Discussão
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Na última década, a apnéia obstrutiva do sono tem sido identificada
como uma condição clínica comum, associada com significantes alterações
neuropsicológicas e com alta morbidade cardiovascular. O tratamento é
baseado nas alterações anatômicas e clínicas, no grau de severidade da
doença e nos fatores de risco (LÉVY et al.,1996;).
Em muitos casos, parece haver suporte genético para a SAHOS
(REDLINE, TISHLER, 2000). Muitos outros fatores podem agravar a SAHOS
ou estar relacionados a ela, como obesidade, uso de bebida alcoólica,
tabagismo, uso de tranqüilizantes, dormir em decúbito dorsal, sexo masculino,
idade, antecedentes familiares, etnia, atividade física, anomalias craniofaciais,
disfunções dos sistemas nervoso central e periférico e alterações musculares
(YOUNG et al., 1993; LINDBERG, GISLASON, 2000).
A abordagem do paciente com sintomas sugestivos de SAHOS deve
ser multidisciplinar (cardiologia, endocrinologia, clinica geral, odontologia),por
estarem envolvidas alterações anatômicas nasais, orofaríngeas, do esqueleto
facial, na deglutição,na postura da língua, na mordida,alterações respiratórias
e no sono. A maioria dos pacientes com SAHOS tem uma combinação de mais
de um fator relativo a essas alterações (FUJITA, 1984).
O ronco é o sinal mais freqüente na síndrome da apnéia do sono,
com nítida prevalência nos fumantes, obesos, homens e nos idosos. Todo
indivíduo roncador crônico, obeso, cardiopata, acima de 40 anos, deveria ser
submetido a uma investigação polissonográfica para identificação ou não da
síndrome (FERREIRA et al., 1996).
O ronco se origina no colapso parcial da passagem do ar entre a
epiglote e as coanas, onde não há um suporte rígido. O ruído ouvido é originado
na vibração do palato mole e no pilar posterior da tonsila palatina. Quatro fatores,
sozinhos ou combinados, contribuem para o ronco: 1) pouco tônus muscular da
faringe, palato e língua; 2) aumento de adenóide e tonsilas palatinas; 3) aumento
da úvula e palato redundante; 4) obstrução nasal (LEVIN, BECKER, 1994).
Quanto à graduação do ronco temos: grau I, ocasional no decúbito
dorsal, após muito álcool e muita comida; grau II, muito alto, em qualquer
posição, toda a noite, podendo ser ouvido em outro quarto e; grau III,
extremamente alto, podendo ser ouvido em toda a casa e está associado à
síndrome da resistência da via aérea superior ou SAHOS (KRESPI et al., 1994).