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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
VICE
-
REITORIA DE PESQUISA E PÓS
-
GRADUAÇÃO
VRPPG
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CCS
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA
SOCIODRAMA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA NA AÇÃO
DE CUIDADORES DE IDOSOS
ROSÂNGELA A
UGUSTA DA SILVA VASCONCELOS ALVES
Fortaleza
-
Ceará
2009
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1
ROSÂNGELA AUGUSTA DA SILVA
VASCONCELOS ALVES
SOCIODRAMA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA NA AÇÃO
DE CUIDADORES DE IDOSOS
Dissertação apresentada ao Curso de M
estrado
em Saúde Coletiva da Universidade de
Fortaleza como requisito parcial para obtenção
do Título de Mestre em Saúde C
oletiva
.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª
Maria Vieira de Lima Saintrain
Fortaleza
-
Ceará
2009
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2
ROSÂNGELA AUGUSTA DA SILVA VASCONCELOS ALVES
S
OCIODRAMA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA NA AÇÃO
DE CUIDADORES DE IDOSOS
Linha de Pesquisa:
Análise da Situação de Saúde
Núcleo temático:
Saúde do Idoso
Data da Aprovação: ____/____/____
________________________________________________
Prof.ª Dr.ª
Maria Vieira de Lima Saintrain
Orientadora
U
niversidade de Fortaleza
-
U
NIFOR
________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Ruth Macedo Monteiro
Membro Efetivo
-
Universidade Estadual do Ceará
-
UECE
_________________________________________
_______
Prof.ª
Dr.ª Luiza Jane Eyre de Souza Vieira
Membro Efetivo
Universidade de Fortaleza
-
UNIFOR
________________________________________________
Prof
.
Dr.
Francisco Martins de Sousa
Membro Suplente
Universidade Estadual do Ceará
-
UECE
3
DEDI
CATÓRIA
À minha mãe e ao meu pai(in memorian), por terem me dado a
vida, um berço afetivo e uma formação moral que me permite
alcançar a importância de buscar sempre a evolução espiritual.
Ao meu marido Roberto, por ter sido meu elo de amor na
criação de uma nova matriz familiar
,
que me acolhe com alegria.
Com amor e carinho, aos meus filhos Diego e Naura, a quem
tenho gratidão por terem me escolhido como mãer, por existirem na
minha vida, pela oportunidade de aprender a cuidar, por estarem
dando continuidade à nossa existência.
A todos os meus familiares de Belo Horizonte, pela torcida
sempre confiante frente às minhas conquistas.
Ao meu genro e nora
,
que
participaram com acolhimento deste
momento.
Em especial, à minha irmã Ione, cuidado
ra de coração
e alma
,
que me ensinou com as próprias mãos os anseios e caminhos
do
cuidar de idosos.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus e a Nossa Senhora da Conceição pela minha vida e pela proteção
incondicional.
À minha professora Ana Maria, da série por ter ajudado a me sentir capaz para
seguir o caminho do estudo.
À minha orientadora, Professora Maria Vieira de Lima Saintrain, pela aceitação,
paciência, carinho e confiança ao abraçar as minhas idéias... e compartilhar comigo sua
sabedoria.
À Mariana Lima
de Araujo, meu ego-
auxiliar nas idas e vindas do Lar Torres
,
pela sua
presença ativa, responsável e meiga.
Aos funcionários do Mestrado em Saúde Coletiva da UNIFOR, pelo carinho e
cooperação nestes dois anos.
A todos os meus professores e mestres que contribuíram para a constituição do meu
conhecimento e concretização desta etapa.
Com muito carinho, aos cuidadores de idosos do Lar Torres de Melo que confiaram a
mim seus corações, que cuidaram de mim para que este trabalho se realizasse, sempre com
amor no
cuidar e sonhos por realizar.
Ao Lar Torres de Melo por ter me acolhido.
A todos os meus amigos que respeitaram meu recolhimento neste momento de criação.
Em especial, ao meu sobrinho Caio, que no auge das suas descobertas infantis,
inspirou
-
me na espontan
eidade, criatividade e esperança para prosseguir na minha busca.
5
“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para
continuar
existindo.
O cuidado vive do amor, da
ternura, da carícia e da convivência”.
Leonardo
Bo
ff
6
RESUMO
Introdução
A Saúde Coletiva confronta-se com o envelhecimento acelerado da população
mundial, o que suscitou, deste campo de conhecimento, respostas criativas e adequadas para
atender a esta realidade. No Brasil, observam-se avanços na elaboração e execução de
políticas públicas e programas de atenção ao idoso
. E
m contrapartida
,
existem desafios no que
se refere à necessidade crescente de cuidadores de idosos. A utilização do
sociodrama
pode
contribui
na construção coletiva da consciência e desenvolvimento do papel profissional com
vista à promoção do cuidado humanizado e do autocuidado.
Objetivos
1
)
conhecer a
autopercepção dos cuidadores sobre ser cuidador de idosos no contexto de instituições de
longa permanência; 2)
avaliar
a autopercepção dos cuidadores de idosos sobre seu papel
profissional, após a utilização de sociodramas tematizados.
Metodologia
Estudo de natureza
qualitativa, realizado em uma instituição de longa permanência, em Fortaleza CE.
Participaram do estudo seis cuidadores, de ambos os sexos, com escolaridade até o nível
médio
, atuando alternadamente conforme escala institucional. Para coleta de dados utilizou-
se
na primeira fase: questionário de identificação sócio-demográfica e entrevista semi-
estruturada contendo seis perguntas sobre a percepção do cuidador referente ao seu papel
profissional
,
fundamentadas teoricamente pela Teoria dos Papéis; na segunda fase:
realizaram
-se seis sociodramas com etapas de aquecimento, dramatização e compartilhar
,
f
undament
ad
os
na teoria da Soci
atria.
O tratamento dos dados baseou-se na Análise de
Conteúdo de Bardin (2008).
Resultados
Na Fase 1, todos os cuidadores tiveram dificuldade
inicial de interagir, superou-se com utilização de atividades lúdicas focalizando a confiança
para fortalecimento dos vínculos. Os sentimentos relacionados aos idosos e ao trabalho
permeiam o cuidar com amor, como se fosse cuidar de algum familiar
,
enquanto o cuidar de si
torna
-se secundário. O fortalecimento do potencial individual e grupal favoreceu a integração
da
primeira fase com a segunda, dada a capacidade do sociodrama de intervir na dinâmica dos
papéis.
A aprendizagem pessoal surgiu como resultado do “dar e receber” na ação de cuidar.
Na
Fase 2, o despertar do potencial criativo catalisou a afetividade grupal, a ética do papel
profissional e a vontade de solucionar conflitos com união, força e coragem. Os cuidadores
relataram que após os sociodramas houve influência na autoestima, consciência do
autocuidado e fortalecimento do grupo. A consciência do papel pôde ser desvelada pelo
surgimento de novas necessidades no grupo: valorização pessoal, melhores condições de
trabalho e reconhecimento institucional.
Conclusão
A autopercepção do papel profissional
expandiu,
visto que os sociodramas se mostraram capazes de ampliar a percepção do cuidar
de si, proporcionaram ferramentas que estimul
aram
o autoconhecimento, a criatividade, a
integração grupal e a corresponsabilidade no papel de multiplicador desta experiência. Desse
modo, o sociodrama surgiu como prática integrativa viável para o cuidado com o cuidador e
formação profissional humanizada na Promoção da Saúde dos cuidadores de idosos.
Palavras
-
chave:
Papel profissional,
S
ociodrama.
C
uidador
. I
doso
.
Promoção da S
aúde.
7
ABSTRACT
Introd
uction:
Public healthcare faces the accelerated aging of the world
´s
population, a
fact that led to the development of adequate and creative initiatives to respond to such reality.
In Brazil we can see advancements in the elaboration and execution of public policies and
healthcar
e programs for senior citizens.
Objectives
: 1.
Assess
the self-perception of the
caregivers regarding their profession in the framework of long-
term
care
institutions. 2.
Analyze the caregivers´ self-perception regarding their professional role, after the utilization
of thematic social dramas.
Methodology
: This is a qualitative study carried out at a long-
term
care
institution in Fortaleza-CE. Six caregivers of both sexes took part in this study, all with a
literacy level of up to secondary education, who performed their jobs in an alternated fashion
according to the institution´s work schedule. Data collection was done, during the first stage,
through a social and demographic identification questionnaire and a semi-
structured intervie
w
composed of six questions about their perception regarding their professional role, based on
the Roles Theory; during the second stage, six thematic sociodramas were performed,
including warm-up, dramatization and sharing activities, which were based on the sociatry
theory. Data were assessed based on Bardin´s content analysis (2008).
Results
:
In
stage 1, all
caregivers ha
d an initial difficulty in interacting. This was o
vercome
using games, focusing on
the building of trust to strengthen the
interpersona
l bonds. The feelings related to the senior
citizens and to their work let us perceive approaches of care with love, as
if
the patient were a
relative, while taking care of themselves was a secondary
issue
.
The strengthening of both the
individual and group potential favored the integration of the first and second stages thanks to
the sociodrama´s ability to have an effect on role dynamics. Personal learning was the result
of the “give and receive” nature of the caregiving work. In stage 2, the awakening of the
creative potential catalyzed the group´s affection, the ethics of the professional role and the
will to solve conflicts through unity, strength and courage. The caregivers told that they felt
an increased self-esteem, self-care awareness and group strengthening after the performance
of the soc
io
dramas. The role awareness could be perceived due to the appearance of new
needs within the group, such as personal valorization, better work conditions and institutional
recognition.
Conclusion
: the self-
percep
tion of the professional role was
expanded
,
considering that the sociodramas were able to
widen
the self-care awareness, offered tools to
stimulate
the
knowledge
of their own, creativity, group integration and joint responsibility in
the multiplying power of this experience. The sociodrama was an integrative, viable practice
for the caring of the caregiver and for the humanized professional qualification in Healthcare
Promotion of senior citizens´ caregivers.
Key words:
P
rofessional r
ole.
Soci
o
drama. Careg
ivers. Elderly.
Health
care P
romotion.
8
SUMÁRIO
1.
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
................................................................
.............................
9
2. ARTIGO 1
................................
................................
................................
............................
11
RESUMO
................................
................................
................................
..............................
11
ABSTRACT
................................
................................................................
..........................
12
INTRODUÇÃO
................................
................................................................
....................
13
METODOLOGIA
................................................................
................................
.................17
RESULTADOS E DISCUSSÃO
................................................................
..........................
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................
...............................................................
27
REFERÊNCIAS
................................
................................................................
....................
29
3. ARTIGO 2
................................
................................
................................
............................
32
RESUMO
................................
................................
................................
..............................
32
ABSTRACT
................................
................................................................
..........................
33
INTRODUÇÃO
................................
................................................................
....................
33
METODOLOGIA
................................................................
................................
.................38
RESULTADOS E DISCUSSÃO
................................................................
..........................
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................
...............................................................
57
REFERÊNCIAS
................................
................................................................
....................
58
CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS
................................................................
....................
62
REFERÊNCIAS
................................
................................................................
........................
64
APÊNDICES
................................
................................
................................
............................
69
ANEXOS
................................
................................
................................................................
..73
9
1.
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
A Epidemiologia do Envelhecimento, área emergente que se ocupa das condições que
levam à incapacidade funcional, aumento da dependência, além das doenças responsáveis pela
morbimortalidade entre idosos, revela um acelerado aumento no envelhecimento da
população mundial (ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003).
Segundo Caldas e Saldanha (2004), em todos os países, o cuidado ao idoso é feito por
um sistema de suporte informal, representado pela família, amigos, vizinhos e membros da
comunidade. Nesse suporte, a ação do grupo familiar e suas atividades têm caráter voluntário
e não remunerado. Já os idosos isolados das famílias, dependentes e abandonados, que
necessitam de assistência do Estado, recebem cuidados por meio de parcerias com a
comunidade local, vizinhanças, organizações não governamentais - ONGs, setor privado e
organizações religiosas.
No Brasil, as instituições que cuidam de idosos de forma permanente, denominam-
se
instituições de longa permanência de idosos -
ILPI’s
, que podem ser governamentais ou não
governamentais. As ILPI’s têm caráter residencial, são destinadas a domicilio coletivo de
pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar. Nestas
instituições, os cuidadores desenvolvem atividade remunerada, com vínculo empregatício
(BRASIL, 2009).
O Estado adotou decisões do Ministério da Saúde na determinação de políticas
públicas e ações em saúde que atendam à demanda advinda da realidade do idoso e do seu
cuidador. Como exemplo, pode-se mencionar o Pacto pela Vida, no item que estabelece
compromisso com a saúde dos idosos e com a formação e educação permanentes dos
cuidadores de idosos (BRASIL, 2006).
A intervenção na prática do cuidador de idosos é um tema que se sobressai na
realidade d
o
envelhecimento
popula
cional
, em especial, no convívio dos cuidadores
com
idosos c
uja
capacidade funcional
foi
comprometida por doenças que acarreta
m
alterações
psíquicas e algum nível de dependência
. D
esperta
n
do
assim,
interesse por estudos focaliza
ndo
a autopercepção dos cuidadores de idosos sobre seu papel profissional e a aplicação de
práticas integrativas de intervenção
.
Nesse contexto foi elaborado um projeto, tendo como objetivo
s:
conhecer
a
autopercepção dos cuidadores de idosos sobre seu papel prof
issional
utilizando como
10
referencial teórico a teoria dos papéis e avaliar a autopercepção dos cuidadores
após
intervenções
fundamentadas na Sociatria tendo como método o
sociodrama tematizado. Desse
modo,
formou-se um grupo com seis cuidadores cuja idade variou de 34 a 58 anos, buscando,
com base na investigação e intervenção, avaliar: a) dados
sociodemográficos.
b) a
autopercepção sobre “o que é ser cuidador de idosos
?
c) avaliar a autopercepção sobre o papel
de cuidador de idosos após participarem de seis sociodramas tematizados.
Os dados obtidos no estudo foram organizados em dois artigos, anal
isados
conforme a
abordagem qual
itativa
, na tentativa de estabelecer vínculo entre os dados e os obj
etivo
s
proposto
s.
No primeiro artigo, sob o título “Autopercepção do papel profissional de cuidadores
de idosos sob a
perspectiva
da teoria dos papeis” busc
ou
-
se
compreender o que é ser c
uidador
para o gru
po
de cuidadores; integrar este c
onhe
c
imento
com aspetos individuais e
col
etivos
que infl
uen
ciam na intersu
bj
etivi
dade
do desempenho do papel de c
uidador,
com base na
Teoria dos Papéis
, visando me
l
horia para o exer
cíc
io profissiona
l.
No segundo artigo, intitul
ado
Promo
ção da Saúde: sociodrama na prática integrativa
de
cuidadores de idosos” objetivou-
se
avaliar a auto
per
c
ep
ção dos cuidadores de idosos sobre
seu papel profissional, após a real
iza
ção de seis sociodramas tematizados: c
onstruindo
vínculos; cuidar de si; h
umaniza
ção do cuidado; p
oten
c
ia
l
criativo;
matriz afetiva da rede
sociomé
tri
ca
e por ú
l
timo,
auto
avalia
ção
.
A relevância social desta pesquisa interventiva reside na c
ren
ça no potenc
ia
l c
ri
a
tivo
humano
c
om
o fator de transformação das rela
çõ
es sociais e no soc
iodrama
como instrumento
c
apaz de favore
c
er o desenvo
l
vimento pessoa
l
e profissiona
l.
11
2
.
ARTIG
O
1
AUTO
PERCEPÇÃO DO PAPEL PROFISSIONAL DE CUIDADORES DE IDOSOS SOB A
PERPECTIVA DA TEORIA DOS PAPEIS
RESUMO
Introdução
Com o aumento da população idosa adotaram-
se
decisões na determinação de
políticas públicas e ações em saúde que atendam à demanda advinda da realidade do idoso e
seu cuidador.
Objetivo
Conhecer a
auto
percepção dos cuidadores sobre ser cuidador de
idosos no contexto de instituições de longa permanência na perspectiva da teoria dos papéis.
Metodologia
Estudo qualitativo, realizado em instituição de longa permanência, em Fortaleza
CE. Participaram do estudo seis cuidadores de idosos, de ambos os sexos, com escolaridade
até o nível médio, atuando alternadamente, conforme escala institucional. Os idosos possuíam
grau de dependência parcial e total. Para coleta de dados utilizou-se: questionário de
identificação sócio-demográfica e entrevista semi-estruturada contendo seis perguntas sobre a
percepção do cuidador referente ao seu papel profissional. Fundamentou-se teoricamente pela
Socionomia
-Teoria dos Papéis e para
tratamento
dos dados, utilizou-se Análise de Conteúdo
de Bardin.
Resultados
S
intetizaram
-se quatro unidades temáticas e treze categorias: a) papel
profissional e identidade pessoal, onde sentimentos relacionados aos idosos e ao tr
abalho
permeiam as categorias: cuidar com amor, confia em mim, aprendo com eles; b) cuidar e
cuidar
-se apresentando sentimentos vinculados às figuras parentais associados ao modo de
cuidar: tratando minha mãe, apoio em quem gosto, me dou mais valor; c) papel profissional e
identidade grupal prevalecendo a interação entre dar e receber: atenção, relação com respeito,
menos arrogância; d) co-responsabilidade grupal redimensiona o papel profissional: ouvir
mais, raça, cuidado, respeito.
Con
siderações Finais De
svelaram
-se novas respostas pelos
cuidadores, voltadas à necessidade de fortalecer o potencial individual e grupal, com vistas ao
redimensionamento do papel profissional.
Palavras
-
chave:
Autop
ercepção. Papel P
rofissional. Cuidador.
I
doso.
12
ABSTRACT
Int
roduction:
The growing elderly population led to the adoption of certain measures in the
determination of public policies and healthcare
interventions
aimed to meet the demands of
both
the senior citizens and their caregivers.
Objective
:
Evaluate
the caregivers´ self-
perception about being an elderly caregiver in the context of long
-
term
care
institutions
,
under
the perspective of the roles theory.
Methodology
: This is a qualitative study carried out at a
long
-
term
care
institution in Fortaleza
-
CE. Six care
givers of both sexes took part i
n this study,
all with a literacy level of up to secondary education, who performed their jobs in an
alternated fashion according to the institution´s work schedule. The patients had a partial or
total dependence on their caregivers. Data collection was done through a social and
demographic identification questionnaire and a semi-structured interview with six questions
about their perception regarding their professional role, based on the Socionomy Roles
Theory. Data were assessed based on Bardin´s content analysis.
Results
: Four thematic units
and thirteen categories were defined: a) The professional role and the personal identity, where
feelings toward the elderly patients and
towards
their work were grouped in the followi
ng
categories: care with love, trust me, I
learn with them; b) Taking
care of the patient and of my
own, showing feelings related to parental figures associated to how they perform their
job:
Taking c
ar
e
of
my mother, take support in those
who
I like,
a
hi
gher self-esteem; c) the
professional role and the group identity, mostly through the interaction between giving and
receiving: attention, relationship based on respect, less arrogance; d) The g
roup
´s
joint
responsibility gives the professional role a new dimension: listen more, race, care, respect.
Conclusion
: New responses were found, related to the need to strengthen both individual and
group potential
s,
aimed to give the professional role a new dimension.
Key words:.
Self
concept
.
P
rofessional R
ole. Ca
regivers. Elderly.
13
INTRODUÇÃO
Ante a realidade do envelhecimento da população mundial,
os
cuidador
es
de idosos
despontam como agentes socia
is
para atender a uma demanda epidemio-demográfica que
envolve a complexidade do ato de cuidar de idosos
.
De acordo com Boff (1999), o “cuidado”, juntamente com o trabalho humano
caracterizam “um modo de ser-
no
-
mundo”, dão significado à existência.
Assim,
o cuidador de
idosos em instituições de longa permanência -
ILP
I desenvolve uma atividade que une o
cuid
ado ao trabalho profissional. Apesar d
e
a preocupação social, do Estado e d
e
as políticas
desenvolvidas para proteção ao idoso terem evoluído, esforços e cuidados ainda precisam ser
despendidos em relação aos cuidadores.
Nesse sentido, uma preocupação crescente dos autores ligados à saúde coletiva, em
impulsiona
r
ao estabelecimento de alianças com outras áreas do conhecimento, como as
ciências humanas e sociais, na busca por compreender e intervir na realidade que envolve o
idoso
e seu cuidador
.
Os cuidadores de idosos são verdadeiros agentes terapêuticos cujo vínculo se
estabelece pelo “cuidado profissional” em contrapartida àqueles que se dedicam a ‘cuidar do
outro’ no sentido fraternal, da caridade como valor de relação humana, como nos vínculos
afeti
vo/familiar e do voluntariado. Portanto, faz-se necessário conhecer o aspecto subjetivo e
a realidade em que estão inseridos estes profissionais a fim de proporcionar ações favoráveis
ao desempenho do seu papel.
O
ofício de cuidador de idosos é uma profissão em ascensão e requer atenção do
Estado e da sociedade quanto à ética do cuidado institucional ou domiciliar que caracteriza a
sua prática. Há
,
entre os estudiosos, questionamentos sobre a ética do cuidado:
(...) essa “nova” profissão porta desafios bastante delicados. O relacionamento entre
o velho e o seu cuidador implica, na verdade, uma intervenção terapêutica que pode
ser tanto benéfica quanto iatrogênica, tendo ressonâncias na vida de ambos
(
MAFFIOLETTI
e
LOYOLA
,
2003, p.284).
A Política Nacional de Saúde do Idoso (
BRASIL,
1999) refere-se a dois tipos de
cuidadores: formal e informal. O primeiro é caracterizado como a pessoa que recebe
treinamento em instituições de ensino e que, de posse de certificado profissionalizante, presta
serviço remunera
do
a
idosos em instituições. O cuidador informal é aquela pessoa que
apresenta grau de parentesco e se responsabiliza pelo cuidado ao idoso.
14
Est
a pesquisa pautou seu estudo no cuidador formal, pois na realidade brasileira o
acolhimento de qualidade ao idoso no próprio seio familiar nem sempre é possível e constitui
atualmente um dos desafios enfrentados na atenção ao idoso; muito embora Bretas et al
(2007) ressaltem a importância da família, da sociedade e do Estado no amparo aos idosos,
preferencialmente
mantendo
-
os
em
seus próprios lares.
Alguns avanços, contudo, ocorreram,
mas
ainda se faz necessário que o Estado e
os
demais setores da sociedade adotem medidas integradas de cuidado e proteção ao idoso que
necessita de suporte institucional, preench
end
o em parte a ausência ou deficiência do cuidado
familiar.
Para suprir essa realidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA
aprovou a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 34, de 31 de dezembro de 2007, que
define normas de funcionamento das ILPI’s, responsáveis pelo atendimento integral e
m
instituição asilar, prioritariamente aos idosos sem famílias
.
No Brasil, os “Cuidadores de Idosos” têm sua atividade registrada na Classificação
Brasileira de Ocupações CBO do Ministério do Trabalho e Emprego, código 5.40.90.0
descrito como: acompanhante de idosos, cuidador de pessoas idosas e dependentes, cuidador
de idosos domiciliar, c
uidador de idosos institucional e
g
ero
-
sitter
(BRA
SIL, 2008a
)
.
Es
sa mesma legislação descreve o cuidador de i
dos
os como pessoas que “Cuidam de
idosos, a partir de objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis
diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura,
recreação e lazer da pessoa assistida”.
N
es
te
estudo, o cuidador
foi
referenciado com base em uma visão integrada do ser
humano, a concepção holística, que concebe o homem e o mundo como um todo integrado e
não como uma coleção de partes dissociadas. Essa
idéia
ultrapassa a visão centrada em
result
ados como fator de competência e desenvolvimento profissional (CAPRA, 1982).
O ato de cuidar requer um pensa
mento
que remete à reflexão ético-afetiva e
transcende a dimensão cognitiva e técnica: “significa então desvelo, solicitude, diligência,
zelo, atenção, bom trato... e
sta
nd
o diante de uma atitude fundamental, de um modo de ser
mediante o qual a pessoa sai de si e centra-se no outro com desvelo e solicitude” (BOFF,
1999,
p. 91).
A
inda é precária a formação de
profissionais da
saúde
,
entre os quais
é
po
ssível
incluir
os cuidadores de idosos. A formação e
a
qualificação oferecidas a eles para o desempenho de
15
suas funções, a necessidade de políticas públicas e o
desenvolvimento de
aspectos
intersubjetivos e habilidades específicas precisam ainda
ser
desenv
olvid
as no exercício da sua
prática.
Aliado à falta de treinamento específico para a avaliação da capacidade funcional,
evidências indicam que os profissionais de saúde não estão habilitados na
identificação e intervenção nas síndromes geriátricas apesar da abordagem
tecnicamente correta de problemas clínicos isolados (MOTTA e AGUIAR, 2007,
p.3,4
).
A formação e a educação permanentes de profissionais para atender às necessidades
do idoso, viabilização de ações intersetoriais e apoio a estudos e pesquisas que contribuam
para a promoção do envelhecimento ativo e saudável
foram
reforçadas
mais recentemente
por
meio
de políticas e pactos para atenção ao idoso. A participação do Sistema Único de Saúde -
SUS em prol da formação e educação permanente dos profissionais cuidadores se firmou ao
criar o Programa Nacional de Formação de Cuidadores de Idosos (
BRASIL,
2008
a
).
Quanto
ao desenvolvimento profissional do cuidador de i
dosos
, é importante destacar
que autores
como
C
erqueira
e
O
liveira (
2002
),
Maffioletti e
Loyola (
2003
),
Giacomi
m
(2005),
Silveira (2006), Motta e Aguiar (2006), Guerreiro (2007), Marques (2008)
m
desenvolve
ndo
pesquisas na área de Saúde e Psicologia, sublinhando a importância dessa
temática na realidade brasileira.
Tais iniciativas ampliam
a
perspectiva da prática do cuidador com novos saberes, que
favorecem a compreensão da
percepção e consciência crítica
do papel profissional
.
A integração das áreas do conhecimento e o incentivo às equipes multidisciplinares
abriram espaço para vertentes da Psicologia aplicar seu conhecimento, métodos e técnicas de
investigação e intervenção grupal em práticas sociais e comunitárias no cuidado ao sujeito.
Com base nessas circunstâncias enseja-
se
a investigação da percepção do cuidador
sobre seu papel prof
issional
com base no referencial teórico da Socionomia e na Teoria dos
Papéis de
senvolvidos por
Jacob Levy Moreno
(1898/1974)
.
A Socionomia, ciência que estuda as relações interpessoais e a dinâmica dos grupos
humanos, b
aseia
-
se
na visão de homem presente
no projeto socionômico
,
retrata o ser humano
como unidade social, e não orgânica; um ser espontâneo e criativo. Propõe método e
técnicas de intervenção grupal com base na espontaneidade e a criatividade
como
catalisadoras das relações
télicas
” (afetiv
as),
que igualam e
garant
em ao indivíduo seu
espaço na sociedade
(
MORENO 1992
).
16
a Teoria dos Papéis tem suporte no princípio de que a formação do ‘eu’ é precedida
pela formação de papéis que o indivíduo representa desde o nascimento e estrutura-
se,
ini
cialmente, da adoção de um papel pronto (imitação)
‘role
-
taking’
; evoluindo para a
representação de papéis
‘role
- playing’ e culminando com o ‘role-
creating’
, no qual o
indivíduo já tem liberdade para criar papéis de acordo com sua personalidade e habilidades.
Foi
pela
observação da representação teatral que Moreno desenvolveu a Teoria dos
Papéis, pautado na crença de que todos possuem, de forma inata, o ‘fator espontaneidade’
garant
indo
ao indivíduo condiç
ões
de estabelecer relação consigo e com os o
utros
por meio
de respostas adequadas e criativas no desempenho de papéis sociais
.
A
exemplo: pai, filho,
avô, amigo,
cuidador
etc
.
Moreno (1993)
desenvolveu a
idéia
de que o papel tem caráter social e relacional, com
função na comunicação interpessoal e estruturação afetiva, social e cultural dos indivíduos e
grupos.
Para ele, cada indivíduo possui um mundo privado, com ideias e experiências
individuais que formam os papéis psicodramáticos
e outros denominados sociodramáticos
que
expressam idéias e experi
ências coletivas
. Ambos
são
inseparáveis
,
pode
ndo
-
se apreender
que
(...)
todo e qualquer papel consiste numa fusão de elementos privados e coletivos.
Todo papel tem duas faces, uma pessoal e uma coletiva. O mundo que cerca a
pessoa
pode ser desmontado em sucessivas camadas, como uma cebola (...)
os
papeis privados apresentam-se como um revestimento que confere aos papéis
coletivos uma coloração individual, algo diferente em cada caso (
MORENO,
1993,
p.410
-
411).
O vínculo que intermedeia o papel e o contrapapel se
faz
com base na
tele
”, conceito
moreniano que explica a dimensão dos sentimentos nos relacionamentos interpessoais,
toma
ndo as pessoas pelo que são e por quem são: “o captar, apreciar e sentir os verdadeiros
traços que caracterizam o outro” (KELLER
MANN, 1998, p. 116).
Segundo Martin (19
96
),
a aprendizagem do papel inicia-se na infância, por meio do
vínculo mãe (papel) e bebê (contrapapel) que propicia a adoção de papéis e origem dos
demais papéis ao longo da vida, além da
assimilação da cultura.
Pa
ra Moreno (1993), a força do potencial criativo dos indivíduos e a
corresponsabilidade nas relações interpessoais favorecem o desenvolvimento e desempenho
dos papéis que se
assume
na vida, inclusive o profissional.
A percepção do papel do cuidador implica compreensão da relação com o idoso de
forma que se avaliem os sentimentos que a constroem, considerando a importância da tele que
sustenta o vínculo e seus aspectos atraentes e também os repulsivos das relações entre as
17
pessoas
envolvidas. Desse modo, a busca por um contato autêntico, ou encontro, no qual
os
cuidadores desempenhem seu papel por afinidades positivas, que vão além da competência
técnica
,
fortalecerá o cuidador para a ação do cuidar e cuidar
-
se
.
A compreensão da estruturação do papel com base nas experiências relacionais,
considerando os aspectos afetivos, sociais e culturais incluindo a formação do eu e da
identidade profissional permitirá avaliar a percepção do cuidador sobre seu papel
e
desempenho profissional.
Despertar no cuidador a consciência do potencial criativo inerente ao ser humano no
desempenho dos seus papéis poderá favorecer autoavaliação de suas habilidades e interesses
p
rofissionais
que beneficiará a expressão espontâneo/criativa de novas respostas frente às
necessidade
s
na a
ção do cuidar de idosos (‘role
-
creating’).
Olhar para esta realidade sob a perspectiva do papel como unidade de conduta
sociocultural, contribui para ampliar a autopercepção acerca do papel profissional e viabilizar
o autoconhecimento do cuidador.
Ao
dese
nvolver o
cuidar
e o autocuidado de modo
afetiv
o e
efetivo
, a aprendizagem adquirida pela troca de saberes com os idosos e outros profissionais,
desencadeará
respostas criativas advindas da prática
,
favorece
ndo
o “empoderamento” do
cuidador e dos profissio
nais envolvidos
na ILPI
.
O presente estudo tem
como
objetivo conhecer a percepção dos cuidadores sobre o
que é ser cuidador de idosos no contexto de ILPI’s. A necessidade de realizar esta pesquisa
está relacionada ao interesse por compreender as dimensões
do papel profissional do cuidador
de idosos, sob a perspectiva da teoria dos papéis, partindo da percepção de que ele próprio
tem do seu trabalho, de si e da expressão sociocultural do ato de cuidar de idosos.
METODOLOGIA
Este ensaio
caracteriza
-se por uma abordagem qualitativa, a qual ressalta a relevância
dos significados subjetivos que os indivíduos atribuem às suas atividades e a seus ambientes
(
FLICK
, 2004).
Os cuidadores foram avaliados, além da sua capacidade técnica, nos aspectos da
subjetividade
e da intersubjetividade, imprescindíveis às atividades desenvolvidas no cuidar,
aliadas a fatores socioculturais e institucionais que envolvem sua ação junto aos idosos, no
contexto institucional da ILPI.
18
Na lição de Gonzalez Rey (2005), a informação na pesquisa qualitativa não se apóia
somente na coleta de dados segue o curso progressivo e aberto de uma formulação e
interpretação que acompanha todos os momentos da pesquisa
.
A pesquisa teve como
lo
cus
o Lar Torres de Melo, instituição de utilidade públic
a,
filantrópica, que 102 anos disponibiliza serviços de proteção social na modalidade de
abrigamento como instituição de longa permanência de idosos. Situada na cidade de
Fortaleza
-
CE, esta ILP
I se mostra aberta a desenvolver trabalhos em parceria com i
nstituições
de ensino, pesquisa e extensão, que possam contribuir com a melhoria das condições de saúde
e trabalho
visando
ao
atendimento de qualidade aos idosos.
Para viabilizar a pesquisa, a instituição concedeu o seu Relatório de Atividades do ano
de 2
007
, proporcionando dados administrativos, financeiros e de recursos humanos
,
juntamente com a lista do t
otal de
seus
13 cuidadores de idosos
.
Do
total
de cuidadores, seis participaram integralmente, dois foram excluídos por
motivo
de férias e cinco em razão da incompatibilidade de horário, em função da escala de
trabalho.
A coleta de dados ocorreu no ano de 2009. Os instrumentos para a coleta de dados
constituíram
-se de um questionário e de entrevista semiestruturada. Os sujeitos foram
identificados pela sigla CI (cuidador de idosos) seguida pelo número de ordem na pesquisa:
C1 a C6.
U
tilizou
-
se do questionário, para caracterização dos sujeitos
,
como: idade, sexo, estado
civil, escolaridade, renda, tempo de serviço na instituição
como
cuidador, participação em
curso para cuidador de idosos, se por iniciativa própria ou da ILPI, grau de dependência dos
idosos dos quais cuida, conhecimento sobre o Guia para Cuidadores de Idosos (2008) e
exercício de atividades anteriores.
Em seguida, foram realizadas as entrevistas, as quais permit
iram
que o sujeito
penetr
ass
e
na verdade, pois, na intersubjetividade do diálogo,
explicitam
-
se
o que seria dito
ou realizado, deixado de dizer e/ou de realizar, revelando o que pode ou não ser realizado
(C
ARVALHO
,
2008
).
As entrevistas foram aplicadas individualmente, abordando aspecto
individual (privado) e coletivo (público) sobre o papel de cuidador de idoso, tendo por base
seis perguntas condutoras, versando sobre:
1
O que é para você ser cuidador de idosos? 2 Que sentimentos
você identifica quando
pensa no desempenho do papel de cuidador? 3 O que você faz para cuidar de si que reflita
19
positivamente no seu trabalho? 4 O que acha que os cuidadores desta ILPI necessitam para o
desempenho profissional? 5
O que você tem de melhor
p
ara oferecer nesse momento? 6
O que
acha que precisa melhorar em vo para contribuir com o crescimento do grupo de
cuidadores?
As respostas foram gravadas e transcritas na sua íntegra, o método da Análise de
Conteúdo preconizado por Laurence Bardin (2008) foi utilizado para organização e
tratamento
dos dados. Seguiram-se as etapas de pré-análise, exploração do material,
codificação, categorização, inferência e interpretação dos dados. A análise de conteúdo é
definida como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens
(BARDIN, 2008, P.44).
Dentre as técnicas utilizadas para a realização da análise de conteúdo, optou-se pela
análise categorial e temática. A análise categorial trata do desmembramento do discurso em
categorias, em que os critérios de escolha e de delimitação orientam-se pela dimensão da
investigação dos temas relacionados ao objeto de pesquisa, identificados nos discursos dos
sujeitos pesquisados
(
BARDIN,
2008)
.
Durante a pesquisa, foram seguidos ainda os princípios socionômicos desenv
olvidos
por Moreno (1992) acerca
do observador participante, em que pesquisador e sujeito são vistos
como seres em relação, ambos portadores de potencial criativo, portanto, devendo ser
respeitados na sua intersubjetividade.
Participaram da pesquisa seis cuidadores, cuja idade variou de 34 a 58 anos, de ambos
os sexos. Com relação à renda familiar, houve variação de 1 a 2 salários mínimos, podendo
ser considerados de baixa renda. Quanto ao grau de escolaridade e educação continuada
apenas quatro cuidadores concluíram o ensino médio, enquanto os demais terminaram apenas
o ensino fundamental, e, nenhum cuidador participou de curso para cuidador de idosos.
Todos os cuidadores cuidam de idosos com grau de dependência parcial e total e
nenhum deles conhece o Guia Prático de Cuidadores de Idosos, lançado pelo Ministério da
Saúde (BRASIL, 2008b
).
Os
cuidadores relataram interesse em participar do trabalho, embora inicialmente
demonstrassem dificuldade para falar sobre si e sua atividade laboral. O relato dos seis
20
c
uidadores de idosos foi sintetizado em quatro unidades temáticas e treze categorias. A Teoria
dos Papéis serviu para as inferências e interpretação dos dados sobre a percepção e
desempenho do papel na concepção dos cuidadores. Para compreensão da análise
,
u
tilizou
-
se
de pré-
categorias,
reunidas em unidades e
significados
. As categorias foram representadas no
quadro 1.
Quadro 1
-
Análise Temática
do Papel Profissional
UNIDADE TEMÁTICA
SIGNIFICADO
CATEGORIAS
Papel profissional e
identidade pessoal
PPIP
Pe
rcepção do cuidador
sobre o ato de cuidar de
idosos como aspecto
individual do papel
profissional
(...)faço com amor e carinho.
( .
..) eles confiam em mim
Gratificante, aprendo cada
dia com a presença deles
(idosos)
Cuidar e Cuidar
-
se
CC
Dimen
sionamento dos
sentimentos e os cuidados
com o idoso e consigo
mediante o desempenho
profissional
(...) como eu esteja tratando a
minha mãe.
(...) me apoio numa pessoa
que eu gosto (marido, idosos,
namorado, colega...)
me dou mais valor, leio um
bom livro
...
Papel profissional e
identidade grupal
PPIG
Percepção do cuidador
sobre o ato de cuidar de
idosos interagindo com
outros cuidadores no
aspecto coletivo do papel
profissional
Atenção
Relação com respeito;
Arrogância
Corresponsabilidade
Grupal
-
Da
r e Receber
-
CRGDR
Redimensionamento do
papel profissional
desvelando novas
respostas para a ação do
cuidador na ILPI
Ouvir mais(...)
Raça
Cuidado(... )
Respeito
Fonte:
Dados da p
esquisa
O estudo
foi
inici
ado
após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade
de Fortaleza, Parecer
038
/2009, e coleta de dados, quando da
assinatura
do termo de
consentimento
livre e esclarecido, em cumprimento às normas legais e éticas para pesquisa,
determinadas na Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de
Saúde (BRASIL, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para responder à questão “Qual a
auto
percepção dos cuidador
es
sobre o seu papel
profissional
?”, foram agrupados elementos da percepção dos
mesmos
sobre o papel
profissional
.
De
screveram
a autopercepção deline
ando
aspectos subjetivos e objetivos que
caracterizaram
o modo de cuidar: com sentimentos positivos de amor e carinho
;
transferindo
21
afeto de figuras de referência (mãe, avós,
etc)
para os idosos
;
assegura
ndo
que cuidem de si
no futuro
;
aprende
ndo
sobre a v
ida
; descuidando do au
tocuidado
; a
utocuidado
vinculado a
outras pessoas ou
nos
idosos
;
n
ecessidades
de dar atenção, receber respeito e ouvir mais da
equipe
.
No
iniciar d
a
discussão
sobre
as categorias é importante ressaltar que os dados foram
analisados e interpretados de acordo com a Teoria dos papéis
.
UNIDADE TEMÁTICA
1
: P
apel p
rofissional e Identidade P
essoal
PPIP
As primeiras categorias analisadas estão relacionadas a aspectos da
auto
percepção do
papel de cuidador de idosos:
(C1) faço com amor e car
inho;
(C4) eles confiam em mim;
(C2) Gratificante aprendo cada dia com a presença deles (idosos).
A
auto
percepção destes cuidadores sobre o seu papel profissional surgiu imbricada em
aspectos individuais de sua personalidade, o que a enriquece de verdades e confirma a
complexidade que envolve a atividade perceptiva:
(...) a noção de percepção cobre outros objetos, numa ampliação de significado (...) o
próprio ego, para se dar um exemplo, seria objeto de apreensão perceptual, o que
significa dizer que assim como apreendemos objetos que nos cercam, tam
bém
apreendemos a nós mesmos. (PENNA, 1993, p. 13)
.
Perguntados sobre sua percepção quanto ao papel de cuidador de idosos, os cuidadores
se referiram objetivamente ao ato de cuidar com sentimentos positivos de
amor e carinho.
(
...
) gosto do meu trabalho; tem deles que eu gosto mesmo de coração, como se fosse
meu parente(C4), satisfatório; eu amo o que faço(C6).
Cattani e Girardon-Perlini (2004) observaram a existência de um componente afetivo
associado ao ato de cuidar que reafirma na mensagem dos cuidadores a descrição de
cuidar
vinculada
a
sentimento
s
.
Este modo de perceber transcende a realidade objetiva para a
auto
p
erc
e
pção
individual
:
...
eu gosto muito de cuidar; Amor; muito carinho; sinto até
saudades..
.
(C4);
com amor e carinho (C1); na folga fico triste (C2); tem deles que eu gosto
mesmo de coração
(C4)
.
Desse modo, a emoção suscitada no ato de cuidar, bem como o sentimento
de
que o
cuidar
desperta no idoso: eles confiam em mim (C4) representa a
intera
ção
d
a
objetividade do
22
papel profissional e a intersubjetividade que caracteriza o vínculo do cuidador com o idoso,
tornando
gratificante
(C2)
o desempenho do seu papel.
Garroutte et al (2008) ressaltaram a importância da aprendizagem no cuidado
culturalme
nte competente, aquele que considera aspectos culturais do paciente num processo
de interação e aprendizagem para os envolvidos na relação.
A aprendizagem foi outro elemento citado pelos cuidadores como aspecto adquirido
com os idosos durante o desempenho
do
seu papel
e
que contribui para o crescimento
pessoal:
Gratificante, aprendo cada dia com a presença deles (C2). Nesta fala, constatou-
se
que o significado de cuidar está
aliado
ao que aponta Moreno (1992) sobre a fusão de
elementos privados e coletivos que
compõe
m o papel e definem a aprendizagem no seu
desempenho.
Nesse sentido, a teoria dos papéis, ao afirmar a importância do vínculo afetivo na
formação da tele (sentimentos mútuos) que estrutura o papel, confirma a importância dos
sentimentos, interesses, crenças nas relações interpessoais. A percepção do papel, da
intersubjetividade presente na interação com o contrapapel (idoso) favorece a tele e remete à
melhoria no
ato de cuidar.
UNIDADE TEMÁTICA
2
:
Cuidar e Cuidar
-
se
CC
As categorias seguintes estão relacionadas ao cuidar no dimensionamento dos
sentimentos e cuidados com o idoso e o cuidar
-
se mediante o desempenho profissional.
(C3) ...como
eu esteja tratando a minha mãe.
(C1,C2,C4,C5;)... me apoio numa pessoa que eu gosto (marido, idosos, n
amorado,
colega
);
(C6)...me dou mais valor, leio um bom livro.
O cuidado ao idoso foi comparado pelos cuidadores àquele aprendido no âmbito
familiar, principalmente no cuidado à mãe e avós. Em
C5
, denota-se uma transferência de
afetos para os idosos
(...
)
olho para eles
e
me lembro da minha mãe;
A projeção de como gostariam de ser tratados no seu futuro também surgiu como fator
condicionante de um tratamento afetivo com o idoso
:
lembro do meu amanhã (...) tenho dois
filhos e não sei como vai ser meu amanhã (C5)
.
Tal achado é corroborado por Karsch (
1998
),
23
quando aponta o compromisso e
a
soli
dariedade
no cuidado ao desejo de retribuir cuidados
recebidos na infância e aversão à projeção do futuro como tendo seu envelhecimento no
contexto asilar.
Cattani
e Girardon-Perlini (2004) e
ntende
m a dedi
cação
ao cuidado como forma de
ser valorizado e reconhecido socialmente
. A
cultura valoriza aqueles que cumprem obrigações
para com os
mais
necessitados
, como forma de corresponsabilidade com o outro.
O conceito
de
tele
se origina do vínculo mãe e bebê e se define como a menor
unidade de sentimentos que interage em uma relação. situações em que descrevem:
“Sempre tive amor por eles, aquele cuidado todo; minha mãe ta idosa; digo que eu jamais
iria abandonar el
a
(C5).
Para cuidar de si, apenas um cuidador reportou-se ao desenvolvimento pessoal e
intelectual como forma de se cuidar: (...) me amar mais; me dou mais valor; leio um bom
livro, meditar, pensar, me ver no presente, no meu futuro, me ver como eu gos
to;
o resto a
Deus pertence
(C6)
.
Considerando que o homem não é um ser só, esta forma de cuidado é satisfatória
desde que não se restrinja a esta única forma. Nesse sentido, Schulz (2009) defende a
necessidade de estratégias de intervenção como suporte à saúde e integração social para a
melhoria da qualidade de vida de cuidadores e idosos.
Enquanto
isso,
cinco
cuidadores se remetem à busca de apoio em outra pessoa ou até
mesmo ao próprio idoso: (...) quando passo o dia sem contato daí a pouco eu vou ali, eles me
abraçam; eu levo eles para médico eu me cuido também (C4); Quando eu estou triste,
chateada; sento para conversar com eles (C2); me apoio numa pessoa que eu gosto (C5);
com meu marido (C1).
Estes achados são corroborados por Cerqueira e Oliveira (2002) em seu programa de
apoio e orientação aos cuidadores de idosos. Nesse sentido, o Guia prático do cuidador de
idosos (BRASIL, 2008 c) orienta
que
:
É fundamental que o cuidador reserve alguns momentos do seu dia para se cuidar,
descansar, relaxar e praticar alguma atividade física e de lazer, tais como: caminhar,
fazer ginástica, crochê, tricô, pinturas, desenhos, dançar, etc (...)
Capacitação/orientações sobre questões gerais relacionadas ao envelhecimento e
específicas sobre cuidados, de acordo com os tipos e graus da dependência, para
cuidar melhor e para promover o autocuidado
.
(BRASIL, 2008 c).
24
Além do aspecto cultural que envolve o cuidar, percebeu-se que o cuidador expressa a
busca da relação “télica” vivida com figuras importantes de sua vida, repetindo-as ao retribuir
o cuidado amoroso com o idoso, denotando uma interação entre aspectos de papéis privados
com o profissional. Pressupostos da teoria dos papéis apontam o contexto
como
foco
ideal
para manter o equilíbrio e adequação dos papéis
evita
ndo
distorções e prejuízo em seu
desempenho
.
UNIDADE TEMÁTICA
3
:
Papel profissional e identidade grupal
PPIG
A atividade de cuidar na ILPI caracteriza-se como atividade grupal, que implica
integração do aspecto individual (privado) e coletivo (públi
co) do papel de cuidador.
Nesse sentido, analisar as respostas dos cuidadores sobre o que precisam melhorar
para atuar em grupo com outros cuidadores remete novamente aos aspectos
que
se sustentam
da afetividade presente no vínculo com
o outro (
contrapape
l
).
(C2, (C5 ) Atenção;
(C4) Relação com respeito;
(C6) Arrogância
Para
C1,
C2 e C5,
C3,
C4
, C6 respectivamente, o que precisam melhorar em relação
ao grupo são
paciência,
atenção,
agilidade, respeito na relação, reduzir a arrogância. São
estes
atributos ligados ao desenvolvimento individual (papel privado) mobilizado diariamente
no vínculo com os idosos
e entre si
.
O desenvolvimento do papel profissional, com base na Teoria dos Papéis foi utilizado
por Sant’Anna e Brito (2006) para descrever e discutir a
constituição
do papel de psicólogos
em instituições de saúde mental. Os resultados obtidos também foram discutidos com base
nos aspectos individuais e coletivos do papel profissional: (...) empregamos o conceito de
papel (Moreno, 1979) como recurso teórico para descrever as dimensões coletivas e
individuais e o processo de desenvolvimento da ação dos profissionais de Psicologia
.
(SANT’ANNA E BRITO, 2006, p.369).
Autores de outros países como Li (2009);
Schuette
(2009); Choi (2009);
Shimizu
(2009) preocupam-
se
com o número de cuidadores em relação
a
elevada
demanda no
mercado, com
a
qualidade da formação, treinamento, retorno financeiro e qualidade de vida
dos cuidadores com vistas
à
obtenção de cuidado de qualidade aos idosos.
25
Embora a unidade temática esteja investida do aspecto coletivo do papel profissional,
observou
-se que os cuidadores disponibilizaram ao grupo o próprio crescimento e
desenvolvimento de valores num gesto de primazia. Esta parece ser uma característica do
grupo desta ILP
I
.
Moreno
(1992)
,
em seu estudo do vínculo intragrupal apontou a relação com respeito
ao outro como dimensão saudável dos grupos humanos
.
Não obstante, o grupo tenha
transce
ndido aspectos da racionalidade: desempenho diário, produtividade, resistência física,
precisão,
políticas de proteção etc em prol de aspectos afetivos,
notou
-se a ambivalência de
sentimentos
. Nos aspectos a melhorar (arrogância, paciência, etc) se contrapõem face as
atitudes afetivas expressas no cuidar “com carinho” e
na
ausência de análise crítica do seu
papel e da instituição.
No plano da ação humanizada expressa no cuidar “com carinho”
es
te
aspecto pode ser
considerado
bom,
contudo,
no plano da consciência crítica do papel de cuidador temos
denota
a necessidade de desenvolvimento da percepção do papel profissional, com vistas à
auto
-
realização
,
aut
e
ntic
idade na
identidade grupal e ação
profissional
transformadora.
UNIDADE TEMÁTICA
4
:
Cor
responsabilidade Grupal -
Dar e Receber
-
CRGDR
A ação do cuidador na ILPI exige novas respostas para solucionar situações cotidianas
e inusitadas que vivencia em sua relação com o idoso e
com outros profissionais no dia
a
dia.
Esse contexto, entretanto, compõe um processo maior envolvendo técnicas,
conhecimento atualizado e afetividade que se distribuem por meio do binômio “dar e
receber”, permeando vínculos que vão além do papel/contrapapel: cuidador/idoso e
cuidador/ILPI até a corresponsabilidade com o redimensionamento do papel profissional no
âmbito individual e coletivo.
A categoria Dar e Receber implica todas as demais, pois o sentido do cuidar e ser
cuidado em ambas as direções
unifica
a relação entre os envolvidos no cuidar.
As categorias obtidas nessa temática foram subdivididas em Dar (o que é
ofere
cido
para o grupo) e Receber (as necessidades do grupo)
:
Da
;
r
Ouvir mais e Raça
Receber
26
Cuidado
,
respeito
A necessidade do grupo em se postar no ponto de ouvir mais o outro e de receber
cuidado e respeito denotou no contexto geral do grupo a busca do equilíbrio entre o dar e
receb
er no qual “eu posso lhe ouvir mais e quero receber cuidado e respeito e vice versa”
.
Desse modo, conhecer a necessidade e o tipo de afeto que circula no vínculo favoreceu a
compreensão das relações no grupo.
Nesta perspectiva, os próprios cuidadores traçaram uma relação entre o que quer
em
dar e o que quer
em
receber para obter bem-estar, o que pode fornecer subsídios para
compreender as expectativas e projeções dos cuidadores, oriundas em função de necessidades
pessoais e em decorrência do desempenho do pap
el.
Observa-se congruência entre o que querem dar no exercício do papel com o que
querem receber como busca do cuidado com
respeito
, paciência,
compreensão
e
amizade
para
si também. Esta perspectiva de buscar cuidado
significa
caráter predominantemente af
etivo
(aspecto privado do papel) em detrimento do caráter técnico (aspecto coletivo) do papel
profissional.
Desse modo, o equilíbrio entre estes dois aspectos pode favorecer a profissionalização
do trabalho do cuidador com ganhos de reconhecimento profissional e social.
Jylhã
(1990
)
reforç
ou
a importância da interdisciplinaridade na
promo
ção do bem-estar psicológico de
idosos solitários, o apoio entre pares e integração social. Do mesmo modo,
ressalta
-se aqui a
importância de intervenção com os cuidadores p
ara
que possam atender a esta demanda
social
.
A teoria do papel tem um caráter social e relacional, com função na comunicação
interpessoal
, estruturação afetiva, social e cultural, e
ncontra
ndo
respaldo na
corresponsabilidade.
Nesse sentido,
Moreno
(1992)
acredita que a corresponsabilidade é um
elemento fundamental de crescimento individual e grupal, propulsor do potencial criativo
e da
coesão grupal
.
O homem
potencial
mente
criativo se mostrou no dar
raça
(força de trabalho
)
enqu
anto a cooperação mediante outros cuidadores da equipe representou a
corresponsabilidade
para que sejam cuidados e respeitados. O papel se expressa na relação e
envolve a ação. P
ortanto
, o dar e receber são categorias que podem se desenvolver
cont
ribuindo para o amadurecimento das etapas de estruturação dos papéis,
evoluindo do
role
27
taking
para o role creating
,
concretiza
n
do
-
se
nas atividades diárias com idosos e na vida
pessoal.
CON
SIDERAÇÕES FINAIS
A
afetividade
como
modo de cuidar (com amor e carinho) prevaleceu na autopercepç
ão
sobre o papel profissional dos cuidadores. Tal fato denotou
potencial
de cuidar n
o
desempenho do papel
,
contudo,
cabe ressaltar a
necess
idade de
reverter o cuidado
do
cuidador
para si
,
de modo que amplie a consciência de autocuidado como aspecto positivo do ato de
cuidar.
Na
auto
percepção dos cuidadores sobre seu papel
a
deficiência no aspecto coletivo de
formação
, atualização profissional e limitações na prática do cuidador em ILPI’s
de
mo
ns
t
rar
am que estes aspectos
precisa
m ser desenvolvidos, como forma de cuidar melhor
do cuidador e melhorar seu desempenho profissional
.
O descuido com o
autocuidado
; o referencial familiar como modelo prevalente do
cuidar
; a ausência de cursos de formaç
ão
e o desconhecimento do Guia Prático dos
Cuidadores de I
dosos
co
mprometem a competência e o desempenho profissional.
A ausência de questionamentos acerca das condições ambientais de trabalho, da
sobrecarga sobre a saúde, da
auto
-
realização
, da qualificação em serviço, da remuneração, do
número reduzido de cuidadores, por exemplo, se compatibiliza com um desempenho pouco
crítico
dos cuidadores, até mesmo deficiente no seu papel como agente social. Tal realidade
demanda ações e políticas públicas como suporte
de
profissionalização do cuidador
,
à sua
saúde e
integração
em
redes de apoio social.
Embora a trajetória de reconhecimento da atuação na ILPI tenha surgido como visão
humanizada do cuidado, não isenta o cuidador de buscar uma consciência mais crítica do
exercício profissional, aplicável ao contexto geral da atenção
ao idoso e do seu cuidador.
No olhar do cuidador para si, para o idoso e para o grupo, emergiram valores entre o
que receber e o que melhorar, s
uscit
ando
necessidade de desenvolvimento do papel
profissional com vistas à humanização do trabalho, reconhecimento da cidadania,
conscientização
no desempenho do papel profissional, ressaltando atitudes de valorização e
corresponsabilidade no trabalho.
A Teoria dos Papéis incorporada como arcabouço teórico
pode
favorece
r a ação do
cuidador no sentido de aplicar técnicas para o desenvolvimento do papel profissional Role
28
playing,
potencializa
ndo assim, novas respostas para seu dese
mpenho
profissional
.
Este
pressuposto
se coaduna com a finalidade de Promoção da Saúde, discussão sobre políticas
públicas voltadas para a formação e qualificação dos cuidadores, conforme proposto pelo
S
istema Único de
S
aúde
.
29
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32
3. ARTIGO 2
PROMOÇÃO DA SAÚDE: SOCIODRAMA NA PRÁTICA DE CUIDADORES DE
IDOSOS
RESUMO
Introdução
A Saúde Coletiva confronta-se com o envelhecimento acelerado da população
mundial, que aumentou a demanda por cuidadores de idosos e a necessidade de intervir nesta
realidade com práticas integrativas de promoção do cuidado e autocuidado, numa visão
ampliada de homem.
Objetivo
Avaliar
a autopercepção dos cuidadores de idosos sobre seu
papel profissional, após a utilização de sociodramas tematizados.
Metodologia
Estudo de
natureza qualitativa, realizado em instituição de longa permanência, em Fortaleza CE em
2009. Participaram do estudo seis cuidadores, de ambos os sexos, com escolaridade até o
vel médio, atuando em dias alternados, conforme escala institucional. Para coleta de dados
foram usados
:
questionário de identificação
sociodemográfico
e método de intervenção
sociodramática. Realizaram-se seis sociodramas, com etapas de aquecimento, dramatização e
compartilhar. Fundamentou-se teoricamente na Sociatria e em Bardin para análise dos dados.
Resultados
Os temas dos sociodramas formaram categorias temáticas: 1)
Construindo
vínculos: todos tiveram dificuldade de interagir, superou-se com atividade lúdica
;
2)
Cuidar
de si:
motivou
-se para o autocuidado com ação dramática;
3)
Humanização do cuidado:
elaboro
u-se coletivamente valores para o cuidado; 4)Potencial Criativo: percebeu-se vontade
de melhorar as dificuldades inter-relacionais; 5) Matriz afetiva da rede sociométrica:
após
resolução de conflito grupal relataram alívio, união e força grupal; 6)
Autoavaliação:
r
edimens
ionamento do papel profissional denot
ando
consciência do papel com surgimento de
temas grupais - ser mais valorizado, melhores condições de trabalho e necessidade de
reconhecimento institucional.
Conclusão
após os sociodramas, novas respostas dos
cuidadores evidenciaram o
empoderamento
d
eles
e do grupo, reforçando a importância de
intervenções grupais para a melhoria da autopercepção no exercício profissional como
Promoção da Saúde
.
Palavras
-
chave:
S
ociodrama
. C
uidador
.
idoso
.
P
romoção da S
aúde
.
33
ABSTRACT
Introduction:
Public healthcare faces the challenge of a fast-aging world
´s
population, and
therefore the demand for senior ci
tizens caregivers
has
increased, together with the need to act
on this reality with integrative care and self-care promotional activities within a widened
vision of man.
Objective
:
Evaluate the self-perception of the caregivers regarding their
professional
role after the utilization of thematic socio
dramas. Methodology
: This is a
qualitative study carried out at a long-
term
care
institution in Fortaleza-CE in 2009. Six
care
givers of both sexes took part in this study, all with a literacy level of up to seco
ndary
education, who performed their jobs in an alternated fashion according to the institution´s
work schedule. Data collection was done through a social and demographic identification
questionnaire based on the performance of social dramas. Six thematic social dramas were
performed, including warm-up, dramatization and sharing activities, based on the Sociatry
T
heory
and
Bardin to Data analysis .
Results
: The themes of the sociodramas conformed
thematic categories, namely: 1) Building bonds: everyone had difficulties in interacti
ng,
which were overcome by gaming activities; 2) Taking care of myself: the self-care deficiency
was overcome through the dramatic activities; 3) Humanization of caregiving: caregiving
values were collectively elaborated; 4) Creative potential: we perceived a will to improve
relational hardships; 5) Affective matrix of the sociometric network: after the resolution of the
group conflicts they reported a sensation of relief, unity and group force; 6) Self evaluation:
Redimensioning
of the professional role: we saw an awareness of their role after the
appearance of new group themes, such as a higher valorization, better work conditions and the
need for an institutional recognition.
Conclusion
: After the sociodramas, the caregivers´ ne
w
responses made an evident “empowerment” of them both as individuals and as a group,
strengthening the importance of group activities
for
the improvement of self-
perception
in the
framework of the professional practice in the field of healthcare promotion
.
Key words
:
Soci
o
drama. Caregivers. Elderly.
Health
promotion.
34
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional provocou grande preocupação aos autores ligados
a
Saúde Coletiva, impulsionando-os ao estabelecimento de alianças com outras áreas do
conhecimen
to, como as ciências humanas e sociais, com vistas à ação interdisciplinar nos
aspectos dos cuidados de Promoção da Saúde dos idosos e seus cuidadores.
O termo Promoção da Saúde surgiu no Brasil em 1992, com a realização da VIII
Conferência Nacional de Saúde, no mesmo ano da I Conferência Internacional de Promoção
da Saúde realizada no Canadá, marco mundial desse movimento. “O conceito de promoção da
saúde propõe a articulação de saberes técnicos
,
populares e a mobilização de recursos
institucionais e comunitários, públicos e privados para seu enfrentamento e resolução”.
(BUSS, 2000 p.165).
Nesse sentido, este artigo busca responder às necessidades que emanam da realidade
do cuidador de idosos
em instituição de longa permanência para idosos
-
ILPI
.
C
ompre
ender o
cuidador de idosos e intervir no nível do desempenho do papel profissional tornou-
se
hoje
uma necessidade premente, pois em sua ação com o idoso, confronta-se com deficiência na
formação profissional, limitações financeiras e estruturais inerentes ao ambiente e cultura
institucionais
.
Tal realidade compromete a habilidade técnica e relacional, envolvendo questões
como remuneração baixa, problemas de saúde, sobrecarga de trabalho e consciência dos
direitos e obrigações inerentes à profissionalização dos cuidadores. Esta situação pode gerar
repercussões psíquicas inevitáveis, como preocupações, angústias, medos, alterações na
autoimagem e algum nível de
incapacidade no desempenho do papel de cuidador.
Considerando ainda a ação do cuidador pelo prisma da sua formação
precária
e/
ou
ausente cuja
atua
ção se no aspecto subjetivo do cuidar do próximo em detrimento do
uso da capacidade teórica e técnica, surgiu o interesse por um modelo de intervenção com
base na prática integrativa cujos subsídios proporc
ionem
a resolução d
e
problemas.
Motivada por esse interesse e pelas incursões feitas no campo da psicologia
clínica e social é que a Sociatria e o sociodrama foram escolhidos como fundamentação
teórica e prática para este estudo. A sociatria, por tratar-se de uma abordagem teórica que
objetiva a intervenção intrapsíquica e interrelacional em indivíduos e nos vínculos grupais; o
sociodrama
,
por se constituir como método de intervenção grupal proposto pela Sociatria.
35
A Sociatria surgiu em meados do século
XX como um
ramo da Socionomia, ciência que
trouxe como contribuição às ciências sociais e humanas uma fundamentação teórica
prioriza
ndo
o estudo e a intervenção nas relações interpessoais e nos grupos sociais.
A
S
ocionomia pode ser definida
como:
A ciência que trata das leis naturais que regem os sistemas sociais de modo geral,
dos grupos humanos e do desenvolvimento do homem fundamentado na sua
natureza inter-relacional (...)Traz em sua proposição um projeto de planificação
social com características auto-organizativas e auto-afirmativas, a exemplo do que
caracteriza a ciência moderna, especialmente a Teoria Sistêmica. (COSTA, 2000,
p.136).
Ao desenvolver a Socionomia, Moreno (1898/1974) considerou que a subjetividade
humana se expressa através da
s relações interpessoais, do desempenho dos papéis sociais e de
constantes atos criativos. Considerando o homem como co-responsável pelo seu próprio
crescimento, autor e co
-
autor do seu projeto de vida,
empenhou
-
se no estudo dos processos
de
transformação
social e
criou um
projeto socionômico com três ramif
icações:
Sociodinâmica
, estuda a estrutura interna de grandes e pequenos grupos
;
Sociomet
ria
,
estuda a medida dos sentimentos nas relações interpessoais permitindo que se conheçam
a
estrutura e dinâmica dos grupos sociais e a
Sociatria
, intervém terapeuticamente nos
indivíduos e nos sistemas sociais, utilizando como métodos de ão o psicodrama, a
psicoterapia de g
rupo
e o sociodrama (Costa,
1996).
A Sociatria valoriza o lúdico como instrumento de intervenção psicossocial, trouxe
como contribuição o estudo e as intervenções terapêuticas voltadas para compreensão e
intervenção na intersubjetividade que permeia os grupos sociais (SILVA, 2004).
O sociodrama foi eleito como recurso metodológico por ser
capa
z
ainda
de intervir
nos
grupos favorecendo o resgate e estabelecimento dos vínculos afetivos e
profissionais, autoconhecimento, interação grupal, consciência do papel profissional,
ética das relações e a
co
-
responsabilidade social
.
“Se existir responsabilidade, ela deve necessariamente ir além da mera
responsabilidade com a existência pessoal. Ela deve ser uma responsabilidade
com o Todo! E como eu poderia assumi-la sem ter uma função criadora neste
mundo e sem ser parceiro em sua criação?” (MORENO, 1992,
p. 11).
Sua ação atua na dimica individual e grupal de modo a despertar a
espon
taneidade e criatividade humana, entendida como capacidade de dar respostas novas
36
e adequadas às situações vividas individualmente ou em grupo, no sentido de buscar
um
projet
o maior de
planificação social
.
A Revolução Criadora Moreniana é a proposta de recuperação da espontaneidade e
da criatividade, através do rompimento com padrões de comportamento
esteriotipados, com valores e formas de participação na vida social que acarretam a
automação do ser humano (conservas culturais) (GONÇALVES, 1988, p.46).
Marra (2004) faz referência a duas modalidades de sociodrama: aquele que nasce da
demanda do grupo cujo tema emergirá do momento de interação com os participantes e o
tematiza
do, aquele no qual o tema está
pré
-
definido
por um plano de ação. Este último
serviu
de base para o presente
estudo. Para esta autora, o sociodrama
... é um método psicopedagógico de trabalho com grupos que facilita a
aprendizagem de papéis, idéias, conceitos e atitudes por meio da vivência
sociopedagógica. Ele se apóia na ação e no conceito de espontaneidade, que são
concebidos como resposta própria do indivíduo adequado às relações de seu
contexto social. Tem uma proposta de transformação nos indivíduos e sistemas
sociais. (MARRA,
2004, p. 47).
O sociodrama segue os mesmos princípios do psicodrama - uma forma de
psicoterapia, um método de diagnóstico e tratamento, que se caracteriza pela utilização
de
técnicas de ação. Difere do psicodrama por trabalhar com foco na dinâmica
grup
al
,
favorece
ndo
a expressão de situações e conflitos grupais
, o que
promove
sua reorganização. O
sociodrama desenvolve-
se obedecendo a
contextos, instrumentos,
etapas e técnicas
.
Segundo Moreno (1993), os contextos dividem-
se
em social representa a realidade
social do indivíduo; grupal refere-se à realidade vivida pelo indivíduo no grupo num dado
momento; psicodramático diz respeito à realidade
obje
tiva e subjetiva do grupo, que são
dramatizada
s
no
contexto imaginário:
“c
omo se”.
Os sociodramas se estruturam com instrumentos que são utilizados durante a ação
sociodramática: cenário, protagonista, diretor, egoauxiliares
e
público
. O cenário, criado e
montado para a ação dramática, permite interação, fantasia e realidade; o protagonista
é
representado pelo grupo, que se apresenta com sentimentos para a ação dramática; o diretor é
responsável pelo aquecimento do grupo, encaminhamento para a ação dramática;
os
egoauxiliares são pessoas que vão auxiliar o diretor no desenvolvimento da ação dramática e
têm
funções de ator, auxiliar e observador social do grupo; público refere-se às pessoas do
grupo que participa da ação como espectador, em determinado momento.
37
A ação sociodramática estrutura-se em três etapas: aquecimento consiste na
preparação do grupo para a ação dramática; dramatização é a representação do conflito ou
situação trazida pelo grupo; compartilhar ocorre ao final da ação, momento em que cada
indivíduo do grupo poderá falar sobre seus sentimentos e experiência de vida em relação à
ação sociodramática desenvolvida.
Nery et al (2006) vêem o sociodrama como um método de pesquisa interventiva, que
busca compreender os processos grupais e intervir em uma de suas situações-problema, por
meio da ação dramática e da
comunicação entre as pessoas.
Cabe enfatizar a importância do cuidado com o cuidador, o que inclui aspectos de sua
saúde física e mental. Dentre os transtornos presentes, a Síndrome de
Burnout
é hoje
considerada a mais frequente entre profissionais da Sa
úde.
a Síndrome de B
urnout
caracteriza
-se por uma constelação de sintomas funcionais, psíquicos e comportamentais, tais
como irritabilidade, fadiga intensa, exaustão, cefaléia, distúrbios do sono, depressão,
irritabilidade (FLORIANI,
2006,
P.527)
. Segundo o autor, esta Síndrome requer tratamento
adequado que envolve farmacoterapia, psicoterapia e o desenvolvimento de hábitos benéficos
à saúde, como: relaxamento ou meditação, exercícios físicos regulares, ritmo de trabalho
compatível com a vida social, deleg
ar tarefas e desenvolver a espiritualidade.
Normalmente
os
cuidadores de idosos não recebem orientações sobre como se cuidar
no contexto do ambiente de trabalho para preservar a saúde física e emocional (FLORIANI,
2006)
.
Frente a esta realidade,
o
Guia prático do cuidador de idosos
aborda
o item
cuidando
do cuidador
” trazendo orientações
que podem ajudar a preservar a saúde e aliviar a sua tarefa
.
Dentre elas, que o cuidador deve contar com a ajuda de outras pessoas, como a da família,
amigos ou vizinhos, definir dias e horários para cada um assumir parte dos cuidados.
(BRASIL, 2008, b).
A sobrecarga física e mental sob a saúde do trabalhador, a ausência de consciência do
autocuidado e de políticas públicas que orientem sobre o papel do cuidador, atuam co
mo
fatores
desfavoráve
is
à sua autoestima e desempenho adequado ao seu papel profissional
.
Sobre este tema Figueiredo (2008
, p. 349
) reforça
que
:
... a importância de cuidarmos do nosso corpo tendo em vista que um corpo cansado
e fisiologicamente acabad
o não conseguirá produzir e render ao máximo e interferirá
de forma negativamente na assistência ao ser humano, hospitalizado ou não (2008,
p.349).
38
Ante tal realidade, utilizar o sociodrama como recurso metodológico na Promoção da
Saúde do cuidador de idosos vem ao encontro do interesse pessoal do pesquisador quanto ao
desenvolvimento dos potenciais humanos, de modo a contribuir para o empoderamento” do
cuidador
em
todos os níveis da organização humana
:
individual
,
grupal e social.
A necessidade de realizar intervenção utilizando o sociodrama está vinculada à crença
de que
tr
ata de uma prática integrativa no sentido de que esta metodologia enfatiza a escuta
acolhedora,
o desenvolvimento do vínculo terapêutico, a consciência do autoconhecimento
como fundamental para o ‘cuidar de si’ e a integração do ser humano com o meio ambiente e
a sociedade
.
Nesse sentido,
tem
-
se
como objetivo avaliar a autopercepção dos cuidadores de idosos
sobre seu papel profissional, após a
realização
de sociodramas tematizados. O intuito é
reforç
ar
a idéia de q
ue
a aplicação do sociodrama tematizado
promove
o desenvolvimento dos
potenciais humanos trazendo
valorização
e profissionalização para os agentes que
transforma
m
a realidade do idoso
.
METODOLOGIA
Consider
ando a complexidade da pesquisa acerca da subjetividade que envolve o
cuidado ao idoso e seu cuidador, foi utilizada uma abordagem do tipo qualitativa. Aspectos da
subjetividade e intersubjetividade presentes nas relações devem ser efetiva
do
s para o
fortalecimento do vínculo entre os cuidadores e o pesquisador, como matriz para o êxito da
intervenção.
Na
ação do Cuidador foi considerada
com
o suporte a interação dos contextos
histórico, econômico, psicossocial e cultural, tanto para a compreensão do idoso como do seu
papel d
e cuidador, no contexto global da realidade institucional.
A pesquisa teve como locus o Lar Torres de Melo, uma instituição de utilidade
pública, filantrópica, que 102 anos disponibiliza serviços de proteção social na modalidade
de abrigamento como in
stituição de longa permanência de idosos (ILPI). Situada na cidade de
Fortaleza
-CE, esta ILPI se mostra aberta a desenvolver trabalhos em parceria com instituições
de ensino, pesquisa e extensão.
A ILPI possui 13 cuidadores de idosos. Deste total, seis participaram integralmente da
pesquisa, dois foram excluídos por
encontrar
-
se
em período de férias e cinco não puderam
participar da pesquisa em razão da incompatibilidade de horário, em função da escala de
trabalho e insuficiência de cuidadores para substitu
ição.
39
A coleta de dados ocorreu nos meses de março a julho de 2009. A pesquisa
compreendeu
duas fases, onde na fase I, houve a caracterização do grupo e aplicação de
entrevistas. Na fase II realizaram-
se
seis sociodramas sendo que, no último,
aplicou
-
se
u
ma
autoavaliação, abordando todo o trabalho realizado. A autoavaliação foi compartilhada ao
final deste encontro.
A ação interventiva sociodramática se realizou com seis sociodramas tematizados, no
espaço físico da própria Instituição, consistindo em um encontro semanal, com duração de
duas horas e intervalo para lanche de quinze minutos.
Os instrumentos para a coleta
de dados,
foram:
a)
questionário de identificação, como idade, sexo, estado civil, escolaridade, renda,
tempo de serviço na instituição como cuidador, participação em curso para
cuidador de idosos, se por iniciativa própria ou da ILPI, grau de dependência dos
idosos dos quais cuida, exercício de suas atividades anteriores e conhecimento
sobre o Guia para Cuidadores de Idosos
; e
b)
método do sociodr
ama,
etapa
na qual os sociodramas tematizados,
cujo
tema
est
ava
definido por um plano de ação, versaram sobre aspectos do papel
profissional de cuidadores de idosos: Construindo vínculos; Consciência do
autocuidado; Humanização do cuidado; Potencial criativo; Matriz afetiva da rede
sociométrica; Redimensionamento do papel profissional.
Na figura 1 é possível localizar o espaço da sociatria e do sociodrama no arcabouço
teórico da obra de Moreno, sistematizada por Costa (1996) e adaptado para este estudo.
40
Quadro 1. Arcalcabolço teórico da Sociatria
SOCIONOMIA
SOCIODINÂMICA
SOCIOMETRIA
SOCIATRIA
RAMIFICA
Ç
ÕES CIENT
Í
FICAS
Teatro
Espontâneo
Role Playing
Jornal Vivo
Teatro de
Reprise
Sociodrama
Psicodrama
Psicoterapia
de Grupo
Axiodrama
MÉTODOS
Técnicas: duplo, espelho, inversão de papéis, projeção de futuro, solilóquio,
maximização, concretização, etc
Teste Sociom
Teste Sociom
é
é
trico
trico
Teste de Expansividade
Teste de Expansividade
Afetiva
Afetiva
Teste do 1
Teste do 1
º
º
Encontro
Encontro
Teste dos Pap
Teste dos Pap
é
é
is
is
Teste da Espontaneidade
Teste da Espontaneidade
Fonte:
adaptada de
Costa (2006).
Desse modo, tanto a Sociatria como o sociodrama constitui uma proposta compatível
com o pensamento e projeto de transformação social, representado atualmente nas práticas
integrativas em
Saúde Coletiva
.
Para
os sociodramas, foram feitas abordagens teóricas e atividades lúdicas, como
ações dramáticas, técnica de desenho, técnica de escultura, jogos dramáticos e projeção de
vídeo relativo ao tema proposto, priorizando sempre o papel profissional e como lidar com o
aspecto pessoal, relacional e social no
seu
desempenho
.
Nos sociodramas, com o compartilhar, enfatizou-se tanto no momento inicial do
aquecimento como ao final, a importância da subjetividade com exercícios físicos ligados a
atividades lúdicas ou expressão verbal das emoções vivenciadas.
Foi entregue aos cuidadores o Guia prático do cuidador de idosos para que lessem e
tirassem as dúvidas ao longo dos sociodramas
com
intuito
de
ampli
ar a autopercepção
sobre
o
seu
papel e con
sciência crítica sobre a potência de ação de cada cuidador.
Para tanto, utilizou
-
se ainda de uma linguagem clara e adequada ao contexto e nível de
escolaridade dos
sujeito
s, sempre remetendo a exemplos do dia a
di
a da ILPI ou da vida
social.
41
Nesta pesquisa, a equipe foi composta pela pesquisadora, denominada na linguagem
psicodramática de ‘diretora’, responsável pelo cumprimento dos princípios éticos e execução
das ações interventivas; um processador (observador participante) que fez a observação da
atividade e da dinâmica do grupo para registro escrito e gravado dos dados durante toda a
pesquisa.
Na coleta de dados, os sujeitos foram entrevistados individualmente e submetidos a
intervenção sociodramática em grupo
,
tendo
a oportunidade de usar registro escrito, fotos e
gravações. Preservando a privacidade, os cuidadores foram identificados pela sigla CI
(cuidador de idosos), seguida pelo número de ordem na pesquisa: C1 a C6.
Para compreensão e interpretação do conteúdo a ser obtido no Sociodrama, optou-
se
pelo referencial teórico da Sociatria (
MORENO,
1993
).
Os seis Sociodramas tematizados
abordaram temas-chave que suscitaram um contato com a dimensão subjetiva da relação
profissional e
co
m o
ato de cuidar na vivência
grupal
, n
o dia a dia
do
cuidador.
No
tratamento dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo de Laurence Bardin
(2008) na qual a comunicação foi analisada em função dos conteúdos implícitos e explícitos
nos sociodramas.
Buscou
-se compreender a autopercepção dos cuidadores acerca do papel
profissional no decorrer dos sociodramas, considerando os temas trabalhados.
Definimos o tema como o elemento da mensagem que constitui o alicerce da
mensagem. O tema desempenha esta função devido ao facto de identificar
aquilo
acerca deque se vai falar, razão pela qual surge em posição inicial (Morais, 1997,
p.26).
Na análise utili
zou
-se de
pré
-
categorias
,
estabelecidas
para as atividades
sociodramáticas, da autopercepção do
cuidador
e da interação no grupo,
após
os soci
odramas.
Para
compreensão e interpretação do conteúdo obtido, optou-se pela técnica complementar de
análise temática, caracterizada
pel
os significados presentes nas mensagens, os quais fo
ram
sintetizados
em um quadro
para
análise
das
categorias
(BARDIN, 20
08 p.45).
42
Quadro 2
.
Análise Temática
dos Socidramas
UNIDADE
TEMÁTICA
SIGNIFICADO
CATEGORIAS
Construindo vínculo
Formação do vínculo de confiança
com equipe de pesquisa e com o
grupo viabilizando a afetividade
nas relações.
Não observei se tem dife
rença de um
pro outro...
Consciência do
autocuidado
Dimensionamento dos sentimentos
e cuidados consigo, nos níveis
individuais e sociais
As brincadeiras fizeram a gente ser
criança de novo e esquecer dos
problemas ...
Humanização do
cuidado
Percepção do
cuidador sobre a
humanização do cuidado por meio
da relação com o idoso.
Sinto que cada vez que passa o
grupo vai ficando mais forte, mais
unido. Eu digo como é bom
trabalhar nesse grupo...!
Potencial Criativo
Despertar o potencial criativo
individual e
grupal para a potência
de ação do cuidador
Porque eu gosto mais de trabalhar no
grupo da manhã do que no da escala
de hoje, porque me sinto mais leve...
Matriz afetiva da
rede sociométrica
Identificação de sentimentos que
influenciam as relações podendo
t
ornar o grupo coeso.
Aconteceu uma coisa, tem pessoa do
grupo implicando comigo...
Autoavaliação
Autoavaliação sobre as novas
respostas para a prática do
cuidador na ILPI
...foi muito bom fazer o curso, ver
quem eu sou de verdade
As sessões de sociodr
ama
: o cuidador em cena
As sessões tiveram periodicidade semanal obedecendo à escala de trabalho dos
cuidadores, com duração de duas horas e intervalo para lanche. O grupo tornou-se fechado a
partir do segundo encontro não podendo ingressar novos cuidadore
s.
A equipe de trabalho
passa a ser denominada de Unidade Funcional representada pelo
diretor,
papel assumido pela
pesquisadora
, e,
ego
-
auxiliar
, assumido por uma estagiária de psicologia com conhecimento
da abordagem sociodramática
.
Utilizou
-
se
a sala da Terapia Ocupacional
para a
realização d
o
s
s
ociodrama
s.
Sua
localiza
ção,
próximo à quadra de esportes, provocou desconforto auditivo
ao longo de várias sessões.
Em contrato prévio
com os cuidadores
para
assinatura do termo de
aceitação d
e
participação na pe
squisa
confirm
ou
-
se
a
freqüência
e pontualidade
.
No
desenvolver das
atividades
as cadeiras foram organizadas em semicírculo, na
tentativa de aproximar-se do
setting
sociodramático (palco). Os temas foram preconcebidos
,
mas
cabe ao diretor utilizar a espontaneidade e criatividade, adequação, bom senso e
princípios éticos para incluir situações e temas novos, que surg
iss
em no aqui-e-agora do
momento grupal. Desse modo
iniciam
-
se
as três etapas de uma sessão.
43
Na fase do Aquecimento o diretor iniciou
um diálogo com o grupo no intuito de
perceber a
expectativa
e o clima grupal em função do tema. Na verdade o aquecimento é a
preparação interna, a mobilização da espontaneidade do grupo para a ação dramática seguinte.
No aquecimento
pode
utilizar
-se de jogo dramáti
co,
técnica de expressão corporal
(aquecimento físico) ou atividade de reflexão mental (aquecimento mental) complementando
com música que se adéqüe ao ritmo ou tema.
Na fase da Dramatização o grupo entra em cena para desenvolver a atividade proposta
e o centro do semicírculo se amplia torna
ndo
-
se
o palco da ação sociodramática.
Neste
momento
a ação se desenrola de acordo com o tema e os conteúdos que vão surgindo no
grupo. Mesmo que um indivíduo se sobressaia como protagonista, sempre estará
representando
a dinâmica grupal, devendo a ação ser direcionada para o coletivo, pois no
sociodrama o grupo é o protagonista. O diretor atua em consonância com o ego auxiliar e vai
definindo a dramatização de acordo com o aqui-e-agora, podendo ser vivenciado pelo grupo
cenas do passado, presente ou futuro. Se for necessário,
utilizar
-
se
-á nesse momento
de
técnicas sociodramáticas que permitam a clarificação da situação e o desemaranhamento de
possíveis conflitos. Para tanto,
devem
-se considerar o vínculo do grupo com o
diretor
, os
objetivos propostos para a intervenção
e a evolução do grupo
.
No primeiro encontro se prioriza atividades que favoreçam a formação do vínculo
entre a equipe e o grupo e entre elementos do
próprio
grupo, criando um continente afetivo de
confianç
a e segurança, propicio a realização das sessões seguintes. Para tanto, o diretor e
egoauxiliares devem estar atentos às expressões verbais e não verbais, ao clima afetivo do
grupo e a necessidade de alterações na condução da atividade para adequar-se ao m
omento
grupal
. Ao finalizar esta etapa, todos os elementos vivenciados, as imagens formadas pelo
grupo, a comunicação expressa ou contida serão compartilhados na etapa seguinte
.
Na fase do Compartilhar o diretor inicia a atividade na qual cada membro do g
rupo
expõe seus sentimentos em função das fases anteriores. È importante que o diretor explique e
até exemplifique a função do compartilhar. Este momento é muito rico
,
promove o
autoconhecimento, desenvolve a percepção de si e do outro e é extremamente ético pois ao
falar de si, evita-se o julgamento ao protagonista (indivíduo ou grupo), auxiliando na
aprendizagem do respeito às diferenças em situações vivenciadas no coletivo. Desse modo,
cada sessão de sociodrama cumprirá estas
fase
s, de acordo com o obje
tivo
, tema e atividades
estabelecidas previamente ou durante a sessão. As aquisições do grupo como as falas e
44
expressões cênicas durante as atividades vão sendo observadas pelo
ego
-
auxiliar
, as quais
complementarão os conteúdos para análise
.
McLennan
(
20
08) aponta o sociodrama como recurso eficiente para a aprendizagem
grupal por meio de temas. Seguindo este pensamento, escolheram-se temas com base nas
necessidades inerentes ao papel de cuidador e nos aspectos institucionais que caracterizam os
cuidadores
do Lar Torres de Melo.
Durante a pesquisa, foram seguidos ainda os princípios socionômicos desenvolvidos
por Moreno (1992) acerca do observador participante, em que pesquisador e sujeito são vistos
como seres em relação, ambos portadores de potencial criativo, portanto, devendo ser
respeitados na sua intersubjetividade.
O estudo iniciou após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
de Fortaleza, sob Parecer
038/2009
. Enquanto
isso
a coleta de dados teve início após
consentimento dos sujeitos e assinatura de termo de consentimento em cumprimento às
normas legais e éticas para pesquisa, determinadas na Resolução 196/96, do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa seis cuidadores, cuja idade variou de 34 a 58 anos, de ambos
os sexos
. Com relação à renda familiar houve variação de 1 a 2 salários mínimos, podendo ser
considerados população de baixa renda. Quanto ao grau de escolaridade e educação
continuada
, apenas quatro cuidadores
conc
luíram
o ensino médio, enquanto os demais apenas
o ensino fundamental.
Todos os cuidadores cuidam de idosos com grau de dependência parcial e total,
nenhum cuidador participou de curso para cuidador de idosos e não conhece o Guia Prático de
Cuidadores de
idosos.
Tais dados evidenciaram uma negligência que pode ser pessoal e/ou institucional
relativas
à aquisição de informações (cursos) e uso do suporte social, como espaço de se
informar e relacionar
-
se.
O suporte social pode agir como um tipo de cuidado ao cuidador: uma forma de
relacionamento interpessoal, grupal ou comunitário que ao indivíduo um sentimento de
proteção e apoio capaz de propiciar redução do estresse e bem-estar psicológico (CAMPOS,
2007,
p.46).
45
S
OCIODRAMA
I
: Construindo V
ínculos
Não
observei se tem diferença de um pro outro...
1.
Sociodrama
Construindo vínculos
Aquecimento:
Apresentação
Equipe e o Grupo
Expectativas e reflexões sobre o
convite (
convite:
saco com bombons, cortador de unha e presilha de
cabelo)
e as diferenças entre co
isas e pessoas.
Dramatização:
Ação integrativa: A história do meu nome
.
Compartilhar algo que gosta de fazer para relaxar da sobrecarga do trabalho.
Compartilhar: sentimentos pessoais após o momento grupal.
A maioria dos cuidadores apresentou inicialmente dificuldade de estabelecer vínculos
entre si e com a equipe. Afirmaram não ter costume de fazer encontros em grupo, contudo o
‘contrato afetivo’ dos pesquisadores com o grupo favoreceu a confiança e
ensejou
o início da
integração.
McLennan ( 2008) observou que o sociodrama favorece o desenvolvimento da auto-
confiança e autoexpressão de sentimentos no grupo. A
proveitou
-se desse achado para utilizar
como objeto intermediário cuidador/pesquisador uma discussão sobre diferença nos kits que
acompanhara
m o convite para o primeiro sociodrama.
A discussão evoluiu para o aspecto positivo de lidar bem com as diferenças
interpessoais no contexto grupal como forma de
estabelecer
vínculos saudáveis. Foi
perguntado se costumavam observar as diferenças entre as coisas, pessoas, entre eles e os
idosos, por exemplo. A maioria respondeu que não observava as diferenças, achava que era
tudo igual, como se pode identificar na fala: Agora que falou das diferenças eu vi, mas não
tava pensando nisso, os idosos eu sei que são diferentes mas eu ainda não tinha parado para
pensar nisso antes...(C3). Agora eu to vendo um monte de diferenças, até no kit do homem,
diferente do meu...(C1
, feminina
).
Desse modo, iniciou o vínculo entre os cuidadores e pesquisadora, o que foi
funda
mental para o sucesso da atividade sociodramática seguinte, uma dinâmica sobre “A
história do meu nome”. Para Silva (1999) o vínculo é primordial para desenvolver a
autopercepção e a
tele
’, sentimento mútuo que solidifica as relações, inicia-se no grupo
f
amiliar
e se estende
a
outros grupos humanos, dando a este sustentação.
S
OCIODRAMA
II: Consciência do A
utocuidado
As brincadeiras fizeram a gente ser criança de novo e esquecer dos problemas ...
46
2.
Sociodrama
Consciência
do
autocuidado
Aquecimento: comp
artilhar sobre impressões do sociodrama
anterior
Dramatização:
Jogo:
Meu b
rinquedo
preferido
(
brincar e
compartilhar
)
Jogo:Minha atividade preferidas para
ser cuidado
Técnica de Escultura momento
grupal I
Compartilhar:
sentimentos pessoais no mom
ento grupal.
Sobre a consciência do autocuidado, observou-se que a maioria dos cuidadores
desempenha o papel sem a consciência do seu potencial criativo e da importância do cuidado
com a saúde e da convivência grupal, o que pode interferir na sua saúde, desempenho e
relações sociais. Como tais papéis não estão conscientes, os trabalhadores, mesmo com sua
identidade comprometida, continuam a atuar neles, levando sua vida para estados de desgaste
e estresse. (FATOR, 2005, p.45).
No compartilhar do grupo sobre coisas e atividades que gostariam de fazer para se
sentir cuidados, surgiram depoimentos tais como: ir à igreja, passear no shopping, praia,
jogar baralho, passear com namorado, ir à casa da filha, trabalhar em casa, se relacionar
bem com o cônjuge, dentre outros que a
juntaram
valores de afinidades comuns. No entanto,
encontram
-se presos em obstáculos pessoais e financeiros que os tornam distantes do plano
da realização dessas vontades. Há necessidade de motivação e conscientização da necessidade
do aut
ocuidado
, o que amplia a percepção e consciência do papel profissional com a busca de
melhorias para si e para a profissão.
Nesse sentido, a consciência do papel dos cuidadores ainda não alcançou um nível de
compreensão e liberdade. Constatou-
se
um bloqueio da espontaneidade e criatividade
impedindo o exercício do potencial criativo e a possibilidade de compreensão do papel
profissional nas dimensões individuais e grupais.
Marra e Fleury (2008) lembram que, para o criador do Psicodrama, o homem sozinho
é uma impossibilidade; sempre o homem e o outro, ou seja, para cada papel existe o seu
contrapapel e a afetividade atua como núcleo gerador dos vínculos, definindo as relações e os
grupos. Liberar a espontaneidade seria um modo de atingir a homeostase bi
opsíquico
e
social.
A necessidade de ampliar intervenções psicossociais destinadas a
reduzir o estresse do cuidador levou Patterson e Grant (2003) a avaliar como mais eficazes
as que incluem intervenção centrada na resolução de problemas e gestão de compo
rtamento,
cujo foco inclui componente social (apoio social) e combinação de condições sociais e
47
cognitivas (problema /resolução). Perguntados sobre o que fazem no dia de folga, a maioria
acusou assistir
à
televisão e dormir
. So
bre o sentimento n
este
momen
to
do sociodrama
:
(...) meus colegas me perguntaram como foi o encontro e eu disse que ótimo. As
brincadeiras fizeram a gente ser criança de novo e esquecer dos problemas (C1.);
estou alegre (C3)
, (C2)
;
estou satisfeito.
Eu quero fazer uma homenagem à C5 porque foi aniversário dela e eu
gosto muito de trabalhar com ela (C6).
(C4)To bem!
Drummond e Souza (2008) a
centua
m que o sociodrama investiga as relações grupais
com a proposta de trazer leveza e alegria à arte de conviver. Destacam que os vínculos
ocor
rem por meio das ações, trazendo uma reflexão que favorece a mudança de
conhecimentos, comportamentos e atitudes em prol de relações mais saudáveis consigo e com
o outro.
Ao utilizar neste sociodrama os recursos lúdicos das brincadeiras de infância,
favor
eceu a consciência do autocuidado e expressão da espontaneidade e criatividade: brincar
de bonecas (cuidar), de futebol (interagir em grupo), pular corda etc. Nesse mesmo sentido,
Marra (2004) aponta o sociodrama como método que favorece a aprendizagem de
papéis,
ide
ias, conceitos e atitudes por meio da vivência.
Ainda
, quando a identidade grupal est
ava
em formação, foi oportuno aproveitar do
sociodrama para realizar a construção da escultura do grupo,
feita
com o próprio corpo. Neste
instante, após a formação da imagem, surgiu como resultado uma estrutura de formato ainda
irregular, na qual os cuidadores distavam uns dos outros, denotando uma imagem
fragmentada, que espelha fragilidade no desenvolvimento de valores que fortalecem a
identidade grupal.
A escultura representa a metáfora de conteúdos internos, portanto, podemos tomar a
imagem formada como expressão de um conjunto de conteúdos internos representativos da
realidade do grupo
(BARBERÁ e KNAPP,
1997).
Reafirmando, Drummond e Souza (2008) observam que o co-inconsciente grupal,
c
ódigo comum de comunicação, se faz
na vivência do grupo e vai apontando o nível de saúde
.
Ao final do compartilhar, notou-se maior integração no grupo, indício de ampliação
48
perceptual do papel e da autoconsciência do cuidar de si. Este indicativo favorece a
continuidade da atividade sociodramática no sentido do crescimento do grupo.
SOCIODRAMA
III
: Humanização do C
uidado
Sinto que cada vez que passa o grupo vai ficando mais forte, mais unido. Eu digo
como é bom trabalhar n
esse grupo!
3. Sociodrama
:
Humanização do cuidado
Aquecimento:
Compartilhar sobre
sociodrama anterior
C
aminhada individual e coletiva
sobre diferentes pisos; refletir sobre o cuidado humanizado
Dramatização:
R
eflexão
dialogada
sobre as necessidades, problemas, expectativas e participação social do grupo de
cuidadores quanto à atividade de cuidar de idosos em ILP.
Técnica do desenho: algo que simbolize o cuidar do idoso.
Jogo dramático : linha de evolução do papel
do bebê ao profissional.
Vivência terapêu
tica: reverência aos idosos
Compartilhar
: sentimentos pessoais no momento grupal
Logo no compartilhar inicial, por uma dificuldade de comunicação, o grupo relatou
estar preocupado se ia haver o sociodrama
III
. Tal fato
significou
cor
responsabilidad
e com o
grupo e com a equipe
,
ressaltando o desejo, mesmo que inconsciente, de ser cuidado.
(...) essa semana eu disse...ela (pesquisadora) vai ligar (...) não vai não. (C1)
(...) ah, então vai ter né?(C6)
Neste sociodrama, o momento da caminhada coletiva (orientada para que fosse em
silêncio, caminhando sozinho, em dupla, trios, todos juntos e vivenciando a comunicação com
olhares),
teve
o intuito de promover maior interação dos cuidadores. Enquanto caminhavam
,
refletiam com base em questões apontadas pela pesquisadora sobre o cuidado humanizado, os
idosos, o cuidar na ILPI, as necessidades, problemas, participação social e expectativas
quanto ao papel de cuidador de idosos.
Este momento
ensejou
o contato consigo mesmo e com o outro, ressaltando,
posteri
ormente, na consciência do cuidado humanizado ao idoso:
Ta tudo bem, tava ajeitando o almoço e pensando em vir(C1).
49
O dinheiro que a senhora para passagem é a desculpa que eu uso para justificar
para meu marido para eu vir para cá (C4).
Hoje é meu dia de folga, acaba sendo uma distração para mim. tem que ter amor; tem
que ter jeito de falar, são pessoas sofridas, que as vezes os filhos não querem botam
aqui(C5).
...me passa muita tristeza; porque nem sempre posso transferir o sentimento que eles
des
ejam; um sentimento bom quando eu posso ajudá
-
los(C2).
Na atividade seguinte foi solicitado um desenho individual:
“desenhar como se sentem
como cuidadores de idosos, algo que simbolize o cuidar do idoso”
(pesquisadora). A tarefa foi
finalizada com uma expo
sição dos desenhos com os seguintes símbolos e expressões:
...
flor
flor meiga, como os idosos
,
lembra assim uma coisa carinhosa e a luz
é o que
me faz pensar;
... coração eu botei o coração, coração grande porque lembra amor, carinho, é o
que a gente sente quando cuida deles...
... estrela e lua
-
estrela que nunca se apaga é idoso e a e lua que brilha é o cuidador;
... uma idosa índia Esse desenho é da Cumadinha, gosto muito dela, assim mesmo
ela sendo pessoa difícil. Esta pessoa é uma ídia
(índia).
Ela é muito difícil porque é uma
índia, trouxeram ela para morar aqui, ela não quer ficar na cama, comer, tomar banho, só
quer ficar no quintal. Ela é difícil porque ela vivia solta e aqui não pode.
...mão,
que representa o cuidado...
carro de transport
e de idosos da ILPI
-
ah, é o que eu gosto de fazer, levo eles para o
hospital, médico, fico pra e prá mas eu gosto; levo também pra passear, é bom. Meu
Mario é idoso também acho que é por isto que eu gosto, levo eles para uma consulta e
aproveito
meu tempo, vou cuidando deles e de mim também.
Corroborando estes resultados, Trinca (1987)
expressa
que o desenho é capaz de
projetar a imagem corporal que poderá ser relacionada a projeções como a
utoconceito,
imagem ideal do eu
e atitudes para com os out
ros.
Na atividade seguinte, relativa a vivência sobre a evolução dos papéis na vida (de filho
até o papel de cuidador de idosos), pôde-se observar a influência da afetividade no
desempenho do papel. Vieram à tona sentimentos relacionados a
os
idosos dos quais cuidaram
50
e se identificaram afetivamente, deixando lembranças positivas, contudo, permeadas de
sentimentos de tristeza.
... Senti saudade da tia Lulu, até comentei com (C1) que ela também sentiu. eu
também fiquei triste porque antes daqui eu cuidava da mãe de Dra (D1) e eu lembrei muito
dela (choro) (C1)
Por conta deste resultado, abriu-se espaço para os cuidadores compartilharem
sentimentos de tristeza pelas perdas de idosos. Foi feita uma
vivência
terapêutica na condução
do grupo reverenciar e se desp
edir dos idosos, referidos pelo grupo.
To bem mas desculpa professora, eu não pensei que ia me emocionar tanto..foi uma
idosa que a família me ajudou muito e ajuda até hoje. Ajudou meu filho a estudar, foi muito
boa para mim,
eu
não era daqui(ILPI), depoi
s é que eu vim pra cá(C1).
Eu to mais aliviada pela C1 porque agora eu também lembrei de uma idosa que cuidei
muito tempo e ela se foi, mas tô tranqüila agora..(C4).
Eu também me apego, cuido com amor, carinho, gosto do que faço, mas é difícil
pensar no fu
turo deles...(C5)
No sentido de atitudes para com os outros, amor e carinho se revelam como atitude
dos cuidadores com os idosos, sendo que, às vezes, transcende os limites do papel
profissional.
Cuidar de outra pessoa é uma habilidade que pode ser ensinada, os benefícios do
sociodrama são bem-sucedidos quando se fala em criar, cuidar e nutrir relações no exercício
de intervenções de cunho educativo (MCLENNAN, 2008).
De acordo com Moreno (1992) os papéis que se desempenha na vida se fundem em
elementos privados (sentimentos) e coletivos (socioculturais), o que torna necessário saber o
limite entre um e outro para não haver distorção das funções e
incongruência
no desempenho
dos mesmos
.
SOCIODRAMA IV
:
Potencial
C
riativo
... Porque eu gosto mais de trabalh
ar no grupo da manhã do que no da escala de hoje,
porque me sinto mais leve (C2).
51
4.
Sociodrama: Potencial criativo
Aquecimento:
Compartilhar sobre sociodrama anterior, caminhar em ritmos diferentes, refletir sobre o potencial
criaativo individual e grupa
l
Dramatização:
Escolhas pessoais no trabalho
Espaço de conversa sobre relações conflitantes no grupo
Compartilhar: sentimentos pessoais no momento grupal.
Entrega do
Guia de cuidadores de idosos (Ministério Saúde/2008)
Estimulou
-se neste sociodrama o potencial criativo individual e grupal, iniciando pelo
reconhecimento de características, diferenças individuais e desafios para o sucesso nas
interações grupais.
Moreno
(1992) enfatiza que no grupo, cada pessoa funciona como agente
terapêutic
o do outro.
Nesta ação, foram levados em consideração todos os cuidadores da ILPI. Do debate
sobre a impossibilidade de se escolher com quem trabalhar, emergiram as seguintes falas:
Eu trabalhei nos dois grupos. Eu me dou bem com a C1, é muito bom trab
alhar
com ela. Mas eu me dou bem nos dois grupos (C6). Eu era cismada quando trabalhava em
grupo, mas a minha profissão fez com que eu mudasse, porque eu tive de trabalhar com
grupos e ... (C5) .
Os resultados desse momento remete
ram
ao uso de técnica dramática para
esclarecimento de dúvidas que estavam conflitando a relação entre (C6) e (C5). Ficou
evidente a necessidade de espaço de conversas para a harmonização das relações de trabalho.
Drummond e Souza (2008, p.159) expressam que as diferenças não são como
patologias (algo a ser curado), mas como uma estrutura que pode ser usada de forma positiva.
Reconhecer as características de personalidade das pessoas com as quais trabalhamos facilita
a convivência e o manejo de várias situações relacionais.
Nesse
ponto,
ressalta
-
se
que a Socionomia considera as disfunções como alterações
originadas de bloqueios da espontaneidade, em face de desvios das normas e padrões so
cio
-
culturais bem como o vazio espiritual que pode afetar a identidade pessoal e social dos
in
divíduos (MORENO,
1999).
Quanto às características, referidas pelo grupo, que necessitavam melhoras nos
relacionamentos, prevaleceu a necessidade de proteção:
52
... A minha característica são de os outros me botarem para baixo (C3); também me
chamam de lerda porque sou calma (C2).
SOCIODRAMA V
: Matriz Afetiva da Rede S
ociométrica
Aconteceu uma coisa, tem pessoa do grupo implicando comigo...
5. Sociodrama
:
Matriz a
Afetiv
a da
Rede Sociométrica
Aquecimento:
Jogo das bolas invisíveis
Dramatização:
Vivência do e
ncontro compreensão de conflitos entre equipes
Comunicação
Rede sociométrica
Compartilhar:
sentimentos pessoais no momento grupal.
Encerramento: lanche especial
No sentido de reafirmar a necessidade que o ser humano tem do outro para a
realização de tarefas do dia a dia, o aquecimento pelo ‘Jogo das bolas invisíveis’ deu
mobilidade ao grupo e sustentação para a Vivência do Encontro’. Nesta vivencia, o cuidador
percorreu física e mentalmente o trajeto feito pela bola até o outro e do outro para si. Est
a
atividade favoreceu a compreensão de conflitos na rede sociométrica e interdependência d
os
seus integrantes.
Neste sociodrama, C5 expôs relação conflituosa com um cuidador da equipe não
participante da pesquisa e C6 se incluiu no foco deste conflito.
Tem uma implicância aqui com nós dois..., tudo de ruim acontece com nós dois,
sempre nós dois... todo mundo senta na cama mas só pega nós dois(C5 e C6);
Eu já disse, deixa! não senta na cama e aí resolve(C1);
Começou quando me viram sentado na cama ...eu ta
va deitado, foi só inveja ...
Foi ruim porque não veio falar direto comigo, então virou fofoca, mas eu não guardo
mágoa eu faço é ironizar... (C6)
Ambos
exaltados se perceberam como alvo de implicâncias. Retomaram-se as
discuss
ões
sobre rede sociométrica, comunicação, características sociais, fofocas, regras para
cumprir, concordar, discordar e até burlar, mas é preciso saber as consequências numa
convivência grupal. Nesta ocasião, C3 também se incluiu no foco da discussão:
53
... é a primeira vez que me sinto a vontade para falar nesse assunto; Eu sofri muito
com isso, a minha família pensava que eu tava era com depressão e eu dizia que era a
comida daqui. Ela não deixava nem eu me defender vinha como leoa para cima de mim ...eu
só fazia chorar o tempo todo
, não comia... to começando aliviar agora(C3)
Chegaram para me contar coisa dela...eu ficava entre as duas tentando defender C3
(C1)
Gente que tem passado sujo fica julgando ela que chegou agora (C6)
De fato, o compartilhamento deste momento e o aconselhamento ao grupo abordando
problemas inter-
relacionais
, como crenças, opiniões pessoais, cumprimento de regras
institucionais, preservação da auto-imagem, valores culturais e adequação da espontaneidade
nas relações de trabalho
e apoio institucional
trouxera
m sentimentos de compreensão.
Segundo McLennan ( 2008), na discussão oral e reflexão entre os participantes de um
grupo de sociodrama, estes têm a oportunidade de pensar em sua participação e imaginar
como podem estender esta experiência e aprendizagem p
ara suas vidas.
Para melhorar precisava o outro conversar também... mas eu tô muito magoada e não
conseguia. Agora eu to com alívio(C1,C3);
Podemos continuar, ta bom, foi
gratificante (
C6),
O outro grupo devia participar
também (
C5),
A gente aprende até
para fazer em
casa (
C1)
(C4)... em silêncio.
(C2) cada dia aprende mais um pouco.
A necessidade de espaço de conversa em uma rede de apoio à importância da rede
sociométrica, que comporta um conjunto de relações afetivas (matriz) na vida do indivíduo,
incluindo sentimentos de aceitação, rejeição e indiferença: “a matriz sociométrica é uma
realidade que transcende os limites grupais, espalhando-se em redes psico-
socio
-
emocionais
através das formações sociais (...) são configurações fortes devido a sua gênese afetiva”.
(
COSTA
, 1996, p.47).
...de dois em dois meses ela faz uma reunião para funcionários mas ninguém fala,
diferente daqui que todo mundo fala(...) a senhora é psicóloga, ela é chefe(C2).
54
No sentido de harmonizar o grupo e consolidar um modelo de resolução de conflitos,
a vivência interna com a música “te ofereço paz” e vivência (olhos fechados) das figuras
parentais imagina
ndo
os pais perto de si.
De acordo com a técnica de constelação familiar de Bert Hellinger (2006), os pais
devem ser evocados mentalmente para trazer sentimentos de segurança e confiança a
indivíduos e grupos. Após sua realização, a técnica desencadeou sentimentos expressos em
palavras, ditos frente a frente, contato ponta com ponta de dedo: desculpa, compreensão,
ética, e
sperança, união, consideração
.
Intervir na rede sociométrica dos cuidadores viabilizou a comunicação, harmonizou
sentimentos e favoreceu a coesão grupal no sentido de consolidar respostas novas na
resolução de problemas, contribuindo
,
desta fo
rma, com o c
uidar de idosos na I
nstituição.
SOCIODRAMA VI
:
Autoavaliação
6.
Sociodrama
:
Autoavalição
Aquecimento: Jogo de palavras: pensar, sentir, agir, relacionar
-
se e espiritualizar
-
se.
Dramatização
Escultura
grupal II
Vídeo educativo
Índia arvore
Avaliação dos
sociodramas anteriores
Mensagens à equipe não participante
Compartilhar
Encerramento
: Festa de são João (julho/2009)
Este sociodrama teve caráter avaliativo e objetivou sintetizar as impressões, sentimentos e
expressões após a vivência dos sociodramas.
Iniciou
-se a avaliação avançando na discussão acerca do redimensionamento do papel
profissional com um jogo de palavras para refletir sobre a prevalência de cada uma no papel
profissional (
p
ensar, sentir, agir, relacionar
-
se e espiritualizar
-
se) serviu como aquecim
ento do
grupo para montagem da E
scultura II.
Ao contrário da Escultura I, realizada no sociodrama II onde foi
espelh
ada uma
imagem de fragmentação dos indivíduos impedindo a formação de uma imagem coesa pouco
de
senvolvimento de valores para a identidade grupal, a Escultura II espelhou um grupo bem
definido, com estrutura coesa constituindo valor como identidade grupal bem
estruturada.
55
Alguns quiseram sair para ver de fora a escultura que demonstrou um grupo próximo e
harmônico. O conteúdo verbal
foi expresso para dar nome à escultura do grupo: união, força e
coragem.
Gomes (2006) obteve achado semelhante usando a escultura, no qual surgiram
palavras compartilhadas como: união de forças, participação, decisão conjunta,
determinação
.
Utilizou
-se um vídeo demonstrativo da importância da coesão do grupo na resolução
de problemas e em seguida
usou
-se um quadro de avaliação coletiva dos sociodramas
anteriores, contendo três questões cujo intuito foi identificar melhorias nos níveis individual,
grupal e
social quanto ao desenvolvimento do papel profissional:
a)
O que melhorou para o cuidador? Prá mim foi a auto-estima, desempenho e
qualidade, calma, atenção e respeito ao trabalho... Agora estamos mais seguros
para falar o que sentimos.
b)
O que melhorou para
o grupo?
Mais forte, aproximou mais a gente, tá mais calmo,
mais unido (todos).
c)
O que o cuidador ainda precisa? melhor condição de trabalho, salários, cursos,
palestras, ser valorizado, EPI (equipamento de proteção individual),
reconhecimento pela institu
ição.
Os participantes sugeriram repassar opiniões, como multiplicadores, sintetizando suas
aquisições em mensagens ao grupo que não participou, dizendo que:
...
foi muito bom fazer o curso, ver quem eu sou de verdade. Conhecer os meus amigos
de trabalho e estar aqui; eles iriam ficar mais fortes; que pena! Perderam um ótimo
aprendizado, não em relação ao grupo, mas a eles mesmos; pude aprender mais coisa, ter
mais paciência com os idosos, eu tinha e melhorou mais ainda, eles aprenderiam a ouvir
mais
porque eles estão trabalhando com seres humanos; minha pessoa como profissional
melhorou muito...desejo que eles cresçam pelo menos 50% do que quem fez o curso.
Silva
(2008)
utilizando método de ação dramática para desenvolvimento do papel de
agente
de trâ
nsito
, concluiu que a grande transformação dos participantes se deu ao se
descobrirem individualmente e como grupo, esta descoberta fortaleceu a equipe e o projeto.
Solicitado que o grupo se posicionasse no lugar da personagem do vídeo
a
que
assistiram
(
um
a criança que reuniu pessoas para solucionar um problema
),
os cuidadores
56
posicionados em fila, como na técnica de constelação familiar para inclusão de indivíduos ou
grupos
(Hellinger, 2006), brotaram um compartilhar para com os colegas que não
participa
ram da pesquisa
:
Querida equipe, vocês não puderam fazer o curso, nós pudemos, aprendemos muito
nos tornamos mais responsáveis para compreender vocês, que estamos um passo a frente,
temos dificuldades e diferenças, mas vamos focalizar na esperança de que vocês possam
também mudar, como aprendi aqui, que vocês também têm o potencial criativo e um Deus
dentro de vocês. Acreditamos com isto que esta centelha divina vai brilhar em vocês,
enquanto isso nós estamos aqui como equipe, trabalhando juntos com você
s. Honramos vocês
com tudo que são e estamos aqui para seguirmos juntos cada um com suas diferenças.
Como encerramento, aproveitou
-
se o mês de jul
ho e realizou
-
se uma festa de s
ão João,
co
m o
intuito de criar uma imagem
final
de encontro e alegria no grup
o.
Assim como Valcarce (2009) acreditou-se que a intervenção sociodramática pode
favorecer o redimensionamento do papel profissional na rede social de serviços em saúde com
vistas à promoção da saúde.
Diante do objetivo proposto de a
valiar a autopercepç
ão dos cuidadores de idosos sobre
seu papel profissional, após a intervenção com sociodramas tematizados, o relato do grupo
apontou como
resultados
o
autoconhecimento
,
facilidade de expressar seus sentimentos e
idéias denotando despertar da espontaneidade e potencial criativo, melhoria da consciência do
autocuidado,
integração e coesão do grupo, alegria pela participação na
atividade
e pelo
aprendizado trazido pela vivência em seu grupo de trabalho. A ausência de questionamentos
acerca do papel de cuidador foi substituída após os sociodramas por um pensamento reflexivo
no qual o grupo se achou mais forte,
seguro
e unido. Foi capaz de expressar necessidade de
melhoria salarial, curso, melhores condições de trabalho e valorização pela instituição.
57
CON
SIDERAÇÕ
ES FINAIS
Os sociodramas, como potencializadores de afetividade e criatividade, proporcionaram
um pensar e agir racionais que favoreceram a compreensão da autopercepção e reflexão
acerca do papel profissional, dando
empoderamento
ao cuidador e ao grupo de cuidadores
no sentido da
Promoção da S
aúde.
A consciência do papel profissional após os sociodramas proporcionou pensamentos
reflexivos fazendo com que o
grupo
expressa
sse
suas necessidades para o exercício
profissional, se ach
ando
mais forte e unido.
Nesse sentido, a intersubjetividade aliada à objetividade do exercício do papel
profissional constituiu aspecto fundamental no desempenho do cuidador, na sua relação com o
idoso e outros cuidadores.
A capacidade
de o sociodrama intervir
terapeuticamente n
os grupos sociais mostrou
-
se
útil para as situações de compreensão, autopercepção, desenvolvimento e treinamento do
papel profissional,
haja
vista os relatos do grupo em autoavaliação: gratidão pela aquisição de
autoconhecimento e aprendizagem profissional
com melhoria das relações.
Nes
ta pesquisa, o cuidador despontou timidamente como um agente de transformação
social na busca de preservar a auto-estima, evoluindo para um desempenho de qualidade,
desde que aliado a melhores condições de trabalho e salários, cursos, palestras, recursos
materiais e reconhecimento do se
u desempenho profissional pela Instituição.
Como limitações à pesquisa e aos cuidadores o desafio foi o excesso de som em
atividades externas, desencontro dos cuidadores devido às escalas e de
sconhecimento do Guia
para cuidadores, tudo isto evidenciou negligência na organização institucional e do cuidador
em relação à aquisição de informações (cursos) e uso do suporte social, como espaço de se
informar e relacionar
-
se
.
Ante o olhar do cuidador
para si e para o grupo, torna
-
se prioridade a continuidade de práticas
integrativas com intervenções grupais que favoreçam a saúde, o desempenho profissional e a
educação permanente em serviço. A metodologia sociodramática mostrou-se útil para as
situações
de compreensão, autopercepção, desenvolvimento e treinamento do papel
profissional.
Enfatiza:
a
escuta acolhedora
, a h
umanização do cuidado
, o
desenvolvimento do
vínculo terapêutico e promoção da saúde por meio da integração do ser humano com o meio
ambi
ente e a sociedade.
58
Conclui
-se que a trajetória de serviços prestados à comunidade pela ILPI é
reconhecida pela humanização do cuidado oferecida aos idosos. Tal cuidado humanizado
torna
-
a responsável em sua ação ao realçar aspectos da subjetividade e int
ersubjetividade dos
cuidadores criando espaços de conversa e suporte social, com vistas à expressão da
potência
de ação no seu exercício profissional.
59
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62
CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS
A realidade do cuidador, como também da população idosa, porta avanços e
desafios
para o Estado e vários setores da sociedade. A importância de práticas integrativas com
abordagens de Promoção da Saúde, pautadas na interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e
intersetorialidade se tornam protagonistas na realidade das instituições de longa permanência
e no contexto geral da prática de profissionais cuidadores.
Nesta pesquisa, a autopercepção dos cuidadores sobre o seu papel profissional surgiu
imbricada em aspectos individuais de sua personalidade como a afetividade, o que a
enriquece
de verdades em relação ao cuidado amoroso com os idosos na ILPI.
As intervenções sociodramáticas favoreceram o reconhecimento de limites
estruturantes entre os aspectos subjetivos (pessoais) e intersubjetivos (coletivos) do papel
profissional como fundamentais para o desempenho profissional: identidade pessoal,
espontaneidade e potencial criativo (capacidade de resolução de problemas), autocuidado,
autoestima, humanização do cuidado sem sobrecarga para a saúde, identidade grupal,
corresponsabilid
ade, coesão grupal e potência de ação grupal.
O desenvolvimento de valores no cuidar gerou a necessidade de mudança de
características pessoais e grupais numa forma explícita de prioridade ao bem-estar do grupo.
Tais reflexões evidenciaram questões até então ocultas e abriram perspectivas de
“empoderamento do grupo” na busca da necessidade de integração de conhecimentos,
autocuidado e inserção social, melhores condições de trabalho, de formação e educação
continuada (cursos, palestras, etc).
A consciência do papel profissional desenvolveu-se ao longo do estudo com a
expansão da autopercepção de si e dos outros e grupo passou a ser visto também como
suporte social. As esculturas utilizadas em dois momentos mostraram no segundo momento
uma imagem mais integra
da do grupo com sentimentos de união e força grupal.
A prática integrativa com utilização do sociodrama resultou, após as intervenções
grupais, na confirmação da eficácia desta metodologia. Tais reflexões conduziram à evidência
do amor e carinho com que cuidam dos idosos, da disponibilidade de
ouvir
mais
o outro, de
receber
cuidado
e
respeito
e do desejo de inclusão de todos os cuidadores na pesquisa,
apontando para uma busca de equilíbrio grupal. Esta disponibilidade interna de mudança
favoreceu, na fala
dos cuidadores, o desempenho profissional.
63
Dentre os desafios identificados, o não reconhecimento do Guia Prático de Cuidadores
de idosos, a necessidade de espaço de conversa e de melhores condições físicas de trabalho
evidenciou uma negligência que pode ser pessoal e/ou institucional em relação à aquisição de
informações (cursos, palestras) e uso do suporte social, como espaço de se informar, pensar,
agir sentir
e relacionar
-
se.
Tais desafios impulsionam cada vez mais ao empreendimento de esforços que
gar
antam uma boa formação dos profissionais que lidam no seu cotidiano com a dimensão do
cuidar de idosos.
O sociodrama como metodologia economicamente viável e eficaz,
pode
contribui
r
para a Promoção da Saúde e desenvolvimento do papel profissional dos cuid
adores, inserindo
-
os no contexto social, dando maior relevância à sua prática na rede de atenção básica ao
cuidado com idosos.
64
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2000.
69
APÊNDICES
70
APÊNDICE
A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Rosângela Augusta da Silva, psicóloga e estudante do curso de Mestrado em Saúde
Coletiva da UNIFOR, estou desenvolvendo uma pesquisa com cuidadores de idosos, com o
objetivo de utilizar o sociodrama no intuito de potencializar a sua prática profissional, em
instituições de longa permanência para idosos.
Deste modo, venho solicitar sua colaboração para participar da pesquisa, respondendo a
um formulário e permitindo a realização das ações interventivas- sociodramas, ressaltando
que sua participação será de algada importância para conclusão dessa pesquisa.
Esclareço que as informações coletadas na avaliação somente serão utilizadas para os
objetivos da pesquisa; que o senhor(a) tem liberdade de desistir a qualquer momento de
participar da pesquisa; que a avaliação só se realizada com seu consentimento; que as
informações ficarão em sigilo e que seu anonimato será preservado; e que em nenhum
momento o senhor(a) terá prejuízo no seu tratamen
to nem terá encargo financeiro.
Com os resultados desta investigação espero redimensionar o desempenho do papel
profissional, promovendo novas respostas no dia-a-dia da instituição de longa permanência,
fornecer subsídios para as políticas públicas para a formação e educação permanente do
cuidador de idosos.
O Sr(a) receberá uma cópia deste termo de consentimento, onde constam o telefone e o
local onde possa ser encontrada, podendo tirar suas dúvidas sobre a pesquisa e sobre sua
participação, agora ou a q
ualquer momento.
Em caso de esclarecimento entrar em contato conosco.
Pesquisadora responsável: Rosângela Augusta da Silva
Mestrado em Saúde Coletiva
-
UNIFOR
-
telefone (85) 3477
-
3280
Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFOR
-
telefone (85) 3477
-
3160
Univ
ersidade de Fortaleza - Avenida Washington Soares, 1321 Bairro Edson Queiroz,
Fortaleza, CE, CEP: 60811
-
905.
Declaro que, após convenientemente esclarecido(a) pela pesquisadora e ter
entendido o que me foi explicado, concordo em participar da pesquisa.
Fortaleza, _______ de ____________________ de _______
_______________________________________________
Participante da pesquisa
71
APÊNDICE
B
QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO
D
ata: ___/ ___ /____
Dados sociodemográficos
1.
Nome: ______________________________
_____________________________________
Obs: no texto da pesquisa os nomes serão referenciados de forma fictícia para preservar a
confidencialidade e privacidade dos sujeitos da pesquisa.
2. Sexo: ( )
1-
masculino 2
-
feminino
3. Idade: _____________
4
.Estado civil: ______________________
5. Atividade laboral: __________________________
6. Renda familiar mensal:
1
-
até 1 SM 2
-
>1 até 2 SM 3. > 2 até 3 SM 4.( ) > 3 SM
7. Escolaridade (em anos de estudo concluídos): ( )
1
)
Nenhum
a
2)
De 1 a
3
3
)
De 4 a
7
4
)
De 8 a 11
5
)
De 12 a mais
6
)
Não se aplica
7
)
Ignorado
8. Tempo de trabalho nesta Instituição: _________________
9. Tempo de trabalho na função de Cuidador: __________________
10. Relaci
one os idosos dos quais cuida ao grau de dependência do cuidador:
Parcial ( ) Total ( ) Ambas ( )
11 Fez curso(s) para exercer a função de Cuidador? ( )SIM ( ) NÃO
Qual?___________________________________________
Foi por
iniciativa própria ou da instituição? ____________________
12. Você já conheceu o novo Guia para Cuidadores de idosos/2008 do Ministério da Saúde?
( )
SIM ( ) NÃO .
Caso afirmativo, foi por iniciativa própria ou da instituição? _________
__
13. Você já desempenhou outras atividades anteriormente? ( ) SIM ( ) NÃO
Caso afirmativo, descreva a(s) atividade(s):
72
APÊNDICE C
ENTREVISTA SEMI
-
ESTRUTURADA
Data:______________
Cuidador: _____________________________
Questões:
1.
O que é para você ser cuidador de idosos?
2.
Que sentimentos você identifica quando pensa no desempenho do papel de cuidador?
3.
O que você faz para cuidar de si que reflita positivamente no seu trabalho?
4.
O que acha que os cuidadores desta ILPI necessitam par
a o desempenho profissional?
5.
O que você tem de melhor para oferecer nesse momento?
6.
O que acha que precisa melhorar em você para contribuir com o crescimento do grupo
de cuidadores?
73
ANEXOS
74
ANEXO A
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