
muitas e polêmicas, mas não podem deixar de ser consideradas no contexto da educação
científica e tecnológica.
Neste trabalho, então, rejeita-se a noção simplista de “realismo” como a simples
pressuposição do “real” como pré-existente independente do homem. Não se rejeita o “real”.
Mas o que é esta coisa que chamamos real?
O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata
da realidade nos leva a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais
ou humanas), isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa
percepção e às nossas vivências. Assim, por exemplo, costumamos dizer que
uma montanha é real por que é uma coisa. No entanto, o simples fato de que
essa “coisa” possua um nome, que a chamemos “montanha”, indica ela é, pelo
menos, uma “coisa-para-nós”, isto é, algo que possui um sentido em nossa
experiência...Não se trata de supor que há, de um lado, a “coisa” física ou
material e, de outro, a “coisa” como idéia ou significação. Não há de um lado a
coisa em-si, e, de outro, a coisa para-nós, mas entrelaçamento do físico-material
e da significação, a unidade de um ser e de seu sentido, fazendo com que aquilo
que chamamos “coisa” seja sempre um campo significativo.(CHAUÍ,1988, P.
16 a 18)
É esse “campo significativo” que é fenomenológico em Peirce. E se formos estudar mais
filosoficamente esta questão, precisaremos entender tanto o nominalismo
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quanto o realismo
mais detalhadamente.
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Nominalismo. Uma das correntes de filosofia na disputa a respeito da realidade dos "universais" ou existência real
de coisas com todos os atributos da perfeição do seu gênero, e de cuja perfeição participam em maior ou menor grau,
as coisas particulares do mesmo gênero. Um exemplo mais comumente usado é o da palavra "beleza" para a qual os
platônicos reivindicam uma existência própria, como um ser que é a beleza mais completa e perfeita, e neste ser que
é a beleza pura, têm maior ou menor participação totas as coisas que são belas. Esses universais são também nomes
genéricos aplicáveis à coisa em comum que define um conjunto de coisas particulares. Uma mesa com todos os
atributos possíveis da mesa existiria, no dizer de Platão, em um mundo diverso do mundo em que vivemos no qual as
coisas são imperfeitas, e no qual uma mesa difere de outra e pode ser melhor ou pior que outra, ambas apenas
participando da ideia de mesa, a mesa ideal que ele supunha poder existir no mundo da perfeição. O Nominalismo
nega realidade aos universais com fundamento em que o uso de uma designação geral não implica a existência de
uma coisa geral por ela nomeada. Admite, no entanto, que deve haver alguma semelhança entre as coisas particulares
às quais a denominação geral se aplica. Para os nominalistas, "beleza" não tem existência própria e é apenas um
termo geral para designar esse atributo reconhecível em alguns objetos que, por o possuirem, são ditos objetos belos.