sociedade, onde verificamos como são possíveis as relações de sociabilidade e as
continuidades dessas relações no tempo e no espaço. Para tanto, Simmel observou,
em seus diversos “ensaios”, vários caracteres que se fazem presentes nas teias
sociais, tecidas, tanto em grandes salões, como nas ruas que conectam vidas umas
às outras. Estão presentes em seus textos, assim como também revela e interpreta
Waizbort (2000) em “As Aventuras Antropológicas de George Simmel”, desde temas
abrangentes como: a guerra; a dominação; os círculos sociais; o espaço; a cultura; o
dinheiro; a religião; a família; a moral, até estudos sobre temas um pouco inusitados
para a sociologia do inicio do século XX como: a ponte; a moldura; a aventura; a
ruína; a asa do jarro; a porta; o amor; a conversa; etc. No entanto, de acordo com
Simmel (2006) todas essas categorias, só obtém seu status de social quando
tomadas no momento que são pano de fundo para agregar indivíduos:
Em si e para si, essas matérias com as quais a vida se preenche,
essas motivações que a impulsionam, não têm natureza social. A
fome, o amor, o trabalho, a religiosidade, a técnica, as funções ou os
resultados da inteligência não são, em seu sentido imediato, por si só
sociais. São fatores da sociação apenas quando transformam a mera
agregação isolada dos indivíduos em determinadas formas de estar
com o outro e de ser para o outro que pertencem ao conceito geral
de interação. (SIMMEL Idem, p 60)
Para não ficarmos de fora dessa aventura antropológica, podemos dizer que,
dentre inúmeros aspectos inusitados, tomamos de assalto para estudo, as dinâmicas
que ocorrem nos sinais de trânsito. Nosso objeto é o personagem que circunda um
objeto simbólico, que se encontra suspenso no ar: o semáforo, onde indivíduos
aproveitando-se de seu funcionamento específico: - luz verde para os carros
seguirem, amarelo dando o alerta, tanto aos motoristas, como aos flanelinhas, para o
vermelho – parada obrigatória. Ali, os personagens adentram num processo interativo
e multidimensional com os motoristas e consigo próprios que nos levantou interesse
em pesquisar. A partir deste ponto, alçamos voos maiores que levam, por exemplo,
a observações sobre a cidade, a políticas econômicas, o espaço público, as relações
de produção, a violência, o tempo, a miséria e, concomitante a isso também, os
caracteres inusitados como a poesia, a esmola, o olhar.
O comum, o olhar investigativo, os detalhes ganham patamares superiores e
alcançam grande importância para a apreciação do todo da obra. O simples sorriso
de Monalisa preencheu o quadro de Leonardo da Vinci (1452 – 1519) de mistério.