Numa abordagem fenomenológica, o assunto sujeito leitor e objeto imagem não são
duas entidades separadas postas em relação, mas estão correlacionados porque: “... a
consciência aparece como se projetando para fora de si própria em direção a seu objeto e o
objeto como se referindo sempre aos atos da consciência...” (Dartigues, 2005, p.23). Isto
significa que o objeto imagem é sempre para um sujeito e o estudo desta correlação seria uma
descrição do campo de consciência, suas essências e atos, neste sentido, não se trata das
projeções da consciência no mundo, pois Dartigues afirma que:
É a situação do mau fenomenólogo que confunde a essência do fenômeno com seu
estado de consciência atual, com o fato psíquico através do qual sua essência se dá.
É tratar a consciência como se ela não fosse intencional, como se ela ficasse sempre
fechada sobre si própria, prisioneira de sua particularidade empírica, da
imediaticidade de sua vivência, e não tivesse por essência, o poder de visar através
de seus conteúdos particulares uma verdade universal, por definição comum a todos
e a todos acessível... (2005, p.36, 37)
Isto quer dizer que a consciência contém mais que si mesma, contém aquilo que ela
não é, ou seja, o mundo sempre como direção ao qual ela vai. Na descrição deste campo
considero o aparecer do funcionalismo cognitivo da consciência, como a memória, a
imaginação, a percepção, etc..., mas este funcionalismo não é “puro”, como também, não são
puras a suas informações sensoriais, o objeto imagem e o sujeito leitor são sincrônicos posto
que, não há condições de lidar com uma consciência sem um algo onde ela aconteça. Pensar o
ser no mundo é pensar a consciência situada, é surpreendê-la acontecendo, se é possível falar
em objeto imagem e sujeito leitor é porque é da natureza da consciência esta direção ao
mundo, que na fenomenologia é compreendida como intencionalidade e o mundo é sempre
uma solicitação. A respeito desta correlação Merleau-Ponty se refere à seguinte analogia:
Se minha mão esquerda toca a minha mão direita e se de repente quero, com a mão
direita, captar o trabalho que a esquerda realiza ao tocá-la, esta reflexão do corpo
sobre si mesmo sempre aborta no último momento: no momento em que sinto minha
mão esquerda com a direita, correspondentemente paro de tocar minha mão direita
com a esquerda. Mas este malogro de último instante não retira toda a verdade a esse
mau pressentimento de poder tocar-me tocando: meu corpo não percebe, mas está
como que construído em torno da percepção que se patenteia através dele por todo
seu arranjo interno, por seu circuito sensori-motores, pelas vias de retorno que
controlam e relançam os movimentos, ele se prepara, por assim dizer, para uma