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UFRJ ERNANI SIMPLÍCIO MACHADO
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ACÚSTICA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: UM
ESTUDO NA CIDADE DE JUIZ DE FORA - MG
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Arquitetura,
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Ciências em
Arquitetura, área de concentração em
Conforto Ambiental e Eficiência Energética.
Orientador:
Prof. Jules Ghislain Slama, DSc.
Co-orientador:
Prof. Gustavo Francis Abdalla, DSc.
Rio de Janeiro
2006
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ii
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ACÚSTICA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE:
UM ESTUDO NA CIDADE DE JUIZ DE FORA -MG
ERNANI SIMPLÍCIO MACHADO
Orientador: Prof. Jules Ghislain Slama, DSc.
Co-orientador: Prof. José Gustavo Francis Abdalla, DSc.
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Ciências em Arquitetura, área de concentração em Conforto Ambiental e Eficiência
Energética.
Aprovada por:
_____________________________________
Prof. Jules Ghislain Slama, DSc. (orientador)
Prof. Adjunto – COPPE/UFRJ
_____________________________________
Prof. José Gustavo Francis Abdalla, DSc. (co-orientador)
Prof. Adjunto – Fac. Eng./UFJF
_____________________________________
Prof. Aldo Carlos M. Gonçalves, DSc.
Prof. Adjunto – FAU/UFRJ
___________________________________
Prof. Patrícia Figueira Lassance dos Santos Abreu, DSc.
Prof. Adjunto – EBA/UFRJ
___________________________________
Denise da Silva de Sousa, DSc.
Pesquisadora – COPPE/UFRJ
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iii
MACHADO, Ernani Simplício.
Avaliação Pós-Ocupação em Unidades Básicas de Saúde:
Um Estudo na Cidade de Juiz de Fora - MG / Ernani Simplício
Machado. - Rio de Janeiro: UFRJ/ FAU, 2006.
xii, 163 f.: il.; 30 cm.
Orientador: Prof. Jules Ghislain Slama.
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo/ Programa de Pós-graduação em Arquitetura, 2006.
Referências Bibliográficas: f. 149-153.
1. Unidades Básicas de Saúde. 2. APO acústica. 3. Juiz de
Fora - MG. I. Slama, Jules Ghislain. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa
de Pós-graduação em Arquitetura. III. Título.
iv
“Aos meus pais, José e Edna, que
sempre me orientaram, guiando meus
primeiros passos aos dias de hoje e
com certeza, aos de amanhã. E à
Maria Clara, filha querida, a quem
espero guiar também...”.
v
AGRADECIMENTOS
Aos professores Jules Slama e Gustavo Abdalla, orientador e co-orientador deste
trabalho, pelo suporte, firmeza e companheirismo, decisivos para tornar esta árdua tarefa
em uma experiência gratificante e enriquecedora;
Ao professor Danilo e a todos do Laboratório de Eficiência Energética da UFJF,
pelo apoio e empréstimo do decibelímetro, sem o qual este trabalho não teria sido
possível;
Aos professores do PROARQ, pelas diversas discussões científicas que ocorreram
durante todo o mestrado;
Ao Dionízio, Maria da Guia e Rita, pelo suporte na secretaria do PROARQ e pela
amizade formada;
A todos os funcionários das UBS de Milho Branco e Vila Esperança, pelo apoio e
colaboração para a execução da pesquisa;
À Ivone, Eliva, Lúcia e Bárbara pela constante disposição em ajudar ao longo deste
trabalho;
À Isabela, pelo incentivo, apoio e companheirismo de sempre;
A todos amigos e amigas, mineiros e cariocas, que dividiram comigo momentos
diversos ao longo desses últimos anos;
À Aline, pelas incontáveis ajudas na organização deste trabalho e nos reveses da
informática. Também pela paciência e carinho, além de suportar o insuportável,
partilhando comigo os encantamentos e desafios da vida a dois;
Aos meus irmãos Flávio, Thiago e Nathália pelas pessoas belas que são e por
estarem sempre me apoiando;
Aos meus pais, José e Edna, pelo apoio incondicional de ontem, hoje e sempre.
vi
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ACÚSTICA EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE:
UM ESTUDO NA CIDADE DE JUIZ DE FORA -MG
ERNANI SIMPLÍCIO MACHADO
Orientador: Prof. Jules Ghislain Slama, DSc.
Co-orientador: Prof. José Gustavo Francis Abdalla, DSc.
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação
em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Ciências em Arquitetura.
O presente trabalho apresenta uma análise acústica de Unidades Básicas de
Saúde (UBS) situadas na cidade de Juiz de Fora - MG. A escolha deste objeto se deu
pelas características de complexidade que este possui, tanto no campo do ambiente
construído quanto na importância das atividades exercidas que podem colocar em risco
vidas humanas quando não executadas com acuidade. Os estudos foram realizados
baseados nos conceitos metodológicos de Avaliação Pós-Ocupação com enfoque
acústico, aplicados nas UBS’s de Vila Esperança e de Milho Branco. Ambas possuem
características de concepção projetual semelhantes, mas a primeira é oriunda de um
único projeto e a outra, resultante de várias alterações e acréscimos. A partir de
medições, visitas técnicas in loco, aplicação e análise de questionários, chegou-se a
diagnósticos e proposições sobre a qualidade acústica do ambiente construído deste tipo
de Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS). Nas duas unidades verificou-se
ambientes com maior exigência por qualidade acústica, como os consultórios, sala de
recepção e espera, tanto no que se refere à inteligibilidade da palavra falada, quanto a
influência de ruídos externos às unidades. Também detectou-se nas duas unidades uma
influência do ruído produzido na sala de nebulização em salas adjacentes. Além das
semelhanças, verificou-se maior satisfação por parte dos usuários da UBS Vila
Esperança, oriunda de projeto único. Foi confirmado que, muitas vezes, um
condicionamento acústico só é eficiente se é previsto na fase do projeto. Determinadas
alterações em edificações existentes são limitadas, principalmente em EAS, onde as
instalações ordinárias definem espaços de trabalhos.
Palavras-chave: Unidades Básicas de Saúde, APO Acústica e Juiz de Fora-MG.
vii
POST-OCCUPATIONAL EVALUATION WITH ACOUSTIC FOCUS IN PRIMARY
HEALTH BUILDINGS: A STUDY IN THE CITY OF JUIZ DE FORA-MG
ERNANI SIMPLÍCIO MACHADO
Advisor: Prof. Jules Ghislain Slama, DSc.
Co advisor: Prof. José Gustavo Francis Abdalla, DSc.
Abstract of dissertation presented to the Programa de Pós-graduação em
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, of the Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of
Sciences (M.Sc.) in Architecture.
The present dissertation presents an acoustic analysis of Primary Health buildings in
Juiz de Fora. This subject was chosen because of its complexity, as much as in the built
itself as in the importance of the activities that can endanger human life if they are not
done with accuracy. The studies were done based on the methodology of post-
occupational evaluation with acoustic focus in Primary Health of Vila Esperança and Milho
Branco. Both of them present similar design conception, but the first one was designed at
once and the later is a result of many changes in the original design. Diagnosis and
propositions about the acoustic quality of this kind of health facilities were taken from
measurements, technical visits in loco and interviews. It was noted, in both facilities, a
need of greater acoustic quality in the doctors’ offices, in the reception and in the waiting
rooms, as much as in what concerns the audibility of the spoken word, as well as the
influence of noise from outside the building. It was also detected in both facilities the
influence of the noise from de room of nebulization in nearby rooms. Beside its
similarities, it was noted that the users of the Primary Health of Vila Esperança, that was
designed at once, were more satisfied. It was confirmed that, many times, a good acoustic
conditioning only works if it is considered at the project phase. Some later alterations in
the building are of limited efficacy, mainly in health facilities, where the ordinary
installations are defining of work spaces.
Key-words: Health Facilities, Acoustic Post Occupational Evaluation, Juiz de Fora - MG
viii
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO....................................................................................................13
1.1 HIPÓTESE.............................................................................................................. 15
1.2 OBJETIVOS............................................................................................................ 15
1.3 A CIDADE DE JUIZ DE FORA ..................................................................................16
1.3.1 Um breve histórico......................................................................................16
1.3.2 Localização..................................................................................................18
1.3.3 Unidade Territorial e características populacionais.....................................18
1.4 C
ARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS ........................................................................ 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................21
2.1 A
ARQUITETURA PARA O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL ....................................21
2.1.1 Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS)...................................22
2.1.2 As Unidades Básicas de Saúde na Política de Saúde .................................. 23
2.1.3 Espaços Demandados para Serviços Prestados e Riscos Ambientais.........25
2.2 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ................................................................................26
2.2.1 Avaliação técnica e avaliação comportamental...........................................27
2.2.2 Avaliação Pós-Ocupação Acústica.............................................................. 31
2.2.3 Avaliação do ruído ......................................................................................32
2.3 QUALIDADE ACÚSTICA EM EDIFICAÇÕES .............................................................. 37
2.3.1 Psicoacústica................................................................................................37
2.3.2 Acústica arquitetônica ................................................................................. 43
2.3.3 Conforto acústico......................................................................................... 44
2.3.4 Conforto Acústico em Clima Tropical ........................................................ 45
2.3.5 Propagação do Som em Espaço Livre.........................................................45
2.3.6 Propagação por Meios Diferentes................................................................47
2.3.7 Propriedades das Superfícies.......................................................................48
2.3.8 Diferentes Efeitos das Reflexões Sonoras................................................... 54
2.3.9 Privacidade acústica e Inteligibilidade da fala ............................................60
2.3.10 Isolamento Sonoro.......................................................................................66
3 METODOLOGIA DE TRABALHO.......................................................................70
3.1 AVALIAÇÃO OBJETIVA..........................................................................................70
3.2 AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL ..........................................................................73
4 ESTUDOS NAS UNIDADES DE SAÚDE ..............................................................74
4.1 APO UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE VILA ESPERANÇA...................................74
4.1.1 Apresentação e Descrição da Unidade ........................................................74
4.1.2 Descrição e Análise do Projeto Arquitetônico ............................................75
4.1.3 Avaliação técnico-construtiva - Descrição dos materiais de acabamento e
distribuição do layout .................................................................................................. 77
4.1.4 Avaliação Física - Levantamento e medições técnicas (decibelímetro)......82
4.1.5 Avaliação Comportamental - Aplicação e análise estatística dos
questionários................................................................................................................90
4.1.6 Análise dos dados coletados e propostas de soluções acústicas................100
ix
4.2 APO UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE MILHO BRANCO ...................................110
4.2.1 Apresentação e Descrição da Unidade ......................................................110
4.2.2 Descrição e Análise do Projeto Arquitetônico ..........................................113
4.2.3 Avaliação técnico-construtiva - Descrição dos materiais de acabamento e
distribuição do layout ................................................................................................ 116
4.2.4 Avaliação Física - Levantamento e medições técnicas (decibelímetro)....121
4.2.5 Avaliação Comportamental - Aplicação e análise estatística dos
questionários..............................................................................................................128
4.2.6 Análise dos dados coletados e propostas de soluções acústicas................138
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................146
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................149
ANEXOS ..........................................................................................................................154
Anexo – 1: Questionário aplicado nas UBS’s para avaliação comportamental........155
Anexo – 2: Análise acústica dos corredores de acesso aos consultórios da UBS Vila
Esperança...................................................................................................................159
Anexo – 3: Planta baixa do último projeto de reforma e ampliação da UBS Milho
Branco........................................................................................................................ 162
x
Índice de figuras
Figura 1.1: Avenida Rio branco e Rua Halfeld em 1906 (fonte: http://isal.camarajf.mg.gov.br) .................. 17
Figura 1.2: Avenida Rio branco e Rua Halfeld atualmente (fonte: http://isal.camarajf.mg.gov.br) .............. 17
Figura 1.3: Região Sudeste, Juiz de Fora e a Zona da Mata (fonte: www. acessa.com)................................ 18
Figura 1.4: Mapa de Juiz de Fora e suas respectivas regiões (Fonte: Ipplan/Dipac).................................... 19
Figura 2.1 - Curvas Critério de Ruído Balanceadas (Fonte: BERANEK, 1989)............................................ 33
Figura 2.2: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente estabelecidos pela NR-15................ 34
Figura 2.3: Tabela - Valores do Nível de Pressão Sonora dB
(A)
e Curva de Avaliação de Ruído.................. 35
(Fonte: ABNT – NBR 10152, 1987)................................................................................................................. 35
Figura 2.4: Relação de audibilidade e decibéis.............................................................................................. 38
Figura 2.5: Curvas de audibilidade ou curvas isofönicas (Fonte: Birgitta Berglund & Thomas Lindvall
Stockholm, Sweden, 1995 – Community Noise)............................................................................................... 39
Figura 2.6: Onda sonora chegando aos ouvidos de uma pessoa.................................................................... 41
Figura 2.7: Tabela: Valores da diferença da distancia entre os ouvidos e do tempo de atraso do som......... 42
Figura 2.8: Área de projeção sonora.............................................................................................................. 46
Figura 2.9: Áreas de projeção sonora ampliada. ........................................................................................... 46
Figura 2.10: Decréscimo do vel sonoro com a distância............................................................................. 47
Figura 2.11: Distribuição de energia nas transições (Fonte: DE MARCO, 1982)......................................... 47
Figura 2.12: Comportamento da reflexão sonora em paredes reflexivas....................................................... 48
Figura 2.13: Som direto e som refletido.......................................................................................................... 49
Figura 2.14: Comportamento do som em paredes irregulares. ...................................................................... 50
Figura 2.15: Exemplo de uma difração sonora (Fonte: www.unime.it).......................................................... 51
Figura 2.16: Comportamento do som em obstáculos absorvedores. .............................................................. 52
Figura 2.17: Características de absorção dos materiais porosos (Fonte: DE MARCO, 1982). .................... 52
Figura 2.18: Absorção sonora através de membranas. .................................................................................. 53
Figura 2.19: Características de absorção das placas vibrantes (Fonte: DE MARCO, 1982)........................ 53
Figura 2.20: Local aparente da fonte sonora. ................................................................................................ 54
Figura 2.21: Comportamento do som em superfícies diversas. ......................................................................55
Figura 2.22: Tempos de reverberação ótimos para recintos (Fonte: ROSA, 1997). ...................................... 58
Figura 2.23: Atenuação do som em ambientes enclausurados - superfícies rígidas (Fonte: EAGAN, 1972). 61
Figura 2.24: Atenuação do som em ambientes abertos - superfícies absorventes (Fonte: EAGAN, 1972).... 61
Figura 2.25: Ambientes abertos (Fonte: EAGAN, 1972)................................................................................ 62
Figura 2.26: Ambientes encalusurados (Fonte: EAGAN, 1972)..................................................................... 62
Figura 2.27: Condições de audibilidade através de uma parede (Fonte: FERNANDES, 2002).................... 63
Figura 2.28: Nível típico em dB da fala a uma determinada freqüência esquematizada em círculos para
quatro direções (Fonte: EAGAN, 1972).......................................................................................................... 64
Figura 2.29: Direção da fonte. Condições do ouvinte. A - Som proveniente da esquerda;B - Som proveniente
da direita; C e D - (Fonte: EAGAN, 1972). .................................................................................................... 64
Figura 2.30: Valor da fala incidente acima ou abaixo do ruído de fundo (Fonte: EAGAN, 1972)................ 65
Figura 2.31: Curvas de controle de privacidade (Fonte: EAGAN, 1972). ..................................................... 66
Figura 2.32.: Tabela de propriedade de isolamento acústico dos materiais (Fonte: AZEVEDO, 1994)........ 69
Figura 3.1: Decibelímetro MSL-1352, usado para medições acústicas nas UBS’s........................................ 71
Figura 3.2: Tela do programa computacional Test Link SE-322 – Carregamento de dados. ........................ 72
Figura 4.1 – Localização do bairro Vila Esperança ll e do local para implantação da UBS.
(fonte: www.acessa.com.br, modificada pelo autor)....................................................................................... 74
Figura 4.2: Vista externa da UBS Vila Esperança.......................................................................................... 75
Figura 4.3: Planta baixa setorizada da UBS de Vila Esperança....................................................................76
Figura 4.4- Área de recepção e espera (vista externa e interna).................................................................... 77
Figura 4.5 – Sala de atendimento a grupos .................................................................................................... 78
Figura 4.6 – Relação do playground e quadra poliesportiva com a UBS Vila Esperança............................. 79
Figura 4.7: Relação da quadra poliesportiva com o corredor de acesso aos consultórios............................ 79
Figura 4.8: Relação do playground com os consultórios. .............................................................................. 80
Figura 4.9: Consultórios e a relação da abertura com a linha de sombra acústica....................................... 80
xi
Figura 4.10 – Sala de nebulização.................................................................................................................. 81
Figura 4.11: Relação do compressor da nebulização com salas próximas .................................................... 82
Figura 4.12.: Adaptação do decibelímetro no teto da área de espera da UBS Vila Esperança. .................... 83
Figura 4.13.: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados pela manhã na área de recepção e espera....... 84
Figura 4.14: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados no turno da tarde na área de recepção e espera85
Figura 4.15: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados no turno da noite na área de recepção e espera.
......................................................................................................................................................................... 85
Figura 4.16: Gráfico de registro do ruído de fundo da sala de nebulização e apresentação do L
Aeq
............. 86
Figura 4.17: Gráfico de registro do ruído produzido da sala de nebulização e apresentação do L
Aeq
. ......... 87
Figura 4.18: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
da quadra poliesportiva, próximo à UBS............ 88
Figura 4.19: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
do playground, próximo à fachada da UBS....... 88
Figura 4.20: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
do interior do consultório. ................................. 89
Figura 4.21: Gráfico de registro do ruído e L
Aeq
do interior do consultório com crianças na praça............ 90
Figura 4.22: Gráfico do nível de satisfação com a UBS Vila Esperança....................................................... 91
Figura 4.23: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à ventilação dos ambientes.................................... 92
Figura 4.24: Gráfico sobre a utilização e eficiência dos ventiladores nos ambientes.................................... 93
Figura 4.25: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à iluminação dos ambientes................................... 94
Figura 4.26: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.............................................. 94
Figura 4.27: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.............................................. 95
Figura 4.28: Gráfico sobre a opinião sobre a solução para questão do ruído............................................... 96
Figura 4.29: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como receptor......................... 97
Figura 4.30: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como fonte............................... 97
Figura 4.31: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de nebulização......................................................... 98
Figura 4.32: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de grupos.................................................................99
Figura 4.33: Gráfico sobre avaliação acústica da área de recepção e espera..............................................100
Figura 4.34: Tabela de cálculo do TR da sala de espera com uma das portas de acesso mantida fechada..101
Figura 4.35: Tabela de cálculo do TR da sala de atendimento a grupos.......................................................104
Figura 4.36: Nova instalação para o compressor de nebulização.................................................................107
Figura 4.37: Proposta de inserção de barreira acústica para a UBS Vila Esperança..................................108
Figura 4.38 – Localização do bairro Milho Branco e da localização da UBS. (fonte: www. acessa.com.br,
modificada pelo autor)...................................................................................................................................110
Figura 4.39 – Planta baixa da antiga UBS Milho Branco já com as alterações ocorridas em 1996............111
Figura 4.40 – Planta baixa da atual UBS Milho Branco...............................................................................112
Figura 4.41 – Vista da fachada frontal da UBS Milho Branco......................................................................113
Figura 4.42 – Blocos que compõe a UBS Milho Branco................................................................................114
Figura 4.43 – Vista dos blocos que compõe a UBS Milho Branco e acesso alternativo proposto.................114
Figura 4.44 – Setorização da UBS Milho Branco..........................................................................................116
Figura 4.45 - Área de recepção e espera (vista do ambiente e vista pela sala de espera).............................117
Figura 4.46 – Vista externa e interna da atual situação das aberturas na fachada de acesso à unidade. ....118
Figura 4.47: Relação acústica dos consultórios com a rua e localização do compressor odontológico ......119
Figura 4.48 - Equipamento utilizado para atender o setor de nebulização da UBS Milho Branco...............119
Figura 4.49 – Sala de nebulização e a atual localização da central de ar-comprimido................................120
Figura 4.50.: Gráfico de registro de dados coletados no período da manha na área de recepção e espera.122
Figura 4.51: Gráfico de registro de dados coletados no período da tarde na área de recepção e espera....123
Figura 4.52: Gráfico de registro de dados coletados no período da noite na área de recepção e espera ....124
Figura 4.53: Gráfico de registro de dados coletados na sala de nebulização com o compressor ligado......125
Figura 4.54: Gráfico de registro de do ruído de fundo da rua voltada para os consultórios........................126
Figura 4.55: Gráfico de registro do ruído de fundo no interior dos consultórios. ........................................127
Figura 4.56: Gráfico de registro do ruído emitido pelos estudantes em frente aos consultórios. .................127
Figura 4.57: Gráfico do nível de satisfação com a UBS Milho Branco.........................................................128
Figura 4.58: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à ventilação dos ambientes...................................129
Figura 4.59: Gráfico sobre utilização e eficiência dos ventiladores nos ambientes......................................130
Figura 4.60: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à iluminação dos ambientes..................................131
Figura 4.61: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.............................................132
Figura 4.62: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído interno. ............................................132
xii
Figura 4.63: Gráfico sobre a opinião sobre a solução para questão do ruído..............................................133
Figura 4.64: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como receptor sonoro............134
Figura 4.65: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como fonte sonora..................135
Figura 4.66: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de nebulização........................................................136
Figura 4.67: Gráfico sobre avaliação acústica do consultório odontológico. ..............................................137
Figura 4.68: Gráfico sobre avaliação acústica da área de recepção e espera..............................................138
Figura 4.69: Tabela de cálculo do TR da atual situação da sala de espera..................................................139
Figura 4.70: Tabela de adequação acústica do TR da sala de espera...........................................................141
Figura 4.71: Nova proposta para o local que abriga a central de ar-comprimido da nebulização..............143
Figura 4.72: Proposta de inserção de barreira acústica para a UBS Milho Branco. ...................................144
Tabela de cálculo do TR do corredor de acesso aos consultórios.................................................................160
Capítulo 1 – Apresentação
13
1 APRESENTAÇÃO
Com a finalidade de avaliar acusticamente Unidades Básicas de Saúde, no
presente estudo, opta-se por utilizar a metodologia da Avaliação Pós-Ocupação (APO).
No aprofundamento desse conceito metodológico, será enfatizada a questão do conforto
ambiental, entendendo-se que a abordagem da APO, tecnicamente, é mais ampla por
tratar de outras questões que estão além do campo de pesquisa do conforto ambiental.
Dentro desta área, o enfoque será especificamente o campo do conforto acústico.
No caso de análise do ambiente construído, considera-se que este é composto de
duas fases: a fase de produção, onde acontece a concepção, o projeto e a execução do
ambiente construído e a fase de uso, onde tal ambiente atende ao usuário em suas
necessidades diversas, tais como conforto, estética, funcionalidade, aspectos
psicológicos, eficiência, etc.
Como objeto de análise para desenvolvimento da pesquisa, será utilizado Unidade
Básica de Saúde (UBS) na cidade de Juiz de Fora – MG. A escolha deste objeto se deu
pelas características de complexidade que este possui, tanto no campo do ambiente
construído quanto especificamente nas observações que nos ofertam elementos para
análise. A UBS está incluída no setor de atenção primária de saúde, no campo da
prevenção e controle epidemiológico de populações.
A atenção primária tem a função de efetuar o atendimento básico, serviços
preventivos e programas de saúde, além de ser referência para o sistema hierarquizado
da saúde (atenções secundária e terciária), efetuando, também, o papel de servir de
Vigilância à Saúde da população, constitucionalmente tratando no capítulo da política de
saúde no Brasil. Sendo assim, a complexidade deste espaço ocorre pela diversidade dos
serviços prestados em saúde, tanto no que se refere à prevenção e controle, como
acompanhamento e cura. Ainda acresce à complexidade aspectos sociais que se
correlacionam, como interesses da população (território, serviços, etc.), perfil
epidemiológico, etc.
A título de antecipação, este objeto que se enquadra na área da saúde requer
cuidados relacionados, principalmente, à biossegurança, quando colocado em operação.
Capítulo 1 – Apresentação
14
Esta foi uma importante questão que impulsionou a levar ao desenvolvimento da
importância do conforto acústico e sua avaliação, dado a necessidade de concentração
nos procedimentos humanos realizados nestes ambientes.
Aspectos físicos e psicólogos, de saúde do trabalhador, inteligibilidade da palavra,
entre outros são relevantes e devem ser observados, dado à variabilidade de sons que
afetam os sentidos e do uso do espaço pelo ser humano. Sendo assim, a ineficiência ou
má qualidade acústica pode levar a erros nos procedimentos em saúde que, em tese,
este tipo de avaliação de desempenho mostra-se efetiva na garantia da qualidade do
serviço prestado.
Pontuando este objeto de análise, serão consideradas para a APO proposta, duas
unidades de saúde: A UBS Vila Esperança e a UBS Milho Branco. A maior característica
para distinção das duas unidades é o fato da primeira ser um projeto único, sem
modificações ou ampliações, e a segunda por ter sido submetida a uma seqüência de
reformas e ampliações, além da não execução total do último projeto realizado para esta
unidade. Esta escolha também se deu pelo fato destas possuírem concepções de projeto
semelhantes, tendo sido projetadas pelo mesmo arquiteto, Gustavo Abdalla.
Segundo BÁRING (1998), se um problema acústico grave não é resolvido a priori,
sua correção envolverá dificuldades e custos muitas vezes maiores do que os das
medidas de prevenção necessárias para minimizá-lo ou eliminá-lo.
Sabendo que “prevenir é melhor que remediar”, o presente trabalho objetiva-se
confirmar, de modo científico, como essa máxima é uma verdade contundente em
acústica, ressaltando a importância da inclusão em projeto (e sua execução) das
condicionantes para o bom desempenho acústico de um edifício. Além disto, busca-se
identificar os possíveis problemas acústicos nas unidades de saúde analisadas para,
então, colaborar e propor soluções técnicas para as mesmas. Pretende-se também,
através deste trabalho, a identificação dos ambientes considerados críticos
acusticamente nas UBS’s em geral.
Capítulo 1 – Apresentação
15
1.1 Hipótese
Levanta-se como uma das questões que acarretam problemas e que provocam a
queda da eficiência do trabalho nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) é a
despreocupação com a qualidade acústica. Neste sentido, problemas acústicos no
ambiente de trabalho dos EAS podem comprometer a qualidade do serviço, induzindo a
erros humanos nos procedimentos de saúde ali realizados. A importância deste estudo se
firma uma vez que, estas tarefas, quando não executadas com acuidade, podem colocar
em risco vidas humanas.
Tem-se como hipótese que a qualidade da acústica é relevante na prestação do
serviço e que, por isso, o ambiente construído é parte integrante da ação em saúde, isto
é, deve ser considerado na avaliação dos procedimentos médicos a serem adotados e da
organização de tarefas e trabalho dos EAS.
1.2 Objetivos
O objetivo principal da pesquisa proposta é o estudo da qualidade acústica de
edificações na área de saúde, relacionando o próprio conforto ambiental à saúde e à
questão da humanização do espaço construído. Pretende-se também, proporcionar o
conhecimento do grau de risco ambiental e ocupacional que estes ambientes
apresentam, tanto pelo comprometimento da inteligibilidade da palavra quanto pela fadiga
ou stress provocados pela exposição a níveis de ruídos insatisfatórios.
Como enfoque deste estudo, adotou-se a Unidade Básica de Saúde, tendo em vista
a diversidade de atividades e a atenção que é demandada para a execução destas. Será
verificado quais ambientes deste tipo de estabelecimento são considerados críticos no
que se refere ao conforto acústico. Após esta detecção, possibilitará preconizar
adaptações no espaço construído e propor soluções e proposições para projetos
semelhantes. Apesar do estudo de caso ser na cidade de Juiz de Fora, ressalta-se que
sua validade não é local, dado que as questões de saúde têm conceito universal, isto é,
atópico.
Capítulo 1 – Apresentação
16
1.3 A cidade de Juiz de Fora
1.3.1 Um breve histórico
Situada na Zona da Mata Mineira, suas origens remontam à abertura do Caminho
Novo, estrada criada para o transporte do ouro no século XVIII. Diversos povoados
surgiram, estimulados pelo movimento das tropas que ali transitavam rumo ao Rio de
Janeiro, a exemplo de Santo Antônio do Paraibuna, criado por volta de 1820.
Em 1850, a Vila de Santo Antônio do Paraibuna é elevada à categoria de cidade e,
quinze anos depois, ganha o nome de cidade do Juiz de Fora. Juiz de Fora também
passa a vivenciar um processo de grande desenvolvimento econômico proporcionado
pela agricultura cafeeira que se expandia pela Zona da Mata, dando origem a formação
de várias fazendas.
Por iniciativa de Mariano Procópio Ferreira Lage, inicia-se a construção da primeira
via de transporte rodoviário do Brasil: a estrada União Indústria, com 144 km de
Petrópolis a Juiz de Fora, com o objetivo de encurtar a viagem entre a Corte e a
Província de Minas e facilitar o transporte do café.
No século XIX, Juiz de Fora se tornou um dinâmico centro econômico, político,
social e cultural. Os ganhos obtidos com o café, associados às facilidades de transporte,
energia e mão de obra, acrescida com achegada de centenas de imigrantes,
possibilitaram um intenso desenvolvimento industrial, e a cidade passa a ser denominada
“A Manchester Mineira”.
O vigor econômico cessa com o fim dos elementos estruturantes da economia local:
a escravidão, a queda dos preços do café e de sua exportação com o crack da bolsa de
New York.
Capítulo 1 – Apresentação
17
Figura 1.1: Avenida Rio branco e Rua Halfeld em 1906 (fonte: http://isal.camarajf.mg.gov.br)
Durante todo o século XX, a cidade, economicamente, esteve estagnada.
Entretanto, se destaca nos grandes momentos históricos do País. E após viver um
período de relativa decadência industrial até as décadas de 70 e 80, Juiz de Fora passou
a se destacar pelo crescimento dos setores comercial, industrial e de prestação de
serviços, o que a coloca como uma das grandes cidades de Minas Gerais e a Capital da
Zona da Mata Mineira.
Figura 1.2: Avenida Rio branco e Rua Halfeld atualmente (fonte: http://isal.camarajf.mg.gov.br)
Capítulo 1 – Apresentação
18
1.3.2 Localização
O município de Juiz de Fora está localizado na região da Zona da Mata no estado
de Minas Gerais, na região Sudeste do Brasil (Figura 1.3). Está a uma distância de 255
km de Belo Horizonte, 184 km do Rio de Janeiro e a 506 km de São Paulo. Possui
latitude de 21° 41` 20” Sul e longitude 43° 20` 40” a Oeste.
A localização geográfica de Juiz de Fora, entre os grandes centros nacionais, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, de fácil acesso, mas de grandes distâncias,
amplia mais o seu espaço de influência, tornando-se pólo para inúmeras cidades situadas
nesse raio de abrangência. Assim a área de influência de Juiz de Fora se estende a 150
municípios, atingindo municípios de maior ou menor hierarquia, desde a zona da mata
até municípios além da divisa estadual com o Rio de Janeiro.
Figura 1.3: Região Sudeste, Juiz de Fora e a Zona da Mata (fonte: www. acessa.com)
1.3.3 Unidade Territorial e características populacionais
Dados abaixo dispostos, baseados na taxa de crescimento ao ano e no índice
percentual da participação da região de interesse no contexto total:
Área de unidade territorial - 1.429, 875 km2
População: 424.479
Capítulo 1 – Apresentação
19
População urbana: 419.226 / População rural: 5.253
Projeção populacional para 2010: 557.025
Dada a sua posição geográfica, Juiz de Fora recebe a maior contribuição de
migrantes do sudeste mineiro e de áreas fluminenses próximas à divisa do Estado e
fortemente por ela polarizados. Enquanto vai havendo um aumento populacional na
cidade, a maior parte dos municípios da microregião vem sofrendo um sensível processo
de diminuição de suas populações, funcionando em sua maioria como “cidades
dormitório” que vêm envelhecendo em função do processo migratório da população
jovem, em busca da conclusão ou aperfeiçoamento escolar.
A distribuição espacial da população juiz-forana está altamente concentrada no
núcleo central, depois, formando um círculo com densidade diferenciada, sendo mais
compacta nas proximidades do núcleo, tornando-se menos densa à medida que vai se
afastando.
Figura 1.4: Mapa de Juiz de Fora e suas respectivas regiões (Fonte: Ipplan/Dipac).
Capítulo 1 – Apresentação
20
1.4 Características Geográficas
A Zona da Mata – que conserva este nome certamente pela exuberância de sua
cobertura vegetal no passado – se estende, inteiramente, sobre o chamado “Escudo
Atlântico”, região compreendida pelos planaltos do leste de Minas Gerais.
Esta região distingue-se por ser montanhosa, com altitudes próximas a 1000 m nos
pontos mais elevados, 670 a 750 m no fundo do vale do rio Paraibuna e níveis médios
em torno de 800 m. o Perímetro Urbano do Município insere-se totalmente no curso
médio do rio Paraibuna.
O clima se apresenta sob duas estações bem definidas: uma que vai de outubro a
abril, com temperaturas elevadas e maiores precipitações pluviométricas, e outra de maio
a setembro, mais fria e com menor presença de chuvas. A região possui um clima que
pode ser definido genericamente como Tropical de Altitude, por corresponder a um tipo
tropical influenciado pelos fatores altimétricos, em vista do relevo local apresentar
altitudes médias entre 700 e 900 m, que contribuem para a amenização das suas
temperaturas.
Com relação à distribuição dos deslocamentos de massa de ar, os dados obtidos
através da Estação Climatológica Principal da UFJF /5°DISME (N
o
83.692) mostram a
presença marcante de ventos do quadrante norte. Esta característica, aliada à existência
de uma depressão alongada ao longo do fundo do vale do rio Paraibuna, com direção
aproximadamente coincidente, forma um corredor preferencial de deslocamento de
massas de ar que se dirigem para o centro urbano da cidade, localizado ao sul.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Arquitetura para o Sistema de Saúde no Brasil
O termo promoção da saúde foi originalmente utilizado em 1945, pelo historiador
médico Sigerist, que afirmava a importância para a saúde de se proporcionar boas
condições de vida e de trabalho, educação, cultura física, lazer e descanso (Terris, 1996,
apud ASSIS, 2004).
Apesar de criticada por suas lacunas e excessiva idealização, a definição de saúde
pela OMS em 1946 como completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não
meramente ausência de doença ou enfermidade, avança pelo fato de ir além de um
sentido negativo (ausência de doença) e comportar um sentido positivo (presença de
bem-estar).
Nos anos 80, a discussão sobre promoção da saúde foi impulsionada pela
constituição de um grupo de trabalho da OMS (Oficina Regional para a Europa), cujo
objetivo era planejar o programa de Educação em Saúde para os próximos quatro anos.
Partiu-se do reconhecimento de que a Educação em Saúde isolada de outras medidas
não poderia resultar em mudanças radicais requeridas para anunciar uma nova era de
melhoria na saúde (ASSIS, 2004).
No documento para discussão resultante do grupo de trabalho, a promoção da
saúde foi definida “(...) como el proceso que permite a las personas adquirir mayor control
sobre su propria salud y, al mismo tiempo, mejorar esa salud”. Esta definição foi
posteriormente consagrada na Carta de Otawa, em 1986, resultante da 1ª Conferência
Internacional de Promoção da Saúde (KICKBUSCH, apud ASSIS, 2004). A Carta
consagra o sentido de saúde como bem-estar amplamente definido, para o qual são pré-
requisitos: alimento, abrigo, paz, renda, ecossistema estável, uso ininterrupto de
recursos, justiça social e eqüidade.
A visão ampliada dos recursos fundamentais à saúde e sua relação estreita com a
questão da qualidade de vida fizeram haver uma necessidade de conceber uma
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
22
intervenção de caráter público, além das clássicas ações assistenciais e preventivas de
cunho individual. Segundo BUSS (2000), os campos da promoção da saúde, como
apontados na Carta de Otawa, seriam estratégias integradas com o objetivo de interferir
positivamente no conjunto dos determinantes da saúde.
Esses campos tratariam efetivamente sobre políticas públicas saudáveis; Criação
de ambientes favoráveis à saúde; Reforço da ação comunitária (abrindo possibilidades de
atuação na definição de prioridades, tomada de decisões e implementação de estratégias
para alcançar melhor nível de saúde); Desenvolvimento de habilidades pessoais
favoráveis à saúde (educação em saúde) e Reorientação dos serviços de saúde com a
finalidade de superar o modelo biomédico, centrado na doença como fenômeno individual
e na assistência médico-curativa como foco essencial da intervenção.
2.1.1 Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS)
Ao longo dos tempos, a concepção de Hospital modificou-se radicalmente. Na
idade média, este espaço era tido como lugar para abrigar os enfermos e assisti-los,
material e espiritualmente. Atualmente, uma unidade hospitalar é, antes de tudo, um
complexo espaço de cura, preservação e promoção da saúde onde o conhecimento dos
aspectos ambientais nestes ambientes é imprescindível.
A arquitetura hospitalar vem diversificando seu foco de atenção, visto que, por
diferentes razões, o próprio modelo de atenção médica está passando por diversas
transformações (SANTOS e BURSZTYN, 2004). O advento das incessantes pesquisas e
novas tecnologias faz deste tipo de arquitetura “um permanente canteiro de obras” como
define o arquiteto Jarbas Karman (apud FIGUEROLA, 2002).
Contudo, fatores como conforto, limpeza, segurança e humanização tornam-se
essenciais para a saúde e bem-estar físico-psicológico do ser humano. O estudo da
influência do espaço construído no processo de restabelecimento da saúde torna-se
interdisciplinar, atraindo grupos de pesquisas como o Espaço Saúde (FAU-UFRJ) a
aprofundar neste campo.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
23
Nestes estudos, verificou-se que a humanização dos ambientes de saúde é fator de
extrema relevância para a finalidade que o espaço propõe. Espaços aconchegantes e
familiares como jardins, áreas envidraçadas, leitos e ambientes de estar com mobiliários
que promovam uma convivência descontraída e agradável tendem a assemelhar-se,
propositalmente, a uma moradia. O bem-estar psicológico gerado por meio das relações
com o ambiente construído, suscita nos pacientes, médicos e demais profissionais,
atitudes mais humanas e respeitosas.
2.1.2 As Unidades Básicas de Saúde na Política de Saúde
O sistema nacional de saúde tem evoluído nos últimos anos, o grande salto foi a
partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, seguida das leis orgânicas
da saúde e das normas operacionais básicas de assistência à saúde. Destaca-se a
Norma Operacional de Assistência à Saúde – NOAS 01/2002, que busca hierarquizar a
oferta de serviços de saúde, segundo a complexidade do atendimento.
As tendências atuais permitem afirmar que os avanços nas tecnologias de
prevenção, diagnóstico, terapêutica e comunicação criam condições para que a maior
parte dos cuidados de saúde possa ser ofertada de forma descentralizada e próxima aos
usuários (SANTOS e BURSZTYN, 2004).
As Unidades Básicas de Saúde são uma realidade desta descentralização dos
atendimentos em saúde. Sendo preferencialmente implantadas nos bairros, criam
territórios de abrangência e áreas de influência que se tornam referências para essas
populações territorializadas. Com isto, contribuem para a política de hierarquização da
saúde, tornando a atenção secundária e a terciária como contra-referência das UBS's.
Os serviços prestados pelas UBS's podem ser classificados em duas grandes
áreas: a da atenção básica e controle epidemiológico e a do atendimento clínico. No
primeiro grupo estão os atendimentos de imunização, injeção, curativos, farmácia,
nebulização e educação continuada. No segundo grupo estão a clínica geral, a
ginecologia e a pediatria.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
24
O Programa Saúde da Família (PSF), um dos programas nacionais de
implementação da nova política de prevenção em saúde no Brasil, veio e vem se
integrando aos serviços e transformando, ou tomando para si, o principal serviço do
atendimento clínico, dado a permanência da equipe de saúde mais tempo na unidade e o
conhecimento por parte da equipe da comunidade assistida pela unidade.
Juiz de Fora conta atualmente com 41 unidades básicas de saúde, o que atende a
praticamente toda a região periférica da cidade. Nestas UBS´s existem atualmente 80
equipes de saúde da família em 35 unidades, cobrindo aproximadamente 42% da
população municipal (entre 180 mil e 220 mil pessoas) com o PSF (ABDALLA, 2004).
Restando ainda 8% para alcançar a cobertura de 50% da população, conforme
compromissos assumidos com o Ministério da Saúde.
Não diferente em todo país, é comum a maioria das unidades básicas de saúde de
Juiz de Fora funcionarem em prédios adaptados, tornando-se um dos seus principais
problemas no que diz respeito à adequação do trabalho ao ambiente.
As unidades abrigam o PSF, o qual é composto por equipes de saúde que são
formadas em geral com um médico, um enfermeiro e até quatro agentes comunitários de
saúde (ACS). Estuda-se atualmente em Juiz de Fora a inclusão do dentista no PSF, mas
ainda não há definição da relação do número de profissionais por equipe.
Segundo ABDALLA (2004), o PSF veio e vem se integrando aos serviços e
transformando, ou tomando para si, o principal serviço do atendimento clínico, dado a
permanência da equipe de saúde mais tempo na unidade e o conhecimento por parte da
equipe da comunidade assistida pela unidade.
É importante salientar que diversas outras ações fazem parte do funcionamento de
uma UBS. Além dos ACS, o serviço de assistência social é importante em algumas
regiões, atuando especificamente com a educação da comunidade e com a atenção
social, seja em grupos específicos das áreas de influência ou individualmente.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
25
2.1.3 Espaços Demandados para Serviços Prestados e Riscos
Ambientais
Os serviços prestados pelas unidades de saúde podem ser classificados em duas
grandes áreas: a da atenção básica e controles epidemiológicos, responsáveis pelos
atendimentos de imunização, injeção, curativos, farmácia, nebulização além da educação
continuada e a área do atendimento clínico programado estão a clínica geral, a
ginecologia e a pediatria.
Em 2002 e 2003 realizou-se um trabalho onde foi levantando as reais
características das Unidades Básicas de Saúde do município em questões ligadas à
qualidade da infra-estrutura física e necessidades de manutenção e reformas necessárias
para a implantação do PSF.
Para tanto, foi verificado:
As condições físicas das unidades de saúde, isto é, patologia das edificações
quanto aos aspectos construtivos visíveis (trincas, problemas de umidade,
problemas de manutenção, etc.);
A conformidade do espaço dimensional dos ambientes da unidade bem como seus
procedimentos e atendimentos com os padrões normativos do Alvará Sanitário da
Prefeitura, do Código de Saúde do Estado de Minas Gerais e da Regulamentação
Normativa 050/2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
Análise do conforto ambiental das unidades abrangendo questões de ergonomia e
mobiliário, iluminação natural e artificial, ventilação, ruído, conforto visual, odor e
riscos ambientais, principalmente com relação a biossegurança.
É importante salientar que estas verificações não foram quantitativas, e sim por
meio de observações, levantamentos e entrevistas.
Desde então, este trabalho continua através de projeto de extensão ligados à UFJF,
realizando adaptações possíveis com recursos vindos do Projeto de Expansão e
Consolidação da Saúde Família (PROESF), para as reformas e adaptações que foram
sugeridas.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
26
Das quarenta e uma unidades visitadas, só quatro delas foram projetadas para
serem propriamente unidades de saúde, destas apenas uma não foi construída depois da
gestão plena em saúde pela cidade e da existência do PSF.
Foi constatado que o conforto ambiental é colocado em segundo plano em quase
todas as unidades, como principal evidência deste aspecto, a maioria das unidades
apresenta usos múltiplos dos ambientes e problemas ergonômicos que potencializam
acidentes. A falta de manutenção das unidades também foi perceptível em muitos casos,
acarretando diversas patologias e também riscos ergonômicos, como, por exemplo, é
presente em todas as unidades algum mobiliário defeituoso.
2.2 Avaliação pós-ocupação
A avaliação pós-ocupação (APO) pode ser entendida como um método interativo
que detecta patologias e determina terapias no decorrer do processo de produção e uso
de ambientes construídos, através de participação intensa de todos os agentes
envolvidos na tomada de decisões (ORNSTEIN, 1992).
“Uma APO bem sucedida requer um cuidadoso levantamento
de dados, o cumprimento dos prazos previstos e um
tratamento estatístico bem definido” (ORNSTEIN, 1992).
A APO é uma avaliação de desempenho, tendo como metas promover a ação ou
intervenção no ambiente construído, buscando propiciar um aumento na qualidade de
vida daqueles que utilizam um dado ambiente e produzir informações na forma de banco
de dados, gerar conhecimentos sistematizado sobre o espaço e as relações ambiente –
comportamento. Um dos principais objetivos da APO é servir de instrumento para aferir o
grau de satisfação do usuário em relação ao ambiente construído. Através da aplicação
desta avaliação, promove-se também a garantia de satisfação das necessidades do(s)
usuário(s) ou de quem direta ou indiretamente entra em contato com ele (vizinhos,
transeuntes, etc.).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
27
Através da APO é possível verificar a freqüência de uso, manutenção, modificações
e adaptações do espaço ao usuário e vice-versa e, conseqüentemente, compreender as
relações satisfação x comportamento existentes entre o usuário (consumidor final) e o
ambiente construído (produto final) (MACEDO, 1999).
A aplicação deste tipo de trabalho é passível de promover uma perturbação nas
atividades cotidianas do ambiente construído em questão. Por este motivo, muitas vezes
pode não ser bem recebida e até mesmo evitada. Além disso, os próprios agentes
produtores e usuários destes ambientes podem entender este tipo de trabalho como
sinônimo de repressão, criando barreiras contra a avaliação, na forma de mecanismos de
auto-defesa.
Em síntese a APO divide-se em levantamento de dados, organização dos dados
em tabelas, diagnóstico e recomendações para projetos semelhantes. (MACEDO, 1999).
Durante o seu desenvolvimento, podem ser investigados aspectos físicos,
comportamentais, técnico-construtivos, técnico-econômicos, técnico-estéticos e técnico-
funcionais. Assim sendo, esta metodologia pode ser aplicada em duas fases: a da
avaliação objetiva e da avaliação comportamental.
2.2.1 Avaliação objetiva e avaliação comportamental
A APO aplicada na arquitetura é uma das metodologias existentes para avaliação
de ambientes construídos, sendo um exame sistemático das edificações em uso o qual
pode trazer subsídios e informações importantes para os projetistas. Ela difere de outros
métodos, mais preocupados com o projeto e construção, uma vez que prioriza aspectos
como o uso, operação e manutenção, considerando-os essenciais às informações do
usuário do local estudado.
Segundo CASTRO (2004), uma Análise Walkthrough ou Análise Preliminar consiste
no reconhecimento do ambiente e na identificação descritiva de problemas e aspectos
positivos do mesmo. Esta avaliação preliminar é realizada por uma equipe composta de
técnicos e representantes dos usuários (staff da organização), assim como demais
profissionais envolvidos (gestores, técnicos de manutenção, projetistas, etc.), que
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
28
percorrem o prédio para o reconhecimento de suas características físicas e funcionais, de
suas atividades e dos usuários. Esta se torna, portanto, o começo de qualquer tipo de
avaliação citada a seguir.
a) AVALIAÇÃO OBJETIVA
Esta etapa da APO incorpora os aspectos funcionais, técnicos e comportamentais.
A extração do maior número de informações possíveis na avaliação técnica permite
comparar estes dados com a opinião do usuário, possibilitando confrontar dados
mensurados com dados sensitivos (ROMERO, 1989 apud MACEDO, 1999).
É importante comparar os resultados da avaliação técnica com normas e critérios.
Infelizmente, no Brasil existe uma carência de critérios estabelecidos, dificultando o
estudo. Neste sentido, as APO’s assumem um papel fundamental, pois o
desenvolvimento freqüente de diversas avaliações permite comparar os resultados
obtidos e criar subsídios para a elaboração de novas normas e o aprimoramento das
existentes (ROMERO, 1989 apud MACEDO, 1999).
a.1) Avaliação técnico-construtiva
Relaciona-se com os materiais e técnicas construtivas utilizadas. Através de
observação e análise verifica se o ambiente construído satisfaz ou não às necessidades
do usuário. Consiste no levantamento ao nível de uma macro e micro escala. Sendo
macro escala levantamento que envolve o edifício como um todo (fluxos, circulações,
estrutura) e micro escala como mobiliário e materiais de revestimento.
Em se tratando de avaliação do desempenho acústico (APO acústica), identifica-se
o tipo de parede e/ou material de revestimento em relação a sua capacidade de
isolamento e absorção do ruído (interno ou externo); tipos de janelas e avaliação de suas
instalações; tipos de varandas e anteparos de proteção contra o ruído externo, etc.
a.2) Avaliação técnico-estética
Relaciona-se às questões comportamentais e aos aspectos culturais, envolvendo
questões relacionadas à percepção e compreensão do ambiente bem como as questões
relacionadas à forma e ao estilo.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
29
Devido ao limite de tempo, neste presente estudo serão apenas apresentadas
propostas que possibilitem solucionar ou minimizar os problemas relacionados ao
conforto acústico, sempre objetivando preservar ou valorizar o conforto visual e a
humanização do espaço.
a.3) Avaliação técnico-econômica
Este tipo de avaliação permite medir a eficiência do ambiente construído
considerando a relação custo-benefício.
a.4) Avaliação técnico-funcional
Avalia a funcionalidade da edificação ao nível de uma macro e micro escala.
Verifica se o posicionamento dos espaços é adequado a sua função de uso (área
construída, ventilação, iluminação e acústica).
a.5) Avaliação física
Consiste em levantamento in loco do objeto em questão com a utilização de
equipamentos apropriados. Um dos equipamentos mais utilizados para a realização da
APO Acústica é o Decibelímetro.
b) AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL
Além da Avaliação Técnica, composta de ensaios em laboratórios ou in loco, a APO
é composta da Avaliação Comportamental, baseada no ponto de vista dos usuários. Essa
última se preocupa com a relação homem x ambiente construído e tem, a partir de dados
fornecidos pelos usuários, muito ainda a desenvolver sobre os métodos de avaliação de
desempenho das edificações (FLEMMING, 2000).
A Avaliação Comportamental Iniciou-se nos países desenvolvidos, com a
construção em larga escala de conjuntos habitacionais no período Pós-Guerra. O fator
preponderante para este tipo de avaliação foi o grau de insatisfação das necessidades
dos moradores em relação aos edifícios. Assim, nos EUA, origina-se a APO, a qual
combina a Avaliação Técnica e a Avaliação Comportamental, pretendendo-se configurar
em uma Avaliação Global do edifício, garantindo maior vida útil e evitando a repetição de
falhas em projetos futuros de edificações semelhantes.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
30
Analisa a relação entre o nível de satisfação do usuário e seu comportamento em
relação ao ambiente. Consiste no levantamento da população amostral, o qual é
realizado através de contatos com o usuário do ambiente em questão, na seleção de
ambientes representativos, na elaboração de questionário pré-teste, contato com
profissionais envolvidos com o objeto de estudo, ou que possam ser consultados, na
tabulação dos dados, no tratamento estatístico e na análise final.
Como métodos mais utilizados, temos: observações registradas em plantas,
complementadas por entrevistas e pela aplicação de questionários, que são métodos
quantitativos e envolvem técnicas estatísticas e conceitos numéricos. Os dados obtidos
devem ser apresentados em relatório e sintetizados em tabelas e gráficos.
b.1) Dimensionamento das amostras
Quando o universo for muito extenso, determina-se a necessidade de escolher
amostras representativas na totalidade. Neste caso, a utilização do processo de
inferência
1
permitirá tecer conclusões com base em uma amostra desta população. Para
que realmente haja “confiança” no resultado final obtido será necessário tomar cautela no
dimensionamento e na seleção das populações amostrais.
O critério de seleção da amostra (estatísticos, não-probabilísticos ou de estratos
representativos de determinadas particularidades imprescindíveis a uma avaliação
confiável) irá variar com as características especificas de cada APO a ser realizada.
Quanto maior o tamanho da amostra, menor o erro padrão. Através de fórmulas e tabelas
já existentes, poderá ser realizado um correto dimensionamento das amostras,
baseando-se na adoção de um intervalo de confiança e de um erro padrão.
b.2) Elaboração de questionários
A utilização de questionário é um dos métodos que permitem analisar as relações
entre o usuário e o ambiente construído. Para a elaboração do mesmo, deve se ponderar
nas seguintes questões:
1
Apud MACEDO, 1999 – A indução ou inferência é o processo através do qual, com base em uma
amostra conhecida, buscam-se conclusões sobre a população desconhecida da qual se extraiu a amostra.
Seria, segundo Wonnacott (1985; p.109) um processo no qual parte se da “argumentação do específico
(amosta) para o geral (população)”.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
31
- respeitar o vocabulário da população, visando uma fácil compreensão;
- considerar necessidades básicas do usuário, associando a uma escala de
valores única para cada indivíduo que varia em função do contexto climático, político,
econômico e sócio-cultural;
- testar o questionário antes de aplicá-lo, estudando o modo, o horário e a data
mais adequada para a aplicação.
2.2.2 Avaliação Pós-Ocupação Acústica
Conforme já mencionado anteriormente, a APO é uma avaliação de desempenho
baseada em dados subjetivos e objetivos. Sendo assim, antes de qualquer diagnóstico, é
necessário dividir a avaliação proposta em APO acústica “subjetiva“, derivada da
elaboração, aplicação e análise dos questionários e entrevistas e a APO acústica
“objetiva”, consistindo no levantamento físico obtido em campo.
A APO acústica envolve variáveis climáticas, físicas, biológicas e as relações
ambiente x comportamento humano (MACEDO, 1999). Desta maneira, este tipo de
pesquisa auxilia na obtenção de dados sobre desempenho de materiais, comportamento
dos usuários e formas de implantação e de lay-out arquitetônico mais eficiente.
É de alta relevância a ponderação nos dados objetivos e subjetivos na aplicação da
avaliação pós-ocupação acústica. Deve se atentar tanto aos aspectos objetivos medidos
e observados in loco ou analisados no projeto arquitetônico, como aos aspectos
subjetivos, verificados na avaliação comportamental após a aplicação e análise dos
questionários e entrevistas.
Antes do interesse em saber como reduzir o ruído, o objetivo desta avaliação é
identificar as características acústicas deste tipo de estabelecimento, identificando os
pontos ou ambientes mais ruidosos. Em seguida, quais destes ruídos podem
comprometer a realização dos trabalhos ministrados pelos profissionais.
Este estudo objetivar-se-á em gerar dados capazes de verificar o grau de satisfação
dos usuários com relação ao ambiente construído, além de analisar a qualidade acústica
em áreas específicas. Através destes dados, será possível a proposição de sugestões
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
32
para elevação do conforto acústico destes estabelecimentos ou em projetos semelhantes.
A Organização Mundial de Saúde estabelece 55 dB
(A) como nível médio de ruído
diário para uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes onde o ruído médio esteja
acima dos níveis recomendados necessitam de tratamento acústico. Acima de 75 dB
(A),
começa a acontecer o desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade,
o ruído passa a ser um agente de desconforto. Nessas condições há uma perda da
inteligibilidade da linguagem, a comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer
distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no trabalho. Acima de 80 dB
(A), as
pessoas mais sensíveis podem sofrer perda de audição, o que se generaliza para níveis
acima de 85 dB
(A).
No presente estudo, para abordar a avaliação objetiva das Unidades Básicas de
Saúdes propostas serão realizadas as avaliações físicas, técnica-construtiva,
técnico-funcional e para a avaliação comportamental, serão dimensionadas as amostras
e a elaboração e aplicação de questionários.
2.2.3 Avaliação do ruído
Ao contrário de outras formas de poluição (da atmosfera, da água), a poluição
sonora é difícil de ser medida, uma vez que ela não deixa resíduos e é altamente variável
em relação ao tempo (CREMONESI, 1988). O método mais utilizado para avaliar o ruído
em ambientes é a aplicação das curvas NC (Noise Criterion) criadas por Beranek em
pesquisas a partir de 1952. Em 1989 o mesmo autor publicou as Curvas NCB (Balanced
Noise Criterion Curves), com aplicação mais ampla. São várias curvas representadas em
um plano cartesiano que apresenta no eixo das abscissas as bandas de freqüências e,
no eixo das ordenadas, os níveis de ruído (Figura 2.1).
Cada curva demonstrada abaixo representa o limite de ruído para uma da atividade,
tendo em vista o conforto acústico em função da comunicação humana. Por exemplo, a
curva NC-10 estabelece o limite de ruído para salas de concerto, estúdios de rádio ou TV;
a curva NC-20 o limite para auditórios e igrejas; a curva NC-65 (a de maior nível) o limite
para qualquer trabalho humano, com prejuízo da comunicação, mas sem haver o risco de
dano auditivo.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
33
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
16 31.5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
Freqüência central da banda de oitava [Hz]
A
B
NCB
65
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
Curvas Critério de Ruído Balanceadas
Curvas NCB
Limiar da
Audição
Figura 2.1 - Curvas Critério de Ruído Balanceadas (Fonte: BERANEK, 1989).
Veremos adiante, que a Norma Brasileira NBR 10.152 adotou estas curvas
supracitadas como padrão, estabelecendo uma tabela (Figura 2.3) com limites de
utilização. No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído em ambientes são
fixados pelas Resoluções e Normas Brasileiras das quais as principais são:
NR15 – Atividades e operações insalubres;
NBR 10.151 - Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da
comunidade;
NBR 10.152 - Níveis de ruído para conforto acústico;
RDC-50 de 21/02/2002. Regulamento Técnico para planejamento, programação,
elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde;
Resolução CONAMA Nº 001 de 08 de março de 1990.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
34
Segundo a NR-15, ruído de impacto é aquele que apresenta picos de energia
acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo).
E
ntende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de
Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. Os tempos de exposição aos níveis de
ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no quadro abaixo (Figura 2.2).
Figura 2.2: Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente estabelecidos pela NR-15
Ainda de acordo com a NR-15, para os valores encontrados de nível de ruído
intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível
imediatamente mais elevado. Não é permitida exposição a níveis de ruído de 115 dB
(A)
para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. Os níveis de ruído contínuo
ou intermitente, os quais serão identificados, adiante, nos estabelecimentos apontados
neste presente estudo, devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de
pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
35
(SLOW). A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) aponta também, através
da NBR 10.151, a necessidade de obedecer a distância mínima de 1 m das paredes, de
1,2 m acima do piso e a 1,5 m de janelas.
Ainda se tratando do procedimento de medição de ruídos contínuos, de acordo com
a NBR 10.151, os resultados devem ser apresentados conforme locais de medição,
valores coletados e transformados em L
Aeq
(Nível de pressão sonora equivalente), através
da aplicação da seguinte fórmula:
10
1
1
10 log 10
i
L
n
Aeq
i
L
n
=
=
A NBR 10.152 define os limites máximos de ruídos admissíveis para ambientes
diversos, a partir do Nível de Pressão Sonora, em decibéis (Lp) e da Curva de avaliação
de ruído (NC), conforme tabela abaixo (Figura 2.3).
Figura 2.3: Tabela - Valores do Nível de Pressão Sonora dB
(A)
e Curva de Avaliação de Ruído
(Fonte: ABNT – NBR 10152, 1987).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
36
As normas brasileiras para aplicação em semelhantes edificações, por sua vez,
estão consolidadas nas referências bibliográficas apresentadas pela RDC N
o
50
(BRASIL, 2002) e ressaltam a importância de observar as demandas específicas dos
diferentes ambientes funcionais quanto a sistemas de controle de suas condições de
conforto acústico, considerando os aspectos específicos das características do grupo de
usuários que as utilizam e, naturalmente, pelos equipamentos biomédicos e prediais ali
instalados.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente, considerando que os problemas dos níveis
excessivos de ruído estão incluídos entre os sujeitos ao controle da poluição de meio
ambiente, estabelece a resolução CONAMA N
o
001 de 08 de março de 1990, a qual
utiliza-se das normas NBR-10151 e NBR-10152 para estabelecer valores de níveis de
pressão sonora prejudiciais à saúde e ao sossego público e procedimentos para as
medições dos mesmos.
2.2.3.1 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO
a) Levantamento do local de trabalho e das atividades
Descrição das características construtivas das edificações;
Descrição resumida do processo;
Identificação, descrição e localização das fontes de ruído.
Data e hora em que se realizou a avaliação;
Tempo de duração da avaliação;
Identificação das atividades e do número de trabalhadores.
b) A medição com Medidor de Pressão Sonora com Leitura Instantânea do Ruído
(decibelímetro)
Este é o caso mais simples e corriqueiro, que utiliza um medidor de pressão
sonora de leitura instantânea como apresentado no Anexo -1 da NR-15. Este tipo de
equipamento não é capaz de fornecer diretamente o L
Aeq
ou a Dose. Sugere-se, portanto,
o cumprimento das seguintes etapas:
Verificar se a jornada de trabalho ocorre em dois ou mais diferentes níveis de
exposição em períodos específicos;
Possuir um cronômetro ou um relógio de pulso comum com leitura de segundos;
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
37
Realizar calibração e ajustes preliminares do equipamento;
Entrevistar o funcionário e perguntar por onde ele passa e quanto tempo
permanece em cada local, acompanhando-o na execução de cada uma das etapas
identificadas;
Elaborar uma tabela onde seja possível registrar cada uma das etapas
executadas no local de trabalho o tempo efetivo de exposição e o nível de pressão
sonora medido;
Considerar os efeitos combinados, através da técnica do somatório das frações
entre o tempo efetivo e o tempo permitido pela legislação, em cada uma das etapas.
2.3 Qualidade acústica em edificações
2.3.1 Psicoacústica
A Psicoacústica é a ciência que estuda a percepção sonora dos fenômenos
acústicos. As grandezas psicoacústicas procuram analisar separadamente cada
uma das características que definem a percepção sonora (NOVO JÚNIOR, 2003).
Assim sendo, esta ciência estuda as sensações auditivas para estímulos sonoros.
Trata dos limiares auditivos, limiares de dor, percepção da intensidade de da
freqüência do som, mascaramento, e os efeitos da audição binaural (localização
das fontes, efeito estéreo, surround, etc.).
2.3.1.1 A Lei de Weber-Fechner
A Lei de Weber-Fechner faz uma relação entre a intensidade física de uma
excitação e a intensidade subjetiva da sensação de uma pessoa. Vale para qualquer
percepção sensorial, seja auditiva, visual, térmica, tátil, gustativa ou olfativa. Esta lei tem
como enunciado geral, o aumento do estímulo necessário para produzir o incremento
mínimo de sensação sendo proporcional ao estímulo preexistente.
Onde: “S” = sensação;
“I” = intensidade do estímulo;
“k” = uma constante.
S = k .
I / I
ou
S k.log I
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
38
Aplicando este enunciado à acústica, afirma-se que sons de freqüência constante,
cujas intensidades físicas variam em progressão geométrica, produzem sensações cujas
intensidades subjetivas variam em progressão aritmética. Ainda aplicando a Lei de
Weber-Fechner à acústica, é certo afirmar que para sons de mesma freqüência, a
intensidade da sensação sonora cresce proporcionalmente ao logaritmo da intensidade
física.
2.3.1.2 Audibilidade (loudness)
Audibilidade é o estudo de como nosso ouvido recebe e interpreta as flutuações da
pressão sonora associada a variações de freqüência (FERNANDES, 2002). Deve-se
ressaltar que este estudo deve ser estatístico, pois, a sensação percebida por um
indivíduo é única, particular dentro de uma diversidade de individualidades dentro da
espécie humana.
Como ocorre em todas as avaliações da resposta humana a estímulos físicos, a
previsão exata da resposta de um determinado indivíduo ao estimulo sonoro é
praticamente impossível (LALLI, 1988). O conjunto de sons audíveis pelo ser humano, ou
seja, nosso campo de audibilidade, é dado pela área compreendida entre o limiar de
audibilidade e o limiar da dor (Figura 2.4).
Limiar de audibilidade0 dB
Ruído de respiração normal, folha caindo10 dB
Limiar de dorAproximadamente 130 dB
Aves a jato a curta distância110 a 120 dB
Indústria pesada90 a 110 dB
Ruído de tráfego pesado80 a 90 dB
Conversação normal60 a 70 dB
Escritórios, residência barulhenta40 a 50 dB
Ambiente muito calmo, dormitório20 a 30 dB
Limiar de audibilidade0 dB
Ruído de respiração normal, folha caindo10 dB
Limiar de dorAproximadamente 130 dB
Aves a jato a curta distância110 a 120 dB
Indústria pesada90 a 110 dB
Ruído de tráfego pesado80 a 90 dB
Conversação normal60 a 70 dB
Escritórios, residência barulhenta40 a 50 dB
Ambiente muito calmo, dormitório20 a 30 dB
Figura 2.4: Relação de audibilidade e decibéis
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
39
Sabe-se que o processo da percepção auditiva não é linear. Apesar do ouvido
humano ser sensível à percepção de freqüências aproximadamente entre 20 e
20.000 Hz, o ouvido privilegia a percepção de sons nas freqüências relacionadas à fala
humana (NOVO JÚNIOR, 2003). Por isso, o ouvido é mais sensível à variação das baixas
freqüências sonoras, até aproximadamente 1.000 Hz, onde se concentra grande parte
das freqüências dos sons característicos das linguagens humanas, como é possível
verificar nas curvas de audibilidade.
As curvas de audibilidade (curvas loudness), são muito importantes no estudo de
acústica. Por exemplo: nos aparelhos de som nós podemos utilizar a tecla "loudness" que
nos dá um aumento dos sons graves e agudos, proporcional às curvas, para que todas
as freqüências sejam igualmente ouvidas. Nos aparelhos medidores do nível de
intensidade sonora (decibelímetros) as medições são feitas levando-se em consideração
a sensibilidade do ouvido: o aparelho mede o NIS da mesma maneira que o ouvido
percebe o som, equalizando de acordo com as curvas loudness (FERNANDES, 2002).
Figura 2.5: Curvas de audibilidade ou curvas isofönicas (Fonte: Birgitta Berglund & Thomas Lindvall
Stockholm, Sweden, 1995 – Community Noise).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
40
A cada contorno de igual sonoridade é associado um valor numérico em fones
(Figura 2.5), que foi escolhido como o nível de pressão sonora no ponto onde este
contorno atravessa a linha correspondente a freqüência de 1000 Hz. Todos os pontos
pertencentes ao mesmo contorno têm a mesma sonoridade em fones.
Em resumo, pode-
se dizer que um som de “n” fones é aquele que dá a mesma sensação de intensidade
que um som de n decibéis e de freqüência 1000 Hz.
Nas curvas, verifica-se que a audição humana, no mesmo nível de energia, é
menos sensível a baixas do que a médias ou altas freqüências. Por exemplo, 60 dB a
400 Hz é considerado alto, quase 70 fones, no entanto os mesmos 60 dB a 63 Hz
correspondem apenas a 40 fones.
A Figura 2.5 evidencia esta variabilidade da sensação auditiva dentro de uma linha
de nível de pressão sonora (dB) relacionada com a freqüência (Hz). Nota-se, também,
que esta variação diminui proporcionalmente com o aumento do nível de pressão sonora,
diminuindo a necessidade de compensação nas baixas freqüências.
Também é possível associar um nível aceitável de isossonia do ruído (em fones) a
uma utilização eventual de um local:
• 0 fone corresponde ao limiar de audibilidade;
• 20 fones correspondem ao ruído admissível nos estúdios ;
• 30 fones correspondem ao ruído admissível nos hospitais;
• 35 fones correspondem ao ruído admissível nos cinemas e teatros;
• 45 a 50 fones correspondem ao ruído admissível nos apartamentos;
• 55 a 60 fones correspondem ao ruído admissível nos escritórios.
Acima de 60 fones, não sendo considerado como perturbador ou insuportável, os
ruídos tornam-se incômodos e começam a perturbar uma conversação normal.
Aumentando este valor para 80 fones, os ruídos tornam-se claramente cansativos e com
efeitos nocivos. A partir de 100 fones, todo ruído é perigoso para longas exposições, pois
ocasionaria efeitos nocivos, como o cansaço, o nervosismo, a perda de audição, dor de
cabeça, etc.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
41
2.3.1.3 Audição Binaural
a) Localização da fonte sonora
Uma das características principais da audição humana é o sentimento da direção
da propagação das ondas do som. Por causa da localização física das orelhas na
cabeça humana, cada orelha recebe sinais diferentes. Ocorrem, então, alterações na
intensidade sonora e no tempo de chegada do som entre cada orelha. O sistema nervoso
central registra cada sinal recebido, estabelecendo a direção da onda sonora.
A Figura 2.6 ilustra, num plano horizontal, como uma onda sonora atinge os dois
ouvidos de uma pessoa. Além de apontar o ponto de maior intensidade sonora, que se dá
em um ângulo igual a 79º, o esquema abaixo mostra quando a onda sonora chega de
uma posição lateral, inclinada (α) a esquerda frontal do indivíduo, esta atinge primeiro o
ouvido esquerdo (e com mais intensidade) e depois o ouvido direito (com menor
intensidade), pois o ouvido direito está l mais distante que o direito.
Figura 2.6: Onda sonora chegando aos ouvidos de uma pessoa
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
42
Se chamarmos de “d” a distância entre as orelhas ( 21 cm), podemos escrever:
l = d . sen
α
.
Considerando a velocidade do som de 344 m/s, a tabela abaixo (Figura 2.7)
apresenta os valores de l e o tempo de atraso do som (t) para diferentes valores do
ângulo α.
V
alores da diferença da distância entre os ouvidos e do tempo
de atraso do som para valores de α (velocidade do som de
344 m/s e distância entre ouvidos de 21 cm)
Ângulo α (graus) l (cm) t (ms)
0 0 0
10 3,64 0,106
20 7,18 0,208
30 10,5 0,305
45 14,8 0,431
60 18,2 0,528
90 21,0 0,610
Figura 2.7: Tabela: Valores da diferença da distancia entre os ouvidos e do tempo de atraso do som
Quanto à freqüência do som, quando o comprimento da onda tem valores
múltiplos da distância l a localização fica mais difícil. Para sons graves, por terem
grandes comprimentos de onda, existe maior dificuldade em identificar a direção da onda
sonora. Sons de impacto (pulsos rápidos como o tique-taque de um relógio ou o som de
palmas) são mais facilmente localizados com uma margem de erro de 2º a 3º; sons mais
longos o erro pode chegar a 10º ou 15 º. Para freqüências acima de 3 kHz a localização
se torna bastante precisa.
Quando a fonte de som está localizada atrás do ouvinte, a localização da fonte se
torna mais difícil e a sensação da intensidade é um pouco reduzida em relação a uma
posição simétrica na frente do ouvinte como será destacado, adiante, no item 2.3.9.1
(orientações do orador e do ouvinte).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
43
A localização de fontes sonoras no plano vertical é mais difícil que no plano
horizontal, em razão da posição dos ouvidos. Isto porque não existem diferenças nas
intensidades nem no tempo de chegada do som nos ouvidos. A percepção da
localização acontece em função das condições acústicas do ambiente (reflexões,
difrações, etc.). Vários estudos mostram que as pessoas têm dificuldades na localização
de sons dispostos com mais de 45º nas direções de propagação (FERNANDES, 2002).
2.3.2 Acústica arquitetônica
A Acústica Arquitetônica ocupa-se de duas áreas específicas, segundo DE MARCO
(1982):
1) Defesa contra ruído: trabalhar para que os sons indesejáveis sejam eliminados
ou amortecidos, se refere tanto à intromissão de ruídos gerados no exterior, quanto
produzidos no próprio local.
Existem inúmeros materiais que podemos usar para o isolamento acústico, mas
devemos considerar a forma com que é utilizado para sua otimização. Uma técnica muito
utilizada é a de construir uma linha de transmissão acústica, na qual um material de
grande massa é usado em duas chapas e outro material mais leve é colocado entre as
chapas formando um sanduíche. Com isso temos uma maior reflexão entre as chapas,
que será absorvida pelo material leve ou mesmo pelo ar, obtendo dessa forma um melhor
isolamento da construção.
2) Controle de sons no recinto: em locais onde é importante uma boa comunicação
sonora, necessita-se de uma distribuição homogênea do som preservando a qualidade
do som e a inteligibilidade da comunicação, evitando defeitos acústicos comuns como
ecos, ressonância, reverberação excessiva.
Neste caso trata-se de problemas de absorção e conforto interno dos ambientes.
Não se considera aqui o som proveniente do exterior. Se tivermos uma sala com suas
paredes completamente refletoras, o som emitido neste ambiente será integralmente
devolvido, criando assim um espaço difuso ou reverberante e, se não houver nenhum
material atenuante, esta reverberação permanecerá por tempo indefinido.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
44
Por outro lado, se a sala for de paredes totalmente absorventes de modo que não
haja nenhuma forma de reflexão sonora, teremos um ambiente surdo ou seco como é
popularmente chamado, ou, segundo definição da acústica, descrita por DE MARCO
(1982), uma câmara anecóica.
2.3.3 Conforto acústico
A sensação sonora, segundo a física, é conseqüência da transmissão dos
movimentos vibratórios ao nosso ouvido. Já o ruído, é todo som incômodo ou indesejável.
A classificação é subjetiva; em geral nos incomoda o som produzido pelos outros: o ruído
do tráfego, o barulho do ar condicionado, a música e a conversa do vizinho, etc.
Segundo FERNANDES (2002), acima de 75 dB
(A), começa a acontecer o
desconforto acústico, ou seja, para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser
um agente de desconforto. Nessas condições há uma perda da inteligibilidade da
linguagem, a comunicação fica prejudicada, passando a ocorrer distrações, irritabilidade
e diminuição da produtividade no trabalho. De acordo com a legislação Brasileira atual,
(NBR-15/MT) são considerados insalubres os ambientes cujos níveis sonoros sejam
superiores a 85 dB
(A)
.
Além dos ruídos provocados pelo entorno, vários fatores ambientais também têm
um papel importante na propagação do som, como a umidade, o vento, a temperatura, a
neblina, a topografia e a vegetação. Fatores como estes geralmente são levados em
conta nas considerações acústicas do ambiente.
Podemos reduzir a entrada de ruídos na edificação utilizando maiores
afastamentos, adotando-se um partido que bloqueie o ruído, explorando desníveis que
existam no terreno ou criando barreiras. A construção e seus elementos – muros,
fachadas, esquadrias, pisos, paredes e tetos – também são obstáculos que modificam a
quantidade (nível sonoro) e a qualidade (espectro sonoro) do ruído emitido pela fonte e
percebido pelos usuários.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
45
Logo, as características do ambiente construído – interior e exterior – são
responsáveis pela qualidade acústica do espaço resultante. De fatores como forma,
dimensão, volumetria, revestimento e material de vedação, depende o som percebido
pelo receptor. O tratamento acústico de um ambiente deve conciliar o isolamento quanto
aos ruídos externos com a inteligibilidade para os sons desejados.
2.3.4 Conforto Acústico em Clima Tropical
Um dos problemas da resolução acústica do ambiente construído é o clima onde o
edifício está inserido. O tratamento acústico realizado em uma edificação inserida em
clima tropical requer ponderações diferentes daquela inserida em um clima temperado.
Assim, as Unidades Básicas de Saúde localizadas na cidade de Juiz de Fora devem se
atentar para outras questões do conforto ambiental, ocorrendo um verdadeiro dilema para
conseguir uma dupla eficiência em soluções acústicas e térmicas.
Atualmente existem conjuntos diversificados de equipamentos e técnicas
destinados a amplificar, diminuir e direcionar os sinais sonoros. Para que este trabalho
seja bem executado deve-se considerar o nível de potência do som e o nível de interação
e participação do ouvinte com o espaço e o som.
Entretanto, não existe receita padrão, muito menos materiais cujas propriedades
sejam tão especiais que resolvam todos problemas de acústica do ambiente construído
(AZEVEDO, 1994). O estudo do conforto sonoro em interiores requer a compreensão
clara dos aspectos físicos do som e sua propagação. Para melhor entendimento da
acústica arquitetônica proposta, será apresentado a seguir alguns conceitos básicos do
comportamento do som em campo livre e em meios diferentes.
2.3.5 Propagação do Som em Espaço Livre
Ainda que em geral, as fontes sonoras não sejam pontuais, quando se propagam
ao ar livre, sem encontrarem superfícies refletoras, as ondas sonoras produzidas tomam
uma forma aproximadamente esférica. Para melhor entendimento, imaginemos uma fonte
sonora e ideal, que só produz som segundo um diagrama quadrado. Se estamos a uma
distância D da fonte ela fornece um som a um quadrado de lado L ( L .L = L
2
), conforme é
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
46
possível verificar na figura 2.8.
Figura 2.8: Área de projeção sonora.
Agora, se nos afastarmos para uma distância 2D da fonte, o quadrado sonorizado
terá lado 2L ( 2L . 2L = 4L
2
). Ou seja, a mesma fonte sonora, quando aumentamos duas
vezes a distância, sonorizou uma área quatro vezes maior. logo, a intensidade do som
caiu quatro vezes quando a distância aumentou duas vezes (Figura 2.9).
Figura 2.9: Áreas de projeção sonora ampliada.
Se a distância aumentasse cinco vezes, a potência do som se espalharia em uma
área de 25 vezes maior, e a intensidade cairia 25 vezes. Mesmo quando a fonte não é
direcional, esta lei do quadrado da distância vale ainda para pontos situados na mesma
direção a partir da fonte, supondo-se que não haja ventos ou diferenças de temperaturas
entre as camadas de ar atravessadas (que efetivamente curvam os raios sonoros).
É muito importante lembrar que nossos sentidos são logarítmicos. Sendo sempre
mais fácil raciocinar em dB, essa variação de intensidade com a distância pode ser
expressa da seguinte forma:
10 log (D1 : D2)
2
= 20 log (D1 : D2) = variação em dB
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
47
Aplicando a formula acima, pode-se afirmar que para ruídos pontuais existe um
decréscimo de 6dB para cada vez que a distancia é dobrada (Figura 2.10).
Figura 2.10: Decréscimo do nível sonoro com a distância.
2.3.6 Propagação por Meios Diferentes
Quando a onda de pressões sonoras encontra um obstáculo (por exemplo, uma
parede), o choque que segue ao nível molecular faz com que parte de sua energia volte
em forma de uma onda de pressões refletida, e que o resto produza uma vibração das
moléculas do novo meio: é como se a parede "absorvesse" parte do som incidente. Outra
parte voltará ao primeiro meio, somando-se com a onda refletida. O resto da energia
contida na vibração da própria parede produzirá vibração no ar do lado oposto, fazendo
da parede uma nova fonte sonora que criará uma onda no terceiro meio. Assim, temos
conforme a figura abaixo:
Ei = energia incidente
Er= energia refletida
Ea = energia absorvida
Ed = energia dissipada
Et = energia transmitida
Figura 2.11: Distribuição de energia nas transições (Fonte: DE MARCO, 1982).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
48
O tratamento acústico não se refere à eliminação do som, e sim, ao auxílio para sua
melhor forma de propagação, considerando sua inteligibilidade e conforto auditivo. Para
tanto, é importante conhecer o comportamento de cada faixa de freqüência em diferentes
meios.
2.3.7 Propriedades das Superfícies
Quando o som, ou melhor, a onda sonora encontra uma superfície, esta poderá
sofrer uma reflexão, difusão, difração e absorção.
2.3.7.1 Reflexão Sonora
Para melhor entendimento, consideremos a direção de propagação da onda sonora
como um "raio de som". Quando um raio de luz bate num espelho, é refletido com o
mesmo ângulo com que chegou ao espelho. Quando uma onda sonora, aqui
representada por um raio de som, encontra uma superfície dura e lisa, ou seja, reflexiva
(azulejo, mármore, etc.), assim como a luz, esta também é refletida com o mesmo ângulo
(Figura 2.12).
Figura 2.12: Comportamento da reflexão sonora em paredes reflexivas
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
49
Ao encontrar uma superfície reflexiva, as ondas sonoras sofrem reflexão, como se
fossem raios de luz, portanto, podemos concluir que o ângulo de reflexão é igual ao
ângulo de incidência. Em qualquer hipótese, o caminho gasto pela reflexão para chegar
ao observador, sempre será mais longo que o do percurso direto entre a fonte e
observador (Figura 2.13).
Com isto, existe perda de energia e de tempo. O efeito audível desses retardos são
conhecidos como "Delays". Para calcular o tempo entre o som direto e o som refletido
basta aplicar a fórmula:
t = Dr - Dd
344 m/s
Figura 2.13: Som direto e som refletido
2.3.7.2 Difusão Sonora
Quando o som encontra uma parede dura, mas com irregularidades grandes em
relação ao comprimento de onda, ocorre que cada parte da onda é refletida em uma
direção completamente diferente, de modo que o som não é mais "espelhado", mas
"espalhado" para vários lados (Figura 2.14).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
50
Figura 2.14: Comportamento do som em paredes irregulares.
Numa parede, o tamanho de suas irregularidades, faz com que ela seja difusora
apenas acima de certa freqüência. Se progressivamente utilizamos freqüências mais
baixas, a difusão vai se perdendo até que a parede se torne reflexiva.
2.3.7.3 Difração Sonora
Quando um obstáculo encontrado pela onda sonora não é de grande dimensão em
relação ao seu comprimento de onda, os caminhos seguidos pelos raios sonoros não
podem se definidos, tendo-se como base as simples leis da reflexão da luz
(COSTA, 2003). Nestes casos ocorre o fenômeno chamado difração.
A difração pode ocorrer quando o som passa através de janelas, pilares, vigas,
muros, etc. É o fenômeno que explica o funcionamento das barreiras acústicas, muito
importantes para o controle de ruído urbano.
Este fenômeno acontece quando, entre uma fonte sonora e o receptor, há frestas
ou obstáculos menores que seu comprimento de onda. Estas têm sua direção e
magnitude modificadas (Figura 2.15).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
51
nova
fonte
Figura 2.15: Exemplo de uma difração sonora (Fonte: KRAUSE, 2005).
Segundo DE MARCO (1982), a experiência indica que os obstáculos não projetam
uma sombra acústica completa no caminho do som. Isto é devido à difração que faz com
que o som “vire as esquinas”. Se tivermos sons com comprimentos de onda menores que
o obstáculo, esses não serão difratados, e pouco se ouvirá por detrás dele.
2.3.7.4 Absorção Sonora
Se dirigirmos um facho de luz a uma parede absolutamente preta e fosca, nenhuma
luz será refletida nem dispersada: a área continuará no escuro. Certos materiais têm a
propriedade de absorver o som, transformando-o em pequenas quantidades de calor. O
mesmo acontece com a parede preta, que esquentará com o facho de luz. A absorção do
som ocorre de duas maneiras diferentes (freqüências altas e baixas), e assim os
materiais absorvedores são divididos em dois grupos: os porosos e os ressonantes.
a) Absorvedores Porosos
Quando o som incide em uma superfície porosa, entre as fibras ou cavidades do
material haverá uma quase interminável série de reflexões. Assim a perda de energia
nessas reflexões é tão grande, que pouquíssimo som será devolvido ao ambiente
(Figura 2.16).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
52
Figura 2.16: Comportamento do som em obstáculos absorvedores.
A absorção do material pode ser melhorada separando-o da parede conforme é
possível verificar na Figura 2.17. Se os poros não estão intercomunicados (isopor,
concreto celular, etc.), o material não poderá ter uma grande absorção. O mesmo
acontece quando os poros são fechados, por exemplo, com uma camada de tinta. Nestes
casos, o problema pode ser resolvido com furos introduzidos na superfície do material.
Figura 2.17: Características de absorção dos materiais porosos (Fonte: DE MARCO, 1982).
Para pequenos comprimentos de ondas (freqüências mais altas), os materiais
porosos são excelentes absorvedores. Existe, porém, uma relação direta entre o
comprimento de onda e a espessura do material poroso: materiais finos só poderão
absorver curtos comprimentos de onda. Mas para comprimentos de ondas longos (baixa
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
53
freqüência), a camada porosa se torna transparente, de modo que o material se torna
ineficiente.
b) Absorvedores Ressonantes
Quando ouvimos música com um nível de volume muito alto, sentimos e até
podemos observar que nos graves, vários objetos vibram com o som. Ao vibrarem, os
objetos estão convertendo energia acústica (som) em energia mecânica (vibração).
Grande parte da energia do som é perdida em forma de calor: os objetos se aquecem
ligeiramente. Nas notas agudas esses objetos não vibram, simplesmente refletem ou
difundem o som incidente. Então, superfícies vibrantes como as chamadas "membranas"
(Figura 2.18) absorvem o som de baixa freqüência.
Figura 2.18: Absorção sonora através de membranas.
Para evitar a re-irradiação do som, costuma-se usar na superfície interna das
membranas absorvedoras, materiais que atuem como amortecedores da vibração (lã de
vidro, feltro grosso ou moletom, betume, etc.) conforme demonstrado na Fgura 2.19.
Figura 2.19: Características de absorção das placas vibrantes (Fonte: DE MARCO, 1982).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
54
Os absorvedores desse tipo não absorvem nenhuma freqüência em particular,
possuindo larga faixa de atuação nos graves. Seu uso, em conjunto com absorvedores
porosos, permite a absorção homogênea de toda a faixa de áudio, quando necessário.
2.3.8 Diferentes Efeitos das Reflexões Sonoras
Em ambientes fechados o som encontra mais de um obstáculo, como por exemplo,
paredes. Daí, surgem outros efeitos (e às vezes, defeitos).
De 0 a 10 m, dois sons são percebidos como um som único, passando
despercebida a reflexão. Suponhamos duas fontes sonoras, ambas à nossa frente,
afastadas entre si o suficiente para que possamos considerá-las como "esquerda" e
"direita". Apliquemos às duas fontes sinais iguais, porém uma das fontes irá receber o
sinal com atraso, tal como se fosse uma reflexão do som da outra fonte. Aplicados os
sinais às duas caixas, a sensação é que o som está sendo produzido entre as duas
caixas, bem no meio, como se fosse um som único (Figura 2.20).
Figura 2.20: Local aparente da fonte sonora.
2.3.8.1 Eco
Se a fonte de som se situa entre duas superfícies paralelas, o eco criado pela
reflexão na parede em frente voltará a "bater" na parede atrás da fonte de som; dali será
novamente refletido para frente, permanecendo nesse vai e vem até que as perdas
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
55
naturais pela propagação tornem o som das reflexões totalmente inaudível.
Se o som encontra paredes absorventes, rapidamente ele se extingue nelas. Por
outro lado, se o som encontra paredes com alto grau de difusão, esse se espalha no
ambiente em vez de ser rebatido, impedindo o aparecimento de ecos definidos.
Finalmente, se as paredes não são paralelas, as reflexões não voltam ao ponto de
origem, fugindo para outras regiões do ambiente e impedindo o fenômeno da repetição.
O comportamento da onda sonora em diversas situações, como acima citadas, pode ser
sintetizada através da Figura 2.21 abaixo.
Figura 2.21: Comportamento do som em superfícies diversas.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
56
Para o estabelecimento de eco repetitivo, é necessário que a distância entre cada
reflexão sucessiva seja de pelo menos 100 m. Porém para nosso estudo, vimos que com
paredes que não sejam paralelas, o som perde grande quantidade de energia para voltar
até o ponto de origem.
2.3.8.2 Dobras Repetitivas e Flutter Echo
Se a distância entre cada duas reflexões seguidas é inferior a 100 m, o que temos
agora são dobras repetitivas. Como a distância percorrida agora é menor que 34,4 m, se
as paredes forem muito reflexivas podem ocorrer muitas reflexões antes do efeito se
tornar inaudível. A isso denominamos "flutter echo", que é um dos maiores e mais
comuns “defeitos” de acústica.
O "flutter echo" destrói violentamente a inteligibilidade do som falado, pois torna os
fonemas consoantes desfocados, reduzindo a "presença" do som. Além disso, promove,
devido aos curtos atrasos de tempo, cancelamento de ondas sonoras, ocasionando
deformação da resposta de freqüências ouvida no local.
2.3.8.3 Reverberação
A reverberação é o mais importante fenômeno de áudio. Ela pode produzir desde o
enriquecimento até o desastre total do som. Tudo depende de como, quando e quanto
existe de reverberação. Num ambiente fechado, repleto de superfícies duras e lisas,
ocorrem muitas reflexões sonoras, fazendo com que os ouvintes escutem o som direto da
fonte e os vários sons refletidos. Os atrasos do som direto e do refletido vão desde
centésimos até décimos de segundos. Como desta forma não é possível distinguir nada
que seja repetitivo ou periódico, não é possível sentir nenhum tempo definido entre
reflexões. A impressão audível é de um prolongamento do som da fonte e não de
repetição ou eco, dificultando a inteligibilidade da linguagem.
Esse fenômeno, muito comum em grandes igrejas e ginásios, chama-se
reverberação. O tempo que o "prolongamento" leva para desaparecer é chamado de
tempo de reverberação. O desaparecimento do som corresponde a aproximadamente a
uma queda de 60 dB.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
57
O tempo de reverberação é o tempo necessário para que um som deixe de ser
ouvido, após a extinção da fonte sonora. O tempo de reverberação é expresso em
segundos, e será medido como o tempo necessário para que o som sofra um decréscimo
de 60 dB, conforme normas internacionais. Assim sendo, ficou padronizado que o tempo
gasto para o som cair 60 dB seria, por definição, o tempo de reverberação. Assim, foi
adotada a abreviatura RT-60 OU TR. Existem algumas soluções para se diminuir a
reverberação em ambientes:
Æ Fazer um projeto arquitetônico que evite as reflexões do som;
Æ Revestir as superfícies do recinto com material absorvente acústico (essa
solução deve ser encarada com cuidado por três razões: o material não absorve
igualmente todas as freqüências - principalmente materiais de pequena espessura como
a cortiça - causando distorções no som; não se pode aplicar esses materiais em qualquer
recinto; o alto custo do revestimento).
Æ Dirigir a absorção sonora apenas para algumas direções da propagação;
Æ Usar o público - o corpo humano é um ótimo absorvente acústico - como
elemento acústico.
O condicionamento acústico ideal de um ambiente, embora possa ser obtido de
forma empírica, deverá obedecer a algumas normas para obtenção imediata de bons
resultados. Como regra, devemos determinar qual o tempo de reverberação ideal para
cada ambiente e situação. A Norma Brasileira NB-101 estabelece as bases fundamentais
para a execução de tratamentos acústicos em recintos fechados.
A tabela de Beranek (Figura 2.22), determina os tempos ótimos de reverberação
para diversos ambientes. A impressão audível é de um prolongamento do som da fonte e
não de repetição ou eco. A sala ressoa de forma idêntica para qualquer freqüência
gerada em seu interior.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
58
Figura 2.22: Tempos de reverberação ótimos para recintos (Fonte: ROSA, 1997).
Quando se necessita projetar um ambiente com um tempo de reverberação
específico, pode-se recorrer a alguns estudos teóricos sobre o assunto. Dois modelos
matemáticos são comumente usados para prever ou corrigir o tempo de reverberação de
um determinado ambiente.
a) Fórmula de Sabine
No final do século XIX, comparando a acústica de salas similares, mas com
diferentes quantidades de absorvedores, Sabine estabeleceu, empiricamente, a equação
que recebeu seu nome:
TR = 0,161 .V
s . a
Onde,
"v" = volume em m
3
da sala;
"0,161" = constante descoberta por Sabine;
"s" = superfície total da sala em m
2
;
"a" = média dos coeficientes de absorção da sala, (a = s1.a1 + s2.a2... + sn.an)
s
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
59
Exemplo:
uma sala de superfície total de 400 m
2
é revestida com 150 m
2
de um
material de índices de absorção = 0,9, e com 250 m
2
de outro material, com índice de
absorção igual a 0,1. qual o índice médio da sala?
a = 150 . 0,9 + 250 . 0,1 = 135 + 25 = 160 = 0,40
400 400 400
Se o volume da sala é de 500 m
3
, qual será o seu tempo de reverberação?
RT-60 = 0,161 . 500 = 80 = 0,5 segundos.
400 . 0,4 160
b) Fórmula de Eyring
A fórmula de Sabine ainda é falha para salas muito "mortas", ou seja, com alto
índice de absorção. No entanto, Eyring a aprimorou, eliminando o erro. Essa fórmula é
recomendada quando, na freqüência analisada, o coeficiente médio de absorção sonora
(α
m
) das várias superfícies interiores do recinto e demais elementos absorventes nele
contidos como espectadores, cadeiras, mesas, etc. for maior que 0,30. Assim sendo, a
equação de Norris-Eyring descreve-se como:
VXS
V
TR
m
×+×
×
=
)1ln(
161,0
α
Onde:
“V” = volume em m
3
da sala;
“0,161” = constante;
“S” = superfície total em m
2
;
“X” = coeficiente de absorção para o ar;
“ln” = log neperiano, ou seja, na base e
= 2,71828 aproximadamente.
α
m
” = coeficiente médio ponderado de absorção sonora das várias superfícies;
S
aSaSaS
a
m
...... 332211
+
+
=
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
60
2.3.9 Privacidade acústica e Inteligibilidade da fala
Questões como “você escuta vozes ou ruídos de uma sala vizinha?” ou “você
precisa falar mais alto para ser compreendido?” foram adotadas como parte integrante do
questionário da avaliação subjetiva a fim de avaliar a privacidade e inteligibilidade da
palavra em ambientes específicos das unidades de saúde estudadas.
Tanto a privacidade como a inteligibilidade da palavra não depende somente das
características da mensagem, mas também da qualidade acústica do ambiente.
Freqüências entre 200 e 6000 Hz são as mais importantes para a compreensão da voz
humana, embora o espectro da voz se estenda desde freqüências inferiores a 100 Hz até
superiores a 10.000 Hz.
Uma série de fatores são fundamentais para se conseguir a privacidade da fala em
um determinado ambiente. Além da inteligibilidade da mensagem falada, o ruído de
fundo, o coeficiente de absorção dos materiais e o isolamento sonoro somam-se com
igual importância neste aspecto.
É importante tratar o isolamento sonoro proporcionado por seus elementos de
vedação interna e externa de forma que os ruídos produzidos pela palavra, ao atingir o
recinto vizinho, não contenham informações. Para tanto, deverá ser previsto um
isolamento sonoro que atenda às faixas de freqüência importantes para a fala.Quando se
trata sobre a atenuação do som e a inteligibilidade da fala, são considerados importantes
fatores tanto em ambientes enclausurados como em espaços abertos:
Em ambientes enclausurados:
Grau de absorção no ambiente gerador;
Uso da fala e seu grau de esforço no ambiente gerador;
Grau de privacidade requerido;
Nível do ruído de fundo no ambiente receptor;
Redução do ruído entre os ambientes.
Em ambientes abertos:
Grau de absorção no ambiente;
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
61
Nível de esforço no discurso e orientação do orador;
Grau de privacidade requerido;
Nível do ruído de fundo;
Atenuação (ou redução do som) provocada pelas barreiras.
As figuras abaixo demonstram a diferença de atenuação sonora do nível da fala em
ambientes enclausurados, sendo o primeiro ambiente composto pro superfícies rígidas
(Figura 2.23) e o segundo composto por superfícies absorventes, tais como carpete e
forro acústico (Figura 2.24).
Figura 2.23: Atenuação do som em ambientes enclausurados - superfícies rígidas (Fonte: EAGAN, 1972).
Figura 2.24: Atenuação do som em ambientes abertos - superfícies absorventes (Fonte: EAGAN, 1972).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
62
Em espaços amplos e abertos, onde as paredes divisórias são parte relativamente
insignificante na composição espacial, a atenuação do som com o dobro do
distanciamento pode atingir 6 dB na presença de carpetes nos pisos e forros absorventes
no teto (Figura 2.25).
Figura 2.25: Ambientes abertos (Fonte: EAGAN, 1972).
Em ambientes enclausurados, além dos revestimentos absorvedores, paredes e
demais fechamentos são determinantes na privacidade acústica local. Para conseguir
privacidade na situação abaixo (Figura 2.26), o nível de voz que passa da sala à
esquerda para o outro à direita deve ficar pelo menos 10dB
(A)
abaixo do ruído de fundo,
exigindo alto desempenho da partição quanto à isolação sonora.
Figura 2.26: Ambientes encalusurados (Fonte: EAGAN, 1972).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
63
O isolamento sonoro requerido para obtenção de privacidade implica, não somente
na capacidade de isolamento de divisórias e paredes, mas a sua instalação do piso ao
teto, sem frestas nas junções. Um erro clássico é “chegar” com a partição apenas até a
parte inferior de um forro instalado previamente em toda extensão do pavimento
destinado aos ambientes distintos. Além disto, como visto anteriormente, o ruído de fundo
tem papel fundamental na redução da inteligibilidade da palavra.
Para se ter uma idéia do isolamento acústico relacionado com a privacidade da fala,
a tabela abaixo (Figura 2.27) mostra as condições de audibilidade da voz através de uma
parede. No caso de unidades básicas de saúde, objeto do presente estudo, torna-se
importante este conhecimento para aplicação em consultórios e salas de reuniões.
Amortecimento
do som através
de uma parede
Condições de
Audibilidade
Conclusão
30 dB ou menos
A voz normal pode ser
compreendida com facilidade e
de modo distinto.
Pobre
de 30 a 35 dB
O som da voz é percebido
fracamente. A conversa pode
ser ouvida, mas não
nitidamente compreendida.
Suave
de 30 a 40 dB
O som da voz pode ser ouvido,
maso compreendidas as
palavras com facilidade. A voz
normal será ouvida
debilmente e às vezes não.
Bom
de 40 a 45 dB
O som da voz pode ser ouvido
fracamente sem, no entanto ser
compreendido. A conversação
normal não é audível.
Muito bom.
Recomendado para
paredes de edifícios
de apartamentos.
45 dB ou mais
Sons muito fortes como o
canto, instrumentos de sopro,
dio tocando muito alto,
podem ser ouvidos fracamente
e às vezes não.
Excelente.
Recomendado para
estúdios de rádio,
auditórios e
indústrias.
Figura 2.27: Condições de audibilidade através de uma parede (Fonte: FERNANDES, 2002).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
64
2.3.9.1 Orientações do orador e do ouvinte
A orientação do orador pode representar um fator importante em ambientes
abertos. Conforme demonstrado no esquema abaixo (Figura 2.28), existe uma diferença
em torno de 10 dB entre os lados, anterior e posterior do orador. Em conseqüência disso,
uma orientação deficiente de cadeiras ou assentos pode contribuir para condições
insatisfatórias de inteligibilidade da fala em ambientes abertos.
Figura 2.28: Nível típico em dB da fala a uma determinada freqüência esquematizada em círculos para
quatro direções (Fonte: EAGAN, 1972).
A orientação do ouvinte afeta a percepção da direção da fonte, ou seja, o som pode
ser percebido incorretamente como proveniente de cima, de baixo, de frente ou de trás,
porém não altera o nível em decibéis da mesma (Figura 2.29).
Figura 2.29: Direção da fonte. Condições do ouvinte. A - Som proveniente da esquerda;B - Som proveniente
da direita; C e D - (Fonte: EAGAN, 1972).
ORADOR
OUVINTE
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
65
2.3.9.2 Ruído de fundo
Em situações que requerem privacidade, o incômodo usualmente ocorre mais em
função do quanto a fala incidente encontra-se acima ou abaixo do ruído de fundo
aceitável do que propriamente em virtude do nível atual da fala. Tal constatação pode ser
verificada através da curva representada abaixo na Figura 2.30.
Figura 2.30: Valor da fala incidente acima ou abaixo do ruído de fundo (Fonte: EAGAN, 1972).
Dispositivos de condicionamento de ar controlados de forma convencional são
capazes de proporcionar um ruído de fundo mínimo necessário para o mascaramento de
ruídos específicos incidentes em escritórios, conforme demonstrado na Figura 2.31.
É possível notar que em escritórios possuidores de sistemas silenciosos de
condicionamento irão experimentar sérias queixas em virtude da carência de níveis
satisfatórios de ruídos de fundo.
% de pessoas
incomodadas
pela fala
A
curva mostra
a resposta das
pessoas à fala
incidente
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
66
Nível de pressão sonora em dB
Figura 2.31: Curvas de controle de privacidade (Fonte: EAGAN, 1972).
2.3.10 Isolamento Sonoro
O Isolamento acústico se trata da eliminação total ou parcial do som de um
ambiente para outro, ou seja, a menor interferência sonora entre duas salas justapostas
ou mesmo do meio externo para o interno desta. Sendo assim, este tipo de tratamento
acústico consiste em dificultar a transmissão sonora, sendo que um bom isolante deve
ser rígido, compacto, pesado.
No caso de um obstáculo composto de uma parede simples, o isolamento depende
da massa superficial (peso) desta. Segundo a “Lei da Massa”, a cada vez que a
espessura é dobrada, o isolamento aumenta em 4 dB aproximadamente, sendo maior
para as altas freqüências.
Freqüência em Hz
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
67
A utilização de paredes duplas ou compostas é conveniente quando se deseja
evitar o uso de paredes muito espessas e pesadas. Materiais absorventes, quando
colocados entre painéis rígidos, funcionam como “mola”, minimizando a transmissão do
ruído. Esse conjunto – que não obedece rigorosamente à Lei da Massa – costuma
apresentar um índice de redução sonora maior que o de uma parede homogênea, com a
mesma espessura.
Dois tipos de isolamentos devem ser considerados: isolamento contra ruído aéreo
se origina no ar, e isolamento contra ruído de impacto, se refere a impactos como
passos, batidas nos fechamentos, etc.
Para o isolamento contra ruído aéreo, o mais usual é a utilização de paredes
duplas. O isolamento produzido está entre 5 e 10 dB superior ao produzido por uma
parede simples do mesmo peso. Deve-se observar, no entanto, a possibilidade de
transmissão do som por outros meios, por exemplo, pela estrutura, por materiais muito
porosos como concreto celular ou tijolo vazado, portas ou janelas com diferente índice de
enfraquecimento do resto da parede, forros falsos, etc.
Conforme visto anteriormente, quanto mais pesado ou massivo for o material de
uma parede ou divisória, melhor será o isolamento acústico de um ambiente. Porém, eles
têm características reflexivas que podem interferir na compreensão sonora,
comprometendo o condicionamento acústico do ambiente em questão. A melhor maneira
de tratar problemas relacionados aos sons é associar com prudência os materiais
absorventes com os reflexivos.
Em se tratando de isolamento contra ruídos de impacto, o caso mais importante é
tratar o impacto no piso. Tais impactos dependerão da construção do piso, em especial,
de sua superfície. O melhor é agir diretamente nesta superfície, utilizando superfícies
macias que possam absorver o impacto: tapetes, placas de borracha, cortiça. Já os
materiais absorventes são muito porosos e leves, fazendo com que o som penetre por ele
e alcance outros ambientes. Pode haver uma separação hermética entre o piso e o teto
imediatamente inferior, seja através de estruturas ou piso flutuante.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
68
O sistema de piso flutuante proporciona um índice de redução acústica superior a
uma massa equivalente três vezes maior. Este sistema incorpora apoios de neoprene em
uma manta espaçadora e absorvedora de fibra de vidro. O espaçamento e características
dos PAD’s (apoios de neoprene) são calculados para cada aplicação específica. É
comum a adoção deste sistema em casas de máquinas em prédios, estúdios, salas de
dança, etc.
Inicia-se o projeto do isolamento de um ambiente ao ruído obtendo-se dois
parâmetros essenciais:
O nível de ruído externo [L
ex]
O nível de ruído interno [L
in].
Para o caso de isolamento contra ruídos externos (projeto de uma ambiente
silencioso), o L
ex é obtido pela medição do ruído externo ao recinto (normalmente
toma-se o valor máximo, ou o nível equivalente L
eq), e o Lin é fixado pelos dados da
NBR 10.152, que estabelece os valores máximos de ruído para locais.
Quando se pretende que o ruído gerado no interior do ambiente seja isolado do
exterior, o Lex é determinado pelo máximo nível de ruído permitido para aquela região da
cidade (fixado em leis municipais, ou pela Norma NBR 10.151) e o L
in é obtido pelo
máximo de som que se pretende gerar no interior do recinto. O isolamento mínimo
necessário para o ambiente será:
ISOL = L
ex
– L
in
ou ISOL = L
in
– L
ex
Conforme o caso.
Esse isolamento deve prevalecer em todas as superfícies que compõem o
ambiente: paredes, laje do teto, laje do piso, portas, janelas, visores, sistema de
ventilação, etc. As atenuações de alguns materiais são apresentadas na tabela a seguir
(Figura 2.32).
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica
69
VALOR ACÚSTICO DE DIVERSOS MATERIAIS
MATERIAL
Isolamento
acústico em
h = 1 Decibéis
(500Hz)
Alvenaria tijolo maciço (espessura de 10 cm)
45 dB
Alvenaria tijolo maciço (espessura de 20 cm)
50 dB
Alvenaria tijolo maciço (espessura de 30 cm)
53 dB
Alvenaria tijolo maciço (espessura de 40 cm)
55 dB
Alvenaria tijolo furado (espessura de 25 cm)
40 dB
Chapa de fibra de madeira tipo ”Soft-Board” (espessura de 12 mm)
18 dB
Chapa de fibra de madeira tipo ”Soft-Board” com camada de ar intermediária de
10cm
30 dB
Chapas ocas de gesso (espessura de 10 cm)
24 dB
Compensado de madeira (espessura de 6,0 mm)
20 dB
Compensado de madeira (espessura de 6,0 mm): 2 placas com camada de ar
intermediária de 10 cm
25 dB
Concreto – laje entre pavimentos
68 dB
Vidro de janela (espessura de 2 a 4 mm)
20 a 24 dB
Vidro grosso (espessura de 4 a 6 mm)
26 a 32 dB
Vidro de fundição (espessura de 3 a 4 mm) : uma placa
24 dB
Vidro de fundição (espessura de 4 a 6 mm) : duas placas com camada de ar
intermediária
36 dB
Figura 2.32.: Tabela de propriedade de isolamento acústico dos materiais (Fonte: AZEVEDO, 1994).
Capítulo 3 – Metodologia de Trabalho
70
3 METODOLOGIA DE TRABALHO
Os métodos utilizados numa avaliação devem ter maleabilidade suficiente para
poder responder o mais precisamente possível às necessidades da relação
cliente/objetivo da avaliação/usuário. Para tanto, a APO acústica proposta baseou-se em
dois tipos de avaliações: a avaliação objetiva e a avaliação comportamental.
3.1 Avaliação objetiva
A avaliação objetiva foi obtida através de levantamento e análise do projeto
arquitetônico, de observações durante visitas in loco, de levantamentos fotográficos e de
medições técnicas realizadas de acordo com a NBR 10.151. Para realização das
medições do ruído ambiental das UBS’s foi utilizado o Decibelímetro MSL-1352 da
empresa Minipa.
Segundo o fabricante, este equipamento está em conformidade com as Normas
IEC-651 Classe II e ANSI S1.4 Classe II para Medidores de Nível Sonoro. Este
decibelímetro foi projetado para atender as exigências de precisão em medidas para
engenheiros de segurança, especialistas nas áreas de saúde, segurança industrial,
controle de qualidade e vários outros ambientes.
Trata-se de um instrumento digital portátil, com display com resolução de 0,1 dB em
um display LCD de quatro dígitos e barra gráfica. Com precisão de +/-1,5 dB (94dB/1kHz)
é capaz de armazenar registros de máximo e mínimo, possui opções de resposta rápida
(FAST) e lenta (SLOW) através de um microfone de eletreto de 1/2" e faixa dinâmica de
100 dB. Outras características do equipamento são:
Faixa de 30 dB a 130 dB em freqüências entre 31,5 Hz e 8 kHz;
Duas ponderações de freqüências: A e C;
Capacidade de memória interna de armazenamento de 32.000 registros;
Uma saída de sinais AC e DC disponibilizada por um soquete coaxial 3,5 mm
padrão, apropriado para analisadores de freqüência, registradores de nível,
registradores gráficos, etc.
Capítulo 3 – Metodologia de Trabalho
71
Figura 3.1: Decibelímetro MSL-1352, usado para medições acústicas nas UBS’s.
O aparelho (Figura 3.1) tem interface RS-232 que permite comunicação
bi-direcional com o computador. Assim, os dados coletados podem ser exportados para
uma planilha eletrônica, como o programa Microsoft Excel, ou aplicados no programa
computacional Test Link SE-322. Ambos os programas foram utilizados neste trabalho.
Depois que os dados são descarregados no Test Link SE-322, o lado esquerdo da
tela mostra o número de conjuntos de dados. Por exemplo, se foram feitas seis medidas,
tem-se acesso a quatro conjuntos de dados, além de informações detalhadas de cada
conjunto, como data de início, horário de início, número de gravações e taxa de
gravação, ou seja, dB
(A)
ou dB
(C)
(Figura 3.2).
Capítulo 3 – Metodologia de Trabalho
72
Figura 3.2: Tela do programa computacional Test Link SE-322 – Carregamento de dados.
No gráfico apresentado existem duas linhas verticais: cursor A, em azul, e cursor B,
em vermelho. Estas linhas possibilitam a definição do intervalo de tempo a ser analisado,
sendo que a hora e o nível de pressão sonora do início e término da amostragem são
exibidos no topo dos cursores. Abaixo do gráfico são exibidos o tempo de início, a taxa
de amostragem, e o valor máximo, mínimo e médio dos níveis de pressão sonora
medidos dentro do intervalo de tempo amostrado.
Apesar deste programa não calcular o nível de pressão sonora equivalente (L
aeq
),
sua interface permite uma fácil leitura dos resultados, otimizando o tempo de análise dos
dados coletados. Para efetuar o cálculo do L
aeq
, indispensável para realização deste
trabalho, utilizou-se o programa Microsoft Excel. Este programa tornou-se essencial para
a otimização da pesquisa devido a grande quantidade de registros obtida durante todas
as medições.
Capítulo 3 – Metodologia de Trabalho
73
3.2 Avaliação comportamental
Em uma primeira etapa, para a aplicação de uma avaliação subjetiva, foram
estabelecidos contatos com a gerência das unidades de saúde, com a finalidade de
definir datas e horários apropriados para a aplicação dos questionários, bem como a
realização dos levantamentos físicos. Através deste primeiro contato, conseguiu-se
definir algumas questões a serem utilizadas nos questionários propostos. Estes
abordaram aspectos interdisciplinares relacionados ao conforto térmico, acústico,
lumínico, satisfação com o projeto, além de aspectos sócio-econômicos tais como idade,
profissão e grau de instrução dos usuários.
Para a aplicação e análise dos questionários, além de considerar-se que as
sensações percebidas são características individuais, houve ainda a necessidade de
divisão dos usuários das UBS’s em dois grupos:
usuários internos: compostos por profissionais da área de saúde e
funcionários que trabalham dentro do espaço construído, com maior tempo
de permanência no local;
usuários externos: compostos por pacientes e seus eventuais
acompanhantes.
Em cada unidade de saúde, a aplicação destes questionários (Anexo - 1) foi
realizada em forma de entrevista direcionada a 35 usuários externos e a todos os
usuários internos. Mesmo não se concretizando o acesso direto a todos os médicos,
enfermeiros e demais profissionais, objetiva-se atingir um índice acima de 90% do
número total dos usuários internos entrevistados de cada UBS estudada.
É importante salientar que o presente trabalho não possui objetivo especificamente
estatístico. Neste caso, a amostragem de 35 usuários externos é capaz de reconhecer e
identificar pontos de insatisfação ou satisfação dos usuários. Além disto, promove o
reforço de possíveis pontos identificados previamente pela análise projetual e pela
avaliação objetiva.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
74
4 ESTUDOS NAS UNIDADES DE SAÚDE
4.1 APO – Unidade Básica de Saúde de Vila Esperança
4.1.1 Apresentação e Descrição da Unidade
Com a participação ativa dos conselhos de saúde, que atuaram como clientes
diretamente envolvidos com o projeto, discutiu-se a localização no bairro Vila Esperança
ll para a implantação da unidade de saúde. O bairro localiza-se na região noroeste do
município (Figura 4.1) e a escolha da implantação da unidade no bairro foi concluída pelo
uso de uma área destinada a uma praça, na região central do bairro.
Após a escolha do terreno, foi solicitada à prefeitura municipal a reserva de um
espaço no projeto da praça para desenvolvimento da UBS. A área destinada foi de 400
metros quadrados (20mx20m).
Figura 4.1 – Localização do bairro Vila Esperança ll e do local para implantação da UBS.
(fonte: www.acessa.com.br, modificada pelo autor).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
75
A unidade de saúde de Vila Esperança foi projetada e construída no ano de 2002,
sendo inaugurada em junho de 2003. Sua área de abrangência, ou seja, área
geograficamente pré-definida para controle da bio-estatística de saúde para levantamento
de dados do Ministério da Saúde, foi destinada a 14.000 pessoas, assistidas por 03
equipes de saúde composta cada uma de 01 médico, 01 enfermeiro, 04 agentes
comunitários de saúde e 01 profissional de apoio. É importante salientar que as unidades
de saúde trabalham com dois conceitos de áreas, a de abrangência, como dito acima, e a
de influência, que se refere à real área de alcance populacional da unidade. O
profissional dentista, bem como o serviço odontológico não se encontra atualmente ativo
nesta unidade. O horário de funcionamento da unidade de Vila Esperança é de segunda
a sexta-feira, de 07:00 H às 22:00 H com intervalos de 11:00 H às 13:00 H e de 17:00 H
às 19:00 H.
4.1.2 Descrição e Análise do Projeto Arquitetônico
Segundo Gustavo Abdalla, arquiteto responsável pelo projeto, a concepção do
projeto partiu da lógica de ser a unidade um elemento da praça, o que serviu de base
para determinar a forma estética. Trabalhou-se com cores fortes e primárias, curvas e
formas lúdicas para a edificação, (Figura 4.2) tendo como objeto de inspiração,
brinquedos do playground existente em diversas praças da cidade. Esteticamente, a
unidade de saúde buscou remeter de forma lúdica aos brinquedos do playground já
inserido na praça.
Figura 4.2: Vista externa da UBS Vila Esperança.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
76
O projeto da UBS de Vila Esperança foi dividido em cinco setores distintos: área
de recepção e espera, sala de atendimento a grupos, atendimento imediato, atendimento
clínico programado e setor de apoio ao trabalhador (Figura 4.3).
A proposta do projeto se deu em uma subdivisão em dois blocos que são
interligados por áreas de apoios. O programa definiu-se em uma área de recepção e
espera, 02 banheiros de atendimento ao público, farmácia, sala de atendimento a grupos
(reuniões), sala de curativos, consultório de enfermagem, vacina, injeção, nebulização,
02 consultórios clínicos, odontológico, ginecológico, 02 vestiários, copa e área de
expurgo, limpeza e esterilização.
Foi adotado também no projeto um consultório odontológico, o qual não se
encontra em funcionamento como citado anteriormente. Atualmente este espaço foi
adaptado para funcionar como sala de enfermagem.
Figura 4.3: Planta baixa setorizada da UBS de Vila Esperança
A
tendimento
clínico
Recepção e
espera
Recepção e
espera
A
tendimento
imediato
A
tendimento
imediato
A
tendimento
clínico
Sala de reuniões
(grupos)
Sala de reuniões
(grupos)
Apoio ao
trabalhado
r
Apoio ao
trabalhado
r
BLOCO - 1 BLOCO - 2
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
77
4.1.3 Avaliação técnico-construtiva - Descrição dos materiais de
acabamento e distribuição do layout
Considerando ambientes como fontes e/ou receptores de ruído, além da questão da
concentração nos serviços prestados e do tempo de permanência, foram analisadas as
áreas de recepção e espera, atendimento a grupos, atendimento clínico programado
(consultórios) e a sala de nebulização, locada no atendimento imediato.
Área de recepção e espera:
O setor de recepção e espera serve de ambiente de atendimento prévio e triagem
para as áreas de atendimento imediato e o bloco posterior que serve para atendimento
clínico. O mobiliário é composto por cadeiras do tipo longarinas estofadas com espuma e
tecido. O piso em toda unidade é composto por granilite e as paredes são em alvenaria
pintada, com exceção da parede da entrada que é em vidro, material que compõe
também a porta de acesso, que se mantém sempre aberta.
Figura 4.4- Área de recepção e espera (vista externa e interna)
Sala de atendimento a grupos (reuniões):
Estrategicamente dotada por acessos pelo interior e exterior da edificação, foi
instalada a sala de atendimento a grupos, promovendo o uso independente da unidade,
dado que alguns grupos demandam atividades desenvolvidas fora do horário de
funcionamento normal.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
78
Figura 4.5 – Sala de atendimento a grupos
A disposição do mobiliário deste ambiente é livre, adequando-se para cada
situação. É composto por algumas cadeiras em madeira e outras revestidas por tecido ou
couro sintético, duas mesas, piso em granilite, paredes em alvenaria pintada e porta
envidraçada (Figura 4.5).
É importante salientar que por ser uma área de concentração de ruídos e necessitar
também de privacidade de fala, devido aos tipos de grupos e assuntos ali tratados
(alcoolismo, drogas, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, etc.) a localização
deste ambiente é beneficiado, não somente pelo acesso independente, mas
acusticamente, pelo fato da recepção servir como barreira para a sala de espera.
Atendimento clínico programado (consultórios):
Atualmente, os consultórios recebem maior influência do ruído externo, promovido
por usuários da praça a qual a UBS está inserida. O playground e a quadra poliesportiva
são equipamentos de uso constante pela comunidade e sua proximidade com o setor de
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
79
atendimento clínico programado da UBS Vila Esperança compromete a qualidade
acústica no interior dos consultórios.
Figura 4.6 – Relação do playground e quadra poliesportiva com a UBS Vila Esperança.
O ruído produzido na quadra poliesportiva é “captado” pela porta de acesso ao
depósito de lixo que, por sua vez, percorre o corredor de acesso aos consultórios que é
composto basicamente de materiais reflexivos, como piso em granilite, paredes e portas
pintadas, conforme explicitado na Figura 4.7.
Figura 4.7: Relação da quadra poliesportiva com o corredor de acesso aos consultórios
Playground
C O R R E D O R
CONSULTÓRIOS
Quadra poliesportiva
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
80
Devido à localização do playground e a inexistência de qualquer barreira ou
anteparo acústico, este é considerado outro equipamento que possivelmente
compromete a qualidade acústica dos consultórios (Figura 4.8).
Figura 4.8: Relação do playground com os consultórios.
O que é tido como benéfico neste caso, é a dimensão e altura do parapeito das
janelas (1,70m). A distância da abertura em relação ao piso relacionada diretamente a
um lay-out adequado promovem uma linha de sombra acústica. Quando os indivíduos
receptores permanecem sentados, estes ficam abaixo desta linha. Logo, a interferência
sonora diminui e favorece a inteligibilidade da palavra falada (Figura 4.9). Mas quando a
porta do consultório é fechada, situação normal durante qualquer consulta, cria-se uma
nova barreira refletora para o interior deste ambiente.
Figura 4.9: Consultórios e a relação da abertura com a linha de sombra acústica.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
81
Sala de nebulização:
No setor de atendimento imediato, o ponto considerado de maior fonte de ruído foi
encontrado na sala de nebulização localizada entre os vestiários e a sala de
coleta/injeção. Atualmente, nesta unidade de saúde são utilizados compressores
residenciais, existindo uma previsão para uso de compressor hospitalar para nebulização.
O ruído emitido atualmente torna-se incômodo tanto no interior quanto externo ao
ambiente de nebulização.
Os compressores são posicionados próximos ao ouvido do paciente, sobre uma
frágil mesa metálica (Figura 4.10). Assim, além do ruído emitido pelo próprio
equipamento, existe o ruído produzido por vibrações deste com a mesa e, por
conseqüência, desta com o piso.
Figura 4.10 – Sala de nebulização
Com a troca dos equipamentos residenciais pelo compressor hospitalar, o maior
inconveniente será o local destinado para instalação externa deste equipamento, um
pequeno pátio interno que poderá se transformar em uma fonte de ruídos para três
consultórios conforme demonstrados na Figura 4.11.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
82
Figura 4.11: Relação do compressor da nebulização com salas próximas
4.1.4 Avaliação Física - Levantamento e medições técnicas
(decibelímetro)
Conforme apresentado anteriormente, o equipamento utilizado para a realização
das medições acústicas foi o decibelímetro Minipa MSL-1352C. O decibelímetro foi
programado para gravar dados com tempo de resposta no modo “Slow”, filtro de
ponderação “A” e intervalos de registro de 01 segundo para todos os ambientes, exceto
para o setor de recepção e espera, onde se adotou o intervalo de 30 segundos. Em
seguida, com auxílio do programa computacional Microsoft Excel, os dados foram
transformados em L
Aeq
, conforme NBR-10151. As medições foram realizadas nas áreas
de recepção e espera, na sala de nebulização, no exterior da UBS (playground e quadra
poliesportiva) e no interior consultórios, considerando-os como receptores sonoros.
a) Ruído emitido na área de recepção e espera:
Fez-se necessário realizar o levantamento da área de recepção e espera durante
toda jornada de trabalho de um dia, ou seja, de 07:00 H as 11:00 H, de 13:00 as 17:00 H
e de 18:00 H as 22:00 H. Para determinação de qual seria o dia ideal para a coleta de
Sala de
nebulização
Localização do
compresso
r
Consultórios
expostos ao ruído
do compresso
r
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
83
dados, foi necessário recorrer à gerência informações estatísticas de atendimento na
unidade. Verificou-se, então, que dias de maior fluxo são freqüentemente no início da
semana (segundas e terças-feiras), diminuindo progressivamente o número de
atendimentos diários no decorrer da semana, até à sexta-feira, avaliada estatisticamente
como o dia de menor movimento.
Foram coletados dados da área de recepção e espera no dia 13/09/2005. A
condição climática durante toda a medição era de céu parcialmente nublado e sem
chuvas. A preocupação para efetuar uma medição durante todo o dia, foi a integridade do
equipamento. Outra necessidade era criar uma situação favorável a evitar eventuais sons
muito próximos (menos de 1,2 m) do microfone do decibelímetro. Mesmo ferindo a norma
no que diz respeito à distância do equipamento em relação ã superfícies rígidas (neste
caso, o teto), a única solução encontrada para a adaptação do decibelímetro neste
ambiente, foi a sua fixação no teto da sala de espera, próximo ao balcão de atendimento.
Figura 4.12.: Adaptação do decibelímetro no teto da área de espera da UBS Vila Esperança.
A Figura 4.12 explicita não só a instalação do aparelho no teto do ambiente de
espera, mas também a situação deste local às 15:30 H, período considerado de pouco
fluxo e pouco ruído, conforme é possível examinar, adiante, no gráfico de registro de
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
84
dados coletados no período da tarde (Figura 4.14).
No período da manhã foram realizados 438 registros válidos na área de recepção e
espera. Estes registros foram aplicados na fórmula para transformação em L
Aeq
onde o
qual foi encontrado o valor de 67 dB
(A). De acordo com as medições, este ambiente
apresentou um valor de ruído médio igual a 62,3 dB
(A), tendo como maior registro 79
dB
(A) às 10:12 H e menor com 45,8 dB(A) às 10:27 H.
Mesmo com os ruídos médio e equivalente (L
Aeq
) estando situados abaixo de
75 dB
(A), em vários momentos o nível de pressão sonora no setor de espera supera este
limite (Figura 4.13). Assim, para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser um
agente de desconforto, comprometendo a inteligibilidade da linguagem, passando a
ocorrer distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no trabalho. A foto que
ilustra o ambiente de espera e recepção também mostra que uma das portas de acesso
ao interior da unidade permaneceu fechada, que além de diminuir a ventilação cruzada,
cria uma área de superfície acusticamente refletora no lugar de outra 100% absorvente.
Figura 4.13.: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados pela manhã na área de recepção e espera.
O período da tarde após a coleta de 477 registros, verificou-se que este ambiente
apresentou-se menos ruidoso que pela manhã, apresentando um L
Aeq
igual a 62 dB.
Registrou-se também um ruído médio de 57,5 dB
(A) com pico de 76 dB(A) às 13:20 H e
menor registro com 42,2 dB
(A) às 16:58 H. Em geral todas as medidas coletadas ficaram
abaixo de 75 dB
(A), constatando o não comprometimento das atividades exercidas neste
local (Figura 4.14).
L
A
e
q
= 67 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
85
Figura 4.14: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados no turno da tarde na área de recepção e espera
Após a coleta de 483 dados, a conclusão foi que este ambiente apresentou nível de
ruído equivalente (L
Aeq
) igual a 57 dB(A) e um ruído médio de 50,9 dB(A). Entretanto,
houve um elevado do registro de 75,3 dB
(A) às 19:05 H, mas também se registrou a
menor intensidade sonora durante todo o dia com a unidade em funcionamento, sendo
38,0 dB
(A) às 18:17 H (Figura 4.15). O último profissional em saúde a sair da unidade foi
às 21:45 H e a unidade permaneceu aberta até 22:00 H com duas pessoas conversando
na área de espera.
Assim sendo, é possível constatar que durante a coleta de uma jornada de um dia
de funcionamento, o período da noite foi qualificado como o período menos ruidoso na
área de recepção e espera da UBS Vila Esperança.
Figura 4.15: Gráfico de registro de dados e L
Aeq
coletados no turno da noite na área de recepção e espera.
L
Ae
q
= 62 d
B
L
Ae
q
= 57 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
86
b) Ruído emitido no interior da sala de nebulização:
Para medição do nível de pressão sonora emitido na sala de nebulização, foi
necessário poucos minutos, uma vez que o objetivo era efetuar o registro do ruído de
fundo e do ruído produzido pelos aparelhos nebulizadores. Durante toda a realização
deste trabalho de medição, a sala em questão permaneceu de portas fechadas e janela
aberta, situação comum para trabalhos ali realizados. As medições seguiram
criteriosamente a NBR 10.151 e os resultados foram apresentados através dos valores
coletados e transformados em L
Aeq
.
Durante a medição do ruído de fundo, ou seja, situação com os aparelhos de
nebulização desligados, o som percebido com maior ênfase foi o proveniente de
conversação ocorrida no ambiente de recepção e espera. Foram realizados 38 registros
válidos, que aplicados na fórmula para transformação em L
Aeq
, chegou-se a um valor de
50 dB
(A). Conforme o gráfico abaixo (Figura 4.16), o maior registro encontrado foi de
57 dB
(A) e menor com 41 dB(A), estabelecendo 48,6 dB(A) como o valor médio.
Figura 4.16: Gráfico de registro do ruído de fundo da sala de nebulização e apresentação do L
Aeq
.
Em seguida, dentro da sala na mesma situação, ou seja, com portas fechadas e
janelas abertas, a medição ocorreu com os dois aparelhos de nebulização existentes
ligados. Foram realizados 25 registros válidos, que aplicados na fórmula para
transformação em L
Aeq
, chegou-se a um valor de 78 dB(A). Nota-se que o ruído emitido
por estes aparelhos culminou em um mascaramento do ruído de fundo, tornando o
gráfico desta medida praticamente linear (Figura 4.17). O maior registro encontrado foi de
78,9 dB
(A) e menor com 77,9 dB(A), estabelecendo 78,4 dB(A) como o valor médio.
L
Ae
q
= 50 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
87
Como acima de 75 dB
(A), para qualquer situação ou atividade, o ruído passa a ser
um agente de desconforto, este local é considerado desconfortável acusticamente. É
importante lembrar que a medição objetivava somente o ruído dos equipamentos,
portanto, não havia pessoas conversando no local. Mesmo assim, o L
Aeq
da sala de
nebulização (78 dB
(A)) chega próximo de 80 dB(A), onde pessoas mais sensíveis podem
sofrer perda de audição.
Figura 4.17: Gráfico de registro do ruído produzido da sala de nebulização e apresentação do L
Aeq
.
c) Consultórios X ruído externo:
Também se fez necessário avaliar a UBS Vila Esperança como receptora dos
ruídos externos. Para tanto, foram coletados dados a 2m das fachadas voltadas para a
quadra poliesportiva e o playground. Com a finalidade de registrar o ruído de fundo
externo à unidade, inicialmente foi realizada uma medição prévia, sem a presença de
trânsito de veículos ou pessoas conversando.
Para a verificação do ruído de fundo na quadra poliesportiva foram realizados
49 registros, que aplicados na fórmula para transformação em L
Aeq
, chegou-se a um valor
de 48 dB. De acordo com as medidas realizadas (Figura 4.18), o maior registro
encontrado foi de 52,4 dB e menor com 44,8 dB, estabelecendo 47,9 dB como o valor
médio do ruído de fundo.
L
Ae
q
= 78 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
88
Figura 4.18: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
da quadra poliesportiva, próximo à UBS.
Com a medição do ruído de fundo do playground, o maior registro encontrado foi de
49,8 dB
(A) e menor com 46,1 dB(A), estabelecendo 47,5 dB(A) como o valor médio do ruído
de fundo (Figura 4.19). Foram coletados 40 registros, que resultaram em um L
Aeq
igual a
48 dB
(A), mesmo valor encontrado na quadra poliesportiva. Porém, é importante ressaltar
que, segundo a NBR 10.151, os valores dos os níveis de pressão sonora devem ser
aproximados ao valor inteiro mais próximo. Neste caso, a diferença do ruído de fundo
equivalente encontrado no playground (L
Aeq
= 47,6 dB(A)) foi 0,7 dB(A) inferior ao
encontrado na quadra poliesportiva (L
Aeq
= 48,3 dB(A)).
Figura 4.19: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
do playground, próximo à fachada da UBS
Com a mesma situação sonora acima, verificou-se também o ruído de fundo no
interior dos consultórios os quais estão todos voltados para o playground, conforme
verificado anteriormente (Figura 4.6). O consultório adotado para esta amostragem foi
considerado previamente como o mais critico por estar localizado mais próximo da
L
Ae
q
= 48 d
B
L
Ae
q
= 48 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
89
quadra poliesportiva, recebendo, assim, ruído dos dois equipamentos da praça. Durante
toda a medição a porta foi mantida fechada e as duas janelas abertas, situação mais
comum em dias de funcionamento.
Foram coletados 52 registros válidos, que aplicados na fórmula para
transformação em L
Aeq
, chegou-se a um valor de 37 dB(A). De acordo com as medidas
realizadas, o maior registro encontrado foi de 40,1 dB
(A) e menor com 34,9 dB(A),
estabelecendo 37,3 dB
(A) como o valor médio do ruído de fundo (Figura 4.20). Analisando
o consultório, o qual possui L
Aeq
externo igual a 48 dB(A) e L
Aeq
interno de 37 dB(A), em
situações de ruídos externos semelhantes, conclui-se que no interior deste ambiente,
com as janelas abertas, tem-se uma redução de 10 dB
(A) aproximadamente.
Figura 4.20: Gráfico de registro do ruído de fundo e L
Aeq
do interior do consultório.
Poucos minutos depois, oportunamente, cinco crianças brincavam no playground.
Neste caso foi possível coletar os dados com os brinquedos em utilização. Foram
coletados 34 registros válidos, que aplicados na fórmula para transformação em L
Aeq
,
chegou-se a um valor de 59 dB
(A). De acordo com as medidas realizadas (Figura 4.21), o
maior registro encontrado foi de 65,2 dB
(A) e menor com 53,1 dB(A), estabelecendo
58 dB
(A) como o valor médio recebido no interior do consultório em questão com crianças
brincando no playground.
L
Ae
q
= 37 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
90
Figura 4.21: Gráfico de registro do ruído e L
Aeq
do interior do consultório com crianças na praça.
4.1.5 Avaliação Comportamental - Aplicação e análise estatística dos
questionários
Como citado anteriormente no terceiro capitulo deste trabalho, os questionários
utilizados para a avaliação comportamental foram aplicados em dias distintos e
direcionados para dois tipos de usuários: pacientes e acompanhantes (usuários externos)
e profissionais ativos no espaço construído (usuários internos). Os agentes comunitários
de saúde não participaram das entrevistas, pois as atividades exercidas em sua maior
parte acontecem externamente à unidade de saúde. Aplicou-se o questionário em
35 usuários externos e em 09 dos 11 profissionais em atividade interna na atual gestão.
A primeira questão do questionário aplicado na UBS Vila Esperança objetiva
verificar, de maneira mais abrangente, o grau de satisfação com a unidade. Neste
momento não foi focada nenhuma questão especifica como arquitetura, conforto
ambiental ou humanização. O gráfico abaixo (Figura 4.22) reflete a diferença de
percepção entre os dois tipos de usuários.
L
Ae
q
= 59 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
91
Figura 4.22: Gráfico do nível de satisfação com a UBS Vila Esperança.
A diferença de percepção aqui demonstrada reflete a diferença também de
interpretação a esta pergunta do questionário. Por um lado, os usuários internos
respondem a esta pergunta como uma análise comparativa, considerando a unidade de
Vila Esperança como um projeto arquitetônico que oferece conforto maior que a maioria
das UBS’s em Juiz de Fora. Já os usuários externos entendem a unidade não somente
como projeto arquitetônico, reivindicando também melhor atendimento, mais
profissionais, remédios, equipamentos, etc. Mesmo assim, a unidade foi considerada
satisfatória por eles.
Para tratar sobre a qualidade da ventilação na unidade, foram necessárias duas
questões. Uma delas enfoca a ventilação como um todo, ou seja, natural e/ou artificial
nos ambientes (Figura 4.23), enquanto uma segunda questão aborda a utilização de
ventilação artificial (ventiladores) em determinados ambientes. Verifica-se também se
estes são eficientes, mesmo durante o verão (Figura 4.24).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
92
Figura 4.23: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à ventilação dos ambientes.
De acordo com o levantamento demonstrado no gráfico acima, mesmo
considerando que os usuários internos permanecem por mais tempo no interior das
unidades, o nível da qualidade da ventilação foi considerado satisfatório, pois nenhum
ambiente foi considerado com sua ventilação comprometida.
Durante a aplicação dos questionários aos usuários externos, uma das portas de
entrada para o interior da unidade permaneceu fechada, diminuindo a ventilação cruzada
no ambiente de espera. Apesar desta situação, o gráfico da Figura 4.23 demonstra que
63% dos usuários externos consideram os ambientes bem ventilados.
Porém, é possível verificar através do gráfico abaixo (Figura 4.24) que mais de 55%
dos usuários internos e 46% dos usuários externos afirmaram que a utilização de
ventiladores não é suficiente para obter conforto térmico durante o verão. No caso dos
usuários externos, esta afirmação foi reforçada principalmente após a percepção destes
pela existência de somente um ventilador de teto dentro da recepção e nenhum no setor
de espera.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
93
Figura 4.24: Gráfico sobre a utilização e eficiência dos ventiladores nos ambientes.
Além da questão da ventilação, foi necessário avaliar a satisfação dos usuários no
que se refere à iluminação dos ambientes internos. Em geral, a iluminação dos ambientes
foi considerada satisfatória. Mas, verificou-se através do gráfico abaixo (Figura 4.25)
também uma exigência maior por parte dos usuários internos, onde 45% consideram bem
iluminados e outros 44% consideram a qualidade da iluminação como regular. Por outro
lado, 89% dos usuários externos entrevistados consideram os ambientes bem
iluminados.
Conclui-se mais uma vez que, para os usuários internos, o conforto ambiental,
neste caso o luminíco, é considerado de extrema importância não somente pelo maior
tempo de permanência no interior da unidade, mas também para que o ambiente
construído proporcione o exercício das atividades ocupacionais com atenção e
concentração.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
94
Figura 4.25: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à iluminação dos ambientes.
A partir da questão N
o
06, o questionário é diretamente focado ao conforto acústico
dos ambientes da UBS. Em um primeiro instante, verificou-se o comprometimento
acústico da unidade em relação aos ruídos externos (trânsito, vizinhos, etc.). Por uma
questão cultural ou o maior tempo de permanência aliada à concentração, a percepção e
incômodo obtiveram maior destaque pelos usuários internos (Figura 4.26).
Figura 4.26: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
95
De acordo com o gráfico acima, o ruído externo foi percebido por 100% dos
usuários internos entrevistados enquanto somente 34% dos usuários externos
perceberam o mesmo ruído. Nota-se também uma maior tolerância por parte dos
usuários externos.
Analisando ainda as respostas referentes à questão acima, os usuários internos,
principalmente os profissionais que atuam no interior dos consultórios, destacam que o
ruído de maior incômodo e percepção é o emitido pelas das crianças que utilizam a
praça. Enfatizam também que a quadra poliesportiva situada ao lado da UBS é o principal
equipamento que interfere acusticamente no interior da unidade.
Quanto ao ruído interno, o ruído de maior incômodo destacado tanto pelos usuários
internos quanto pelos externos foi o próprio ruído emitido pelas pessoas na sala de
espera, além do ruído emitido na sala de nebulização, estes destacados em sua maior
parte pelos profissionais da unidade. Também é percebido pelo gráfico abaixo
(Figura 4.27) como o ruído afeta mais os usuários internos (89%) que os externos (37%).
Figura 4.27: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
96
No gráfico abaixo (Figura 4.28) foi exposto se o usuário acredita na existência de
alguma solução que possa solucionar ou amenizar os ruídos recebidos ou emitidos pela
unidade de saúde. Mesmo quando os entrevistados acreditavam que era possível
solucionar esta questão, muitos destes não sabiam detectar qual o tipo de solução
poderia ser aplicada. A solução mais apontada pelos usuários foi a conscientização dos
próprios usuários em relação ao silêncio.
Figura 4.28: Gráfico sobre a opinião sobre a solução para questão do ruído.
A questão seguinte é relacionada à privacidade da fala dentro dos consultórios,
atuando tanto como fonte como receptor. Considerando o consultório como receptor ao
ruídos, as perguntas objetivaram identificar qual a possibilidade de se ouvir algum ruído
externo, qual o grau de incômodo e o quanto este ruído é amenizado quando se fecham
portas ou janelas (Figura 4.29). Avaliando o mesmo como fonte sonora, verificou-se a
relação do ambiente interno com corredores e salas vizinhas (Figura 4.30).
Através do gráfico (Figura 4.29) nota-se uma disparidade de percepções, uma vez
que não foi detectado nenhum ruído por mais de 80% dos usuários externos, enquanto
que mais da metade dos profissionais percebem este ruído e 44% o consideram com alto
grau de incômodo. O ruído mais destacado também foi o produzido pelos aparelhos de
nebulização (modelo residencial).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
97
Figura 4.29: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como receptor.
Outra diferença acentuada entre as percepções dos usuários internos dos externos
é demonstrada através do gráfico abaixo (Figura 4.30), onde 67% dos usuários internos
acreditam ser comprometida a privacidade da fala no interior dos consultórios, estando
uma pessoa localizada no corredor, conforme entrevista. No caso dos usuários externos,
apenas 17% acreditam ser possível uma pessoa do lado de fora escutar o que se diz
dentro dos consultórios. Também por estes usuários, o único local apontado como
possível ponto de escuta foi o corredor.
Figura 4.30: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como fonte
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
98
Além das questões relacionadas ao ruído e privacidade da fala, outro enfoque dado
foi à inteligibilidade da palavra, onde se buscou questionar se o usuário sentia a
necessidade de elevar o nível de intensidade sonora da voz para ser compreendido. A
partir deste momento, as questões foram direcionadas a ambientes específicos tais como
a sala de nebulização, sala de grupos e área de recepção e espera. Apesar da sala de
odontologia estar relacionada no questionário (vide Anexo - 1), esta questão não foi
respondida pelos usuários, uma vez que este ambiente ainda não se encontra em
funcionamento.
O ruído produzido sala de nebulização, é de elevado incômodo para 44% dos
usuários internos. Atualmente, os consultórios são considerados bem localizados, pois
apenas 11% destes consideram este ruído em questão como de baixo incômodo. Os
usuários internos que consideram o ruído da sala de nebulização como elevado e baixo
incômodo, os quais totalizam-se em 55%, definem que quando o ambiente é fechado por
portas ou janelas, há uma melhoria na qualidade sonora. Percebe-se também
(Figura 4.31) a necessidade de elevar o nível de intensidade da voz para efetuar a
comunicação verbal neste local. Grande parte dos usuários externos entrevistados não
respondeu a esta pergunta, seja por nunca utilizar este serviço ou por não perceber qual
é o ruído específico produzido naquele ambiente.
Figura 4.31: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de nebulização.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
99
Na sala de atendimento a grupos, verificou-se que 55% dos usuários internos
consideram o ruído ali produzido como de alto incômodo, porém, não se pode afirmar que
este ambiente seja mais ruidoso que a sala de nebulização, uma vez que a afirmação de
que este ruído não incomoda é o dobro (22%) do percentual destes usuários em relação
à sala de nebulização.
Outro fator a ser considerado é o tipo de ruído produzido em cada ambiente, onde
um é proveniente de equipamentos e outro por pessoas, o que é psicologicamente
diferenciado no grau de incômodo. Como exemplo, uma música a 75 dB
(A)
pode
incomodar menos que duas pessoas discutindo ou uma criança chorando a 72 dB
(A)
. A
percepção deste fato é refletida na baixa necessidade de elevar o nível sonoro da voz
para efetuar a compreensão da palavra (Figura 4.32). Nota-se também uma melhora
considerável quando se fecha portas ou janelas deste ambiente.
Figura 4.32: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de grupos.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
100
O setor de recepção e espera foi considerado como o mais critico da unidade, pois
as entrevistas realizadas atestaram que 56% dos usuários internos e 20% dos usuários
externos consideram o ruído ali produzido como de alto incômodo. A Figura 4.33 mostra
também que não existe melhoria quando fecham-se portas ou janelas e, principalmente
por parte dos usuários internos, é necessário elevar consideravelmente o nível de
intensidade da voz para boa compreensão da palavra falada.
Figura 4.33: Gráfico sobre avaliação acústica da área de recepção e espera.
4.1.6 Análise dos dados coletados e propostas de soluções acústicas.
Antes de avaliar acusticamente a UBS Vila Esperança como um todo, é necessário
analisar os quatro setores de maior enfoque dos dados destacados tanto na avaliação
física quanto na comportamental. São estes: o setor de recepção e espera, a sala de
atendimento a grupos, a sala de nebulização e consultórios clínicos.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
101
a) Recepção e espera:
Na área de recepção e espera, nos três períodos de funcionamento (manhã, tarde e
noite) não se encontrou maiores problemas em relação ao ruído. Apesar de apresentar
ruídos médios e equivalentes abaixo de 75 dB
(A)
conferidos na avaliação física, houve
maior exigência por parte dos profissionais (usuários internos) que atuam neste setor no
que se refere à qualidade acústica deste setor. Esta reivindicação se deu devido à
responsabilidade e necessidade de concentração destes profissionais para a realização
dos serviços ali atribuídos.
Assim sendo, além dos níveis sonoros coletados é importante verificar o tempo de
reverberação (TR) neste local. Como toda informação verbal transmitida pela recepção
ocorre no balcão de atendimento voltado para a sala de espera, não se fez necessário
efetuar o cálculo do TR no interior deste ambiente para o presente estudo. Ao realizar
este cálculo para a sala de espera, simulou-se ¾ de cadeiras ocupadas e uma das portas
de acesso à unidade mantida fechada, situação encontrada durante as medições
técnicas e entrevistas. O enfoque dado neste caso é o condicionamento acústico para a
faixa de freqüência da palavra falada, compreendida em sua maior parte entre 500Hz e
2000Hz, conforme verificado na tabela abaixo (Figura 4.34):
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
31.76
0.01 0.02 0.32 0.64
Porta entrada 1 - vidro (fonte: General Building Mate
r
5.83
0.1 0.07 0.58 0.41
Porta entrada 1 - Vão de abertura (passagem)
3.05
1 1.00 3.05 3.05
Porta entrada 2 - vidro (fonte: General Building Materi
3.36 0.1 0.07 0.34 0.24
Portas (3) - madeira
5.67 0.06 0.1 0.34 0.57
Teto - laje + massa pintada
31.76 0.02 0.02 0.64 0.64
Paredes - alvenaria pintada
29.5 0.02 0.02 0.59 0.59
Cadeira estofada, com tecido, vazias - unidade
4 0.2 0.25 0.80 1.00
Cadeiras ocupadas - unidade
12 0.44 0.46 5.28 5.52
Vão do guichê de atendimento
3.2 1 1 3.20 3.20
Vão de acesso aos demais setores da UBS
3 1 1 3.00 3.00
Guichê farmácia - vidro
0.5 0.1 0.07 0.05 0.04
Guichê farmácia - vão de abertura
0.15 1 1 0.15 0.15
Quadro de feltro 1 (90X60cm)
0.54 0.18 0.55 0.10 0.30
Quadro de feltro 2 (90X40cm)
0.36 0.18 0.55 0.06 0.20
Barra de madeira (13cm) sobre alvenaria
3.16 0.05 0.04 0.16 0.13
SOMATÓRIOS
137.84 18.65 19.65
a
m
(
n
S
a
/
n
S)
0.14 0.14
Figura 4.34: Tabela de cálculo do TR da sala de espera com uma das portas de acesso mantida fechada.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
102
Para o cálculo do TR, a partir do valor do coeficiente médio de absorção sonora
(α
m
) encontrado em cada freqüência, são utilizadas as fórmulas de Sabine (α
m
< 0,30) ou
Eyring (α
m
> 0,30):
α
m500
= 0,12 < 0,30 Equação de Sabine
α
m2000
= 0,13 < 0,30 Equação de Sabine
Conforme verificado anteriormente na tabela de Beranek (Figura 2.22), o TR ideal
em 500 Hz é igual a 0,7 segundos para a palavra falada em um volume abaixo de
250 m
3
. Através deste dado, é possível encontrar o TR ideal para a freqüência de
2000 Hz, que é o mesmo valor do TR ideal em 500Hz. Em uma situação em que seja
necessária a obtenção do valor do TR ideal em 125Hz, basta multiplicar o TR ideal de
500 Hz por 1,4.
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 88,93) Æ 0,77 segundos em 500 Hz
18,65
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido de 0,77 s está dentro do limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada satisfatória nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
2000
= (0,161 . 88,93) Æ 0,73 segundos em 2000 Hz
19,65
Como o TR ideal é de 0,7 s em 2000 Hz e o TR obtido de 0,73 s está dentro do
limite de tolerância de 10%, a sala é considerada satisfatória nesta freqüência.
Mesmo sem nenhum projeto acústico destinado para o setor de espera, este se
encontra em situação de condicionamento acústico satisfatório para o que se destina.
Mesmo assim, é importante lembrar que uma das duas portas de acesso são sempre
mantidas fechadas e afetam na qualidade de ventilação natural deste ambiente. Quando
estas estiverem abertas também não irão comprometer o condicionamento acústico
interno, uma vez que, nas duas freqüências analisadas o TR obtido ultrapassou o valor
ideal. Portanto, ao aumentar a área absorvedora, este número irá reduzir, chegando mais
próximo do valor ideal.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
103
Na sala de espera, ressalta-se não só a qualidade acústica, mas também a
adequada disposição deste ambiente em relação a outros. Considerado como uma fonte
de ruído em potencial em todas as unidades de saúde, o setor de espera desta UBS foi
locado de forma estratégica a preservar tanto os consultórios quanto promover a
privacidade da fala na sala de atendimento a grupos.
b) Sala de atendimento a grupos:
Na sala de atendimento a grupos, de acordo com as atividades exercidas,
constata-se uma necessidade de promover a privacidade e a inteligibilidade da palavra
falada neste ambiente. Como visto anteriormente através da avaliação
técnico-construtiva, a privacidade acústica deste local é satisfatória. De acordo com a
avaliação comportamental, a sala de atendimento a grupos também foi considerada
satisfatória. Mas, verificou-se uma insatisfação por parte dos usuários internos no que se
refere à questão da inteligibilidade da palavra.
Verificou-se então, o tempo de reverberação deste local (Figura 4.35). Para tanto,
criou-se uma situação hipotética de ocupação com doze pessoas sentadas e duas
pessoas em pé. Todo mobiliário encontrado atualmente nesta sala foi inserido para a
realização do cálculo, exceto o aparelho de TV e algumas caixas de papelão depositadas
naquele espaço, as quais não estavam previstas no projeto original.
Em todas as visitas realizadas na UBS, a porta de acesso externo encontrava-se
aberta, mesmo com a sala em pleno funcionamento, ou seja, havendo reuniões com a
comunidade ou grupos específicos. Esta possibilidade é dada pela localização desta
abertura, cerca de 20 metros depois do acesso à recepção e 2 metros aproximadamente
acima do nível da rua, garantindo a privacidade visual.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
104
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
26.86
0.01 0.02 0.27 0.54
Porta entrada 1 - vidro (fonte: General Building Mate
r
2.5
0.1 0.07 0.25 0.18
Porta entrada 1 - Vão de abertura (passagem)
1.82
11.00 1.82 1.82
Janela aberta 0.88 1 1.00 0.88 0.88
Janela fechada 0.44 0.1 0.02 0.04 0.01
Portas (3) - madeira 3.78 0.06 0.1 0.23 0.38
Teto - laje + massa pintada 26.86 0.02 0.02 0.54 0.54
Paredes - alvenaria pintada
9.72 0.02 0.02 0.19 0.19
Adulto em
2 0.44 0.46 0.88 0.92
Cadeira estofada, com tecido, vazias - unidade
5 0.2 0.25 1.00 1.25
Cadeiras ocupadas - unidade
12 0.44 0.46 5.28 5.52
Cadeira revest. em couro sintético, vazias - unidade 7 0.15 0.07 1.05 0.49
Duas mesas de madeira polida r=90 cada 1.26 0.16 0.35 0.20 0.44
Quadro de feltro 1 (90X60cm) 0.54 0.18 0.55 0.10 0.30
Armário em metal 5.12 0.1 0.08 0.51 0.41
Barra de madeira (13cm) sobre alvenaria 2.94 0.05 0.04 0.15 0.12
SOMATÓRIOS
108.72 13.39 13.98
a
m
(
n
S
a
/
n
S)
0.12 0.13
Figura 4.35: Tabela de cálculo do TR da sala de atendimento a grupos.
α
m500
= 0,12 < 0,30 Equação de Sabine
α
m2000
= 0,13 < 0,30 Equação de Sabine
Acompanhando a mesma situação da sala de espera, na sala de atendimento a
grupos o TR ideal em 500 Hz e 2000Hz também são iguais a 0,7 segundos para a
palavra falada.
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 75,23) Æ 0,91 segundos em 500 Hz
13,39
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido de 0,90 s está acima do limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada reverberante nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
2000
= (0,161 . 75,23) Æ 0,87 segundos em 2000 Hz
13,98
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
105
Como o TR ideal é de 0,7 s em 2000 Hz e o TR obtido de 0,87 s está acima do
limite de tolerância de 10%, a sala é considerada reverberante nesta freqüência.
Como o tempo de reverberação é superior nas duas freqüências analisadas,
Verifica-se a necessidade de condicionamento acústico neste ambiente. Tratando as
Unidades Básicas de Saúde com o um equipamento público, a preocupação com gastos
de materiais e mão-de-obra é de alta relevância. Ao considerar este fato, a adaptação
aqui sugerida é o revestimento de apenas 4 m
2
da superfície do teto com placas
absorvedoras acústicas (Figura 4.36). Estas devem ser distribuídas diretamente sobre o
local destinado a maior concentração de pessoas.
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
26.86
0.01 0.02 0.27 0.54
Porta entrada 1 - vidro (fonte: General Building Mate
r
2.5
0.1 0.07 0.25 0.18
Porta entrada 1 - Vão de abertura (passagem)
1.82
11.00 1.82 1.82
Janela aberta 0.88 1 1.00 0.88 0.88
Janela fechada
0.44 0.1 0.02 0.04 0.01
Portas (3) - madeira
3.78 0.06 0.1 0.23 0.38
Teto - laje + massa pintada
12.86 0.02 0.02 0.26 0.26
Teto - placa roc 45mm (Illbruck/sonex) 4 1 0.91 4.00 3.64
Paredes - alvenaria pintada 9.72 0.02 0.02 0.19 0.19
Adulto em 2 0.44 0.46 0.88 0.92
Cadeira estofada, com tecido, vazias - unidade 5 0.2 0.25 1.00 1.25
Cadeiras ocupadas - unidade
12 0.44 0.46 5.28 5.52
Cadeira revest. em couro sintético, vazias - unidade
7 0.15 0.07 1.05 0.49
Duas mesas de madeira polida r=90 cada
1.26 0.16 0.35 0.20 0.44
Quadro de feltro 1 (90X60cm) 0.54 0.18 0.55 0.10 0.30
Armário em metal 5.12 0.1 0.08 0.51 0.41
Barra de madeira (13cm) sobre alvenaria 2.94 0.05 0.04 0.15 0.12
SOMATÓRIOS
98.72 17.11 17.34
am
(
n
S
a
/
n
S)
0.17 0.18
Figura 4.36: Tabela de adequação acústica do TR da sala de atendimento a grupos.
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 75,23) Æ 0,70 segundos em 500 Hz
17,11
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
106
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido também é de 0,7 s, este
ambiente torna-se satisfatório nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
2000
= (0,161 . 75,23) Æ 0,70 segundos em 2000 Hz
17,34
Como o TR ideal é de 0,7 s em 2000Hz e o TR obtido também é de 0,7 s, este
ambiente torna-se satisfatório nesta freqüência.
Pode-se concluir que com um gasto inexpressivo de mão-de-obra e material
acústico, neste caso 4 m
2
, é possível transformar a atual sala de atendimento a grupos
em uma situação acústica ideal para o exercício das atividades propostas para este
espaço.
c) Sala de nebulização
A sala de nebulização foi considerada como um dos ambientes mais críticos da
UBS Vila Esperança. Com L
Aeq
encontrado igual a 78 dB
(A)
, este local foi considerado
desconfortável acusticamente, uma vez que, para qualquer situação ou atividade, acima
de 75 dB
(A) o ruído passa a ser um agente de desconforto. Além disto, o ruído no local
destinado para os compressores hospitalares de ar comprimido, quando em uso, poderá
comprometer as atividades exercidas nos consultórios, como visto anteriormente na
avaliação técnico-construtiva.
Propõe-se, então, um novo local para a locação destes compressores, próximo à
sala de atendimento a grupos (Figura 4.36), isolado acusticamente com paredes duplas
de tijolos maciços e locando o equipamento sobre uma base de neopreme de 15 mm a
fim de absorver os ruídos de impactos transmitidos pelo piso promovidos pelo
compressor em funcionamento.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
107
Figura 4.36: Nova instalação para o compressor de nebulização.
d) Consultórios clínicos
Uma das situações apontadas na avaliação técnico-construtiva foi a possível
interferência sonora do corredor do bloco clínico para o interior dos consultórios. Já havia
sido apontado anteriormente nas entrevistas com os usuários da unidade que este não
era considerado um problema em potencial. Mesmo assim, foi verificado o TR dos
corredores, o qual constatou-se os corredores ultrapassam os níveis aceitáveis da tabela
de Beranek (Figura 2.22), considerado-o reverberante.
Mesmo assim, este estudo não foi aprofundado pelo fato deste ambiente ser
apenas um espaço de transição, ou seja, não é um local de permanência. Além de não
necessitar de uma precisão no condicionamento acústico para inteligibilidade da palavra
falada, os custos para a inserção de materiais absorvedores não justificariam a eficiência
atingida no interior dos consultórios. A título de aprofundamento desta análise, encontra-
se disponível no Anexo-2 deste trabalho, o cálculo do TR do corredor de acesso aos
consultórios.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
108
Entretanto, os consultórios clínicos da UBS Vila Esperança são ambientes onde a
qualidade acústica é comprometedora. Não se trata do condicionamento acústico deste
ambiente, nem da privacidade da fala em relação a outros consultórios. Mas o maior
problema encontrado foi quando os consultórios foram considerados como receptores de
ruídos externos à unidade de saúde.
Conforme visto anteriormente, através das avaliações técnico-construtiva, objetiva e
comportamental, é necessário isolar acusticamente estes ambientes do ruído produzido
na praça em utilização. A inserção de alguns obstáculos (como muros), é uma proposta
eficiente, que além de servir como barreiras acústicas, podem ter também a função de
omitir equipamentos indesejáveis, como containeres de lixo ou o próprio corredor de
acesso aos consultórios (Figura 4.37).
Figura 4.37: Proposta de inserção de barreira acústica para a UBS Vila Esperança.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
109
A proposta sugerida acima consiste na inserção de um muro em alvenaria em tijolo
maciço de 10 cm, com capacidade de redução de até 45 dB na freqüência de 500 Hz,
como visto anteriormente (Figura 2.32).
Este anteparo fará a função de proteção acústica para o interior dos consultórios. É
importante verificar que este novo elemento mantém, assim como na concepção desta
UBS, a linguagem lúdica da concepção da UBS com a praça, através da aplicação de
cores que compõe tanto os equipamentos da praça (brinquedos) quanto a própria
unidade.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
110
4.2 APO – Unidade Básica de Saúde de Milho Branco
4.2.1 Apresentação e Descrição da Unidade
A Unidade Básica de Saúde Milho Branco foi implantada no bairro de mesmo nome
que está localizado na zona oeste do município (Figura 4.38). O estabelecimento foi
originalmente construído para atender ao programa de assistência social do governo do
Estado de Minas Gerais junto às prefeituras de cidades de porte médio no final da
década de 1980. O horário de funcionamento desta unidade é de segunda a sexta-feira,
de 07:00 H às 22:00 H com intervalos de 11:00 H às 13:00 H e de 17:00 H às 18:00 H.
Figura 4.38 – Localização do bairro Milho Branco e da localização da UBS. (fonte: www. acessa.com.br,
modificada pelo autor)
Se inicialmente a unidade atendia a programa social, depois ela passou a atender,
por exigência das comunidades urbanas, a programas e serviços da Secretaria de
Saúde. Assim sendo, ela integra-se ao complexo de unidades de saúde na
municipalização do setor de saúde, no início dos anos 90, como unidades de atenção à
saúde coletiva e pública. Com a evolução da assistência à saúde da população, passa a
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
111
se enquadrar como Unidade Básica de Saúde que, entre outros, também contempla o
Programa Saúde da Família (PSF).
Neste contexto de funcionamento como unidade de saúde, esta passou por
diversas pequenas intervenções (Figura 4.39) que resultaram em transformações
espaciais, construtivas e ampliações na edificação, tal qual ocorreu setembro de 1996,
quando se buscava abrigar, em área extendida, a farmácia, o expurgo, o depósito de
material de limpeza e a central de marcação de consultas (CMC).
Anexos
construídos
posteriormente
Consultório
Copa
Odontologia
Consultório
Esteril.
Ass.
Recepçâo
Nebul.
Espera
WC
Injeção
Curativo
Farmácia
CMC
DML
Área
Vacina
Expurgo
A
CESSO
WC
WC
Coleta
Social
Figura 4.39 – Planta baixa da antiga UBS Milho Branco já com as alterações ocorridas em 1996.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
112
Contudo, num primeiro momento não ocorriam preocupações com relação ao
refinamento de sua arquitetura para atender a exigências funcionais, tanto de trabalho,
quanto normativas e legais. Entretanto, no início do século XXI, segundo entrevista com o
arquiteto, por meio de exigências do Ministério da Saúde e estudos acadêmicos da
arquitetura, há uma orientação de adequação desta unidade às novas exigências de
normas da vigilância sanitária e outras, mas principalmente a RDC-50 / 2002, e de
funcionamento dos serviços, dado o relatório do projeto de extensão intitulado Arquitetura
e Urbanismo na Secretaria de Saúde de Juiz de Fora.
Isto resultou num projeto de adequação da UBS através de desenvolvimento da sua
arquitetura pelo Prof. Gustavo Abdalla, que foi executado parcialmente em setembro de
2004, observado que por contingência orçamentária, ocorreu a necessidade de cortes de
áreas na arquitetura proposta. O que não foi construído neste projeto, encontra-se
destacado em vermelho na planta abaixo (Figura 4.40).
G
R
U
P
O
S
O
D
O
N
T
O
L
O
G
I
A
SSS
S
Figura 4.40 – Planta baixa da atual UBS Milho Branco.
Para maior clareza na análise da proposta arquitetônica desta unidade, é
disponibilizada no Anexo - 3 do presente trabalho, uma planta baixa em formato A3 do
que fora demolido, construído e não construído até o presente momento.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
113
A área geograficamente pré-definida para controle da bio-estatística e
epidemiologia em saúde desta unidade foi programada para uma população de
abrangência entre 6.000 e 9.000 pessoas. Esta população é assistida atualmente por
03 equipes do PSF, isto é, cada uma composta por 01 médico, 01 enfermeiro, 04 agentes
comunitários de saúde e 01 profissional de apoio. O profissional dentista já é obrigatório
na equipe a partir do ano de 2005, mas ainda não está formalizado como será sua
participação no PSF em Juiz de Fora. Contudo, mesmo desvinculado do PSF, o serviço
odontológico se encontra ativo na UBS Milho Branco.
Segundo a gerente da unidade, o atendimento médio é de 36 consultas ao dia, as
quais normalmente ocorrem no período da manhã. No período da tarde ocorrem as
reuniões de grupos (alcoólicos anônimos, saúde da família, Doenças sexualmente
transmissíveis, etc.), mas em outro ambiente, ou seja, fora da unidade. No período da
noite, o atendimento começa pela marcação de consultas às 18:00 H e atendimento
destes. Raramente a unidade permanece aberta até às 22:00 H, fechando logo após o
atendimento da última consulta marcada no período da noite.
4.2.2 Descrição e Análise do Projeto Arquitetônico
A UBS de Milho Branco (Figura 4.41) seguiu a mesma filosofia funcional dos cinco
setores e dos ambientes que compõe cada um deles na unidade de Vila Esperança,
tendo em vista que Milho Branco foi um projeto desenvolvido quase um ano depois do
primeiro.
Figura 4.41 – Vista da fachada frontal da UBS Milho Branco.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
114
Outra semelhança destacada entre as duas unidades de saúde é a concepção
funcional de setorização por blocos. Na Unidade de Milho Branco, cada bloco apresenta
uma característica funcional própria, isto é, fundamentalmente, atende aos serviços de
atenção básica no bloco de acesso principal e às necessidades ambulatoriais e do PSF
no outro bloco (Figura 4.42). O que a difere da unidade de Vila Esperança é o fato de
propor isoladamente dois anexos, um para sala de grupos e outro para o atendimento
odontológico, contudo, anexos que não foram construídos.
SSS
S
Figura 4.42 – Blocos que compõe a UBS Milho Branco.
Esteticamente, a unidade não busca romper com o projeto original da década de
1980. Não é possível identificar ao simples olhar externo da edificação, qual é a
construção original da década de 1980 e qual é o anexo construído em 2003
(Figura 4.43).
Figura 4.43 – Vista dos blocos que compõe a UBS Milho Branco e acesso alternativo proposto.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
115
Outra diferença está no fato de ser uma unidade reformada, remodelada e
expandida. Aproveitou-se praticamente toda a construção existente, demolindo-se
apenas alguns poucos metros quadrados. Por meio de comunicações pessoais com o
arquiteto Abdalla, esta foi a primeira unidade projetada nos moldes do PROESF, onde o
Ministério da Saúde (MS) tem como uma das exigências para o cumprimento do
programa que as unidades não devem ser construções novas, isto é, podem ser projetos
de reforma, ampliação ou ambos em unidades já existentes e de propriedade das
prefeituras.
Mais do que isto, segundo o arquiteto, o MS não permitiu que a obra, qualquer que
fosse ela, ultrapasse o valor de R$ 150.000,00 (valores da época). Tais características
normativas do programa do MS foram apontadas como um dos principais fatores para a
não execução do projeto completo.
Internamente, foi aproveitada a construção original para alocar o bloco de
ambulatórios e PSF, onde se encontra, então, principalmente consultórios da equipe de
saúde e consultórios especializados, inclusive adaptando-se o consultório odontológico
(Figura 4.44), visto que não foi construído o anexo previsto para esta finalidade. Além
disto, está neste bloco o setor de apoio aos funcionários. No bloco novo estão os serviços
de atenção básica (curativo, farmácia, nebulização, vacina, coleta/injeção). Naturalmente,
segundo a concepção do projetista, este bloco serve de acesso principal para usuários
internos e externos, para tanto apresenta uma sala de espera, a recepção e a CMC, além
dos sanitários públicos. Como ligação entre os blocos, seguindo os mesmos princípios de
Vila Esperança, estão as áreas de apoio técnico.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
116
Figura 4.44 – Setorização da UBS Milho Branco.
Cabe ressaltar que, construtivamente, coube ao arquiteto seguir as normas do
ministério da saúde, tanto nos aspectos de fluxos de biossegurança, quanto no que diz
respeito a materiais e instalações ordinárias. Contudo, ocorreram modificações
significativas a este respeito, também por conta de redução de custos da obra, tais como,
substituição das esquadrias de alumínio por ferro e troca de peças de granito para pias e
balcões por peças de ardósia polidas. Aparentes simplificações sem conseqüências para
o bom funcionamento da unidade, que vem mostrando problemas que afetam a
biossegurança e o conforto dos usuários.
4.2.3 Avaliação técnico-construtiva - Descrição dos materiais de
acabamento e distribuição do layout
Considerando ambientes como fontes e/ou receptores de ruído, além da questão da
concentração nos serviços prestados e do tempo de permanência, foram analisadas as
áreas de recepção e espera, atendimento clínico programado (consultórios) e a sala de
nebulização, locada no atendimento imediato. Ressalta-se que nesta unidade não existe
a sala de atendimento a grupos.
Atual consultório
odontológico com
compressor
adaptado ao
exterior da UBS
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
117
a) Área de recepção e espera:
O setor de recepção e espera atua como ambiente de atendimento prévio e triagem
para as áreas de atendimento imediato e atendimento clínico, estes últimos, situados no
bloco posterior. O piso em toda unidade é composto por granilite, com exceção do piso
do corredor de acesso ao bloco que abriga o atendimento clínico programado que é em
borracha antiderrapante, do tipo plurigoma. O mobiliário do setor de espera é composto
por cadeiras de PVC voltadas para a recepção (Figura 4.45). As paredes são em
alvenaria pintada, e a que está locada a entrada da UBS é dotada de grandes vãos
envidraçados e porta de acesso também em vidro.
Figura 4.45 - Área de recepção e espera (vista do ambiente e vista pela sala de espera)
É relevante lembrar que a não execução da sala de atendimento a grupos com
acesso independente, diminui a possibilidade de uma ventilação cruzada na sala de
espera. Além disto, o tipo de esquadrias (básculas), o material (ferro) e a falta de
manutenção das janelas e portas deste ambiente também comprometem o conforto dos
usuários neste ambiente. Atualmente, as janelas encontram-se defeituosas, onde só uma
das oito aberturas pode ser aberta. O mesmo acontece com a porta de acesso, que foi
originalmente projetada para promover uma passagem de 1,20 m, só mantém aberta
metade desta abertura, ou seja, 60 cm (Figura 4.46).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
118
Figura 4.46 – Vista externa e interna da atual situação das aberturas na fachada de acesso à unidade.
Nesta situação, a ventilação cruzada na sala de espera é praticamente inexistente,
comprometendo não só a biossegurança, mas também o conforto térmico na sala de
espera, como será possível comprovar, adiante, através da avaliação comportamental.
Quanto ao conforto acústico, com as janelas e portas fechadas, aumenta-se a quantidade
de área refletora acústica e diminui a área de superfícies absorventes, podendo este
espaço se tornar inadequado para boa compreensão da palavra falada.
b) Atendimento clínico programado (consultórios):
Atualmente, os consultórios recebem influência considerável do ruído externo,
seja de trânsito ou pessoas conversando. Com a localização da unidade próxima a uma
escola, tanto a entrada ou saída dos alunos do colégio atrapalha acusticamente a
execução de tarefas nos consultórios. Outro fator que contribui para este desconforto é o
fato da rua a qual estão voltados os consultórios ser parte do trajeto da linha de ônibus
que atende o bairro Milho Branco.
No consultório odontológico, de maneira acusticamente correta, o compressor foi
localizado no exterior da unidade. Porém, na execução da obra, não é notada uma
preocupação estética para a adaptação deste equipamento no exterior do edifício
(Figura 4.47).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
119
Figura 4.47: Relação acústica dos consultórios com a rua e localização do compressor odontológico .
c) Sala de nebulização:
No setor de atendimento imediato, o ponto considerado de maior fonte de ruído foi
encontrado na sala de nebulização localizada ao lado do setor de coleta e em frente a
atual sala da assistente social e dos agentes comunitários de saúde. Este ambiente é
equipado com a Central de Ar Comprimido KSS 40-003 (Figura 4.48) aparentemente em
bom estado de conservação.
Dotado de moto-compressor refrigerado a ar, este equipamento gera ar comprimido
e possui reservatório de 31 litros. Não foi possível obter diretamente com o fabricante
informações precisas sobre a quantidade de decibéis emitidos por este equipamento em
bom estado de funcionamento e manutenção.
Figura 4.48 - Equipamento utilizado para atender o setor de nebulização da UBS Milho Branco.
COMPRESSOR
ODONTOLÓGICO
JANELAS DOS CONSULTÓRIOS
Ruído
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
120
Mesmo com o projeto e execução de um abrigo externo para este tipo de
equipamento, este se encontra em local impróprio para obter conforto acústico na sala de
nebulização e em salas vizinhas. Atualmente, este equipamento encontra-se dentro da
sala de nebulização, posicionado entre duas cadeiras destinadas aos pacientes, que
eventualmente podem estar sendo medicados ao mesmo tempo (Figura 4.49).
Quando o compressor é ligado, provoca vibrações que são transferidas até três
rodas de ferro que atualmente servem de suporte para este equipamento, diretamente
sobre o piso em granilite. Geram, portanto, além do ruído aéreo, um ruído de impacto,
aumentando ainda mais o grau de desconforto acústico tanto no interior quanto externo
ao ambiente de nebulização.
SSS
S
S
Figura 4.49 – Sala de nebulização e a atual localização da central de ar-comprimido.
ABRIGO PARA CENTRAL
DE NEBULIZAÇÃO
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
121
4.2.4 Avaliação Física - Levantamento e medições técnicas
(decibelímetro).
O mesmo equipamento utilizado para coleta de dados para a UBS de Vila
Esperança, o decibelímetro Minipa MSL-1352C, foi utilizado também para a UBS de
Milho Branco. A programação do equipamento se efetuou da mesma maneira que na
UBS Vila Esperança, ou seja, ajustou-se a gravação de dados com tempo de resposta
no modo “Slow”, filtro de ponderação “A” e intervalos de registro de 01 segundo para
todos os ambientes, exceto para o setor de recepção e espera, onde se adotou o
intervalo de 30 segundos.
a) Ruído emitido na área de recepção e espera:
Também foi necessário realizar o levantamento da área de recepção e espera
durante toda jornada de trabalho de um dia, ou seja, de 07:00 H às 11:00 H, de 13:00 H
às 17:00 H e de 18:00 H às 22:00 H. Através de informações obtidas com a gerencia e
pessoas que trabalham na recepção, verificou-se que dias de maior fluxo são
freqüentemente no início da semana, assim como na unidade de Vila Esperança, porém
com pouca diferença no decorrer da semana.
Através de uma entrevista inicialmente informal, a funcionária do setor de recepção
juntamente com o funcionário encarregado da vigilância, o qual em maior parte do dia
permanece no setor de recepção e espera, apontam este local como o ambiente mais
ruidoso. Segundo eles, um fato que contribuiu para diminuição do ruído produzido pela
fala na área de espera foi a adoção de um aparelho de TV, servindo de entretenimento
para os usuários externos neste ambiente.
Inicialmente, foram coletados dados da área de recepção e espera no dia
26/09/2005. A condição climática durante toda a medição era de céu parcialmente
nublado e sem chuvas. Para efetuar uma medição durante todo o dia neste ambiente, a
preocupação inicial, assim como na coleta de dados na UBS Vila Esperança, era manter
integridade do equipamento e criar uma situação favorável a fim de evitar eventuais sons
muito próximos (menos de 1,2 m) do microfone do equipamento. Adotou-se, portanto, a
mesma opção utilizada com sucesso em Vila Esperança, ou seja, a fixação do
decibelímetro no teto da sala de espera, próximo ao balcão de atendimento.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
122
Após a realização desta coleta de dados, foi importante considerar a exposição da
funcionária responsável pelo setor de recepção, a qual verificou que o público se
intimidou diante do aparelho, talvez por achar que o mesmo estivesse gravando as vozes
das pessoas na sala de espera.
Devido a este relato, descartou-se o registro daquele dia e foi realizada outra coleta
de dados, desta vez com a instalação do equipamento com antecedência suficiente para
que nenhum usuário externo presenciasse. É claro que este procedimento não impedia
que uma pessoa, em algum momento do dia, avistasse o decibelímetro. Mas, de certo
diminuiu sensivelmente a quantidade de pessoas curiosas e intimidadas por causa do
equipamento.
Os dados considerados válidos da área de recepção e espera foram os coletados
no dia 27/09/2005. A condição climática durante toda a medição também foi de céu
parcialmente nublado e sem chuvas. O aparelho foi adaptado no teto da área de espera,
gravando dados com intervalos de registro de 30 segundos, tempo de resposta no modo
Slow” ponderação “A”.
Foram coletados no período da manhã 451 registros entre 07:15 H a 11:00 H. De
acordo com as medições, este ambiente apresentou um valor de ruído médio igual a 68,2
dB
(A)
, tendo como maior registro 85,8 dB
(A)
às 10:36 H e menor com 52,9 dB
(A)
às 07:57
H. O ruído equivalente (L
Aeq
) encontrado foi de 76 dB
(A)
, como é possível verificar através
do gráfico demonstrado na Figura 4.50.
Figura 4.50.: Gráfico de registro de dados coletados no período da manhã na área de recepção e espera.
L
Ae
q
= 76 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
123
É importante lembrar que a partir de 75 dB
(A), para qualquer situação ou atividade,
o ruído passa a ser um agente de desconforto, comprometendo a inteligibilidade da
linguagem, passando a ocorrer distrações, irritabilidade e diminuição da produtividade no
trabalho neste local. Assim sendo, fisicamente este ambiente torna-se inadequado
acusticamente para o bom exercício das tarefas ali realizadas.
Após a coleta de 601 registros no período da tarde, verificou-se que este ambiente
apresentou-se menos ruidoso que pela manhã, apresentando um L
Aeq
igual a 70 dB
(A)
. O
ruído médio encontrado foi de 66 dB
(A)
, ou seja, um pouco abaixo do encontrado pela
manhã (68,2 dB
(A)
) ruído médio obtido pela manhã, ou seja, 66 dB
(A)
(Figura 4.51).
Figura 4.51: Gráfico de registro de dados coletados no período da tarde na área de recepção e espera
Analisado o gráfico acima, verifica-se que, mesmo com L
Aeq
abaixo dos 75 dB
(A)
, em
muitos momentos o valor registrado supera este limite, chegando a um valor máximo de
90,1dB
(A)
às 13:16 H, sendo considerado o maior valor registrado em todo o dia. O menor
registro no período da tarde deu-se às 16:55 H com 50,3 dB.
A coleta de dados válidas no período da noite compreendeu-se entre 18:03 H e
21:35 H, horário em que a unidade encerrou os trabalhos daquele dia. Após este horário,
o registro do gráfico abaixo foi somente do ruído produzido pelo aparelho de TV e pelo
arrastar de móveis em algum momento. Totalizou-se no espaço de tempo ativo da
unidade no período da noite, uma coleta de 428 registros.
L
Ae
q
= 70 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
124
Durante a coleta de todo o dia, o período da noite (de 18:03 às 21:35 H) foi
qualificado como o período menos ruidoso, apresentando um ruído interno médio de
61 dB
(A)
. Entretanto, houve um elevado registro de 76,4 dB
(A)
no começo do turno
(19:10 H), mas registrou-se também a menor intensidade sonora durante todo o dia com
a unidade em funcionamento, sendo 41,9 dB
(A)
às 20:18H. O L
Aeq
encontrado foi de
65 dB
(A)
. Constata-se, portanto, que este foi o único período considerado acusticamente
satisfatório para a execução das tarefas neste ambiente (Figura 4.52).
Figura 4.52: Gráfico de registro de dados coletados no período da noite na área de recepção e espera
b) Ruído emitido no interior da sala de nebulização:
Outro setor apontado como gerador de ruídos em potencial foi a sala de
nebulização. Para medição do nível de pressão sonora emitida neste ambiente, foram
necessários poucos minutos, uma vez que o objetivo era efetuar o registro do ruído
produzido Central de ar-comprimido localizada no interior da sala em questão. Durante
toda a realização deste trabalho de medição, a sala em questão permaneceu de porta e
janela aberta, situação normal de atendimento. As medições seguiram criteriosamente a
NBR-10.151 e os resultados foram apresentados através dos valores coletados e
transformados em L
Aeq
.
Através da coleta de 57 registros, verifica-se um ruído médio de 76,3 dB, onde o
valor máximo foi de 77,4 dB
(A)
e o mínimo de 75,5 dB
(A)
. O ruído equivalente (L
Aeq
)
L
A
e
q
= 65 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
125
encontrado foi de 76 dB
(A)
, como é possível verificar através do gráfico demonstrado na
Figura 4.53.
Figura 4.53: Gráfico de registro de dados coletados na sala de nebulização com o compressor ligado.
É importante lembrar que a medição objetivava somente o ruído do compressor
de nebulização, portanto, não havia pessoas conversando no local, o que poderia alterar
os resultados acima, aumentado o nível de pressão sonora deste ambiente. Mesmo
assim, durante toda a medição, os níveis de pressão sonora ultrapassaram o valor de
75 dB
(A), considerado como limite para qualquer situação ou atividade, o ruído não seja
um agente de desconforto, conforme já exposto anteriormente. Portanto, em virtude da
má qualidade acústica deste ambiente apontado nas medições realizadas, é possível
ocorrer distrações, irritabilidade ou diminuição da eficácia e produtividade no trabalho
neste local.
c) Consultórios X ruído externo:
Também se fez necessário avaliar a UBS Milho Branco como receptora dos ruídos
externos. Como verificado na avaliação técnico-construtiva, os consultórios encontram-se
localizados em frente à rua de acesso à unidade, a qual situa-se ao lado de uma escola.
Esta situação abriu uma hipótese de um possível ruído produzido pelos estudantes
durante o horário de entrada e saída do colégio. Para tanto, foram coletados dados a 2 m
da fachada onde se localizam os consultórios e também no interior destes.
Com a finalidade de registrar o ruído de fundo da rua situada em frente à fachada
dos consultórios, inicialmente foi realizada uma medição prévia, sem a presença de
L
Ae
q
= 76 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
126
trânsito de veículos ou pessoas conversando. Os dados foram baseados na coleta de 60
registros os quais apontaram um L
Aeq
de 56 dB
(A)
(Figura 4.54). Durante a realização
desta medição, o maior registro encontrado foi de 58,5 dB
(A)
e menor com 53,5 dB
(A)
,
estabelecendo 55,4 dB
(A)
como o valor médio do ruído de fundo.
Figura 4.54: Gráfico de registro de do ruído de fundo da rua voltada para os consultórios.
Em seguida, fez-se necessário identificar o ruído de fundo no interior dos
consultórios. A partir da medição interna realizada nas mesmas condições sonoras da
externa, ou seja, sem ruídos provenientes de veículos ou pessoas conversando, foi
possível verificar, de uma maneira aproximada, a diferença proporcional do ruído externo
emitido para o ruído recebido no interior dos consultórios. O consultório adotado foi
escolhido aleatoriamente, pois, todos estão locados paralelamente, recebendo de
maneira uniforme os ruídos externos. Durante toda a medição realizada no interior do
consultório, a porta foi mantida fechada e as janelas abertas, situação mais comum
ocorrida durante as consultas ali realizadas.
Foram coletados 92 registros válidos, que aplicados na fórmula para
transformação em L
Aeq
, chegou-se a um valor de 43 dB
(A)
. De acordo com as medidas
realizadas, o maior registro encontrado foi de 44,9 dB
(A)
e menor com 39,7 dB
(A)
,
estabelecendo 42,5 dB
(A)
como o valor médio do ruído de fundo (Figura 4.55). Com L
Aeq
externo ao consultório igual a 56 dB
(A)
e L
Aeq
interno de 43 dB
(A)
, conclui-se que no
interior do consultório, com as janelas abertas, tem-se uma redução de 13 dB
(A)
aproximadamente.
L
Ae
q
= 56 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
127
Figura 4.55: Gráfico de registro do ruído de fundo no interior dos consultórios.
Com a finalidade de registrar um possível ruído externo incômodo ao interior dos
consultórios, foi realizada uma nova medição. Desta vez registrou-se o ruído produzido
pelos estudantes que passavam em frente à fachada em questão. Foram coletados 173
registros válidos, que aplicados na fórmula para transformação em L
Aeq
, chegou-se a um
valor de 72 dB
(A)
. De acordo com as medidas realizadas, o maior registro encontrado foi
de 82,9 dB
(A)
e menor com 61,9 dB
(A)
, onde foi estabelecido 69,9 dB
(A)
como o valor
médio do ruído emitido pelos estudantes em frente aos consultórios clínicos (Figura 4.56).
Figura 4.56: Gráfico de registro do ruído emitido pelos estudantes em frente aos consultórios.
Assim, considerando uma redução de 13 dB
(A)
no interior dos consultórios em
funcionamento, dos 72 dB
(A)
encontrados como L
Aeq
externo, 59 dB
(A)
seriam recebidos no
interior do ambiente de consulta. Segundo a NBR 10.152, o nível de pressão sonora
aceitável em apartamentos, enfermarias, berçários e centros-cirúrgicos é de 45 dB
(A)
e o
valor estabelecido do nível sonoro para conforto é igual a 35 dB
(A)
. Portanto, é possível
L
Ae
q
= 43 d
B
L
Ae
q
= 72 d
B
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
128
afirmar que, acusticamente, os consultórios são considerados desconfortáveis durante o
horário de entrada e saída dos estudantes do colégio localizado ao lado da UBS.
4.2.5 Avaliação Comportamental - Aplicação e análise estatística dos
questionários
A mesma estrutura do questionário aplicado na UBS Vila Esperança foi utilizada na
unidade Milho Branco. Assim sendo, o foco também foi direcionado para dois tipos de
usuários: pacientes e acompanhantes (usuários externos) e profissionais ativos no
espaço construído (usuários internos). Os agentes comunitários de saúde da UBS Milho
Branco, devido às atividades por eles exercidas em sua maior parte acontecerem
externamente à edificação, não participaram das entrevistas. Aplicou-se o questionário
em 35 usuários externos e em 09 dos 11 profissionais em atividade interna na atual
gestão.
A primeira questão, a qual verifica de maneira mais abrangente, o grau de
satisfação com a UBS, não foca nenhuma questão especifica como arquitetura, conforto
ambiental ou humanização. Porém, o grau de satisfação com a unidade apresentou valor
percentual semelhante entre os dois tipos de usuários. A diferença em destaque neste
caso foi a insatisfação por parte dos usuários externos pela opção de não responder dos
usuários internos como é possível verificar analisando o gráfico abaixo (Figura 4.57).
Figura 4.57: Gráfico do nível de satisfação com a UBS Milho Branco.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
129
Detecta-se também neste primeiro gráfico, uma diferença marcante no percentual
de usuários internos satisfeitos com esta unidade (44%) em relação à UBS Vila
Esperança analisada anteriormente (100%).
No que se refere ao conforto térmico no interior da unidade, apesar de 54% dos
usuários externos considerarem os ambientes bem ventilados, não se pode afirmar que
este ambiente esteja em condições satisfatórias neste quesito. De acordo com a
avaliação comportamental aqui aplicada, é considerável comprometedor o percentual de
33% de insatisfação dos usuários internos e 29% dos usuários externos (Figura 4.58).
Figura 4.58: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à ventilação dos ambientes.
Confirma-se o fato supracitado através da questão seguinte, ilustrada no gráfico
abaixo (Figura 4.59), onde 55% dos usuários internos e 54% dos usuários externos
afirmaram que a utilização de ventiladores não é eficiente durante o verão. O ambiente
mais criticado neste aspecto foi a sala de espera, conforme explicitado durante as
entrevistas.
Como visto na avaliação técnico-construtiva, a maioria das janelas e uma das
folhas de abertura da porta não podem permanecer abertas, devido a defeitos detectados
nestas esquadrias. Atualmente, este ambiente é equipado apenas com um ventilador de
teto, onde sem o auxílio da ventilação natural, este não se torna eficiente.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
130
Figura 4.59: Gráfico sobre utilização e eficiência dos ventiladores nos ambientes.
Ao avaliar a satisfação dos usuários no que se refere à iluminação dos ambientes
internos, verificou-se que o grau de satisfação dos usuários internos é menor que a dos
externos. É claro que o maior tempo de permanência na UBS, aliada às atividades
ocupacionais que necessariamente despedem de atenção e concentração, influenciam
diretamente numa maior exigência da qualidade de iluminação (natural ou artificial) dos
ambientes por parte dos profissionais em saúde.
Entretanto, esta unidade é considerada satisfatória quando se trata da percepção
dos usuários pelo conforto lumínico, uma vez que apenas 11% dos usuários internos e
8% dos usuários externos acreditam que os ambientes não são bem iluminados, como
demonstrado no gráfico abaixo (Figura 4.60).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
131
Figura 4.60: Gráfico sobre o grau de satisfação quanto à iluminação dos ambientes.
Como visto anteriormente na avaliação comportamental da UBS Vila Esperança,
partir da questão n
o
. 06, o questionário é diretamente focado ao conforto acústico dos
ambientes da unidade. Verificando o comprometimento acústico da unidade em relação
aos ruídos externos, a percepção e incômodo foram novamente destacados pelos
usuários internos da UBS Milho Branco (Figura 4.61), tanto por uma questão cultural,
quanto pelo tempo de permanência, aliado à concentração necessária para a execução
de atividades ocupacionais.
Devido à localização dos consultórios, como visto nas avaliações física e
técnico-construtiva, o ruído de maior incômodo e percepção dos usuários internos foi o
emitido pelos estudantes do colégio situado ao lado da unidade. Segundo os usuários, a
escola em si não é uma fonte de ruídos. Os sons incômodos produzidos pelos alunos
acontecem durante a passagem ou permanência destes na rua, próximos aos horários de
entrada e saída da instituição educacional.
Apontou-se também que, esporadicamente, veículos pesados interferem
acusticamente neste ambiente, uma vez que a rua a qual está localizada a unidade faz
parte do trajeto da linha de ônibus que atende o bairro.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
132
Figura 4.61: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído externo.
Assim como detectado na UBS Vila Esperança, anteriormente analisada, o ruído
interno de maior enfoque foi dado pelo próprio som emitido pelas pessoas na sala de
espera, além do emitido pela central de ar comprimido localizada no interior da sala de
nebulização. Através do gráfico abaixo (Figura 4.62) percebe-se como o ruído
(principalmente o emitido na sala de espera) afeta mais os usuários internos que os
externos.
Figura 4.62: Gráfico sobre a percepção e incomodo quanto ao ruído interno.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
133
No gráfico abaixo (Figura 4.63) foi exposto se o usuário acredita se existe alguma
solução para solucionar ou amenizar os ruídos recebidos ou emitidos pela unidade de
saúde. Assim como ocorrido na análise da unidade de Vila Esperança, mesmo quando os
usuários externos acreditavam que era possível solucionar esta questão, estes não
sabiam detectar qual o tipo de solução poderia ser aplicada. Neste caso, a solução
apontada com maior destaque para a solução dos ruídos na UBS, foi a conscientização
das pessoas na sala de espera e locação adequada da central de ar-comprimido utilizada
na sala de nebulização.
Figura 4.63: Gráfico sobre a opinião sobre a solução para questão do ruído.
A questão seguinte é relacionada à privacidade da fala dentro dos consultórios,
atuando tanto como receptor quanto fonte sonora. Considerando o consultório como
receptor ao ruídos, as perguntas objetivaram identificar qual a possibilidade de se ouvir
algum ruído externo, qual o grau de incômodo e se este ruído é amenizado quando se
fecham portas ou janelas. Avaliando o mesmo como fonte sonora, verificou-se a relação
do ambiente interno com corredores e salas vizinhas.
Através da Figura 4.64, verifica-se novamente uma maior percepção dos ruídos por
parte dos usuários internos, sendo 44% detectados por estes e 23% pelos usuários
externos. Dos 44% dos usuários que identificaram ruídos externos aos consultórios,
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
134
metade os consideram de baixo incômodo e a outra metade como regular. Ao contrário
de vila Esperança, quando se questionou se a percepção dos ruídos diminuía quando se
fechava janelas e portas, nenhum dos usuários internos colocaram como uma grande
eficiência. Além disto, 22% destes usuários acreditam que, mesmo com o procedimento
acima este ruído não é amenizado.
Figura 4.64: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como receptor sonoro.
Novamente, é acentuada a diferença entre as percepções dos usuários internos e
externos como é demonstrada através do gráfico abaixo (Figura 4.65), onde 55% dos
usuários internos acreditam ser comprometida a privacidade da fala no interior dos
consultórios, estando uma pessoa localizada no corredor. No caso dos usuários externos,
apenas 17% acreditam ser possível uma pessoa do lado de fora escutar o que se diz
dentro dos consultórios. Os dois tipos de usuários apontaram o corredor como o único
local de possível escuta, considerando satisfatórios o isolamento acústico entre
consultórios.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
135
Figura 4.65: Gráfico sobre a privacidade da fala nos consultórios atuando como fonte sonora.
Buscando enfocar a questão da inteligibilidade da palavra falada, questionou-se a
necessidade do usuário em aumentar o nível de intensidade sonora da voz para ser
compreendido. A partir deste momento, as questões foram direcionadas a ambientes
específicos tais como a sala de nebulização, sala de odontologia e área de recepção e
espera.
O setor de nebulização da unidade de Milho Branco apresenta ruído considerado
de alto grau de incômodo para 67% de seus usuários internos. Já os que consideram
este ruído como de baixo incômodo totalizam-se em 11%, restando 22% para os que
acreditam não ser incomodados pelo ruído produzido naquele ambiente.
Os usuários internos que consideram o ruído da sala de nebulização como elevado
e baixo incômodo totalizam-se em 78%. Mesmo assim apenas 22% afirmam que existe
melhoria na condição acústica quando o ambiente é fechado por portas ou janelas.
Percebe-se também, através do gráfico demonstrado na Figura 4.66) a necessidade de
45% dos usuários internos em elevar excessivamente o nível de intensidade sonora da
voz para efetuar a comunicação verbal neste local.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
136
Figura 4.66: Gráfico sobre avaliação acústica da sala de nebulização.
Assim como em Vila Esperança, grande parte dos usuários externos entrevistados
não responderam esta pergunta, seja por nunca utilizar este serviço ou por não perceber
qual é o ruído específico produzido naquele ambiente. Outros, no entanto, mostraram-se
mais tolerantes com o ruído ali emitido.
Na sala de odontologia, não foi detectado nenhum problema acústico em especial.
Se por um lado 22% dos usuários internos percebem ruído incômodo neste ambiente,
apenas 11% afirmam este ruído ser de alto comprometimento em relação à
inteligibilidade da palavra falada (Figura 4.67).
É importante destacar novamente que o compressor do equipamento odontológico
situa-se corretamente locado ao exterior da unidade. Entretanto, determinados ruídos,
como por exemplo, o produzido pelo atrito de uma broca odontológica em um dente, é,
até então, praticamente impossível de ser eliminado.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
137
Figura 4.67: Gráfico sobre avaliação acústica do consultório odontológico.
O setor de recepção e espera, como analisado anteriormente através das
avaliações físicas e técnico-construtivas, foi considerado ambiente acusticamente crítico
tanto para os usuários internos, quanto para os externos entrevistados. Houve também
nesta questão, a menor diferença de percepção entre estes dois tipos de usuários.
Através do gráfico abaixo (Figura 4.68), verifica-se que 45% dos usuários internos e 37%
dos usuários externos consideram o ruído ali produzido como de alto incômodo.
Mostra também que 66% dos usuários externos acreditam não existir nenhuma
melhoria acústica quando fecham-se portas ou janelas. As respostas obtidas da última
questão relacionada deste ambiente levaram a conclusão de ser necessário elevar
consideravelmente o nível de intensidade sonora da voz para boa compreensão da
palavra falada, principalmente por parte dos usuários internos atuantes no setor de
recepção.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
138
Figura 4.68: Gráfico sobre avaliação acústica da área de recepção e espera.
4.2.6 Análise dos dados coletados e propostas de soluções acústicas.
Assim como realizado na UBS Vila Esperança, antes de efetuar uma análise geral
da unidade de Milho Branco, é necessário analisar três setores de maior enfoque dos
dados destacados tanto na avaliação física quanto na comportamental. São estes: o setor
de recepção e espera, a sala de nebulização e os consultórios clínicos.
a) Recepção e espera:
Na área de recepção e espera, nos períodos da manhã e da tarde, através de
medições com decibelímetro para a avaliação física, constatou-se um elevado nível de
pressão na área de espera da unidade. Verificou-se também uma insatisfação por parte
dos usuários (internos e externos) no que se refere à qualidade acústica do ambiente.
Entretanto, foi verificado também na avaliação técnico-construtiva que o tipo de
esquadrias aliado a falta de manutenção das mesmas, acarretaram no comprometimento
não somente do conforto acústico, mas também no conforto térmico do ambiente.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
139
Com níveis de pressão sonora muitas vezes superiores a 75 dB
(A)
neste setor,
sugere-se não somente um processo de reeducação dos usuários, mas, principalmente
uma adequação acústica desta sala. Assim sendo, verificou-se o tempo de reverberação
deste local, pois as atividades exercidas neste local dependem também de uma boa
compreensão da palavra falada.
Ao realizar este cálculo para a sala de espera, simulou-se ¾ de cadeiras ocupadas
e a atual situação das aberturas, ou seja, apenas uma janela parcialmente aberta e
60 cm de abertura da porta de entrada. Como o enfoque dado neste caso é o
condicionamento acústico para a faixa de freqüência da palavra falada, o calculo foi
realizado para freqüências entre 500Hz e 2000Hz, conforme verificado na tabela abaixo
(Figura 4.69). Como verificado na tabela de Beranek, o TR ideal em 500 Hz para é igual a
0,7 segundos para a palavra falada em um volume abaixo de 250 m
3
.
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
22.27
0.01 0.02 0.22 0.45
Porta entrada - vidro (fonte: General Building Materi
a
2.52
0.1 0.07 0.25 0.18
Porta entrada - Vão de abertura (passagem)
1.26
1.00 1.00 1.26 1.26
Janela aberta
0.24 1.00 1.00 0.24 0.24
Janela fechada
3.28 0.1 0.02 0.33 0.07
Porta de acesso aos banheiros (aberta)
1.89 1.00 1.00 1.89 1.89
Porta (1) - madeira
1.89 0.06 0.1 0.11 0.19
Teto - laje + massa pintada
22.27 0.02 0.02 0.45 0.45
Paredes - alvenaria pintada
39.9 0.02 0.02 0.80 0.80
Adulto em pé
1 0.44 0.46 0.44 0.46
Cadeira de plástico rígido, vazias - unidade
5 0.09 0.11 0.45 0.55
Cadeiras ocupadas - unidade
12 0.44 0.46 5.28 5.52
Quadro de feltro 1 (90X60cm)
1.14 0.18 0.55 0.21 0.63
Armário em metal
2.52 0.1 0.08 0.25 0.20
SOMATÓRIOS
117.18 12.18 12.87
a
m
(
n
S
a
/
n
S)
0.10 0.11
Figura 4.69: Tabela de cálculo do TR da atual situação da sala de espera.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
140
Para o cálculo do TR, a partir do valor do coeficiente médio de absorção sonora
(α
m
) encontrado em cada freqüência, são utilizadas as fórmulas de Sabine (α
m
< 0,30) ou
Eyring (α
m
> 0,30):
α
m500
= 0,10 < 0,30 Equação de Sabine
α
m2000
= 0,11 < 0,30 Equação de Sabine
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 62,36) Æ 0,83 segundos em 500 Hz
12,18
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido de 0,83 s excede o limite de
tolerância de 10%, a sala é considerada reverberante nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
2000
= (0,161 . 62,36) Æ 0,78 segundos em 2000 Hz
12,87
Como o TR ideal é de 0,7 s em 2000 Hz e o TR obtido de 0,78 s ultrapassa o limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada reverberante também nesta freqüência.
Sabe-se que com a inserção de materiais absorventes acústicos, o tempo de
reverberação irá reduzir. A promoção de aberturas irá, neste caso, aumentar a
quantidade em área de absorção sonora, diminuindo também a intensidade sonora local.
Além disto, solucionará também a questão da deficiência do conforto térmico em prol da
falta de ventilação natural.
A partir de uma suposta manutenção na porta de acesso, de forma a promover uma
abertura de 1,20 m, como era originalmente e a troca das esquadrias por outras que
permitem abrir 50% do vão envidraçado, teremos o seguinte cálculo (Figura 4.70).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
141
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
22.27
0.01 0.02 0.22 0.45
Porta entrada - vidro (fonte: General Building Materi
a
1.26
0.1 0.07 0.13 0.09
Porta entrada - Vão de abertura (passagem)
2.52
1.00 1.00 2.52 2.52
Janela aberta
1.76 1.00 1.00 1.76 1.76
Janela fechada
1.76 0.1 0.02 0.18 0.04
Porta de acesso aos banheiros (aberta)
1.89 1.00 1.00 1.89 1.89
Porta (1) - madeira
1.89 0.06 0.1 0.11 0.19
Teto - laje + massa pintada
22.27 0.02 0.02 0.45 0.45
Paredes - alvenaria pintada
39.9 0.02 0.02 0.80 0.80
Adulto em pé
1 0.44 0.46 0.44 0.46
Cadeira de plástico rígido, vazias - unidade
5 0.09 0.11 0.45 0.55
Cadeiras ocupadas - unidade
12 0.44 0.46 5.28 5.52
Quadro de feltro 1 (90X60cm)
1.14 0.18 0.55 0.21 0.63
Armário em metal
2.52 0.1 0.08 0.25 0.20
SOMATÓRIOS
117.18 14.68 15.53
a
m
(
n
S
a
/
n
S)
0.13 0.13
Figura 4.70: Tabela de adequação acústica do TR da sala de espera.
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 75,23) Æ 0,68 segundos em 500 Hz
14,68
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido de 0,68 s está dentro do limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada satisfatória nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
2000
= (0,161 . 75,23) Æ 0,65 segundos em 2000 Hz
15,53
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500Hz e o TR obtido de 0,65 s está dentro do limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada satisfatória nesta freqüência.
Pode-se concluir que com apenas a manutenção das portas juntamente com a
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
142
troca de esquadrias atualmente danificadas por outras que possibilitem melhor
condicionamento acústico e térmico, é possível transformar a atual sala de recepção e
espera numa situação acústica ideal para o exercício das atividades propostas para este
espaço.
b) Sala de nebulização
A sala de nebulização foi considerada como um dos ambientes mais críticos da
UBS Milho Branco. Surpreendentemente, a central hospitalar adotada nesta unidade
emitiu níveis sonoros de ruído inferiores que os emitidos pelos equipamentos residenciais
utilizados em Vila Esperança. Porém através de percepção empírica, constatou-se que o
ruído produzido pela central hospitalar tem freqüência mais baixa que os aparelhos
residenciais, podendo haver diferença nas sensações de desconforto.
Com L
Aeq
encontrado da central de ar-comprimido igual a 76 dB(A), a sala de
nebulização da unidade de Milho Branco também foi considerada desconfortável
acusticamente, uma vez que, para qualquer situação ou atividade, acima de75 dB
(A) o
ruído passa a ser agente de desconforto.
Sabe-se que já é previsto e construído um local para abrigar este equipamento,
mas este não foi devidamente instalado pela simples falta de tubulação adequada.
Analisando esta situação, mesmo com a instalação do equipamento no local previsto, é
proposto neste estudo a inversão do acesso ao compressor, passando a ser pelo lado
externo à unidade (Figura 4.71).
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
143
Figura 4.71: Nova proposta para o local que abriga a central de ar-comprimido da nebulização.
Esta proposta baseia-se no fato do ruído se propagar pelas frestas da porta de
acesso ao equipamento, levando o ruído novamente ao corredor que dá acesso para a
recepção da UBS. A fim de reduzir a propagação dos ruídos de impacto pelo piso,
propõe-se, também, locar o equipamento sobre uma base de neopreme de 15 mm.
c) Consultórios clínicos
Os consultórios clínicos da UBS Vila Esperança são ambientes onde a qualidade
acústica é comprometedora. Não se trata do condicionamento acústico deste ambiente,
nem da privacidade da fala em relação a outros consultórios. Mas assim como detectado
na unidade de Vila Esperança, o maior problema encontrado foi quando os consultórios
foram considerados como receptores de ruídos externos à unidade de saúde.
No caso de Milho branco, o ruído urbano que afeta os consultórios é proveniente de
veículos coletivos (ônibus) e estudantes do colégio localizado ao lado da UBS. O ruído
produzido pelos ônibus não tem horário específico, ao contrário do emitido pelos
SITUAÇÃO ATUAL
PROPOSTA
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
144
estudantes, que em sua maior parte acontece durante os horários de entrada e saída das
aulas.
Nesta atual situação, uma proposta para proteção acústica dos consultórios em
relação aos ruídos externos seria a substituição do atual muro de placas de concreto que
delimita a unidade, por outro, em blocos de concreto preenchidos com areia, objetivando
maior isolamento sonoro através do aumento da massa específica do material. Torna-se
necessário também um prolongamento na altura da atual barreira em relação ao muro
anterior (Figura 4.72).
Figura 4.72: Proposta de inserção de barreira acústica para a UBS Milho Branco.
É claro que isto seria uma proposta paliativa, pois o ideal seria localizar ambientes
que necessitam de maior concentração e privacidade acústica, em locais de menor ruído
urbano, ou seja, na fachada posterior a esta fonte de ruídos. Neste caso seria necessário
um novo estudo para locação do bloco de atendimento clínico, até mesmo uma nova
proposta de locação dos blocos.
Capítulo 4 - Estudos nas Unidades de Saúde
145
Mesmo considerando que, por exemplo, a área de recepção e espera necessite da
mesma qualidade acústica que os consultórios, deve-se ponderar que por toda a
extensão do bloco de atendimento clínico esta exigência acústica é essencial, tanto pela
privacidade acústica, quanto pela alta concentração exigida para execução dos serviços
ali realizados. Cabe, portanto, hierarquizar os ambientes de acordo com a utilização, área
e demanda.
Porém, isto se torna utópico por se tratar de uma unidade adaptada. A partir da
análise e estudo de soluções acústicas para esta situação, verifica-se que uma
construção oriunda de sucessivas reformas e ampliações acarreta uma série de
impedimentos e limitações.
Capítulo 5 – Considerações Finais
146
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo foi possível verificar a importância da qualidade acústica nos
ambientes que compõe uma Unidade Básica de Saúde. Avaliou-se as construções em si,
analisando a relação com o entorno imediato e os ambientes entre si. Foram feitas
avaliações físicas através de medições acústicas dos ambientes os quais foram
enfatizados posteriormente pelos usuários das unidades através da avaliação
comportamental realizada.
Na análise comportamental, foi destacada a percepção da situação sonora pelos
usuários das duas unidades. Verificou-se o mesmo valor percentual de usuários internos
que detectam ruído incômodo (89%), tanto na unidade de Milho branco, quanto na de Vila
Esperança. Esta semelhança também foi atestada a partir da percepção dos usuários
externos, onde 57% não detectam ruídos incômodos em ambas as UBS’s analisadas.
Através deste tipo de análise, atestou-se também, a diferença do grau de satisfação
entre as duas unidades, apesar destas terem concepções projetuais semelhantes. A
diferenciação entre as duas unidades é o fato da UBS Vila Esperança, a qual teve 100%
de satisfação por parte dos usuários internos, ser originada de um único projeto o qual foi
praticamente executado em sua totalidade. A UBS Milho Branco, a qual se caracteriza
por ser produto de uma seqüência de reformas e ampliações, sofreu a não execução de
ambientes determinados no último projeto e a substituição de alguns materiais, por
questões de ordem financeira. Certamente, estes fatores contribuíram para que o grau de
satisfação com a qualidade acústica da unidade não chegasse a 45% dos usuários
internos.
Ainda referindo-se à análise comportamental realizada, cabe ressaltar que, nas duas
unidades estudadas, não fora detectado nenhum tipo de problema auditivo, desconforto
após a jornada de trabalho ou uso de medicamentos específicos por parte dos usuários
internos, conforme colocado nas questões específicas para os mesmos.
O setor de recepção e espera foi considerado um dos ambientes mais complexos
deste tipo de edificação. Um condicionamento acústico que promova uma adequada
Capítulo 5 – Considerações Finais
147
inteligibilidade da palavra falada e níveis de ruído apropriados para este ambiente torna-
se necessário para a acuidade na execução das atividades exercidas. Atividades estas,
que podem comprometer o atendimento geral de uma unidade ou até a saúde de seus
usuários, uma vez que neste setor é feita a primeira triagem, direcionamento de pessoal
e até encaminhamento para requisição de medicamentos.
Na unidade de Milho branco foi possível verificar que, com um esboço de
humanização do espaço, através da instalação de um aparelho de TV, foi possível
promover o entretenimento dos usuários externos, diminuindo o ruído produzido por
conversas e eventuais exaltações por parte destes. Mesmo assim, a qualidade acústica
encontra-se deficiente, principalmente pela falta de manutenção em esquadrias da
edificação e o tipo destas adotadas na execução da obra, comprometendo também o
conforto térmico deste espaço.
Viu-se também a importância do estudo da localização dos ambientes internos em
função da prioridade da necessidade de privacidade em relação aos outros ambientes
internos e ao meio externo. Muitas vezes, isto só é viável, se previsto no projeto, sendo
limitado este tipo de alteração em um edifício existente, principalmente em EAS, onde as
instalações ordinárias definem espaços de trabalhos. Citando novamente a UBS Milho
Branco, a situação em que se encontram os consultórios em relação ao ruído urbano
afirma contundentemente esta limitação, através da própria limitação de proposta para
este setor, contida neste estudo.
Independente do local a ser instalada uma UBS, setores que necessitam de
equipamentos ruidosos, tais como consultório odontológico e sala de nebulização,
deverão prever impreterivelmente locais isolados acusticamente para abrigar estes
equipamentos. No caso das salas de nebulização, mesmo sendo apenas uma pessoa
responsável por este setor, usual nas duas unidades analisadas, constatou-se um
elevado percentual de usuários internos que consideram incômodos os ruídos emitidos
por este equipamento. Estes dados confirmam, não só o grau de desconforto acústico
neste ambiente, mas, como este pode interferir nas atividades exercidas em outros
setores vizinhos.
Capítulo 5 – Considerações Finais
148
Os setores, os quais foram identificadas as maiores exigências por qualidade
acústica (recepção, espera, consultórios e nebulização), tanto pelos usuários das
unidades estudadas, como pelas atividades exercidas em cada ambiente, são igualmente
identificados no estudo das duas UBS’s. Por esta constatação da investigação, é possível
extrapolar e afirmar que as exigências por qualidade acústica destes ambientes não são
específicas das unidades pesquisadas, mas apresentadas em qualquer EAS. Neste caso,
o ambiente construído, para atender aos procedimentos de saúde aponta dados que
afetam a questão da saúde como um todo, isto é, do seu procedimento e não só do
trabalho.
Ao final do trabalho, pode-se afirmar que a pesquisa, apesar de conclusiva aponta
para a necessidade de novas observações em unidades de saúde com complexidade
diferenciada em níveis de tecnologia e prestação de serviço distinto. Cabe assim indagar
se esta análise em UBS pode ser elevada para outras edificações da saúde em níveis
secundários e terciários, isto é, clínicas especializadas e hospitais.
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149
R
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PENNA, Ana Claudia Meirelles; RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Ambiente Construído e
Promoção da Saúde. Revista PROPEC-IABMG, Belo Horizonte, n. 1, 2004. Disponível
em: <http://www.iabmg.org.br/revistapropec/home.htm>. Acesso em 12/04/2005.
Anexos
154
ANEXOS
Anexos
155
Anexo – 1: Questionário aplicado nas UBS’s para avaliação
comportamental
Anexos
156
QUESTIONÁRIO UNIDADE__________________________________________________DATA_____________
- Este questionário faz parte de um trabalho de mestrado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ) para avaliar as condições de conforto acústico de estabelecimentos assistenciais de saúde.
- Sua contribuição é importante para a conclusão da dissertação de mestrado que abordará as características acústicas
essenciais para projetos de edificações na área de saúde.
- Obrigado pela participação!
A identificação é opcional;
Quando você não sentir confortável ao responder a alguma das questões, DEIXE EM BRANCO;
Comentários e sugestões poderão se feitos ao final do questionário;
INFORMAÇÕES BÁSICAS DO ENTREVISTADO
Nome (opcional): ____________________________________________________________________________
Idade: ( ) 16 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos ( ) 41 a 60 anos ( ) acima de 61anos
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Instrução: ( ) Fundamental ( ) Superior ( ) Outro __________________________
Usuário: ( ) Paciente ( ) Acompanhante ( ) Médico ( ) Enfermeiro ( ) Outro __________________
1 - VOCÊ ESTÁ SATISFEITO COM ESTA UNIDADE DE SAÚDE?
( ) Não ( ) regular ( ) sim Por quê? ____________________________________________
2 - OS LOCAIS ONDE ESTÃO DISPOSTOS OS CONSULTÓRIOS, RECEPÇÃO, SALAS, BANHEIROS LHE AGRADA?
( ) Não ( ) regular ( ) sim Por quê? ____________________________________________
3 - VOCÊ ACHA QUE OS AMBIENTES SÃO BEM VENTILADOS?
( ) Não ( ) regular ( ) sim Por quê? ____________________________________________
4 - VOCÊ ACHA QUE OS AMBIENTES SÃO BEM ILUMINADOS?
( ) Não ( ) regular ( ) sim Por quê? ____________________________________________
5 - EM ALGUM AMBIENTE DESTA UNIDADE DE SAÚDE, É UTILIZADO VENTILADORES?
( ) Não ( ) Sim
Se sim, em qual ambiente? __________________________________________________________________
São suficientes para refrescar no verão? ( ) Sim ( ) Não
6 - DENTRO DESTA UNIDADE DE SAÚDE, VOCÊ ESCUTA O BARULHO DA RUA (TRÂNSITO, VIZINHOS)?
( ) Não ( ) Sim
Incomoda? ( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
O que mais incomoda?
____________________________________________________________________
Há um horário específico? Qual?______________________________________________________________
7 - EXISTE ALGUM RUÍDO OU BARULHO QUE LHE INCOMODA NESTA UNIDADE DE SAÚDE?
( ) Não ( ) Sim
Qual? ______________________ Aonde? ______________________________________________________
Há um horário específico? Qual? _____________________________________________________________
8 – VOCÊ ACHA QUE EXISTE ALGUMA SOLUÇÃO PARA A QUESTÃO DO RUÍDO OU BARULHO?
( ) Não ( ) Sim
Qual? ____
________________________________________________________________________________
Anexos
157
9 - DENTRO DE CONSULTÓRIOS, VOCÊ ESCUTA VOZES DE UMA SALA VIZINHA, APARELHOS OU OUTROS
RUÍDOS?
( ) Não ( ) Sim Incomoda? ( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
Por quê? _________________________________________________________________________________
Fechando a janela ou porta, melhora? ( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
10 – QUANDO DENTRO DE UM CONSULTÓRIO, VOCÊ ACHA QUE ALGUÉM DO LADO DE FORA (CORREDOR OU
OUTRA SALA) PODE ESCUTAR O QUE VOCÊ DIZ?
( ) Não ( ) Sim
Por quê? _________________________________________________________________________________
Em qual sala você acha que isto acontece?
____________________________________________________
11 – NA SALA DE NEBULIZAÇÃO, EXISTE ALGUM BARULHO QUE INCOMODA?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
Qual? ____________________________________________________________________________________
Fechando a janela ou porta, melhora?
( ) Não ( ) Sim
Você precisa falar mais alto para ser compreendido?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
12 – NA SALA DE ODONTOLOGIA, EXISTE ALGUM BARULHO QUE INCOMODA?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
Qual?
____________________________________________________________________________________
Fechando a janela ou porta, melhora?
( ) Não ( ) Sim
Você precisa falar mais alto para ser compreendido?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
13 – NA SALA DE GRUPOS, EXISTE ALGUM BARULHO QUE INCOMODA?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
Qual? ____________________________________________________________________________________
Fechando a janela ou porta, melhora?
( ) Não ( ) Sim
Você precisa falar mais alto para ser compreendido?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
14 – NA SALA DE RECEPÇÃO, EXISTE ALGUM BARULHO QUE INCOMODA?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
Qual?
____________________________________________________________________________________
Fechando a janela ou porta, melhora?
( ) Não ( ) Sim
Você precisa falar mais alto para ser compreendido?
( ) Não ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Muito
15 – VOCÊ ACHA QUE O RUÍDO OU BARULHO CONSTANTE CAUSA PROBLEMAS?
( ) Não ( ) Sim
Que tipo de problemas?
( ) Irritação ( ) Fadiga ( ) Insônia ( ) Stress ( ) Outros ___________________________
16 – EXISTE ALGUMA SUGESTÃO OU COMENTÁRIO QUE GOSTARIA DE ACRESCENTAR?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Anexos
158
A PARTIR DE AGORA, AS PERGUNTAS DESTE QUESTIONÁRIO DEVERÃO SER RESPONDIDAS
SOMENTE POR AQUELES QUE TRABALHAM NESTA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE (UBS).
1. INFORME A SUA PROFISSÃO E LOCAL DE TRABALHO DENTRO DESTA UNIDADE:
_______________________________________________________________________________________
2. QUAL SUA JORNADA DE TRABALHO?
____________ DIAS POR SEMANA
____________ HORAS POR DIA
3. HÁ QUANTO TEMPO TRABALHA NESTE LOCAL?
________________
Sempre no mesmo setor? ( ) Não ( ) Sim
4. JÁ TRABALHOU EM OUTRO LOCAL? ( ) Não ( ) Sim
Qual? _____________________ Por quanto tempo?_________
5. EXERCE ATIVIDADE COM EXPOSIÇÃO A ALGUM RUÍDO?
( ) Não ( ) Sim
Qual?______________________________________________Qual freqüência? ______________________
6. TEM QUEIXA AUDITIVA? (PERDA AUDITIVA, OTALGIA, SUPURAÇÃO, SENSAÇÃO DE PLENITUDE
AURICULAR, DESCONFORTO A SONS INTENSOS, ZUMBIDO, TONTURA)
_______________________________________________________________________________________
7. TEM DIFICULDADES AUDITIVAS FORA DO AMBIENTE DE TRABALHO? (RÁDIO/TV, TELEFONE,
CONVERSAÇÃO, EM PRESENÇA DE RUÍDO). ALGUÉM RECLAMA QUANTO AO VOLUME DA TV,
RÁDIO OU O SEU PRÓPRIO TOM DE VOZ?
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
8. APRESENTA ALGUM DESCONFORTO AUDITIVO APÓS A JORNADA DE TRABALHO?
_______________________________________________________________________________________
9. TOMA OU TOMOU MEDICAMENTOS? QUAIS?
_______________________________________________________________________________________
Anexos
159
Anexo – 2: Análise acústica dos corredores de acesso aos
consultórios da UBS Vila Esperança
Anexos
160
Outra situação não apontada pelos usuários, mas verificada na avaliação
técnica-construtiva, foi a predominância de materiais reflexivos nos corredores de acesso
aos consultórios, podendo tornar o ambiente reverberante. Esta situação pode ser
confirmada através do cálculo do tempo de reverberação abaixo. Também foram
consideradas as faixas de freqüências relacionadas à fala, uma vez que este é o tipo de
ruído predominante neste local.
SUPERFÍCIES - MATERIAIS
S
a
S.
a
(m2) 500 2000 500 2000
Piso - Granilite
27.28
0.01 0.02 0.27 0.55
Vão de abertura de acesso à recepção
3.84
1.00 1.00 3.84 3.84
Vão de abertura de acesso à copa
3.84
1.00 1.00 3.84 3.84
Guichê esterilzação 0.25 1.00 1.00 0.25 0.25
Porta de acesso externo (aberta) 1.89 1.00 1.00 1.89 1.89
Portas salas - madeira 18.06 0.06 0.1 1.08 1.81
Teto - laje + massa pintada 27.28 0.02 0.02 0.55 0.55
Paredes - alvenaria pintada 8.41 0.02 0.02 0.17 0.17
Adulto em 2 0.44 0.46 0.88 0.92
Barra de madeira (13cm) sobre alvenaria
1.26 0.05 0.04 0.06 0.05
SOMATÓRIOS
94.11 12.83 13.86
a
m
(
n
S
a
/
n
S)
0.14 0.15
Tabela de cálculo do TR do corredor de acesso aos consultórios.
Em 500 Hz:
TR
500
= (0,161 . 76,39) Æ 0,96 segundos em 500 Hz
12,83
Como o TR ideal é de 0,7 s em 500 Hz e o TR obtido de 0,96 s está acima do limite
de tolerância de 10%, a sala é considerada reverberante nesta freqüência.
Em 2000 Hz:
TR
500
= (0,161 . 76,39) Æ 0,89 segundos em 500 Hz
13,86
Como o TR ideal é de 0,7 s em 2000 Hz e o TR obtido de 0,89 s está acima do
limite de tolerância de 10%, a sala também é considerada reverberante nesta freqüência.
Mesmo ultrapassando os níveis aceitáveis da tabela de Beranek (Figura 2.22), é
relevante considerar que este ambiente é um espaço de transição, ou seja, não é um
Anexos
161
local de permanência. Portanto não existe uma necessidade de precisão no
condicionamento acústico para a inteligibilidade da palavra falada. A adequação acústica
sugerida neste caso é a instalação de forro acústico no teto do corredor, com a finalidade
de absorver parte do ruído ali produzido, minimizando sua transmissão para o interior dos
consultórios.
Anexos
162
Anexo – 3: Planta baixa do último projeto de reforma e ampliação da
UBS Milho Branco
Livros Grátis
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