
papel histórico preponderante em comparação com as demais lutas da classe
operária frente ao capitalismo.
Feito este paralelo, quais aspectos determinaram a necessidade de
reinvenção da economia solidária? Assumindo neste momento da análise a
identidade entre economia solidária e cooperativismo, quais as suas fases
históricas, sua origem, suas fases descendente e ascendente? No capítulo II
do livro Introdução à economia solidária reservado às origens históricas da
economia solidária Singer volta-se ao período inicial das lutas operárias na
Inglaterra anteriores ao das revoluções de 1848, concentrando-se no
movimento cooperativista. O autor retrata a trajetória de Robert Owen desde a
experiência de New Lanark até sua relação com o movimento operário,
destacando-o dos demais pensadores do socialismo utópico:
Owen e Fourier foram, ao lado de Saint-Simon, os clássicos
do socialismo utópico. O primeiro foi, além disso, grande protagonista
dos movimentos sociais e políticos na Grã-Bretanha nas décadas
iniciais do século XIX. O cooperativismo recebeu deles inspiração
fundamental, a partir da qual os praticantes da economia solidária
foram abrindo seus próprios caminhos, pelo único método disponível
no laboratório da história: o da tentativa e erro (SINGER, 2002: 38).
Singer identifica nesta primeira fase do movimento operário o caráter
revolucionário do movimento cooperativista, ligado a luta de classes e ligado de
certa forma ao owenismo: “No meio dessa ascensão do cooperativismo, o
owenismo foi assumido pelo crescente movimento sindical e cooperativo da
classe trabalhadora” (SINGER, 2002: 28). Para comprovar a ligação entre a
eixo central das lutas do proletariado contra o capitalismo a partir dessa época até os dias de
hoje. [...] o fenômeno cooperativista, nesse período [do início do século XIX até 1848],
apresenta-se sob duas formas. Por um lado era subproduto das lutas práticas dos
trabalhadores, que ocupavam fábricas falidas e tentavam convertê-las em cooperativas, como
reação defensiva diante do desemprego causado pelas crises industriais, enquanto, por outro
lado, constituía a base de utopias sociais elaboradas por intelectuais brilhantes (como Fourier e
Saint-Simon) e mesmo por industriais de prestígio (caso de Owen). [...] Nessa primeira fase,
com efeito, a luta contra o capitalismo era concebida como uma luta travada no campo
estritamente econômico, o que se pode atribuir, por um lado, ao desconhecimento, por parte
dos trabalhadores, da conexão entre a esfera econômica e a da ideologia, da política, da
cultura e, no ápice, da estrutura social, do poder social concentrado no Estado e monopolizado
pela classe proprietária dos meios de produção” (GERMER, 2006: 196-199).