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“Reações Adversas a Medicamentos: conhecimento e atitudes dos
profissionais de saúde em um hospital-sentinela de ensino”
por
Helena Carmen Guerra Pinheiro
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre
Modalidade Profissional em Saúde Pública.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Edais Pepe
Fortaleza, outubro de 2008.
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Esta dissertação, intitulada
“Reações Adversas a Medicamentos: conhecimento e atitudes dos
profissionais de saúde em um hospital-sentinela de ensino”
apresentada por
Helena Carmen Guerra Pinheiro
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Paulo Sérgio Dourado Arrais
Prof.ª Dr.ª Vera Lucia Luiza
Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Edais Pepe -
Orientadora
Dissertação defendida e aprovada em 13 de outubro de 2008.
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Serviço de Gestão Acadêmica - Rua Leopoldo Bulhões, 1.480, Sl. 317 – Manguinhos-RJ – 21041-210
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A U T O R I Z A Ç Ã O
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos
fotocopiadores.
Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2008.
________________________________
Helena Carmen Guerra Pinheiro
CG/Fa
iv
Catalogação na fonte
Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica
Biblioteca de Saúde Pública
P654r Pinheiro, Helena Carmen Guerra
Reações adversas a medicamentos: conhecimento e
atitudes dos profissionais de saúde em um hospital-sentinela
de ensino. / Helena Carmen Guerra Pinheiro. Rio de Janeiro:
s.n., 2008.
xviii, 85 p., tab., graf.
Orientador: Pepe, Vera Lúcia Edais
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio Arouca
1. Vigilância de Produtos Comercializados. 2. Sistemas de
Notificação de Reações Adversas a Medicamentos.
3. Vigilância Sanitária. 4. Hospita
is de Ensino.
5. Questionários. I. Título.
CDD - 22.ed. – 615.1
v
Dedico este trabalho,
Aos meus filhos, Caroline, Carine e Helmar Júnior,
para incentivá-los ao crescimento profissional.
vi
“O homem nasceu para aprender, aprender
tanto quanto a vida lhe permita.”
João Guimarães Rosa
vii
AGRADECIMENTOS
Abaixo de Deus, à Prof.ª Dr.ª Anamaria Cavalcante e Silva, pelo empenho na
concretização deste mestrado para a Região Nordeste e por me haver incentivado a fazê-
lo.
Às coordenadoras, Prof.ª Dr.ª Inês Mattos, Prof.ª Dr.ª Silvana Granado e Prof ª Dr
Elsie Kubrusly, pelo apoio na superação dos momentos difíceis vivenciados no
transcorrer do curso, sendo fundamental ao meu prosseguimento.
À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Edais Pepe, pelo acolhimento, paciência e
disponibilidade em contribuir para o êxito deste trabalho.
À Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, pela promoção e
financiamento deste curso.
A toda a minha equipe do Setor de Farmácia, do Hospital de pesquisa, pela ajuda e
como bons companheiros ...“durante o nevoeiro levaram o barco devagar”...
Aos professores Dr. Paulo César e Dr.ª Nadia Almeida, pela colaboração na definição
de pontos específicos dos procedimentos metodológicos no projeto de pesquisa.
À Veraci Queiroz, companheira de labuta por ter aceitado ser ledora do projeto de
pesquisa e pela riqueza de nossas discussões.
Aos colegas Ricardo Carvalho e Eudiana Vale, pelas suas sugestões que contribuíram
na elaboração do projeto desta pesquisa.
Aos doutores Prof. Paulo Sérgio Arrais e Prof.ª Vera Lúcia Luiza, por aceitarem
participar da banca de minha qualificação e pelas sugestões, que foram relevantes na
formulação deste trabalho.
Á minha família, pela compreensão nas horas de ansiedade e impaciência decorridas
durante o curso de mestrado.
viii
RESUMO
Foi realizado um estudo seccional (inquérito “institucional”), no período de abril a
julho de 2008, para coleta de dados com a aplicação de um questionário, com o objetivo
de analisar o conhecimento e as atitudes dos profissionais de saúde acerca das suspeitas
de reações adversas a medicamentos em um hospital-sentinela de ensino. Participaram
desta análise 126 profissionais de saúde, compreendendo três categorias médica,
farmacêutica e de enfermagem –, envolvidas diretamente com a cadeia terapêutica e
atividades de ensino. As informações resultantes das variáveis possibilitaram a
caracterização dos profissionais da amostra, demonstrando a maior freqüência do
gênero feminino (N=74; 58,7%), a maioria na faixa etária 41 a 50 anos (N=53; 42,1%)
e a idade média de 44 anos, tempo de formados entre 21 e 30 anos (N=50; 39,7%),
tempo na instituição de 11 a 20 anos (N=54; 42,9%), carga horária semanal de 4 às 20h
(N=74; 58,7%) e a maioria porta diplomas de pós-graduação (N=95; 75,4%). Foram
também descritos seus conhecimentos e atitudes, em relação às reações adversas a
medicamentos, em que se relatam determinados resultados: os conhecimentos
adquiridos sobre RAM no hospital, foram considerados insuficientes na opinião da
maioria (N=55; 43,7%), enquanto 94,5% (N=119) referiram que se mantém atualizados
sobre as RAM. Citaram que procuram como fontes de informação os livros-textos
(N=71; 29,5%), ao que se seguem as revistas científicas (N=46; 19,1%) e palestras
(N=45; 18,7%), bem como cerca de metade (N=68; 54,0%) foi capaz de assinalar a
definição de RAM totalmente correta. Nas respostas relativas às atitudes que
costumavam adotar, destacam-se os fatos de que maior percentual dos profissionais
revelou com alguma freqüência indagar (N=120; 95,2%) e menor percentual nunca
informar (N=9; 7,2%) aos pacientes sobre a ocorrência de possíveis RAM. Algumas
dessas informações permitiram, na Instituição pesquisada, proposições de medidas de
adequação da Farmacovigilância na busca da promoção do uso seguro e também
racional de medicamentos, minimizando a ocorrência de RAM.
Palavras-chave: farmacovigilância, reações adversas a medicamentos, vigilância
sanitária e hospital de ensino.
ix
ABSTRACT
It was made a cross-sectional study ("institutional" survey) in the period from April to
July 2008, to gather data with the application of a questionnaire. Its aim was to analyze
the knowledge and the health professionals attitudes about the suspected adverse drugs
reactions in a teaching sentry hospital. One hundred twenty six health professionals
(medical doctors, pharmacists and nurses) took part of this analysis, which participate
directly in the therapeutic chain and educative activities. Information obtained from the
data allowed the characterization of the sample, demonstrating the group was consisted
mostly by women (N=74; 58.7%), mean age 44 years old, time of past graduated
between 21 and 30 years (N=50; 39.7%) and had been in working in the institution for
11 to 20 years (N=54; 42.9%). Among the professionals working from 4 to 20 hours per
week (N=74; 58.7%) and the majority had masters degrees (N=95; 75.4%). So as the
description of their knowledge and attitudes, for Adverse Drugs Reactions (ADR),
which reported: the knowledge about ADR acquainted in the hospital, were considered
insufficient in view of the majority (N=55; 43.7%), 94, 5% (N=119) reported that they
keep updated about ADR and seeking cited as sources of information the books (N=71;
29.5%), followed by scientific publications (N=46; 19.1%) and lectures (N=45; 18.7%)
and the definition of ADR marked by the majority was totally correct (N=68; 54.0%). In
their responses on the attitudes that they tended to adopt, there is enhanced the greater
percentage of professionals that has ask with some frequency (N=120; 95.2%) and the
minority never inform (N=9; 7.2%) the patients about the possible occurrence of ADR.
Some of this information enabled in the institution searched, proposals for measures of
implementation of Pharmacovigilance in the quest for promoting the safe and rational
use of medicines so as to minimizing ADR.
Key words: pharmacovigilance, adverse drugs reactions, health surveillance and
teaching hospital.
x
LISTA DE ABREVIATURAS
ADR – Adverse Drug Reaction
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CEAP - Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisas
CEFACE – Centro de Farmacovigilância do Ceará
DEFA – Departamento de Farmácia
EAM – Eventos Adversos a Medicamentos
ENSP – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
FDA - Food and Drug Administration
GFARM - Gerência de Farmacovigilância
GPUIM – Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos
MS – Ministério da Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
POP – Procedimento Operacional Padrão
QT – Queixa Técnica
RAM - Reação Adversa a Medicamento
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFARM - Unidade de Farmacovigilância
UFC - Universidade Federal do Ceará
URM - Uso Racional de Medicamentos
WHO – World Health Organization
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
Tabela 1:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo características demográficas e
funcionais. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza-CE, 2008 (n=126).
34
Tabela 2:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre aquisição de
conhecimentos relacionados às reações adversas a medicamentos no hospital.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
35
Tabela 3:
Fontes de atualização sobre reação adversa a medicamento informadas por
profissionais de saúde. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
36
Tabela 4:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo conhecimento da definição de
reação adversa a medicamento Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
36
Tabela 5:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre categoria
profissional que pode notificar as suspeitas de reações adversas a medicamentos.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
38
Tabela 6:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre tipo de reações
adversas que devem ser, preferencialmente, notificadas. Hospital- sentinela de
ensino de Fortaleza - CE, 2008.
38
Tabela 7:
Fatores referidos por profissionais de saúde que podem dificultar a identificação
das reações adversas a medicamentos. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza
- CE, 2008.
40
Tabela 8:
Obstáculos para a notificação espontânea das reações adversas a medicamentos
referidos pelos profissionais de saúde. Hospital-sentinela de Fortaleza - CE,
2008.
42
Tabela 9:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre importância da
existência de um Serviço de Farmacovigilância. Hospital-sentinela de ensino de
Fortaleza - CE, 2008.
43
Tabela 10:
Benefícios referidos, pelos profissionais de saúde, da existência de um Serviço
de Farmacovigilância em um hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
44
Tabela 11:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que se
depararam com suspeitas de reações adversas a medicamentos, no último ano.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
45
Tabela 12:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo referência de disponibilidade
do Formulário de Notificação de RAM na unidade de internação, na última
semana. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
45
xii
Tabela 13:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo referência a existência de
feedback (retorno) quando da notificação de suspeita de RAM. Hospital-
sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
46
Tabela 14:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que indagaram
aos pacientes sobre sinais e/ou sintomas relacionados com possíveis RAM.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
46
Tabela 15:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que
informaram aos pacientes quanto às possíveis reações adversas relacionadas aos
medicamentos prescritos. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
47
Tabela 16:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que
procuraram discutir com outros profissionais, quando da suspeita de reação
adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
48
Tabela 17:
Profissionais com os quais os profissionais de saúde discutem casos de suspeita
de reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza -
CE, 2008.
49
Tabela 18:
Atitudes referidas pelos médicos em presença de suspeita de RAM. Hospital-
sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
49
Tabela 19:
Distribuição dos enfermeiros e farmacêuticos, segundo atitudes na presença de
suspeita de RAM. Hospital sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
50
xiii
LISTA DE QUADROS
Quadro Página
Quadro 1:
Distribuição dos problemas relacionados a medicamentos, segundo evento e
ano de detecção. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza-CE, 2005-2007.
22
Quadro 2:
Distribuição da amostra de profissionais de saúde selecionados para o estudo.
28
xiv
LISTA DE FIGURA
Figura Página
Figura 1:
Detecção das notificações referentes a medicamentos, julho de 2005 a julho de
2007.
23
xv
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico Página
Gráfico 1:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo fontes de atualização sobre
reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
35
Gráfico 2:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo dificuldades para a identificação
de reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
39
Gráfico 3:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo obstáculos para a notificação de
reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
41
Gráfico 4:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo benefícios do serviço de
farmacovigilância. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
43
Gráfico 5:
Distribuição dos profissionais de saúde, segundo profissionais com quem
discutem as suspeitas de RAM. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE,
2008.
48
xvi
LISTA DE ANEXOS
Anexo Página
Anexo 1:
Formulário de notificação de suspeita de reação adversa a medicamento e queixa
técnica
74
Anexo 2:
Procedimento operacional padrão (POP)-1
76
Anexo 3:
Procedimento operacional padrão (POP)-2
77
Anexo 4:
Procedimento operacional padrão (POP)-3
78
Anexo 5:
Termo de compromisso
79
xvii
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice Página
Apêndice 1:
Questionário para informação dos profissionais de saúde de um
hospital-sentinela de ensino sobre reações adversas a medicamentos
81
Apêndice 2:
Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
85
xviii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURA
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE ANEXOS
LISTA DE APÊNDICES
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................1
1.1 Justificativa..............................................................................................................................................3
2. OBJETIVOS....................................................................................................................4
2.1 Objetivo Geral..........................................................................................................................................4
2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................................................4
3. PRESSUPOSTO TEÓRICO ..........................................................................................5
4. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................6
4.1 Reações adversas a medicamentos (RAM) .............................................................................................6
4.1.1 Retrospectiva das RAM .............................................................................................................6
4.1.2 Critérios de classificação das RAM............................................................................................7
4.1.3 RAM e os fatores predisponentes...............................................................................................9
4.1.4 A notificação de suspeita de RAM e o profissional de saúde.....................................................11
4.2 Estudos pré-clínicos e ensaios clínicos....................................................................................................14
4.3 Surgimento de mais uma disciplina: a Farmocoepidemiologia................................................................16
4.4 A Farmacovigilância e sua consolidação
.................................................................................
17
4.4.1 A ANVISA e o Projeto Hospitais-Sentinelas.............................................................................19
4.4.2 Serviço de Farmacovigilância na instituição de pesquisa ..........................................................20
4.5 Centro de Farmacovigilância do Ceará (CEFACE) ................................................................................24
4.6 Centro de Farmacovigilância: o passo a passo do processo de sua formação..........................................25
5. MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................27
5.1 Procedimentos metodológicos .................................................................................................................27
5.1.1 Delineamento, local e período de estudo....................................................................................27
5.1.2
Fonte de dados e procedimentos de coleta ................................................................................27
5.2 Análise descritiva.....................................................................................................................................31
5.3
Considerações éticas................................................................................................................................31
6. RESULTADOS................................................................................................................33
7. DISCUSSÃO....................................................................................................................51
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .....................................................................59
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................64
1 INTRODUÇÃO
A importância dos medicamentos em qualquer sistema assistencial à saúde é
relevante pelos principais motivos: preservarem a vida, melhorarem a saúde, serem
essenciais à resolubilidade dos serviços de saúde
1
e representarem aproximadamente de
25,0 a 40,0% dos gastos hospitalares
2
.
Importa referir que seu uso irracional pode
acarretar sérias conseqüências para os usuários.
Por tais razões, deve-se considerar nos medicamentos os aspectos de segurança,
eficácia, efetividade e eficiência. O perfil de segurança de um medicamento merece
destaque, por estar diretamente relacionado com a freqüência ou gravidade de reação
adversa a um determinado medicamento ou combinação de medicamentos
1
.
A Reação Adversa a Medicamento (RAM) é definida pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) como ...Uma resposta a um medicamento que seja nociva e não-
intencional, e que ocorra nas doses normalmente usadas em seres humanos para
prevenção, diagnóstico ou terapia de doenças ou para a modificação de uma função
fisiológica...
3,4
(P. 2 e 275). Desta definição estão fora os efeitos adversos oriundos de
desvios de qualidade (queixa técnica), superdosagem (acidental ou intencional) e
conduta clínica inadequada
5
. Destaca-se que as RAM e os demais efeitos adversos são
contemplados na definição de Evento Adverso a Medicamentos (EAM), reconhecido
como ...Qualquer ocorrência médica desfavorável, que pode ocorrer durante o
tratamento com um medicamento, mas que não possui, necessariamente, relação
causal com esse tratamento...
6
(P.41).
As reações adversas a medicamentos são vistas como um dos graves problemas
de saúde pública, em todo o mundo, responsáveis por numerosas hospitalizações,
aumento do tempo de permanência hospitalar ou até mesmo de óbitos
7
. Relatos de
estudos hospitalares mundiais evidenciam que são responsáveis por cerca de 3,0 a 6,0%
das hospitalizações e que ocorrem em 10,0 a 20,0% dos pacientes hospitalizados
8
.
Estudos realizados nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha permitiram concluir
que entre 18,0 a 30,0% dos pacientes apresentaram RAM durante a hospitalização
1
.
A Farmacovigilância é fundamental para a detecção precoce das RAM, sua
determinação e a análise da relação entre os benefícios e os riscos associados ao uso de
um dado medicamento, quando do seu emprego generalizado em populações. A OMS
define Farmacovigilância como ...A ciência e atividades relativas à identificação,
avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou a quaisquer problemas
relacionados a medicamentos...
6
(P.41).
2
Cabe também ao sistema de Farmacovigilância, disponibilizar informações e
orientações adequadas (atualizadas, claras e imparciais) sobre medicamentos, tornando-
as acessíveis ao usuário e profissionais de saúde. Além disso, pode normalizar as ações
preventivas aos riscos destas reações, de modo a contribuir para a melhoria contínua da
qualidade da assistência prestada ao paciente. Deve ainda promover ações educativas
para a conscientização acerca do Uso Racional de Medicamentos (URM), visando a
garantir que os pacientes façam uso de medicamentos apropriados ao seu estado clínico,
em doses, posologias, quantidades e apresentações corretas e pelo período necessário
9,10,11
.
O sistema de Farmacovigilância, para identificação de reações adversas, deve
incentivar a participação colaboradora dos profissionais de saúde, principalmente dos
prescritores, na prática da notificação espontânea (ou voluntária).
Esses profissionais são fontes insubstituíveis de informações sobre possíveis
RAM e alguns incidentes raros e/ou tardios foram descobertos graças ao espírito de
observação de médicos que relacionaram o aparecimento de agravos ou danos à saúde a
uma origem medicamentosa
12
.
Os profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes
devem ser encorajados e estimulados a observar e notificar quaisquer reações
manifestadas, particularmente as inesperadas, a fim de conhecer com mais precisão a
realidade, bem como subsidiar a tomada de decisões regulatórias futuras.
Percebe-se, no cenário traçado, diversas ações referentes ao URM. Neste
sentido, o conhecimento dos profissionais de saúde com relação às RAM, suas atitudes
quanto ao lide e a comunicação desse risco aos profissionais e pacientes pelo Serviço
de Farmacovigilância representam procedimentos significativos na direção da proteção
da saúde e no URM.
Este trabalho aborda o conhecimento e as atitudes destes profissionais em um
hospital terciário e ensino, de capital brasileira, que faz parte da rede de hospitais-
sentinelas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Ministério da
Saúde (MS).
3
1.1 Justificativa
O hospital-sentinela da rede pública estadual pesquisado é considerado de
atenção terciária à saúde, com atendimento mais complexo, de alto grau de
especialização. Possui serviços de urgência/emergência e Farmacovigilância. Realiza,
dentre outros procedimentos de elevada complexidade, embolização cerebral e
transplante renal. Com 314 leitos, 9549 internações/ano, 80,4% de taxa de ocupação
hospitalar e a média de permanência de 9,6 dias, ocasiona cerca de 8890 prescrições
médicas/mês, com a média de oito medicamentos/prescrição. Tendo as características
descritas, torna-se um ambiente hospitalar favorável à ocorrência de quaisquer eventos
adversos a medicamentos.
A média de oito medicamentos por prescrição, administrados ao paciente
hospitalizado, ou seja, o regime de polifarmácia, aumenta a incidência de interações
medicamentosas nocivas, alterando, qualitativa e quantitativamente (em casos de
sinergia), o efeito esperado
13,14
.
Foram encontradas 80 RAM pelo Serviço de Farmacovigilância no Hospital de
pesquisa, no período de julho de 2005 a julho de 2007, correspondendo a prevalência
de 4 /1.000 pacientes internados, o que indica uma baixa detecção, uma vez que as
RAM oscilam entre 3,0 a 5,0% em pacientes com dois a nove medicamentos, mas
podem ocorrer em até 20,0% nos que fazem uso de 10 a 20 medicamentos
15, 16,17
.
A temática abordada é, portanto, preocupante e de fundamental importância
para a qualidade da assistência ao paciente hospitalizado, justificando a proposta de este
projeto ter como temas as RAM e os profissionais de saúde de um hospital-sentinela.
Tal seleção foi estabelecida com base em toda essa reflexão e na consideração de
relevância do agente social, que não vê como postergar o problema e sim enfrentá-lo
18
.
A OMS, na sua análise crítica dos pontos positivos e negativos dos sistemas
atuais de Farmacovigilância, concluiu que esses sistemas precisam ser revistos e mais
desenvolvidos ante os importantes desafios da globalização, vendas e informações pela
internet e a ampliação do interesse com segurança
6
.
Espera-se que os dados obtidos relativos ao conhecimento e atitudes dos
profissionais de saúde acerca das reações adversas a medicamentos permitam uma
apreciação situacional da farmacovigilância na instituição de pesquisa, que possibilite o
aprimoramento e proposições de medidas necessárias para uma atuação mais ativa e
preventiva. Desta maneira, pode-se contribuir para fortalecer a implementação da
farmacovigilância no hospital, concorrendo também para o uso racional e seguro de
medicamentos, minimizando a ocorrência de RAM.
4
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar o conhecimento e as atitudes dos profissionais de saúde acerca das suspeitas
de reações adversas a medicamentos em um hospital-sentinela de ensino.
2.2 Objetivos Específicos
Caracterizar os profissionais de saúde, quanto aos aspectos demográficos e funcionais.
Descrever o conhecimento dos profissionais de saúde, com relação às reações adversas
a medicamentos.
Identificar as atitudes adotadas pelos profissionais de saúde, em relação à ocorrência de
suspeitas de reações adversas a medicamentos.
5
3 PRESSUPOSTO TEÓRICO
O conhecimento e as atitudes dos profissionais de saúde sobre Farmacovigilância
podem contribuir na detecção e na notificação espontânea (voluntária) de suspeitas de
reações adversas a medicamentos.
6
4 REVISÃO DA LITERATURA
4.1 Reações Adversas a Medicamentos (RAM)
4.1.1 Retrospectiva das RAM
No final do século XIX, foram registrados os primeiros episódios de RAM. No
Reino Unido, em 1848, o uso de clorofórmio, como anestésico, ocasionou em uma
adolescente morte súbita após cirurgia na unha de pododáctilo, provavelmente por
fibrilação ventricular
19
. Posteriormente, em 1922, foram relatados casos de icterícia em
pacientes sifilíticos tratados com arsenicais
20
. Outras reações foram descritas como:
agranulocitose e anemia aplástica pelo uso de amidopirina
21
e hemorragia
gastrintestinal por ácido acetilsalisílico. Em 1937, o “desastre” do dietilenoglicol,
excipiente contido no xarope de sulfanilamida, ocasionou mais de cem mortes de
crianças nos Estados Unidos
21
.
Uma ocorrência amplamente relatada no mundo, em 1961, foi a epidemia de
focomelia ausência de membros ou parte deles –, e outras malformações congênitas,
causadas pelo fármaco sedativo-hipnótico talidomida, utilizado como antiemético em
grávidas
6,21
. Esse fármaco que começou a ser utilizado em 1957, e não havia sido
adequadamente avaliado quanto aos seus efeitos teratogênicos, teve impacto devastador
no nordeste da Alemanha, afetando quatro mil filhos de mães que o utilizaram na
gestação
19
. Os Estados Unidos foram poupados desta “epidemia iatrogênica”, uma vez
que, saídos da tragédia do etilenoglicol, o registro deste medicamento não havia sido
autorizado pela Food and Drug Administration (FDA)
21
.
Relatos mais recentes relacionaram os fármacos anorexígenos às lesões em
válvulas cardíacas e o sildenafilo, quando administrado a homens com Diabetes
mellitus, hipertensão e hipertrofia prostática benigna, ou insuficiência cardíaca
congestiva, à isquemia miocárdica
22
.
Durante as últimas décadas, estudos internacionais foram realizados e
divulgados. Os Estados Unidos estimaram as RAM entre a e maiores causas de
mortalidade
3
e indicam a sua ocorrência em 10,0 a 20,0% de todos os pacientes
hospitalizados,
5
enquanto outros países apresentaram as internações hospitalares em
decorrência dessas reações em torno ou acima de 10,0%: Noruega 11,5%, França
13,0% e Reino Unido 16,0%
3
.
As publicações brasileiras de estudos sobre a freqüência de RAM são escassas.
Com o desenvolvimento da Farmacovigilância hospitalar, por intermédio de um método
clássico, a monitorização intensiva de pacientes, Pfaffenbach et al.
23
encontraram as
7
RAM com 6,6% de participação nas internações em um hospital-escola de atenção
terciária à saúde.
Estes incidentes servem para confirmar que os medicamentos têm seus
benefícios, mas também, o potencial para danos, não estando distante da afirmação do
alquimista Paracelso
1
de que ...“qualquer produto com atividade farmacológica
potencial pode atuar como remédio, mas também como veneno”...
(P.46).
4.1.2 Critérios de classificação das RAM
As reações adversas associadas a medicamentos podem ser classificadas de
acordo com seu mecanismo de ação, quanto à causalidade e à severidade. Algumas
classificações são mais empregadas atualmente, consoante delineado na seqüência:
A) Classificação quanto ao mecanismo de ação
24
- Reação tipo A: reação mais comum e menos séria, em conseqüência de uma ação e um
efeito farmacológico excessivo, porém considerados normais, quando da administração
de um fármaco nas doses terapêuticas usuais. Pode-se associar esse efeito às
quantidades de fármaco administradas e liberadas, variações na absorção, distribuição,
metabolismo e excreção, por variabilidade na sensibilidade do receptor ou nos
mecanismos homeostáticos que condicionam o efeito farmacológico. Geralmente, esse
tipo de reação é dose dependente, desaparecendo com a redução da dose.
- Reação tipo B: incomum e potencialmente mais séria não esperada pelas propriedades
farmacológicas do medicamento utilizado em dose terapêutica usual, estando o
organismo do paciente sem alterações quanto à absorção, ao metabolismo, à distribuição
e à excreção do fármaco administrado. De ordinário requer a suspensão do fármaco.
- Reação tipo C: relacionada à freqüência basal de doenças. Com evolução rápida de
casos e resultante de tratamentos medicamentosos prolongados.
B) Classificação quanto à causalidade
25
- Definida: evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que
ocorre em um espaço de tempo plausível em relação à administração do medicamento, e
que não pode ser explicado pela doença de base ou por outros medicamentos ou
substâncias químicas. A resposta à retirada do medicamento deve ser clinicamente
plausível e o evento deve ser farmacologicamente definido, utilizando-se um
procedimento de re-introdução (rechallenge), quando necessário.
8
- Provável: evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que se
apresenta num período de tempo razoável de administração do medicamento,
improvável de ser atribuído à doença de base ou por outros medicamentos ou
substâncias químicas e que apresenta uma resposta clinicamente razoável à suspensão
do medicamento (dechallenge). São dispensáveis dados sobre a reintrodução para
completar esta classificação.
- Possível: evento clínico, incluindo anormalidades em testes de laboratório, que se
apresenta em período de tempo razoável de administração do medicamento, mas que
também pode ser explicado por doença de base ou pelo uso de outros medicamentos ou
substâncias químicas. Informações sobre a suspensão do uso do medicamento
(dechallenge) podem não estar presentes ou ser obscuras.
- Condicional/não classificada: evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de
laboratório, com relato de reação adversa, sobre o qual são necessários mais dados para
uma avaliação adequada ou quando os indicativos adicionais estão sob análise.
- Não acessível/não classificável: evento clínico, sugerindo uma reação adversa que não
pode ser avaliada porque os dados são insuficientes ou contraditórios, e que não pode
ser completada ou verificada.
C) Classificação quanto à severidade
25
- Leve: não requer tratamentos específicos ou antídotos; não é necessária a suspensão do
fármaco
.
- Moderada: exige modificação da terapêutica medicamentosa, apesar de não ser
necessária a suspensão do fármaco agressor. Pode prolongar a hospitalização e exigir
tratamento específico.
- Grave: potencialmente fatal, requer a suspensão da administração do medicamento e
tratamento específico da reação adversa, como também a hospitalização ou o
prolongamento da permanência de pacientes institucionalizados.
- Fatal: contribui direta ou indiretamente para o óbito.
Em Hospital Universitário do Paraná, 105 casos suspeitos foram classificados
quanto à causalidade, sendo 4,8% casos definidos, 56,7% prováveis, 34,6% possíveis e
3,9% duvidosos
26
. Em hospital de Porto Alegre de 163 casos analisados, com o mesmo
critério, as RAM foram classificadas como definidas em 10,0%, prováveis em 49,4%,
possíveis em 36,5% e duvidosas em 1,7%, sendo que 2,4% não foram classificadas por
falta de dados
27
.
9
4.1.3 RAM e os fatores predisponentes
Alguns fatores que podem favorecer a ocorrência de reações adversas. Eles
podem estar relacionados às propriedades do próprio fármaco ou às características do
paciente, tais como idade, gênero, algumas patologias associadas e a polifarmácia. Por
serem as RAM, muitas vezes, previsíveis, é importante que o médico esteja atento para
sua existência quando da prescrição.
O fator idade torna os indivíduos acima de 60 anos e os de menos de 13 anos
mais susceptíveis à ocorrência de RAM
28 29,30
.
Katzung
31
refere que a incidência global
dessas reações na população geriátrica é pelo menos duas vezes maior do que a
observada na população mais jovem.
Estudos realizados na França
33,32
, em hospitais de atendimento de patologias
cardiovasculares e universitários, encontraram incidência de 2,2 a 3,2 % de internações
hospitalares relacionadas a RAM, sendo maiores nos mais idosos
32
. Estudo realizado
na Holanda revelou que 12,0% dos pacientes idosos foram internados possivelmente
por essas reações
34
.
No Brasil, os dados o limitados. Estudo retrospectivo de 96 prontuários
médicos demonstrou freqüência de 32,1% de alterações referentes à terapêutica
farmacológica, do total de complicações iatrogênicas, em pacientes idosos
hospitalizados
35
.
Pode-se atribuir essa vulnerabilidade dos indivíduos idosos às deficiências
orgânicas acumuladas com o passar do tempo, possíveis resultar em alterações
farmacocinéticas e farmacodinâmicas
30,31
.
Com relação ao gênero, as mulheres são, segundo Wiffen et al.
36
, mais
susceptíveis ao aparecimento de RAM, independentemente de interações
medicamentosas, polifarmácia e idade, sendo a probabilidade de sua ocorrência duas
vezes maior do que no gênero masculino. Pfaffenbach et al.
23
obtiveram como
resultado de seu estudo o fato de que 88,8% dos pacientes com RAM eram do gênero
feminino.
Heineck et al.
30
sugerem que a predominância de RAM, nas mulheres, pode
estar associada ao uso de alguns medicamentos, como anticoncepcionais orais por
vários anos, fenilbutazona, cloranfenicol e bloqueadores neuromusculares.
As variações relacionadas à raça e às características genéticas, como os padrões
de metabolização enzimática, receptores e transportadores celulares de compostos
químicos, estariam associadas à capacidade de resposta individual de eficácia e
toxicidade a determinados fármacos.
10
Um exemplo é o fenômeno do polimorfismo genético (mutações estáveis do
DesoxirriboNucleic Acid) que produz fenótipos de “metabolizadores lentos” ou
“rápidos” para numerosos medicamentos, tais como a isoniazida, a hidralazina e a
dapsona. Neste caso específico a acetilização lenta é associada a maior risco de reações
adversas
30
.
Os indivíduos que apresentam doenças e condições clínicas associadas, como
alterações nas funções hepáticas e renais, estão mais susceptíveis às reações adversas a
medicamentos (RAM).
Fígado e rim são responsáveis, respectivamente, pelo metabolismo e excreção
dos medicamentos. E, às vezes, soma-se a isto a hepatotoxidade e/ou nefrotoxidade dos
próprios medicamentos. O rim é menos afetado pelos efeitos tóxicos, que alguns
metabólitos são excretados de forma inativa
14
.
Deve-se, também, considerar que o uso de medicamentos nas gestantes e
nutrizes que por suas alterações fisiológicas e farmacocinéticas particulares –, pode
ter repercussões no feto e no lactante, ocasionando RAM.
As alterações na conduta terapêutica, no comportamento e no estilo de vida são
mais acentuadas à medida que avança o processo de envelhecimento dos indivíduos
31
.
A alteração na conduta terapêutica, como número de fármacos prescritos e consumidos
(polifarmácia), faz aumentar a ocorrência de pacientes com reações adversas, de
aproximadamente 10,0% quando o paciente está tomando apenas um fármaco, para
quase 100,0%, quando são utilizados dez medicamentos
31
.
A prevalência de RAM, em estudo comunitário, na faixa etária 75 - 85 anos, foi
maior entre os usuários de três medicamentos, em comparação com os que consumiram
apenas um ou dois fármacos
37
.
A mudança de comportamento na população idosa, como, por exemplo, o abuso
de álcool concomitante com fármacos, aumenta o risco de RAM por interações
medicamentosas. Uma publicação em Washington relatou que o abuso de álcool,
combinado com medicamento prescrito legalmente, é um sério problema de saúde entre
os americanos mais velhos. Esta “epidemia invisível” afeta até 17,0% da população
idosa ( 60 anos) da América
38
.
Alguns autores atribuem esta mudança comportamental à perda de um cônjuge
(morte ou divórcio), à aposentadoria (redução de renda), ao crescimento nos gastos em
conseqüência de doença ou outra mudança de vida
31,38
.
Também é abordada a automedicação, favorecida pela venda livre de
medicamentos, pela ingesta indevida de fitoterápicos, suplementos e remédios caseiros,
11
considerados pela população desinformada como tratamentos “naturais” e isentos de
efeitos. Esse emprego não racional pode ser responsável por interações medicamentosas
e conseqüente aumento de reações adversas a essas substâncias
16, 30
.
Por fim, alguns grupos farmacológicos são sabidamente responsáveis pela
ocorrência de reações adversas. É conhecida a relação entre as arritmias cardíacas e o
uso dos digitálicos, a hipoglicemia em pacientes recebendo insulina e as hemorragias
em pacientes utilizando anticoagulantes
14
.
O Programa de Farmacovigilância do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
refere que os antimicrobianos, vancomicina (13,6%) e anfotericina B (17,6%),
apresentaram maiores incidências de reações adversas
27
.
Pesquisa realizada em hospital de Cardiologia, em Lille-França, encontrou como
grupos farmacológicos mais comumente envolvidos em RAM os agentes
cardiovasculares (36,0%), os contrastes radiológicos (20,0%), os anticoagulantes
(13,0%) e os antimicrobianos (14,0%). As reações habituais foram cutâneas (24,0%) e
cardiovasculares (21,0%), seguidas por desordens metabólicas (12,0%), de coagulação
(10,0%) e do sistema nervoso central (10,0%)
32
.
Estudo realizado na Universidade Estadual de Campinas identificou os
medicamentos do sistema cardiovascular (classe C da Anatomical-Therapeutic-
Chemical) como responsáveis por 66,6% das RAM
encontradas
23
.
Os antimicrobianos, anticoagulantes, digitálicos, agentes hipoglicemiantes orais
e agentes antiinflamatórios não-esteróides são responsáveis por 60,0 a 70,0% das
reações ocorridas na admissão hospitalar ou durante a internação
36
.
4.1.4 A notificação de suspeita de RAM e o profissional de saúde
A história das reações adversas associadas ao uso de clorofórmio e ao “desastre”
da talidomida marcou o surgimento e o desenvolvimento, na Europa, a partir de 1964,
do método de notificação voluntária (ou espontânea), ao sistema de farmacovigilância,
por meio do cartão amarelo (yellow card.), também conhecido nos países de língua
espanhola, como “tarjeta amarilla
20
. A cor amarela foi definida para sinalizar alerta.
A obtenção por notificação voluntária é um processo passivo, em que Serviço de
Farmacovigilância fica no aguardo das notificações realizadas. É um método de baixo
custo, embora menos eficaz pela elevada subnotificação. Outra limitação desse método
é a dificuldade de se calcular a incidência de RAM, que geralmente faltam dados
sobre o tamanho da população exposta ao medicamento. Apesar de suas limitações,
12
constitui método eficaz para a detecção precoce dessas reações e é, ainda, a fonte
principal de informação em Farmacovigilância
39,40
.
O famoso estudo de Boston introduziu o método de monitorização das RAM em
contexto hospitalar
19,41
.
Outros métodos de detecção de RAM, atualmente utilizados, compreendem
desde os registros pela busca ativa de casos diretamente nas unidades de internação e
mediante consulta aos prontuários hospitalares até técnicas epidemiológicas específicas,
como a monitorização de pacientes hospitalizados
42
.
Os profissionais de saúde, principalmente os que desempenham suas funções no
âmbito intra-hospitalar, meio favorável ao envolvimento com as atividades de
farmacovigilância, pela proximidade e estreita relação com o paciente, não costumam
oferecer as informações esperadas sobre as possíveis suspeitas de RAM.
Destacam-se os profissionais que prescrevem (médicos), dispensam
(farmacêuticos) e administram (enfermeiros) medicamentos, membros da equipe
multiprofissional como agentes fundamentais na relação com o paciente hospitalizado e
na decisão no processo farmacoterapêutico. Esses agentes devem interagir responsável
e dinamicamente, pois suas ações estão permeadas por questões que envolvem a
capacidade de definição e implementação de uma política de medicamentos
5
, de forma
a contribuir para a melhora clínica, econômica e humanística no cuidado ao paciente, e
na prevenção possível de casos suspeitos de reações adversas.
Embora o artigo 79 da Lei Federal nº. 6.360 de 23 de setembro de 1976
estabeleça que ... Todos os informes sobre acidentes ou reações nocivas causadas por
medicamentos serão transmitidos à autoridade sanitária competente...
43,44
(P.15) e
deixe subentendida a obrigatoriedade da notificação de suspeitas de RAM, ou relato de
qualquer outra ocorrência, esta prática ainda não está incorporada por esses
profissionais, atribuindo-se à ausência dessa cultura à incerteza da relação de
causalidade, à falta de incentivo e à desmotivação
40
.
A subnotificação dificulta o conhecimento precoce de uma reação rara e pode
limitar a avaliação dos critérios de segurança dos medicamentos. Burke et al.
45
referem
que, mesmo quando identificadas, elas não são notificadas. Desta forma, estima-se que
o percentual de notificação das RAM graves pode ser menor do que 10,0% das de fato
ocorridas, até mesmo nos centros de farmacovigilância já estabelecidos.
No Hospital Universitário de Maringá-Paraná, a maioria das notificações
registradas, no período de 1996 a 2000, foi proveniente de busca ativa nos prontuários,
sendo as notificações voluntárias ainda mínimas
26
.
13
Em hospital de Porto Alegre-RS, também predominou o método de vigilância
intensiva (72,0%), sendo a notificação espontânea o método responsável pelas demais
28,0% das notificações. Nesse hospital, os principais notificadores foram os
farmacêuticos, seguidos por enfermeiros, técnicos de medicação, médicos, residentes e
técnicos/auxiliares de enfermagem
27
.
Em farmacovigilância, a subnotificação é comum e, infelizmente, esperada. Para
sua redução, precisa-se de mecanismos de incentivo para a prática da notificação.
Alguns países, participantes do Programa Internacional de Monitorização de
Medicamentos coordenado pela OMS e seu Centro Colaborador (The Uppsala
Monitoring Centre-WHO), apresentam a taxa média de 200 notificações/milhão de
habitantes/ano, das quais 10,0% provêm da classe médica. Em muitos outros países,
entretanto, são muito mais baixas as taxas de notificação
40
.
Estudo qualitativo, Obstacles and solutions for spontaneous reporting of
adverse drug reactions in the hospital”, buscou descrever a opinião de 208 médicos de
um hospital terciário de ensino de Barcelona-Espanha. Eles consideraram como
obstáculos à notificação espontânea os problemas relativos: 1) ao diagnóstico das
RAM, dificultado pela polifarmácia, que leva à incerteza sobre a relação causal
estabelecida; 2) à sobrecarga de trabalho e ao pouco tempo disponível para notificar; 3)
à desorganização relacionada com as atividades de farmacovigilância, que favorece o
desconhecimento do programa, a falta de formulários para notificação e a ausência de
feedback do sistema e o retorno das informações sobre as RAM aos médicos; e 4) aos
conflitos potenciais, como confidencialidade dos dados do paciente, responsabilidade
legal (possíveis processos judiciais) e receio de publicação dos casos em periódicos
médicos
46
.
Diante essas descrições, necessita-se identificar elementos que poderiam
contribuir para o aperfeiçoamento do método de notificação voluntária e do próprio
sistema de farmacovigilância hospitalar. De acordo com Coelho
47
são atividades pouco
custosas e de implementação gradativa, bem como, importante instrumento de
promoção de uma mudança cultural que fomente percepções mais cuidadosas do uso de
medicamentos por parte dos profissionais de saúde e da população em geral.
Na medida em que o profissional se depara na prática da clínica com a suspeita
dessas reações e delas se aproxima, não deve vivenciá-las solitária e silenciosamente.
de ser um processo coletivo e, por esse motivo, necessita, inevitavelmente, do
conhecimento e do envolvimento de todos.
14
4.2 Estudos pré-clínicos e ensaios clínicos
As autoridades regulatórias exigem, antes da liberação de qualquer
medicamento novo, para uso pela população em geral, a realização de pesquisas
destinadas a verificar a sua segurança e eficácia, denominadas segundo a finalidade de
estudos pré-clínicos e ensaios clínicos.
Os estudos pré-clínicos testam as atividades farmacológicas, relacionadas ao
aspecto de eficácia e de seus efeitos toxicológicos. Tratam da segurança, em espécies
animais e in vitro, para a aprovação pré-clínica, sendo insuficientes para prever o
aspecto de segurança em seres humanos
3
.
Os ensaios clínicos, na perspectiva da epidemiologia, são estudos experimentais
e prospectivos, realizados em voluntários, distribuídos ao acaso. As expressões ensaio
clínico e estudo clínico possuem o mesmo significado e recebem da Agência Européia
para Avaliação de Medicamentos a definição de:... Qualquer investigação em seres
humanos, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos,
farmacológicos, clínicos e/ou outros efeitos de produto(s) investigado(s), e/ou
identificar reações adversas ao(s) produtos(s) em investigação, com objetivo de
averiguar sua segurança e/ou eficácia
48
...
(P.1).
Na classificação internacional, proposta pela FDA, o ensaio clínico é dividido
em quatro fases, segundo a finalidade
49,50
.
1) Estudos Fase I, de Farmacologia Clínica: são fundamentalmente os estudos de
farmacocinética e farmacodinâmica em pequeno grupo de voluntários, cerca de 100
voluntários sadios /ensaio, e durante curto período. Nesta fase, a eficácia não é
avaliada.
2) Estudos Fase II, de investigação clínica propriamente dita: também chamada de
estudo terapêutico - piloto. Têm a intenção de demonstrar a eficácia, estabelecer a
segurança e a aceitabilidade em curto prazo do fármaco em pacientes com determinada
condição patológica. Limita-se a cerca de 200 portadores da entidade clínica de
interesse e nessa fase selecionam-se fármacos com grande potencial para testes na fase
III.
3) Estudos Fase III, de ensaio clínico randomizado: os estudos terapêuticos são
ampliados, realizam-se em amostra maior do que a da fase II e em período curto. A
freqüência de reações adversas é explorada, para mensurar segurança e eficácia em
amostras probabilísticas da população. Há a exclusão de grupos vulneráveis, como
crianças, idosos e gestantes. Nesta fase, se o fármaco foi aprovado, tem sua
comercialização liberada.
15
4) Estudos Fase IV, de vigilância pós-comercialização (postmarketing surveillance):
considerada complementar às fases anteriores e denominada como farmacovigilância.
São estudos realizados, após a introdução do medicamento no mercado, em grandes
populações, inclusive populações vulneráveis, excluídas nos estudos de Fase III, e em
uso prolongado do fármaco. Servem para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento
de reações adversas, menos comuns e, algumas vezes, graves, não reveladas e/ou para
confirmar a freqüência de reações já descritas nos ensaios clínicos.
Observa-se nos ensaios clínicos, nas fases I, II e III, pré-venda, que o número de
voluntários selecionados é limitado, as condições dos testes diferem da prática da
clínica e a sua duração é curta, desfavorecendo a identificação de pequenos desvios da
normalidade ou de RAM desconhecidas e raras. Em contraste, com a fase IV, pós-
venda, os estudos ocorrem em longo prazo e em grandes populações expostas,
possibilitando a detecção dessas reações.
Estudos concluem que a exposição de até 5.000 seres humanos a um
medicamento apenas permite detectar RAM comuns, e que seriam necessários 30.000
(trinta mil) indivíduos expostos ao tratamento medicamentoso para a identificação de
RAM cuja incidência seja de 1 / 10.000 indivíduos expostos
3
.
Assim sendo, os estudos clínicos e outros dispositivos legais, como a exigência
da apresentação de relatórios de farmacovigilância, de acordo com o modelo do
internacional Periodic Safety Update Report do Internacional Conference on
Harmonisation, adotado no registro de produtos farmacêuticos novos
51
, são
insuficientes para avaliar a real ocorrência de RAM.
Considerando ainda que alguns medicamentos são registrados e liberados para o
consumo com insuficiência de informações sobre segurança e eficácia, não atendendo
às necessidades básicas do usuário,
e que mais de uma década a OMS divulgou que
cerca de 70,0% dos medicamentos disponíveis no mercado mundial não são essenciais,
desnecessários e até xicos, com relação ao seu benefício terapêutico
1,9
, pode-se
asseverar a importância dos Estudos de Fase IV para a Saúde Coletiva.
Assim é que, mesmo com as exigências existentes, dados indicam que morrem
100.000 americanos e ocorrem 1,5 milhão de hospitalizações/ano na América do Norte,
como conseqüência das reações adversas a medicamentos, sendo 20,0 a 70,0% delas
evitáveis
21
.
16
4.3 Surgimento de mais uma disciplina: a Farmacoepidemiologia
Até os séculos XVII e XVIII, era disponível uma pequena série de cerca de 230
substâncias com presumível valor terapêutico, não além dos limites de placebo.
52
Nas últimas décadas, o arsenal farmacêutico expandiu-se. O início do século XX
foi marcado pela descoberta de outros medicamentos, tais como as sulfamidas e a
penicilina, contemplando a Medicina moderna com novas classes farmacológicas e
possibilitando a prevenção, diagnóstico, tratamento e cura das doenças. Junto ao
crescimento do arsenal terapêutico, no entanto, aumentam as possibilidades dos
medicamentos provocarem reações adversas e de produzirem maiores danos à saúde
pública
21
.
Em decorrência dessas possíveis reações, resultou a consciência real sobre as
condições de riscos, atuais e potenciais focados no uso de medicamentos. Esse contexto
favoreceu o desenvolvimento de uma nova área de conhecimento, a
Farmacoepidemiologia, que pode ser vista como disciplina-ponte entre os campos da
Farmacologia Clínica e Epidemiologia.
Tradicionalmente, a Farmacologia Clínica (estudo dos efeitos dos fármacos)
está dividida em duas áreas, a Farmacocinética - estudo da relação entre a
administração da dose e o nível alcançado na corrente circulatória - abrange os
processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. A Farmacodinâmica
consiste no estudo da relação entre ações (ações essas farmacológicas relacionadas à
eficácia dos medicamentos e ao surgimento de reações adversas) e níveis de efeitos
(decorrem da ação farmacológica) de rmacos e seus mecanismos de ação no
organismo
53
.
A Epidemiologia é o ramo da saúde que estuda na população a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde, conceito
este que evoluiu recentemente do original, antes restrito ao estudo de epidemias de
doenças transmissíveis
50
.
A Farmacoepidemiologia dentro da Farmacologia Clínica, utilizando técnicas da
Epidemiologia no levantamento de informações sobre os efeitos benéficos e danosos do
fármaco na população, permite melhor avaliação da relação benefício/risco do uso de
um fármaco mesmo no nível individual
21
.
O termo Farmacoepidemiologia apareceu na área médica em um Editorial do
British Journal of Medicine, redigido por Lawson em 1984
14
. Conforme Tognoni &
Laporte
54
, ela compreende tanto o estudo do uso como o exame dos efeitos dos
fármacos em grande número de pessoas.
17
Assim entendida, a Farmacoepidemiologia busca conhecer e avaliar o impacto
dos medicamentos sobre as populações humanas
55
, com o objetivo de identificar,
descrever, explicar e controlar os efeitos de tratamentos farmacológicos em populações
definidas no tempo e no espaço
21
.
Nesta perspectiva histórica e conceitual, realçando a evolução e a
operacionalização, a Farmacovigilância, os estudos de utilização de medicamentos, e a
Farmacoeconomia constituem o conjunto de estudos abarcados pela
Farmacoepidemiologia.
4.4 A Farmacovigilância e sua consolidação
A Farmacovigilância passou a ser institucionalizada a partir de 1848, no Reino
Unido, resultante do episódio de RAM, pelo clorofórmio, após 159 anos do início de
seu uso como anestésico
19
.
O “vergonhoso desastre”, ocasionado pela talidomida, em 1961, direcionou o
interesse internacional e das autoridades governamentais para o estabelecimento de
normas mais rigorosas para o registro e a comercialização de medicamentos. Voltaram-
se, assim, para padrões de segurança e para a incorporação de métodos de notificação e
acompanhamento da ocorrência dessas reações, adotando nova atitude diante do risco à
saúde decorrente da utilização dos medicamentos
6,21
.
A história da regulação do medicamento ocorreu de forma paralela à história
dos maiores desastres das RAM. Cada mudança nas leis farmacêuticas foi uma reação
política relacionada a uma reação adversa “epidêmica”
21
.
Em 1963, a Décima Sexta Assembléia Mundial de Saúde reiterou a necessidade
de rapidamente disseminar informações sobre RAM e, a seguir, em 1968, conduziu à
elaboração do Projeto Internacional de Pesquisa-Piloto para a Monitorização de
Medicamentos da OMS. Inicialmente implantado em dez países, teve o objetivo de
desenvolver um sistema para a identificação prévia dessas reações, principalmente
relacionadas aos medicamentos novos ou a fármacos com curto período de estudo
56
.
Sistemas de informações foram desenvolvidos para coleta e avaliação de casos
individuais de RAM. As notificações são centralizadas em uma base de dados, onde
constam mais de três milhões, e a abranncia do Projeto-Piloto foi expandida,
compondo o Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos / OMS. A
coordenação fica a cargo do Uppsala Monotoring Centre, situado na Suécia. Existem
atualmente oitenta e seis países-membros envolvidos com este programa, no intuito de
aperfeiçoar o perfil de segurança e prevenir outras “tragédias”
56
.
18
No Brasil, após 34 anos da maior “tragédia” epidêmica, o então órgão de
regulação nacional, a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (MS),
em 1995, manifesta-se favorável à instituição de um sistema de Farmacovigilância
nacional, com o entusiasmo de grupos universitários e difusão de pequenos artigos
traduzidos
57
.
A institucionalização da Farmacovigilância no âmbito do Sistema Único de
Saúde, entretanto, evoluiu com morosidade. A ANVISA, criada em janeiro de 1999,
iniciou em 14 de outubro de 1999 as discussões para a instalação do Sistema Nacional
de Farmacovigilância, com o surgimento, no ano seguinte, da primeira versão do
“Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e Queixa
Técnica”, estabelecida e disponibilizada na página eletrônica da ANVISA, iniciando-se
a notificação voluntária, que impulsionou a constituição de um banco de dados nacional
de suspeita de reações adversas e queixas técnicas a medicamentos
58
.
Surgiu o Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos, sediado na
Unidade de Farmacovigilância (UFARM) da ANVISA, em 2001, com a missão de
...Montar o fluxo nacional de notificações de suspeitas de reações adversas a
medicamentos...
58
(P.12).
Assim, o Brasil foi reconhecido internacionalmente e passou, em 3 de agosto de
2001, a integrar o Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos,
admitido pela OMS como o 62º país-membro, com o objetivo principal de ...
Identificar, precocemente, uma nova reação adversa ou aumentar o conhecimento de
uma reação rara ou pouco descrita que tenha relação de causalidade com os
medicamentos comercializados...
58
(P.12).
Em 14 de agosto de 2006, a ANVISA, com a atualização de sua estrutura
organizacional, passou a contar nesta área com o Núcleo de Gestão do Sistema
Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária, composto da Gerência
de Farmacovigilância (GFARM), anteriormente UFARM, e Coordenação de Vigilância
em Serviços Sentinela, relacionadas ao setor hospitalar e com as atribuições de ...
Propor, planejar e coordenar a formulação e implementação das diretrizes e normas
técnicas e operacionais de Farmacovigilância... e ...das atividades do Projeto Serviços
de Saúde Sentinela”...
51
(P.2) no âmbito nacional.
Recentemente, a Farmacovigilância ampliou o seu campo de atuação,
ultrapassando as RAM, e trata da perda da eficácia, dos desvios da qualidade e do uso
indevido ou abuso dos medicamentos. Incorporou igualmente novos elementos de
19
observação e estudo, como plantas medicinais, Medicina tradicional e complementar,
produtos derivados de sangue, biológicos, médico-farmacêuticos e vacinas
51
.
Embora, nos últimos anos, se observe no plano nacional, a evolução crescente
da Farmacovigilância, esta precisa ainda se desenvolver, tendo maior aproximação com
o paciente e ampliando a difusão, no ambiente hospitalar, das questões concernentes à
segurança de medicamentos, na busca do bem-estar do paciente e do atendimento às
expectativas públicas.
4.4.1 A ANVISA e o Projeto Hospitais-Sentinelas
A ANVISA, em setembro de 2001, institucionalizou e formalizou, junto aos
hospitais públicos e beneficentes federais e estaduais de grande porte e alta
complexidade que possuem papel importante na assistência, pesquisa, ensino e
formação de profissionais de saúde –, o Projeto Hospitais-Sentinelas. Situado na
Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar em quatro áreas de apoio – Farmacovigilância,
Hemovigilância, Tecnovigilância e Vigilância de Saneantes –, envolvem profissionais
dos serviços de Farmácia hospitalar, Engenharia clínica e Hemoterapia, responsáveis
pela gerência racional da utilização de tecnologias em saúde nas suas áreas respectivas.
Naquele momento, o propósito principal da ANVISA era constituir a rede
sentinela de hospitais terciários, de todo o País, planos de melhorias relacionados ao
uso seguro e vigilância de tecnologias em saúde, mediante a sensibilização dos
profissionais de saúde. A GFARM era a receptora das notificações de suspeitas de
reações e queixas técnicas relativas às tecnologias em saúde, como medicamentos,
artigos, insumos, equipamentos e materiais médico-hospitalares, saneantes, sangue e
seus componentes em uso no Brasil
58,59
.
No Estado do Ceará, no final do ano de 2001, o hospital desta pesquisa, por suas
características grande porte, alta complexidade, com 47 (quarenta e sete) leitos de
terapia intensiva, cerca de quarenta especialidades
60
, e tendo sua missão alicerçada
na promoção da assistência, ensino e pesquisa, foi selecionado como hospital-sentinela
pela ANVISA. São vinte programas credenciados pela Comissão Nacional de
Residência Médica, em diferentes áreas básicas e especializadas. Atualmente é
reconhecido como um dos hospitais de destaque das regiões Norte e Nordeste do País,
como o maior transplantador de rim
60
.
Priorizando-se a vertente da Farmacovigilância e a considerando indispensável
na identificação do risco possível e evitável, a Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar,
20
em 14 de março de 2005, tornou público o edital da seleção de dois colaboradores,
acadêmicos do sexto semestre do Curso de Farmácia.
A parceria entre a ANVISA e os hospitais-sentinelas intensificou o processo de
notificação, com a contribuição de 61,0% das notificações recebidas no período de
2002 a 2004
58
.
4.4.2 Serviço de Farmacovigilância na instituição de pesquisa
O Serviço de Farmacovigilância da instituição de pesquisa, implantado com a
adesão ao Projeto Hospitais-Sentinelas, somente tomou impulso em julho de 2005,
quando do início do trabalho dos dois colaboradores selecionados, tendo sido a equipe
ampliada e o procedimento de detecção de suspeitas de RAM por busca ativa adotado.
Procede-se à investigação com suporte em casos suspeitos de reações adversas e
queixas técnicas em relação a medicamentos, sinalizados nas prescrições médicas, por
busca ativa nas unidades de internação ou notificados, espontaneamente. Para
esclarecimento desses casos, o Serviço estabeleceu atividades, com base no Guia de
Vigilância Epidemiológica
61
,
a seguir reproduzidas.
A. Obtenção de dados
Dispõe-se, para a obtenção de dados sobre os casos, de formulários
padronizados, instrumento este intitulado “Formulário de Notificação de Suspeita de
Reação Adversa a Medicamento e Queixa cnica”, com base em análogo da OMS e
padrão da ANVISA (Anexo 1), composto de 14 seções sendo as principais: dados do
paciente, evolução e descrição da reação adversa, cadastro de medicamentos utilizados
(no caso suspeito) e dados do notificador, o qual, para preenchimento, é obedecido o
Procedimento Operacional Padrão - POP 1 (Anexo 2).
B. Técnicas regulares de coleta de dados
Por meio de técnicas epidemiológicas específicas, ora delineadas.
B.1 Busca de sinais
Busca de sinais por meio da análise da prescrição médica. De posse da
prescrição médica, verifica-se atentamente o esquema terapêutico de cada paciente,
tentando identificar
4
:
pacientes de maior risco de apresentar reação - idosos, gestantes, crianças,
pacientes com patologias concomitantes, pacientes com insuficiência renal ou
hepática e em polifarmácia;
21
pacientes que estejam tomando medicamentos de alto risco, como os que
possuem margem terapêutica estreita, ou seja, a dose terapêutica próxima da
dose tóxica.
pacientes em uso prolongado de corticóides;
pacientes que tiveram sua medicação substituída por outra, ou nos quais houve
alteração da dosagem do medicamento, ou suspensão;
pacientes que estejam tomando medicamentos utilizados no tratamento de
alergias e hipersensibilidades - anti-histamínicos, corticóides, adrenalina; e
pacientes que estejam tomando medicamentos utilizados para problemas de
náuseas e vômitos (antieméticos), constipação (laxantes) ou dispepsia
(antiácidos).
B.2 Busca ativa de casos
Realiza-se, rotineiramente, a média de três visitas/semana às unidades de
internação com a finalidade de identificar casos suspeitos de RAM adicionais, ainda não
notificados, com interrogações aos profissionais de saúde e pacientes.
Identificada alguma suspeita de reação adversa a medicamento (RAM), faz-se o
contato com o médico prescritor e/ou com a chefia de Enfermagem da unidade para
esclarecer o caso. Se necessário complementar os dados, procura-se o médico
responsável pelo paciente e/ou revisa-se o respectivo prontuário médico.
B.3 Notificação voluntária (ou espontânea)
Os formulários de notificações, quando preenchidos, são coletados nas unidades
pelos colaboradores ou entregues pessoalmente na Gerência de Risco Sanitário e
Hospitalar da Instituição; como também, para uma comunicação rápida e imediata,
além do formulário-padrão, é recebida a notificação por meios de correio eletrônico,
telefone e por telefax, em concordância com o POP 2 (Anexo 3).
C. Processamento e análises dos dados
Inicialmente, verifica-se a qualidade dos dados disponíveis para determinar sua
validade. Quando os indicadores estão incompletos, são levantados junto aos médicos e
em prontuário médico para complementá-los.
Posteriormente, os dados do(s) caso(s) são consolidados, analisados e
interpretados, manualmente e por revisão bibliográfica. As características relativas a
pessoa, tempo e lugar, como também, os aspectos clínicos, são analisados para
respaldar a possível relação causal e a classificação quanto ao critério de severidade
(ver p. 8).
22
D. Comunicação e fluxo de informação
D.1 Encaminhamento da notificação à ANVISA
Após o preenchimento e análise desse formulário, as notificações são
encaminhadas para a ANVISA, por meio do Sistema Nacional de Notificações para a
Vigilância Sanitária on-line, informatizado na plataforma web. O envio da notificação
ocorre por meio de um formulário eletrônico disponível no http//:www.anvisa.gov.br
51
,
conforme POP 3 (Anexo 4).
D.2 Retroalimentação do Serviço de Farmacovigilância
Para o funcionamento do Sistema de Farmacovigilância, em qualquer nível, é
necessário o compromisso de responder aos profissionais notificadores, de forma
adequada e oportuna, com a demonstração de sua contribuição no processo.
A retroalimentação consiste no retorno (feedback) regular para todas as fontes
geradoras de dados (profissionais de saúde), de informações, por meios de boletins
informativos, comunicação direta (envio de carta), coluna em uma publicação de
renome (médica e farmacêutica) e outros veículos informativos
5, 40
.
Nos últimos três anos, não se investiu na área de comunicação e também com
escassos esforços direcionados para a capacitação de pessoal, mas, na reformulação do
serviço, será considerada sua importância na motivação e sensibilização dos
notificadores, para assegurar e aperfeiçoar as atividades de Farmacovigilância.
A ordem apresentada destas atividades atende apenas a razões didáticas, e, às
vezes, a necessidade de uma resposta rápida determina o não-seguimento dessa
seqüência lógica, sendo realizadas paralelamente e de modo simultâneo.
Como resultado dessas investigações, os problemas relacionados a
medicamentos, registrados na Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar da Instituição de
pesquisa, são descritos no Quadro 1.
Quadro 1 - Distribuição dos problemas relacionados a medicamentos, segundo evento e ano de
detecção. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza-CE, 2005-2007.
2005 2006 2007 Total Ano
Evento (Jul/dez) (Jan/dez) (Jan/jul) (Jul/05-jul/07)
Queixa técnica (QT)
8 (18,2 %) 9 (23,0%) - 17 (17,5%)
Reação adversa a
medicamento (RAM)
36 (81,8 %) 30 (77,0%) 14 (100,0%) 80 (82,5%)
TOTAL
44 (100,0%)
39 (100,0%) 14 (100,0%) 97 (100,0%)
Fonte: Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar / hospital de pesquisa.
23
Durante o período de julho/2005 a julho/2007, o Serviço de Farmacovigilância
analisou 97 notificações relacionadas a medicamentos, sendo 80 correspondentes a
reações adversas (RAM) e 17 a queixas técnicas (QT). Das RAM detectadas, 75 foram
por busca ativa e cinco recebidas por notificação espontânea (Figura 1).
O grupo farmacológico de maior envolvimento foi dos antimicrobianos de uso
sistêmico (51,3%) e as reações dermatológicas mais referidas (72,5%).
Com relação ao gênero mais afetado, 67,5% eram pacientes do gênero feminino
(n=54) e encontravam-se na faixa etária de 31 a 40 anos (n=17; 21,3%).
Quanto à severidade, a maioria das reações foi classificada como leves (n=53;
66,3%), enquanto as demais (n=27; 33,7%) foram distribuídas em moderadas (n=15;
18,7%), graves (n=9; 11,3%) e letais (n=3; 3,7%).
O Centro de Farmacovigilância do Ceará (CEFACE) da Universidade Federal do
Ceará (UFC) processou 63 notificações, no período de novembro de 1996 a dezembro
de 1997, sendo 61 reações adversas (96,82%) e duas por queixas técnicas (3,18%). Das
61 notificações de suspeitas de RAM, 47 foram espontâneas (77,0%) e dez por busca
ativa (23,0%), em sua maioria correspondente a mulheres (55,7%), na faixa etária de 0 a
14 anos. Os antibióticos sistêmicos (38,8%) e as reações dermatológicas a
medicamentos (33,0%) foram os mais freqüentes.
62
As maiores divergências foram quanto ao método de detecção e faixa etária, pois
nos achados do Serviço de Farmacovigilância do hospital de pesquisa, predominaram a
busca ativa (93,8%) e a faixa etária de 31 a 40 anos. Convergem, no entanto, com os
trabalhos de Mahmud et al.
27
, que citaram a busca ativa em 72,0 % e a notificação
espontânea em 28,0% e Rozenfeld
63
, que identificou a maioria dos pacientes com
efeitos adversos na faixa de 35,8 a 40,5 anos.
Segundo a OMS um novo centro de Farmacovigilância poderá iniciar sua
operacionalização, de forma muito rápida, mas, diante das incertezas da primeira fase,
93,8%
6,2%
Busca ativa
Notificação
espontânea
Figura 1 – Detecção das notificações referentes a medicamentos, julho
de 2005 a julho de 2007.
Fonte: Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar / hospital de pesquisa
24
até se tornar uma organização estabelecida e efetiva, é um processo que requer, dentre
outros fatores, tempo e continuidade
40
.
4.5 Centro de Farmacovigilância do Ceará (CEFACE)
Independentemente do contexto nacional, o Estado do Ceará, em 1996,
implantou o CEFACE como subunidade do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de
Medicamentos (GPUIM), do Departamento de Farmácia (DEFA)
64
tendo como sede a
UFC.
Inicialmente, a essência era a monitorização e análise de reações adversas
(RAM) das unidades hospitalares do . Essa análise, até então, é realizada pelo núcleo
técnico do próprio CEFACE, constituído por farmacêuticos, mestres e doutores em
Farmacologia, com experiência em Farmocoepidemiologia e em atividades na área de
Farmacovigilância. Recebem também colaborações de voluntários e bolsistas
47,62
.
O CEFACE evoluiu para outros instrumentos importantes como o Centro de
Informações sobre Medicamentos e o Núcleo de Educação e Comunicação, os quais
funcionam como meios de comunicações entre os prescritores, dispensadores e usuários
de medicamentos
62
e suas atividades foram ampliadas, especificadas a seguir
65
:
sensibilização periódica dos profissionais de saúde que trabalham, entre
outros, nos hospitais Maternidade-Escola Assis Chateaubriand e Hospital
Infantil Albert Sabin;
divulgação do programa de notificação voluntária de reação adversa a
medicamentos em eventos científicos realizados em Fortaleza com
distribuição de material informativo;
coleta das notificações voluntárias de reações adversas a medicamentos e/ou
queixas técnicas nos hospitais;
realização de busca ativa de casos suspeitos de reação adversa a medicamentos
nos hospitais;
realização de pesquisas bibliográficas (consulta em livros especializados e
artigos científicos);
reuniões semanais para avaliação dos casos de reação adversa a medicamentos
e/ou queixas técnicas coletados, encaminhados ou notificados durante a
realização da busca ativa de casos;
preparação das cartas-resposta aos notificadores de casos; e
introdução dos casos analisados no banco de dados do CEFACE (programa
EPI-Info 6.0).
25
As atividades básicas de Farmacovigilância no Brasil tiveram grande impulso
nos últimos três anos, com ampliação, por exemplo, do trabalho pioneiro no Ceará
66
.
4.6 Centro de Farmacovigilância: o passo-a-passo do processo de sua formação
Um centro de Farmacovigilância poderá ser sediado em um departamento
governamental (ex. agência regulatória de medicamentos), em uma determinada área do
hospital ou universidade, desde que desenvolvam a Farmacologia clínica, Farmácia
clínica, Toxicologia ou Epidemiologia
40
.
A operacionalização desse centro poderá ser rápida, mas vai depender, para seu
desenvolvimento pleno, do sistema de saúde do Brasil e de questões no plano estadual,
como principais exemplos: adequação da gestão nacional, com feedback à Unidade
Federada, atendendo a demanda local; decisão política e incentivo à estruturação de
programas estaduais; investimento na capacitação de pessoal, nas habilidades
necessárias a sua implantação e/ou implementação; e a definição de parcerias para
melhorar a eficiência e a efetividade das atividades de Farmacovigilância.
Para a formação desse centro, a OMS
40
preconiza a elaboração e implementação
de um plano de ação que contemple os pontos abaixo para sua instalação, como:
Estabelecer contatos, prevendo futuros parceiros, com as autoridades da saúde e
com instituições ou grupos estaduais, regionais ou nacionais que trabalhem com
a Clínica Médica, Farmacologia e Toxicologia, demonstrando a importância
desse plano e seus objetivos, conquistando adesões (exercitar a capacidade de
negociação).
Elaborar um formulário de notificação e desencadear a coleta de dados, com sua
distribuição em todo o hospital.
Produzir material impresso, para ampla divulgação, informando aos
profissionais de saúde sobre as definições, metas e métodos do sistema de
farmacovigilância, motivando a participação de todos.
Criar centro, providenciando a formação da equipe, acomodações, telefone,
processador de textos, capacidade de gerenciamento de base de dados,
bibliografia etc.
Desenvolver programa de educação continuada da equipe de Farmacovigilância.
Para conhecimento do fluxograma de investigação, por exemplo: a coleta de
dados e verificação, interpretação e codificação de descrições de reações
adversas, codificação de medicamentos, avaliação dos casos de causalidade,
identificação de sinais e gerenciamento de risco (... tomada de decisões
26
relativas aos riscos ou a ação para reduzir as conseqüências ou probabilidades
de ocorrência...)
6
(P.41) e outros conhecimentos combinados, provenientes da
Clínica Médica, Farmacologia, Toxicologia e Epidemiologia.
Formar uma base de dados (sistema administrativo para o armazenamento e
recuperação de indicadores).
Organizar reuniões intra-hospitalares para explicar sobre os princípios,
demandas, e a importância da notificação para o Sistema de Farmacovigilância.
Promover a importância da notificação de reações adversas a medicamentos, por
meio de publicações em periódicos médicos, boletins e outros meios de acesso
aos profissionais e atividades de comunicação.
Manter contatos com as instituições que tenham em comum a operacionalização
da farmacovigilância (ampliar os processos comunicativos).
É importante considerar, independentemente do local da implantação desse
centro, a sua vinculação ao sistema de regulação de medicamentos e em serviço da
população. A Farmacovigilância não é privilégio de ninguém em particular, mas
resultado da colaboração, coordenação, comunicação e boa relação da equipe
40
.
Com esse espírito o centro desenvolverá suas ações com a devida coerência e
prevenirá a competição ou duplicidades desnecessárias. Mesmo em meio a tanto
individualismo e narcisismo, haverá espaço para a generosidade e a parceria.
27
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Procedimentos metodológicos
5.1.1 Delineamento, local e período de estudo
Estudo seccional e descritivo
50
, de base hospitalar, conduzido em um hospital-
sentinela de ensino da rede pública estadual, no período de abril a julho de 2008.
5.1.2 Fonte de dados e procedimentos de coleta
Para a obtenção de dados primários
67
, conduziu-se um inquérito “institucional”
por meio da aplicação de um questionário estruturado e autopreenchido
50
(Apêndice 1)
.
Definiram-se como critérios de inclusão na amostra: os profissionais ativos na
assistência a pacientes hospitalizados; a interface direta com o medicamento, como a
prescrição, distribuição e sua administração; o envolvimento na produção de
conhecimentos dos residentes, internos e estagiários curriculares; e o tempo de trabalho
na instituição superior a 12 meses. Desta forma, a amostra foi de conveniência (amostra
apropiada ao estudo)
50
.
A população do estudo compreendeu profissionais de saúde, de três categorias
profissionais médica, farmacêutica e enfermagem –, composta por coordenadores,
preceptores, staffs e supervisores do Programa de Residência Médica, Internato e
Estágio Curricular, abordados nas reuniões técnico-científicas realizadas no hospital.
Portanto, a busca desses profissionais nessas reuniões e o envolvimento com a
formação de recursos humanos tencionavam obter informações dos profissionais,
provavelmente, mais atualizados sobre o objeto de estudo.
Cálculo do tamanho da amostra
Para obtenção de uma amostra representativa da população-alvo, inicialmente se
identificou no Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisas da Instituição de
pesquisa o cadastro de 160 profissionais de saúde relativos às três categorias escolhidas,
e empregou-se a fórmula de cálculo de amostra para populações finitas
68
,descrita a
seguir:
n = t² 5,0% × P × Q × N_____ onde,
e² (N-1) + t² 5,0% × P × Q
t = o valor da distribuição t de Student (t ao nível de 5,0 % = 1,96)
P = a prevalência estimada de conhecimento dos profissionais de saúde acerca das
atividades de farmacovigilância (50,0%)- Optou-se por 50,0% em função de ser valor
que maximiza o tamanho amostral.
28
Q = 1 – P
e = o erro amostral admitido (e = 4,0%)
n = o tamanho da população (160 profissionais nas categorias e critérios definidos)
Assim, definiu-se o tamanho da amostra, como:
n = ___(1,96)² × 50,0% × 50,0% × 160___
4² × (160-1) + (1,96)² × 50,0% × 50,0%
n = 126
A seguir, calculou-se o número de participantes, proporcionalmente ao total
desses profissionais ativos, ficando a amostra de conveniência assim distribuída, ver
Quadro 2.
Quadro 2 - Distribuição da amostra de profissionais de saúde
selecionados para o estudo.
Fonte: dados primários.
Instrumento de coleta de dados
O questionário, estruturado e autopreenchido
50
, foi composto de 27 perguntas
com respostas fechadas, com uma questão aberta para justificativa (Questão n° 13), com
opções de múltipla e de simples escolha e dividido em três seções.
As questões foram agrupadas nas seções, de acordo com os aspectos específicos
enfocados em suas formulações.
Seção A compreendeu as variáveis que caracterizaram os profissionais
de saúde, incluindo os dados demográficos e funcionais referentes a
esses profissionais. Estes indicadores permitiram a categorização dos
profissionais por gênero e idade (anos completos), categoria
profissional, setor de trabalho, tempo de formado, tempo na instituição,
carga horária semanal, pós-graduação e equipe de capacitação que
compõem (nove questões).
Seção B enfocou variáveis sobre o conhecimento que o pesquisado
possuía com relação às RAM, tais como: Aquisição de conhecimentos
Profissional de
saúde
Total de profissionais
ativos
Número de
participantes no estudo
Médico
108 85
Farmacêutico
12 9
Enfermeiro
40 32
TOTAL
160 126
29
sobre RAM na instituição de pesquisa, fontes de atualização em
assuntos referentes a RAM, entendimento sobre a definição de RAM,
profissionais que podiam notificar as suspeitas de RAM, as RAM que
deviam ser preferencialmente notificadas, fator(es) que podia(m)
dificultar a identificação das RAM, obstáculo(s) para a notificação
espontânea das RAM, importância da existência de um Serviço de
Farmacovigilância na instituição de pesquisa, de que forma a existência
de um Serviço de Farmacovigilância podia beneficiar a instituição de
pesquisa, freqüência com que se depararam com casos de suspeitas de
RAM no último ano na instituição de pesquisa, disponibilidade do
formulário de notificação na unidade de internação na última semana e
existência de feedback quando da realização de notificação de caso
suspeito de RAM (doze questões).
Seção C abordou as atitudes dos profissionais de saúde perante às
suspeitas de RAM, como: freqüência com que costumavam perguntar
aos pacientes sobre sinais e/ou sintomas relacionados com possíveis
RAM, se costumavam informar aos pacientes quanto às possíveis
reações adversas relacionadas aos medicamentos prescritos, quando se
depararam com suspeitas de RAM se procuraram discuti-las com outros
profissionais da área de saúde, quais foram esses profissionais e o que
costumavam fazer; na última pergunta, elaborou-se uma específica para
os médicos e outra para os enfermeiros e farmacêuticos, com respostas
distintas (seis questões).
Para análise do entendimento dos profissionais de saúde no que concerne à
definição de reação adversa a medicamento (Questão 12), foi utilizada como parâmetro
a definição preconizada pela Organização Mundial de Saúde, como ...Uma resposta a
um medicamento que seja nociva e não intencional, e que ocorra nas doses
normalmente utilizadas em seres humanos para prevenção, diagnóstico ou terapia de
doenças ou para modificação de uma função fisiológica....
3
(P.2), a qual foi dividida
nas seguintes opções: (1) Resposta nociva e não intencional; e (2) Ocorre nas doses
normalmente utilizadas em seres humanos para prevenção, diagnóstico ou terapia de
doenças. Na pontuação dessas respostas, a definição foi classificada em três categorias -
(1) Totalmente-correta - quando o profissional fez referência às duas características que
compõem a definição; (2) Parcialmente correta - quando mencionada apenas uma
30
característica; e (3) Incorreta - quando referiu alguma característica não coerente com a
definição.
Nas questões de números 19, 22, 23 e 24 para avaliação da freqüência
utilizaram-se os termos: sempre (em todo tempo), freqüentemente (habitual),
ocasionalmente (eventual), raramente (pouco freqüente) e nunca (jamais).
Todas as respostas, das perguntas do referido questionário, foram distribuídas
em proporções, para melhor compreensão e uniformidade e igualmente comparadas
com a literatura especializada, para a descrição do conhecimento e atitudes dos
profissionais.
Antes da aplicação definitiva do instrumento, esse foi submetido a um estudo-
piloto e testado.
Estudo-piloto
Para verificação da qualidade do questionário
quanto à clareza e pertinência
das perguntas –, realizou-se um pré-teste
67
.
Para tanto, este foi aplicado em uma
amostra-piloto, tomando-se um pequeno percentual da amostra da população-alvo
(N=160). Dezesseis profissionais participaram (=10,0% da amostra), diferentes dos
participantes do estudo, para não antecipar a divulgação do inquérito. Referido
questionário, em sua forma definitiva, foi preenchido por dois farmacêuticos, quatro
enfermeiros e dez médicos.
Identificadas dificuldades no preenchimento do questionário, estas discutidas,
havendo-se sugerido algumas alterações. Ocorreram, então, substituições, como a
unidade de trabalho por setor (Questão 4), pois nem todos os profissionais se encontram
lotados nas unidades; especialidade por pós-graduação e qual (Questão 8), de forma
mais geral, para contemplar todos os profissionais incluídos na amostra de
conveniência; formação por capacitação (Questão 9); acréscimo nos dados, com a
inclusão de tempo de formado (Questão 5). Também ocorreu melhoria no enunciado das
questões 11 e 12.
Observaram-se poucas modificações, pois o questionário foi estruturado com base nas
diretrizes da OMS
3
/ WHO
6,40
e na adaptação, em conformidade com os objetivos
desta pesquisa, de dois questionários, anteriormente, testados por Ponciano
69
e Brito
70
.
Após os acertos necessários, iniciou-se o trabalho de campo.
31
Coleta de dados
Antes da aplicação do questionário, o profissional de saúde concordou em
participar da pesquisa e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
A maioria dos profissionais respondeu ao instrumento de coleta de dados na
presença da pesquisadora responsável (N=116; 92,0%), outros escolheram entregá-lo,
posteriormente, por não dispor de tempo naquele momento (N=10; 8,0%).
A abordagem aos profissionais de saúde enfermeiros e médicos – foi realizada
pela pesquisadora, momento em que lhes apresentou o TCLE. Com relação aos
farmacêuticos, todos os funcionários do Setor de Farmácia, categoria profissional da
pesquisadora, a abordagem se procedeu com a representante da Gerência de Risco
Sanitário e Hospitalar, a fim de evitar constrangimentos entre aqueles que não queriam
participar da investigação.
5.2 Análise descritiva
Para a formação do banco de dados, foi utilizado o aplicativo do programa de
domínio público Epi Info 6, versão 6.04
71
.
Realizou-se análise univariada, com base nas freqüências absolutas (N) e nos
cálculos das freqüências percentuais simples
72
.
Os resultados foram compilados/organizados e apresentados mediante
ilustrações (tabelas e gráficos) para facilitar a sua visualização, leitura e compreensão
72
.
Referentes às perguntas que permitiam respostas múltiplas, os resultados foram
apresentados levando-se em consideração tanto a freqüência dos itens de resposta como
a distribuição dos profissionais por item.
5.3 Considerações éticas
Todas as etapas da pesquisa foram desenvolvidas de conformidade com às
exigências da Resolução nº. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de outubro
de 1996, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos
73
. Nessa Resolução constam os princípios relativos à autonomia,
beneficência, não-maleficência, justiça e eqüidade.
Os dados foram coletados mediante assinatura do Termo de Compromisso
(Anexo 5) da instituição de pesquisa e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE / Apêndice 2), para a manifestação do sujeito da pesquisa de sua aceitação em
32
participar, o qual lhe assegurou a preservação do anonimato, sigilo das informações e
autonomia quanto a participar ou não da pesquisa.
As dúvidas surgidas, antes e durante o curso da pesquisa, foram plenamente
esclarecidas pela pesquisadora.
O projeto deste estudo foi submetido a exame e recebeu aprovação dos Comitês
de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) da
Fundação Oswaldo Cruz (Parecer nº. 162/07), e do hospital da pesquisa (Parecer nº.
141107/07).
A coleta de dados somente se iniciou após aprovação do projeto de pesquisa.
33
6 RESULTADOS
As análises foram realizadas em 126 formulários válidos, de acordo com a
distribuição dos profissionais de saúde prevista 85 médicos, 9 farmacêuticos e 32
enfermeiros que retornaram com preenchimento completo e os participantes com
tempos, iguais ou superiores há 12 meses, na instituição de pesquisa.
Dos profissionais de saúde enfermeiros, farmacêuticos e médicos –, que
participaram do estudo, predominaram os de gênero feminino (58,7%), da faixa etária
41 a 50 anos (42,1%), média de idade 44 anos, com tempo de formados entre 21 e 30
anos (39,7%), com tempo na instituição de 11 a 20 anos (42,9%) e com carga horária
semanal de 4 a 20h (58,7%). A maioria possuía pós-graduação (N=100; 79,4%), 63,5%
tendo especialização (N=80), 14,3% mestrado (N=18) e 1,6% doutorado (N=2) (Tabela
1).
Quanto à distribuição nos setores do hospital, os farmacêuticos estavam lotados
no Setor de Farmácia. Os enfermeiros estavam lotados principalmente nas Unidades de
Serviços Clínicos (37,5%) e nas Unidades de Serviços Cirúrgicos (37,5%), seguida da
Unidade de Terapia Intensiva (21,9%). Os serviços de Cirurgia Geral (25,0%),
Transplante Renal (9,4%), Clínica Médica (6,3%), Obstetrícia (6,3%) e Hematologia
(6,3%) foram os que tiveram o maior número de enfermeiros. Todos estes profissionais
encontravam-se envolvidos com a preceptoria do estágio curricular (Tabela 1).
Os médicos estavam lotados principalmente nas Unidades de Serviços Clínicos
(62,4%), sobretudo nas especialidades de Ginecologia; Clínica Médica; Transplante
Renal e Reumatologia. Nas Unidades de Serviços Cirúrgicos encontravam-se 17,7%
(N=15) dos médicos respondentes, dos quais 46,7% localizavam-se na Cirurgia Geral e
33,2% na Neurocirurgia. Nas Unidades de Terapia Intensiva havia 11,7% dos médicos e
os demais (8,2%) se distribuíram em outros locais, tais como Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (N=2); Comissão Multidisciplinar de Terapia Nutricional (N=1);
Emergência (N=3); e Programa de Atenção Domiciliar (N=1) (Tabela 1).
Todos os médicos estavam envolvidos com o Programa de Residência Médica
e/ou com Internato, sendo que 55,3% se envolviam com as duas áreas, 40,0% apenas
com a residência e 4,7% somente com internato (Tabela 1).
34
Tabela 1 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo características demográficas e
funcionais. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza-CE, 2008 (n=126).
Características
N
%
Gênero
Masculino 52 41,3
Feminino 74 58,7
Faixa Etária (em anos)
24 a 30 12 9,5
31 a 40 25 19,8
41 a 50 53 42,1
51 36 28,6
Categoria profissional
Enfermagem 32 25,4
Farmacêutica 9 7,1
Médica 85 67,5
Setor de trabalho
Enfermeiro:
Unidade Cirúrgica 12 37,5
Unidade Clínica 12 37,5
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 7 21,9
Outro 1 3,1
Farmacêutico:
Farmácia 9 100,0
Médico:
Unidade Cirúrgica 15 17,7
Unidade Clínica 53 62,4
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 10 11,7
Outros 7 8,2
Tempo de formado (em anos)
1 a10 25 19,8
11 a 20 40 31,7
21 a 30 50 39,7
31 a 40 11 8,8
Tempo na instituição (em anos)
1 a 10 46 36,5
11 a 20 54 42,9
21 a 40 26 20,6
Carga horária semanal (em horas)
4 a 20 74 58,7
21 a 40 45 35,7
41 7 5,6
Pós-graduação
Especialização 79 63,5
Mestrado 19 14,3
Doutorado 2 1,6
Não 26 20,6
Equipe de capacitação
Internato/ Residência 85 67,5
Estágio curricular 41 32,5
Fonte: dados primários.
Os conhecimentos sobre reações adversas a medicamentos (RAM) adquiridos
pelos profissionais, nessa instituição, foram considerados insuficientes pela maioria
(43,7%). Um importante percentual, 28,5%, referiu que este assunto nunca foi
abordado. Apenas 27,8% consideraram que adquiriram, no hospital, informações
35
suficientes sobre as RAM. Destaca-se que este percentual foi maior entre os
farmacêuticos (Tabela 2).
Tabela 2Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre aquisição de conhecimentos
relacionados às reações adversas a medicamentos no hospital. Hospital-sentinela de ensino
de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Conhecimentos
N
%
N
%
N
%
N
%
Suficientes
11
34,4
5
55,6
19
22,3
35
27,8
Insuficientes
13
40,6
3
33,3
39
45,9
55
43,7
Este assunto
nunca foi
abordado
8
25,0
1
11,1
27
31,8
36
28,5
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
A maioria dos profissionais, 94,5% (N=119), referiu que se mantém atualizada
sobre as RAM. Os profissionais que não mencionaram se atualizar sobre o tema foram
9,4% enfermeiros, 3,5% médicos e 11,1% farmacêutico. Os 119 profissionais que se
atualizam, referiram fontes de informação diferenciadas. Os enfermeiros (71,9%) e os
farmacêuticos (66,7%) aludiram as revistas científicas como fonte de atualização. A
maioria dos médicos (60,0%) citou os livros-textos e parte deles (40,0%) também
referiram as sessões clínicas como suas fontes. Mais de 50,0% dos farmacêuticos
fizeram menção aos cursos como fontes de atualização (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo fontes de atualização sobre reação
adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
40,6 40,6
6,3
53,1
71,9
55,6
44,4
11,1
33,3
66,7
28,2
32,9
40,0
60,0
20,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Cursos Palestras Sessões
clínicas
Livros textos Revistas
científicas
fontes
%
enfermeiros farmauticos médicos
36
Os profissionais de saúde fizeram referências (N=241) a fontes de atualização
sobre RAM. Os livros-textos foram os mais citados (29,5%), ao que se seguem as
revistas científicas (19,1%) e palestras (18,7%). As fontes mais citadas pelos
enfermeiros e farmacêuticos foram, principalmente, as revistas científicas (33,8% e
31,6%), enquanto os médicos citaram principalmente os livros-textos (33,1%) e as
sessões clínicas (22,1%) (Tabela 3).
Tabela 3Fontes de atualização sobre reação adversa a medicamento informadas por profissionais
de saúde. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Fontes de
atualização
N
%
N
%
N
%
N
%
Cursos
13
19,1
5
26,3
24
15,6
42
17,4
Palestras
13
19,1
4
21,0
28
18,2
45
18,7
Sessões
clínicas
2
3,0
1
5,3
34
22,1
37
15,3
Livros-textos
17
25,0
3
15,8
51
33,1
71
29,5
Revistas
científicas
23
33,8
6
31,6
17
11,0
46
19,1
TOTAL
68
100,0
19
100,0
154
100,0
241*
100,0
* Alguns profissionais referiram mais de uma fonte de atualização.
Fonte: dados primários.
O entendimento da definição de RAM, referida pelos profissionais de saúde, foi
considerada totalmente correta em 54,0% dos casos. Os médicos citaram de forma
totalmente correta em 62,3%, enquanto os enfermeiros (N=21; 65,6%) e farmacêuticos
(N=5;55,6%) responderam, em sua maioria, de forma parcialmente correta (Tabela 4).
Tabela 4 Distribuição dos profissionais de saúde, segundo entendimento da definição de reação
adversa a medicamento Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Definição de
RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Totalmente
correta
11
34,4
4
44,4
53
62,3
68
54,0
Parcialmente
correta
21
65,6
5
55,6
30
35,3
56
44,4
Incorreta
-
-
-
-
2
2,4
2
1,6
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
37
A maior parte dos profissionais (89,7%) mencionou que todos os profissionais
da área de saúde podem notificar as suspeitas de RAM, sendo a categoria farmacêutica
uniforme nesta resposta (Tabela 5).
Algumas justificativas foram levantadas, para que todos os profissionais
notifiquem, e transcritas. Os médicos, 20,0% (N=17) que justificaram a resposta
consideraram ser: “porque estes profissionais dispensam, prescrevem e administram os
fármacos”; “o profissional de saúde que identificar a RAM, tem dever de notificar”; “a
importância da equipe multidisciplinar”; “todos são responsáveis pelo cuidado com o
paciente”; “presume-se que tenham conhecimento do assunto”; “esses profissionais
devem ser capacitados para avaliar sinais clínicos, dentro da sua categoria, que poderão
ser notificados e permitir melhor investigação”; “têm contato com o paciente”; “porque
somos uma equipe”; “porque todos tratam de seres humanos”; “para que um maior
número de eventos seja notificado”; “desde que estejam capacitados”; “todos têm
conhecimentos para identificar a suspeita de RAM”; “a meu ver qualquer um deles é
capacitado para notificar”; “todos zelam pela saúde do paciente”; e “todos são
responsáveis”. Os cinco enfermeiros que justificaram pensam que: “estão diretamente
ligados ao paciente”; “todo profissional que detectar tal reação”; “todos, desde que
saibam quais as drogas administraram”; “todos profissionais devem ter este
conhecimento”; e “todos são participantes do processo”.
O percentual de 5,9% dos médicos (N=5) que optaram por “somente médicos”
(Tabela 5) alegaram os seguintes motivos: “o médico é o único profissional legalmente
autorizado a prescrever”; “porque as RAM são bastante específicas”; “são capacitados
para reconhecer e diagnosticar”; “necessidade de diagnóstico diferencial”; e “avaliação
no dia-a-dia com conhecimento específico”.
38
Tabela 5 – Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre categoria profissional que
pode notificar as suspeitas de reações adversas a medicamentos. Hospital-sentinela de
ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Categoria
profissional
notificadora
de RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Somente
médicos
-
-
-
-
5
5,9
5
4,0
Todos
profissionais
da área de
saúde
31
96,9
9
100,0
73
85,9
113
89,7
Nenhuma
1
3,1
-
-
7
8,2
8
6,3
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Nota: foram suprimidas as alternativas somente enfermeiros e somente farmacêuticos, pois não foram obtidas
opiniões favoráveis a estes itens.
No que tange às RAM a serem notificadas, 79,3% opinaram no sentido de que
todas devem ser notificadas, sendo os farmacêuticos unânimes nesta opinião. A
notificação das RAM mais graves foi selecionada como preferencial por 12,0% dos
profissionais, especialmente pela categoria médica (Tabela 6).
Tabela 6 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre tipo de reações adversas
que devem ser, preferencialmente, notificadas. Hospital- sentinela de ensino de Fortaleza
- CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
RAM a serem
notificadas
N
%
N
%
N
%
N
%
Todas
29
90,6
9
100,0
62
73,0
100
79,3
As mais
freqüentes
-
-
-
-
4
4,7
4
3,2
As mais graves
3
9,4
-
-
12
14,0
15
12,0
As mais
freqüentes/mais
graves
-
-
-
-
7
8,3
7
5,5
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Nota: foram suprimidas as alternativas nenhuma e não sei, pois não foram obtidas opiniões favoráveis a estes itens.
A maioria dos profissionais, em todas as categorias, identificou o esquema
terapêutico com administração de diversos rmacos de forma simultânea como
importante fator de dificuldade na identificação das RAM. Muitos médicos (75,3%) e
farmacêuticos (66,7%) também citaram o desconhecimento das RAM como fator de
dificuldade. Apenas um enfermeiro informou outra dificuldade além das apresentadas
39
“falta de registro nos prontuários” e 1,2% médico (N=1) não referiu dificuldades para
detectar essas reações (Gráfico 2).
Gráfico 2 - Distribuição dos profissionais de saúde (N e %), segundo dificuldades para a
identificação de reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de
Fortaleza - CE, 2008.
84,4
31,3
56,3
0,0
3,1
77,8
44,4
66,7
0,0 0,0
91,8
52,9
75,3
1,2
0,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Esquema
terapêutico
A reação adversa
se confunde com
a sintomatologia
clínica
Desconhecimento
das reações
adversas
Não ocorrem
dificuldades
Outro
dificuldades
%
enfermeiros farmacêuticos médicos
Os profissionais de saúde do hospital opinaram 261vezes e 88,9% citaram como
dificuldade na identificação das RAM, o esquema terapêutico onde são administrados
vários fármacos de forma simultânea (Tabela 7).
40
Tabela 7 - Fatores referidos por profissionais de saúde que podem dificultar a identificação das
reações adversas a medicamentos. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Fatores dificultadores
da identificação de
RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Esquema terapêutico
onde são administrados
vários fármacos de
forma simultânea
27
48,2
7
41,2
78
41,5
112
42,9
Desconhecimento, por
parte do profissional de
saúde, das reações
adversas
18
32,1
6
35,3
64
34,0
88
33,7
A reação adversa se
confunde com a
sintomatologia clínica,
por ser muito parecida
com a patologia de base
do paciente
10
17,9
4
23,5
45
24,0
59
22,6
Não ocorrem
dificuldades para
detectar as reações
-
-
-
-
1
0,5
1
0,4
Outro
1
1,8
-
-
-
-
1
0,4
TOTAL
56
100,0
17
100,0
188
100,0
261
*
100,0
* Alguns profissionais referiram mais de um fator.
Fonte: dados primários.
No que diz respeito aos obstáculos para a notificação de RAM, 77,8% dos
farmacêuticos e 75,3% dos médicos registraram ser o desconhecimento sobre as
atividades de farmacovigilância. Um alto percentual dos médicos (70,6%) considerou a
incerteza quanto ao diagnóstico também como obstáculo. Mais de 50,0% dos médicos
referiram a ausência de feedback sobre a notificação e mais de 50,0% dos enfermeiros
consideraram obstáculos o desconhecimento das atividades de farmacovigilância e a
incerteza do diagnóstico (Gráfico 3).
41
Gráfico 3 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo obstáculos para a notificação de reação
adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
56,3
40,6
31,3
6,3
77,8
55,6
22,2
44,4
22,2
33,3
70,6
64,7
57,6
47,1
43,8
53,1
27,1
75,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
D
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s
c
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s
i
n
d
i
v
i
d
u
a
i
s
obstáculos para notificação
%
enfermeiros
farmacêuticos
médicos
Os profissionais citaram em seu conjunto 388 obstáculos. Os principais
obstáculos referidos, por todas as categorias profissionais, para a notificação espontânea
(voluntária) das RAM, foram o desconhecimento sobre as atividades de
Farmacovigilância e a incerteza sobre o diagnóstico da reação adversa a medicamento
(Tabela 8). Um enfermeiro citou como outro fator a “falta de registros nos prontuários”.
42
Tabela 8 - Obstáculos para a notificação espontânea das reações adversas a medicamentos referidos
pelos profissionais de saúde. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Obstáculos para a
notificação espontânea de
RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Desconhecimento sobre as
atividades de
farmacovigilância
18 24,3 7 30,0 64 22,0 89 23,0
Incerteza sobre o diagnóstico
da reação adversa a
medicamento
17 23,0 5 21,7 60 20,6 82 21,1
Ausência de formulário de
notificação na Unidade de
Internação
13 17,5 2 9,0 55 18,9 70 18,0
Inexistência de feedback
(retorno) ao profissional
sobre as RAM notificadas
14 19,0 4 17,3 49 16,8 67 17,3
Acúmulo de trabalho, sem
tempo para preencher o
formulário de notificação
10 13,5 2 9,0 40 13,7 52 13,4
A cultura de que esses
eventos são erros individuais
de profissionais de saúde e
não deficiências no sistema
2 2,7 3 13,0 23 8,0 28 7,2
TOTAL
74 100,0 23 100,0 291 100,0 388* 100,0
* Alguns profissionais referiram mais de um obstáculo.
Fonte: dados primários.
Nota: foram suprimidas as alternativas nenhuma e outras, pois não foram obtidas opiniões favoráveis a estes itens.
A maior parte dos participantes da pesquisa considerou muito importante a
existência de um Serviço de Farmacovigilância, para receber notificações de reações
adversas a medicamentos, com 100,0% de afirmação dos enfermeiros e farmacêuticos.
Vale ressaltar que somente 0,8% profissional achou pouco importante e 2,4% não
pensaram no assunto (Tabela 9).
43
Tabela 9 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo opinião sobre importância da
existência de um Serviço de Farmacovigilância. Hospital-sentinela de ensino de
Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Importância de
Serviço de
Farmacovigilância
N
%
N
%
N
%
N
%
Sim, muito
importante
32
100,0
9
100,0
81
95,3
122 96,8
Acho pouco
importante
-
-
-
-
1
1,2
1 0,8
Não pensei no assunto
-
-
-
-
3
3,5
3
2,4
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Nota: foi suprimida a alternativa não é importante, pois não foram obtidas opiniões favoráveis a este item.
Um percentual expressivo de todos os profissionais de saúde entrevistados
considerou que a existência de um Serviço de Farmacovigilância tem como benefício a
promoção do Uso Racional de Medicamentos no hospital (68,8% dos enfermeiros,
66,7% dos farmacêuticos e 70,6% dos médicos). Mais de 50,0% dos médicos também
referiram como benefícios à diminuição de incidência de RAM, a melhoria da
prescrição médica e o estabelecimento de protocolos (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo benefícios do serviço de
farmacovigilância. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
25,0
31,3
53,1
66,7
44,4
0,0
22,2
64,7
57,6
32,9
55,3
68,8
43,8
44,4
70,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
P
r
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m
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n
t
o
benefícios do SFV
%
enfermeiros
farmacêuticos
médicos
44
Dentre as 326 referências de benefícios da existência de um Serviço de
Farmacovigilância na Instituição, a promoção do uso racional de medicamentos foi a
mais referida pelos profissionais (Tabela 10).
Tabela 10 Benefícios referidos, pelos profissionais de saúde, da existência de um Serviço de
Farmacovigilância em um hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Benefícios de Serviço
de Farmacovigilância
N
%
N
%
N
%
N
%
Promover o uso
racional de
medicamentos
22 31,0 6 37,5 60 25,1 88 27,0
Diminuir a incidência
de RAM
14 19,7 4 25,0 55 23,0 73 22,4
Estabelecer protocolos
de tratamento
17 24,0 2 12,5 47 19,7 66 20,2
Melhorar a prescrição
médica
8 11,3 4 25,0 49 20,5 61 18,7
Qualificar a história
clínica do paciente
10 14,0 - - 28 11,7 38 11,7
TOTAL
71 100,0 16 100,0 239 100,0 326 * 100,0
* Alguns profissionais referiram mais de um benefício.
Fonte: dados primários.
Nota: foram suprimidas as alternativas não beneficiará a instituição e outros, pois não foram obtidas opiniões
favoráveis a estes itens.
Em relação à freqüência com que as RAM são identificadas pelos profissionais
nesta Instituição, no último ano, a maioria referiu ter sido ocasionalmente (63,5%). Os
demais, raramente (18,2%), freqüentemente (16,7%) e sempre (1,6%). A maioria dos
médicos e enfermeiros se deparou ocasionalmente e a maioria dos farmacêuticos se
dividiu em suas respostas, ocasionalmente e raramente (Tabela 11).
45
Tabela 11 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que se depararam com
suspeitas de reações adversas a medicamentos, no último ano. Hospital-sentinela de
ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Identificação de
reação adversa
N
%
N
%
N
%
N
%
Sempre (em todo
tempo)
-
-
1
11,2
1
1,2
2
1,6
Freqüentemente
(habitual)
4
12,5
-
-
17
20,0
21
16,7
Ocasionalmente
(eventual)
20
62,5
4
44,4
56
65,9
80
63,5
Raramente (pouco
freqüente)
8
25,0
4
44,4
11
12,9
23
18,2
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Nota: foi suprimida a alternativa nunca, pois não foram obtidas opiniões favoráveis a este item.
Registra-se o fato de que a maioria dos profissionais (63,4%) não sabia da
disponibilidade do Formulário de Notificação de Reação Adversa a Medicamento na
unidade de internação, na última semana. O desconhecimento foi maior entre os
farmacêuticos e médicos. Um número considerável de profissionais (N=31) respondeu
que o formulário não se encontrava na sua unidade; e outros afirmaram sua existência
na unidade de internação, especialmente entre os enfermeiros (Tabela 12).
Tabela 12 Distribuição dos profissionais de saúde, segundo referência de disponibilidade do
Formulário de Notificação de RAM na unidade de internação, na última semana.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Disponibilidade de
Formulário de
Notificação de RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Sim
13
40,6
1
11,1
1
1,2
15
12,0
Não
9
28,1
1
11,1
21
24,7
31
24,6
Não sei
10
31,3
7
77,8
63
74,1
80
63,4
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Quando da notificação de RAM pelos profissionais de saúde, em sua maioria
não sabiam sobre a existência de feedback (55,6%) retorno de informação –, 34,1%
46
afirmaram não obter retorno e 10,3% receberam retorno. Entre os médicos e os
farmacêuticos predominou a resposta “não sei” e a maioria dos enfermeiros informou
não ter retorno (Tabela 13).
Tabela 13 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo referência a existência de feedback
(retorno) quando da notificação de suspeita de RAM. Hospital-sentinela de ensino de
Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Existência de retorno
sobre RAM notificada
N
%
N
%
N
%
N
%
Sim
7
21,9
1
11,1
5
5,9
13
10,3
Não
15
46,9
3
33,3
25
29,4
43
34,1
Não sei
10
31,2
5
55,6
55
64,7
70
55,6
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
A maioria dos profissionais de saúde referiu perguntar freqüentemente aos
pacientes sobre sinais e/ou sintomas relacionados com as RAM (35,7%). 35,0% deles
perguntavam sempre. Houve predomínio dos médicos em freqüentemente e em seguida
sempre; a maior parte dos farmacêuticos se concentrou na mesma proporção entre
raramente e nunca; e a maioria dos enfermeiros se dividiu na tríade sempre,
freqüentemente e ocasionalmente (Tabela 14).
Tabela 14 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que indagaram aos
pacientes sobre sinais e/ou sintomas relacionados com possíveis RAM. Hospital-
sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Freqüência de
indagação sobre RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Sempre (em todo o
tempo)
8
25,0
1
11,1
35
41,2
44
35,0
Freqüentemente
(habitual)
8
25,0
-
-
37
43,5
45
35,7
Ocasionalmente
(eventual)
8
25,0
2
22,3
10
11,7
20
15,8
Raramente (pouco
freqüente)
6
18,8
3
33,3
2
2,4
11
8,7
Nunca (jamais)
2
6,2
3
33,3
1
1,2
6
4,8
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
47
Foram 33,3% os profissionais que costumavam freqüentemente informar aos
pacientes quanto às possíveis reações adversas relacionadas aos medicamentos
prescritos. A maioria dos médicos sempre informava aos pacientes sobre RAM, os
enfermeiros freqüentemente e os farmacêuticos nunca e raramente (Tabela 15).
Tabela 15 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que informaram aos
pacientes quanto às possíveis reações adversas relacionadas aos medicamentos
prescritos. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Freqüência de
informação sobre
RAM ao paciente
N
%
N
%
N
%
N
%
Sempre (em todo o
tempo)
3
9,4
1
11,1
33
38,8
37
29,4
Freqüentemente
(habitual)
11
34,3
-
-
31
36,4
42
33,3
Ocasionalmente
(eventual)
7
21,9
1
11,1
18
21,2
26
20,6
Raramente (pouco
freqüente)
7
21,9
3
33,4
2
2,4
12
9,5
Nunca (jamais)
4
12,5
4
44,4
1
1,2
9
7,2
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
Com relação à freqüência, quando da suspeita de RAM, 39,7% dos profissionais
de saúde mencionaram que procuram freqüentemente discutir com outros profissionais.
Os médicos referiram em maior número que costumam discutir freqüentemente o
assunto com outros profissionais; a maioria dos enfermeiros sempre; e a maioria dos
farmacêuticos se dividiu, proporcionalmente, entre freqüentemente, ocasionalmente,
raramente e nunca (Tabela 16).
48
Tabela 16 – Distribuição dos profissionais de saúde, segundo freqüência com que procuram discutir
com outros profissionais, quando da suspeita de reação adversa a medicamento.
Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Troca de informação
sobre RAM com outros
profissionais
N
%
N
%
N
%
N
%
Sempre (em todo o
tempo)
13
40,6
1
11,2
21
24,7
35
27,8
Freqüentemente
(habitual)
10
31,2
2
22,2
38
44,7
50
39,7
Ocasionalmente
(eventual)
7
21,9
2
22,2
19
22,4
28
22,2
Raramente (pouco
freqüente)
2
6,3
2
22,2
6
7,0
10
7,9
Nunca (jamais)
-
-
2
22,2
1
1,2
3
2,4
TOTAL
32
100,0
9
100,0
85
100,0
126
100,0
Fonte: dados primários.
O Gráfico 5 indica que os farmacêuticos buscavam, em sua maioria (77,8%),
seus colegas de profissão para discutir sobre as suspeitas de RAM. Os enfermeiros e os
médicos (22,4% e 90,6%) referiram discutir com os profissionais médicos e os
enfermeiros também citaram os enfermeiros como profissionais com quem discutem
65,6%. Informaram que, também, utilizam outros recursos como a “ANVISA” e “a
equipe”.
Gráfico 5 - Distribuição dos profissionais de saúde, segundo profissionais com quem discutem as
suspeitas de RAM. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
65,6
40,6
87,5
6,3
33,3
77,8
44,4
0,0
22,4
24,7
90,6
0,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Enfermeiros Farmacêuticos Médicos Outros
profissionais
%
enfermeiros farmauticos médicos
profissionais
49
Os profissionais, quando da suspeita de RAM, referiram discutir o assunto, com
outros profissionais, em 195 vezes. Os médicos foram os profissionais mais citados,
seguidos os enfermeiros e os farmacêuticos (Tabela 17).
Tabela 17 Profissionais com os quais os profissionais de saúde discutem casos de suspeita de
reação adversa a medicamento. Hospital-sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Médico
Total
Profissionais com
quem discutem casos
de RAM
N
%
N
%
N
%
N
%
Enfermeiros
21
32,8
3
21,4
19
16,2
43
22,0
Farmacêuticos
13
20,3
7
50,0
21
18,0
41
21,0
Médicos
28
43,8
4
28,6
77
65,8
109
56,0
Outros
2
3,1
-
-
-
-
2
1,0
TOTAL
64
100,0
14
100,0
117
100,0
195
*
100,0
* Alguns profissionais referiram mais de uma categoria profissional.
Fonte: dados primários.
Todos os médicos referiram adotar alguma atitude na presença de suspeita de
RAM. A maioria suspendia o medicamento e/ou mudava a terapêutica medicamentosa;
alguns ajustavam a dose; e a minoria mantinha o medicamento e não tratava sinais e
sintomas. Outros, 8,1%, aludiram que suas atitudes iriam depender da gravidade da
RAM (N=8) e do risco/benefício do medicamento (N=1), para, então, suspender, mudar,
ajustar e/ou manter o medicamento (Tabela 18).
Tabela 18 – Atitudes referidas pelos médicos em presença de suspeita de RAM. Hospital-sentinela
de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Médico
Atitude na suspeita de RAM
N
%
Suspende o medicamento
51
46,0
Muda a terapêutica medicamentosa
32
28,8
Ajusta a dose
12
10,8
Mantém o medicamento e trata sinais e sintomas
5
4,5
Mantém o medicamento e não trata sinais e sintomas
2
1,8
Outros
9
8,1
TOTAL
111
*
100,0
* Alguns profissionais referiram mais de uma atitude.
Fonte: dados primários.
Nota: foi suprimida a alternativa não toma nenhuma atitude
, pois não foi obtida opinião favorável a este item.
50
Todos os enfermeiros e farmacêuticos informaram adotar alguma atitude em
presença de suspeita de RAM. A maioria dos enfermeiros registra no prontuário e
comunica ao médico; um desses acrescentou que, posteriormente, “encaminha a
notificação à Gerência de Risco Hospitalar”; e nenhum mencionou como única atitude o
registro no prontuário. É importante referir que 33.4% dos farmacêuticos comunicam ao
médico quando da suspeita de RAM. Quanto às outras atitudes, a maioria dos
farmacêuticos optou por “informar a Farmacovigilância” (N=3) e “orientar o paciente a
procurar o médico” (N=1). E apenas 3,1% (N=1) enfermeiro mencionou outra atitude
“suspende o esquema terapêutico após ordem médica”. Outra observação a ser
considerada é o fato de que nenhum desses farmacêuticos indicou registrar no
prontuário médico a suspeita de RAM (Tabela 19).
Tabela 19 – Distribuição dos enfermeiros e farmacêuticos , segundo atitudes na presença de
suspeita de RAM. Hospital sentinela de ensino de Fortaleza - CE, 2008.
Enfermeiro
Farmacêutico
Atitude na suspeita de RAM
N
%
N
%
Registra no prontuário
-
-
-
-
Comunica ao médico
-
-
3
33,4
Registra no prontuário e comunica ao médico
30
93,8
1
11,1
Comunica imediatamente ao médico e suspende
o esquema terapêutico
1
3,1
1
11,1
Outros
1
3,1
4
44,4
TOTAL
32
100,0
9
100,0
Fonte: dados primários.
Nota: foi suprimida a alternativa não toma nenhuma atitude, pois não foram obtidas opiniões favoráveis a este item.
51
7 DISCUSSÃO
As informações resultantes das variáveis da Seção A possibilitaram a
caracterização dos profissionais da amostra de conveniência enfermeiros,
farmacêuticos e médicos –, demonstrando a maior freqüência do nero feminino, a
maioria na faixa etária de 41 a 50 anos e a idade média de 44 anos (enfermeiros 46
anos; farmacêuticos 37 anos; e médicos 45 anos), tempo de formados entre 21 e 30
anos (enfermeiros 21 anos; farmacêuticos 13 anos; e médicos 20 anos), tempo na
instituição de 11 a 20 anos e a carga horária semanal de 4 a 20h. A maioria dos
profissionais porta títulos de pós-graduação.
Eland e colaboradores
74
traçaram o perfil dos médicos, que responderam ao
inquérito realizado na Holanda – 77,6% do sexo masculino, a idade média de 46 anos, o
tempo médio de especialização de 14 anos e todos envolvidos correntemente na prática
de prescrever medicamentos. No Rio de Janeiro-Brasil, Ponciano
69
agrupou por média
de tempo de formados os profissionais: 14,1 anos enfermeiros; 18,4 anos farmacêuticos;
e 20,3 anos médicos-professores. A idade média dos médicos e o tempo médio de
formado, estão consoantes com os resultados deste estudo.
Observou-se que a distribuição dos profissionais de saúde entre os setores do
hospital estava compatível com o perfil de assistência prestada pela Instituição de
pesquisa: os farmacêuticos estavam lotados na Farmácia, intencionalmente selecionados
em razão da interface direta com o medicamento, com ações de dispensação e
distribuição às unidades de internação; 75,0% dos enfermeiros se dividiram entre as
Unidades Cirúrgica e Clínica; e a maioria dos médicos, 62,4% na Unidade Clínica.
Este estudo identificou o fato de que os conhecimentos adquiridos sobre RAM
no hospital foram considerados, na opinião da maioria dos profissionais, insuficientes
(43,7%). Apenas os farmacêuticos, em sua maioria, consideraram os conhecimentos
suficientes. Essa aquisição, provavelmente, ocorreu pela necessidade intrínseca de se
manterem atualizados para orientações constantes sobre medicamentos aos prescritores,
pacientes e estagiários do Curso de Farmácia e pela maior proximidade com o Serviço
de Farmacovigilância, com as consultas permanentes à bibliografia científica.
Em estudos realizados
69,70
, a maioria dos entrevistados classificou como
insuficientes os conhecimentos adquiridos sobre RAM na universidade, o que mostra a
insatisfação com esses saberes desde a formação acadêmica. Thomas
75
acentua que
deficiência do ensino médico, especialmente no que tange às disciplinas da
Farmacologia e Terapêutica. Barros
76
identificou, em estudo realizado no Recife-PE,
que 51,0% dos médicos se manifestaram insatisfeitos com o conteúdo programático e
52
com a metodologia dessas áreas. Este fato não se restringe ao Brasil, uma vez que,
consoante com os resultados desse País, Corrêa-Nunes, em 1998, caracterizou Portugal
como tendo frágil tradição no domínio da Farmacologia Clínica e incipiente
investigação relativa a medicamentos, o que atribuiu ao pequeno valor dado pelas
universidades a essa temática
77
.
Arrais e colaboradores
78
referiram
que a implantação
de um sistema de Farmacovigilância possibilita, dentre outras coisas, estimular o ensino
da Farmacologia Clínica e da Farmacoepidemiologia.
Com referência às fontes de atualização sobre RAM, a maioria dos enfermeiros e
farmacêuticos utilizou, principalmente, as revistas científicas, enquanto os médicos
usaram livros-textos. Neste estudo, os médicos dão importância às sessões clínicas,
justificáveis por se tratar de hospital terciário e de ensino, onde os casos clínicos
merecem ser discutidos de maneira coletiva. Em comparação a outro achado
69
, os
enfermeiros e médicos utilizaram preferencialmente as mesmas fontes. Os
farmacêuticos se diferenciaram por preferirem as palestras, tendo citado as revistas
científicas em terceiro lugar. Barros
76
, em estudo sobre as fontes que mais influenciaram
nos hábitos médicos de prescrever, em gradação decrescente, os médicos citaram: os
“artigos em revista médica”; as “sessões de discussão clínica”; e os contatos com
outros médicos”.
Os profissionais médicos entenderam a definição de RAM, em sua maioria, de
forma totalmente correta. Os enfermeiros e farmacêuticos, em sua maioria, de modo
parcialmente correto. O entendimento incorreto da definição foi dado pela minoria de
todos os profissionais. Os melhores resultados podem estar relacionados à forma de
coleta do dado (questão “fechada”). Interessava a este estudo ter noção do entendimento
do profissional sobre RAM, não a sua definição correta, com a possibilidade de
selecionar informações, de modo a identificá-la ou não. Em outro trabalho realizado
69
, a
maioria desses profissionais estava classificada na categoria parcialmente correta e
minoria em incorreta; e também, individualmente, por profissão, se concentraram na
forma parcialmente correta. Ainda que os dois trabalhos tenham adotado a definição de
RAM da OMS, para efeito de análise, houve diferença, com relação ao resultado
encontrado para a maioria. A autora descreveu que a questão era “aberta”, o hospital da
pesquisa “não possuía um sistema de notificação das RAM” e, conseqüentemente, sem
investimento na área, como também dividiu a “definição de RAM em três itens”, fatores
que, possivelmente, explicam a divergência.
53
Sendo os profissionais deste estudo em sua totalidade envolvidos com a
formação de graduandos e pós-graduandos, parece ser razoável considerar que possuam
conhecimento sobre as RAM, ainda que pouco as notifiquem.
A diversidade de atribuições e experiências interfere no aperfeiçoamento técnico
dos profissionais de saúde, que devem se preocupar com o contínuo aprimoramento
pessoal, e de seus serviços, para o estabelecimento de estratégias eficientes de controle
dos eventos adversos
79
.
Com a incorporação de outros conhecimentos e habilidades,
parece possível aguçar a percepção a respeito da relevância em saúde pública das RAM.
O treinamento de pessoal técnico constitui passo fundamental na formulação e
operacionalização do sistema de Farmacovigilância e no posterior desempenho dos
notificadores
77
, seja na esfera nacional, estadual ou local.
Predominou a opinião, entre os respondentes, de que ‘todos os profissionais da
área de saúde podem notificar as suspeitas de RAM’ (89,7%). Este resultado está de
acordo com a literatura levantada, que diz ser delegada a responsabilidade da
notificação, primeiramente, a todos profissionais de saúde, especialmente médicos,
farmacêuticos, enfermeiros e dentistas
5
(P.301) e, noutro exemplo, médicos,
farmacêuticos, enfermeiros e dentistas devem notificar experiências pertinentes a
medicamentos
40
(P.8).
Mahmud et al.
27
,
em estudo realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre-
RS, mencionaram que os principais notificadores ao Programa de Farmacovigilância
foram os farmacêuticos e, a seguir, os enfermeiros, os técnicos de medicação, os
médicos, os residentes e os técnicos / auxiliares de enfermagem;
então diversos
profissionais da área de saúde notificaram.
Por conseguinte, todos os prestadores de serviços de saúde enfermeiros,
farmacêuticos, médicos e dentistas deveriam notificar RAM como parte de sua
responsabilidade profissional e essa atitude poderá salvar a vida de seus pacientes e de
muitos outros
3
.
Com referência à menção de que todas as RAM devem ser notificadas (79,4%),
citam Marin et al.,
5
em concordância com este estudo, que incentivam no início, a
notificação de toda reação adversa a medicamento, comprovada ou suspeita (P.301) e a
OMS
40
exprime que na fase inicial de qualquer sistema de Farmacovigilância, todas
as notificações sobre RAM são bem-vindas e úteis
(P.8). Nota-se terem deixado evidente
o fato de que a notificação de todas as RAM seria oportuna, apenas para iniciantes nessa
atividade, para, desde a implantação, criar uma cultura de notificação e o serviço de
Farmacovigilância exercitar mais para adquirir experiência. A prática na maioria dos
54
programas internacionais estabelecidos prioriza a notificação de reações graves ou a
novos medicamentos
5, 40
.
Consentino et al.
80
, ao relacionarem o mesmo assunto, relataram que a maioria
dos médicos concordou com a idéia de que todas as suspeitas de RAM para qualquer
medicamento no mercado deveriam ser notificadas (58,4%), em integral conformidade
com os requisitos da legislação em vigor na Itália e com resultado semelhante a este
trabalho. É importante ressaltar, no presente estudo, que apenas um médico referiu não
ter dificuldades para detectar essas reações. As principais dificuldades encontradas pela
maioria dos profissionais relacionaram-se com os trabalhos de Brito
70
e de Ponciano
69
,
inclusive na mesma ordem de dificuldades na identificação de RAM: o “esquema
terapêutico onde são administrados vários fármacos de forma simultânea”, “o
desconhecimento por parte do profissional de saúde das reações adversas”. A
similaridade da RAM com a sintomatologia clínica, por ser muito parecida com a
patologia de base do paciente, também se mostrou importante nestes estudos.
A variável ‘obstáculos para a notificação espontânea das reações adversas a
medicamentos’ destacou duas mais freqüentes dificuldades: o desconhecimento sobre as
atividades de Farmacovigilância e a ‘incerteza sobre o diagnóstico da reação adversa a
medicamento.’ Em seqüência, a ausência de formulário de notificação na unidade de
internação, a inexistência de feedback (retorno) ao profissional sobre as RAM
notificadas e o acúmulo de trabalho, sem tempo para preencher o formulário de
notificação. Estudo de Vallano e colaboradores,
46
também, descreveu como obstáculos
em hospital terciário de ensino os problemas com diagnóstico das RAM, como a
incerteza sobre a relação causal estabelecida em decorrência do uso de várias drogas;
problemas com carga horária de trabalho, com pequeno tempo disponível para notificar;
e problemas relacionados à organização e atividades do sistema de Farmacovigilância.
Neste último obstáculo, se incluíram, por exemplo, o desconhecimento de alguns sobre
o Programa de Farmacovigilância, a ausência de formulário para notificação e a
ausência de feedback do programa.
Afirmaram muitos médicos, quando questionados em uma investigação no norte
italiano, o desejo de “receber retorno da informação sobre as RAM notificadas”
(96,1%), e os pesquisadores comentaram o fato de que prover o feedback da informação
e, por outro lado, a capacitação continuada são a chave para o estímulo da notificação
espontânea
80
.
Outro autor e colaboradores
74
citaram o desconhecimento da existência de um
esquema de notificação como motivo para a subnotificação e, em conclusão, acreditam
55
que o tema Farmacovigilância com abordagem de sua importância , deveria ser
extensivamente incorporado aos treinamentos médicos.
Transpor esses obstáculos
poderia conduzir ao incremento da notificação espontânea
46
. A OMS preconiza ter em
prática o desenvolvimento de um sistema de Farmacovigilância bem organizado para
prevenir ou minimizar os efeitos nocivos dos medicamentos aos pacientes
56
.
A troca de informações na Farmacovigilância é essencial. Os dados nessa área
são normalmente escassos, em razão de os serviços se encontrarem em fase de
implantação ou porque são de pequena dimensão
77
.
Quase todos os profissionais deste inquérito concordaram (96,8%) sobre a
importância da existência de um Serviço de Farmacovigilância para receber as
notificações de RAM. É interessante destacar que os enfermeiros e farmacêuticos foram
unânimes (100,0%). Ficou evidente para a maioria que, dentre seus vários benefícios, o
principal seria a promoção do uso racional de medicamentos. Em dois estudos,
anteriormente referenciados, foi identificada pela maioria dos profissionais a
necessidade de implantação de um Sistema de Farmacovigilância na unidade hospitalar,
visando ao estudo das RAM, pois, além de outras vantagens, promoveria o uso racional
de medicamentos
69,70
.
Nesses estudos, os farmacêuticos também foram 100,0%
favoráveis à implantação de um Serviço de Farmacovigilância.
Além disso, existe a necessidade dos hospitais desenvolverem programas de
Farmacovigilância, por constituírem locais onde se concentram erros de medicação e
outros eventos, em especial, casos de RAM
78
.
Ainda que o desenvolvimento das
atividades de Farmacovigilância exija tempo e dedicação, sugerem-se manter a
perseverança e, desde a primeira fase de sua elaboração, buscar uma relação mais
próxima com os participantes do processo
40,46,81
. Infelizmente, sabe-se que apenas 0,4%
das farmácias hospitalares brasileiras realizam essas atividades
82, 83
.
Entre os participantes desta instituição, a maioria dos profissionais referiu se
deparar ocasionalmente com as RAM. Semelhante achado foi detectado entre a maioria
dos enfermeiros, farmacêuticos e médicos, entrevistados em um hospital municipal, que
se depararam ocasionalmente com as RAM no decorrer de suas experiências
profissionais (65,0%); com divergência desta análise, apenas no resultado por categoria,
que encontrou a proporção praticamente igual para farmacêuticos (80,0%) e médicos
(74,5%)
70
.
‘Disponibilidade do formulário de notificação de RAM’ e feedback da RAM
notificada’ foram variáveis importantes, por se encontrarem associadas ao desempenho
do Serviço de Farmacovigilância. As respostas da maioria dos profissionais, que não
56
sabiam da disponibilidade desse formulário amarelo na unidade de internação na última
semana e nem da existência de feedback retorno de informação –, quando da
realização de notificação de reações adversas a medicamentos, apontaram problemas no
sistema de Farmacovigilância a despeito dos procedimentos que subsidiam a
notificação.
A falta de acesso fácil a esses instrumentos, sentida por todos os profissionais,
foi percebida pelos médicos também em hospital de Barcelona, como barreiras para a
notificação espontânea
46
.
SegundoWaldman
79
,
a inexistência da retroalimentação do sistema e até mesmo
o retardo interferem na disseminação das informações a todos os que delas necessitam,
as quais são indispensáveis a uma ação oportuna e eficiente.
Os formulários de notificação nas unidades e o feedback contínuo aos
notificadores são fundamentais para o funcionamento do Serviço de Farcovigilância na
instituição e para o estímulo à notificação
40
,
uma vez que esses profissionais se acham
úteis em saber que os dados coletados foram utilizados
61,81
.
Os resultados desta pesquisa indicaram que a maioria (70,6%) dos profissionais
referiu indagar sempre/freqüentemente aos pacientes sobre sinais e/ou sintomas
relacionados com possíveis RAM. Além disso, 98,8% dos médicos, 87,5% dos
enfermeiros e 55,6% dos farmacêuticos citaram informar, com certa freqüência, aos
pacientes quanto às possíveis reações adversas relacionadas aos medicamentos
prescritos. Os farmacêuticos chamaram atenção pelas maiores proporções nas respostas
“nunca” perguntaram (N=3; 33,3%) e “nunca” informaram (N=4; 44,4%) aos pacientes
sobre possíveis RAM e não havia no questionário abertura para justificativa (resposta
fechada).
Estes resultados têm aspectos comuns a duas pesquisas no meio intra-hospitalar.
Numa delas, a maioria dos profissionais (75,0%) costumava sempre/freqüentemente
perguntar aos pacientes sobre sinais e/ou sintomas relacionados com possíveis RAM e
dois farmacêuticos relataram “nunca”
70
. Na segunda delas, a maioria dos médicos
(84,0%) e enfermeiros (60,0%) costumava informar aos pacientes quanto às possíveis
reações adversas relacionadas aos medicamentos prescritos; e seis farmacêuticos
responderam que “não efetuavam esse procedimento por não ter contato direto com o
paciente”
69
.
Este fato parece ser importante, já que a ação dos profissionais envolvidos
diretamente com os pacientes em indagar sobre as possíveis reações adversas aos
57
medicamentos pode identificar a sua ocorrência e preveni-las. Estudos sugerem que de
20,0% a 70,0% dessas reações poderiam ser evitadas com essa medida
21,70,84
.
No momento em que os medicamentos são prescritos, dispensados e
administrados por profissionais de saúde informados e por pacientes que, por si
mesmos, entendem e compartilham a responsabilidade pelo seu tratamento, o risco de
danos passa a ser menor
6
.
Observou-se que quase todos os participantes mencionaram trocar informações
com outros profissionais quando da suspeita de RAM (97,6%). Distinguiram-se os
enfermeiros 100,0%, os médicos 98,8% e os farmacêuticos 77,8%. Os médicos (65,8%)
e farmacêuticos (50,0%) informaram discutir esse tema com maior freqüência entre os
colegas das mesmas profissões e os enfermeiros (43,8%) com os médicos.
Estudo realizado em hospital universitário concluiu, ao entrevistar profissionais
da área de saúde
69
,
que a maioria consultou outros profissionais quando da suspeita de
RAM (94,5%). Os dicos, também, consultaram membros da mesma categoria
profissional; os enfermeiros consultaram com maior freqüência os médicos (49,0%); e
os farmacêuticos em igual proporção consultaram os seus colegas de profissão (44,4%)
e médicos (44,4%). Estes resultados assemelham-se aos encontrados no hospital deste
estudo.
Cosentino et al.
80
reportaram que os médicos, ao serem indagados “a quem as
suspeitas de RAM eram direcionadas,” 10,0% responderam “aos colegas,
principalmente médicos em hospital, por considerá-los mais experientes.”
Outros resultados deste estudo demonstraram que todos os médicos referiram
alguma atitude, ou mais de uma, em relação à suspeita de RAM. Foram mais referidas a
suspensão do medicamento e a mudança da terapêutica. Os enfermeiros e farmacêuticos
também optaram por alguma atitude quando em presença de suspeita de RAM: a
maioria dos enfermeiros optou pelo registro no prontuário e comunicar ao médico,
enquanto maioria dos farmacêuticos informou outras atitudes, como “informar a
Farmacovigilância” e “orientar o paciente a procurar o médico.”
Tais achados se encontram em consonância com os resultados de estudo em um
hospital, anteriormente referenciado,
69
no qual os profissionais médicos mencionaram
como atitudes mais freqüentes suspender o medicamento e mudar a terapêutica, quando
da suspeita de RAM. Em situação idêntica, os enfermeiros e farmacêuticos, em maioria,
citaram as atitudes de suspender o esquema terapêutico e comunicar imediatamente ao
médico.
58
A integração dos profissionais é necessária em qualquer programa, e um sistema
de Farmacovigilância não funciona sem a integração com seus notificadores. Os
médicos, os enfermeiros e os farmacêuticos hospitalares necessitam igualmente
integrar-se e constituir uma boa relação, tendo em vista a segurança dos medicamentos
77
e as estatísticas internacionais que apontaram numerosas hospitalizações, aumento do
tempo de permanência hospitalar ou até mesmo de óbitos provocados pelas RAM
7
.
Logo, a efetividade de um programa de Farmacovigilância está na dependência
da cooperação e na participação ativa dos profissionais de saúde em especial,
médicos, enfermeiros e farmacêuticos –, que labutam em hospitais, em notificar
suspeitas de RAM e outras experiências pertinentes
3,5,40
.
59
8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O delineamento escolhido no projeto de pesquisa, bem como o uso de
questionário estruturado, tendo como modelo instrumentos testados em dois estudos
anteriores e referências da OMS, facilitaram no levantamento dos dados e na análise
descritiva das informações resultantes.
Considerou-se que os objetivos foram alcançados. Foram identificadas as
principais características demográficas e funcionais dos profissionais de saúde, bem
como foram descritos os conhecimentos e as atitudes dos profissionais de saúde, com
relação às reações adversas a medicamentos.
A utilização dos referenciais básicos da Bioética para pesquisas in anima nobili
facilitou a adesão dos profissionais de saúde, que demonstram expectativas pela difusão
do resultado final deste estudo. A limitação encontrada é inerente ao método adotado na
pesquisa, em que a tomada de informações depende dos testemunhos prestados pelos
indivíduos, e estes relacionados à capacidade de compreensão e elaboração das
respostas.
Os aspectos demográficos e funcionais coletados possibilitaram traçar o perfil
dos profissionais respondentes, encontrando-se compatível com o nível de atendimento
terciário à saúde prestado e com a missão alicerçada na promoção da assistência,
ensino e pesquisa –, do hospital.
A aquisição de conhecimentos sobre RAM na opinião da maioria dos
profissionais de saúde, seja no hospital de pesquisa seja em outros relatos na
universidade, foi insuficiente, o que pode resultar no desconhecimento por parte do
profissional de saúde sobre RAM, sendo esse um dos fatores dificultadores para a sua
identificação. De modo geral, a formação e práticas no campo da Farmacovigilância,
por parte dos profissionais de saúde, devem ser aprimoradas, para a superação de
dificuldades, uma vez que tal sistema depende fundamentalmente da participação dos
notificadores.
A maioria dos profissionais respondeu atualizar-se em assuntos referentes à
RAM, assinalou a definição de RAM de forma correta e citou que todos os profissionais
da área de saúde podem notificar todas as suspeitas de RAM, em harmonia com a
literatura especializada. O esquema terapêutico onde são administrados vários fármacos
de forma simultânea, dentre outros, foi considerado, pela maioria, como principal fator
que dificulta a identificação de RAM. Existe coerência nessa resposta, que o hospital
sob exame apresenta a média de oito medicamentos/prescrição. O regime de
polifarmácia tende a aumentar a incidência de interações medicamentosas, tornando o
60
ambiente hospitalar favorável à ocorrência de quaisquer eventos adversos a
medicamentos.
É importante ressaltar, para a operacionalização do sistema de
Farmacovigilância, o fato de a maioria dos profissionais desconhecer a presença do
formulário de notificação na unidade de internação na última semana. A referência à
falta de feedback quando da notificação de RAM e o desconhecimento sobre as
atividades de Farmacovigilância como principal obstáculo à notificação espontânea,
aponta problemas que, possivelmente, são efeitos de intervenções não implantadas ou
insuficientemente implantadas, que vêm desde a implantação do serviço. Este fato
possui amparo no achado da predominância da técnica regularmente utilizada como a
coleta de suspeitas de RAM por busca ativa (93,8%) em detrimento da notificação
espontânea (6,2%), no período de julho/2005 a julho/2007.
Nas respostas relativas às atitudes que costumam adotar os profissionais de
saúde em relação às RAM, percentual maior demonstrou com alguma freqüência
indagar e menor nunca informar aos pacientes sobre a ocorrência de possíveis RAM. O
incentivo à interação não apenas dos profissionais de saúde, mas também deles com os
pacientes do hospital que utilizarão os medicamentos prescritos, dispensados e
administrados parece ser fundamental como medida preventiva de ocorrência das
RAM. A interação deve ser buscada por todo componente da equipe multiprofissional
envolvida no cuidado ao paciente: ao médico, no momento da prescrição, conhecer a
história de seu paciente inclusive da ocorrência de RAM e interações medicamentosas
anteriores; aos enfermeiros no momento da administração e aos farmacêuticos com
atuação na farmácia hospitalar.
A importância da existência de um Serviço de Farmacovigilância para receber
as notificações de RAM e como seu principal benefício à promoção do uso racional de
medicamentos ficou evidente, para a maioria dos profissionais, sendo também esse um
fundamental objetivo da Farmacovigilância.
Importa considerar que o hospital de pesquisa se encontra inserido num Estado
com tradição na área de Farmacovigilância, onde, 13 anos, os técnicos se reúnem,
discutem e conhecem a relevância de seu significado.
Artigos e estudos, principalmente internacionais, afirmaram que as reações
adversas e outros problemas decorrentes do medicamento pesam nas estatísticas
hospitalares.
Identificaram, então, o âmbito hospitalar favorável à polifarmácia, às
interações medicamentosas e a essas reações, seja como causa de internação ou de seu
prolongamento.
61
Desta forma, esses aspectos, caracterizam a maior parte dos hospitais brasileiros,
mesmo naqueles onde, nos últimos três anos, a área de Farmacovigilância, tenha sido
impulsionada por meio do desenvolvimento do Projeto Hospitais-Sentinelas /ANVISA,
para o enfrentamento de tecnologias de saúde inovadoras.
Algumas informações deste estudo permitiram uma apreciação situacional da
Farmacovigilância na instituição de pesquisa, que possibilitaram proposições de
medidas consideradas necessárias para uma atuação mais ativa e preventiva. Desta
maneira, pode-se fortalecer a implementação da Farmacovigilância e contribuir para o
uso seguro e também racional de medicamentos, minimizando a ocorrência de RAM.
A intenção não é apontar falhas, mas favorecer o planejamento mais adequado às
necessidades, sobretudo no que concerne à maximização dos conhecimentos sobre
RAM, com favorecimento do desempenho das funções na área de saúde.
As recomendações que se seguem foram distribuídas em áreas prioritárias, as
quais precisam ser aprimoradas na instituição de pesquisa.
Na identificação de EAM, em destaque as RAM
Propiciar, por meio da Farmacovigilância, o desenvolvimento da Farmácia
Clínica, com esclarecimentos sobre a sua necessidade.
Efetuar, como estratégia de aproximação, a participação em palestras, sessões
clínicas, reuniões técnico-científicas mensais e anuais, com disseminação a
respeito da relevância das atividades de Farmacovigilância, tornando-a mais
próxima dos profissionais de saúde.
Atualizar, com clareza, os critérios e procedimentos definidos para a notificação
de suspeita de RAM, e divulgá-los amplamente.
Melhorar a acessibilidade sistemática ao “Formulário de Notificação de Suspeita
de Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica”, isto é, torná-lo visível e
de fácil acesso.
Buscar a atualização sobre outros métodos de identificação das RAM
hospitalares, para futura introdução.
Melhorar o intercâmbio com os profissionais de saúde sobre as RAM e acerca
do Serviço de Farmacovigilância, de forma a sensibilizá-los para a importância
de sua notificação.
Divulgar, periodicamente, aos profissionais de saúde do hospital, as suspeitas de
RAM difundidas por órgãos oficiais, como OMS, ANVISA e secretarias de
vigilância sanitária; em alertas e Boletins de Farmacovigilância.
62
Na avaliação das RAM
Constituir um banco de dados sobre EAM como fonte de informação no
contexto hospitalar.
Desenvolver sistema automatizado para análise e classificação das RAM
notificadas.
Agendar reuniões periódicas com a Gerência de Risco Hospitalar, de forma a
discutir as notificações e avaliações realizadas, bem como as ações a serem
implementadas.
Prever atualizações periódicas para os profissionais que se dedicam a avaliação
das RAM hospitalares.
Buscar interação extrainstitucional, com universidade/hospitais que possuem
sistema de notificação, de forma a compartilhar conhecimento e ocorrência de
RAM na cidade de Fortaleza.
Articular um comitê assessor multidisciplinar para apoio ao Serviço de
Farmacovigilância com melhora dos procedimentos operacionais.
Na comunicação (ampliar os processos comunicativos)
Estabelecer comunicação e a colaboração entre os parceiros-chave da
Farmacovigilância nos níveis estadual (CEFACE e Núcleos de Vigilância
Sanitária das secretarias de saúde) e nacional (Gerentes de Risco da Rede
Sentinela/ANVISA), para melhor efetividade das ações a serem implementadas.
Fornecer feedback da informação aos notificadores, com freqüência e agilidade,
como motivação e encorajamento de todos os profissionais de saúde para a
notificação espontânea de todas as RAM.
Prever, nas atividades do Serviço de Farmacovigilância, a divulgação de
informações sobre RAM e a respeito do serviço aos profissionais de saúde e aos
pacientes.
Desenvolver material de propagação, compreensível para o público-alvo
desejado, de forma a sensibilizar profissionais de saúde para a importância da
notificação voluntária e informar aos pacientes a possibilidade de ocorrência de
RAM.
Divulgar, por meio de Boletim de Farmacovigilância, as RAM notificadas no
hospital com suas respectivas avaliações bem como informações sobre RAM de
um medicamento ou grupo farmacológico específico de importância para o
hospital
.
63
Prevenção
Investir na educação permanente dos profissionais de saúde, com teores
direcionados para os princípios da Farmacovigilância, tais como segurança e uso
racional de medicamentos e percepção de risco associado ao consumo irracional.
Despertar a integração da equipe multiprofissional e intersetorial, que participa
da cadeia terapêutica, na perspectiva da promoção do URM.
O momento é decisivo, no que diz respeito à ênfase na identificação, avaliação,
comunicação e prevenção de eventos adversos em particular, as RAM, tema deste
estudo –, e preciso para mudanças consideráveis para lidar com essas reações da fase
pós-comercialização.
Por fim, vale ressaltar que não foi objetivo deste estudo fazer análises
comparativas entre as categorias profissionais e/ou características dos profissionais e
seus conhecimentos ou atitudes com relação às RAM. Tais análises, bem como
possíveis relações entre categorias/características e alguns desfechos, poderão ser
realizadas posteriormente, como tempo de formado, tempo de instituição, idade e
conhecimento sobre RAM; especialidade e conhecimento sobre RAM. Possibilidades
futuras serão igualmente efetuar pequenos trabalhos pós-intervenção, para os quais este
estudo servirá de base.
64
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Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. ed. Brasília:
Ministério da Saúde; 2007. cap. 1, p. 20-9.
62. Coelho HLL, Arrais PSD, Gomes AP. Sistema de farmacovigilância do Ceará: um
ano de experiência. Cad Saúde Pública 1999; 15(3): 631-40.
63. Rozenfeld S. Agravos provocados por medicamentos em hospitais do Estado do Rio
de Janeiro, Brasil. Rev Saúde Pública 2007; 41(1):108-15.
64. Arrais PSD. Farmacovigilância no Brasil. O papel da comissão instituída pela
portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária de Ministério da Saúde (SVS/MS) 40
de 9/5/95. Cad Saúde Pública 1999; 15(1):204-6.
65. Gomes AP, Monteiro MP, Veneranda ALF, Ferreira MAM, Macatrão L, Francelino
EV. et al. Universidade Federal do Ceará (UFC). Departamento de Farmácia (DEFA).
Centro de Farmacovigilância do Ceará (CEFACE). Treinamento para o bom
desempenho das atividades do CEFACE. Fortaleza, 2006.
66. Bonfim JRA. A farmacovigilância no Brasil e no mundo - segunda parte. Bol Soc
Bras Vig Med 2004/2005; (46/47):1-2.
67. Vieira S, Hossne WS. Metodologia científica para a área de saúde. Rio de Janeiro:
Campus; 2001. p. 13-48.
68. Bisquerra R, Sarriera JC, Martínez F. Introdução à estatística: enfoque informático
com o pacote estatístico SPSS. Porto Alegre: Artmed; 2004. cap. 4, p. 67-8.
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medicamentos em um hospital universitário [dissertação]. Rio de Janeiro: Faculdade de
Farmácia da UFRJ; 1998. 203 p.
71
70. Brito ACS. Percepção dos profissionais de saúde do hospital municipal de
Maracanaú sobre as reações adversas a medicamentos [monografia]. Fortaleza: Escola
de Saúde Pública; 2003. 63f.
71. Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da
América. Epi Info 6 for DOS: a word processing, database and statistics programa for
epidemiology version 6, 04, Atlanta: CDC; c1996.
72. Pinheiro RS, Torres TZG. Análise explotarória de dados. In: Medronho RA,
Carvalho DM, Bloch KV, Luiz RB, Werneck GL. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu;
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(CNS). Resolução nº. 196, de 10 de outubro de 1996. Pesquisa envolvendo seres
humanos. Bioética 1996; 4(2 supl.): 15-25.
74. Eland IA, Belton KJ, Grootheest AC, Meiners AP, Rawlins MD, Stricker BHCh.
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to better physician education in developing countries. Clin Pharmacol Ther 1991;
49(4):347-9.
76. Barros JAC. Medicamentos: ¿ uso o abuso? Cuad Med Soc 1985; 34:45-9.
77. Corrêa-Nunes AM. O sistema de farmacovigilância em Portugal (sua criação e
desenvolvimento). Cad Saúde Pública 1998; 14(4):725-33.
78. Arrais P, Néri EDR, Campos TA, Pereira AGS, Portela MP, Beserra NM.
Farmacovigilância hospitalar: como implantar. Pharmácia Bras 2008 Maio/Jun; (65).
Encarte.
79. Waldman EA. Usos da vigilância e da monitorização em saúde pública. IESUS
1998; 7(3):7-26.
72
80. Cosentino M, Leoni O, Banfi F, Lecchini S, Frigo G. Attitudes to adverse drug
reaction reporting by medical practitioners in a northern italian district. Pharmacol Res
1997; 35(2): 85-8.
81. Sevalho G. Farmacovigilância: bases históricas, conceituais e operacionais. In:
Gomes MJVM, Reis AMM. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia
hospitalar. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001. cap.6 , p. 109-22.
82. Magarinos-Torres R.; Osorio-de-Castro CGS. Gerenciamento de eventos adversos
relacionados a medicamentos em hospitais. Rev Eletr Adm Hosp [online] 2007 jan-mar
[acesso 2007 jul 19]; 3(1). Disponível em:
ttp://www.farmaciahospitalar.com/geral/arquivos/Efeitos%20Adversos%20a%20Medic
amentos%20em%20Hospitais.pdf.
83. Soares AS, Kulkamp IC. A criação de indicadores para a consolidação da
farmacovigilância e da farmácia clínica na gestão da qualidade em farmácia hospitalar.
Rev Soc Bras Farm Hosp 2006; (12):13-22.
84. Vidotti C. A tênue fronteira entre a cura e o malefício. Pharmacia Bras 2000 Set./
Out; (22):36-9.
73
ANEXOS
74
-Anexo 1-
-FORMULÁRIO DE NOTIFICAÇÃO DE SUSPEITA DE REAÇÃO ADVERSA A
MEDICAMENTO E QUEIXA TÉCNICA.
Importante: Todos os profissionais de saúde podem notificar. Não deixe de notificar
por falta de alguma informação.
1. DADOS DO PACIENTE
* Nome do paciente:
* Gênero: F( ) M ( )
* Data de nascimento: e/ou idade:
*Peso (Kg): * Hospitalizado:
( ) Sim ( ) Não
* N°
°°
° do Prontuário:
* Data da Reação:
2.
EVOLUÇÃO:
(classificação) 3. Cid (10) do Óbito :
Recuperação sem seqüelas - A ( ) / Recuperação com seqüelas - B - Ainda não recuperado - F ( )
Óbito em Decorrência - D( ) Óbito medicamento pode Ter contaminado - C ( )/Desconhecido - U ( )
Óbito medicamento não relacionado – N
3.1 DOENÇAS CONCOMITANTES OU REAÇÃO ADVERSA PRÉVIA AO MEDICAMENTO
4. CADASTRO DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS
(para genéricos informar fabricantes)
*Nome comercial:
* Categoria: Suspeito -S ( ) / Interação - I ( ) / Concomitante - O ( )
* Lote:
Indicação CID: Dosagem: Unidade:
Freqüência: Via de Administração:
* Período:
Data Inicial: _____/ ______/ ______ Data Final: _____/ ______/ ______
5. Outros
*Nome comercial:
* Categoria: Suspeito -S ( ) / Interação - I ( ) / Concomitante - O ( )
* Lote:
Indicação CID: Dosagem: Unidade:
Freqüência: Via de Administração:
* Período:
Data Inicial: _____/ ______/ ______ Data Final: _____/ ______/ ______
REAÇÃO ADVERSA
6. * Descrição da Reação
Data
Reação Adversa suspeita
Início Fim
Evolução
(p.e.x: mortal, recuperado, seqüelas, etc)
7. SUSPENSÃO DO MEDICAMENTO SUSPEITO 9. REEXPOSIÇÃO
Melhora ( ) / Sem Melhora ( ) / Desconhecido ( )
Medicação Continuada ( )
Recorrência dos Sintomas ( ) Sem Ocorrência ( )
Reintrodução não Efetuada ( )
8. Cadastro de Reações Adversas - WHO – ART
TERMO PRECONIZADO
Cód. WHO-ART
S.O
SEVERIDADE
Leve ( ) moderada ( ) grave ( ) óbito ( )
CONFIDENCIAL
Unidade de Internação
________
DATA: ___/___/___
Leito:
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ
SECRETARIA DE SAÚDE
75
9. CASUALIDADE 10. RELAÇÃO TEMPORAL
Definida ( ) Provável ( ) Improvável ( ) Condicional /
não classificável ( ) Não acessível não classificável ( )
Plausível ( ) Implausível ( )
11. REAÇÕES RELACIONADAS
Termo WHO - ART S.O Severidade Casualidade Relação
12. INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Obs.: Em caso de gravidez, indicar a idade gestacional no momento do surgimento da reacão adversa
13. DADOS DO NOTIFICADOR
Nome
Categoria Profissional
Conselho profissional n. º. U.F
Cidade Telefone: E-mail:
14. QUEIXA TÉCNICA DE MEDICAMENTO
DADOS DO MEDICAMENTO
Nome do medicamento
Nº do Lote:
Categoria
Dosagem Unidade:
Substância Ativa Data de Fabricação _____/ ____ / ____ Data de Validade _____/ ____ / ____
LINHA FARMACÊUTICA FORMA FARMACÊUTICA Nº REGISTRO ANVISA/MS
FABRICANTE CNPJ/CGC
2. MOTIVO
2.1 - MOTIVO DA QUEIXA (suspeita de irregularidade)
3. DADOS DO NOTIFICAR
3.1 – NOTIFICADOR
Nome do notificador:
CATEGORIA PROFISSIONAL
3.2 - DADOS DA INSTITUIÇÃO
Endereço:
Município:
U.F:
E-Mail: Nome do gerente de risco: Tel.:
3.3. MOTIVO
4. INFORMACOES ADICIONAIS
Data da notificação _____ / ______ / ______
Não sabe se o paciente recusou
Descreva Seqüela
O Não houve seqüela
Houve seqüela
O paciente recusou
O paciente não recusou
Necessitou de Internamento
Prolongou internamento Recebeu tratamento especifico
Descreva o tratamento
Medicamento foi suspenso
Houve melhora
Primeira notificação do caso
Houve reexposição
A reação reapareceu
A posologia foi alterada
Notificação de seguimento
Caso foi notificado para a industria
a) Agravo à saúde b) Desvio da qualidade c) Falsificação d) Medicação sem registro
g) Óbito
e) Recolhimento voluntário p/ empresa
f) Outros (descrever em 2.1)
Enfermeiro COREN Nº ___________ Odontologistas CRO Nº ____________
Medico CRM Nº __________
Outros Nº __________
Farmacêutico CRF Nº ___________
A) - Houve notificação a indústria / distribuidora
SIM NÃO
SIM NÃO
B) - Houve devolução do produto a indústria após a identificação do problema
C) - Foram adotadas outras medidas apos a identificação do problema
SIM NAO
76
-Anexo 2-
ESTADO DO CEARÁ
SECRETARIA DA SAÚDE
GERENCIAMENTO DA ROTINA
UGB – GERÊNCIA DE RISCO
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROCESSO:
Serviço de Farmacovigilância
POP.:
01
FL.:
01
NOME DA TAREFA:
Preenchimento do “Formulário de Notificação de Suspeita de
Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica”
ESTABELECIDO EM:
10/03/2005
REVISADO
EM:
RESPONSÁVEL:
Profissional de Saúde
MATERIAL NECESSÁRIO
- Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica;
- Caneta;
- Linha telefônica.
ATIVIDADES CRÍTICAS
- Grafar o formulário com letra legível;
- Preencher, quando dispor dos dados, todos os campos do formulário;
-
Informar os dados do paciente: nome, idade, peso, gênero e do prontuário (se preferir indique as
iniciais para protegê-lo), evolução e descrição da reação adversa;
- Relatar, o máximo de detalhes possíveis associados a sus
peita da reação, no campo “descrição da reação
adversa”, inclusive mencionar lote e empresa do medicamento questionado;
- Lembrar de preencher os dados do notificador, para contatos futuros.
MANUSEIO DE MATERIAL
- Indicar, todos, os medicamentos suspeitos de causar a reação adversa, incluindo automedicação,
excluídos aqueles utilizados para o tratamento da reação;
- Solicitar ao notificador, quando necessário, informações adicionais.
RESULTADOS ESPERADOS
- Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica
preenchido, com o máximo de detalhes possíveis, compartilhando a responsabilidade no Serviço de
Farmacovigilância.
AÇÕES CORRETIVAS
- Caso ocorra dúvida, comunicar-se com a Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar e/ou Setor de
Farmácia, ramais nº 3174 e 3220, respectivamente.
APROVAÇÃO:
_______________
EXECUTOR
_______________
EXECUTOR
________________
EXECUTOR
_______________
SUPERVISOR
____________
CHEFIA
77
-Anexo 3-
ESTADO DO CEARÁ
SECRETARIA DA SAÚDE
GERENCIAMENTO DA ROTINA
UGB – GERÊNCIA DE RISCO
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROCESSO:
Serviço de Farmacovigilância
POP.:
02
FL.:
01
NOME DA TAREFA:
Notificação de Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica
ESTABELECIDO
EM:
10/03/2005
REVISADO
EM:
RESPONSÁVEL:
Profissional de Saúde
MATERIAL NECESSÁRIO
- Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e Queixa Técnica;
- Caneta;
- Linha telefônica.
ATIVIDADES CRÍTICAS
-Notificar, todo e qualquer problema relaci
onado ao medicamento: suspeita de reação adversa a
medicamento (RAM), queixa técnica ou outros eventos;
-Desencadear a notificação, mesmo que não exista a certeza e não disponha de todos os detalhes do caso;
-Comunicar-se com a Gerência de Risco Sanitário
e Hospitalar, imediatamente, através do envio do
formulário padrão, correio eletrônico, telefone ou via fax;
-
Utilizar, sempre que possível, o “Formulário de Notificação de Suspeita de RAM e Queixa Técnica” para
notificação voluntária (espontânea).
-Acionar a Gerência de Risco para a coleta do formulário, quando do seu preenchimento.
MANUSEIO DE MATERIAL
- Dispor nas unidades do “Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e
Queixa Técnica” e usá-lo quando suspeitar de qualquer evento adverso, como: falta de efeito terapêutico,
alterações orgnolépticas (cor, odor e sabor), turbidez, contaminação, problemas com embalagem, rótulo,
falsificações e etc. .
RESULTADOS ESPERADOS
- A notificação como prática para aperfeiçoar as atividades de farmacovigilância.
AÇÕES CORRETIVAS
Em caso de dúvida ou quando inviável a notificação, consultar a Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar-
ramal nº 3174 e/ou Setor de Farmácia – ramal nº 3220, que viabilizarão a busca ativa.
APROVAÇÃO:
_______________
EXECUTOR
_______________
EXECUTOR
________________
EXECUTOR
_______________
SUPERVISOR
____________
CHEFIA
78
-Anexo 4-
ESTADO DO CEARÁ
SECRETARIA DA SAÚDE
GERENCIAMENTO DA ROTINA
UGB – GERÊNCIA DE RISCO
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROCESSO:
Serviço de Farmacovigilância
POP. :
03
FL.:
01
NOME DA TAREFA:
Investigação das Ocorrências
ESTABELECIDO EM:
10/03/2005
REVISADO
EM:
RESPONSÁVEL:
Gerência de Risco Sanitário e Hospitalar/Grupo Técnico
MATERIAL NECESSÁRIO
- Recursos humanos qualificados: enfermeiro, farmacêutico, gerente de risco e secretário;
- Computadores;
- Banco de Dados;
- Literatura científica no campo da farmacovigilância;
ATIVIDADES CRÍTICAS
- Examinar inicialmente, com atenção, para validação dos dados dis
poníveis e identificação da ocorrência:
suspeita de reação adversa a medicamento (RAM), queixa técnica (QT) ou outros eventos adversos;
-
Preencher o “Formulário de Notificação de Suspeita de Reação Adversa a Medicamento e Queixa
Técnica”, caso necessário, de acordo com o POP nº 01, em qualquer circunstância;
-
Pesquisar “in loco” o agravo à saúde do paciente, verificando os fatores predisponentes para auxílio na
análise dos dados;
- Complementar os dados, se necessário, através de consulta ao médico e/ou ao prontuário médico;
-
Notificar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), preferencialmente, os casos
confirmados de RAM e queixas técnicas, através de formulário eletrônico disponível:
http://www.anvisa.gov.br/multimídia/formulario/notifica_med.asp;
-
Acompanhar a conclusão da investigação na ANVISA, aguardando retorno da avaliação da relação causal
fármaco/reação;
- Elaborar as informações e divulgá-las.
MANUSEIO DE MATERIAL
-Manter arquivo das notificações suspeitas de RAM e queixas técnicas;
-Reter, no Setor de Farmácia, quando QT, amostra do medicamento suspeito até conclusão da investigação.
RESULTADOS ESPERADOS
- Construção de banco de dados na ANVISA, que ofereça subsídios para a tomada de decisões e melhor
regulamentação do mercado farmacêutico brasileiro.
AÇÕES CORRETIVAS
-Caso não constatado a ocorrência, paralisar o processo investigativo e arquivá-lo;
-Qualquer problema, no procedimento observado, encaminhá-lo para correção (Programa de Educação
Continuada).
-Comunicar ao fabricante/distribuidor a ocorrência, para as providências cabíveis.
APROVAÇÃO:
_______________
EXECUTOR
_______________
EXECUTOR
________________
EXECUTOR
_______________
SUPERVISOR
____________
CHEFIA
79
-Anexo 5-
TERMO DE COMPROMISSO
Eu, Helena Carmen Guerra Pinheiro principal responsável pelo projeto de pesquisa
intitulado REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS: CONHECIMENTO E
ATITUDES DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UM HOSPITAL-
SENTINELA DE ENSINO”, comprometo-me a preservar os dados primários obtidos
na pesquisa realizada no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), garantindo a
confidencialidade dos pacientes. Concordo, igualmente, que esses dados serão
utilizados somente no apoio para a concretização do referido projeto.
Esclareço ainda que haverá todo rigor técnico nas análises estatísticas dos dados e que a
fonte de informação será sempre enfatizada na elaboração de relatórios e artigos.
Fortaleza, _____ de ____________ de _______.
________________________________________________
Helena Carmen Guerra Pinheiro
Pesquisadora Responsável
80
APÊNDICES
81
-Apêndice 1-
QUESTIONÁRIO PARA INFORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE DE UM HOSPITAL-SENTINELA DE ENSINO SOBRE
REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS (RAM)
Atenção: Consentimento Informado
QUESTIONÁRIO N. º _________
Marque com X a resposta adequada.
Seção A-CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
1- Gênero: ___
1. Masculino ( )
2. Feminino ( )
2 – Idade: ____ anos ____
3- Categoria profissional: ____
1. Enfermeiro ( )
2. Farmacêutico ( )
3. Médico ( )
4- Setor de trabalho: ______________________ ____
5- Tempo de formado: _____ anos
6- Tempo na Instituição_____ anos
7-Carga horária semanal: ____horas
8- Possui pós-graduação: 1.Sim ( ) 2.Não ( ) 3.Qual ? _______________________
9- Compõe a equipe de capacitação: ___
1. Internato ( ) 2. Residência ( ) 3. Estágio curricular ( )
Seção B – CONHECIMENTO COM RELAÇÃO ÀS REAÇÕES ADVERSAS A
MEDICAMENTOS (RAM)
10- Os conhecimentos adquiridos sobre reações adversas a medicamentos, neste
hospital, foram?
1. Suficientes ( ) 2. Insuficientes ( ) 3. Este assunto nunca foi abordado ( )
11-Você procura atualizar-se em assuntos referentes a reações adversas a
medicamentos através das fontes?
1.Cursos ( ) 2. Palestras ( ) 3. Sessões clínicas ( )
4. Livros textos especializados ( ) 5. Revistas científicas ( )
6. Não se atualiza ( ) 7. Outros: ___________________
82
12- O que você entende por reação adversa a medicamento? (Assinale no máximo
duas opções)
1. Resposta nociva e não intencional ( )
2. Não utilização de medicamentos prescritos ( )
3. Ocorrência eventual em doses normalmente utilizadas em seres humanos para
prevenção, diagnóstico ou terapia de doenças ( )
4. Uso do medicamento em sub ou superdosagem, além das doses normalmente
preconizadas ( )
5. Nenhuma ( )
13-Marque a alternativa que considera correta com relação aos profissionais que
podem notificar as suspeitas de reações adversas a medicamentos?
1. Somente enfermeiros ( )
2. Somente farmacêuticos ( )
3. Somente médicos ( )
4. Todos os profissionais da área de saúde ( )
5.Nenhuma ( )
6.Por que ?______________________________________________
14- Quais as reações adversas que devem preferencialmente ser notificadas?
1. Nenhuma ( ) 2. Todas ( ) 3. As mais freqüentes( ) 4. As mais graves ( )
5. Não sei ( )
15- Marque com um X o(s) fator(es) que pode(m) dificultar a identificação das
reações adversas a medicamentos?
1.Esquema terapêutico onde são administrados vários fármacos de forma simultânea
( )
2.A reação adversa se confunde com a sintomatologia clínica, por ser muito parecida
com a patologia de base do paciente ( )
3.Desconhecimento, por parte do profissional da saúde, das reações adversas ( )
4.Não ocorrem dificuldades para detectar as reações ( )
5.Outros: ____________________________________________________________
16- Assinale com um x, o(s) obstáculo(s) para a notificação espontânea (voluntária)
das reações adversas a medicamentos (RAM).
1. Incerteza sobre o diagnóstico da reação adversa a medicamento ( )
2. Desconhecimento sobre as atividades de farmacovigilância ( )
3. Ausência de formulário de notificação na Unidade de Internação ( )
4. Inexistência de feedback (retorno) ao profissional sobre as RAM notificadas ( )
5. Acúmulo de trabalho, sem tempo para preencher o formulário de notificação ( )
6. A cultura de que esses eventos são erros individuais de profissionais de saúde e
não deficiências no sistema ( )
7. Nenhuma ( )
8. Outros: ____________________________________________________________
17- Acha importante a existência, nesta Instituição, de um Serviço de
Farmacovigilância para receber as notificações de RAM?
1. Sim, muito importante ( )
2. Não é importante ( )
3. Acho pouco importante ( )
4. Não pensou no assunto ( )
83
18- De que forma a existência de um Serviço de Farmacovigilância, para detectar e
investigar RAM, poderia beneficiar esta Instituição Hospitalar:
1. Melhorando a prescrição médica ( )
2. Diminuindo a incidência de reações adversas a medicamentos ( )
3. Promovendo o uso racional de medicamentos ( )
4. Qualificando a história clínica do paciente ( )
5. Estabelecendo protocolos de tratamentos ( )
6. Não beneficiará a Instituição ( )
7.Outros: ____________________________________________________________
19- Qual a freqüência com que você se deparou com casos suspeitos de reações
adversas a medicamentos neste último ano, nesta Instituição?
1. Sempre (em todo tempo) ( )
2.Freqüentemente (habitual) ( )
3.Ocasionalmente (eventual) ( )
4.Raramente (pouco freqüente) ( )
5.Nunca (jamais) ( )
20- O formulário de notificação de reação adversa a medicamento, de cor amarela,
estava disponível na Unidade de Internação nesta última semana?
1. Sim ( ) 2. Não ( ) 3. Não sei ( )
21- Quando realiza a notificação de caso suspeito de reação adversa a
medicamento, tem “feedback” (retorno) dessa ação?
1. Sim ( ) 2. Não ( ) 3. Não sei ( )
Seção C – ATITUDES EM RELAÇÃO ÀS SUSPEITAS DE REAÇÕES
ADVERSAS A MEDICAMENTOS (RAM)
22- Qual a freqüência com que você costuma perguntar aos pacientes sobre sinais
e/ou sintomas relacionados com possíveis reações adversas a medicamentos?
1.Sempre (em todo tempo) ( )
2.Freqüentemente (habitual) ( )
3.Ocasionalmente (eventual) ( )
4.Raramente (pouco freqüente) ( )
5.Nunca (jamais) ( )
23- Costuma informar aos pacientes quanto as possíveis reações adversas
relacionadas aos medicamentos prescritos?
1.Sempre (em todo tempo) ( )
2.Freqüentemente (habitual) ( )
3.Ocasionalmente (eventual) ( )
4.Raramente (pouco freqüente) ( )
5.Nunca (jamais) ( )
24- Quando da suspeita de reações adversas a medicamentos procura discutir o
assunto com outros profissionais da área de saúde?
1. Sempre (em todo tempo) ( )
2.Freqüentemente (habitual) ( )
3.Ocasionalmente (eventual) ( )
4.Raramente (pouco freqüente) ( )
5.Nunca (jamais) ( )
84
25- Caso a resposta da questão n° 24 seja afirmativa quais são esses profissionais?
1. Enfermeiros ( )
2. Farmacêuticos ( )
3. Médicos ( )
4. Outros: ____________________________________________________________
26- O que costuma fazer quando se depara com uma suspeita de reação adversa a
medicamento? (Assinale apenas uma opção. A questão deverá ser respondida
somente por médicos).
1.Suspende o medicamento ( )
2.Muda a terapêutica medicamentosa ( )
3.Ajusta a dose ( )
4.Mantém o medicamento e trata sinais e sintomas ( )
5.Mantém o medicamento e não trata sinais e sintomas ( )
6.Não toma nenhuma atitude. ( )
7. Outros: ____________________________________________________________
27- O que costuma fazer quando se depara com uma suspeita de reação adversa a
medicamento? (Assinale apenas uma opção. A questão deverá ser respondida
somente por enfermeiros e farmacêuticos).
1. Registra no prontuário ( )
2. Comunica ao médico ( )
3. Registra no prontuário e comunica ao médico ( )
4. Comunica imediatamente ao médico e suspende o esquema terapêutico ( )
5. Não toma nenhuma atitude ( )
6. Outros: ________________________________________________
85
-Apêndice 2-
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada “Reações Adversas a
Medicamentos: Conhecimento e Atitudes dos Profissionais de Saúde”. Ela tem como
objetivo analisar o conhecimento e atitudes dos profissionais de saúde acerca das
reações adversas a medicamentos (RAM).
Foram considerados critérios de inclusão na amostra: os profissionais ativos na
assistência a pacientes hospitalizados; a interface direta com o medicamento, como a
prescrição, distribuição e sua administração; e o envolvimento na produção de
conhecimentos dos residentes, internos e estagiários curriculares.
A sua seleção foi pelo método aleatório e a participação na pesquisa não é obrigatória.
A qualquer momento você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a
Instituição de Pesquisa.
A participação nesta pesquisa consistirá em preencher um questionário estruturado,
composto de 27 (vinte e sete perguntas).
Ressalta-se, que essa pesquisa poderá acarretar riscos mínimos, como possíveis
desconfortos ao pesquisado, considerando-a incômoda por afetar o fator tempo.
As informações obtidas serão confidenciais e será assegurado o sigilo da sua
participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação,
preservando-se a confidencialidade e o anonimato, bem como não haverá identificação
dos nomes participantes.
Contudo, é importante salientar que, a adesão a esse projeto de pesquisa trará benefícios
diretos à instituição, vindo a oferecer subsídios que possibilitem o uso seguro e também
racional de medicamentos.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do
pesquisador responsável, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sobre sua
participação, agora ou a qualquer momento.
________________________________________
Helena Carmen Guerra Pinheiro
Pesquisadora Responsável
Pesquisadora-Endereço Comitê de Ética em Pesquisa/ENSP-Endereço
Rua: Marvin, nº 500 – Edson Queiroz Rua: Leopoldo Bulhões, nº 1480 sala 314
Fortaleza – Ce CEP: 60.821-790 Manguinhos – RJ CEP: 21.041-210
Telefones: (85)3101.3217 / 9989.0373 Telefone: (21) 2598-2863
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa
e concordo em participar.
Fortaleza, ___, de ____________de 2008.
_________________________________
Sujeito da pesquisa
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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