59
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL NUM GRUPO DE INDIVÍDUOS PORTADORES DE ELA
Introdução: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença caracterizada pela perda dos
neurônios motores, superior e inferior, provocando fraqueza e atrofia progressiva dos músculos
esqueléticos, levando o paciente à morte. Disfagia por paralisia bulbar, hipermetabolismo e disfunção
das mitocôndrias, são, dentre outras, causas para desnutrição nesses pacientes. Como a desnutrição
é um fator independente para sobrevida, grande importância tem sido dada ao estado nutricional dos
mesmos.
Objetivos: Avaliar o estado nutricional nos pacientes com ELA acompanhados em um ambulatório
multidisciplinar.
Metodologia: Avaliou-se o estado nutricional de pacientes atendidos no ambulatório multidisciplinar de
DNM/ELA do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), no período de abril/2007 a abril/2008. Utilizaram-se parâmetros antropométricos, como
Índice de Massa Corporal (IMC), Prega Cutânea do Tríceps (PCT) e Área Muscular do Braço (AMB);
além da bioimpedância como parâmetro avaliativo da composição corporal. Essa forneceu os
percentuais de Massa Magra (MM), Massa Gorda (MG) e Água Corporal (AC). Os dados tabulados
corresponderam aqueles coletados na primeira consulta. Nos pacientes impossibilitados de serem
pesados não pôde ser aferido o peso. Consequentemente não foi calculado o IMC e a composição
corporal deles. Nesses casos, utilizou-se apenas a PCT e a AMB.
Resultados: Foram avaliados 15 pacientes com ELA, dos quais 13 (86,7%) de início espinal e 2
(13,3%) de início bulbar. Dentre os pacientes, 8 (53%) foram do gênero masculino e 7 (47%) do
gênero sexo feminino, com idade média de 54,6 ± 12,13 anos. Quanto ao IMC, verificou-se que 8
(53,3%) pacientes se encontravam eutróficos, enquanto 2 (13,3%) apresentaram sobrepeso e apenas
1 (6,6%) estava com baixo peso. Quatro pacientes foram excluídos porque não puderam ser
pesados. Na mensuração da PCT observou-se que 12 (80%) pacientes estavam eutróficos, 2 (13%)
com risco de depleção e 1 (6,7%) com depleção severa. Já na avaliação da AMB, 11 (73,3%)
pacientes estavam eutróficos, 2 (13,3%) estavam com depleção, 1 (6,7%) estava com risco de
depleção e 1 (6,7%) estava com depleção severa. Mediante a bioimpedância, verificou-se que o
percentual de MM estava abaixo do recomendado em 6 (60%) dos pacientes, normal em 3 (30%) e
acima em 1 (10%). O percentual de MG estava abaixo do recomendado em 1 (10%) paciente, normal
em 3 (30%) e acima em 6 (60%). O percentual de AC estava abaixo do recomendado em 2 (20%)
pacientes e normal em 8 (80%). Quanto ao ângulo de fase a média encontrada foi de 5,2
±
1,83.
Conclusão: A preponderância de eutrofia nos parâmetros antropométricos foi um fato surpreendente
e não esperado. Acreditamos que um peso habitual elevado (anterior à doença) contribuiu para que
os pacientes, mesmo com uma perda de peso significativa, permanecessem no estado de eutrofia
logo após o diagnóstico da doença. Esse fato, de certa forma positivo, nos leva a um estado maior de
vigilância junto ao paciente, no sentido tentar manter o peso eutrófico e minimizar a perda de peso
durante a progressão da doença, uma vez que a perda ponderal é freqüente e está relacionada a um
pior prognóstico. Contrastando com os parâmetros antropométricos utilizados, a bioimpedância
detectou uma depleção de massa magra na maioria dos pacientes, sendo, portanto, um parâmetro
mais sensível e fidedigno para avaliação do estado nutricional nesses pacientes. A média encontrada
do ângulo de fase, embora baixo, não ultrapassou o valor de 4 que está associado a uma redução na
sobrevida desses pacientes.