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Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 5 , n. 1, p. 31-49, 2004.
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ISSN 1519-0625
QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DO BAIRRO
PERPÉTUO SOCORRO DE SANTA MARIA – RS¹
QUALITY OF THE UNDERGROUND WATER OF PERPÉTUO
SOCORRO NEIGHBORHOOD, SANTA MARIA - RS
Valéria Carvalho de Assis Brasil Souza², Vinicius Prates Soares²,
Anderson Véras Maciel³ e Pedro Daniel da Cunha Kemerich
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RESUMO
Realizou-se o cadastramento dos poços e de fontes alternativas de
água do Bairro Perpétuo Socorro, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande
do Sul (RS), a m de determinar a qualidade da água e a classe de vulnera-
bilidade à contaminação das fontes alternativas de abastecimento de água.
Na determinação da qualidade da água subterrânea, foram analisados os
seguintes itens: cor aparente, sólidos totais dissolvidos, turbidez, tempe-
ratura do ar e da água, condutividade elétrica, pH, alcalinidade, oxigênio
dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio  DBO  e coliformes totais.
Os resultados obtidos foram comparados com os padrões de potabilidade,
segundo a Portaria n.º 518 do Ministério da Saúde, de março de 2004,
que estabelece os padrões de potabilidade. Para a denição da vulnerabi-
lidade das diferentes áreas representadas pelas unidades geomorfológicas,
foi utilizado o método GOD (G groundwater hydraulic connement;
O overlaying strata; D depth to groundwater table), gerando-se os
mapas por meio do programa Surfer 8.0. Os resultados obtidos, quanto à
qualidade e às condições de potabilidade, em diversos poços, não estavam
de acordo com os padrões estabelecidos pela Portaria n.º 518 do Ministério
da Saúde. Dessa forma, podem ser geradas doenças veiculadas pela água,
causando danos à saúde e à qualidade de vida da população.
Palavras-chave: vulnerabilidade, contaminação, saúde.
ABSTRACT
It has been made a register from wells and alternative water
fountains located in Perpétuo Socorro neighborhood in Santa Maria  RS,
1
Trabalho Final de Graduação  TFG.
2
Acadêmicos do Curso de Engenharia Ambiental  UNIFRA.
3
Laboratorista do Curso de Engenharia Ambiental UNIFRA
4
Orientador  UNIFRA.
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determining the quality of water and the vulnerability class to contamination
of alternative water fountains. To dene the quality of subterranean water
were analyzed its apparent color, total dissolved solids, turbidity, air and
water temperature, electric conductivity, pH, alkalinity, dissolved oxygen,
biochemical oxygen demand BOD and total coliforms. The results
obtained were compared to potability patterns according to Portaria N.º
518 - Ministério da Saúde, from March 2004 that establishes potability
patterns. To dene vulnerability from different areas represented by the
geomorphologic units, it was used the GOD(G  groundwater hydraulic
connement; O overlaying strata; D depth to groundwater table) method,
generating the maps using Surfer 8.0 Program. The results obtained from
quality and potability conditions in many wells, were not according to the
patterns established by Portaria N.º 518 from the Health Department, what
may cause illnesses propagated by water with damages to population´s
health and quality of life.
Keywords: vulnerability, contamination, health.
INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com os problemas ambientais tem
ocupado posão de destaque na mídia e em órgãos públicos de muitos
países, principalmente com a degradação dos corpos dágua. Isso não
está ocorrendo por acaso, pois, algum tempo, a sociedade considera
como prioritárias as questões ligadas ao meio ambiente, o que demanda
respostas rápidas e adequadas aos problemas que se apresentam: a
preservação, a proteção e a melhoria da qualidade das águas.
No Brasil, a utilização das águas subterrâneas ainda é feita de forma
improvisada. Com isso, podem acontecer problemas como: interferência de
água entre poços, redução dos uxos de base dos rios, impacto em áreas en-
charcadas e redução das descargas de fontes ou nascentes. Cabe acrescentar
que os poços abandonados geralmente se transformam em focos de poluição
dessas águas, principalmente aqueles localizados no meio urbano.
Atualmente, por causa dos problemas de contaminação, a oferta de
água doce supercial e de qualidade diminuiu. Dessa maneira, o homem
volta-se, cada vez mais, para a extração de água dos aqüíferos subterrâneos,
justicando essa atitude em razão do baixo custo de captação, adução
e também porque, na maioria das vezes, não se faz necessário nenhum
tipo de tratamento, pois os processos de ltração e depuração do subsolo
promovem a puricação natural da água, tornando-a potável.
Apesar de as águas subterrâneas serem a maior reserva de água doce
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do planeta e terem uma maior proteção aos impactos danosos, elas sofrem
com a poluição pontual devido ao crescimento das atividades humanas em
áreas urbanas, rurais, industriais, agropecuárias e mineradoras. Acrescenta-
se a esses o problema da contaminação dispersa, o que diculta ainda mais
a identicação e localização das fontes poluidoras.
Além disso, o monitoramento dos mananciais subterrâneos é muito
dispendioso e demorado, sendo que, na maioria das vezes, a contaminação
aparece quando as substâncias nocivas surgem nos reservatórios de
água, já espalhadas por uma grande área.
Vê-se, então, que a problemática dos recursos hídricos é evidente
nos dias de hoje, o que demonstra a necessidade de um melhor trato para
com esse bem indispensável à vida na Terra.
Com base no tema exposto, neste trabalho, o objetivo geral é
determinarem-se parâmetros físicos, químicos e biológicos para estabelecer
a condição de potabilidade da água subterrânea do bairro em estudo e os
objetivos especos: (i) caracterizar os parâmetros físicos da água dos
poços (cor aparente, sólidos dissolvidos totais, turbidez, temperatura
da água, temperatura do ar, condutividade elétrica); (ii) determinar os
parâmetros químicos (pH, alcalinidade total, oxigênio dissolvido, DBO);
(iii) avaliar a contaminação biológica (coliformes totais); (iv) gerar mapas
temáticos e avaliar a vulnerabilidade da água subterrânea, retratando as
características do bairro em estudo, na cidade de Santa Maria RS, área de
aoramento do Sistema Aqüífero Guarani (SAG).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A água é, aparentemente, muito abundante, cerca de ¾ da superfície
total do planeta. Entretanto, de toda água existente na Terra, 93,7% são águas
salgadas e 2,7% doce. Do total de água doce disponível, 78,1% encontram-se
nas geleiras e 21,5% correspondem aos reservatórios de águas subterrâneas.
As águas superciais são menos de 1% do total, sendo que 0,33% se encon-
tra nos lagos; 0,035%, na atmosfera, e 0,03% ui nos rios. Assim como os
recursos hídricos de superfície, a quantidade de água subterrânea se distribui
de forma muito desigual no planeta (PAIVA; PAIVA, 2001).
Segundo Feitosa e Manoel Filho (1997), no período de 1970 a
1975, foram perfurados cerca de 300 milhões de poços no mundo. Essas
obras fornecem água subterrânea para o abastecimento de mais de 50% da
população do planeta e para irrigação de, aproximadamente, 90 milhões de
hectares. No Brasil, a falta de controle na utilização da água subterrânea,
provavelmente, não permita fazer estimativas sem erros signicativos.
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O impacto ambiental que decorre na contaminação das águas subter-
râneas vem preocupando as pessoas, não pelo problema de degradação
qualitativa, mas também pela série de impactos à saúde humana e meio am-
biente. Quando a contaminação acontece, a remoção é muito mais difícil
do que nas águas superciais, podendo, em alguns casos, tornar-se irrever-
sível. Isso se deve ao lento movimento das águas subterrâneas, sobretudo,
em camadas de materiais nos, intercaladas em formações de permeabili-
dade mais alta e a fenômenos de adsorção e trocas iônicas na superfície da
matriz sólida. Tais fenômenos são signicativos quando existem materiais
argilosos presentes no aqüífero (FEITOSA; MANOEL FILHO, 1997).
É fato que os aqüíferos contaminados não podem ser recuperados.
Por isso, prevenir a contaminação é melhor que exterminá-la. Assim, para os
recursos hídricos, faz-se necessário o estabelecimento de programas claros
e ecientes de proteção dos aqüíferos para controlar as atividades humanas,
para planejar e ordenar a ocupação e o uso do solo (HIRATA et al., 1997).
Segundo Brollo et al. (2000), a avaliação da vulnerabilidade de
aqüíferos à contaminação constitui um dos aspectos de maior importância
para subsidiar o planejamento de uso do solo e para gerenciar a instalação
e o funcionamento de empreendimentos potencialmente impactantes aos
recursos hídricos subterrâneos. Esse tipo de avaliação, portanto, é de
grande importância para subsidiar a gestão ambiental de territórios diante
das mais diversas atividades antrópicas.
A cidade de Santa Maria está localizada no centro geográco
do Estado do Rio Grande do Sul e, por esse motivo, é conhecida como
Coração do Rio Grande. Está entre as coordenadas 29° 39 31 e 29°
39 56 de latitude sul da Linha do Equador e a 53° 39 56 a 53° 53
56 de longitude oeste de Greenwich. Situa-se na Região Geográca
Sul, Mesorregião Geográca Ocidental Rio-Grandense e Microrregião
Geográca Santa Maria. Segundo a SEMA (2003), Santa Maria pertence à
Região Hidrográca do Guaíba e à Bacia Hidrográca dos rios Vacacaí e
Vacacaí-Mirim (G60). Quanto à drenagem, segundo Maciel Filho (1997),
tem seu traçado de detalhe ligado a vales de folhas ou simples fraturas,
sendo que apenas possuem vales com planícies de inundação expressiva os
arroios Vacacaí-Mirim e Cadena.
O aumento demográco trouxe sérios problemas a Santa Maria,
dentre eles, à área habitacional, com o aumento de favelas, sendo muitas
delas em áreas irregulares, como às margens das estradas rodoviárias e
ferroviárias, das áreas de várzea e da encosta do planalto.
É importante ressaltar que o crescimento populacional aumentou
a frota de veículos. Pelo censo do Instituto Brasileiro de Geograa e
Estatística (IBGE, 2000), a frota de Santa Maria era de 112.330 automóveis.
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Somam-se à frota local, os automóveis provenientes de outras localidades,
os quais chegam a Santa Maria devido à atração de seu setor terciário. Nos
últimos anos, isso gerou o surgimento de inúmeros postos de combustíveis
na cidade, para abastecer essa frota crescente de veículos. Com esses
postos, aumentou o número de lava-jatos. Cabe ressaltar que a grande
maioria desses postos não possui alvará da Prefeitura Municipal para
funcionamento, portanto, não sofrem a devida scalização. Dessa forma,
muitos desses postos têm poços tubulares e despejam as águas da lavagem,
sem nenhum tratamento, diretamente em cursos dágua, podendo afetar a
qualidade das águas subterrâneas.
Com uma população cada vez maior, Santa Maria também terá,
conseqüentemente, um maior número de óbitos, mais enterros e mais
necrochorume nos cemitérios. No município de Santa Maria, estão
localizados seis cemitérios, que se encontram em área urbana ou de
expansão urbana. Com a expansão da população urbana, o aumento
da produção de esgoto in situ e do lixo, que é depositado no lixão da
Caturrita. Destaca-se, como agravamento, que grande parte da cidade não
possui rede de esgoto e que o lixão da Caturrita encontra-se sobre a área
de recarga de um dos maiores aqüíferos da região, o Aqüífero Passo das
Tropas, pertencente à Formação Santa Maria (CPRM, 1994; DUTRA,
2001; BRUM, 2004).
Outro aspecto a ser ressaltado é a localização do Distrito Industrial,
no qual inúmeras indústrias obtêm água do Aqüífero Guarani subterrâneo e
outras ainda dispõem resíduos na superfície do terreno (DUTRA, 2001).
MATERIAL E MÉTODOS
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL EM ESTUDO
O trabalho em questão foi desenvolvido no Bairro Perpétuo Socorro,
na cidade de Santa Maria, RS, ilustrado na gura 1.
O Bairro limita-se ao leste, pela Rua Luiz Mallo; ao sul, pelos trilhos
da Viação Férrea; ao oeste, pelas ruas Anselmo Zock e Adolfo Ungaretti; e
ao norte é iniciado pela crista do morro, prolongando-se até o Monumento
Ferroviário.
O Perpétuo Socorro, segundo informações da Associação de
Moradores, possui cerca de 6.700 habitantes, distribuídos em 1.800
unidades habitacionais, sendo composto, basicamente, por uso residencial.
no bairro dois clubes esportivos, um posto de gasolina, um hospital e
uma fábrica de refrigerantes.
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Figura 1. Localização do bairro Perpétuo Socorro e ruas percorridas.
CADASTRAMENTO DOS POÇOS
O cadastramento dos poços foi realizado por meio de visitas às
residências do Bairro Perpétuo Socorro, no período de 14 de setembro a
24 de outubro de 2006. O número de poços, os tipos, as localizações e
situações em que se encontram foram levantados nessas visitas.
Instrumentos utilizados
Os instrumentos utilizados foram uma planilha, na qual foram
anotados os dados coletados, quanto à situação de funcionamento, uso
da água e o tipo dos poços a m de gerar um cadastro; uma trena de 20
metros; um GPS topográco da marca Trimble, modelo GeoExplorer 3 e
uma máquina fotográca digital.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE AMOSTRAGEM
Localização dos pontos de amostragem
Os poços encontrados em funcionamento foram analisados para
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determinar a qualidade da água, não foram coletadas amostras de água dos
poços desativados.
Procedimento de coleta e identicação das amostras
As amostras foram coletadas, manualmente, nos poços que não pos-
suíam bomba dágua. O acondicionamento foi feito em garrafas plásticas de
2.000 mL, devidamente rotuladas e identicadas de acordo com o número
dos poços cadastrados.
DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS DE ANÁLISE
As análises foram realizadas com os instrumentos e as metodologias
descritas no quadro 1.
Quadro 1. Parâmetros analisados.
Parâmetros
físicos
Equipamentos: marca e
modelo
Referências
Cor aparente
Colorímetro/Aqua-
Tester/611-A
Portaria, n.º 518
Sólidos
dissolvidos totais
* Macêdo (2003)
Turbidez
Turbidímetro Portátil/
2100P
Portaria, n.º 518
Temperatura da
água
Incoterm
/0,5°C/168453/01
Temperatura do ar Hygrotherm/0,1°C/7429
Condutividade
elétrica
Condutivímetro/Analion/
C 708
Macêdo (2003)
Parâmetros
químicos
Equipamentos Referências
pH pH-metro/Analion/PM 608
Macêdo (2003)
Alcalinidade total *
Macêdo (2003)
Oxigênio dissolvido Oxímetro/Digimed/DM-4
Macêdo (2003)
DBO *
Macêdo (2003)
Parâmetros
biológicos
Equipamentos Referência
Coliformes totais * Alexander, 1982
* Em razão do grande número de materiais utilizados, esses não foram discriminados no quadro.
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Os parâmetros físicos, como a cor aparente e a turbidez, foram
realizados na Estação de Tratamento de Água de Santa Maria (ETA
CORSAN), seguindo a Portaria do Ministério da Saúde, n.º 518
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
Os parâmetros químicos e os biológicos foram analisados no
Laboratório de Engenharia Ambiental do Centro Universitário Franciscano
(UNIFRA), no período de 15 de setembro a 13 de novembro de 2006,
utilizando-se, para as determinações: água destilada/deionizada, vidrarias
e equipamentos especícos para cada método.
ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS
Os valores obtidos na análise dos parâmetros físicos, químicos e
biológicos foram comparados com os valores estabelecidos pela Portaria
do Ministério da Saúde, n.º 518, a qual estabelece procedimentos e
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
DEFINIÇÃO DAS CLASSES DE VULNERABILIDADE NATURAL À
CONTAMINAÇÃO E REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
A metodologia GOD (G groundwater hydraulic connement;
O overlaying strata; D depth to groundwater table), elaborada por
Foster e Hirata (1988) foi utilizada para a denição da vulnerabilidade das
diferentes áreas representadas pelas unidades geomorfológicas. Os poços
escavados foram tomados como base, em virtude de uma maior facilidade
para a medida do nível estático.
A estimativa do índice de vulnerabilidade GOD segue as seguintes
etapas:
1) identicar o grau de connamento hidráulico do aqüífero,
atribuindo-lhe um índice entre 0,0 a 1,0;
2) especicar as características do substrato que recobre a zona
saturada do aqüífero em termos de: (a) grau de consolidação e (b) litologia,
assinalando um índice a este parâmetro em uma escala de 0,4 a 1,0;
3) estimar a distância ou profundidade ao nível da água (em aqüíferos
o connados) ou profundidade do teto da camada do primeiro aqüífero
connado, assinalando um índice a este parâmetro em uma escala de 0,6 a
1,0.
O índice nal integrado de vulnerabilidade de aqüíferos GOD é
o produto dos índices obtidos para cada um dos parâmetros, variando de
0,0 (desprezível) até 1,0 (extrema). Os dados da vulnerabilidade foram
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calculados por meio da metodologia GOD ilustrada na gura 2. Utilizou-
se o software Surfer 8.0 para espacializar os dados em dimensões, o que
gerou os mapas de vulnerabilidade dos poços.
Figura 2. Croqui da metodologia GOD para o cálculo de vulnerabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS
Na gura 3, ilustra-se a localização dos diferentes tipos de poços
encontrados no Bairro Perpétuo Socorro. Do total de 54 fontes alternativas
encontradas, 19 são poços escavados, 23 são poços tubulares, uma é fonte
saturada ou
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nascente, uma é vertente e 10 poços estão desativados. Dos poços em
atividade, 30 utilizam bombas, e em 12, a água é retirada manualmente.
Figura 3. Localização e espacialização dos poços do Bairro Perpétuo
Socorro.
PARÂMETROS FÍSICOS
Cor aparente
A Portaria n.° 518, de 2004 estabeleceu que o valor máximo da cor
aparente é de 15uH. O valor médio de cor aparente obtido nos poços do
Bairro Perpétuo Socorro foi de 11,0uH, com um desvio padrão de 9,3, sendo
o valor mínimo de 2uH e o máximo de 40uH. Dentre os poços analisados,
os escavados foram os que mais ultrapassaram o valor máximo permitido,
representado pela linha em vermelho, e causando um aspecto negativo na
aparência da água. Contudo, isso não apresenta risco à saúde humana. Esses
valores elevados podem estar relacionados a uma grande quantidade de
substâncias dissolvidas, ferro e manganês, pela decomposição de matéria
orgânica e, também, pela presença de esgotos domésticos e industriais.
Cabe ressaltar que a análise dos parâmetros demonstrou que 2 dos 23
poços tubulares e 9 dos 19 poços escavados apresentaram valores acima
do normatizado, conforme a gura 4.
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Figura 4. Variação da cor aparente dos diferentes poços.
Turbidez
Ao observar a gura 5, percebe-se que 2 dos 23 poços tubulares e
8 dos 19 poços escavados encontram-se fora do limite máximo de 5UT,
conforme a mesma Portaria. Cabe ressaltar, que o valor médio obtido
foi de 3,86UT com um desvio padrão de 6,28, apresentando um valor
mínimo de 0,3 e máximo de 31UT. Os poços escavados foram os que mais
apresentaram valores acima do normatizado. A turbidez altera o aspecto
cristalino da água, deixa-a com uma aparência opaca, merecendo cuidados
no uso pelo homem.
Figura 5. Variação da turbidez dos diferentes poços.
Sólidos totais dissolvidos
A gura 6 apresenta os resultados obtidos para os sólidos totais
dissolvidos. Nenhum dos poços analisados ultrapassou o valor máximo
de 1000 mg.L
-1
, conforme a Portaria n.° 518, de 2004. O valor médio
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encontrado foi de 237,7 mg.L
-1
com um desvio padrão de 203,2. Os
valores máximo e mínimo caram estabelecidos em 20 e 920 mg.L
-1
,
respectivamente. Possivelmente, os valores mais altos estão relacionados
à presença de substâncias dissolvidas ou em estado coloidal presentes nas
amostras.
Figura 6. Quantidade de sólidos totais dissolvidos dos diferentes poços.
Temperatura do ar e da água
A determinação desses parâmetros foi julgada importante, apesar de
eles não serem sugeridos na Portaria. Isso em virtude de se vericar a sua
variação e o grau de dependência entre eles. A gura 1 apresenta os valores
obtidos. Salienta-se a proximidade entre esses valores, evidenciando sua
inter-relação.
Tabela 1.Valores da temperatura da água e do ar
Temperatura (ºC)
Água Ar
Média 24,25 25,62
Desvio padrão 2,96 3,05
Valor mínimo
13,5 20,3
Valor máximo 32 31,8
Condutividade elétrica
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A Portaria n.° 518, de 2004, não faz referência a valores máximos
ou mínimos de condutividade elétrica. No entanto, segundo Chapman e
Kimstach (1998), a condutividade elétrica em águas doces varia de 10 a
1.000 S.cm
-1
O valor médio obtido nas águas dos poços analisados foi
de 32,52 S.cm
-1
com um desvio padrão de 15,82. Os valores mínimo e
máximo são, respectivamente, 6 e 90,9 S.cm
-1
. Valores baixos, como os
obtidos em todos os poços, indicam que a água é desmineralizada, apresenta
baixíssimas concentrações de sais dissolvidos, e podem ser consideradas
como águas leves.
PARÂMETROS QUÍMICOS
pH
Os valores de pH encontrados demonstraram que 30,4% dos poços
tubulares, 31,5% dos escavados e 100% das fontes nascentes e vertentes
apresentaram resultados abaixo do estabelecido pela Portaria n.° 518, de
2004, que compreende o intervalo entre 6 e 9,5. Conforme a gura 7, o
valor médio de pH encontrado foi de 6,1 com um desvio padrão de 0,9.
O pH mínimo encontrado foi de 3,24 e o máximo de 7,8. O pH mínimo
foi de uma fonte nascente. Cabe lembrar que esse pH baixo é um fator
preocupante ao consumo humano devido à característica ácida. o pH
ácido pode ser devido a uma contaminação interna ou externa no local.
Figura 7. Valores médios do pH da água de diferentes fontes.
Alcalinidade
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Não referência à alcalinidade na Portaria n.º 518, de 2004. A
alcalinidade, geralmente, é causada por sais alcalinos, principalmente,
de sódio e cálcio. O intervalo médio encontrado, nas águas dos poços
analisados, foi de 60,3 mg.L
-1
de CaCO
3
e o desvio padrão, de
43,3,
com
valores mínimos e máximos, na ordem de 0 e 171 mg.L
-1
de CaCO
3
estando
estes dentro da normalidade, não indicando uma grande presença de sais.
Oxigênio dissolvido
Os teores máximos e nimos de oxigênio dissolvido encontrados
em todos os poços analisados variaram de 3,14 a 9,74 mg.L
-1
, cando o
valor médio estabelecido em 5,69 mg.L
-1
, com um desvio padrão de 1,32.
Tais resultados são considerados baixos, porém normais. Isso por se tratar
de água subterrânea, uma vez que o oxigênio dissolvido representa o grau
de arejamento da água e este aumenta conforme a superfície em contato
com o ar, o que não ocorre com a água subterrânea.
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO
Com relação à DBO, os valores encontrados nas águas dos poços
analisados são considerados altos, possivelmente resultado da contaminação
por matéria orgânica. Embora não seja um parâmetro denido na Portaria,
que serviu de base para as análises, a DBO contribui para um maior
conhecimento da qualidade da água. Os valores médios encontrados foram
de 0,18 mg.L
-1
, com um desvio padrão de 1,28 mg.L
-1
. Os valores mínimos
e máximos encontrados foram de 0,23 e 4,98 mg.L
-1
.
PARÂMETRO BIOLÓGICO
Coliformes totais
A Portaria n.º 518 do Ministério da Saúde considera água não
potável aquela que, após análises, tem a presença de coliformes. Na análise
dos poços e fontes do local em estudo, os resultados foram positivos para
coliformes em cinco poços, três escavados e dois tubulares. Esse parâmetro
é um dos mais importantes aspectos de poluição das águas e, também, está
diretamente associado às doenças que têm como veículo a água. Observa-
se que os poços escavados estão mais contaminados. Isso pode ocorrer
devido à vedação inadequada da boca dos poços, ocasionando inltrações
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diretas nos revestimentos. O valor médio obtido para coliformes totais
foi de 4,63 NPM/100mL, com um desvio padrão de 13,96, sendo o valor
mínimo de 0 e o máximo de 56 NMP/100mL.
DEFINIÇÃO DAS CLASSES DE VULNERABILIDADE NATURAL À
CONTAMINAÇÃO
Na tabela 2, apresenta-se a planilha de dados da metodologia
GOD dos poços escavados utilizados. A classe de vulnerabilidade cou
estabelecida em 0,63, podendo ser observada na gura 8, o que demonstra
um alto grau de vulnerabilidade à contaminação. Isso signica que a água
subterrânea na presença de uma fonte potencial de contaminação terá uma
grande suscetibilidade à contaminação, na região dos poços escavados
cadastrados.
Figura 8. Classes de vulnerabilidade dos poços escavados.
A condição sanitária e de manutenção dos poços e fontes é outro fator
a ser considerado quando se fala de vulnerabilidade de água subterrânea. A
água será facilmente contaminada, quando houver falta de manutenção ou
descuido, como evidenciado na gura 9.
CONCLUSÕES
Após realizar o levantamento das condições de potabilidade das
águas subterrâneas dos poços, no Bairro Perpétuo Socorro, na cidade de
Santa Maria/RS, os resultados apresentados, bem como os valores obtidos
nas análises dos diversos parâmetros de qualidade da água subterrânea e
vulnerabilidade, levaram-nos às seguintes conclusões.
Os poços escavados foram os que tiveram mais amostras fora
dos padrões estabelecidos pela Portaria n.° 518, de 2004. Dos 19 poços
cadastrados em atividade, em 14, as amostras de água encontravam-se
acima dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde nos parâmetros
46
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 5 , n. 1, p. 31-49, 2004.
Tabela 2. Planilha de dados para aplicação da metodologia GOD e a
vulnerabilidade.
Poço
Coordenada
N
Coordenada
E
Nível da
água
G O D Vulnerabilidade
Poço
1
6714348 228104 4,10 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
5
6714067 228625 1,22 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
10
6714211 228599 3,96 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
11
6714326 228589 4,30 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
12
6714151 228470 2,38 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
14
6714870 228143 1,37 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
16
6714521 228342 2,90 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
17
6714439 228392 2,60 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
24
6714747 227726 2,40 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
25
6714761 227698 4,72 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
26
6714874 227763 1,40 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
34
6715185 227941 1,10 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
36
6714931 227822 2,21 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
39
6714387 227988 3,62 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
41
6714262 227988 1,45 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
46
6714127 227541 3,7 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
47
6714180 227546 2,12 1 0,7 0,9 0,63 Alta
Poço
51
6713867 227967 2,6 1 0,7 0,9 0,63 Alta
G
Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 5 , n. 1, p. 31-49, 2004.
47
Figura 9. Situação de dois poços tubulares sem manutenção.
cor aparente, turbidez, pH e coliformes totais. 47,4% dos poços escavados
apresentaram mais do que 15uH no parâmetro cor aparente e 42,1%,
apresentaram valores acima de 5 UT para a turbidez.
Dos 23 poços tubulares em funcionamento no Bairro, 10 encontraram-
se fora dos padrões, sendo que 8,7% apresentaram problemas na cor
aparente, 8,7% na turbidez, 30,4% no pH e 8,7% nos coliformes totais.
As fontes nascentes e vertentes encontradas caram com seus
valores, no parâmetro pH, abaixo dos padrões estabelecidos na Portaria
citada anteriormente. Isso é um fator preocupante para o consumo humano
devido a sua grande acidez.
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Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, v. 5 , n. 1, p. 31-49, 2004.
Os valores do parâmetro sólidos dissolvidos totais caram abaixo do
valor máximo, o qual é de 1000 mg.L
-1
, em todos os poços cadastrados.
O valor do parâmetro condutividade elétrica da água dos
poços em questão foi bem baixo, com 6 e 90,9 S.cm
-1
,
de nimo e
máximo, respectivamente. Esses baixos valores indicam que a água é
desmineralizada, apresentando baixas concentrações de sais dissolvidos e
podem ser consideradas águas leves.
Quanto à alcalinidade, os valores médios encontrados nas águas dos
poços analisados são de 60,3 mg.L
-1
de CaCO
3.
Esses valores estão dentro
da normalidade e não indicam uma grande presença de sais.
Os valores máximos e mínimos de oxigênio dissolvido encontrados
em todos os poços analisados variaram de 3,14 a 9,74 mg.L
-1
, valores estes
normais por se tratar de água subterrânea.
A vulnerabilidade das fontes alternativas de abastecimento dos poços
escavados cadastrados foi alta, o que facilita a contaminação.
A condição de potabilidade das águas subterrâneas dos poços
cadastrados do Bairro Perpétuo Socorro cou estabelecida da seguinte
maneira: 59,1% dos 44 poços ativos estão fora dos padrões estabelecidos
pela Portaria n.° 518/2004, do Ministério da Saúde.
RECOMENDAÇÕES
A repetição dos ensaios em todas as fontes cadastradas se faz
necessária. Isso, com base nos resultados obtidos com o cadastramento,
avaliação da vulnerabilidade e análises físico-químicas e biológicas
realizadas. Dessa maneira, poderão ser tomadas medidas de controle,
junto aos órgãos municipais competentes, evitando problemas de saúde na
população servida por essas fontes alternativas.
Destaca-se, ainda, a importância da realização de outros trabalhos
técnicos e de caráter educativo com a população, visando a formar uma
consciência pública sobre a importância dos cuidados básicos com os
poços e fontes. Dessa forma, diminuirão os casos de contaminação da água
subterrânea, assim, haverá menos riscos à comunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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natural de aqüíferos à contaminação através de um sistema gerenciador
de informações geoambientais-Um instrumento de gestão ambiental.
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49
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UNESCO/WHO/UNEP, 1998, p. 59-126.
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Graduação. Curso de Geograa  CCNE/UFSM, 2001.
FEITOSA, A. C. F.; MANOEL FILHO, J. Hidrogeologia: conceitos e
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Geológico, CETESB, DAEE, v.1 e 2, 1997.
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MACÊDO, J.A.B. Métodos laboratoriais de análises físico-químicas e
microbiológicas. 2. ed. Belo Horizonte: CRQ, 2003.
MACIEL FILHO, C. L. Introdução à geologia de engenharia. Santa
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n.º 518, de 25 de março de 2004.
Atualiza as disposições da Portaria 1469, de 29 de dezembro de 2000.
Brasília, 2004.
PAIVA, J. B. D; PAIVA, E. C. D. Hidrologia aplicada à gestão de
pequenas bacias hidrográcas. Porto Alegre: ABRH, 2001, 625p.
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www.sema.rs.gov.br>. Acesso em: 12 /09/2006.
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