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7º Poésies relatives à des matières politques, et toutes de sa main. L’esprit en
est aussi mauvais que celui des précédentes; mais elles sont remplis de verve et de
véritable talent. Les observations précédentes leur sont entièrement applicables.
8º Essai d’un poème épique, intitulé Joaneida. Le sujet de cet ouvrage serait
l’expulsion des hollandais qui s’étaient rendus maîtres, au commencement du XVII
e
siècle, de tout le nord du Brésil. Les premières stances font allusion à la vie passée et
à l’existence actuelle de Saldanha. Elles respirent un esprit de faction et de haine
contre le parti vainqueur dans la dernière guerre civile du Brésil. Enfin, on a trouvé
dans les papiers de Saldanha un petit poème imprimé à Lisbonne, et dont l’esprit
politique est excellent.
On voit par cette analyse, que les papiers de quelque importance dont Saldanha
était muni, sont restés en Angleterre ou à New York. Il me semble qu’on pourrait lui
rendre tous ceux qui ont passé sous mes yeux; et qu’en adoptant même le systême de
plus sevère, on ne pourrait garder que la liasse cotées 6 et 7, le plan de la tragédie
d’Atahualpa et la Joaneida. Paris, le 8 février 1825.” (RANGEL, 1926, p.48-53)
Livre finalmente das perseguições na França, Natividade Saldanha segue para a
Inglaterra “no dia 12 de fevereiro de 1825, às 9 horas da manhã, no paquete ‘La Furie’, nome,
no caso, de grande significação e propriedade” (Ibidem, p.54). Lá se achava Paes de Andrade,
“chefe da insurreição fracassada.” Antes disso, lembra Brito Broca, o poeta não provia de
recursos para sua partida e, assim, recorreu a alguns brasileiros residentes em Paris e obteve a
quantia necessária. O cronista não nos informa quem seriam esses compatriotas, mas Argeu
Guimarães, em Vida e morte de Natividade Saldanha, nos presta maiores esclarecimentos.
Diz ele:
A França lhe recusava a acariciada hospitalidade. Sem dinheiro, sem documentos,
era obrigado a seguir os tortuosos trilhos do exílio. A fina flor dos pernambucanos
residentes em Paris, num gesto de comovida solidariedade, abriu uma subscrição
para auxiliar a viagem, contribuindo para esse efeito o futuro Boa-Vista, seu irmão
Sebastião, depois ministro da guerra e veador; Maciel Monteiro, que seria mais tarde
barão de Itamaracá, ministro dos Estrangeiros, o galanteador do Império, o fino
diplomata e poeta mundano; Pedro de Araujo Lima, que um dia se chamaria
marquês de Olinda, ministro, senador, conselheiro da coroa, regente; o baiano
Sequeira Lima, falecido na Venezuela como encarregado de negócios do Brasil, e
outros e outros, de nobre descendência. Araujo Lima recolheu as quotas, adiantando
as dos colegas pobres... (GUIMARÃES, 1932, p.120-1)
Há ainda outro fato muito instigante no caso Natividade. Em Textos e pretextos,
Rangel lembra que o poeta, estando ainda em Paris, encontrou-se com o padre Tavares
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Francisco Muniz Tavares (1793-1876), sacerdote e político, atuou na Revolução Pernambucana de 1817. Foi
deputado na Corte de Lisboa em 1821 onde enfrentou forte oposição ao defender os interesses brasileiros.
Obrigado a fugir para a Inglaterra, só retornaria ao Brasil em 1822, ano da proclamação de nossa independência;
foi eleito no ano seguinte à primeira Assembleia Constituinte Brasileira, logo dissolvida por determinação de D.
Pedro I. Recusou-se a participar da Confederação do Equador e foi para a Europa estudar Teologia. Publicou
História da Revolução Pernambucana de 1817, em 1840.