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DANILO SIMÕES COELHO
O TURISMO GASTRONÔMICO
E A BIODIVERSIDADE DO CERRADO
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
Março/2009
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DANILO SIMÕES COELHO
O TURISMO GASTRONÔMICO
E A BIODIVERSIDADE DO CERRADO
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Turismo e Meio Ambiente do
Centro Universitário UNA, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Turismo e Meio Ambiente.
Área de Concentração: Turismo e Meio
Ambiente
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Trindade Bahia
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
Março/2009
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C672t Coelho, Danilo Simões
O turismo gastronômico e a biodiversidade do cerrado / Danilo
Simões Coelho – 2009
82: il.
Orientador: Dr. Eduardo Trindade Bahia
Dissertação (mestrado) – Centro Universitário UNA, Programa de
Mestrado em Turismo e Meio Ambiente.
Bibliografia f. 74 - 78
1. Turismo – gastronomia 2. Biodiversidade. I. Bahia, Eduardo
Trindade II. Centro Universitário UNA. III. Título
CDU:338.484
Ficha Catalográfica – Biblioteca Padre Geraldo Magela, UMA
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram com este trabalho, em especial a meu irmão Marco
Simões; a Bruno e Lu; a meus outros irmãos e a meus pais; à minha mulher, Herica, pela
paciência; à professora Wanda Lacerda; a meu aluno Marcos Moura, pela ajuda; a meus
professores, colegas e, especialmente, ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Trindade Bahia.
RESUMO
Este estudo destaca a importância da gastronomia como atrativo turístico e tem como objetivo
levantar o potencial gastronômico da biodiversidade do cerrado. Nele analisou-se a
contribuição de componentes da fauna e principalmente da flora do cerrado para o
desenvolvimento do turismo nesta região. As pesquisas realizadas permitiram avaliar os
principais frutos do cerrado e detectar aqueles com maior potencial atrativo para o
desenvolvimento do turismo gastronômico. A potencialidade desses frutos foi avaliada por
um grupo de 31 pessoas com notório conhecimento em gastronomia e turismo. Buscou-se
também avaliar a condição dos recursos gastronômicos do cerrado, de acordo com a aceitação
do público em relação aos ingredientes e à facilidade ou dificuldade de obtenção dos mesmos.
A pesquisa foi realizada em quatro municípios onde o cerrado ocorre: Belo Horizonte, Montes
Claros, Goiânia e Pirenópolis. Além de determinar o potencial dos principais produtos do
cerrado para o desenvolvimento do turismo, a pesquisa contribuiu para identificar problemas
para a conservação e sustentabilidade desse ecossistema, sendo um primeiro passo para novos
trabalhos que proponham roteiros gastronômicos no bioma cerrado
Palavras-chave: biodiversidade e turismo, gastronomia do cerrado, turismo no cerrado.
ABSTRACT
This study highlights the importance of food as a tourist attraction and aims to raise the
gastronomic potential of the cerrado. It evaluates the contribution of the fauna and flora
components of the cerrado for the development of tourism in this region. The research
conducted evaluated the main fruits of the cerrado and identified those with greatest potential
attraction for gastronomic tourism development. These fruits were assessed by a group of 31
people with remarkable expertise in gastronomy and tourism. There was also a try to assess
the gastronomic resources of the cerrado, according to the acceptance of the public on the
ingredients and the ease or difficulty in obtaining them. The study was conducted in four
municipalities where the cerrado occurs: Belo Horizonte, Montes Claros, Goiânia and
Pirenópolis. Besides determining the potential of the main products of the cerrado for tourism
development, the study contributed to formulating useful guidelines for the conservation and
sustainability of this ecosystem. It is a first step towards new research introducing other
culinary tours in the cerrado biome.
Keywords: biodiversity and tourism, gastronomy of the cerrado, tourism in the cerrado.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1..............................................................................................................................................22
QUADRO 2..............................................................................................................................................27
QUADRO 3..............................................................................................................................................32
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - O número de entrevistados nas cidades pesquisadas............................................ 41
TABELA 2 - Experiência gastronômica das três categorias...................................................... 43
TABELA 3 - Cargo das três categorias...................................................................................... 43
TABELA 4 - Escolaridade das três categorias........................................................................... 43
TABELA 5 - Avaliação da oferta gastronômica das frutas do cerrado...................................... 47
TABELA 6 - Avaliação do potencial gastronômico dos produtos do cerrado...........................51
TABELA 7 - Outros produtos do cerrado citados e ou avaliados pelos respondentes............... 52
TABELA 8 - Avaliação da importância da biodiversidade do cerrado...................................... 54
TABELA 9 - Avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado............................................ 57
TABELA 10 - Avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado.......................................... 60
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Mapa do Bioma Cerrado.................................................................................................. 25
FIGURA 2 - Unidade de beneficiamento do pequi............................................................................... 34
FIGURA 3 - Vista de telhado colonial.................................................................................................. 37
FIGURA 4 - Paisagem de Goiânia........................................................................................................ 38
FIGURA 5 - Igrejinha da Pampulha ..................................................................................................... 39
FIGURA 6 - Vista da Igreja Matriz de Montes Claros. ........................................................................ 40
FIGURA 7 - Sorveteria Frutos do Cerrado........................................................................................... 65
FIGURA 8 - Restaurantes típicos em Pirenópolis................................................................................. 66
FIGURA 9 - Beneficiamento do baru................................................................................................... 67
FIGURA 10 - Produtos do cerrado ....................................................................................................... 68
FIGURA 11 - O Mercado de Montes Claros ........................................................................................ 69
FIGURA 12 - Frutas do cerrado Araticum, amora preta, ananás, pêra do cerrado............................... 70
FIGURA 13 - Frutas do CerradoBuriti, palmito guariroba, baru, palmito da mata.............................. 70
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................11
2. OBJETIVOS....................................................................................................................14
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................14
3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................15
3.1 Turismo e turismo cultural..........................................................................................................15
3.2 Alimentação e Cultura................................................................................................................16
3.3 Gastronomia, Turismo Gastronômico e Eventos........................................................................20
3.4 O Bioma Cerrado, fauna e flora com potencial gastronômico e produtos já consolidados........24
4. METODOLOGIA............................................................................................................35
5. LOCAIS PESQUISADOS...............................................................................................37
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................41
6.1 Locais e categorias dos entrevistados.........................................................................................41
6.2 Perfil dos entrevistados...............................................................................................................41
6.3 Experiência profissional em relação à biodiversidade do cerrado..............................................44
6.4 Oferta gastronômica dos produtos do cerrado............................................................................45
6.5 Potencial gastronômico dos produtos do cerrado .......................................................................47
6.6 Potencial gastronômico de outros produtos do cerrado..............................................................51
6.7 Potencial gastronômico da fauna do cerrado..............................................................................54
6.8 Importância da utilização da biodiversidade do cerrado.............................................................54
6.9 Os produtos do cerrado atraem a curiosidade do turista.............................................................57
6.10 Aproveitamento atual dos frutos do cerrado na cidade do respondente ...................................57
6.11 Aproveitamento atual dos frutos do cerrado para o Brasil........................................................59
6.12 Turismo gastronômico no Brasil...............................................................................................62
6.13 Roteiro gastronômico................................................................................................................63
6.14 Turismo e estabelecimentos gastronômicos relacionados aos produtos do cerrado as cidades
pesquisadas.......................................................................................................................................64
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS...................................................................................74
APÊNDICE: Modelos de questionários aplicados nas cidades..........................................79
11
1. INTRODUÇÃO
Dados da Organização Mundial do Turismo (2007) mostram que o turismo pode ser
considerado uma das mais importantes atividades econômicas do mundo, sendo responsável
por 192,2 milhões de empregos, que deverão aumentar para 251,9 milhões até o ano de 2010,
suplantando a indústria bélica, em volume de capital transacionado. Beting (2000), baseando-
se em dados da OMT, prevê um crescimento do setor turístico a uma média anual de 4,1 %,
podendo atingir, em 2020, um total de 1,6 bilhões de viajantes internacionais. Nessa projeção,
a fatia brasileira passaria a 1,2 % do total; sendo que já esteve, no ano de 1993, abaixo dos 0,8
%. Os fatores responsáveis pela motivação desse grande número de turista são rios,
incluindo o turismo gastronômico.
Historicamente pode-se observar que o turismo gastronômico começou a evoluir
com o desenvolvimento dos transportes e o aperfeiçoamento da rede ferroviária que
estimularam a moda da viagem de recreio. Dessa forma foram criadas novas
modalidades de percepção de determinada região, de modo que a culinária acaba
sendo parte do interesse do turista como parte integrante do patrimônio
(FLANDRIN, 1998, p.817).
Inicialmente a culinária e mais tarde a gastronomia tornaram-se, também, produtos
turísticos, ou vieram reforçar os existentes. Diversas pessoas praticam o turismo
gastronômico ou vão em busca do prazer por meio da comida e da viagem. São muitas as
motivações para esse tipo de turismo como o prazer e a busca de raízes culturais
(AZAMBUJA, 2000).
Para Schlüter (2003a), a gastronomia faz parte da nova demanda, por parte dos turistas,
de elementos culturais. O interesse pelo turismo gastronômico deve-se à busca de
conhecimento e prazer. Segundo Junior (2005), gastronomia é cultura, é história, é turismo. A
cultura e a história de um povo, ou de uma região, se expressam de várias formas. Uma destas
formas é a gastronomia. Países como França, Espanha e Itália levam a sério essa questão e
criam uma importante alternativa para o turismo. Esses países se destacam como grandes
receptores do turismo mundial. A França recebe 76 milhões de turistas por ano; a Espanha,
55,5 milhões; e a Itália, 36,5 milhões. Esses países estão entre os cinco maiores receptores
turísticos do mundo. (OMT,2005, anuário exame do turismo 2007/2008)
Alimentação e turismo caminham juntos, não existe turismo sem os alimentos e as
bebidas. Todo turista tem de se alimentar e hidratar. A gastronomia vem associada ao turismo
12
como oferta turística complementar e em muitos casos pode ser o principal fator motivador de
viagens turísticas. Existem pacotes de turismo gastronômico e empresários que atuam
especificamente nesse setor. Segundo Fagliari (2005), a alimentação tem papel primordial nas
viagens, tanto como oferta técnica quanto como atrativo turístico. O grande trunfo da
alimentação como elemento do turismo está relacionado com o fato de ser utilizada nos mais
variados momentos da viagem, e de formas diferentes. Algumas vezes pode ser apenas uma
necessidade fisiológica, sendo uma oferta técnica. Em outros momentos, pode ser um atrativo
turístico interessante ou ainda pode ser vista como elemento da cultura local (FAGLIARI,
2005).
A gastronomia está presente em todos os roteiros turísticos e deve ser considerada pelo
turismo tanto em viagens curtas quanto longas. A elaboração de roteiros culturais
gastronômicos regionais, nacionais e internacionais é de grande importância (CORNER,
2003). Na maioria das vezes a gastronomia está diretamente relacionada aos produtos nativos
e agriculturais próprios da região. O Brasil é um dos países com mega biodiversidade e esta
biodiversidade influencia diretamente na gastronomia. Como exemplo podem-se citar
diversos produtos muitos cobiçados pelos estrangeiros, como o cupuaçu da Amazônia, que
quase foi patenteado pelos japoneses através da empresa japonesa Asahi Foods
1
, o aí, o
palmito e diversos outros.
O cerrado é considerado atualmente a savana mais rica do mundo em biodiversidade,
reúne na sua diversidade de paisagens mais de 10.000 espécies de plantas e 1.575 espécies de
animais catalogados. O cerrado brasileiro se estende por uma vastidão de dois milhões de
quilômetros quadrados, ocupando um quarto do território nacional. (Instituto Centro de Vida,
SD)
Os produtos da fauna e da flora do cerrado têm grande importância gastronômica, sabor
diferenciado, exotismo e ainda o papel de proporcionar a inclusão social através de sua
exploração e do manejo adequado. Este trabalho busca descrever a riqueza das matérias-
primas do cerrado e destacar a importância dessa biodiversidade para a gastronomia e o
turismo.
O trabalho descreve sucintamente o bioma cerrado, lista suas principais frutas e outros
produtos de sua biodiversidade e relaciona o aproveitamento destes produtos com o
desenvolvimento local. Estuda como a exploração racional desses recursos pode gerar
1
Disponível em: www.japao.org.br. Acesso em: 03/12/2008
13
produtos diferenciados para a gastronomia local e atrair a curiosidade de turistas devido à sua
especificidade.
A partir de dados apresentados na bolsa de turismo enogastronômico, constata-se a
importância dos atrativos gastronômicos. De acordo com o Bieteg (Bolsa do
Turismo Enogastronômico) de 1997, o segmento do turismo gastronômico
movimentou aproximadamente 2,5 milhões de turistas em todo o mundo. É
importante considerar um aumento significativo se fossem adicionados os turistas
que visitam atrativos gastronômicos durante suas viagens.(FLAGLIARI, 2005,
p.169).
Para potencializar ainda mais essa tendência, Schluter (2003, b) diz que as rotas
gastronômicas têm o objetivo de potencializar o atrativo e as diversas gastronomias locais se
for criada em diferentes partes uma rota que compreenda lugares onde a gastronomia tem
características similares.
O turista contemporâneo tem hoje a preocupação com o meio ambiente, tem interesse
pelo produto local e tende a consumir o que é sustentável. Os produtos do bioma cerrado
atingem esse tipo de turista exigente que busca um produto regional. Para isto ocorrer são
urgentes ações para o socorro do cerrado é a contenção dos desmatamentos. Um modelo
sustentável para o cerrado depende de radicais alterações para reduzir o impacto da grande
agricultura em curto prazo. Algumas ações estão sendo feitas, basta dizer que a Embrapa
Cerrado afirma ser possível triplicar a produção de grãos e duplicar a de carnes no cerrado
sem avançar mais um só hectare na ocupação. (Instituto Sócio Ambiental, 2008)
Observou-se que os turistas gastam cerca de 25% do recurso destinado à viagem com
alimentos e bebidas. Isso evidencia um gasto significativo com alimentação como oferta
técnica, o que leva a crer que o desenvolvimento dos elementos relacionados à alimentação
poderia incrementar ainda mais o gasto dos turistas (FLAGLIARI, 2005).
O Brasil é um país com uma grande diversidade gastronômica. Com influência
européia, indígena e africana e grande extensão geográfica, diversos fatores se
tornam conseqüência do “multiculturalismo culinário” apresentado pelo Brasil hoje,
sendo um ponto bastante positivo para o desenvolvimento dos atrativos
gastronômicos no país. (FLAGLIARI, 2005, p.173).
Dessa forma, as rotas turísticas podem estar organizadas em função de um produto ou
um traço cultural característico. Buscando desenvolver o consumo de um ou mais produtos
encontrados em abundância com o objetivo de promover o desenvolvimento de espaços rurais
marginais. (SCHLUTER, 2003, a)
O cerrado, com sua biodiversidade, demonstra dessa forma potencial para o turismo
gastronômico se for trabalhado de forma consciente e sustentável.
14
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é pesquisar a contribuição da biodiversidade do cerrado para a
elaboração de produtos comestíveis que possam vir a ser motivadores para o turismo
gastronômico.
2.2 Objetivos Específicos
Descrever o bioma cerrado e a utilização de sua biodiversidade, principalmente
frutos, como produtos gastronômicos;
Analisar a relação entre os produtos do cerrado e o turismo gastronômico;
Determinar os produtos existentes no cerrado que têm maior potencial como
atrativo turístico.
15
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Turismo e turismo cultural
Para Beni (2002), turismo é um elemento importante da vida social e econômica da
comunidade regional. Reflete aspirações legítimas das pessoas no sentido de desfrutar de
novos lugares, assimilar culturas diferentes, beneficiar-se de atividades ou descansar longe do
local habitual de residência. Já Dias (2006, p.10):
[...]o turismo como um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e
temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivo
de recreação, descanso, cultural ou saúde, se deslocam de seu lugar de residência
habitual a outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada,
gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural. (DIAS,
2006, p.10)
A OMT (2007) define turismo como uma atividade que consiste no deslocamento
temporário de pessoas fora de seu local habitual durante períodos de tempos variáveis, por um
período de tempo menor do que 12 meses e cuja finalidade ao viajar seja alheia ao exercício
de uma atividade remunerada no lugar que visite.
Existem diversos tipos de turismo, que podem ser classificados por diferentes critérios.
Andrade (1995) os divide em seis: de férias, cultural, de negócios, desportivo, de saúde, e
religioso. Oliveira (2001) amplia o horizonte de classificação para 22 tipos de turismo: lazer;
eventos; águas termais; desportivo; religioso; juventude; social; ecológico; compras; aventura;
incentivo; terceira idade; intercâmbio; cruzeiros marítimos; negócios; técnico; gay (GLS);
saúde; étnico e nostálgico; rural; cultural e gastronômico.
O turismo, por se tratar de uma atividade econômica com caráter social e cultural
bastante acentuado, contribui para diminuir as distâncias entre as várias partes do
planeta, buscando valorizar e preservar as diferenças culturais. A cultura é um
importante atrativo de um destino turístico. Muitos turistas estão em busca da
diversidade e diferenças culturais que sobrevivem em um mundo marcado pela
homogeneização cultural (DIAS, 2003, p.165).
De acordo com Beni (2002), turismo cultural se desdobra em vários tulos, como:
antropológico, religioso, arqueológico, artístico, entre outros. Para Ignarra (1999, p.119), o
turismo cultural engloba todos os aspectos das viagens pelos quais o turista conhece a vida
16
da comunidade receptiva. Os fatores culturais que uma localidade turística pode oferecer
são: folclore, artesanato, gastronomia típica e arquitetura histórica...”.
Segundo a OMT 2005, o turismo cultural é baseado nos atrativos culturais que possui o
local, sejam permanentes ou temporários, tais como museus, atrações teatrais ou musicais,
orquestras, etc., ou baseado nas características culturais ou sociais de uma população que
dispõe de um estilo tradicional de vida ou com características próprias.
Dias (2006) concorda com a definição da OMT:
Turismo cultural é uma segmentação do mercado turístico que incorpora uma
variedade de formas culturais em que incluem museus, galerias, eventos culturais,
festivais, festas, arquitetura, sítios históricos, apresentações artísticas e outras, que,
identificadas como uma cultura em particular, fazem parte de um conjunto que
identifica uma comunidade em que atraem os visitantes interessados em conhecer
características singulares de outros povos (DIAS, 2006, p. 39).
Com o turismo cultural fica importante ressaltar a importância do patrimônio que, para
Dias (2006), é um conjunto de bens materiais que foram deixados pelos nossos antepassados,
e que deverão ser transmitidos aos nossos descendentes. Dessa forma, segundo esse autor, o
patrimônio pode ser dividido em: Material, que é constituído por objetos, obras de artes em
museus, ou seja, que pode ser tocado, que é tangível; e Imaterial, constituído pelas tradições
orais, receitas de cozinhas, crenças, mitos, língua, festas, ideologias, conceitos, valores, que,
portanto, não podem ser tocados, são intangíveis.
3.2 Alimentação e Cultura
Pensar a alimentação como agente promotor de práticas culturais, sociais e simbólicas é
também evidenciar que a escolha da alimentação extrapola as necessidades meramente
biológicas, estando estritamente relacionada com a determinação cultural e social na qual o
homem encontra-se inserido.Os modos e maneiras diferenciados no trato com a alimentação,
ao mesmo tempo que auxiliam na preservação das culturas tipicamente regionais, refletem a
importância que essa atividade aparentemente rotineira tem para a sociedade. (Garine,1987)
Segundo Franco (2001), a história da alimentação foi, quase sempre, ignorada pela
maioria dos historiadores, sociólogos e etnólogos. É curioso que essa atividade tão
importante, que inclui a obtenção, a preparação e a ingestão de alimentos tenha sido objeto de
tal omissão. Entretanto, apesar da pouca atenção que o mundo acadêmico lhes tem reservado,
a alimentação e a arte culinária não podem ser consideradas aspectos secundários das
civilizações.
17
Claude Lévi-Strauss observou que os alimentos não são apenas bons para comer, mas,
também, para pensar. Tal observação ocorreu mediante longos estudos realizados em diversas
sociedades, o que lhe proporcionou a forte relação existente entre a comida e os mitos. A
comida, então, deveria ser entendida como uma linguagem; e a cozinha de uma dada
sociedade indicaria os seus valores
(LÉVI-STRAUSS, 1991).
Tal observação pode ser reforçada com o pensamento de Millán
2
(apud
MACIEL, 2001, p.56):
Na alimentação humana é que se materializa a estrutura da sociedade, promovendo a
atualização da interação social e sócio-ambiental (sic), bem como das representações
socioculturais (crenças, normas, valores); que dão significado à ação social (...) dos
que têm em comum uma mesma cultura. A abstração conceitual da cultura se
concretiza no prato.
O alimentar-se, compreendido como um ato rotineiro e vital, sem o qual não vida
possível, proporciona duas possibilidades simultâneas ao homem: a construção de práticas
socioculturais e a atribuição de significados àquilo que está sendo incorporado por ele neste
ato (MACIEL, 2001). Woortmann (1978, p.04) afirma que “na intersecção entre a natureza e
a cultura, o comer não satisfaz apenas as necessidades biológicas, mas preenche também
funções simbólicas e sociais”.
Dentro do contexto da cultura popular brasileira, o etnólogo e folclorista Luis da
Câmara Cascudo dedicou grande parte de sua obra ao estudo da relação existente entre a
cultura e alimentação. Segundo Gonçalves (2004), o tópico alimentação faz-se amplamente
presente nos escritos etnográficos de Cascudo, e o tema sobre comida e bebida aparece em
muitos de seus estudos sobre narrativas, provérbios, festas populares, religiões etc, tornando-
se impossível separá-los do sistema de relações sociais e simbólicas da cultura brasileira.
Sendo assim, em sua produção pode-se observar um vasto sistema de categorias que
estruturam seus escritos etnográficos e sua interpretação da cultura popular brasileira como
alimentação, nutrição, comida, refeição, fome, paladar, cru, cozido; entre outras
(GONÇALVES, 2004).
Em seu livro “História da alimentação no Brasil”, obra composta de dois volumes
publicados pela primeira vez em 1967, Cascudo oferece boas contribuições para se pensar o
tema. A obra é iniciada com o diálogo travado com Josué de Castro (1908-1973), autor de “A
geografia da fome” (CASTRO, 2002) e de outros livros e artigos sobre a experiência humana
da fome.
2
MILLÁN, Amado. Malo para comer, bueno para pensar: crisis en la cadena socioalimentaria. In: ARNAIZ,
Mabel Gracia (Coord.). Somos lo que comemos: estudios de alimentación y cultura en España. Barcelona:
Ariel, 2002.
18
Enquanto Castro (2002) descreve a alimentação do ponto de vista da fome, Cascudo
escreve sobre comidas e bebidas populares do ponto de vista do paladar. Na perspectiva de
Castro, um sistema de alimentação funciona para alimentar as pessoas, para satisfazer as
necessidades biológicas de uma determinada população. A fome, em sua obra, é entendida
como uma necessidade biológica a ser satisfeita, de modo mais ou menos bem-sucedido, pelas
instituições sociais, econômicas e políticas. Sociedade e cultura são pensadas, portanto, como
dimensões a serem acionadas para resolver o “problema da fome”. O paladar (em oposição à
fome) é assim pensado como algo suplementar e definido aleatoriamente (GONÇALVES,
2004).
na perspectiva de Cascudo, o paladar é determinado por padrões, regras e proibições
culturais. Mais que isso, segundo o autor, o paladar é um elemento poderoso e permanente na
delimitação das preferências alimentares humanas, e está profundamente enraizado em
normas culturais. A escolha de nossos alimentos diários está intimamente ligada a um
complexo cultural inflexível. O nosso menu está sujeito a fronteiras intransponíveis, riscadas
pelo costume de milênio (CASCUDO,2004)
Em tal perspectiva, são as regras culturais e as trocas sociais que definem a natureza
humana, e não as necessidades biológicas. Um sistema alimentar funciona não
exclusivamente para satisfazer essas necessidades, mas para expressar um paladar
cultural e historicamente formado. Como uma necessidade natural, a fome vem a ser
satisfeita por qualquer tipo de alimento, do mesmo modo que a sede é satisfeita pela
água. Mas o paladar está associado a modalidades distintas de comidas e bebidas.
Mais que isso, está associado a formas específicas e particulares de preparação,
apresentação e consumo. Por intermédio do paladar, os indivíduos e grupos
distinguem-se, opõem se a outros indivíduos e grupos. Por essa razão, o paladar
situa-se no centro mesmo das identidades individuais e coletivas (GONÇALVES,
2004, p.5).
Reforçando a perspectiva de Câmara Cascudo, Garine (1987, p.4) explica que:
Nas sociedades humanas, a fome e a sede, necessidades vitais, são formuladas e
satisfeitas em termos culturais, sociais e históricos. O que se come, com quem se
come, quando, como e onde se come: as opções e proibições alimentares que
distinguem os grupos humanos são definidas pela cultura: O homem se alimenta
de acordo com a sociedade a que pertence.
Mas, se o homem come de tudo, ele não come tudo. Nesse processo de alimentar-se
existe uma escolha pré-elaborada, uma seleção daquilo que é considerado por ele como
“comida”. Dentro dessa grande gama de classificação, existe a nítida separação das comidas
que são permitidas daquelas que são proibidas, além de demarcar claramente em quais
situações essa divisão se aplica. A grande variedade de escolhas alimentares humanas
procede, sem dúvida, em grande parte da variedade de sistemas culturais: se os homens não
19
consomem tudo o que é biologicamente ingerível, é porque tudo o que é biologicamente
ingerível não é culturalmente comestível, afirma Fischle³ (apud MACIEL, 2001).
À procura do significado da alimentação na história do homem, com a conseqüente
criação de uma cozinha humana e humanizada”, Perlés
3
(apud MACIEL, 2001) propõe uma
distinção entre o ato alimentar e o ato culinário. O primeiro ato seria entendido como no qual
o homem não se distinguiria das outras espécies animais em relação à nutrição. o segundo,
o ato culinário, é próprio à espécie humana, sendo o homem o único a cozinhar e combinar
ingredientes. (...) O encadeamento dos atos alimentares: aquisição, transformação e
consumo do alimento, é efetivamente um processo ao mesmo tempo partilhado com todos os
animais e especificamente humano” Perlés
4
(apud MACIEL, 2001, p.67).
Franco (2001) adverte que, quando o homem aprendeu a cozinhar os alimentos,
dominando, por conseguinte, técnicas diferenciadas, condicionou o surgimento que demarcou
uma profunda diferença entre ele e os outros animais.
Para Laraia (1986), o homem é resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é,
portanto, herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a
experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. O referido autor ressalta
que é evidente e amplamente conhecida a grande diversidade gastronômica da espécie
humana. Em algumas sociedades o ato de comer pode ser público; em outras, privado; mais
que se alimentar conforme o meio a que pertence, o homem se alimenta de acordo com a
sociedade a que pertence.
Matta (2001) contribui de forma precisa para a distinção entre comida e alimento,
diferença esta tão importante no sistema social brasileiro. Segundo ele, saber comer é algo
muito mais refinado do que o simples ato de alimentar-se. Para os brasileiros, nem tudo que
alimenta é sempre bom ou socialmente aceitável. Da mesma maneira, nem tudo que é
alimento é comida. Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter a pessoa viva;
comida é tudo que se come com prazer, de acordo com as regras mais sagradas de comunhão
e comensalidade.
Em outras palavras, o alimento é como a grande moldura; mas a comida é o quadro,
aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos; aquilo que deve ser visto e
saboreado com os olhos e depois com a boca (...). O alimento é algo universal e
geral ( MATTA, 2001, p.55).
3
F
ISCHLER, Claude. Présentation. Communications,Paris, 31, p1-3,2001
4PERLÈS, Catherine. “Les origines de la cuisine, l’acte alimentaire dans l’histoire de l’homme”.
Communications, EHESS, n. 31,1979.
20
Na visão do autor, o alimento diz respeito a todos os seres humanos: amigos ou
inimigos, gente de perto ou de longe, da rua ou de casa, do céu ou da terra. Ressalta, ainda,
que a comida é algo que define um domínio e põe as coisas em foco. Assim, a comida
corresponde ao famoso e antigo “de-comer”, expressão equivalente à refeição; por outro lado,
refere-se a algo costumeiro e sadio, alguma coisa que ajuda a estabelecer uma identidade,
definindo, por isso mesmo, um grupo, classe ou pessoa (MATTA, 2001).
3.3 Gastronomia, Turismo Gastronômico e Eventos
Savarin (1995) refere-se à gastronomia como conhecimento fundamental de tudo que se
refere ao homem, na medida em que ele se alimenta. Seu objetivo é zelar pela conservação
dos homens, através da melhor alimentação possível. Muito embora a palavra gastronomia
signifique estudo das leis do estômago, ela possui, atualmente, um sentido bem mais amplo.
Refere-se à arte de preparar as iguarias, tornando-as mais digestivas, para se obter o maior
prazer possível. É, portanto, uma arte mais acessível às classes sociais privilegiadas, que o
povo come para se alimentar e sobreviver, e não pelo prazer da arte da gastronomia (LEAL,
1998).
Em 1901, surge a fórmula do Guide Michelin, associado a um novo modo de consumo,
onde a gastronomia é avaliada e reverenciada (FLANDRIN, 2005).
Também observa-se que, nos anos 1920, com a chegada do turismo automotivo, que,
através das estradas, favoreceu a exploração do espaço local para que as cozinhas regionais
encontrassem sentido no que se tornou uma “economia turística” com perspectivas de um
belo futuro. (FLANDRIN, 2005)
Segundo Azambuja (2000), a compreensão do que é uma comida típica, uma culinária
local, não ocorre apenas com o entendimento do histórico local. A cultura e suas
características também são importantes. Detalhe importante é a busca pelo prazer: a diferença
entre culinária e gastronomia. A gastronomia e a culinária existem devido ao apetite que leva
as pessoas a se alimentar por outro motivo que não especificamente a fome. As propriedades
organolépticas do alimento têm enorme importância (FLAGIARI, 2005).
Segundo Ciaffone (2003), o desenvolvimento do patrimônio culinário do novo mundo
está ligado aos recursos naturais de cada região, e da sua interação com as tradições
alimentares das comunidades presentes em cada espaço geográfico, a alimentação está
relacionada à cultura local.
21
O congresso da UNESCO realizado em Havana (Cuba) em 2005, tendo como tema o
Turismo Cultural na América Latina e no Caribe, aprovou uma carta-documento que
reconhece as receitas culinárias como um bem cultural tão relevante e valioso
quanto a arquitetura, os casarões e casarios, as igrejas, os monumentos etc. Nesse
documento põe-se em relevo que toda política cultural, se bem fundamentada, deve
consagrar o gesto de comer não somente como uma tradição, mas, também, como
uma ação de criatividade, o se constituindo, somente, num ritual biológico de
apenas alimentação. (TRIGUEIRO e LEAL, 2006, p. 12).
No Brasil, o patrimônio gastronômico é extremamente vasto. Além da diversidade de
climas e paisagens, ocorre a mistura de várias tradições culinárias nos mesmos espaços. Pode-
se observar que, mesmo ocorrendo a influência do nativo indígena, do colonizador europeu e
do escravo africano, existe predominância de alguns traços na comida, dependendo da região.
Na Bahia, observa-se um predomínio da culinária africana, mesmo com as influências
portuguesas e indígenas. Minas Gerais, por sua vez, preserva a tradição portuguesa em vários
pratos. O Amazonas possui uma culinária com grande influência indígena. São Paulo, com
seu estilo cosmopolita considerado, muitas vezes, pouco “autêntico”, sofreu diversas
influências e hoje é considerada a capital gastronômica da América Latina (CIAFFONE,
2003).
No Brasil, o turismo gastronômico ainda é pouco explorado. As regiões ou localidades
que se preocupam em fazer da gastronomia uma referência para atrair turistas ainda são raras,
como relata Junior (2005).
Segundo Ciaffone (2003), o Brasil tem um patrimônio cultural gastronômico tão rico
que deve explorá-lo como objeto de roteiros gastronômicos, mostrar as cozinhas regionais e,
conseqüentemente, ajudar na sua preservação. No país existem bons exemplos como o Fest
Gourmet, em Tiradentes, Minas Gerais, que, em dez dias de festival, chegou a atrair 35 mil
turistas no ano de 2003.
A culinária paranaense é a mistura das influências de todos os povos que chegaram
ou dos que aqui habitavam. Recentemente, vários municípios instituíram pratos típicos,
cultivando as tradições dos antepassados e os aspectos socioeconômicos regionais, que muitas
vezes se traduzem em animados eventos gastronômicos que fazem a delícia dos visitantes.
(Secretaria de Estado de Turismo SETU/PR,2007). O QUADRO 1 mostra as festas e os
eventos ligados à gastronomia no Paraná.
22
QUADRO 1
Festas motivadas pela gastronomia no Paraná.
Município Nome do evento Município Nome do evento
Foz do Iguaçu
Concurso do Dourado Assado
Missal
Concurso do Porco à
Paraguaia
Apucarana
Festa da Costela
Maria Helena
Festa da Costela no Chão
Iporã
Festa da Costela no Chão e
Porco no Tacho
S. Antonio da
Platina
Festa da Leitoa ao Fogo-de-
Chão
Paraíso do Norte
Festa da Leitoa Desossada à
Pururuca
Juranda
Festa da Leitoa
Entrincheirada
Janiópolis
Festa da Leitoa Fuçada
Mamborê
Festa da Leitoa Mateira
Lobato e
Ribeirão Claro
Festa da Leitoa no Tacho
Alto Paraíso
Festa da Piapara na Telha
Paranaguá
Festa da Tainha
Porecatu
Festa da Tilápia
Boa Esperança
Festa da Vaca Atolada
Altônia e outros
5
Festa do Boi no Rolete
Irati
Festa do Borrego no Rolete
Pontal do Paraná
Festa do Caranguejo
Cornélio
Procópio
Festa do Carneiro ao Molho
Procopense
Peabiru
Festa do Carneiro ao Vinho
General Carneiro
Festa do Carneiro Desossado e
Recheado
Campo Mourão
Festa do Carneiro no Buraco
Carambeí e
outros
6
Festa do Carneiro no Rolete
Candói
Festa do Charque
São Mateus do
Sul
Festa do Charque a Vapor
Luiziana e
outros
7
Festa do Costelão
Paranavaí
Festa do Costelão ao Fogo-de-
Chão
Pato Bragado
Festa do Cupim Assado
Alto Paraná
Festa do Cupim Noroeste
Medianeira
Festa do Dourado na Grelha
Itaipulândia
Festa do Dourado no Carrossel
Bom Sucesso e
outros
8
Festa do Frango
Quatro Barras
Festa do Frango Caipira
Graciosa
Maripá
Festa do Frango Desossado e
Recheado
Curitiba
Festa do Frango, Polenta e do
Vinho
Porto Vitória
Festa do Lambari
Dois Vizinhos
Festa do Leitão a Dois
Vizinhos
Engenheiro
Beltrão
Festa do Leitão à Pururuca
Toledo
Festa do Leitão à Sarandi
9
Goioerê
Festa do Leitão Maturado
Céu Azul
Festa do Leitão na Grelha
Pato Bragado
Festa do Matambre
Recheado
Marilena
Festa do Peixe na Telha
Farol
Festa do Pernil à Pururuca
Araucária
Festa do Pierogi
Guaíra
Festa do Pintado na Telha
Foz do Iguaçu
Festa do Pirá de Foz
Céu Azul
Festa do Porco à Paraguaia
Mandaguaçu e
Santo Inácio
Festa do Porco na Lata
Cidade Gaúcha e
outras
10
Festa do Porco no Rolete
Santa Helena
Festival da Alcatra
Matelândia
Festival do Frango
Missa
Galinhada Orgânica
Medianeira
Festival da Carne Suína
Pontal do Paraná
Festival de Frutos do Mar
5
Eng. Beltrão, Marechal Cândido Rondon, Planalto, Ribeirão Claro, Santa Fé e Santa Terezinha de Itaipu
6
Maripá, Palotina e Santa Helena
7
Cafelândia, Novo Itacolomi, Toledo e Umuarama
8
Piraquara e Ribeirão Claro
9
Mandaguaçu, Sertaneja e Toledo
10
Outras festas de Toledo: Festa do Leitão a Xaxim e Festa do Porco Recheado e Assado ao Forno
23
Fonte: adaptado SETU/PR (2007)
A Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) anunciou uma parceria com a
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com o objetivo de potencializar a
vocação gastronômica da rota que envolve 19 municípios da Zona da Mata norte-
pernambucana com aspectos histórico-culturais, ecológicos, religiosos e gastronômicos.
Atualmente, a capital pernambucana já é considerada o terceiro pólo gastronômico do país e
do Nordeste (ABRASEL, Associação Brasileira de Bares e Restaurantes e Serviços de Lazer).
A Abrasel criou o Brasil Sabor - o maior festival gastronômico do país, segundo a
própria entidade. O evento tem parceria do Ministério do Turismo e do Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que desde 2003 realiza projetos com a Abrasel para
melhorar a qualidade e incrementar a competitividade entre os estabelecimentos. "O turismo é
uma atividade econômica de extrema importância, e a gastronomia como produto associado
ao turismo toma uma feição mais robusta", explica o consultor de Turismo do Sebrae, Dival
Schmidt. "A gastronomia pode agregar valor a um roteiro ou até ser o próprio roteiro"
(MOREIRA, 2007, p.17).
Turismo gastronômico não é apenas ir a restaurantes que preparam comida regional
brasileira e comer. É algo mais. É visitar as zonas de produção; ver como se prepara um
queijo, seja ele de coalho, no Nordeste, ou o queijo minas, em Minas Gerais. É acompanhar
de perto a produção de uma boa cachaça artesanal nos alambiques do Brasil, e ver, em uma
ilha do Rio Amazonas, no Amapá, como a comunidade ribeirinha pesca o pitu, espécie de
camarão graúdo, com garras, que mais parece uma estranha lagosta. (CTUR, 2007).
Os festivais gastronômicos realizados em vários municípios de Goiás são eventos de
fundamental importância para o turismo gastronômico do estado. Visam à divulgação e
valorização da cultura local. Significa também a vinda de chefs renomados, para que os
profissionais da região possam ter a oportunidade de estar em contato com o que vem
acontecendo na área gastronômica dos grandes centros, bem como pesquisar e difundir outras
possibilidades que o cerrado oferece, atraindo, assim, turistas do mundo inteiro para conferir o
resultado do trabalho dos profissionais (AGETUR – Agência Goiânia de Turismo, 2007).
Além disso, a partir da criação e divulgação da expressão “os prazeres da boa mesa”, os
assuntos e os acontecimentos que envolvem gastronomia têm contado com o interesse da
mídia de uma forma geral e vem atraindo cada vez mais um público de qualidade para estes
eventos, em busca de conhecimento sobre a gastronomia da região e da oportunidade de
apreciar os sabores da culinária local (AGETUR - Agência Goiana de Turismo, 2007).
24
Além dos casos descritos, ainda é possível observar, no Brasil, diversas outras
iniciativas que visam a promover o turismo gastronômico, como a Festa do Pequi, em Montes
Claros-MG, o Festival de Gastronomia de Parati-RJ, entre outros.
Segundo Azambuja (2000), inúmeras cidades e regiões aproveitam-se de suas raízes,
tradições e expressão cultural traduzidas na culinária, ofertando um produto diferenciado e a
possibilidade de criação de roteiros gastronômicos, com o aproveitamento de recursos locais e
interação e aumento da percepção do turista em relação a uma localidade ou região. Também
proporciona o desenvolvimento de negócios relacionados ao ramo da alimentação, gerando
trabalho e renda.
Já segundo Barreto e Senra (2001):
para agradar os turistas, adaptam-se receitas, mudam-se condimentos, até mesmo de
tradicionais pratos da cozinha local, ou ainda mudam-se até os hábitos alimentares
de uma região. A dualidade decorre do comportamento do turista, que pode ser
curioso, ávido de conhecer a culinária local, ou o turista arraigado a suas tradições
resistente ao exótico e desconhecido. (BARRETO; SENRA, 2001, p.391)
3.4 O Bioma Cerrado, fauna e flora com potencial gastronômico e produtos já
consolidados
A riqueza do cerrado proporciona os mais variados produtos gastronômicos,
culturalmente importantes e com apelo turístico devido à sua especificidade.
O cerrado, considerado a maior savana do mundo, está altamente ameaçado devido à
agropecuária em seu território. Mesmo assim possui índices altíssimos de biodiversidade, o
que o classifica como um Hotspot, ou seja, um território onde existe uma grande riqueza de
diversidade biológica e ao mesmo tempo é muito ameaçado (Instituto Sócio Ambiental,
2008).
Em pleno século 21, o cerrado - segundo maior ecossistema brasileiro em extensão -
mostra duas realidades: o enorme potencial para produção de alimentos, destacando-se como
uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo; e, por outro lado, a enorme biodiversidade,
comparável à da Floresta Amazônica e ainda pouco conhecida, conforme Silva et al. (2001).
Segundo Brandão, Carvalho e Jesué (2001), o Cerrado é um bioma que ocupa uma
área de mais de dois milhões de quilômetros quadrados no Brasil, 80% desta área localiza-se
nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, além do
Distrito Federal. É importante ressaltar que o cerrado não se trata de uma cobertura vegetal
25
uniforme, pois o cerrado é um complexo vegetacional, onde são encontradas desde formações
campestres até florestais, passando gradualmente ou bruscamente de uma para outra.
FIGURA 1 - Mapa do Bioma Cerrado*
Fonte: Embrapa, 2007 (
www.unb.br
consultado em 03/12/2008)
* Mapa mostrando o Bioma Cerrado onde estão inseridas as cidades pesquisadas, em Minas Gerais, Belo
Horizonte e Montes Claros e em Goiás , Goiânia e Pirenópolis.
Quatorze espécies de fruteiras do cerrado são mais utilizadas pela população rural:
araticum, baru, buriti, cagaita, cajuzinho, gueroba, jatobá, macaúba, mangaba, maracujá,
murici, pimenta de macaco, pequi e xixá. Essa cultura alimentar vem sendo repassada às
novas gerações mesmo com a expansão da fronteira agropecuária e com o fato de novos
hábitos terem reduzido essas frutas do cardápio regional. Elas são consumidas in natura ou
em forma de pratos doces e salgados: bolos, geléias, sucos, vinhos, licores, sorvetes, recheios,
pudins, tortas, pães, biscoitos, farinhas, patês, conserva e condimentos. Na estação das chuvas
sempre há fartura das frutas. (ALMEIDA, RIBEIRO e MEIRELLES, 2006)
No cerrado existe uma grande variedade de frutos saborosos, que possuem grande
quantidade de açúcares, vitaminas e sais minerais. Os frutos nativos do cerrado são coletados
de forma extrativista e predatória. Na maioria das vezes, são comercializados e consumidos in
natura ou beneficiados artesanalmente pela indústria caseira na forma de geléias, sovertes,
doces, sucos, licores e outros. (SILVA et al., 2001). O QUADRO 2 mostra a diversidade de
frutos comestíveis do cerrado, assim como as suas principais formas de utilização.
26
Concordando com Silva (2001), através das análises químicas realizadas nas frutas do
cerrado constata-se a grande quantidade de nutrientes para a população e para os animais
silvestres. Destacam-se em: proteína (amêndoa do baru, 24 g; farinha de jatobá, 6 g; e polpa
do pequi, 2 g); Caroteno (polpa do Buriti, 16 mg; e de pequi, 7 mg); Vitamina C (polpas de
pequi, 79mg; buriti, 76 mg; e mangaba, 71 mg); Cálcio (amêndoa do baru, 190 mg; polpa de
buriti, 172 mg; farinha de jatobá, 92 mg; e cagaita, 6 mg), ainda se pode citar o fósforo, o
magnésio, ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados que aparecem no jatobá, cagaita,
baru, buriti, araticum e outras frutas. Isso mostra que as frutas do cerrado são um verdadeiro
banco de nutrientes (ALMEIDA, RIBEIRO e MEIRELLES, 2006).
O pequi - por sua relevância no cerrado - merece um destaque especial. De acordo com
Ribeiro (2000), o pequi não é um monarca que domina toda a paisagem do cerrado, como
ocorre, por exemplo, com o eucalipto na Austrália com suas várias espécies que representam
mais de 90% da cobertura vegetal, conforme Shiva e Bandyopadhyay
11
(apud RIBEIRO,
2000). Nem poderia ser diferente devido ao fato de o Brasil ser considerado um país de mega
biodiversidade.
11
SHIVA, Vandana e BANDYOPADHYAY, J. Inventário Ecológico sobre o cultivo do eucalipto. Belo
Horizonte: Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais, 1991.
27
QUADRO 2
Seleção de Frutas do Cerrado (continua)
Nome da
Fruta
Nome Científico Outros Nomes Consumo
1
Amora-preta Rubus brasilienses Amora-do-mato e amora-
nativa.
Polpa: nat; gel
Ananás Ananás
ananassoides
Ananás, abacaxi nativo. Polpa: inat; doc, gel, suc; lic.
Araçá Psidium firmum Polpa: nat; gel
Araticum Annona crassiflora Marolo e bruto. Polpa: nat; sor; suc; gel; doc; lic;
rec
Araticum-de
casca-lisa
Annona coriacea Araticum-coração-de-boi. Polpa: nat , sor, suc, gel, doc, lic,
rec
Araticum-
rasteiro
Annona pygmaea Araticum-de-moita e
araticum-do-campo.
Polpa: nat
Araticum-
tomentoso
Annona tomentosa Polpa: nat
Babaçu Orbygnia
phalerata
Coco-de-macaco. Polpa: far, bol, min - Amêndoa:
nat, doc, paç, far.
Bacupari Salacia campestris
Peyer
Polpa: nat, suc
Banha-de-
galinha
Swartzia
langsdorfii
Banana-de-papagaio e
pacova-de-macaco.
Polpa: nat
Baru Dypterix alata Cumbaru. Polpa: nat, doc, gel - Amêndoa:
tor, doc e paç.
Buriti Mauritia viniofera Polpa: nat, gel, suc, vit
Cagaita Eugenia
dysenterica
Polpa: nat, sor, suc, gel, lic
Cajuzinho-do-
cerrado
Spondia lútea Polpa: nat, suc, mus, sor, lic
Caju-de-árvore-
do-cerrado
Anacardium
othonianum
Polpa: nat, suc, lic, doc
Castanha: tor, paç
Caju-rasteiro Anacardium
pumilum
Caju-de-moita, caju-
mirim, cajuí.
Polpa: nat, suc, doc – Castanha:
tor, paç, doc
Cajuzinho-do-
cerrado
Anacardium humile Cajuí. Polpa: nat, suc, lic, doc
Castanha: tor
hichá Sterculia striata Xixá. Noz (semente): nat, tor,
Coquinho-do-
cerrado
Syagrus flexuosa Palmerinha-do-cerrado. Polpa: nat - amêndoa: nat
Croadinha Mourici elliptica Croada, cora-de-frade. Polpa: nat
Curriola Pouteria ramiflora Grão-de-galo e
massaranduba.
Polpa: nat, gel, e beb
Fruto-de-tatu Crhysophyllum
soboliferum
Polpa: nat, suc.
Gabiroba Compomanesia
cambessedeana
Gabiroba-do-campo e
guariva.
Polpa: nat, suc e gel
Gravatá Bromélia balansae Caraguatá Polpa: nat, doc
Guapeva Pouteira
guardneriana
Pêssego-do-campo e
cabo-de-macaco.
Polpa: nat
Guariroba Syagrus oleracea Coco-guariroba, palmito-
amargo, gueroba.
Polpa: nat – Amêndoa: nat, doc
Palmito: cul (com arroz, omeletes e
bacalhau )
Ingá-do-cerrado Ingá laurina Angá. Polpa: nat
28
QUADRO 2
Seleção de Frutas do Cerrado (continua)
Nome da
Fruta
Nome Científico Outros Nomes Consumo
1
Jacaratiá Jacaratiá
heptaphylla.
Mamão-nativo-de-árvore,
mamão-de-veado e
mamão-de-espinho.
Polpa: nat e gel
Jatobá-do-
cerrado
Hymenaea
stignocarpa
Jataí, jutaí. Polpa: nat, gel, lic e far para bol,
pães e mingaus.
Jatobá-da-mata Hymenaea
stilbocarpa
Jataí, jutaí. Polpa: nat, gel, lic e far para bol,
pães e mingaus.
Jenipapo Genipa americana Polpa: nat, suc, lic e doc
Jerivá Syagrus
romanzoffiana
Baba-de-boi, coco-babão. Polpa|: nat e Amêndoa: nat.
Palmito: cul (como a guariroba).
Lobeira Solanum
lycocarpum
Fruto-de-lobo Polpa: gel
Macaúba Acrocomia
aculeata
Bocaiúva e coco-babão. Polpa: nat, doc e gel; Amêndoa:
nat, doc e Palmito: cul (com
frango). Óleo da castanha: coz
Mama-cadela Brosimum
gaudichaudii
Algodãozinho e irerê. Polpa: nat, doc e beb
Mangaba Hancornia spp. Polpa: nat e casca fina: nat, gel,
sor, doc e lic
Maracujá-de-
cobra
Passiflora coccínea Tome-açu. Polpa: nat, doc, sor, mus e suc.
Maracujá-do-
cerrado
Passiflora
cincinnata
Maracujá-do-mato. Polpa: nat, doc, sor, mus e suc.
Maracujá-doce Passiflora alata Polpa: nat, gel, doc, suc e sor
Maracujá-nativo Passiflora setaceae Maracujá-da-caatinga e
maracujá- sururuca.
Polpa: nat, doc e suc
Maracujá-roxo Passiflora edulis Maracujá-nativo. Polpa:nat, gel, doc, suc e sor
Marmelada-de-
bezerro
Alibertia edulis Marmelada-nativa. Polpa: nat, gel e doc
Marmelada-de-
cachorro
Alibertia sessilis Marmelada-nativa. Polpa: nat, gel
Marmelada-de-
pinto
Alibertia elliptica Marmelada-nativa. Polpa: nat
Melancia-do-
cerrado
Melancium
campestre
Melancia-do-campo,
cabacinha.
Polpa: suc
Murici Byrsonima
verbascifolia
Polpa:nat, suc, lic, gel e doc
Palmito-da-mata Euterpe edulis Palmiteiro, içara, ripeira,
palmito-doce, açaí-do-
cerrado.
Polpa: suc e sor. Palmito doce: cul
(ex. frango com palmito).
Pequi Caryocar
brasiliense
Piqui Polpa: cul (com arroz, frango e
guariroba); Óleo: fri, cód
Amêndoa: óleo e torrada.
Pequi-anão Caryocar
brasiliense
intermedium
Pequi-rasteiro e pequi-de-
moita.
Polpa: cód para carne, arroz,
frango, feijão e doc Óleo: frit
Pêra-do-cerrado Eugenia
Klostzchiana
Polpa: nat, suc e gel
Perinha Eugenia lutescens Polpa: nat, suc e gel
29
QUADRO 2
Seleção de Frutas do Cerrado (conclusão)
Nome da
Fruta
Nome Científico Outros Nomes Consumo
1
Pimenta-de-
macaco
Xilopia aromatica Pimenta-de-bugre. Fruto, casca e sementes: cód
Pitanga-
vermelha
Eugenia calycina Polpa: nat, suc e gel
Pitomba-do-
cerrado
Talisia esculenta Pitomba-do-mato,
pitomba-de-macaco.
Polpa: nat, suc
Puçá Mouriri pusa Mandapuçá e jaboticaba-
do-campo
Polpa: nat.
Saputá Salacia elliptica Bacupari-da-mata Polpa: nat
Tucum-do-
cerrado
Bactris sp. Tuum, tucum-do-campo e
uva-da-terra.
Polpa: nat, suc, sor, gel, vinhos e
vinagre.
Uva-do-cerrado Vitis sp. Uva-nativa, uva-da-serra
e uva-do-campo
Polpa: nat, gel
Legenda Consumo: (nat-in natura; gel-geléia; doc- doces; suc-sucos; beb-bebidas; lic-licores; sor-sorvete;
far-farinha; rec-recheio para bolos e outros; bol-bolos; paç-paçoca; ol-óleo; vit-vitamina; cód-condimento; min-
mingaus; mus-musse; cul-culinária; coz-cozinhar; fri-frituras)
Fonte: Adaptado de Silva et al (2001)
A importância do pequi no cerrado pode estar relacionada com a sua ocorrência no
bioma. Um estudo realizado em 197 municípios mineiros sobre a presença de frutíferas no
cerrado demonstrou que o pequi foi encontrado em 105 destes municípios e ficou em quarto
lugar entre as 32 espécies pesquisadas, conforme Laca-Buendia et al.(1998). É importante
ressaltar que entre as três primeiras espécies colocadas, apenas o jatobá-do-cerrado tem
importância semelhante na alimentação regional, com presença em 117 municípios. as
outras duas - a pimenta de macaco e a mamica-de-cadela - não possuem a mesma significação
em termos de uso pela população sertaneja local.
A presença do pequi estende-se também por outros estados, como Goiás, Mato Grosso,
São Paulo, Tocantins, Bahia, Ceará, Piauí, Pará, Maranhão e até no Rio de Janeiro
(ALMEIDA, et al., 1988, apud RIBEIRO, 2000).
12
De acordo com Brandão,M.; Carvalho, P.G.S.; Jesué, G. (2001, p.73), os nomes
populares do pequi são: pequi, piqui, pequiá, pequerim, amêndoa-de-espinho, grão de cavalo,
suari, entre outros. Tem como nome científico Caryocar brasiliense Camb e é uma árvore de
porte, frondosa, esgalhada e de súber espesso, escuro e fendido. Tem folhas opostas,
compostas de três folíolos ovais, recoberta com pêlos curtos, claros, tendo as nervuras bem
marcadas. As flores são belas, brancas, grandes e com muitos estames. O fruto é carnoso, de
tamanho variado, com polpa alaranjada, tendo a parede interna espinhosa; não se abre durante
a maturação. Possui sementes arredondadas e oleaginosas. A época de floração vai de
12
ALMEIDA, Semirames. et al. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: EMBRAPA-CPAC,1998.
30
setembro a novembro e a frutificação vai de novembro a fevereiro. Propaga-se por meio de
sementes e raízes geminíferas. Lorenzi et al (2006, p.111) acrescentam que o pequi é uma
angiosperma da família Caryocaraceae e tem como característica ser uma árvore frutífera,
amplamente encontrada em seu habitat natural no cerrado”.
É importante ressaltar que o pequi é uma espécie protegida por Lei, pela portaria
número 54, de 05/03/87, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que
impede seu corte e a comercialização da madeira em todo o território nacional, e também
pela Lei Estadual 10.883, de 02/10/1992.
A intensa utilização tem contribuído para a diminuição da espécie. Existe também a
crença popular de que as sementes não germinam, que possuem sensibilidade ao fogo e
muitas outras. Todo o pequizeiro pode ser utilizado: sua raiz é tóxica e, quando macerada,
serve para matar peixes; sua madeira fornece dormentes, postes, peças de carro-de-boi; suas
cinzas têm potassa, utilizada na confecção de sabões caseiros; suas folhas são adstringentes e
estimulam a secreção da bílis; seu fruto produz óleo, empregado como condimento em arroz e
carnes. Também ainda é rico em proteínas, açúcares, vitamina A, sais de cálcio, ferro e cobre.
É empregado no combate a gripes e resfriados; suas sementes fornecem óleo (manteiga de
pequiá), com propriedades aromáticas, e ainda é utilizado na preparação de licores. Sua casca
ou súber fornece tinta, de cor acastanhada, utilizada por artesãos no tingimento de algodão e
lã.
Silva (2000) observa como o pequi é apreciado nas regiões onde ocorre: o arroz, o
frango e o feijão cozidos com pequi são pratos fortes da culinária regional. Há, ainda, o licor
de fama nacional e uma boa variedade de receitas doces. Mesmo assim, existem pessoas que
não podem nem mesmo sentir o penetrante cheiro do fruto maduro. Outras, no entanto,
apreciam a iguaria, consumindo-o em grandes quantidades. Atualmente, pode-se obter o pequi
congelado, ou sua polpa em conserva, mas seus amantes dizem que não há nada como
degustá-lo na época de maturação (SILVA,2000).
Ainda segundo Silva (2000), observa-se que o pequi produz, também, uma excelente
madeira utilizada na produção do carvão vegetal que tem sido largamente explorada, gerando
grande diminuição dos pequizeiros no cerrado. Dessa maneira, a árvore de frutos tão
apreciados corre risco de extinção. A EMBRAPA, com seu centro de pesquisas agropecuárias
do cerrado, em Brasília, vem tentando salvar o pequizeiro, bem como outras plantas nativas.
Tem como objetivo buscar uma exploração racional do pequizeiro, utilizando-o
principalmente em áreas de reflorestamento (SILVA, 2000).
31
Como curiosidade pode-se observar que, desde a pré-história, já eram consumidos
produtos da biodiversidade do cerrado, conforme Prous (1992). O estudo da alimentação pré-
histórica é particularmente difícil, que está relacionada com matérias altamente perecíveis
(vestígios alimentares), principalmente vegetais utilizados. Logo, para esses estudos
arqueológicos é necessário buscar vestígios indiretos. Existem raras plantas como frutas e
sementes mais ricas em nutrientes, que os vestígios arqueológicos e os registros etnográficos
mostram ter tido grande importância. Entre elas está relacionado o pequi.
Descobertas de vestígios alimentares do período Arcaico demonstram uma utilização
preferencial dos recursos do cerrado: frutos do cerrado são abundantes desde o início do
Arcaico Médio; as proteínas animais eram relativamente escassas, os animais gregários e de
maior parte não eram consumidos; vestígios esqueletais nos quais os dentes confirmam
uma dieta predominantemente de origem vegetal. Em Santana do Riacho, cadáveres pré
históricos sepultados tinham grande quantidade de sementes, como caroços de pequi
queimados. (PROUS, 1992)
Produtos de origem animal do cerrado também têm potencial gastronômico. O
QUADRO 3 a seguir mostra algumas espécies importantes.
32
QUADRO 3
Espécies da Fauna do cerrado
Algumas Espécies da Fauna do
Cerrado com Importância
Gastronomica
Nome Científico
Nome
Popular
AVES
(Classe)
RHEIFORMES
RHEIDAE
Rhea americana
ema
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
Nothura maculosa
codorna
Rhynchotus rufescens
perdiz
MAMÍFEROS
(Classe)
ARTIODACTYLA
(Ordem)
CERVIDAE
(Família)
Mazama americana
(Espécie)
veado
mateiro
Mazama gouazoubira
catingueiro
Ozotoceros
bezoarticus
veado-
campeiro
TAYASSUIDAE
Tayassu pecari
queixada
Tayassu tajacu
caitetu
EDENTATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus
tatu-
galinha
Priodontes maximus
tatu-
canastra
LAGOMORPHA
LEPOIDAE
Sylvilagus brasiliensis
tapiti
RODENTIA
AGOUTIDAE
Agouti paca
paca
Fonte: Adaptado de Coutinho M. Leopoldo. (2000)
33
Mesmo com todo esse potencial gastronômico, tanto o cerrado como todos os outros
ecossistemas brasileiros não podem utilizar esses recursos indiscriminadamente. Para isso são
necessários criatórios comerciais legalizados pelo IBAMA.
O IBAMA, a partir de 1993, publicou diversas portarias e instruções normativas, com o
intuito de ordenar a criação de animais silvestres em cativeiro: nasciam assim os chamados
criadouros de animais silvestres. A existência desses criadouros é prevista na Lei de Proteção
à Fauna -
Lei 5197/67
; na Lei de Crimes Ambientais -
Lei 9605/98
; e no Decreto que
regulamentou essa Lei, o
Decreto nº 3179/99.
O instrumento que regula os criatórios comerciais
é:
Portaria 118/97
- Criadouros Comerciais. Tem por objetivo a produção das espécies para
fins de comércio, seja do próprio animal ou de seus produtos e subprodutos. A ema, a paca, o
caitetu e a queixada são exemplos de espécies da fauna do cerrado com criatórios legalizados
com a finalidade de produção e comercialização de carne
(
http://www.ibama.gov.br/fauna/criadores.php
). também a Portaria 102/98 Criadouros
Comerciais da Fauna Exótica – que regulamenta a criação de animais exóticos, ou seja,
animais provenientes de outros países, como os javalis.
(
http://www.ibama.gov.br/fauna/criadores.php
).
De acordo com Vaughan (1999), é importante haver coerência entre as políticas
públicas e a legislação nas unidades de conservação ambiental para atingir a real proteção
ambiental, pois o que se observa hoje em vários países é a dificuldade de colocar em prática a
participação das comunidades locais nos processos de decisão, seja por ausência de legislação
pertinente, seja por ineficiência do sistema jurídico. Isso facilita o desinteresse da sociedade
em conservar o meio ambiente.
Hoje é possível encontrar restaurantes finos que servem carnes exóticas de animais
silvestres do cerrado, como a ema, a queixada e a paca. Empresas se especializaram na venda
de animais silvestre, como é o caso da Pró-Fauna Assessoria e Comércio, uma empresa
pioneira no Brasil especializada na criação e produção de animais silvestres. A Pró-Fauna
surgiu da necessidade de proteger e conservar espécies silvestres por meio da exploração
racional, gerando recursos financeiros e maximizando a produção das propriedades rurais
brasileiras. (Jornal regional agrícola on line, 2002)
Na produção sustentável, uma estratégia de conservação do cerrado, diversos produtos
gastronômicos em organizações de produtores são uma realidade no cerrado. Entre eles
podem-se citar o baru, o pequi, o babaçu e a macaúba, o mel do cerrado, polpas, sucos e frutas
desidratadas, conservas geléias e doce, chás, condimentos, licores, farinha de jatobá, paçoca
de carne de queixada, óleo de macaúba e outros. Diversos projetos e associações estão
34
envolvidos na produção desses produtos, como os Apicultores do Bico do Papagaio (ABIPA),
em Axixa dos Tocantins TO; o Centro de Tecnologia Agroecológica de Pequenos
Agricultores (AGROTEC), em Diorama GO; a Cooperativa dos Produtores Rurais e
Catadores de Pequi (COOPERJAP), em Japonvar – MG; o Empório do Cerrado, marca criada
para dar identidade aos produtos da rede de comercialização solidária de agricultores,
familiares e extrativistas do cerrado em Goiânia GO; o Centro de Estudos e Exploração
Sustentável do Cerrado (CENESC), que busca desenvolver e disseminar tecnologias
apropriadas para o uso sustentável do cerrado em Pirenópolis GO; a Cooperativa Grande
Sertão, que busca condições de inserir no mercado os produtos nativos da região e a produção
de pequenos agricultores em Montes Claros – MG, entre outros. (ICV, SD)
FIGURA 2 - Unidade de beneficiamento do pequi em Japonvar, Minas Gerais
Fonte:Disponível em: www.sebrae.com.br Acesso em: 03 dez. 2008
35
4. METODOLOGIA
Este trabalho, de abordagem qualitativa, teve como procedimento técnico inicial a
pesquisa bibliográfica e documental. Essas pesquisas iniciais permitiram avaliar os principais
frutos do cerrado e detectar aqueles com maior potencial gastronômico com importância para
contribuir para o desenvolvimento do turismo gastronômico. De uma lista com 58 frutos,
descritos por Silva (2001), foram escolhidos 10 frutos (amora-preta, ananánas, araticum, baru,
buriti, cajuzinho do cerrado, guariroba, palmito da mata, pequi e perado cerrado), são frutos
de grande ocorrência no cerrado e com maior relevância gastronômica para realização da
pesquisa com o que foi denominado grupo de especialistas.
O grupo de especialistas é composto por pessoas com notório conhecimento em
gastronomia e turismo envolvidas com atividades turísticas, meio acadêmicos e com
estabelecimentos de alimentos e bebidas. Esse grupo foi dividido nos seguintes subgrupos:
- Experts fazem parte deste subgrupo as pessoas que trabalham diretamente com a
gastronomia prática, como chefs executivos, chefs de cozinha, chefes de partida e cozinheiros.
- Gestores neste subgrupo estão as pessoas mais envolvidas com a gestão de
empreendimentos gastronômicos, como administadores e proprietários de restaurantes e
outros.
- Acadêmicos compõem este subgrupo as pessoas vinculadas ao meio acadêmico,
como professor e/ou pesquisador.
Para a pesquisa de campo elaborou-se um questionário com questões abertas e fechadas
de conteúdos opinativos e avaliativos. Esse tipo de pesquisa, de acordo com Dencker (2003),
viabiliza a comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de instrução
previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações para a pesquisa.
O objetivo do questionário foi obter informações que permitissem avaliar o potencial de
utilização dos produtos do cerrado como atrativo turístico. Buscou-se também avaliar a
condição dos recursos gastronômicos do cerrado, de acordo com a aceitação do público em
relação aos ingredientes e a facilidade ou dificuldade de obtenção desses recursos.
As questões de cunho avaliativo foram adaptadas de Falcón e Gozáles (2003), que
executaram uma pesquisa com especialistas, com entrevistas para detectar o potencial
turístico de um destino atribuindo uma avaliação de 1 a 5. O modelo do questionário
encontra-se nos apêndices.
A pesquisa de campo constou da aplicação dos questionários aos especialistas e também
da observação participante do pesquisador. A pesquisa foi realizada nas cidades de Belo
36
Horizonte, Montes Claros, Goiânia e Pirenópolis devido à magnitude do cerrado em Minas
Gerais e Goiás. Uma lacuna neste aspecto foi a não inclusão de Brasilia por fatores
limitantesde tempo e recursos financeiros. Nesses locais foi levantada a oferta gastronômica
com utilização de produtos do cerrado existentes. A cidade de Belo Horizonte, mesmo sendo
uma região transitória entre mata atlântica e cerrado, foi escolhida devido à sua relevância no
turismo brasileiro como um dos principais destinos de turismo de eventos e negócios. A
cidade destaca-se também pela grande oferta de cursos acadêmicos e desenvolvimento de
pesquisas nas diversas áreas relacionadas ao turismo, assim como pela qualidade de sua
gastronomia.
Os dados do questionário foram coletados in loco ou por meio de telefone e e-mail no
período de julho de 2007 em Goiânia e Pirenópolis, e em setembro de 2007 em Montes Claros
e Belo Horizonte. Na etapa final foram analisados os resultados obtidos com a pesquisa e
descrito o potencial dos produtos do cerrado como motivador do turismo gastronômico.
37
5. LOCAIS PESQUISADOS
Quatro municípios foram pesquisados, devido à facilidade de obter dados e também
pela ocorrência abundante do cerrado. Devido à utilização desses municípios como objeto de
estudo foi feita uma breve descrição das cidades pesquisadas: Pirenópolis, Goiânia, Belo
Horizonte e Montes Claros.
A cidade de Pirenópolis (figura3), localizada próxima a Goiânia e a Brasília, reúne um
grande patrimônio arquitetônico e diversas atrações, entre elas, suas cachoeiras, a festa do
Divino Espírito Santo, na qual os visitantes lotam as ruas para ver a apresentação da
cavalhada, diversas cachoeiras, hotéis, pousadas, bares e restaurantes (Guia Quatro Rodas,
2008). Até 2007 a população era de 20.460 habitantes e um PIB per capita de 4.923 reais
(IBGE, 2008).
Sua população em 2007 era de 20.460 habitantes e o Produto Interno Bruto de 2005 foi
94.391 mil reais. Sua área de unidade territorial tem 2.228km² (Guia Quatro Rodas, 2008).
FIGURA 3 - Vista de telhado colonial com detalhe da Igreja Matriz de Pirenópolis.
Fonte: Nozor (2008
13
)
13
Nozor. Nome de arquivo: Telhados I P&B.jpg. Fotografado em 29/04/2008. Disponível em:
http://picasaweb.google.com/nozor45/PiriJazzFestival#5213974428129015138
. Acesso em: 01 dez
2008.
38
Goiânia (Figura4) é a cidade planejada para ser capital de Goiás e está localizada a
211km de Brasília. A população em 2007 era de 1.244.645 habitantes, O Produto Interno
Bruto, per capita, em 2006 foi 13.006 reais (IBGE, 2008). A capital goiana tem avenidas
largas, arborizadas e bem-sinalizadas, e registra um crescimento de hotéis e restaurantes.
Exemplos disso são os hotéis Blue Tree, Sleep Inn e os restaurantes Hakone e Dalai Pratos do
Mundo. Dentre as principais atrações podem-se citar: Memorial do Cerrado, Museu Goiano
Zoroastro Artiaga, Zoológico e o passeio Santa Branca Ecoturismo (Guia Quatro Rodas,
2008).
FIGURA 4 - Paisagem de Goiânia
Fonte: Câmera F. (2005)
14
Belo Horizonte (Figura5) é a capital de Minas Gerais, tem localização privilegiada entre
o eixo Rio de Janeiro e São Paulo, grande potencial para o turismo de negócios, contando com
o centro de eventos Expominas, um dos maiores da América Latina. Mas, segundo a Belotur,
Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte, 34,7% dos visitantes de Belo Horizonte
vêm a lazer (Guia Quatro Rodas, 2008).
14
CÂMARA, Felipe. Nome do arquivo: Lugares e paisagens. Fotografado em 18/05/2008.
Disponível em: http://baixaki.ig.com.br/.../1569-Goiania-GO.htm. Acesso em: 3 dez. 2008.
39
A capital de Minas Gerais está localizada a 747km de Brasília; 444km do Rio de Janeiro
e 602km de São Paulo. Sua população em 2007 era de 2.412.937 habitantes, seu Produto
Interno Bruto em 2005 foi de 28.386.694 mil reais e sua área de unidade territorial tem
331km² (IBGE, 2008).
FIGURA 5 - Igrejinha da Pampulha
Fonte: Belotur-Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A
15
15
BELOTUR. Disponível em: www.pbh.gov.br/belotur/index2.htm. Consultado em: 03 dez. 2008.
40
Montes Claros (Figura6) é a maior cidade do norte de Minas Gerais. É um importante
entroncamento rodoviário que liga o estado às regiões Centro-Oeste e Nordeste. Está
localizada a 428km da capital mineira Belo Horizonte, tem como principais atrações o
mercado municipal e a avenida sanitária com seus diversos bares e restaurantes (Guia Quatro
Rodas, 2008). A população em 2007 era de 352.384 habitantes, seu Produto Interno Bruto
per capita foi de 7.881 reais
(IBGE, 2008).
FIGURA 6 - Vista da Igreja Matriz de Montes Claros.
Fonte: Alencar J. (2008)
16
16
Alencar J.Disponível em:http://www.onorte.net/noticias.php?id=13332 . Acesso em: 3 dez. 2008.
41
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo apresentam-se o perfil dos entrevistados e os demais resultados da
pesquisa.
6.1 Locais e categorias dos entrevistados
A TAB. 1 mostra o número de entrevistados nas cidades pesquisadas: Goiânia,
Pirenópolis, Montes Claros e Belo Horizonte.
TABELA 1 O número de entrevistados nas cidades pesquisadas
Local Experts Gestores Acadêmicos
Total
Goiânia
2 3 1 6
Pirenópolis
2 0 0 2
Montes Claros
0 5 2 7
Belo Horizonte
7 1 8 16
Total
11 9 11 31
Fonte: Dados da Pesquisa
6.2 Perfil dos entrevistados
Entre os experts, dois são do sexo feminino (18,2%) e nove do sexo masculino
(81,8%), em um total de 11 entrevistados correspondendo a 100%. Deste total, sete são de
Belo Horizonte (63,6%), devido à facilidade de obter esse tipo de informação nesta cidade;
dois são de Pirenópolis (18,2%); e dois são de Goiânia (18,2%). Com relação à experiência na
área gastronômica, o resultado indica até cinco anos de experiência para dois representantes
(18,2%), entre cinco e 10 anos para quatro representantes (36,4%) e mais de 10 anos para
cinco entrevistados (45,4%).
Quanto à experiência em outras áreas, quatro deles têm experiência em empresa
particular (36,4%) e sete não têm experiência em outras áreas (63,5%). Quanto ao cargo, um
dos entrevistados trabalha na administração pública (9,1%), sete trabalham como chefes de
cozinha (63,6%) e três são sócios-proprietários (27,3%). O item escolaridade mostrou que três
dos entrevistados têm asegundo grau (27,3%), um é especialista (9,1%), cinco têm curso
superior (45,4%) e dois têm curso técnico ligado à área gastronômica (18,2%).
42
Dentre os gestores, dois são do sexo feminino (22,2%) e sete são do sexo masculino
(77,8%), em um total de nove entrevistados totalizando os 100%. A origem dos gestores
entrevistados é: um de Belo Horizonte, uma percentagem de (11,1%); cinco de Montes Claros
(55,6%); e três de Goiânia (33,3%). Com relação à experiência dos gestores na gastronomia,
um tem até cinco anos de experiência (11,1%), três têm experiência de cinco a 10 anos
(33,3%) e cinco têm mais de 10 anos de experiência (55,6%). Quando questionados se tinham
experiência em outras áreas, sete responderam ter experiência em empresas particulares
(77,8%) e dois não possuem experiência em outras áreas (22,2%). Quanto ao cargo, cinco são
empresários (55,56%), três são funcionários ou gestores da empresa privada (33,3%), e um
ocupa outros cargos (11,1%). E quanto à escolaridade, cinco possuem até segundo grau
(55,6%), um é especialista (11,1%), dois têm curso superior (22, 2%) e um tem curso técnico
(11,1%).
Observa-se que, entre experts e acadêmicos, às vezes os resultados podem ser
parecidos devido a alguns experts serem proprietários e gestores do seu negócio.
O resultado da análise dos entrevistados acadêmicos demonstrou que seis são do sexo
masculino, o que corresponde a 54,5%, e cinco do sexo feminino, correspondendo a 45,5%,
em um total de 11 entrevistados correspondendo a 100%. A maioria das entrevistas foi
realizada em Belo Horizonte, com um total de oito, correspondendo a (72,7%) dos
entrevistados, seguido por Montes Claros, com dois representantes (18,2%), e Goiânia, com
um representante (9,1%). Quanto à experiência acadêmica, dois dos entrevistados têm até
cinco anos de experiência, correspondendo a 18,2%; quatro entrevistados têm de cinco a 10
anos de experiência, correspondendo a 36,4%; e cinco dos entrevistados têm mais de 10 anos
de experiência, correspondendo a 45,4% dos entrevistados.
Quanto à experiência em outras áreas relacionadas ao turismo fora a academia, quatro
dos entrevistados têm experiência em empresa particular, correspondendo a 36,36%; um tem
em empresa pública, correspondendo a 8,3%; um tem em empresa pública e particular,
correspondendo a 9,09%; e cinco não têm experiência fora da academia, correspondendo a
45,45%. Quanto ao cargo ocupado, três deles (27,3%) são coordenadores de curso, dois
ocupam o cargo de diretor ou cargos superiores, correspondendo a 18,2%; um é pesquisador
(9,1%); e cinco são professores (45,4%). Quanto à escolaridade dos acadêmicos, foram
entrevistados um doutor (9,09%), seis especialistas (54,55%) e quatro mestres (36,36%). As
TABs 2, 3 e 4 comparam a experiência gastronômica, os cargos e a escolaridade das três
categorias pesquisadas.
43
TABELA 2 - Experiência gastronômica das três categorias
Experiência Gastronomia Experts Gestores Acadêmicos
Freq.
%
Freq.
%
Freq.
%
Até 5 anos
2
18,2%
1
11,1%
2
18,2%
Entre 5 e 10 anos
4
36,4%
3
33,3%
4
36,4%
Mais de 10 anos
5
45,4%
5
55,6%
5
45,4%
Total geral
11
100,0%
9
100,0%
11
100,0%
Fonte: Dados da Pesquisa
TABELA 3Cargo das três categorias
Experts Gestores Acadêmicos
Cargo Freq.
%
Freq. % Freq. %
Administração pública 1
9,1%
5
55,6%
Chefe de cozinha 7
63,6%
3
33,3%
Sócio proprietário 3
27,3%
1
11,1%
Coordenadores de curso
3
27,3%
Diretor ou superior
2
18,2%
Pesquisador
1
9,1%
Professor
5
64,2%
Total geral 11
100,0%
9
100,0%
11
100,0%
Fonte: Dados da Pesquisa
TABELA 4 Escolaridade das três categorias
Experts Gestores Acadêmicos
Escolaridade Freq.
%
Freq.
%
Freq.
%
Doutor x
x
x
x
1
9,1%
Mestre x
x
x
x
4
36,6%
Especialista 1
9,1%
1
11,1%
6
54,5%
Superior 5
45,5%
2
22,2%
x
x
Técnico 2
18,2%
1
11,1%
x
x
Até o 2º grau 3
27,3%
5
55,6%
x
x
Total geral 11
100,0%
9
100,0%
11
100,00%
Fonte: Dados da Pesquisa
Observa-se que mais da metade dos gestores de negócios de alimentos e bebidas
tinham até segundo grau. entre os experts, aproximadamente 45% tinham curso superior.
Isso mostrou que os gestores têm menos vivência acadêmica que os chefes de cozinha e
outros especialistas na área de alimentos e bebidas. Entre os acadêmicos, apenas um
entrevistado tinha doutorado na área e a maioria era formada por especialistas, o que era
esperado devido ao fato de as áreas de gastronomia e turismo, de onde foram coletadas grande
parte das entrevistas, serem ainda áreas de conhecimento acadêmico recentes.
44
6.3 Experiência profissional em relação à biodiversidade do cerrado.
Questionados sobre suas experiências profissionais em relação à biodiversidade
(produtos) do cerrado, 10 dos entrevistados não informaram se têm ou não este tipo de
experiência.
Quanto ao local e ao tipo de formação e formação específica na área relacionada ao
turismo e/ou a alimentos e bebidas: dois citaram ter apenas experiência profissional; quatro
têm formação em gastronomia, sendo que um informou ter curso superior na área e
experiência internacional de trabalho por oito meses na França, na região da Alsásia, no
restaurante Arnsbourg, três estrelas no Guia Michelin
17
, e outro curso superior em
gastronomia e especialista em Alimentos e Bebidas.
Três dos entrevistados são Cozinheiros Profissionais, formados pelo SENAC, sendo que
um citou que estudou no Hotel Escola Grogotó SENAC-MG. Um dos entrevistados é
Especialista em Alimentos e Bebidas e outro é formado em tecnologia em Negócios da
Alimentação; dois têm graduação em Administração Hoteleira; um tem formação em eventos
e experiência em BH, NY, São Francisco e Turim; três são Especialistas em Administração
Hoteleira pelo SENAC-MG e UFJF/SENAC; um deles afirmou ter mestrado em economia
familiar com trabalho desenvolvido na área de turismo e desenvolvimento econômico (UFV),
além de destacar as atividades profissionais na área: professor na graduação e pós-graduação
(UFOP, UFJF, UNIPAC); coordenador da área de hotelaria do SENAC; coordenador do curso
de turismo (UNIPAC); presidente do conselho municipal de Turismo em Ipatinga-MG;
organizador do I Festival de Gastronomia de Tiradentes (1998), dos I e II festivais de
Gastronomia de Ipatinga (2001 e 2002) e do Festival da Cachaça de Ipatinga (2001).
Um dos entrevistados destaca a realização de Intercâmbio Cultural Brasil/Alemanha,
sendo chef de cozinha, instrutor de formação profissional hospitalidade SENAC/MG, tendo
concluído curso superior de Gestão em Negócios da Alimentação e pós-graduação em
Gastronomia e Saúde, além de ser professor universitário de Gastronomia.
Entre os entrevistados, um é graduado em Nutrição e outro em Engenharia de
Alimentos, e outros seis são bacharéis em turismo/turismólogos. Entre os turismólogos, dois
possuem as especializações: Gestão de Políticas Sociais e em Turismo e Desenvolvimento
Sustentável (UFMG); e outro concluiu o mestrado em Geografia (UFMG). O entrevistado
17
O Guia Michelin, renomado guia de hotéis e restaurantes do mundo, classifica os restaurantes com nota
máxima de três estrelas, seguido de duas estrelas e uma, ou “Espoirs” (em português, estrelas em ascensão).
Disponível em: http://www.michelin.com. Acesso em: 20 nov. 2008
45
com título de doutoramento informou que tem formação específica na área relacionada ao
turismo e Alimentos e Bebidas e formação em Nutrição e Engenharia de Alimentos.
6.4 Oferta gastronômica dos produtos do cerrado
Quanto à avaliação da oferta gastronômica dos produtos do cerrado em relação à
aceitação do consumidor feita pelos acadêmicos, sete dos respondentes a avaliaram com nota
quatro e cinco (bom e ótimo), o que corresponde a 63,6%. Somente um acadêmico classificou
como dois (ruim) e nenhum como um (péssimo). Já quanto à variedade de produtos do
cerrado oferecidos, apenas quatro dos respondentes acadêmicos a avaliaram com nota quatro e
cinco (bom e ótimo), somando 36,4%; e três a avaliaram com notas um e dois (péssimo e
ruim), o que corresponde a 27,3%. Quanto à aquisição dos produtos do cerrado e
fornecedores, apenas dois avaliaram com nota quatro (bom), o que corresponde a 18,2%, não
ocorrendo nenhum cinco (ótimo), e sete avaliaram como péssimo e ruim, representando
63,6% do total de respondentes. E quanto à utilização dos produtos do cerrado em
restaurantes e outros estabelecimentos de alimentos e bebidas, dois dos respondentes a
avaliaram como quatro, correspondendo a 18,2% do total, e cinco a avaliaram como dois
(ruim), resultando em 45,5% do total.
Observa-se que em relação aos acadêmicos existe uma percepção otimista em relação à
aceitação dos produtos do cerrado, já os outros quesitos foram avaliados negativamente, o que
pode ser explicado pela dificuldade de produção, fornecimento e comercialização destes
produtos, que, na maioria das vezes, não é satisfatória, pois muitas vezes é realizado apenas o
extrativismo e a oferta é feita de forma artesanal. Essa diferença entre a aceitação e os outros
quesitos mostra a importância de projetos de beneficiamento dos produtos do cerrado, como
ocorre com o pequi em Japonvar, para que os outros quesitos atribuídos na pesquisa sejam
melhor avaliados e possam se tornar um atrativo para os consumidores.
No caso dos experts, quanto à aceitação do público consumidor, nove do total dos
respondentes a classificaram com nota quatro e cinco (bom e ótimo), correspondendo a
81,8%, e apenas um com nota dois (ruim), 9,1%. quanto à variedade de produtos do
cerrado oferecidos, quatro dos respondentes experts a avaliaram com nota quatro e cinco
(bom e ótimo), somando 36,4%, e quatro com nota dois (ruim), o que representa 36,4%.
Quanto à aquisição dos produtos do cerrado e fornecedores, apenas três a avaliaram com nota
quatro e cinco (bom e ótimo), o que corresponde a 27,3%, e três a avaliaram como dois
(ruim), 27,3% do total de respondentes. E quanto à utilização dos produtos do cerrado em
46
restaurantes e outros estabelecimentos de alimentos e bebidas, três dos respondentes a
avaliaram como quatro e cinco, correspondendo a 27,3% do total, e sete avaliaram como um e
dois (ruim e péssimo), resultando em 63,6% do total.
Como ocorreu com os acadêmicos, os experts mostraram resultados semelhantes, nos
quais a aceitação do público consumidor é boa e os outros quesitos como variedade,
fornecedores e utilização dos produtos do cerrado nos restaurantes e estabelecimentos de
alimentos e bebidas se mostram insuficientes. Isso evidencia a necessidade de trabalhar e
divulgar melhor os produtos do cerrado devido ao fato de os experts trabalharem direto com o
consumidor geral, podendo ter uma boa percepção das suas necessidades.
entre os gestores, quanto à aceitação do público consumidor, do total dos
respondentes sete a classificaram com nota quatro e cinco (bom e ótimo), correspondendo a
77,8%, e nenhum com nota um e dois (péssimo e ruim). quanto à variedade de produtos do
cerrado oferecidos, três dos respondentes experts a avaliaram com nota quatro e cinco (bom e
ótimo), o que corresponde a 33,3%, três com nota três (aceitável), 33,3%, e três com nota dois
(ruim), 22,2%. Quanto à aquisição dos produtos do cerrado e fornecedores, nenhum dos
respondentes a avaliou com nota quatro e cinco (bom e ótimo) e três a avaliaram como três
(aceitável), somando 33,3%, e seis dos respondentes a avaliaram com dois (ruim),
correspondendo a 66,7% do total de respondentes. E quanto à utilização dos produtos do
cerrado em restaurantes e outros estabelecimentos de alimentos e bebidas, novamente nenhum
dos respondentes a avaliou como quatro e cinco, três a avaliaram com nota três (aceitável),
33,3%, e cinco a avaliaram como dois (ruim), o que representa 55,6% do total.
Novamente os resultados levam a conclusões semelhantes às anteriores, porém um
pouco mais radicais considerando que não se encontra nenhuma avaliação bom e ótimo
quanto a aquisição e utilização dos produtos do cerrado.
A TAB. 5 mostra a avaliação da oferta gastronômica das frutas do cerrado pelo total
de respondentes e as localidades pesquisadas.
A totalidade dos respondentes avaliou a aceitação do público consumidor com uma
média 4,03. a variedade de produtos do cerrado oferecidos obteve média 3. Quanto à
aquisição dos produtos do cerrado e fornecedores, a média foi 1,94, ou seja, a pior avaliação
desta questão, e a utilização dos produtos do cerrado em restaurantes e outros
estabelecimentos de alimentos e bebidas também obteve resultado ruim com a média 2,3.
47
TABELA 5 - Avaliação da oferta gastronômica das frutas do cerrado pelo total de
respondentes e as localidades pesquisadas sendo: B – Belo Horizonte; MMontes Claros; P
Pirenópolis e G-Goiânia.
ASPECTO Avaliação
1 2 3 4 5
B
M
P
G
B M
P
G
B M
P
G
B
M
P
G
B
M
P
G Média
Desvio
Padrão
Aceitação
0
0
0
0 2
0
0
0
4
2
0
0
7
2
1
2
3
3
1
4
4,0
1,9
Variedade
1
0
0
0 7
1
0
1
5
3
1
1
1
2
1
2
2
1
0
2
3,0
1,8
Fornecedores
4
0
0
0 10
4
0
3
1
2
1
1
1
1
1
1
0
0
0
1
1,9
2,3
Estabelecimentos
1
0
0
0 10
2
1
2
3
4
1
2
2
1
0
1
0
0
0
1
2,3
2,3
Fonte: Dados da Pesquisa
Na totalidade dos respondentes observam-se resultados semelhantes ao que ocorreu na
separação por categorias dos acadêmicos, experts e gestores. Isso mostrou que existe
aceitação excelente dos produtos do cerrados, contudo observa-se a dificuldade em se
conseguir variedade de produtos, aquisição e fornecedores e utilização devido também aos
fatores anteriores. Apesar da aceitação, os produtos do cerrado são difíceis de chegar aos
restaurantes e, conseqüentemente, ao consumidor final.
6.5 Potencial gastronômico dos produtos do cerrado
Dentre as dez frutas selecionadas, os respondentes avaliaram o seu potencial
gastronômico conforme os dados apresentados nos parágrafos seguintes.
Em relação à amora preta, oito do total de respondentes a avaliaram com nota quatro e
cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a (72,7%). Somente um
acadêmico a classificou como nada importante. No caso dos experts, nove do total dos
respondentes a classificaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante),
correspondendo a 81,8%, e apenas dois com nota três (moderadamente importante). Já entre
os gestores, cinco a avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante),
representando 56,0 % do total. Na totalidade dos entrevistados, 22 a avaliaram com nota
quatro e cinco (muito importante e moderadamente importante), 71,0% do total, e apenas
quatro com nota um e dois (nada importante e ligeiramente importante), o que corresponde a
12,9% do total. Isso mostra que a amora preta tem potencial, o que era de se esperar,
considerando seu sabor ácido e adocicado muito apreciado pela população local, e ainda tem a
vantagem de servir para a confecção de diversas iguarias como doces, caldas, sorvetes e até
molhos para pratos salgados.
48
Em relação ao ananás, seis do total de respondentes o avaliaram com nota quatro e
cinco (importante e muito e importante) o que corresponde a 55,0%. No caso dos experts, sete
do total dos respondentes o classificaram com nota quatro e cinco (importante e muito
importante), correspondendo a 63,6%. Já entre os gestores, sete o avaliaram com nota quatro e
cinco (importante e muito importante), 77,7% do total. Na totalidade dos entrevistados, 16
respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco (muito importante e moderadamente
importante), o que representa 52,0% do total.
Os resultados demonstram um desequilíbrio, considerando que os experts não avaliaram
positivamente o ananás, que é um fruto muito semelhante ao abacaxi. O abacaxi tem grande
versatilidade em pratos doces, salgados e coquetéis. Porém, os resultados mostram um
desconhecimento sobre o ananás que tem características bem semelhantes.
No caso do araticum, seis do total de respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco
(importante e muito e importante), o que corresponde a 55,0%. Somente dois acadêmicos o
classificaram como ligeiramente importante. No caso dos experts, apenas três do total dos
respondentes o classificaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante),
correspondendo a 27,3%, e apenas dois com nota três (moderadamente importante). Já entre
os gestores, sete o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante),
somando 77,8% do total. Na totalidade dos entrevistados, 20 respondentes o avaliaram com
nota quatro e cinco (muito importante e moderadamente importante), 64,5% do total, e apenas
cinco com nota um e dois (nada importante e ligeiramente importante), o que representa
16,1% do total. Isso mostra que o araticum alcançou um resultado excelente e até
surpreendente, por ser um produto difícil de trabalhar em pratos salgados, dependendo de
muita criatividade.
Em relação ao baru, sete do total de respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco
(importante e muito e importante), o que corresponde a 63,6%. Somente dois acadêmicos o
classificaram como nada importante. No caso dos experts, o resultado foi o mesmo: sete do
total dos respondentes o classificaram com nota quatro e cinco (importante e muito
importante), correspondendo a 63,6%, e apenas um com nota um (nada importante). entre
os gestores, sete o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante),
resultando em 77,8% do total. Na totalidade dos entrevistados, 21 respondentes o avaliaram
com nota quatro e cinco (muito importante e moderadamente importante), o que representa
67,7% do total, e apenas quatro com nota um e dois (nada importante e ligeiramente
importante), 12,9% do total.
49
O baru também alcançou um resultado excelente, tem castanha saborosa e grande
potencial gastronômico. Os votos negativos são sugeridos devido ao desconhecimento do
respondente sobre o fruto. Quem conhece e quem trabalha com o baru demonstrou grande
interesse pelo fruto utilizado em pães, barras de cereais e diversas outras iguarias.
O buriti teve nove do total de respondentes que o avaliaram com nota quatro e cinco
(importante e muito e importante), o que corresponde a 81,8%. No caso dos experts, o
resultado foi que oito do total dos respondentes o classificaram com nota quatro e cinco
(importante e muito importante), correspondendo a 72,7%, e apenas um com nota um (nada
importante). Já entre os gestores, seis o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e
muito importante), representando 66,7% do total. Na totalidade dos entrevistados, 21
respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco (muito importante e moderadamente
importante), o que representa 67,7% do total. O buriti demonstrou, de acordo com o resultado
da pesquisa, o seu grande potencial gastronômico, o que revelou, de certa forma, uma
surpresa, pois sua polpa normalmente é consumida in natura, em forma de doces, geléias e
sucos.
O cajuzinho do cerrado teve oito do total de respondentes que o avaliaram com nota
quatro e cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a 72,7%. No caso dos
experts, o resultado indicou que seis do total dos respondentes o classificaram com nota
quatro e cinco (importante e muito importante), correspondendo a 55,0%, e nenhum com nota
um e dois (nada importante e ligeiramente importante). entre os gestores, seis o avaliaram
com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 66,7% do total. Na totalidade dos
entrevistados 20 respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco (muito importante e
moderadamente importante), o que representa 67,7% do total. O cajuzinho do cerrado
apresentou um bom desempenho, o que era esperado pela qualidade e versatilidade do
fruto, para confecção de iguarias, e de sua castanha, utilizada nas mais diversas preparações
culinárias.
a guariroba também teve oito do total de respondentes que a avaliaram com nota
quatro e cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a 72,7%. No caso dos
experts, o resultado mostrou que sete do total dos respondentes a classificaram com nota
quatro e cinco (importante e muito importante), correspondendo a 63,6%. Já entre os gestores,
oito a avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 88,9% do total. Na
totalidade dos entrevistados, 23 respondentes a avaliaram com nota quatro e cinco (muito
importante e moderadamente importante), 74,2% do total. A guariroba do cerrado apresentou
um excelente resultado, o que era esperado, pois, além da polpa e castanha que mais
50
comumente são consumidas in natura, possui o famoso palmito amargo que é utilizado nas
mais diversas preparações culinárias.
O palmito-da-mata teve oito do total de respondentes que o avaliaram com nota quatro
e cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a 72,7%. No caso dos experts, o
resultado revelou que 10 do total dos respondentes o classificaram com nota quatro e cinco
(importante e muito importante), correspondendo a 90,9%. Já entre os gestores, sete o
avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 77,8% do total. Na
totalidade dos entrevistados, 25 respondentes o avaliaram com nota quatro e cinco (muito
importante e moderadamente importante), representando 80,6% do total. O palmito-da-mata
apresentou um excelente resultado e observa-se a utilização da polpa e também do palmito em
pratos típicos.
Em relação ao pequi observam-se os melhores resultados. Todos os respondentes o
avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a
100,0%. No caso dos experts, também a totalidade dos respondentes o classificou com nota
quatro e cinco (importante e muito importante), correspondendo a 100,0%. Também todos os
gestores o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 100,0% do
total. Na totalidade dos 31 entrevistados todos o avaliaram com nota quatro e cinco (muito
importante e moderadamente importante), o que representa 100,0%.
Isso mostra o grande valor do pequi para o cerrado e sua importância culinária, que
diversos pratos são elaborados com o pequi e sua castanha também pode ser utilizada. Mesmo
o pequi sendo um fruto polêmico, considerando que os consumidores ou o amam ou o
odeiam, todos os entrevistados reconheceram sua importância e o seu potencial.
Em relação à pêra do cerrado, seis do total de respondentes a avaliaram com nota quatro
e cinco (importante e muito e importante), o que corresponde a 55,0%. No caso dos experts,
apenas um dos respondentes a classificou com nota quatro e cinco (importante e muito
importante), correspondendo a 9,1%. entre os gestores, dois a avaliaram com nota quatro e
cinco (importante e muito importante), 22,2% do total. Na totalidade dos entrevistados, nove
respondentes a avaliaram com nota quatro e cinco (muito importante e moderadamente
importante), 29,0% do total. Os resultados demonstram que a pêra do cerrado tem pouco
potencial gastronômico, o que indica não a sua versatilidade na culinária, mas sim o
desconhecimento dos entrevistados sobre o fruto.
51
TABELA 6 - Avaliação do potencial gastronômico dos produtos do cerrado pelo total de
respondentes e as localidades pesquisadas sendo: B – Belo Horizonte; MMontes Claros; P
Pirenópolis e G - Goiânia.
PRODUTOS Avaliação
1 2 3 4 5
B
M
P G
B
M
P G
B M
P G
B M
P G B M
P G
Média
Desvio
Padrão
Amora-preta 0
1
0
0
0
2
0
1
2
1
1
1
7
1
1
0
7
2
0
4
4,0
2,1
Ananás 0
0
0
0
2
1
0
1
7
0
2
2
4
2
0
2
3
4
0
1
3,6
1,8
Araticum 2
0
0
0
0
2
0
1
5
0
1
0
6
2
0
2
3
3
1
3
3,7
1,8
Baru 3
0
0
0
0
1
0
0
4
2
0
0
6
0
0
0
3
4
2
6
3,9
2,1
Buriti 1
0
0
0
1
1
1
0
5
0
0
1
6
2
0
2
3
4
1
3
3,9
1,8
Cajuzinho do
Cerrado 1
1
0
0
0
1
0
0
7
0
0
1
7
2
0
2
1
3
2
3
3,8
2,1
Guariroba 1
1
0
0
0
1
1
0
4
0
0
0
7
3
0
2
4
2
1
4
3,9
1,9
Palmito-Da-
Mata
2
1
0
0
0
1
0
0
2
0
0
0
4
3
0
3
8
2
2
3
4,0
2,0
Pequi 0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
1
0
0
12
6
2
6
4,8
3,1
Pêra-Do-
Cerrado 1
2
1
0
1
2
0
1
10
1
1
2
2
1
0
1
2
1
0
2
3,1
2,1
Fonte: Dados da Pesquisa
No geral observou-se que as frutas do cerrado selecionadas têm grande potencial
gastronômico, sendo que apenas a pêra do cerrado ficou com avaliação baixa e o pequi foi
avaliado excepcionalmente. Observa-se também a necessidade de uma divulgação das frutas
desconhecidas para melhor aproveitamento, manejo e conservação destas.
6.6 Potencial gastronômico de outros produtos do cerrado
A questão três do questionário, cujo modelo se encontra no apêndice desta dissertação,
pergunta se os entrevistados conheciam outros produtos do cerrado (tanto fauna como flora)
com potencial para o aproveitamento gastronômico, e qual e como pode ser aproveitado, e
ainda solicitou-se uma avaliação do potencial dos produtos segundo os critérios estabelecidos
na questão dois. Nove dos 31 entrevistados falaram que não possuem esse conhecimento ou
não responderam, correspondendo a 29,0%. Alguns respondentes citaram espécies de outros
biomas que também podem ocorrer eventualmente no cerrado, devido à região em que se
encontram, como é o caso de Belo Horizonte, onde ocorre uma transição entre o cerrado e a
mata atlântica.
A tabela abaixo mostra as frutas do cerrado citadas pelos respondentes, e algumas
também são avaliadas por estes.
52
TABELA 7 - Outros produtos do cerrado citados e ou avaliados pelos respondentes
(continua)
Avaliação N
0
ref.
1 2 3 4 5
Média Observações e Aproveitamento sugerido
Mangaba 3 2 4,0 in natura, sucos, sorvetes ou pavê e xaropes
Pitomba 2 1 1
Umbu 3 1 1 4,5 consumo in natura, sorvetes, sucos, geléias
Feijão catador 1 1 5,0 Pratos salgados
Seriguela 1 1 5,0 in natura, sorvetes, geléias, doces e licores
Pinha 1 1 4,0 in natura, sorvetes, geléias, doces e sucos
Cajá 1 1 5,0 in natura, sucos, sorvetes, geléias, doces
Tamarindo 1 1 5,0 in natura, sucos, balas, licores, doces
Cagaita 8 in natura, sucos, sorvetes, geléias, licores,
compotas.
Murici 6 in natura, muito importante sucos,
sorvetes, geléias, licores, compotas, musses
Jatobá 3 1 3,0 preparação de purê, é muito bom com peixe
ou aves in natura ou cozido com leite,
produção de farinhas (bolos, pães,
biscoitos, mingaus)
Amoras
vermelhas
1 in natura, sucos, sorvetes e sobremesas
especiais
Maracujá azedo 1 1 5,0 doces, molhos, sorvetes e sucos.
Maracujá doce 1 1 5,0 doces, molhos, sorvetes e sucos.
Maracujá roxo 1 1 5,0 doces, molhos, sorvetes e sucos.
Coquinho azedo 2 2 3,0 Sucos
Uvaia 1 1 3,0 in natura, geléias e licores
Palma 1 Cacto do cerrado, Muito utilizado em
pratos em MG. Produto de vital
importância para manter a identidade
cultural e gastronômica de um povo. São
ingredientes que sempre fizeram e ainda
fazem parte do cardápio da região onde
ocorre a palma. Muito utilizado com
picadinho de carne de porco ou boi.
Cabeça de Nego 1
Jabuticaba 1 Espécie de mata atlântica citada por ocorrer
nas áreas de ecótone. In natura, geléias,
licores, caldas, molhos e outros.
Aroeira 1 1 5,0 Produz a conhecida pimenta rosa, utilizada
também na culinária francesa, na qual
53
(conclusão)
recebe o nome de “Poivre Rose”. Não é
pimenta, mas é utilizada como se fosse para
dar sabor e enfeitar pratos salgados e
saladas.
Algodão doce, mama
cadela ou borlé
2 2 3,0 Muito interessante quando in natura,
lembra um chicletes ou algodão enquanto
se come. Ainda se faz doces e sucos
Marmelada de
cachorro
1 1 3,0 Foi citada como pouco comum hoje. In
natura ou em doces.
Araça 1 1 3,0 Lembra a goiaba. Sucos e doces.
Physalis 1 1 5,0 Muitos acham que é originária da
Colômbia, mas também ocorre no cerrado e
no Brasil, mais conhecido como Juá. É uma
fruta maravilhosa com grande apelo
gastronômico devido a sua beleza e sabor.
Muito utilzado in natura para decorar os
mais variados pratos.
Brejauba 1 1 5,0 Castanha saborosa, doces, confeitos e
pratos salgados.
Graviola 1 1 5,0 Ocorre no cerrado mesmo sendo originária
da América Central. In natura, sucos,
sorvetes, creme e doces.
Mutamba 1 1 2,0 In natura, fruto duro e seco.
Taperebá 1 1 5,0 Ocorre também na floresta amazônica, tem
sabor semelhante ao cajá maduro. Sucos,
coquetéis, doces e sorvetes.
Milho autócne 1 1 5,0 Fubá, farinhas.
Fava 1 1 5,0 Pratos salgados.
Fonte: Dados da Pesquisa
Alguns produtos foram citados pelos respondentes, mas não foram avaliados, por
esta razão os espaços não estão preenchidos na tabela.
Alguns dos produtos citados acima não são do cerrado, mas podem ocorrer neste bioma
ocasionalmente. Devido a esse fato foram citados por parte de alguns entrevistados, pois
muitas vezes é difícil saber a região de ocorrência devido à ecótone de cerrado e mata
atlântica e outros. Todos os produtos citados, além das frutas selecionadas, merecem um
estudo mais elaborado para avaliar seu potencial gastronômico, sua aceitação no mercado e
seu potencial atrativo.
54
6.7 Potencial gastronômico da fauna do cerrado
Quanto ao potencial gastronômico da fauna do cerrado, houve poucas citações, e isso
pode ser devido à proibição da caça e à necessidade de criatórios credenciados pelo IBAMA,
o que foi citado pelos entrevistados. O tatu foi citado duas vezes, realçando sua carne
saborosa e a deliciosa farofa de tatu. O mocó, um pequeno roedor, foi citado uma vez,
utilizado em pratos salgados e como tira-gosto.
Devido a estes resultados serem esperados este tema não foi abordado de forma mais
aprofundada, devido as dificuldades legais e operacionais de produção e obtenção da matéria
prima.
6.8 Importância da utilização da biodiversidade do cerrado
TABELA 8 - Avaliação da importância da biodiversidade do cerrado na totalidade sob os
seguintes aspectos por localidade ( B – Belo Horizonte, M – Montes Claros, P – Pirenopólis e G
– Goiânia)
UTILIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (total)
Avaliação
1 2 3 4 5
ASPECTO
B
M
P
G
B
M
P
G
B
M
P
G B M
P G B M
P G
Médi
a
Desvio
Padrão
Influência no
turismo 0
0
0
0
1
0
0
1
1
1
0
0
2
1
1
1
12
5
1
4
4,5
2,8
Mão de obra local 0
0
0
0
1
0
0
1
0
2
0
0
3
0
0
1
12
5
2
4
4,6
2,9
Manejo
sustentável 1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
4
1
0
0
11
5
2
5
4,6
2,8
Exploração e
criação 1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
4
0
0
1
9
7
2
5
4,6
2,6
Capacitação 1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
4
1
0
0
11
6
2
6
4,7
3,0
Fonte: Dados da Pesquisa
Em relação aos acadêmicos, quanto à avaliação da importância da utilização da
biodiversidade do cerrado sobre a influência no turismo, oito dos respondentes a avaliaram
com nota quatro e cinco (importante e muito importante), o que corresponde a 72,7%.
Somente um acadêmico a classificou como dois (ligeiramente importante), o que corresponde
a 9,1%, e nenhum como um (nada importante). Já quanto ao beneficiamento dos produtos, em
que ocorra utilização de mão-de-obra local e inclusão social, oito dos respondentes
acadêmicos o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 72,7% do
total, e um com nota dois (ligeiramente importante), 9,1%. Novamente nenhum dos
respondentes o avaliou como um (nada importante).
55
Quanto ao manejo dos produtos e à conservação da biodiversidade, nove do total dos
respondentes avaliaram como quatro e cinco (importante e muito importante), o que
corresponde a 81,8%, e apenas um avaliou com nota um (nada importante), 9,1%. Quanto à
exploração dos produtos do cerrado gerando desenvolvimento local, 10 dos respondentes
avaliaram como quatro e cinco, correspondendo a 90,9% do total, e apenas um avaliou como
um (nada importante), 9,1% do total. E quanto à capacitação de mão-de-obra local para a
exploração dos recursos, 10 dos respondentes a avaliaram como quatro e cinco (importante e
muito importante), 90,9%, e apenas um avaliou como um (nada importante), 9,1%.
Observa-se que em relação à utilização da biodiversidade do cerrado, em todos os
quesitos analisados pelos acadêmicos houve uma maioria expressiva em importante e muito
importante, apenas um dos respondentes analisou como nada importante e ligeiramente
importante, o que sugere acreditar em uma “intocabilidade” do cerrado. É importante realçar
que os respondentes avaliaram muito beneficamente a utilização da biodiversidade do cerrado
como influência no turismo. Isso mostra que a utilização dos produtos do cerrado e pratos
típicos com estes ingredientes podem ser um diferencial atrativo para a atividade turística.
Em relação aos experts, quanto à avaliação da importância da utilização da
biodiversidade do cerrado sobre a influência no turismo, 10 dos respondentes a avaliaram com
nota quatro e cinco (importante e muito importante), o que corresponde a 90,9 %. Somente
um acadêmico a classificou como dois (ligeiramente importante), o que corresponde a 9,1%, e
nenhum como um (nada importante). quanto ao beneficiamento dos produtos, em que
ocorra utilização de mão-de-obra local e inclusão social, 10 dos respondentes acadêmicos o
avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito importante), 90,9%, e um com nota
dois (ligeiramente importante), 9,1%. Novamente nenhum dos respondentes avaliou como um
(nada importante).
Quanto ao manejo dos produtos e à conservação da biodiversidade, 10 do total dos
experts respondentes os avaliaram como quatro e cinco (importante e muito importante), o
que corresponde a 90,9%, e apenas um os avaliou com nota três (moderadamente
importante), 9,1% do total de respondentes. Quanto à exploração dos produtos do cerrado
gerando desenvolvimento local, 10 dos respondentes a avaliaram como quatro e cinco,
correspondendo a 90,9% do total, e apenas um a avaliou como dois (ligeiramente importante),
9,1% do total. E quanto à capacitação de mão-de-obra local para a exploração dos recursos,
10 dos respondentes a avaliaram como quatro e cinco (importante e muito importante),
90,9%, e apenas um avaliou como dois (ligeiramente importante), representando 9,1%.
56
Observa-se que em relação à utilização da biodiversidade do cerrado, a avaliação em
todos os quesitos analisados pelos experts foi muito semelhante aos acadêmicos, e ainda com
resultados ainda mais favoráveis. Isso leva a confirmar que a utilização da biodiversidade
sobre os aspectos citados é muito importante.
Em relação aos gestores, quanto à avaliação da importância da utilização da
biodiversidade do cerrado sobre a influência no turismo, nove dos respondentes a avaliaram
com nota quatro e cinco (importante e muito importante), o que corresponde a 100,0%. Já
quanto ao beneficiamento dos produtos, em que ocorra utilização de mão-de-obra local e
inclusão social, nove dos respondentes acadêmicos o avaliaram com nota quatro e cinco
(importante e muito importante), 100,0%. Quanto ao manejo dos produtos e à conservação da
biodiversidade, nove do total dos gestores os avaliaram como quatro e cinco (importante e
muito importante), o que corresponde a 100,0%. Quanto à exploração dos produtos do cerrado
gerando desenvolvimento local, oito dos respondentes a avaliaram como quatro e cinco,
correspondendo a 88,9% do total, e apenas um a avaliou como três (moderadamente
importante), 11,1% do total. E quanto à capacitação de mão-de-obra local para a exploração
dos recursos, nove dos respondentes a avaliaram como quatro e cinco (importante e muito
importante), 100%. Observa-se que, em relação à utilização da biodiversidade do cerrado, na
avaliação em todos os quesitos analisados pelos gestores houve uma unanimidade, a avaliação
foi máxima, mostrando toda a importância da biodiversidade do cerrado segundo os aspectos
citados.
Quanto à avaliação da totalidade dos respondentes sobre a importância da utilização da
biodiversidade do cerrado e sua influência no turismo, 27 dos respondentes a avaliaram com
nota quatro e cinco (importante e muito importante), o que corresponde a 87,1%. Dois
respondentes a avaliaram como dois (ligeiramente importante), 6,5%. Já quanto ao
beneficiamento dos produtos, em que ocorra utilização de mão-de-obra local e inclusão social,
27 dos respondentes acadêmicos o avaliaram com nota quatro e cinco (importante e muito
importante), 87,1%, e apenas dois o avaliaram como dois (ligeiramente importante), 6,5%.
Quanto ao manejo dos produtos e à conservação da biodiversidade, 28 do total dos
respondentes os avaliaram como quatro e cinco (importante e muito importante), o que
corresponde a 90,3%, e apenas um avaliou como um (nada importante), 3,2% do total.
Quanto à exploração dos produtos do cerrado gerando desenvolvimento local, 28 dos
respondentes a avaliaram como quatro e cinco, correspondendo a 90,3% do total, e apenas
dois a avaliaram como um e dois (nada importante e ligeiramente importante), 6,5% do total.
E quanto à capacitação de mão-de-obra local para a exploração dos recursos, 30 dos
57
respondentes a avaliaram como quatro e cinco (importante e muito importante), representando
96,8%, e um a avaliou como um (nada importante), 3,2%. Observa-se que, em relação à
utilização da biodiversidade do cerrado em todos os quesitos analisados pela totalidade dos
entrevistados, a avaliação foi excelente com maioria de quatro e cinco (importante e muito
importante), demonstrando que a utilização da biodiversidade do cerrado é muito importante
para o turismo, incluindo o beneficiamento dos produtos e a utilização da mão-de-obra local,
o manejo e a conservação, a exploração dos produtos e o desenvolvimento local e a
capacitação da mão-de-obra.
6.9 Os produtos do cerrado atraem a curiosidade do turista
Conforme a questão cinco do questionário, dentre as 31 pessoas entrevistadas, 23, ou
75% delas, afirmam positivamente que os frutos do cerrado atraem a curiosidade do turista. Já
o restante (25%) acha que os frutos do cerrado não têm potencial atrativo por serem pouco
conhecidos. Nota-se que, para a maioria, é muito importante trabalhar os frutos do cerrado
com o turista.
6.10 Aproveitamento atual dos frutos do cerrado na cidade do respondente
A tabela a seguir mostra segundo a avaliação dos respondentes, o resultado do aproveitamento
das frutas do cerrado na cidade onde o entrevistado reside.
TABELA 9 - Avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado da cidade do respondente na
totalidade dos respondentes sob os seguintes aspectos por localidade ( B Belo Horizonte, M
– Montes Claros, P – Pirenopolis e G – Goiania).
APROVEITAMENTO DOS PRODUTOS (total)
Avaliação
ASPECTO
1 2 3 4 5
B M
P G
B M P G B M P G B M P G
B M P G Média
Desvio
Padrão
Quantidade 0
0
0
0
6
0
0
1
5
2
0
0
1
0
2
0
4
5
0
5
3,8
2,2
Utilização 3
0
0
1
10
2
0
0
3
4
1
2
0
1
1
2
0
0
0
1
2,6
2,3
Incentivo 10
5
0
1
6
2
1
4
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1,6
2,7
Aquisição 6
0
0
1
8
5
0
2
1
0
1
2
1
1
1
1
0
1
0
0
2,3
2,2
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado encontrados na cidade do
respondente, sobre a quantidade de produtos existentes, seis dos acadêmicos respondentes a
avaliaram com nota cinco (ótimo), o que corresponde a (54,5 %). Somente três acadêmicos a
58
classificaram como dois (ruim), o que corresponde a 27,3%, e nenhum como um (péssimo). Já
quanto à utilização dos produtos nos restaurantes, nenhum dos respondentes acadêmicos a
avaliou com nota cinco (ótimo), e apenas um dos respondentes a avaliou com nota quatro
(bom), 9,1%. Sete dos respondentes a avaliaram como um e dois (péssimo e ruim), 63,6%.
Quanto às políticas de incentivo para a utilização desses produtos, nenhum dos respondentes
as avaliou como três, quatro ou cinco (ótimo, bom ou aceitável), todos os entrevistados
acadêmicos as avaliaram como um e dois (péssimo e ruim), correspondendo a 100%.
quanto à facilidade de aquisição dos produtos, dois dos respondentes a avaliaram como quatro
e cinco (bom e ótimo) e nove como um e dois (péssimo e ruim), 81,8%.
Observa-se que em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado na opinião dos
acadêmicos, os respondentes avaliaram relativamente bem a quantidade de produtos, porém
sua utilização nos restaurantes e as políticas de incentivo para seu uso e aquisição foram
pessimamente avaliados, havendo um resultado quase unânime. Isso é compreensível devido
à dificuldade de obter os produtos e à forma praticamente extrativista dos fornecedores com
raras exceções.
Na perspectiva dos experts, quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado
da cidade do respondente, sobre a quantidade de produtos existentes seis dos respondentes a
avaliaram com nota quatro e cinco (ótimo e bom), o que corresponde a 54,5%. Somente três
acadêmicos a classificaram como dois (ruim), o que corresponde a 27,3%, e nenhum como
um (péssimo). Já quanto à utilização nos restaurantes, nenhum dos respondentes acadêmicos a
avaliou com nota cinco (ótimo), e três dos respondentes a avaliaram com nota quatro (bom),
27,3%. Quanto às políticas de incentivo para a utilização desses produtos, apenas um dos
respondentes as avaliou como quatro (bom), nove dos respondentes experts as avaliaram
como um e dois (péssimo e ruim), correspondendo a 81,8%. Já quanto à facilidade de
aquisição dos produtos, dois dos respondentes a avaliaram como quatro (bom) e sete como
um e dois (péssimo e ruim), 63,6%.
Observa-se que em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado da cidade dos
respondentes na opinião dos experts, estes o avaliaram de forma muito semelhante aos
acadêmicos, o que confirma a dificuldade em relação aos quesitos analisados. Mesmo com a
diversidade de produtos bem avaliada, nota-se a negativa avaliação dos outros quesitos.
Quanto à avaliação dos gestores sobre o aproveitamento dos frutos do cerrado da cidade
do respondente, sobre a quantidade de produtos existentes cinco dos respondentes avaliaram
com nota cinco (ótimo), o que corresponde a 56,5%. Somente um gestor classificou como
dois (ruim), o que corresponde a 11,1%, e nenhum como um (péssimo). Já quanto à utilização
59
nos restaurantes, apenas um a avaliou com nota cinco (ótimo), 11,1%, e três dos respondentes
a avaliaram com nota um e dois (péssimo e ruim), 33,3%. Quanto às políticas de incentivo
para a utilização desses produtos, nenhum dos respondentes as avaliou como quatro e cinco
(bom e ótimo), nove dos respondentes gestores as avaliaram como um e dois (péssimo e
ruim), correspondendo a 100,0%. Já quanto à facilidade de aquisição dos produtos, um
respondente a avaliou como quatro (bom), 11,1%, e sete como um e dois (péssimo e ruim),
77,8%.
Observa-se que, em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado da cidade dos
respondentes na opinião dos gestores, a avaliação permaneceu semelhante à dos acadêmicos e
experts, o reafirma as análises anteriores.
Quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado da cidade do respondente,
sobre a quantidade de produtos existentes, na totalidade de entrevistados 17 a avaliaram com
nota quatro e cinco (bom e ótimo), o que corresponde a 54,8%. Somente sete dos
respondentes a classificaram como dois (ruim), o que corresponde a 22,6%, e nenhum como
um (péssimo). quanto à utilização dos produtos nos restaurantes, apenas cinco a avaliaram
com nota quatro e cinco (bom e ótimo), 16,1%, e 16 dos respondentes a avaliaram com nota
um e dois (péssimo e ruim), 51,6%. Quanto às políticas de incentivo para a utilização desses
produtos, um dos respondentes as avaliou como quatro (bom), 3,2%, nenhum com nota cinco
(ótimo), e 29 dos respondentes as avaliaram como um e dois (péssimo e ruim),
correspondendo a 93,5%. quanto à facilidade de aquisição dos produtos, cinco
respondentes a avaliaram como quatro e cinco (bom e ótimo), 1,6%, e 17 como um e dois
(péssimo e ruim), 54,8%.
Na totalidade dos respondentes observa-se que, apesar da quantidade de produtos
existentes, a utilização em restaurantes ainda é precária. Um reflexo disso pode ser a
utilização de produtos de outros países, da gastronomia internacional mais fáceis de trabalhar,
outra explicação é mostrada nos outros quesitos: a falta de pesquisa de mercado e de políticas
públicas que incentivem projetos, produção, extração e utilização e, também como
conseqüência disto, a dificuldade de aquisição dos frutos do cerrado.
6.11 Aproveitamento atual dos frutos do cerrado para o Brasil
A tabela a seguir mostra segundo a avaliação dos respondentes, o resultado do aproveitamento
das frutas do cerrado no Brasil.
60
TABELA 10 - Avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil na totalidade dos
respondentes sob os seguintes aspectos por localidade ( B Belo Horizonte, M Montes
Claros, P – Pirenópolis e G – Goiânia)
Fonte: Dados da Pesquisa
Na opinião dos acadêmicos, quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado
no Brasil, sobre a quantidade de produtos existentes sete dos respondentes a avaliaram com
nota cinco (ótimo), o que corresponde a 63,6%. Somente três acadêmicos a classificaram
como um e dois (péssimo e ruim), o que corresponde a 27,3%. Já quanto à utilização dos
produtos nos restaurantes, um dos respondentes acadêmicos a avaliou com nota quatro (bom),
9,1%, nenhum dos respondentes a avaliou com nota cinco (ótimo), 10 dos respondentes a
avaliaram como um e dois (péssimo e ruim), 90,9%. Quanto às políticas de incentivo para a
utilização desses produtos, nenhum dos respondentes as avaliou como três, quatro ou cinco
(ótimo, bom ou aceitável), todos os entrevistados acadêmicos as avaliaram como um e dois
(péssimo e ruim), correspondendo a 100%. Já quanto à facilidade de aquisição dos produtos,
um respondente a avaliou como quatro (bom), 9,1%, e nove como um e dois (péssimo e
ruim), 81,8%.
Observa-se que, em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil na
opinião dos acadêmicos, os respondentes avaliaram relativamente bem a quantidade de
produtos, porém sua utilização nos restaurantes e as políticas de incentivo para seu uso e
aquisição foram pessimamente avaliados, pior ainda que nas cidades dos respondentes.
Na perspectiva dos experts quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado
no Brasil, sobre a quantidade de produtos existentes cinco dos respondentes a avaliaram com
nota quatro e cinco (ótimo e bom), o que corresponde a 45,5%. Somente três acadêmicos a
classificaram como dois (ruim), o que corresponde a 27,3%, e nenhum como um (péssimo). Já
quanto à utilização dos produtos nos restaurantes, dois dos respondentes acadêmicos a
avaliaram com nota quatro (bom), 18,2%, e nenhum dos respondentes a avaliou com nota
cinco (ótimo). Quanto às políticas de incentivo para a utilização desses produtos, apenas dois
APROVEITAMENTO DOS PRODUTOS/BR (total)
Avaliação
1 2 3 4 5
ASPECTO
B M P G B M P G B M P G B M P G B M
P G
Médi
a
Desvio
Padrão
Quantidade 1
0
0
0
4
0
1
0
3
2
1
1
2
1
0
0
6
4
0
5
3,8
1,9
Utilização 6
1
0
1
8
4
1
3
2
1
1
0
0
1
0
2
0
0
0
0
2,1
2,2
Incentivo 12
5
0
1
3
2
1
4
1
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
1,6
2,9
Aquisição
8
1
0
1
7
5
1
3
1
0
1
0
0
1
0
2
0
0
0
0
1,9
2,4
61
dos respondentes as avaliaram como quatro (bom), o que representa 36,4%, nove dos
respondentes experts as avaliaram como um e dois (péssimo e ruim), correspondendo a
81,8%. quanto à facilidade de aquisição dos produtos, dois dos respondentes a avaliaram
como quatro (bom), o que corresponde a 36,4%, e oito como um e dois (péssimo e ruim),
72,7%.
Observa-se que, em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil, os
respondentes experts o avaliaram de forma muito semelhante aos acadêmicos, o que confirma
a dificuldade em relação aos quesitos analisados. Mesmo com a diversidade de produtos bem
avaliada, nota-se a negativa avaliação dos outros quesitos pior ainda que o ocorrido nas
cidades dos respondentes.
Quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil, na opinião dos
gestores, sobre a quantidade de produtos existentes cinco dos respondentes a avaliaram com
nota cinco (ótimo), o que corresponde a 55,6%. Nenhum dos gestores a classificou como um e
dois (péssimo e ruim). quanto à utilização dos produtos nos restaurantes, nenhum dos
respondentes a avaliou com nota quatro e cinco (bom e ótimo), e sete dos respondentes a
avaliaram com nota um e dois (péssimo e ruim), 77,8%. Quanto às políticas de incentivo para
a utilização desses produtos, nenhum dos respondentes as avaliou como quatro e cinco (bom e
ótimo), e oito dos respondentes gestores as avaliaram como um e dois (péssimo e ruim),
correspondendo a 72,7%. quanto à facilidade de aquisição dos produtos, novamente
nenhum dos gestores a avaliou como quatro e cinco (bom e ótimo), e nove a avaliaram como
um e dois (péssimo e ruim), ou seja, 100%.
Observa-se que, em relação ao aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil, os
gestores o avaliaram de forma semelhante à dos acadêmicos e experts, o que confirma as
análises anteriores.
Quanto à avaliação do aproveitamento dos frutos do cerrado no Brasil, na opinião da
totalidade de entrevistados, sobre a quantidade de produtos existentes 18 dos respondentes a
avaliaram com nota quatro e cinco (bom e ótimo), o que corresponde a 58,1%. Somente seis
dos respondentes a classificaram como um e dois (péssimo e ruim), o que corresponde a
19,4%. Já quanto à utilização dos produtos nos restaurantes, apenas três a avaliaram com nota
quatro e cinco (bom e ótimo), 9,7%, e 24 dos respondentes a avaliaram com nota um e dois
(péssimo e ruim), 77,4%. Quanto às políticas de incentivo para a utilização desses produtos,
dois dos respondentes as avaliaram como quatro (bom), representando 6,5%, nenhum com
nota cinco (ótimo), e 28 dos respondentes as avaliaram como um e dois (péssimo e ruim),
correspondendo a 90,3%. quanto à facilidade de aquisição dos produtos, três respondentes
62
a avaliaram como quatro (bom), o que representa 1,6%, nenhum avaliou com cinco (ótimo), e
26 como um e dois (péssimo e ruim), correspondendo a 83,9%.
Na totalidade dos respondentes, observa-se que, apesar da quantidade de produtos
existentes, nota-se que a sua utilização em restaurantes no Brasil ainda é menor que nas
cidades pesquisadas, o que é esperado devido ao fato de as cidades estarem inseridas no
cerrado e os produtos regionais serem conhecidos e consumidos. Os outros quesitos, como
políticas de incentivo e facilidade de aquisição, também foram pessimamente avaliados. Os
produtos têm características regionais e são atrativos regionais. Apesar da grande extensão do
cerrado e de sua grande biodiversidade, observa-se que seus produtos nativos ainda são mal
explorados pela gastronomia e pelo turismo, mesmo com o seu evidente potencial.
6.12 Turismo gastronômico no Brasil
De acordo com o resultado das entrevistas ficaram caracterizadas a relevância do
turismo gastronômico no Brasil e também a contribuição da grande diversidade de
ingredientes existentes. A diversidade cultural e as diferenças de costumes também foram
citadas. Contanto, observou-se que, apesar do grande potencial brasileiro para o turismo
gastronômico, ele ainda é mal explorado e tem pouco incentivo governamental.
De acordo com as respostas obtidas nas 31 entrevistas, 22 dos entrevistados acham que
há pouco incentivo e que isso é mal explorado. Desses 22 foram selecionadas as citações mais
expressivas sobre o turismo gastronômico, que quase na totalidade mostram os aspectos
contraditórios: o turismo gastronômico é aspecto importante nos roteiros turísticos, devido à
riqueza e à diversidade dos produtos existentes; apesar do enorme potencial, ainda é mal
explorado, pois falta incentivo e exploração racional desse segmento do turismo; com o
desenvolvimento turístico esperado do Brasil, o turismo gastronômico, ancorado na grande
variedade cultural e na biodiversidade, poderá se destacar, já que é um aspecto cultural
marcante da sociedade brasileira e se apresenta como atrativo turístico de alta qualidade; tem
potencial extraordinário devido à diversidade cultural e de produtos.
Como fatores desfavoráveis ao turismo gastronômico, os respondentes citam: não
políticas públicas favoráveis; a gastronomia é apenas um acompanhamento do turismo
tradicional, nunca é o principal e fica em segundo plano; os ingredientes muitas vezes são
estranhos para o turista; não existem roteiros trabalhados e estabelecidos; muito o que
explorar e divulgar.
63
Dois entrevistados citaram o aspecto xenófilo do brasileiro que valoriza o produto e a
cultura estrangeira. Citaram que o turismo gastronômico no país explora demais a cultura
gastronômica de outros países. O Brasil tem produtos que, bem elaborados, se tornam grandes
pratos, e devia haver inclusão de produtos nativos nos cardápios, principalmente nos grandes
centros; um dos entrevistados falou da valorização apenas do que é de fora, principalmente da
culinária francesa.
Cinco dos entrevistados ressaltaram os aspectos positivos do turismo gastronômico no
Brasil. Nas citações descreveram como esse tipo de turismo amplia o conhecimento, por parte
dos turistas estrangeiros e locais, e citaram a pluralidade de insumos que o Brasil têm,
mostrando a relevância do turismo gastronômico no Brasil devido à qualidade de produtos
que são elogiados pelos turistas que, às vezes, levam produtos gastronômicos nativos para sua
terra.
As demais respostas foram diferenciadas, sendo que algumas mostraram
desconhecimento sobre a questão. Outras citaram somente o cerrado, descrevendo a
importância dos ingredientes do cerrado para o turismo local e para as futuras gerações.
6.13 Roteiro gastronômico
De acordo com a questão referente a fornecer exemplo concreto de algum roteiro
gastronômico (Brasil ou exterior) que mereça destaque, dos 31 entrevistados, cinco
desconhecem roteiros gastronômicos. A seguir analisam-se os diversos exemplos citados.
Seis respondentes citaram roteiros internacionais, e, dentre os destinos citados, está o
dos queijos franceses, encontrados em diferentes formas, sabores e manufaturas, e do vinho,
também na França; a colheita de pistilos de açafrão na Espanha, evento que mobiliza todo o
país e o mundo da gastronomia; o roteiro de degustação de vinhos no Chile, exemplo de
roteiro na América do Sul que consegue aproveitar de forma interessante a potencialidade
cultural de um produto típico tradicional da destinação turística; as regiões vinícolas da
França e Itália; a caça à trufa; e toda a Itália, a França, Portugal e a região da Califórnia nos
EUA, com alto nível de desenvolvimento cultural, social econômico. A França toda é um
roteiro e a Itália, também, com suas peculiaridades.
Dentre os roteiros no Brasil foram citados festivais, festas e alguns roteiros e destinos.
São eles:
- Oktoberfest em Blumenau, Santa Catarina, em que foram destacados a divulgação da
cultura de influência alemã, o incentivo ao turismo e a geração de empregos temporários.
64
- Os festivais gastronômicos de Goiás Velho, Pirenópolis e Nova Venza, nos quais foi
destacado o resgate das raízes dos descendentes, utilizando produtos do cerrado, mesmo
muitos sendo italianos. Quando apoio do governo estadual, é muito interessante. Quando
esse apoio não ocorre, passa em branco (Pirenópolis é citada três vezes; Goiás Velho, duas
vezes; e Nova Venza, uma).
- A Estrada Real teve duas citações; o Caminho dos Tropeiros teve uma; e a Região
Amazônica também foi citada.
Um respondente relata que a Abrasel lançou três livros da coleção denominada “Os
Caminhos do Sabor”, com levantamentos gastronômicos: ao longo da estrada real; da rota dos
tropeiros, que sai de Viamão-RS e vai até Sorocaba-SP; e dos caminhos do Norte e Nordeste
do Brasil. Uma agência de turismo cultural chamada “Chão Nosso”, de São Paulo, participou
da promoção Brasil Sabor através da formação de roteiros comerciais a partir da pesquisa
realizada para a publicação dos livros.
Vinícolas do Sul, na serra gaúcha, onde foi destacado com um bom trabalho no turismo
enogastronômico, teve quatro citações, e o roteiro do vinho do Vale do São Francisco teve
uma citação.
O Festival de Gastronomia de Tiradentes e a própria cidade tiveram nove citações.
Porém, considerou-se sua fraca contribuição para o desenvolvimento e a valorização da
cultura e da gastronomia local e nacional, que destaque para a culinária internacional.
Mesmo assim, demonstra a grande identificação da cidade com o turismo gastronômico.
Foi considerada a falta de incentivo político para o desenvolvimento do turismo
gastronômico nas cidades de Tiradentes, Parati, Petrópolis e Ouro Preto, além da grande
diversidade culinária (mineira, baiana, amazônica), porém com poucos roteiros. Por último,
cita-se Festa do Pequi, em Montes Claros, e faz-se ressalva sobre a riqueza do cerrado que
merece maior destaque.
6.14 Turismo e estabelecimentos gastronômicos relacionados aos produtos do cerrado as
cidades pesquisadas
As questões opinativas (abertas) dos questionários e a observação participante
mostraram que a influência na gastronomia do cerrado é maior em determinadas cidades. É o
caso de Belo Horizonte, que tem a menor influência do cerrado em relação às outras cidades
pesquisadas, Goiânia, Pirenópolis e Montes Claros.
65
Observou-se que, em Goiânia, a culinária com produtos do cerrado está bem presente, o
pequi é o mais apreciado, sorvetes de várias frutas do cerrado são comercializados pela cidade
e foi citado até mesmo o interesse de japoneses pelas frutas e pelos sorvetes do cerrado,
confirmando a teoria pela qual Silva (2001) diz que, na maioria das vezes, os frutos do
cerrado são comercializados e consumidos in natura ou beneficiados artesanalmente pela
indústria caseira na forma de geléia, sorvetes, doces e outros, ao mesmo tempo. Uma das
poucas exceções em relação à afirmação do autor é a Sorveteria Frutos do Cerrado, em
Goiânia, mostrada na FIG 7, que hoje tem uma produção bem maior que uma indústria
caseira.
FIGURA 7 - Sorveteria Frutos do Cerrado: letreiro do
estabelecimentos e exemplos de produtos ofertados
Fonte: Coelho, D. S.
66
O goianiense acredita que o turista tem grande interesse pela gastronomia do cerrado. O
mesmo acontece em Pirenópolis, cidade com apelo turístico que utiliza muito os produtos do
cerrado como oferta gastronômica para o turismo, como mostra a FIG 8.
FIGURA 8 - Restaurantes típicos em Pirenópolis
Fonte: Coelho, D. S.
Em Pirenópolis hoje é desenvolvido um trabalho com o baru e outros produtos do
cerrado. São produzidos pães, barrinhas de cereais e outras guloseimas, mas seu idealizador
ainda reclama do pouco apoio e da resistência de grande parte das pousadas em oferecer seus
produtos, além de acreditar no potencial dos produtos do cerrado como opção para a
gastronomia local e como atrativo turístico. A FIG 9 mostra o local dessa produção.
67
FIGURA 9 - Beneficiamento do baru e exemplos destes
produtos beneficiados.
Fonte: Coelho, D. S.
Em Montes Claros os frutos do cerrado são muito presentes e o pequi é uma paixão
regional. Nota-se, porém, que os entrevistados dessa cidade, apesar de acreditarem no
potencial da biodiversidade do cerrado, acham que somente isto é pouco para desenvolver o
turismo na cidade. Acham que as festas do pequi atraem um público bem regional e que a
cidade atrai poucos turistas. Observa-se que poucos restaurantes típicos e muitas
churrascarias, mas que os produtos do cerrado estão na mesa do dia-a-dia do cidadão de
Montes Claros, e a Cooperativa Agroextrativista Grande Sertão desenvolve importante
trabalho com polpa de frutos e divulgação dos produtos do cerrado (ver FIG 10).
O mercado de Montes Claros, mostrado na FIG 11, oferece uma grande variedade de
produtos do cerrado e já é um lugar de grande diversidade cultural, sendo assim um atrativo
turístico, o que leva a concordar com Barreto et al (2001, p.31), segundo os quais existe a
68
dualidade do turista, que pode ser curioso, ávido a conhecer a culinária local, ou resistente ao
exótico e desconhecido.
FIGURA 10 - Produtos do cerrado da Cooperativa Agroextrativista Grande Sertão em
Montes Claros
Fonte: Lima. Cláudio
18
18
Lima. Cláudio Disponível em:
http://professorclaudiolima.blogspot.com/2008_03_01_archive.html
, Acesso em: 15 nov. 2008
69
FIGURA 11 - O Mercado de Montes Claros que comercializa diversos produtos do cerrado
Fonte: Disponível em:
http://66.249.128.91/showthread.php?t=591290
, Acesso em: 15 nov. 2008
Em Belo Horizonte nota-se uma maior distância da cidade em relação aos produtos do
cerrado. Poucos restaurantes utilizam as iguarias e muita gente não conhece os produtos.
Atualmente, na região da Pampulha, existe uma sorveteria com frutas do cerrado. Dentre os
entrevistados nota-se que grande interesse pelos produtos do cerrado, e que muitos
acreditam no potencial gastronômico e atrativo destes produtos.
70
FIGURA 12 - Frutas do cerrado Araticum, amora preta,
ananás, pêra do cerrado
Fonte: Disponível em:
http://www.todafruta.com.br/todafruta/noticias_su.asp?menu=666,
Acesso em: 15 nov. 2008
FIGURA 13 - Frutas do CerradoBuriti, palmito guariroba, baru, palmito da mata, pequi e
cajuzinho do cerrado.
Fonte: Disponível em: http://www.todafruta.com.br/todafruta/noticias_su.asp?menu=666,
Acesso em: 15 nov. 2008
71
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo mostrou o grande potencial de produtos do cerrado como base para o
desenvolvimento de uma gastronomia capaz de contribuir para o desenvolvimento turístico
das cidades localizadas nesse extenso bioma. Por meio de pesquisas realizadas com um grupo
de especialistas (experts, gestores e acadêmicos) com notório conhecimento em gastronomia e
turismo, pode-se detectar produtos e frutos do cerrado mais propícios de utilização nessa
gastronomia.
De acordo com os resultados da pesquisa, observa-se que os entrevistados acreditam
no potencial turístico e gastronômico do cerrado, demonstrando que seus produtos despertam
grande curiosidade nas pessoas, nos turistas. Em contrapartida, nota-se que existe pouco
incentivo dos órgãos públicos e também dificuldade de produção e distribuição dos produtos
do cerrado, concordando com Fagliari (2005) que diz que, no Brasil, pouco incentivo
governamental para o desenvolvimento de atrativos gastronômicos. Resultando na dificuldade
de aquisição dos produtos e também na limitação da utilização em restaurantes e outros
estabelecimentos que trabalham com alimentos e bebidas. Através deste trabalho observou-se
nas cidades pesquisadas que, mesmo com todo o recurso do cerrado, ainda existem poucos
restaurantes típicos.
Em Goiás existe um número maior de casas que utilizam os produtos do cerrado, a
sorveteria Frutos do Cerrado já está presente também em Belo Horizonte, na região da
Pampulha. Em Montes Claros, mesmo com todo conhecimento da comunidade sobre os
produtos do cerrado, o que predomina são churrascarias, e até para comer o conhecido arroz
com pequi é mais comum encontrá-lo nas casas de família que nos restaurantes. Existe um
apelo por produtos brasileiros que hoje despertam a curiosidade de chefes de cozinha
brasileiros e estrangeiros. Restaurantes temáticos com produtos do cerrado seriam uma
estratégia viável.
Algumas cidades, como Japonvar, no Norte de Minas, já criaram sua identidade
baseada em algum aspecto da biodiversidade do cerrado. Japonvar é considerada a capital do
Pequi. o pequi é coletado e beneficiado, o que desencadeou um processo de inclusão social
e também a facilidade de se obter o pequi processado ou o seu óleo. Diversos pequenos
produtores e associações demonstram que hoje esta iniciativa oferece produtos gastronômicos
do cerrado, organizaram-se e formaram cooperativas. Isso é benéfico, pois facilita a aquisição
e a divulgação da riqueza do cerrado.
72
Quanto à fauna, hoje existem empresas especializadas, criatórios legalizados de
animais silvestres que fornecem carne de animais do cerrado como a ema, a paca, a queixada
e outros. Dessa forma, podem-se encontrar essas iguarias em alguns restaurantes.
Alguns frutos do cerrado como o pequi e o baru, possuem prestígios consolidados,
porém outros com grande potencial gastronômico são pouco conhecidos. De acordo com a
pesquisa, tanto os produtos com fama consolidada como os pouco conhecidos podem ser
trabalhados adequadamente e, com a criatividade dos chefes de cozinha, transformados em
atrativos turísticos extraordinários.
Após a constatação do potencial turístico e gastronômico do cerrado, pode-se investir
na criação de roteiros organizados tendo como eixo temático essa gastronomia e as diversas
cidades inseridas no cerrado brasileiro identificadas a ela. Acredita-se que se pode
desenvolver um roteiro extraordinário, do ponto de vista da motivação, de turismo
gastronômico no Brasil.
Neste trabalho, realizaram-se pesquisas em Belo Horizonte e Montes Claros, em
Minas Gerais, e em Goiás, nas cidades de Goiânia e Pirenópolis. Na cidade de Belo
Horizonte, o cerrado se mostra menos evidente que nas outras utilizadas como objeto de
estudo desta pesquisa, mas a cidade foi escolhida devido à facilidade logística na coleta de
dados e por ser destaque nacional tanto na área acadêmica voltada para pesquisas em turismo
como área de gastronomia.
Uma das lacunas deste trabalho foi a não inclusão de um estudo do mercado e da
demanda pelos produtos do cerrado.
As questões que quantificaram o potencial dos produtos do cerrado foram geralmente
bem avaliadas. Em contrapartida, foram mal avaliadas as questões relacionadas a: políticas de
incentivo e valorização dos produtos do cerrado; manejo e coleta dos produtos; e
fornecimento dos produtos. Este resultado sugere a necessidade de que políticas públicas e
privadas destinadas a valorização, manejo, coleta, fornecimento e preservação dos produtos
do cerrado.
Mesmo com as dificuldades inerentes, a partir deste trabalho observa-se que, com
iniciativas do poder público junto às comunidades e empresas privadas, o cerrado pode ter
potencial para desenvolver um produto diferenciado e um novo roteiro de turismo
gastronômico.
Observa-se que mesmo com essas iniciativas, muitas outras devem ser tomadas,
estudos mais aprofundados em relação ao turismo, à biodiversidade e à gastronomia devem
ser feitos a partir deste trabalho. Seria produtivo incluir em novas pesquisas a cidade de
73
Brasília, devido à sua importância; fazer um levantamento dos diversos pratos típicos;
observar o potencial nas cidades menores para desenvolver os produtos gastronômicos do
cerrado, criando um roteiro gastronômico diferenciado.
Os resultados deste trabalho podem servir de ponto de partida para que se faça um
levantamento mais detalhado dos hotéis, restaurantes e outros recursos turísticos que utilizam
a biodiversidade do cerrado.
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
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79
APÊNDICE: Modelos de questionários aplicados nas cidades
QUESTIONÁRIO Número: ________
Data: Local:
De acordo com os critérios de avaliação definidos após os quadros a seguir, marque as
opiniões.
1) Em sua opinião como você avalia a oferta gastronômica de frutas do cerrado, nos seguintes
aspectos:
1 2 3 4 5
Aceitação do público consumidor
Variedade de produtos do cerrado oferecidos
Aquisição dos produtos do cerrado e Fornecedores
Utilização dos produtos do cerrado em Restaurantes e
outros estabelecimentos de alimentos e bebidas.
Critérios de avaliação: 1 - Péssimo; 2 - Ruim; 3 - Aceitável; 4 - Bom; 5 - Ótimo
2) De acordo com sua experiência, avalie o potencial gastronômico dos produtos abaixo:
1 2 3 4 5
Amora-Preta
Ananás
Araticum
Baru
Buriti
Cajuzinho do Cerrado
Guariroba
Palmito-da-mata
Pequi
Pêra-do-cerrado
Critérios de avaliação: 1 = nada importante; 2 = ligeiramente importante;
3 = moderadamente importante; 4 = importante; 5 = muito importante
3) Você conhece algum outro produto, tanto da fauna como flora do cerrado, com potencial
para aproveitamento gastronômico? Qual e como poderá ser aproveitado?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
80
4) Avaliar a importância da utilização da biodiversidade do cerrado nos seguintes aspectos:
1 2 3 4 5
Influência no turismo
Beneficiamento de produtos, em que ocorra utilização da
mão-de-obra local e inclusão social
Manejo dos produtos e conservação da biodiversidade
Exploração dos produtos gerando desenvolvimento local
Capacitação da mão-de-obra local para exploração dos
recursos
Critérios de avaliação: 1 = nada importante; 2 = ligeiramente importante;
3 = moderadamente importante; 4 = importante; 5 = muito importante
5) Os produtos do cerrado atraem a curiosidade do turista? Sim Não.
6) Avaliar o aproveitamento atual dos frutos do cerrado desta cidade:
1 2 3 4 5
Quantidade de produtos existentes
Utilização nos restaurantes
Políticas de incentivo
Facilidade de aquisição do produto
Critérios de avaliação: 1 - Péssimo; 2 - Ruim; 3 - Aceitável; 4 - Bom; 5 - Ótimo
7) Avaliar o aproveitamento atual dos frutos do cerrado para o Brasil:
1 2 3 4 5
Quantidade de produtos existentes
Utilização nos restaurantes
Políticas de incentivo
Facilidade de aquisição do produto
Critérios de avaliação: 1 - Péssimo; 2 - Ruim; 3 - Aceitável; 4 - Bom; 5 - Ótimo
8) O turismo gastronômico já é uma realidade no Brasil?
9) Você poderia citar exemplo concreto de algum roteiro gastronômico que merece destaque?
Qual? Por que merece destaque?
10) Qual é sua experiência profissional em relação à biodiversidade (produtos) do cerrado:
Nenhum Pouca Média Alta
81
PERFIL DOS ENTREVISTADOS (ACD)
1 Origem: UF:
2 Local de trabalho Universidade Nível (tec.; grad.; pós):
3 Sexo: ( ) M ( ) F
4 Experiência na área acadêmica relacionada ao turismo e/ou a Alimentos e Bebidas:
( ) até 5 anos ( ) Entre 5 e 10 ( ) mais de 10
5 Experiência em outras áreas relacionadas à gastronomia
( ) Não possui ( ) Empresa particular ( ) Empresa pública
5 Cargo atual
( ) Professor ( ) Cordenador de
curso
( ) Diretor ou
cargos superiores
( ) Pesquisador
6 Escolaridade :
( ) Superior ( ) Especialista ( ) Mestre ( ) Doutor
7 Formação específica na área relacionadas ao turismo e/ou Alimentos e Bebidas:
Descrever local e tipo de formação:
PERFIL DOS ENTREVISTADOS (EXP)
1 Origem: _________________________UF: _________
2 Local de trabalho ________________UF: _________
3 Sexo: ( ) M ( ) F
4 Experiência na área de gastronomia :
( ) até 5 anos ( ) Entre 5 e 10 ( ) mais de 10
5 Experiência em outras áreas relacionadas ao turismo
( ) Não possui ( ) Empresa particular ( ) Empresa pública
5 Cargo atual
( ) Sócio
proprietário
( ) Chefe de cozinha
( ) Administração
pública
( ) Academia
6 Escolaridade :
( ) Até segundo grau ( ) Técnico ( ) Superior ( ) Especialista
( ) Mestre ou Doutor
7 Formação específica na área:
Descrever local e tipo de formação:
82
PERFIL DOS ENTREVISTADOS (GET)
1 Origem: _________________________UF: _________
2 Local de trabalho _________________Empresa (públ.; privada) _________
3 Sexo: ( ) M ( ) F
4 Experiência na área relacionada ao turismo e/ou Alimentos e Bebidas:
( ) até 5 anos ( ) Entre 5 e 10 ( ) mais de 10
5 Experiência em outras áreas relacionadas ao turismo e gastronomia :
( ) Não possui ( ) Empresa particular ( ) Empresa pública
5 Cargo atual
( ) Empresário ( ) Funcionário ou
gestor de empresa
pública
( ) Funcionário ou
gestor de empresa
privada
( ) Outros
Especificar:
6 Escolaridade :
( ) Até segundo grau ( ) Técnico ( ) Superior ( ) Especialista
( ) Mestre ou Doutor
7 Formação específica na área relacionada ao turismo e/ou Alimentos e Bebidas:
Descrever local e tipo de formação:
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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