilidade psicológica passou a ser extremamente valorizada, havendo a
idéia de que um cônjuge completava o outro. No entanto, a sexualidade permanecia
relegada a um segundo plano, privilegiando-se a imagem do “amor sublime”
(Giddens, 1993).
O movimento feminista, iniciado no século XIX e consolidado no culo
seguinte, obteve importantes vitórias como, por exemplo, o direito ao voto e a
emancipação financeira, que proporcionaram à mulher poder lutar por seus direitos
de forma mais livre, não dependendo mais de um marido que a sustentasse. Com
isso, a sexualidade tornou-se mais espontânea e permitida, por isso mais prazerosa,
e a maternidade fora do casamento passou a ser uma possibilidade. O controle da
gravidez contribuiu também para a desvinculação entre o sexo e a reprodução
(Giddens, 1993).
Ainda no século XIX, a Revolução Industrial, sobretudo, no trabalho fora de
casa, fez com que a mulher perdesse parte de sua função unicamente doméstica e
passasse a exercer atividades fora do lar. Essa grande mudança originou o processo
de separação entre sexo e reprodução o que abalou o ideal de casamento
monogâmico e fiel, tornando-se aceitável o recasamento, que o amor podia não
ser eterno (Féres-Carneiro, 1997).
16
Conceituação atual
Durante o século XX ocorreram intensas mudanças relacionadas aos conceitos
da sexualidade, amor e casamento, decorrentes de alguns fatores históricos, dentre
os quais podemos destacar: Primeira Guerra Mundial, que colaborou para uma maior
liberdade sexual devido ao medo da proximidade da morte e, por isso mesmo,
alimentou a mentalidade do prazer imediato; o advento da Psicanálise, que trouxe a
discussão acerca da sexualidade, considerando o prazer sexual como necessário e
saudável; e, por último, o desenvolvimento dos meios de comunicação que fizeram
com que informações circulassem de modo mais rápido através de jornais, revistas e
filmes (Socci, 1983).
Na metade do século XX e início do século XXI, as ideologias e as práticas do
casamento e todos os padrões que envolvem a construção psicossocial das
identidades masculina e feminina, passaram a ser questionados, gerando uma crise
de identidade e de papéis sociais na família e nos padrões de interação conjugal
(Neto & Féres-Carneiro, 2005).
Atualmente o amor é visto como fundamental para um relacionamento conjugal
satisfatório, sendo considerado condição primordial para que os casamentos se
realizem. As uniões conjugais e as relações amorosas, em geral, envolvem o
companheirismo, a igualdade de direitos e deveres, o sexo e a procriação, de tal
forma que se ocorre o fim do amor, isso é compreendido como uma situação
aceitável. Com isso, o número de divórcios aumentou, tendo sido oficializado em
grande parte dos países ocidentais (Jablonski, 1998).
Vilela (2001) sugere que dentre as muitas buscas que empreende o ser
humano, provavelmente a do amor é uma das mais importantes. A busca de um
17
esposo ou esposa tem sido além da procura de um companheiro (a), tema
inesgotável para a Psicologia, ciência cujos objetivos incluem, sobretudo, a
compreensão do comportamento humano em quaisquer circunstâncias.
Conforme a mesma autora, o stress acontece na vida de várias maneiras e por
diversos motivos, tanto na angustiada solidão daqueles que ainda procuram seus
pares, quanto daqueles que vivem um relacionamento com todas as dificuldades
que, muitas vezes, as circunstâncias lhes impõem.
Tanganelli (2004) afirma que, nos últimos anos, o aumento no número de lares
chefiados por somente um dos cônjuges (mais precisamente o tipo mãe-filho) tem
sido uma das mudanças mais significativas que ocorreram no casamento e no
modelo de vida. Essas famílias são cada vez mais jovens, apresentando faixa etária
baixa de mães que nunca se casaram e porcentagem relativamente alta de divórcios
entre as mulheres que se casaram mais cedo. As mudanças no estado civil e o
conflito no relacionamento conjugal parecem ter grande impacto nas mulheres. Pela
literatura concernente ao assunto, parece que a sociedade incute na mulher a
responsabilidade para assumir a custódia dos filhos.
Rosset (2004) enfatiza que é necessário um confronto e balanceamento da
cultura familiar, além de reflexão sobre a bagagem de cada um dos cônjuges. Se o
casal consegue fazer uma adequada avaliação de valores, regras, costumes, e tudo
o mais que cada um traz de sua família de origem, poderá integrar as diferenças e
semelhanças de tal forma que, com o passar dos anos, conseguirá formar uma nova
cultura conjugal, diferente das individuais, mas sem excluí-las.
18
Sobre as grandes questões de busca do ser humano no relacionamento a dois,
Alonso (1994) conclui que o casamento representa uma das maneiras ou alternativas
para se escapar da solidão além de proporcionar a formação de uma família.
Rollo May (2002) pontua que a necessidade do ser humano de se vincular é
inesgotável, e o casamento é uma possibilidade de concretizar um vínculo, que
afasta a angústia da solidão.
A idéia de casamento indissolúvel já não é a única forma de conceber os
relacionamentos conjugais, pois são muitos os casais que, por exemplo, decidem
viver em união não formalizada, ou mesmo os que se casam, mas permanecem
morando em locais separados. Alguns fatores como um aumento da individualidade
ou uma diminuição da tolerância, frente às dificuldades inerentes ao cotidiano
acabam por levar os casais a optarem pela separação. Sob esse prisma, os
relacionamentos adquirem uma nova perspectiva sendo vividos como temporários e
descartáveis (Sana &Scribel, 2004).
De acordo com os autores acima, a união das pessoas, através do casamento,
ainda parece ser alternativa mais frequente no estabelecimento de um
relacionamento conjugal estável. É comum que pessoas divorciadas voltem a se
casar, acreditando ser possível encontrar a satisfação com um (a) novo (a) parceiro
(a).
Por outro lado, a sociedade contemporânea caracterizada pela modernidade no
pensar e agir, torna-se palco de diversas transformações na família, no casamento,
assim como nos conceitos de maternidade e nas relações de gêneros, conceitos
historicamente determinados e em constante mudança. Sexualidade e procriação
não se completam mais, assim como maternidade e feminilidade não são
19
necessariamente vistas como sinônimos. O modelo tradicional e os novos arranjos
familiares convivem atualmente lado a lado, revelando diversas formas de ser família
e de ser casal, no Ocidente, onde, além da família nuclear existe a homoafetiva, a
monoparental, a reconstruída, entre outras (Rios & Gomes, 2009).
Assim, ao longo do culo XX, os pesquisadores manifestaram interesse
crescente em compreender melhor a vida amorosa e conjugal, buscando verificar as
expectativas e crenças do casal a respeito do matrimônio, isto é, como os mitos
conjugais podem ocasionar o stress e, consequentemente, comprometer a qualidade
de vida marital.
QUALIDADE DE VIDA
Atualmente, o ser humano não se satisfaz com o sucesso profissional. A
globalização levou as pessoas a conhecerem outras realidades, com novos desafios.
Por um lado, a sociedade se depara com situações de maldade, tais como: morte,
guerras, falcatruas, entre outras. Do outro, as pessoas tomam contato com lugares
maravilhosos, outros estilos de vida, apreciando um viver sem pressa, vivenciando
uma situação capaz de gerar bem-estar, satisfação e tranqüilidade (Lipp & Rocha,
2007c).
Lipp (2001a) afirma que as mudanças ocorridas na sociedade moderna são
marcantes, porque são excitantes, frenéticas e, muitas vezes, rápidas demais para
permitirem ao homem uma absorção do seu ritmo e do seu significado. A competição
excessiva, o desejo intenso de "possuir", a pressa, o medo do outro ser humano, a
pressão diária que as pessoas bem-sucedidas se impõem inegavelmente podem
20
afetar sua qualidade de vida que cerceada pela insegurança e pela incerteza,
necessariamente fica aquém do que se almeja como uma vida prazerosa e
satisfatória.
Lipp e Rocha (2007c) sustentam a idéia que, a qualidade de vida pode ser
considerada saudável se tiver indícios de sucesso nestes quatro quadrantes: social,
afetivo, profissional e saúde. Desse modo, se um deles for avaliado como excelente
e os demais como deficitários não se pode considerar que a vida esteja aceitável.
A relação entre stress e qualidade de vida tem recebido atenção dos
pesquisadores brasileiros, como Curcio (1991), Malagris (1992) e Silva (1992). A
terminologia “qualidade de vida” é um estado de bem-estar físico, mental e social e
não apenas a ausência de doenças. As pessoas consideradas felizes atribuem sua
plenitude ao sucesso alcançado nas quatro áreas (social, afetiva, saúde e
profissional).
Fleck et al. (2008) enfatizam que a última década presenciou o crescimento
exponencial da produção científica sobre qualidade de vida. Mesmo em questões
conceituais e psicométricas importantes, esse crescimento demonstra o interesse e a
pujança da pesquisa na área.
Kaplan (1995) e Lipp (1997) enfatizam que o stress pode contribuir para a
ontogênese de várias doenças físicas e psiquiátricas. também indicação de que
um estado prolongado de stress possa interferir no bem-estar psicológico, bem como
a qualidade de vida do ser humano.
Outro fator que essencialmente oferece uma visão diferenciada sobre a vida é o
fato de que a longevidade do homem está aumentando consideravelmente, e isso
21
leva à reflexão sobre como aproveitá-la de maneira plena (Lipp & Rocha, 2007c).
A par dessas considerações, nota-se que a qualidade de vida apresenta
intersecções com vários conceitos, mas seu fator mais intrínseco, ou seja, a saúde
tem sido apontada como o seu grande diferencial e de sua particular importância nas
demais áreas.
Segundo Lipp (1996), a qualidade de vida significa muito mais do que apenas
viver, pois muitas pessoas, mesmo as bem sucedidas financeiramente, às vezes,
têm uma péssima qualidade de vida. Isso porque conceitua-se como o viver bom e
compensador nas quatro áreas: social, afetiva, profissional e saúde. Para desfrutar
de uma boa qualidade de vida, torna-se necessário que a pessoa tenha sucesso e
equilíbrio em todas essas áreas.
Fleck et al. (2008) sugerem que o conceito de qualidade de vida, na área da
saúde, encontre outros estudos presentes, os quais tiveram um desenvolvimento
independente e cujos limites não são claros, apresentando várias intersecções.
Alguns são distorcidos por uma visão eminentemente biológica e funcional, como
status de saúde, status funcional e incapacidade/deficiência; outros são
eminentemente sociais e psicológicos, como bem-estar, satisfação e felicidade.
Lipp e Rocha (2007c) enfatizam que, graças aos estudos e pesquisas de
profissionais ligados à área da saúde, o ser humano está se conscientizando, cada
vez mais, da relação e da importância que o estilo de vida tem com uma qualidade
de vida mais satisfatória, isto é, descobrindo que viver bem significa muito mais do
que apenas estar vivo. Entretanto, não basta ter muito sucesso na carreira ou
na área social, pois todo ser humano precisa usufruir de vida de qualidade nos
22
quatro segmentos. Aos quadrantes, pode-se também adicionar a espiritualidade que,
necessariamente, não se refere a uma ou outra religião específica, mas sim a um
sentimento de paz interior, a uma compreensão da sua missão na vida e no mundo.
Alves (2008) diz que a qualidade de vida está relacionada à auto-estima, ao
bem-estar pessoal, abrangendo aspectos como: a capacidade funcional, a interação
social, o nível sócio-econômico, estado emocional, a atividade intelectual, o suporte
familiar, o estado de saúde, os valores culturais e éticos, a religiosidade, o estilo de
vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que
se vive.
A qualidade de vida pode ser entendida como o espírito da tradição que
convive com a possibilidade permanente de renovação e que resulta da multiplicação
das possibilidades existenciais de cada um (Medeiros, 1994).
Outro fato de grande importância para o bem-estar do ser humano está ligado
aos relacionamentos amorosos, aspecto central da vida adulta, que a qualidade
dos mesmos tem implicações na saúde emocional, física e profissional de homens e
mulheres (Norgren et al., 2004).
Tanganelli (2007) relata que quando um casal inicia um relacionamento, vai
surgindo um conjunto de crenças e expectativas desenvolvidas em função de sua
biologia, de sua cultura, dos modelos que teve na sua vida e do resultado de suas
experiências com o meio em que atuou e atua. A situação socioeconômica, a cultura
e o conjunto de crenças de cada um associados às dificuldades externas podem
levar os membros do casal a se estressarem mutuamente.
23
MITOS CONJUGAIS
Como os mitos conjugais podem interferir no Stress e na Qualidade de Vida no
contexto matrimonial
Silva (2006) aponta que, o relacionamento amoroso é frequentemente
abordado nas conversas, literatura, novelas, filmes e músicas. Um dos motivos de
grande interesse por este tema é que os acontecimentos nesta área têm implicações
para a vida do indivíduo e para o futuro da humanidade.
Lazarus (1992) afirma que a maioria dos casais se une com o coração cheio
expectativas e idealizações irreais. Além de outros sentidos, o matrimônio é
essencialmente uma relação e, para alguns é uma vocação que exige dedicação
total.
As esperanças e o estímulo dos pais e de outros parentes, ao lado da
expectativa da comunidade de que o casal permanecerá unido, agem como
pressões que vêm de fora. Por sua vez, o retrato do casamento idealizado pela mídia
também não prepara os casais para enfrentar os desapontamentos, as frustrações e
os atritos. Tão logo os desentendimentos e conflitos transformam-se em rancores e
ressentimentos, implicando para que o njuge antes visto como amante, aliado e
companheiro passa a ser considerado como um adversário (Beck, 1995).
Tanganelli (2007) afirma que inúmeras vezes os efeitos dos conflitos levam,
além do desgaste do relacionamento, à tomada de decisões precipitadas que podem
culminar com separações que, não raramente, se revertem em arrependimentos
futuros.
24
Os recém-casados, ajudados pela onda inicial de amor e de romantismo,
direcionam suas expectativas para um casamento bem-sucedido. Muitas vezes
acreditam, ao menos inicialmente, que sua relação é “diferente” e que o profundo
amor e otimismo que os une haverão de sustentá-los. Cedo ou tarde, contudo,
muitas vezes se vêem despreparados para enfrentar os problemas e conflitos que,
gradualmente, vão se acumulando. Assim, vão tomando consciência de uma
intranqüilidade, de uma frustração e de mágoas crescentes não raro sem saber
exatamente onde se localiza o problema (Beck, 1995).
Scribel Sana e Benedetto (2007) dizem que todos os tipos de relacionamento
humano subentendem algum grau de conflito. A relação conjugal, como modelo
adulto de intimidade, condensa expectativas de satisfação de muitas necessidades
antigas, oriundas de relações primitivas que, armazenadas ao longo dos anos,
renascem com a esperança de redenção na interação com o parceiro. Este é o
fenômeno que torna complexo o casamento: o fato de as pessoas atribuírem ao
outro e à própria relação a condição de resolver suas necessidades internas, muitas
vezes contraditórias.
Além destas demandas pessoais, geradas pelas vivências primitivas, que se
considerarem os aprendizados culturais sobre o casamento, que também contribuem
para muitas expectativas, uma vez que ele é visto como um caminho através da qual
se encontrará a satisfação pessoal (Sana & Scribel, 2004).
Retratando acerca das grandes questões sobre o amor, Shinyashiki e Dumêt
(2002), pág. 23 refletiram sobre a seguinte frase:
25
“Amar é, sobretudo, comprometer-se sem garantias, entregando-se
completamente, na esperança de que esse sentimento produza eco na pessoa a
quem o mesmo é dirigido”.
Com tal afirmativa Rollo May (1982) defende o exercício da liberdade na
relação amorosa. No entanto, percebe-se que as considerações realizadas pelo
autor acima, estão bem distanciadas da realidade, pelo menos no que se refere a
tratar essa relação de forma quase poética, afirmando o mito do amor romântico,
quando recorrem a belas frases e palavras edulcoradas para defini-lo.
Calais (2001) enfatiza que, possivelmente, tanto os homens quanto as
mulheres são educados para a realização desse mito. Confrontam-se na convivência
diária, percebendo a distância entre o relacionamento idealizado e o que vivenciam.
Para uns, esse encontro com o real acarreta tanta frustração que, muitas vezes,
precipita a busca da realização de novos sonhos traduzidos em aventuras
extraconjugais. Para outros, a constatação da realidade pode ser importante
aprendizado da arte do relacionamento a dois.
Para Tanganelli (2007) é praticamente impossível pesquisar o relacionamento
amoroso sem levar em conta as diferenças de percepção entre homens e mulheres
com relação ao sexo, condição financeira, amor, casamento, filhos e intimidade. A
maneira como os cônjuges aprendem a interpretar esses aspectos e as diferentes
expectativas que ambos têm a respeito do amor dão origem a inúmeros conflitos que
levam ao stress.
Diferentes percepções que podem levar o casal a altos níveis de stress:
A auto-estima da esposa está muito relacionada com o fato de doar-se aos
outros. Ocorre que, muitas vezes, ela se questiona se houve uma doação suficiente
26
por parte de si mesma. Assim, tende a se estressar, sofrendo com altos níveis de
cobrança e insatisfação, que se potencializam na medida em que o parceiro passa a
lhe fazer mais exigências.
Ao contrário da mulher, o senso de identidade dos homens está baseado na
realização de objetivos econômicos e sociais, mais do que nas realizações pessoais,
e dessa forma, doar-se aos outros não é prioridade em sua vida. Por outro lado, o
sucesso na área profissional exige repressão dos sentimentos e, por isso, os
homens tendem a desenvolver um comportamento controlado. Muitas vezes as
mulheres interpretam esta atitude como ausência de amor, tornando-se mais
vulneráveis ao stress.
falta de clareza em relação à comunicação entre os njuges, pois não
conseguindo lidar com a emotividade das parceiras os homens optam por se afastar,
na tentativa de lidar à distância com a situação que se tornou muito estressante.
Enquanto as mulheres buscam mudanças, os homens procuram restabelecer
o equilíbrio interior, levando suas queixas para o nível das discussões lógicas,
gerando inúmeros conflitos quando não há entendimento.
Beck (1995) aponta vários aspectos influenciando a precipitação de stress entre
os casais, tais como: nascimento de filho (a), ajustes de convivência no primeiro ano
de casamento, interferência das famílias de origem, adolescência dos filhos e
aposentadoria de um dos cônjuges.
Segundo o mesmo autor, o pensamento disfuncional pode gerar várias
distorções influenciando na precipitação de períodos de stress entre o casal. No
entanto, isto ocorre, na maioria das vezes, devido às dificuldades de uma
27
comunicação objetiva e clara entre eles. Frases e palavras omitidas, meias
verdades, pontos-de-vista categóricos transformam-se em barreiras que povoam os
pensamentos do casal e colaboram para que o relacionamento permaneça sob
tensão constante.
Dattilio e Padesky (1995) acreditam que os desajustes conjugais podem estar
relacionados às expectativas irreais e às exigências exageradas mantidas por cada
cônjuge acerca do casamento, fazendo com que avaliem a interação de forma
extremamente negativa quando estão insatisfeitos.
Além das dificuldades do relacionamento conjugal, existem os mitos conjugais,
isto é, as crenças errôneas que o casal tende a desenvolver frente ao novo
relacionamento amoroso e que podem desequilibrar a harmonia conjugal.
A seguir encontram-se 24 mitos conjugais pesquisados pelo psicoterapeuta
Arold Lazarus (1992).
Mito 1 – Marido e esposa são os melhores amigos
O matrimônio se sobrepõe à amizade, mas o é sinônimo dela. O matrimônio
é compartilhar intimidade e a amizade é compartilhar o íntimo afetivo.
Mito 2 – O romantismo do casal faz o bom matrimônio
O matrimônio não é um interlúdio romântico, é uma relação prática e séria. As
pessoas têm que aprender a substituir o amor romântico pelo afeto conjugal. Assim,
tomar consciência dessas verdades é construir as bases de um casamento pleno de
êxito.
28
Mito 3 – Uma relação extraconjugal destrói o casamento
As pessoas envolvem-se em relações extraconjugais por várias razões que
podem ser saudáveis ou doentias; somente algumas delas refletem conflitos
matrimoniais.
Mito 4 – Quando se sentir culpado, confesse
A pessoa que se sentir culpada por uma aventura deve desabafar com outra
pessoa e jamais com o próprio cônjuge.
Mito 5 – O marido e a esposa devem fazer tudo juntos
Quando um casal faz tudo junto partilha todas as coisas e não aceita viver
experiência alguma sem a participação do outro; eles deixam de funcionar como
indivíduos e formam um casal. Quando duas pessoas se fundem completamente
formando um só, a relação poderá causar um grande sufoco emocional.
Mito 6 – Temos que lutar para salvar o casamento
O casamento pede mudanças e adaptações que não são precisamente um
"trabalho". Um bom casamento requer dedicação, que não se traduz por trabalho
duro e sacrifícios, o casamento baseia-se em concessões mútuas.
Mito 7 – Num bom relacionamento, um tem confiança total no outro
Os matrimônios amadurecidos geralmente não se baseiam na confiança total.
Eles têm por base uma insegurança fundamental. É mais realista acreditar que o
nosso cônjuge é um ser humano fiel, porém sujeito a falhas e deslizes.
29
Mito 8 – Você deve fazer o outro feliz no casamento
Sermos responsáveis pela nossa própria satisfação e realização, aumenta as
possibilidades de vida, em geral, e do matrimônio torna-se gratificante. Não é
obrigação de o cônjuge fazer o outro feliz; cada cônjuge deve responsabilizar-se pela
alegria, jovialidade e energia a vivenciar no decorrer de sua vida.
Mito 9 Num bom relacionamento, esposo e esposa podem descarregar
"tudo" no outro
As relações íntimas requerem a mesma cortesia, educação e respeito que
estamos dispostos a oferecer a estranhos.
Mito 10 Os bons maridos consertam tudo em casa e as boas esposas
fazem a limpeza.
Essa expectativa tende a ser prejudicial, porque o (a) njuge que acredita que
seu (sua) parceiro (a) não cumpra com suas tarefas no momento certo e de maneira
adequada pode estar faltando com suas obrigações conjugais podendo ocasionar o
conflito conjugal.
Mito 11 – Ter um filho melhora um mau casamento
Em geral, as crianças tendem a consolidar e enriquecer um bom matrimônio.
Em um matrimônio desajustado, esta carga adicional serve para agregar mais
conflitos. O aparecimento de um bebê é uma fonte de crise e exigências novas que
sobrecarregam o casamento.
30
Mito 12 – O matrimônio deve ser uma sociedade 50%-50%
O ponto de vista que alguns casais deixam de perceber é que, enquanto ser
humano apresenta igualdade entre si, ao mesmo tempo cada um é diferente de si.
Dessa forma, qualquer outra combinação pode ser mais adequada do que uma
divisão extremista em relação às despesas financeiras.
Mito 13 – O matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos
Um bom casamento pode ser um detalhe importantíssimo e desejável para a
vida plena, mas não é, de forma nenhuma, essencial.
Mito 14 Os que amam de verdade adivinham os pensamentos e
sentimentos do outro
É importante que os cônjuges ensinem um ao outro quais as melhores formas
de convivência para os dois. Diga o que você sente, e sinta o que você diz e não
espere que o seu cônjuge tenha que ler a sua mente.
Mito 15 – Um casamento infeliz é melhor do que um lar desfeito
Matrimônios vazios sobrevivem por pressões sociais ou "pelo bem das
crianças", e quando isto acontece, as crianças se tornam desamparadas porque
suas necessidades emocionais são esquecidas. Uma separação bem resolvida não
será motivo de crise para os filhos.
Mito 16 As ambições do marido são mais importantes do que a
profissão da mulher
31
Ambos, homens e mulheres são capazes de cuidar dos seus parceiros, terem
amizades, cuidar da casa e preservar a sua identidade profissional. Trata-se de um
erro da mulher deixar sua profissão para cumprir as obrigações domésticas, e, mais
tarde, pode sofrer e cobrar por isso.
Mito 17 Se a (o) esposa (o) quer deixá-lo (a), "faça tudo para impedí-la
(o)"
A destruição do casamento é quase sempre um problema sério e por isso é
fácil compreender porque tantos casais não querem deixar um companheiro ir
embora. Se um dos njuges quer desmanchar o casamento, porém acaba
continuando por piedade, medo, dinheiro, culpa - que tipo de união é essa?
Mito 18 – Um amor que já morreu, às vezes pode renascer
O amor não pode ser manipulado, quando ele morre, está morto. Se existir um
pequeno companheirismo, qualquer vestígio de afetividade conjugal ou
compreensão humana é meritória a tentativa de se evitar a separação; mas muitos
casamentos repulsivos sobrevivem com relutância porque os cônjuges se apegam
um ao outro por causa de seus medos neuróticos.
Mito 19 – Competição entre marido e esposa estimula o casamento
A competição corrói a essência do companheirismo e da confiança que são a
base de um feliz casamento. A atitude competitiva diminui a reciprocidade, o esforço
conjunto e as metas de um casal equilibrado.
32
Mito 20 – Você deve transformar seu cônjuge numa pessoa melhor
Prefira se casar quando for possível ter, como base o amor e a compatibilidade,
quando os interesses, atitudes e sentimentos vividos dependem de pequenos
ajustes, mas nunca de mudanças radicais.
Mito 21 – Os opostos se atraem e se completam
Os opostos podem se atrair devido aos seus diferentes estilos de vida. Como
amigos ou amantes, eles geralmente se relacionam bem por curto período de tempo,
quando encontram uma relação complementária que neutralize suas carências e
falhas. Porém, quando se casam, essas diferenças entram em choque e os colocam
frente-a-frente com suas diferenças fundamentais.
Mito 22 – Os casais não devem revelar seus problemas a estranhos
Ao fazer confissões com pessoas estranhas, os casais podem achar soluções
construtivas para suas dificuldades.
Mito 23 – Não tenha sexo se estiver com raiva
Os que acham que o sexo e o amor devem caminhar juntos e que a irritação e
o ressentimento devam ser eliminados antes da relação sexual amorosa serão
frustrados. Os casais que aprendem a vivenciar uma variedade de alternativas
sexuais como o sexo amoroso, erótico, luxuoso, brincalhão e amesmo o sexo
raivoso poderão ter menos conflitos e um casamento melhor e menos limitado em
suas possibilidades de expressão sexual.
33
Mito 24 – Conforme-se com o que você tem
Existem muitos matrimônios que podem crescer e serem mais saudáveis; isso
transforma as relações difíceis em satisfatórias e mais felizes. Os que acreditam que
nada pode ser feito para melhorar tais casamentos, geralmente estão equivocados.
Wagner e Falcke (2005) destacam que os mitos conjugais são construções que
vão se estabelecendo como verdades ao longo do tempo, mesmo que sejam
permeadas pela irracionalidade.
Em relação à satisfação na conjugalidade, até a década de 60 os estudiosos
visavam predizer a viabilidade das relações conjugais, analisando as características
prognósticas; a partir de então, propuseram-se a construir modelos, avaliando os
relacionamentos em si mesmos, na busca de uma compreensão mais ampla dos
processos envolvidos nas relações satisfatórias (Norgren et al., 2004).
Satisfação conjugal é um conceito subjetivo, que implica em ter atendidas as
próprias necessidades do casal, assim como corresponder, em maior ou menor grau
ao que o outro espera. Relacionam-se com sentimentos e sensações de bem-estar,
companheirismo, afeição e segurança, fatores que propiciam intimidade no
relacionamento, em decorrência da congruência entre as expectativas e aspirações
que os cônjuges apresentam, em relação à realidade vivenciada no casamento
(Norgren et al. 2004).
Scribel et al. (2007) enfatizam que na busca do entendimento da complexidade
das relações amorosas deve-se considerar que o ser humano trava lutas internas
com desejos e necessidades não atendidas e sentimentos dolorosos, no entanto, o
ser humano dispõe de uma variedade de mecanismos auto-protetores, que são
formas específicas de lidar com essas experiências. Sabe-se que a maioria desses
34
desejos não realizados e sentimentos dolorosos envolvem outra pessoa. A
construção dessas estratégias auto-protetoras estão ligadas à forma como a pessoa
lida com as necessidades mais elementares tais como: cuidado e proteção, base
para a estruturação da personalidade e que exercem influência no tipo de
relacionamento amoroso que se estabelecerá na vida adulta.
Norgren et al. (2004), afirmam que quando se pensa em relacionamentos
conjugais de longa duração, com mais de 20 ou 25 anos, deve-se considerar que
estes casais já passaram por várias transformações na sua relação conjugal e
familiar. Quanto à fase do ciclo de vida familiar, se tiverem filhos, eles podem ser
adolescentes, jovens ou adultos e os próprios cônjuges devem estar, pelo menos, na
meia idade. Apesar de, atualmente, este período ser visto como época de novas
oportunidades e expansão de vida é momento também de rever o que foi feito até
então: conquistas, ganhos, decepções e perdas; portanto, de projetar e redirecionar
o futuro, corrigir o rumo, e por que não o casamento. Na fase do ciclo vital familiar
que envolve os casais idosos, o cuidado dos filhos deixa de ser uma tarefa central, a
vida profissional perde destaque ou se interrompe e os cuidados com a saúde se
intensificam. Seja como for, em ambas as fases o casal tem mais tempo para ficar
juntos.
Beck (1995) relata que a queixa conjugal está presente não nas terapias de
casal, como também faz parte, com freqüência, da motivação que leva as pessoas à
psicoterapia. O stress causado pelos desajustes conjugais contribui para o
surgimento de diferentes transtornos emocionais, sendo os mais comuns os quadros
depressivos e de ansiedade.
35
Um dos requisitos principais para um bom funcionamento de um casal é a
adaptabilidade que entre eles, que faz com que haja um equilíbrio entre manter
uma estrutura estável e, ao mesmo tempo, flexibilidade em respostas às mudanças
da vida. O casal deve estabelecer regras claras que devem ser mudadas e
renegociadas de acordo com as mudanças ocorridas no ciclo de vida.
Sendo assim, a presente pesquisa visa proporcionar uma discussão sobre a
importância do estudo em relação ao casamento, verificando sua qualidade de vida,
a presença do stress e quais os mitos conjugais que interferem no matrimônio, a fim
de contribuir para a implementação de programas que possam enriquecer a
qualidade de vida do casal.
36
OBJETIVOS
Objetivo Geral:
O objetivo principal do presente trabalho foi verificar a associação entre
presença de mitos conjugais, stress e nível de qualidade de vida em casais com até
7 (sete) anos de casados.
Objetivos Específicos:
1) Avaliar o nível de stress nos membros dos casais;
2) Avaliar a qualidade de vida dos cônjuges;
3) Verificar se existem associações entre stress e qualidade de vida e os
mitos conjugais.
37
MÉTODO
Participantes
O presente estudo foi realizado com 30 participantes em um total de 15 casais
(15 homens e 15 mulheres) entre 19 anos e 37 anos, com média de idade de 28,23 e
desvio padrão 4,49.
A pesquisa desenvolveu-se na residência dos participantes; após concordância
de participação voluntária de ambos os cônjuges, o casal foi incluído na pesquisa.
Critérios de Inclusão:
Faixa etária mínima de 18 anos; essa faixa etária foi escolhida devido à
capacidade plena ser alcançada nessa idade;
Nível de escolaridade acima do Ensino Fundamental I, para garantir a
compreensão dos instrumentos utilizados na realização da pesquisa;
Estar convivendo com o companheiro (a) num período de até sete anos; esse
critério foi observado, pois, com o início do casamento, são muitas as
expectativas em torno deste novo ideal de conjugalidade, criando
idealizações. No entanto, ao longo da vida conjugal essas ansiedades tendem
a desaparecer decorrentes do processo de adaptação;
Ter no mínimo 1 (um) filho (a); visto que num período de até sete anos de
matrimônio, é mais frequente encontrar casais com filhos;
Não estar fazendo terapia conjugal;
Não possuir distúrbio psiquiátrico grave previamente diagnosticado;
38
Ter disponibilidade de tempo para participar das avaliações durante a
pesquisa;
Concordar em participar do estudo voluntariamente.
Material
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
Formulário para a coleta de dados de identificação (Anexo B):
Este formulário apresentou questões sobre: sexo, idade, escolaridade,
profissão, duração do casamento, se o casamento foi oficial ou não, número de
filhos, idade dos filhos e quantos filhos moram com o casal.
Inventário de Sintomas de Stress para Adultos - ISSL (Lipp, 2000):
O Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL) foi validado por Lipp e
Guevara em 1994, e publicado pela Casa do Psicólogo (Lipp, 2000). Compõe-se de
53 itens sendo 34 físicos e 19 psicológicos, divididos em três quadrantes. O primeiro
quadrante indica sintomas experimentados nas últimas 24 horas, sendo doze
sintomas físicos e três psicológicos. O segundo indica sintomas experimentados na
última semana, sendo dez sintomas físicos e cinco psicológicos. O terceiro quadro
indica sintomas experimentados no último mês, sendo doze sintomas físicos e onze
psicológicos. O instrumento divide-se em três partes sendo que a primeira evidencia
a existência ou não do stress, a segunda investiga a fase de stress que a pessoa se
encontra - alerta, resistência, quase exaustão ou exaustão - e a terceira indica qual a
área de maior manifestação dos sintomas - físicos e/ou psicológicos.
39
A avaliação do instrumento foi realizada através do uso de tabelas que
transformam os dados brutos em porcentagens para facilitar a análise dos dados
obtidos.
Inventário de Qualidade de Vida Lipp (1989), Lipp e Rocha (1996) (Anexo
C):
Este instrumento foi publicado por Lipp e Rocha em 1996, utilizado com o
objetivo de avaliar o nível de qualidade de vida dos participantes, considerando o
sucesso alcançado pela pessoa em quatro áreas de sua vida denominada
“quadrantes da vida”. São elas: social, afetiva, profissional e saúde. Considera-se
que o indivíduo tem uma boa qualidade de vida se obtiver sucesso nas quatro áreas,
pois se apresenta sucesso apenas em uma delas, isto implica em fracasso nas
outras.
O inventário de qualidade de vida avalia as seguintes áreas:
I – Quadrante Social;
II – Quadrante Afetivo;
III – Quadrante Profissional;
IV – Quadrante Relacionado à Saúde.
Perfazem um total de 45 questões, sendo 10 nos quadrantes I,II e III e 15 no
quadrante IV. Cada quadrante possui itens que podem ser tanto positivos como
negativos aos quais os participantes respondem sim ou não de acordo com o que
acontece na sua realidade. O total de respostas indica o sucesso ou fracasso obtido
em cada área.
40
Questionário para Casais (Anexo D):
Este questionário foi baseado no livro “Mitos Conjugais” do autor “Arnald
Lazarus” (1992), o qual é composto por 24 expectativas referentes ao matrimônio.
Escala Analógica Visual (EAV) (Anexo E):
A Escala Analógica Visual (E.A.V.) cuja autoria o foi possível estabelecer na
literatura, tem sido utilizada para avaliar a intensidade da dor, sendo considerada
eficiente e pouco invasiva, devido à sua subjetividade (Arntz & cols, 1991, Darini,
1991; Arntz, 1996; Angilotti, 1999). Trata-se de uma linha de 10 centímetros que
pode ser utilizada tanto na orientação vertical quanto na horizontal. No extremo
esquerdo aparece a designação “sem dor” e no extremo direito “dor insuportável”
(McGrath & Unruh, 1994; Williams, 1996). O participante é solicitado a marcar
livremente um ponto que indique a intensidade da dor que sente. É amplamente
utilizada tanto em crianças quanto em adultos, pois requer pouca instrução ao ser
aplicada (Price & Harkins, 1992).
Embora a EAV seja mais comumente utilizada para avaliar a dor, tem sido
também empregada na avaliação de outros estados subjetivos, como por exemplo,
na área do stress emocional (University of Manchester, 1987) e também em juízes
do trabalho (Lipp & Tanganelli, 2002).
Além dos instrumentos mencionados, o material incluiu também um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os participantes (Anexo A):
O termo de consentimento Livre e Esclarecido contém explicações sobre os
objetivos da pesquisa e a assinatura do participante desde que seu
41
consentimento. Esse termo foi elaborado de acordo com as normas estabelecidas
pela Resolução 196/96 do CNS e pelo Conselho Federal de Psicologia de dezembro
de 2000 e foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUC-Campinas (parecer 179/09).
Local
As avaliações psicológicas foram realizadas nas residências dos participantes.
Procedimento:
Inicialmente, o contato foi realizado com cada cônjuge, separadamente,
explicando como seria realizada e a qual a sua finalidade, isto é, serviria para a
Dissertação de Mestrado em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, cujo objetivo era obter informações sobre o stress e qualidade de vida em
função do relacionamento conjugal.
Estando acordes, os casais preenchiam o termo de consentimento livre e
esclarecido para a participação na pesquisa, bem como para a utilização dos dados
coletados, (anonimamente), em publicações.
A seguir, a pesquisa foi realizada, individualmente, com cada membro do
casal, aplicando-se os seguintes instrumentos na seguinte ordem: Inventário de
Sintomas de Stress para Adultos de Lipp ISSL, Inventário da Qualidade de Vida,
Questionário para Casais e Escala Analógica Visual. Não houve definição de tempo
limite para o término da aplicação de instrumentos.
Quanto às verbalizações dos participantes durante o período em que
estiveram respondendo ao Questionário para Casais (Anexo D), a pesquisadora
anotou o que foi dito para posterior análise de conteúdo.
42
MÉTODO DE ANÁLISE DOS DADOS
Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo, foram
feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas (sexo, escolaridade, ...), com
valores de frequência absoluta (n), percentual (%), e estatísticas descritivas das
variáveis contínuas (idade, tempo de casamento, ...), com valores de média, desvio
padrão, valores mínimo e máximo, mediana e quartis.
Para comparação das variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-Quadrado
de Pearson, ou o teste exato de Fisher (na presença de valores esperados menores
que 5). Para comparar as variáveis numéricas entre dois grupos foi utilizado o teste
de Mann-Whitney, devido à ausência de distribuição Normal das variáveis.
Para analisar a relação entre as variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente
de correlação de Spearman, devido à ausência de distribuição Normal das variáveis.
O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja,
p<0.05.
Para análise estatística foi utilizado o programa computacional The SAS
System for Windows (Statistical Analysis System), versão 8.02.
43
RESULTADOS
Faixa etária dos Homens
A distribuição da amostra por faixa etária está apresentada na Tabela 1. A
maior representatividade foi a da faixa etária abaixo de 30 anos. A média de idade foi
de 29 anos, com desvio padrão de 4,69 sendo que a idade mais baixa foi de 22 anos
e a mais alta de 37 anos.
Tabela 1. Descrição da faixa etária da amostra dos homens
Idade Frequência Porcentagem (%)
<30 9 60%
>=30 6 40%
Média de idade: 29,33
Faixa etária das Mulheres
A distribuição da amostra por faixa etária está apresentada na Tabela 2. A
maior representatividade foi a da faixa etária abaixo de 30 anos. A média de idade foi
de 27 anos, com desvio padrão de 4,16 sendo 19 a menor idade e 33 anos a maior
idade, como demonstra a seguir na Tabela 2.
Tabela 2. Descrição da faixa etária da amostra das mulheres
Idade Frequência Porcentagem (%)
<30 10 67%
>=30 5 33%
44
Média de idade: 21,13
Escolaridade dos Homens
Como pode ser observada na Tabela 3, a maior parte dos homens possuía o 2º
grau completo 40%, enquanto 27% da amostra possuíam o grau incompleto, 13%
o 1º grau incompleto, 13% o 3º grau completo, e apenas 7% o 2º grau incompleto.
Tabela 3. Descrição da escolaridade dos homens
Escolaridade Frequência Porcentagem (%)
1º grau incompleto 2 13%
2º grau incompleto 1 7%
2
º grau completo 6 40%
3º grau incompleto 4 27%
3º grau completo 2 13%
Escolaridade das Mulheres
A Tabela 4 apresenta o detalhamento da escolaridade das mulheres, nela
pode ser verificado que a maioria de 53% possuía ograu completo, 13% o 2º grau
incompleto e o 3º grau incompleto e, por último 20% possuíam o 3º grau completo.
45
Tabela 4. Descrição da escolaridade das mulheres
Escolaridade Frequência Porcentagem (%)
2º grau incompleto 2 13,33%
2 grau completo 8 53,33%
3º grau incompleto 2 13,33%
3º grau completo 3 20,01%
Profissão da amostra geral
No que se refere à ocupação profissional, 17% dos 30 sujeitos exerciam o
cargo de auxiliar administrativo.
Stress dos Homens
O ISSL utilizado permitiu identificar os sintomas apresentados pelos homens e
avaliar se eles tinham ou não o diagnóstico de stress, o tipo de sintoma prevalente
(físico ou psicológico) e a fase do stress na qual eles se encontravam.
Nesta amostra, de acordo com os resultados do ISSL, 33% encontravam-se
estressados, enquanto que 67% dos homens não apresentaram stress, Dentre os
homens estressados, 60% possuem idade abaixo de 30 anos com grau completo
e, 80% deles possuem união oficializada com um filho, com idade mínima de um
ano.
Stress das Mulheres
De acordo com os dados do ISSL, 73% das mulheres apresentaram-se
estressadas, enquanto que 27% não se encontraram estressadas. Dentre as
46
mulheres com stress, 73% possuíam idade abaixo de 30 anos com união
oficializada, 64% das mulheres apresentaram grau completo com um filho com
idade a partir de um ano. Vale ressaltar que o maior número de sintomas do ISSL
esteve presente na amostra feminina.
Observa-se na Figura 1 a porcentagem de stress da amostra geral com relação
à incidência de stress.
0
2 0
4 0
6 0
F e m in in o
M a s c u li n o
Stress emocional (%)
S e x o
N ã o
S im
Figura 1. Porcentagens de stress na amostra
Fases do Stress dos Homens
Quanto às fases do stress, a Figura 2 expõe respectivas porcentagens dos
homens, sendo possível verificar que a maior parte não apresentou stress 67%,
enquanto que 33% encontravam-se na fase de resistência.
47
67%
33%
Sem Stress
Resistência
Figura 2. Fases de stress dos homens
Fases do Stress das Mulheres
Na Figura 3 são ilustrados os resultados das mulheres referentes às fases do
stress. É possível constatar que a maior parte das mulheres encontrava-se na fase
de resistência do stress 67%, enquanto 7% encontravam-se na fase de quase
exaustão e, apenas 27% não apresentaram stress.
48
67%
7%
27%
Resistência
Quase-exaustão
Sem Stress
Figura 3. Fases de stress das mulheres
Predominância de sintomas dos Homens
Avaliou-se o tipo de sintomas de stress mais frequentes nos homens. Como
pode ser observada na Figura 4, a maior parte dos homens apresentaram sintomas
psicológicos 80% e, apenas 20% apresentaram sintomas psicológicos e físicos.
80%
20%
Sintomas Psicológicos
Sintomas Físicos e
Psicológicos
Figura 4. Predominância de sintomas de stress na amostra masculina
49
Conforme os resultados do ISSL os três sintomas psicológicos e físicos de
stress mais frequentes nos homens são apresentados nas Tabelas 5 e 6. Nota-se
que o total das percentagens não soma a 100%, pois era possível que o mesmo
participante tivesse mais de um sintoma.
Tabela 5. Três sintomas de stress psicológicos mais frequentes na amostra
masculina
Sintomas Frequência Porcentagem (%)
Sensibilidade emotiva excessiva 8 53%
Apatia, depressão ou raiva prolongada 6 40%
Vontade de fugir de tudo 6 40%
Tabela 6. Três sintomas de stress físicos mais frequentes na amostra masculina
Sintomas Frequência Porcentagem (%)
Sensação de desgaste físico constante 5 33%
Aparecimento de problemas dermatológicos 4 27%
Cansaço constante 4 27%
Predominância de sintomas das Mulheres
Dentre as mulheres estressadas, 73% apresentaram sintomas psicológicos,
seguidos dos sintomas físicos 18%, e físicos e psicológicos juntos 9% como pode ser
verificado na Figura 5.
50
73%
18%
9%
Sintomas Psicológicos
Sintomas Físicos
Sintomas Físicos e
Psicológicos
Figura 5. Predominância de sintomas de stress na amostra feminina
Na tabela 7 e 8 são ilustrados os três sintomas psicológicos e físicos de stress
mais frequentes na amostra feminina.
Tabela 7. Três sintomas de stress psicológicos mais frequentes na amostra feminina
Sintomas Frequência Porcentagem (%)
Pensar constantemente em um só assunto 10 67%
Sensibilidade emotiva excessiva 10 67%
Diminuição da libido 8 53%
51
Tabela 8. Três sintomas de stress físicos mais frequentes na amostra feminina
Sintomas Frequência Porcentagem (%)
Sensação de desgaste físico constante 9 60%
Problemas com a memória 9 60%
Cansaço constante 8 53%
Qualidade de Vida dos Homens
A partir dos resultados obtidos do IQV é possível observar que as áreas com
maior sucesso foram: a afetiva com 80%, a profissional com 60% e, por último, a
social com 53%. No entanto, a área da saúde merece destaque, pois se mostra
afetada obtendo fracasso de 87% evidenciando que os homens não estão praticando
hábitos saudáveis, o que pode conduzi-los a um enfraquecimento do organismo.
Na Figura 6 são ilustrados, quanto à amostra masculina, os resultados dos
quadrantes relacionados tanto ao sucesso como ao fracasso.
53%
80%
60%
13%
47%
20%
40%
87%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Social Afetiva Profissional Saúde
Sucesso
Fracasso
52
Figura 6. Porcentagens do sucesso e fracasso nos quadrantes do IQV da amostra
masculina
Na Tabela 9, foram analisados os três itens mais preocupantes do IQV da
amostra masculina.
Tabela 9. Três itens mais preocupantes do IQV na amostra masculina
Itens Frequência Porcentagem (%)
Não é raro ter dor de cabeça 10 67%
Tem azia frequentemente 5 33%
Tem problemas dermatológicos 5 33%
Qualidade de Vida das Mulheres
A figura 7 mostra que as áreas com maior sucesso foram: social com 73% e
afetiva com 67% da amostra feminina. Porém, salienta-se que a área da saúde
obteve maior índice de fracasso com 87%, nivelando-se à amostra masculina, e por
fim, a área profissional com 60%.
53
Figura 7. Porcentagem do sucesso e fracasso nos quadrantes do IQV da amostra
feminina
Na Tabela 10, foram analisados os três itens mais preocupantes do IQV da
amostra feminina.
54
Tabela 10. Três itens mais preocupantes do IQV na amostra feminina
Itens Frequência Porcentagem (%)
Não faz exercício físico pelo menos 13 87%
três vezes na semana
Sofre de ansiedade ou angústia 11 73%
Não é raro ter dor de cabeça 9 60%
Na Tabela 11 encontra-se a análise estatística realizado com o teste não
paramétrico de Mann- Whitney para a comparação dos valores quanto à qualidade
de vida na área afetiva e a idade dos filhos. Foram aceitas como significativas
diferenças com p0,05.
Pelos resultados obtidos verifica-se uma associação estatisticamente
significativa entre a qualidade de vida na área afetiva e a idade dos filhos, o seja, a
idade dos filhos está relacionada ao fracasso na qualidade de vida afetiva (p=0.030),
sendo que quanto mais velhos os filhos, maior o comprometimento da área afetiva
relacionada as mães.
Tabela 11. Comparação dos valores entre IQV afetivo (sucesso x fracasso) e idade
dos filhos
Sucesso Fracasso
Variável nº média d.p. mín mediana máx Variável nº média d.p. mín mediana máx valor-p*
Idade 22 1.38 1.28 0.08 1.31 4.00 Idade 8 2.77 1.4 1.17 2.38 5.00 p=0.030
dos filhos dos filhos
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre IQV afetivo (sucesso vs fracasso).
55
Mitos Conjugais dos Homens e Mulheres
Para avaliar os resultados obtidos no questionário para casais, somou-se o
número de participantes que responderam em cada grau de concordância com o
mito, desde a alternativa discordo plenamente a concordo plenamente. Nas Tabelas
12 e 13, podem-se verificar os mitos mais prevalentes constantes do Questionário
para casais dentre os respondentes do sexo masculino e do sexo feminino.
Tabela 12. Mitos mais prevalentes da amostra masculina X amostra feminina
MITOS CONJUGAIS MAIS PREVALENTES NOS HOMENS
Nos homens Frequência % Frequência das
Mulheres que
concordaram
com esse Mito
% das Mulheres que
concordam com
esse Mito
Mito no. 6- Temos que
lutar para salvar o
casamento.
15 100% 14 93%
Mito no. 7- Num bom
relacionamento um tem
confiança total no
outro.
15 100% 14 93%
Mito no. 8- Você deve
fazer o outro feliz no
casamento.
15 100% 13 87%
56
Tabela 13. Mitos mais prevalentes da amostra feminina X amostra masculina
MITOS CONJUGAIS MAIS PREVALENTES NAS MULHERES
Nas mulheres Frequência % Frequência dos
Homens que
concordaram
com esse Mito
% dos homens que
concordam com
esse Mito
Mito no. 2- O
romantismo do casal
faz o bom matrimônio.
14 93% 14 93%
Mito no. 3- Uma
relação extraconjugal
destrói o casamento.
14 93% 13 87%
Mito no. 6- Temos que
lutar para salvar o
casamento.
14 93% 15 100%
Em relação ao tempo do casamento as respostas dadas ao Questionário para
casais observaram-se que, quanto menor era o escore da questão 12 maior era a
duração do casamento, ou seja, quanto maior o tempo do casamento menor a
preocupação do casal relacionada à divisão das despesas financeiras (Figura 8).
1 2 3 4 5 6
1
2
3
4
5
Escore da questão 12
T e m p o d e c a s a m e n t o ( a n o s )
57
Figura 8. Comparação dos valores entre o Questionário para casais (escore da
questão 12) e o tempo de casamento
Na análise de relação entre stress e o questionário para casais, verifica-se
associação significativa entre os participantes com stress e sem stress para as
seguintes variáveis: questão 13 do questionário para casais (maior frequência de
concordo nos sem stress), e escore das questões 5 e 15 do questionário para casais
(maiores valores sem stress). A Tabela 14 mostra o resultado da análise das médias
dadas aos itens acima, de pessoas com e sem stress.
Na Figura 9 verifica-se que uma relação entre a questão 5 do Questionário
para casais e o stress, ou seja, os participantes que concordaram que, “esposo e
esposa devem fazer tudo juntos” não apresentaram stress. A média do grupo com
stress foi igual a 2,63 com desvio padrão de 1,31 e mediana de 2,00.
Enquanto que a média do grupo sem stress foi igual a 3,64 com desvio padrão
de 1,34 e mediana igual a 4,00. Os resultados indicam que houve uma diferença
Tabela 14. Comparação dos valores entre o questionário para casais e stress
Sem stress
Com stress
Variável nº média d.p. mín mediana máx
Variável nº média d.p. mín mediana máx valor-p*
Q
Q5 14 3.64 1.34 2.00 4.00 5.00
Q13 14 3.29 1.33 1.00 4.00 5.00
Q15 14 2.21 1.25 1.00 2.00 5.00
Id
Q5 16 2.63 1.31 1.00 2.00 5.00 P=0.036
Q1
Q13 16 1.94 1.00 1.00 2.00 5.00 P=0.008
Q
15 16 1.25 0.58 1.00 1.00 3.00 P=0.009
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre stress (não x sim).
58
significativa entre estes grupos (p=0,036). Para melhor compreensão desta e das
demais figuras, um resumo em anexo (anexo G) referente à interpretação do
Boxplot ou Desenho Esquemático.
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3
4
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C o m s t r e s s
S e m s t r e s s
S t r e s s e m o c i o n a l
Escore da questão 5
Figura 9. Comparação dos valores entre o questionário para casais
(escore da questão 5) e stress
Na Figura 10 observa-se que uma relação entre a questão 13 do
Questionário para casais e o stress, ou seja, os participantes que concordaram que,
“o matrimônio pode realizar todos os sonhos do casal” não apresentaram stress. A
média do grupo com stress foi igual a 1,94 com desvio padrão de 1,00 e mediana de
2,00. Enquanto que a média do grupo sem stress foi igual a 3,29 com desvio padrão
de 1,33 e mediana igual a 4,00. Os resultados indicam que houve uma diferença
significativa entre estes grupos (p=0,008).
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S e m s t r e s s
S t r e s s e m o c i o n a l
Escore da questão 13
Figura 10. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore da
questão 13) e o stress
Na Figura 11 verifica-se que uma relação entre a questão 15 do
Questionário para casais e o stress, ou seja, os participantes que concordaram que,
“um casamento infeliz é melhor que um lar desfeito” obteve resultados significativos
no grupo sem stress. A média do grupo com stress foi igual a 1,25 com desvio
padrão de 0,58 e mediana de 1,00. Enquanto que a média do grupo sem stress foi
igual a 2,21 com desvio padrão de 1,25 e mediana igual a 2,00. Os resultados
indicam que houve uma diferença significativa entre estes grupos (p=0,009).
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S e m s t r e s s
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Escore da questão 15
Figura 11. Comparação dos valores entre o questionário para casais (escore da
questão 15) e o stress
Na Tabela 15, pode-se verificar diferença significativa entre os grupos da área
afetiva no que se refere ao escore da questão 12 do questionário para casais
(maiores valores nos com sucesso p=0.036).
Tabela 15. Comparação dos valores entre IQV afetivo (sucesso x fracasso) e os mitos
conjugais
Sucesso Fracasso
Variável n média d.p. mín mediana máx Variável n média d.p. mín mediana máx valor-p*
Q12 22 2.32 1.64 1.00 2.00 5.00
Q
Q12 8 1.13 0.35 1.00 1.00 2.00 P=0.036
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre IQV afetivo (sucesso vs fracasso).
Pelos resultados obtidos verifica-se, na Tabela 16, uma diferença significativa
entre os grupos da área social no que diz respeito ao escore da questão 18 do
questionário para casais (maiores valores nos com sucesso p=0.015).
61
Tabela 16. Comparação dos valores entre IQV social (sucesso x fracasso) e os mitos
conjugais
Sucesso Fracasso
Variável n média d.p. mín mediana máx
Variável n média d.p. mín mediana máx valor-p*
Q18 19 3.89 0.94 1.00 4.00 5.00
Q18
11 2.45 1.57 1.00 2.00 5.00 P=0.015
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre IQV social (sucesso vs fracasso).
Em relação à Figura 12 verifica-se que uma associação entre a questão 18
do Questionário para casais e a qualidade de vida na área social, ou seja, os
participantes que concordaram com a questão: “Um amor que morreu, às vezes
pode renascer” obtiveram sucesso. A média do grupo com fracasso foi igual a 3,89
com desvio padrão de 0,94 e mediana de 4,00. Enquanto que a média do grupo com
sucesso foi igual a 2,45 com desvio padrão de 1,57 e mediana igual a 2,00. Os
resultados indicam que houve uma associação significativa entre estes grupos
(p=0,015).
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F r a c a s s o
S u c e s s o
Q u a l i d a d e d e v i d a n o q u a d r a n t e s o c i a l
Escore da questão 18
Figura 12. Comparação dos valores entre IQV social (sucesso x fracasso) e os mitos
Conjugais
A Tabela 17 ilustra diferença significativa encontrada entre escore das questões
4, 17 e 18 do questionário para casais (maiores valores nos com sucesso).
Tabela 17. Comparação dos valores entre IQV saúde (sucesso x fracasso) e os
mitos conjugais
Sucesso Fracasso
Variável n média d.p. mín mediana máx Variável n média d.p. mín mediana máx valor-
p*
Q4 4 4.75 0.50 4.00 5.00 5.00
Q17 4 4.00 1.41 2.00 4.50
5.00
Q18 4 4.50 0.58 4.00 4.50
5.00
Q4 26 3.92 0.89 2.00 4.00 5.00 P=0.047
Q17 26 2.19 1.13 1.00 2.00 5.00 P=0.021
Q18 26 3.19 1.39 1.00 4.00 5.00 P=0.044
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre IQV saúde (sucesso vs fracasso).
Escala Analógica Visual
A média da Escala Analógica Visual (EAV) na amostra geral foi igual a 8,17
com desvio padrão igual a 1,15 tendo o mínimo de 6,0 e máxima de 10,00 pontos. A
média da amostra masculina foi igual a 8,33 com desvio padrão de 1,11 (mínimo de
63
7,0 e máximo de 10,0). a amostra feminina obteve média de 8,0 com desvio
padrão de 1,20 obtendo mínimo de 6,0 e máxima de 10,0. Os dados obtidos na
aplicação da EAV são apresentados na Tabela 18.
Tabela 18. Comparação dos valores entre gêneros (masculino x feminino) com a
satisfação do casamento
Sucesso
Fracasso
Variável n média d.p. mín mediana máx
Variável n média d.p. mín mediana máx valor-p*
EAV 15 8.33 1.11 7.00 8.00
10.00
00
EAV 15 8.00 1.20 6.00 8.00 10.00 P=0.535
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre gêneros (masculino x feminino)
com a satisfação do casamento.
A tabela 19 mostra uma diferença significativa entre os grupos de qualidade de
vida na área da saúde no que diz respeito à satisfação no casamento.
Tabela 19. Comparação dos valores entre o IQV na área da saúde e a satisfação do
casamento
Sucesso
Fracasso
Variável n média d.p mín mediana máx
Variável n média d.p mín mediana máx valor-p*
EAV 4 9.25 0.50 9.00 9.00 10.00
E
EAV
26 8.0 1.13 6.00 8.00 10.00 P=0.032
* Valor-P referente ao teste de Mann-Whitney para comparação dos valores entre IQV de saúde (sucesso x fracasso).
64
DISCUSSÃO
O relacionamento marital representa uma relação de significação muito intensa
na vida do ser humano; porém, na medida em que um alto grau de intimidade e
envolvimento afetivo, muitos conflitos podem começar a surgir ocasionando
comprometimento na qualidade de vida do casal.
Segundo Beck (1995, p. 89)
“Muitos dos problemas vivenciados dentro do casamento também
poderiam estar relacionados às cognições disfuncionais de ambos os
parceiros. Alguns estudos ratificaram essa hipótese sobre o papel
negativo dos pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre
outros, na qualidade dos relacionamentos maritais.”
A presente pesquisa avaliou o nível de stress, a qualidade de vida e a
satisfação conjugal de quinze casais. Teve como objetivo principal verificar uma
possível associação entre stress, qualidade de vida e os mitos conjugais em casais
com até sete anos de matrimônio.
A durabilidade do relacionamento marital foi um dos critérios de inclusão do
estudo, pois com o início do casamento diversas expectativas em torno deste
novo ideal de conjugalidade, criando-se muitas esperanças e idealizações, entre elas
a idéia do casamento como condição de felicidade e realização plena. Porém, ao
longo do matrimônio essas representações tendem a desaparecer decorrentes do
processo de adaptação.
65
A partir desta pesquisa foi possível confirmar alguns resultados obtidos nos
diversos estudos realizados na atualidade.
Ao comparar a incidência de stress entre os gêneros da amostra, os dados
apontaram que 73% das mulheres apresentaram-se estressadas, enquanto apenas
33% da amostra masculina manifestaram stress. Esse resultado corrobora os dados
apresentados na pesquisa realizada por Lipp e Tanganelli (2002), que também
obtiveram uma maior incidência de stress no grupo das magistradas. Calais,
Andrade e Lipp (2003) também observaram que as mulheres eram mais vulneráveis
ao stress em relação aos homens.
Para Lipp e Tanganelli (2002) a prevalência de stress no sexo feminino pode
ser explicada pela exigência da sociedade atual em relação às mulheres, impondo-
lhes uma sobrecarga de atividades: à carreira (profissional ou acadêmica) somam-se
as exigências pessoais, biológicas, hormonais, sexuais e sociais. Dentre os fatores
contribuintes para um nível de stress patológico pode se apontar o que é conhecido
como “jornada dupla de trabalho”, que ocasiona uma redução no número de horas
do sono e, conseqüentemente, pode acarretar uma série de problemas de saúde
(Lipp, 2001b).
Em conformidade, Lipp e Tanganelli (2002) ressaltam que a jornada dupla de
trabalho se refere ao fato de que muitas mulheres, além das funções de esposa e
mãe, exercem posições profissionais de destaque. Assim, enquanto a família
descansa, elas iniciam uma segunda jornada, que se constitui em uma sessão de
trabalho a mais, adentrando nas horas de sono necessários para seu
recondicionamento físico; consequentemente envolvem-se num processo de
agravamento do stress já existente.
66
Visto que a maioria dos participantes com stress apresentavam ensino médio
concluído, cabe destacar que Lipp et al. (2007a) pressupõem que a melhor
escolaridade contribui para a maior prevalência do stress, sobretudo com relação
aos fatores estressores relacionados ao ambiente de trabalho: responsabilidade
excessiva, urgências das atividades a serem desenvolvidas, auto-cobrança e receio
do desemprego. Contudo, o stress no ser humano adulto preocupa pois é ele o
responsável por fazer a vida acontecer, isto é, compete-lhe ganhar e manter-se a si
mesmo e a sua família em condições dignas. Uma possível explicação para a alta
incidência de stress, diagnosticada na amostra, deve-se às preocupações dos
cônjuges com o próprio relacionamento, com o futuro dos filhos, com o excesso de
trabalho de ambas as partes e a ausência de lazer do casal, além da dificuldade de
diálogo entre outros fatores. Todos esses fatos, provavelmente, propiciaram a alta
incidência de stress na população estudada.
Outro aspecto relevante diz respeito ao nível de stress da amostra geral, cujos
participantes estressados encontravam-se na fase de resistência; apenas uma
esposa da amostra apresentou-se na fase de quase-exastão. De fato, esta
concentração é provável, como demonstrou Lipp (2000) nas pesquisas de validação
do Inventário de Sintomas de Stress para adultos (ISSL), pois significa que o stress
desses participantes é de grande duração ou de grande intensidade e,
eventualmente, alguns dos sintomas da fase de alerta, especialmente aqueles
relacionados à motivação, tendem a desaparecer, predominando os sintomas de
desgaste e sensação de cansaço. Dessa forma, Lipp e Malagris (2001a) enfatizam
que, na fase de resistência é que o organismo busca o reequilíbrio, com uso de
grande quantidade de energia o que pode resultar em sensação de desgaste
67
generalizado, aparentemente sem causa. Ressaltam ainda que quanto maior o
esforço praticado para adaptação e restabelecimento da harmonia interior, maior é o
desgaste sofrido. No entanto, quando o organismo consegue se adaptar
completamente, o processo de stress é interrompido e os sintomas depõem-se a
desaparecer, não deixando sequelas.
Encontrou-se na amostra geral a predominância de sintomas psicológicos, ou
seja, 73%, dos avaliados apresentaram esse tipo de sintomatologia, seguidos pelos
sintomas fisiológicos, com 13%. No estudo de Ferreira e Martino (2009), identificou-
se a prevalência de sintomas psicológicos em funcionário de uma equipe da
enfermagem; no estudo de Leal (2001), 69% dos entrevistados também
apresentaram predominância de sintomas psicológicos.
A partir de uma análise mais minuciosa, foi possível destacar alguns sintomas
psicológicos mencionados com maior frequência pelos homens tais como:
sensibilidade emotiva excessiva (53%), apatia/depressão/raiva prolongada (40%) e
vontade de fugir de tudo (40%). Em relação às mulheres, os sintomas mais citados
foram: pensar constantemente em um assunto (67%), seguido da sensibilidade
emotiva excessiva (67%) e diminuição da libido (53%). Deste modo, tanto homens
como mulheres mostraram que a sensibilidade emotiva excessiva é muito presente
na pessoa estressada.
A preponderância de sintomas de stress psicológicos neste estudo pode ser
compreendida a partir dos trabalhos realizados por Selye (1952), pois na fase de
resistência, na qual se encontrava a maioria dos membros da amostra estudada, a
pessoa automaticamente utiliza suas reservas de energia para se reequilibrar, isto é,
nela ocorre uma ação reparadora do organismo buscando restabelecer o equilíbrio
68
interno. Nesta fase, dois sintomas que muitas vezes passam despercebidos ao
clínico, aparecem de modo assíduo: a sensação de desgaste generalizado sem
causa aparente e dificuldades com a memória. No nível fisiológico, muitas
mudanças ocorrem principalmente em termos do funcionamento das glândulas
supra-renais: a medula diminui a sua produção de adrenalina e seu rtex produz
mais corticosteróide, podendo o sistema imunológico ficar afetado, o que aumenta a
probabilidade da pessoa adoecer. Os avaliados tinham, portanto, uma probabilidade
de virem a adoecer devido à energia dispendida ao lidar com os estressores do
momento; mas, como os participantes estressados encontravam-se numa faixa
etária jovem, na qual o organismo tende a apresentar maior resistência às
enfermidades, é provável que essas doenças só apareçam no futuro, caso o nível de
stress continue alto.
Um dado que chamou a atenção foi a frequência do sintoma “diminuição da
libido” por parte das mulheres. Esta queixa é mais pertinente em pessoas que estão
na fase de resistência. A amostra feminina manifestou essa dificuldade podendo este
ser um fator estressante e que, possivelmente, poderia ocasionar conflitos conjugais.
Na análise dos dados quanto à qualidade de vida, torna-se importante
considerar que o instrumento utilizado, Inventário de Qualidade de Vida (IQV), tem
por objetivo avaliar as condições atuais do respondente em cada uma das quatro
áreas pesquisadas (social, afetiva, profissional e saúde) que poderiam,
eventualmente, favorecer o surgimento de patologias.
O estudo mostrou que 80% dos entrevistados apresentaram sucesso na área
afetiva, seguido pelo profissional 60% e, por fim, 53% manifestaram uma qualidade
de vida boa referente ao social. No entanto, 87% dos avaliados mostraram
69
indicações de dificuldades quanto à qualidade de vida na área da saúde. No
levantamento das queixas mais expostas pelos respondentes estão: dores de
cabeça (67%), azia frequente (33%) e problemas dermatológicos (33%).
Com relação ao nível da qualidade de vida das mulheres, 73% dos resultados
demonstraram boa qualidade de vida na área social, seguidos por 67% das mulheres
que manifestaram sinais de um bom relacionamento afetivo. Porém, 60 % da
amostra apresentaram comprometimento nos quadrantes profissional e da saúde
(87%). Para as mulheres, os itens mais prejudicados foram: ausência de exercícios
físicos (87%), ansiedade ou angústia (73%) e dores de cabeça (60%).
Diante dos resultados obtidos no Inventário de Qualidade de Vida, verificou-se
um sério comprometimento da amostra geral referente à área da saúde, observando
indícios de bitos não tão saudáveis podendo levar o organismo a sérias
complicações no futuro.
Em relação ao gênero masculino, os dados referentes à área da saúde vão ao
encontro dos estudos realizados por Gomes (2007), que enfatizam a necessidade do
cuidar do bem-estar físico e emocional como uma demanda predominantemente
feminina, distanciando-se do cotidiano masculino, especialmente quando são
considerados homens de menor poder aquisitivo e que não sofrem de doenças
crônicas. Como sinônimo de potência, desempenho e invulnerabilidade, o corpo
masculino não requer cuidados, uma vez que é erroneamente visto como
resguardado de possíveis problemas orgânicos ou psicológicos. Costa-Júnior e Maia
(2009) salientam que os valores próprios da cultura masculina refletem entre os
homens como noção de invulnerabilidade, levando-os a emitirem comportamentos
de risco e poucas práticas preventivas.
70
Em contrapartida, Bruschini e Ricoldi
(2009) sugerem que os cuidados
dispendidos pelas mulheres com os filhos estendem-se aos maridos. Mesmo quando
trabalham fora, ainda cuidam de lavar e passar as roupas do companheiro; algumas
até se ocupam das escolhas no vestir, além de deixarem alimentação pronta para o
consumo da família (neste quesito salientam que não uma participação
masculina). Uma possível hipótese, quanto ao prejuízo na área da saúde, pode ter
relação com os diversos papéis que a esposa tende a desempenhar dentro do
relacionamento marital, ou seja, além das tarefas domésticas e dos cuidados com
sua família, também uma preocupação voltada para sua ocupação profissional
gerando, consequentemente, um descuido de si mesma, não praticando hábitos
mais saudáveis no cotidiano, prejudicando o seu bem-estar. Vale a pena ressaltar
que a literatura tem denominado o matrimônio, cujos cônjuges trabalham fora em
tempo integral de: casamento de duplo trabalho ou de dupla carreira. A opção pelo
estilo de vida de duplo trabalho pode ser muito estressante devido à grande
necessidade de mudanças e/ou adaptações em papéis que antes eram bem
definidos (Perlin & Diniz, 2005).
Com relação à área profissional, 60% das entrevistadas demonstraram
insatisfação frente a esse quadrante. Diniz (1999) supõe que as características que
marcam o trabalho feminino tais como: desigualdade de salários em comparação
com os homens, diferenças de acesso à promoção entre outros, são fatores
geradores de estresse na esfera profissional.
Como pontuou Lipp (2000), além de produzir inúmeras consequências para o
indivíduo, sua família, a empresa para a qual trabalha e para a comunidade onde
vive, o stress excessivo causa diversos sintomas, entre outros: queda na
71
produtividade, ansiedade, humor depressivo, cansaço mental, apatia,
desencadeamento de doenças, levando ao comprometimento da qualidade de vida.
Um dos itens mais assinalados no Inventário de Qualidade de Vida refere-se ao
sedentarismo, podendo aumentar a chance de desenvolver ou manter altos níveis de
stress. Estudos realizados por Lipp et al. (2007a) apontam que a prática de
exercícios físicos é mais do que uma maneira excelente de ocupar o tempo; muitas
pessoas que não se entregam ao sedentarismo, relatam redução dos sintomas
psicológicos do stress, como por exemplo, preocupação excessiva, ansiedade e
angústia. Revisões recentes da literatura evidenciam a associação consistente entre
atividade física e qualidade de vida em adultos mais velhos, sob dimensões físicas e
psicológicas do bem-estar. Cultivar um estilo de vida que maximize a qualidade de
vida ajuda a combater o stress em todas as etapas da vida. Lipp (2003b) enfatiza
que atenção deve ser dada às questões referentes à saúde e bem-estar quando
relacionadas às atividades físicas, incluindo a prioridade de momentos de lazer e/ou
tempo livre. A relação entre o exercício e qualidade de vida é estabelecida
diretamente quando se verifica que o exercício físico influencia na saúde global do
ser humano, melhorando o estado de humor e, indiretamente, na vida social.
Pelos resultados obtidos constata-se uma associação estatisticamente
significativa entre a qualidade de vida e a idade dos filhos, ou seja, quanto mais
velhos os filhos, maior o comprometimento da área afetiva em relação as mães.
Boss (2002); Canavarro e Pedrosa (2005) sustentam a idéia de que o nascimento de
um filho é, habitualmente, considerado como um dos acontecimentos mais
significantes na vida dos indivíduos e da família. No entanto, apesar de ser visto
como um acontecimento normativo no ciclo de vida familiar, pode também ser uma
72
fonte de stress pelas exigências que o fato, em si acarreta: prestação de cuidados,
reorganização individual, conjugal, familiar e profissional. Possivelmente, como a
população estudada apresentou elevado índice de stress, principalmente as mães.
Segundo Lipp, Malagris e Novais (2007a), quando a pessoa está estressada, ela
tende a se sentir muito irritada, hipersensível e impaciente com os outros.
Ao correlacionar os mitos conjugais do questionário para casais, dentre os
respondentes do sexo masculino e do sexo feminino, foram encontradas as
seguintes afirmativas mais prevalentes: “temos que lutar para salvar o casamento”,
“num bom relacionamento um tem confiança total no outro”, “você (o cônjuge
entrevistado) deve fazer o (a) outro (a) feliz no casamento”, “o romantismo do casal
faz o bom matrimônio” e “uma relação extraconjugal destrói o casamento”.
Ao analisar o stress e os mitos conjugais, observou-se entre eles uma
significativa associação; os participantes que concordaram com as seguintes
expectativas: “o matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos”, “marido e a
esposa devem fazer tudo juntos” e “um casamento infeliz é melhor do que um lar
desfeito”, possivelmente, não apresentaram stress. Pode-se levantar a idéia que,
ainda vigora a visão do casamento como única possibilidade de realização ligada ao
mito da felicidade que se destacava em décadas anteriores.
Outro aspecto estudado nessa pesquisa diz respeito à duração do casamento,
aos mitos conjugais e à qualidade de vida; observou-se que quanto maior a
durabilidade do matrimônio, menor é a preocupação dos cônjuges com a divisão das
despesas financeiras, refletindo assim numa melhor qualidade de vida afetiva. Dessa
forma, ocorre a hipótese de que, ao longo do casamento os cônjuges tendem a
constituir um relacionamento mais sólido.
73
Dando continuidade à análise entre qualidade de vida e o mito conjugal quanto
a situação “um amor que morreu, às vezes pode renascer”, observou-se que os
participantes que concordaram com ela, obtiveram uma qualidade de vida melhor na
área social. Esse dado leva a hipótese de que um dos njuges pode estar
buscando uma mudança positiva em relação ao casamento.
Constatou-se uma associação entre a qualidade de vida e a satisfação no
casamento, pois, quanto maior o bem-estar dos cônjuges no relacionamento
amoroso, melhor é a qualidade de vida dos mesmos quanto à saúde. Gagnon et al.
(1999) investigaram os aspectos interpessoais e psicológicos associados à
satisfação nos relacionamentos conjugais, notando melhorias nos seguintes pontos:
baixo nível de conflito, aumento das fontes de prazer tuo e bem estar nos
aspectos físico e emocional.
Ainda no contexto da qualidade de vida e dos seguintes mitos conjugais:
“quando se sentir culpado confesse”, “se o (a) esposo (a) quer deixá-lo (a) faça tudo
para impedir” e “um amor que morreu, às vezes pode renascer”, pode-se perceber
que os cônjuges que manifestaram harmonia frente a essas expectativas,
apresentaram sucesso no quadrante da saúde. Feres- Carneiro (2003) salienta que
os valores dos relacionamentos amorosos contemporâneos enfatizam a sinceridade,
a honestidade, a intimidade, a união, a confiança, o respeito pelo outro.
É importante ressaltar que os cônjuges necessitam comprender que o
relacionamento conjugal traz dificuldades, crises, conflitos e questionamentos entre
ambos. Entretanto, ao iniciar uma relação, deve-se contar com a possibilidade de
que ambos tenham sonhos, desejos, expectativas diferentes um do outro
(Tanganelli, 2007).
74
No entanto, ao contrário do esperado verificou-se que os mitos conjugais, pelo
menos alguns, puderam contribuir para uma melhor harmonia dos cônjuges,
ocasionando numa qualidade de vida mais satisfatória dos mesmos.
Em suma, é essencial enfatizar que este estudo foi realizado com uma amostra
reduzida e que, portanto, as conclusões aqui apresentadas devem ser consideradas
de maneira cuidadosa, evitando-se generalizações precipitadas. Sugere-se a
necessidade de realização de estudos futuros, com uma amostra maior.
75
CONCLUSÃO
Sem maiores pretensões, a presente pesquisa buscou contribuir com a área da
Psicologia, compreender o stress e a qualidade de vida no contexto matrimonial.
A partir dos resultados obtidos, constatou-se associação significativa entre
essas duas circunstâncias frente aos mitos conjugais, ou seja, observou-se que
alguns deles, ao contrário do que poderia presumir, puderam contribuir para uma
melhora na qualidade de vida dos cônjuges.
Dentre os mitos relacionados à diminuição do índice de stress selecionaram-se:
“homens e mulheres devem fazer tudo juntos”, “o matrimônio pode realizar todos os
nossos sonhos” e “um casamento infeliz é melhor que um lar desfeito”.
No que tange à associação entre qualidade de vida e mitos conjugais, pode-se
perceber também que alguns mitos auxiliaram na obtenção de uma boa qualidade de
vida referente às áreas: afetiva, social e saúde. São considerados facilitadores os
mitos: “o matrimônio deve ser uma sociedade 50% - 50%”, “quando se sentir culpado
confesse”, “se o esposo (a) quer deixá-lo (a) faça tudo para impedir” e “um amor que
morreu, às vezes pode renascer”. E assim também, quanto maior o nível de
satisfação no casamento melhor se evidencia a qualidade de vida relacionada à
saúde.
A relevância científica desta pesquisa diz respeito à busca da compreensão do
que ocorre num relacionamento amoroso em função dos mitos conjugais, ou seja, as
expectativas e crenças distorcidas que cada cônjuge desenvolve em função da sua
origem, da sua família e das experiências vivenciadas. Desta forma, esses aspectos
podem contribuir de forma bastante expressiva para as concepções que cada um
76
tem a respeito do matrimônio e, principalmente, sobre a maneira de ser e de se
comportar como esposo e esposa, podendo ocasionar o stress e o comprometimento
da qualidade de vida.
É importante ressaltar que esta pesquisa foi realizada com uma amostra
reduzida e que, portanto, as conclusões aqui apresentadas devem ser consideradas
de maneira cautelosa, evitando-se propagações antecipadas; sugere-se a
necessidade de num futuro próximo, realizar outros estudos, com uma amostra mais
representativa.
Enfim, será gratificante que este trabalho, em outras os, possa servir de
respaldo para novos estudos realizados por profissionais da Psicologia, que, com
igual empenho, buscarão auxiliar no manejo do stress conjugal para promover uma
melhor qualidade de vida.
77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
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Campinas, Campinas, Brasil.
Angelotti, G. S. (1999) Fibromialgia: Análise dos Componentes Emocionais
Cognitivos e Comportamentais. Dissertação de Mestrado da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, Campinas, Brasil.
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90
ANEXOS
91
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esta pesquisa tem por objetivo comparar stress e a qualidade de vida dos
membros do matrimônio frente aos mitos conjugais.
O sigilo quanto à identificação do voluntário será mantido e os dados coletados
serão descritos na dissertação de Mestrado em Psicologia da aluna Sandra Vieira
Braz, como um dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Psicologia do
Curso de Pós-Graduação da PUC-CAMPINAS, sob a orientação da Dra. Marilda
Emmanuel Novaes Lipp.
Os riscos envolvidos neste projeto são mínimos uma vez que os instrumentos
utilizados são padronizados para a população e não o invasivos. Os
procedimentos constarão de um questionário, para obtenção de dados de
identificação, um teste para avaliação de stress, o qual avaliará a presença de
stress, seus sintomas e a intensidade destes, um teste que avalia a qualidade de
vida nas seguintes áreas: social, afetiva, profissional e saúde, um questionário
referente às expectativas do casal em relação ao matrimônio e uma escala analógica
visual que avalia a satisfação do casamento. Como benefício aos participantes a
pesquisadora se colocará à disposição para fornecer os resultados dos testes e fazer
orientações sobre stress e qualidade de vida aos participantes. A comunidade
também poderá ser beneficiada com a divulgação dos resultados, pois podetomar
medidas preventivas para melhorar a qualidade de vida de casais e entender a
influência que os mitos exercem no convívio conjugal.
Assim, a assinatura abaixo, indica a anuência em participar desta pesquisa de
forma voluntária, sem qualquer tipo de imposição ou coação. Pode-se interromper a
participação, em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer penalidade.
O Termo de Consentimento está sendo assinado em duas vias, sendo que
ficará com o voluntário.
Em caso de dúvida o Comitê de Ética da PUC-Campinas poderá ser contatado
pelo telefone (19) 3343-6777, bem como a pesquisadora (11) 7429-7471.
92
Eu ________________________________________________________, RG
nº__________________________, concordo em participar voluntariamente deste
trabalho de Pesquisa de Sandra Vieira Braz, Mestranda em Psicologia e sei que
poderei interromper minha participação em qualquer momento sem qualquer objeção
e que meus dados serão mantidos sigilosos quanto a minha identidade.
_________________________________________
Assinatura do participante
Nome:
RG:
_____________________________________
Sandra Vieira Braz (Pesquisadora)
RG: 34.410.629-9
Cópia: Este termo está sendo assinado em duas vias, uma delas permanecerá com
você.
93
ANEXO B
FORMULÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Data: _____/_____/_____
DADOS PESSOAIS
Número:____________
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: ________________________
Escolaridade: ________________________
Profissão:_________________________________________
Tempo de casamento:___________________( ) Oficial ( ) Não oficial
Número de filhos: ____________ Idade dos filhos:__________________
Quantos filhos moram com você?________________________________
94
ANEXO C
INVENTÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA – IQV (Lipp e Rocha, 1996)
Por favor, assinale com [ X ] os itens abaixo, se acontecem normalmente na
sua realidade:
QUADRANTE SOCIAL
1 Tenho amigos com os quais socializo em
casa ..........................................................[ ]
2 A maior parte de meus amigos dependem de
mim para algo importante(que não só amizade)
[ ]
3 Gosto de conversar sobre assuntos não
relacionados ao meu trabalho ...............[ ]
4 Há horas em que visitar e receber meus
amigos é perda de tempo ..........................[ ]
5 Converso com vizinho ...........................[ ]
6 Sinto-me desconfortável em festas .......[ ]
7 Colaboro com alguma instituição de caridade
[ ]
8 Às vezes me esquivo de atender telefonema
de amigos ..................................................[ ]
9 Prefiro conversar sobre negócios, mesmo em
uma festa...................................................[ ]
10 Gosto de passear sem pressa ou horários [ ]
QUADRANTE PROFISSIONAL
21.Sou competente em meu trabalho........ [ ]
22.Tenho metas quanto ao que quero fazer
[ ]
23.Meu trabalho é reconhecido por outros [ ]
24.Não tenho medo do futuro no que se refere
ao trabalho ............................................ [ ]
25.Ganho satisfatoriamente ...................... [ ]
26.Se pudesse pararia de trabalhar .......... [ ]
27.Sinto que contribuo para o sucesso da
empresa .................................................... [ ]
28.Escolhi a profissão errada para mim .... [ ]
29.Meu trabalho me oferece segurança.... [ ]
30.Se fosse possível mudaria de emprego [ ]
QUADRANTE AFETIVO
11 Tenho um relacionamento afetivo estável
[esposo (a) / namorado (a)] ..................[ ]
12 Sou admirado por minhas qualidades além
de minha atuação profissional ...................[ ]
13 Sou comunicativo (a) e alegre com meus
filhos. .....................................................[ ]
14 Minha família está razoavelmente satisfeita
com o número de horas que dedico a ela, por
semana.................................................. [ ]
15 Recebo afeto .........................................[ ]
16 Dou afeto...............................................[ ]
17 Admiro-me e gosto de mim mesmo ......[ ]
18 Gosto de observar a natureza e o faço sempre
..............................................................[ ]
19 Às vezes fico lembrando pequenos episódios
bons de minha vida....................................[ ]
20 Comemoro com prazer as datas importantes
para mim....................................................[ ]
QUADRANTE DE SAÚDE
31 É raro ter dor de cabeça ....................... [ ]
32 Minha pressão arterial está normal ....... [ ]
33 Tenho problemas dermatológicos ......... [ ]
34 Tenho azia freqüentemente .................. [ ]
35 Faço check-up regularmente................. [ ]
36 Vou ao dentista todo ano ...................... [ ]
37 Faço exercício físico pelo menos três vezes
por semana .............................................. [ ]
38 Minha alimentação é saudável.............. [ ]
39 Utilizo técnicas de relaxamento quando
estou tenso (a) ...................................... [ ]
40 Consigo me desligar dos problemas para
descansar................................................. [ ]
41 Tomo calmantes regularmente.............. [ ]
42 Tenho estabilidade emocional............... [ ]
43 Sofro de ansiedade ou angústia .......... [ ]
44 Meu peso está dentro da média............ [ ]
45
Durmo bem..............................................
[ ]
95
ANEXO D
QUESTIONÁRIO PARA CASAIS
Instrução:
A finalidade deste questionário é verificar como você valoriza alguns aspectos
envolvidos numa relação afetiva do sexo oposto. Para isso, solicitamos que você
marque, numa escala de 1 a 5, até que ponto você valoriza ou não a presença
destes aspectos. Para assinalar a sua resposta, é necesario que você tenha em
mente a sua relação atual, pois é neste contexto que você deverá assinalar as suas
despostas.
Veja o exemplo:
1- Discordo plenamente.
2- Discordo em parte.
3- Não sei.
4- Concordo.
5- Concordo plenamente.
Por exemplo:
Se você discorda plenamente que marido e esposa são os melhores amigos,
você vai marcar o 1, se você concorda, você vai assinalar o n° 4, e assim
sucesivamente, de acordo com a tabela acima.
1 - O marido e esposa são os melhores amigos.
96
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
2 - O romantismo do casal faz o bom matrimônio.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
3 - Uma relação extraconjugal destrói o casamento.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
4 - Quando se sentir culpado confesse.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
5 - O marido e a esposa devem fazer tudo juntos.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
6 -Temos que lutar para salvar o casamento
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
7 - Num bom relacionamento, um tem confiança total no outro.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
8 - Você deve fazer o outro feliz no casamento.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
9 - Num bom relacionamento, esposo e esposa podem descarregar “tudo” no outro.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
10 - Os bons maridos consertam tudo em casa e as boas esposas fazem a limpeza.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
11 - Ter um filho melhora um mau casamento.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
12 - O matrimônio deve ser uma sociedade 50% - 50%.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
13 - O matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos.
97
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
14 - Os que amam de verdade, adivinham os pensamentos e sentimentos do outro.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
15 - Um casamento infeliz é melhor que um lar desfeito.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
16 - As ambições do marido são mais importantes do que a profissão da mulher.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
17 – Se o (a) esposo (a) quer deixá-lo (a) “faça tudo para impedí-lo (a)”.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
18 – Um amor que já morreu, às vezes pode renascer.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
19- Competição entre marido e esposa estimula o casamento.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
20- Você deve transformar seu cônjuge numa pessoa melhor.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
21- Os opostos se atraem e se completam.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
22- Os casais não devem revelar seus problemas a estranhos.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
23 – Não tenha sexo se estiver com raiva.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
24 – Conforme-se com o que você tem.
/ 1 / 2 / 3 / 4 / 5 /
98
ANEXO E
ESCALA ANALÓGICA VISUAL (EAV)
Indique na escala abaixo seu nível de satisfação no seu casamento
1 10 Totalmente
Insatisfeito Totalmente satisfeito
99
ANEXO F
POSICIONAMENTO DOS CASAIS FRENTE AOS MITOS CONJUGAIS
Respostas “Concordo” e “Concordo plenamente”
MITOS CONJUGAIS
TOTAL DE CASAIS QUE
APRESENTARAM
CONCORDÂNCIA COM
O MESMO ITEM
1) O marido e esposa são os melhores
amigos.
11
2) O romantismo do casal faz o bom
matrimônio.
13
3) Uma relação extraconjugal destrói o
casamento.
12
4) Quando se sentir culpado confesse. 10
5) O marido e a esposa devem fazer tudo
juntos.
4
6) Temos que lutar para salvar o casamento. 14
7) Num bom relacionamento um tem
confiança total no outro.
14
8) Você deve fazer o outro feliz no
casamento.
14
9) Num bom relacionamento, esposo e
esposa podem “descarregar” tudo um no
outro.
0
10) Os bons maridos consertam tudo em casa
e as boas esposas fazem a limpeza.
0
11) Ter um filho melhora um mau casamento.
0
12) O matrimônio deve ser uma sociedade
50% - 50%.
2
100
13) O matrimônio pode realizar todos os
nossos sonhos.
0
14) Os que amam de verdade, adivinham os
pensamentos e sentimentos do outro.
0
15) Um casamento infeliz é melhor do que um
lar desfeito.
2
16) As ambições do marido são mais
importantes do que a profissão da mulher.
0
17) Se o (a) esposo (a) quer deixá-lo (a) “faça
tudo para impedí-lo (a).
2
18) Um amor que morreu, às vezes pode
renascer.
7
19) Competição entre marido e esposa
estimula o casamento.
0
20) Você deve transformar o seu cônjuge
numa pessoa melhor.
9
21) Os opostos se atraem e se completam.
4
22) Os casais não devem revelar seus
problemas a estranhos.
7
23) Não tenha relação sexual se estiver com
raiva.
6
24) Conforme-se com o que você tem.
0
101
ANEXO G
INTERPRETAÇÃO DE UM BOXPLOT OU DESENHO ESQUEMÁTICO
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
M é d ia
M e d ia n a o u P e rc e n til 5 0
1
o
Q u a r til o u P e r c e n til 2 5
3
o
Q u a r til o u P e rc e n til 7 5
V a lo r M ín im o
V a lo r M á x im o
T ra t 1
Peso (mg)
A mediana (traço do meio da caixa) e a média (quadradinho) são medidas de
tendência central, ou seja, resumem em apenas um valor o centro do conjunto de
dados, mostrando que os dados se distribuem ao redor desse valor, para aquele
tratamento.
Os Quartis 1 e 3 (extremos da caixa) mostram a dispersão dos valores ao redor
da mediana (ou do centro do conjunto de dados). Quanto maior a caixa, maior a
dispersão. As caudas além da caixa também indicam a variabilidade dos valores
para aquele determinado tratamento. Quanto maiores as caudas, também haverá
grande dispersão no conjunto de dados.
102
Os asteriscos, inferior e superior indicam respectivamente, os valores mínimos
e máximos para aquele tratamento. Se os asteriscos caírem em cima da cauda, não
serão considerados como observações discrepantes. Mas, se ficarem distantes,
indica que são observações bem menores ou maiores que as demais dentro do seu
grupo.
Para comparar os valores de um grupo com os demais, verifica-se
primeiramente o local onde está à mediana e, em seguida, analisa-se a sobreposição
das caixas e das caudas entre os grupos. Geralmente, mas não necessariamente, se
dois grupos forem diferentes, então suas caixas ou caudas não estarão sobrepostas,
ou seja, não estará na mesma posição.
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