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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NEUROPLASTICIDADE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
CARLOS EDUARDO HOMOBONO PINTO
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2010
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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NEUROPLASTICIDADE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
CARLOS EDUARDO HOMOBONO PINTO
Por exigência curricular do curso de Pós-Graduação
“Lato Sensu” em Neurologia e Neurofisiologia
aplicada à Reabilitação.
Orientadora:
Lucianne Fragel Madeira
Prof
a
Pós-Doutora
Rio de Janeiro, 17 de maio de 2010
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3
AGRADECIMENTOS
- Primeiramente a Deus, força soberana e imprescindível em minha vida;
- A minha orientadora e amiga, Prof. Dra. Lucianne Fragel Madeira que através do seu
incrível conhecimento e experiência, acreditou no meu potencial, e, através de sua
invejável sabedoria e dedicação, me espelho para alcançar o sucesso;
- Aos professores: Dra. Ana Lúcia Zuma de Rosso, Ms. Cláudia Drummond, Dr. Jorge
Mamede de Almeida, Dr. Luiz Antônio Alves Duro, Dr. Marcos Quinhones Schimidt,
Profa. Maria de Fátima Palmieri Meirelles, Ms. Raquel Staerke Calvano, Dra. Sueli
Barbosa Thomaz, Dra. Tânia Regina Dias Saad Salles, Dr. Walter Machado Pinheiro,
Dr. Luiz Baptista, pela dedicação e amor ao ENSINO;
- À coordenação da Pós-Graduação por todo empenho;
- Aos meus Amigos de turma, por manter esse vínculo de amizade que tanto prezo;
- A minha querida Ana Lucia de Almeida Oliveira por estar sempre ao meu lado;
- E principalmente a minha família, que sem a qual, não conseguiria essa tão sonhada
conquista;
Enfim, a todos que contribuíram para a realização desta monografia.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia...
... a minha avó Therezinha Leite Homobono, por
estar sempre ao meu lado, por se preocupar com o
meu bem-estar e me proporcionar mais essa
oportunidade para o crescimento do meu intelecto.
... a minha mãe Angela Leite Homobono Pinto, por
motivar e me apoiar em todas as minhas decisões,
por sempre lutar ao meu lado acreditando no meu
sucesso.
... a minha irmã Ana Paula Homobono Pinto, por
servir de exemplo de dedicação e compromisso.
... a minha querida Ana Lucia de Almeida Oliveira,
pela paciência e compreensão durante esta jornada.
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... enfim, a essas mulheres que são a base de todas as
minhas conquistas.
“Não devemos ter medo dos confrontos... Até os planetas se
chocam, e do caos nascem às estrelas.”
Charles Chaplin
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AIT Acidente Isquêmico Transitório
AVC Acidente Vascular Cerebral
AVEH Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico
AVEI Acidente Vascular Encefálico Isquêmico
AVE Acidente Vascular Encefálico
DCbV Doença Cerebrovascular
DCNT Doenças Crônicas não Transmissíveis
DCV Doença Cardiovascular
DIC Doença Isquêmica do Coração
DM Diabetes Mellitus
HA Hipertensão Arterial
HSA Hemorragia Subaracnóide
LCR Líquido Céfalorraquidiano
LTD Depressão à Longo Prazo
LTP Potenciação à Longo Prazo
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
PA Pressão Arterial
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Periférico
SPECT Single Photon Emission Computed Tomography
TC Tomografia do Crânio
7
RESUMO
O presente estudo discute como a neuroplasticidade pode auxiliar no processo de
reabilitação motora em indivíduos acometidos por acidente vascular encefálico, bem como
seus conceitos, efeitos neurofisiológicos, tratamento e seu impacto epidemiológico.
Investigaremos se o rebro reage de forma positiva mediante a ação neuroplástica na
reabilitação e, se esta plasticidade do sistema nervoso auxilia no processo de recuperação
funcional para uma melhor qualidade de vida. Estudos advogam que a neuroplasticidade
viabiliza a recuperação do paciente acometido por acidente vascular encefálico e que a
reabilitação física, adequadamente aplicada, proporciona melhoras significativas no processo
de readaptação de resposta motores emitidas. Portanto, verificamos se a ação neuroplástica,
quando associada à reabilitação, proporciona respostas neurofisiológicas positivas que são
fundamentais na recuperação destes pacientes. Após a revisão bibliográfica pudemos concluir
que a neuroplasticidade atua de forma positiva na recuperação de pacientes acometidos por
AVE e, que a reabilitação é uma poderosa arma terapêutica no tratamento destes pacientes.
Entretanto, novas investigações devem ser propostas no que diz respeito ao acidente vascular
encefálico, neuroplasticidade e reabilitação física.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................9
CAPÍTULO I
1. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO....................................................................11
1.1 CONCEITO .......................................................................................................................11
1.2 EPIDEMIOLOGIA E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .................................12
1.3 TIPOS DE AVE ................................................................................................................14
1.3.1 Acidente vascular isquêmico..................................................................................16
1.3.2 Acidente vascular hemorrágico.............................................................................17
1.4 TRATAMENTO ...............................................................................................................18
CAPÍTULO II
2. NEUROPLASTICIDADE...............................................................................................21
2.1 CONCEITO ......................................................................................................................21
2.2 MECANISMOS DE AÇÃO NEUROPLÁSTICA............................................................23
2.3 NEUROPLASTICIDADE E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO........................26
CAPÍTULO III
3. REABILITAÇÃO MOTORA.........................................................................................29
3.1 CONCEITO .....................................................................................................................29
3.2 RESPOSTA NEUROPLASTICA NA REABILITAÇÃO ..............................................30
3.3 REABILITAÇÃO E RECUPERAÇÃO FUNCIONAL NO ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO ..................................................................................................................31
CONCLUSÃO ........................................................................................................................35
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................37
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como tema a neuroplasticidade pós acidente vascular
encefálico, assim, buscamos responder como ocorre a plasticidade neural no indivíduo
acometido por acidente vascular encefálico. Temos como objetivo analisar como a
neuroplasticidade pode auxiliar no processo de readaptação para uma melhor qualidade vida
e, especificamente, delimitar conceitos fisiológicos da plasticidade neural e como o cérebro
reage mediante a ação neuroplástica na reabilitação. Este estudo apresenta como hipótese, a
viabilização da recuperação do paciente acometido pelo acidente vascular encefálico através
da plasticidade do sistema nervoso central, e, a reabilitação como método de tratamento
adequadamente aplicado proporcionando melhoras significativas no processo de readaptação
de respostas motoras emitidas.
A doença cerebrovascular (DCbV) é uma das principais causas de morte no Brasil, é a
terceira causa de morte nos EUA, e uma das maiores causas de desabilidades em países
industrializados, sendo considerada também uma das causas mais freqüentes de morte no
mundo (DIAS, 2006). Lotufo (2000) destaca que no Brasil, a doença cerebrovascular é
responsável por mais óbitos que a doença coronária nos últimos 40 anos. Kaiser (2004) reitera
que as doenças cerebrovasculares respondem por 32% das mortes a cada ano. No Brasil, a
distribuição dos óbitos por doenças do aparelho circulatório vem apresentando grande
importância entre adultos e jovens, sendo considerado o acidente vascular encefálico (AVE) a
principal doença circulatória, representando a primeira causa de morte e incapacidade em
indivíduos adultos, conforme estatísticas (DIAS, 2006; GAGLIARDI e cols, 2001). Dias
10
ainda destaca que o AVE constitui um importante problema de saúde pública, sendo
responsável por uma grande proporção da carga de doenças neurológicas. Azevedo e
cols(2008) informam também que o AVE é uma das maiores causas de morbidade,
mortalidade e seqüelas nos países industrializados.
No que se refere à melhoria das condições gerais de qualidade de vida de pessoas
acometidas pelo AVE, é possível reconhecer que mudanças nos hábitos de vida são capazes
de tornar possíveis mudanças concorrentes à nova condição de saúde. Os exercícios físicos,
dieta e o medicamento prescrito pelo profissional de saúde são medidas auxiliadoras que não
minimizam os efeitos indesejáveis do AVE, como também atuam na sua prevenção. Além
disso, proporcionam uma melhora na qualidade de vida dessas pessoas independente de
patologias. Devido a seus efeitos fisiológicos, psicológicos, emocionais e sociais, Cancela
(2008) diz que existe três tipos de tratamento do AVE que são: a prevenção, a terapia
imediatamente após o acidente vascular e a reabilitação pós-AVE. A aderência ao tratamento,
com base não nos medicamentos, mas também nos cuidados alimentares e programas de
atividade física, depende da educação do indivíduo por uma equipe multiprofissional.
Com base nas informações apresentadas aqui, abordaremos, no primeiro capítulo, o
conceito de acidente vascular encefálico, os seus tipos, a fisiopatologia do AVE isquêmico e
hemorrágico, o seu tratamento e impacto como fator epidemiológico. No capítulo II,
apresentaremos os conceitos de neuroplasticidade, os seus mecanismos de ação e sua atuação
nos pacientes acometidos por AVE. No capítulo III, informaremos os conceitos de
reabilitação, a ação da neuroplasticidade no processo reabilitatório, bem como a recuperação
funcional dos pacientes acometidos por acidente vascular. O desenvolvimento desses
capítulos é o que veremos a seguir.
11
CAPITULO I
1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
1.1 CONCEITO
Segundo Mausner e cols (1999), o acidente vascular encefálico (AVE), mais
conhecido como acidente vascular cerebral (AVC), é uma expressão que se refere a um
complexo de sintomas de deficiência neurológica, que duram pelo menos vinte e quatro horas
e resultam de lesões cerebrais provocadas por alterações na irrigação sanguínea. Cancela
(2008) diz que o AVE é uma doença caracterizada pelo início agudo de um déficit
neurológico, que reflete no envolvimento focal do sistema nervoso central como resultado de
um distúrbio na circulação sanguínea cerebral. Baseada na Organização Mundial de Saúde
(OMS), Prado (2004) diz que essa doença tem suposta origem vascular, de rápido
desenvolvimento, podendo causar hemiplegia que, segundo Machado (2003), é a ausência
total da força muscular em todo um lado do corpo levando a uma sequela incapacitante
decorrente do sistema nervoso central. Zamberlan (2007) reitera que a hemiplegia, ou seja, a
paralisia dos músculos contra lateral ao lado afetado do encéfalo dificulta muito às atividades
de vida diária tais como, vestir-se, alimentar-se, fazer a higiene pessoal e locomover-se.
Schuster e cols. (2007) destaca que a disfunção motora provocada pelo AVE é um dos
problemas freqüentemente encontrado nesse tipo de quadro clínico, que refletirá em uma
marcha cujos parâmetros mensuráveis tais como, velocidade, cadência, simetrias, tempo e
comprometimento de passo e passada, serão deficitárias. O AVE recorrente é considerado a
segunda causa mais comum de demência, sendo esta demência comumente reconhecida como
12
uma conseqüência imediata do acidente cerebrovascular, em que ocorre um declínio
intelectual mensurado após um ou mais eventos isquêmicos (OLIVEIRA, 2001). As chances
de se ter um AVE aumentam consideravelmente quando se fala em fatores de risco e que,
segundo Cancela (2008), esses fatores podem se atenuados com tratamento médico ou
mudanças no estilo de vida. Os principais fatores de risco são arterioesclerose, hipertensão
arterial, tabagismo, colesterol elevado, diabetes mellitus, obesidade, hereditariedade,
sedentarismo, dentre outras que são menos freqüentes, como doença inflamatória das artérias,
alguns tipos de reumatismo, uso de drogas como a cocaína, doenças do sangue e da
coagulação sanguínea.
1.2 EPIDEMIOLOGIA E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
De acordo com os dados da OPAS/OMS (2003), as doenças isquêmicas do coração (DIC)
e as doenças cerebrovasculares matam mais de 12 milhões de pessoas (7,2 e 5,5 milhões por
causa das DIC e das DCbV respectivamente) anualmente no mundo. Além disso, cerca de 3,9
milhões de pessoas morrem por complicações decorrentes da hipertensão arterial (HA) e de
cardiopatias a cada ano. Complicações decorrentes do diabetes mellitus (DM), que é definida
como uma doença crônica que compromete o metabolismo dos carboidratos, proteínas e
gorduras, caracterizada pela elevação dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia) e pela
excessiva excreção de açúcar na urina (glicosúria), eleva o número de óbitos, chegando a
17milhões (HOMOBONO, 2007; WILMORE e COSTILL, 2003; GUYTON e HALL, 2002).
Segundo Oliveira (2001), a doença cerebrovascular é uma das principais causas de morte
no Brasil, é a terceira causa de morte nos Estados Unidos da América e uma das maiores
causas de desabilidades em países industrializados, sendo considerada também uma das
13
causas mais freqüentes de morte no mundo. Dias (2006) através dos estudos de Chagas e
Monteiro (2004) e Rownland (1997), diz que o acidente vascular encefálico constitui um
importante problema de saúde pública, sendo responsável por uma grande proporção da carga
de doenças neurológicas. Anualmente falecem cerca de 10 milhões de pessoas devido a
doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Em Portugal, as doenças cerebrovasculares e a
doença isquêmica representam as principais causas de morbidade, invalidez e mortalidade, se
enquadrando como a terceira e quarta causas de anos de vida potencialmente perdidos. O
AVE constitui a principal causa de óbito no país (a cada três AVEs, um é fatal), sendo que as
doenças cerebrovasculares são a causa de mais de 50% das mortes. Por outro lado, as doenças
cardiovasculares são a principal causa de internamento hospitalar (OLIVEIRA e cols, 2007).
No Brasil, a distribuição dos óbitos por doenças do aparelho circulatório vem
apresentando grande importância entre adultos e jovens, sendo considerado o acidente
vascular encefálico, a principal doença circulatória o qual representa a primeira causa de
morte e incapacidade em indivíduos adultos (DIAS, 2006). Em suas diversas formas de
apresentação, essa doença constitui uma emergência neurológica, onde, o tempo decorrido
entre o acidente e o atendimento é fundamental para garantir um melhor prognóstico ao
paciente (GAGLIARDI e cols., 2001). O impacto social causado pelo AVE gera um número
significativo de casos onde é necessária mudança com reintegração familiar, assim como o
recurso a cuidados de apoio domiciliário e institucionalização.
Cerca de 75% das doenças DCbV podem ser atribuídas aos fatores de risco: tabagismo,
hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, peso excessivo, pouco consumo de frutas
e verduras, e à falta de exercícios físicos (PIMENTA, 2009). Além dos acima citados, no
Brasil, também tem relação com risco para as doenças cerebrovasculares a idade (acima de 70
anos), raça (negra), etilismo crônico, cardiopatias emboligênicas, doenças estenosantes das
14
carótidas, hiper-hemocisteinemia, uso de anticoncepcionais orais e estresse emocional
(BRASIL, 2006). Calcula-se que 80% dos casos de doenças cerebrovasculares e doenças
isquêmicas do coração, poderiam se evitados através de mudanças comportamentais como
hábitos alimentares mais saudáveis, a prática regular de atividade física, e o abandono do
fumo (OPAS/OMS, 2003).
Vários pesquisadores brasileiros dedicados ao estudo das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) têm chamado atenção para as conseqüências da falta de um controle
eficaz dos fatores de risco para essas doenças, frente ao aumento constante das DCbV no
Brasil nas últimas décadas. E a expectativa é que a situação se agrave justamente nas áreas
mais pobres do país. Reiterando essa afirmação, André e cols. (2007), diz que um controle
inadequado dos fatores de risco cardiovasculares clássicos, se mantido nas próximas décadas,
pode contribuir para um aumento desnecessário do número de mortes atribuíveis a AVC’s.
(LAURENTI, 1976; LOLIO, 1986; LOTUFO, 2004 apud Pimenta, 2009)
1.3 TIPOS DE AVE
Martins (2006) diz que as lesões cerebrais ocorridas devido a essa patologia, são
provocadas por um infarto devido à isquemia ou hemorragia, comprometendo a função
cerebral, que pode ocorrer de forma súbita em virtude dos fatores de risco vascular ou por
defeito neurológico (aneurisma). O sinal clínico que ocorre em razão de uma perturbação
focal da função cerebral secundário à obstrução ou hemorragia de vasos sanguíneos, e que,
depende dos mecanismos que o originou, determina que o AVE divide-se em dois tipos:
acidente vascular encefálico do tipo isquêmico, que é causado por obstrução de uma das
artérias cerebrais por êmbolo ou ateroma que sai do coração em direção aos vasos do pescoço,
15
ou, acidente vascular do tipo hemorrágico, que ocorre no cérebro, causado por ruptura de
vasos sanguíneos (CANCELA, 2008; VENTRELLA e cols, 2006; ADAMS e cols., 1987).
Em sua fisiopatologia, Rocha e Silva e cols. (2003) dizem que o tecido nervoso
depende totalmente do aporte sanguíneo para que as células nervosas se mantenham ativas,
uma vez que não possuem reservas energéticas. A interrupção da irrigação sanguínea e a
conseqüente falta de glicose e oxigênio necessários ao metabolismo provoca uma diminuição
ou parada da atividade na área do cérebro afetada. Ainda para a Rocha e Silva e cols. (2003),
se essa interrupção do sangue demorar menos de três minutos, a alteração é reversível, no
entanto, se ultrapassar os três minutos, a alteração funcional pode ser irreversível, provocando
necrose do tecido nervoso. Assim, tendo como causa líder de incapacidade em adultos, o
acidente vascular encefálico traz conseqüências funcionais dos déficits primários
neurológicos, predispondo aos sobreviventes um padrão de vida sedentário com limitações
para as atividades de vida diária e reserva cardiológica reduzida (SCHUSTER e cols, 2007).
Entretanto, existem outros subtipos que se associam ao acidente vascular do tipo
isquêmico e hemorrágico, que estão compreendidos em: AVE isquêmico com subtipos
lacunar, trombólico e embólico e AVE hemorrágico com subtipos intracerebral,
subaracnóide, intravascular e subdural (CANCELA 2008). Existem outros tipos de AVE que
são menos freqüentes, como doenças inflamatórias das artérias, alguns tipos de reumatismo,
uso de drogas como a cocaína, doenças do sangue e da coagulação sanguínea (CANCELA,
2008). Também existe o Acidente Isquêmico Transitório (AIT), que não são menos
importantes visto que cerca 1/3 dos indivíduos que sofrem deste tipo de isquemia transitória,
tendem a sofrer um acidente vascular encefálico dentro dos próximos cinco anos (MARTINS,
2006),
16
O enfoque de desenvolvimento deste estudo refere-se ao Acidente vascular encefálico
e seus subgrupos isquêmicos e hemorrágicos, sem aprofundar nos seus subtipos.
1.3.1 Acidente vascular isquêmico
Del Zoppo apud Evaristo (2007) informa que 80% dos casos de AVE são do tipo
isquêmico (AVEI), e em sua maioria, oclusão tromboembólica arterial correspondente à
manifestação neurológica. Prado (2004) diz que o infarto cerebral por trombose ou embolia, é
responsável por 70% dos diagnósticos de isquemia, onde, essa patologia causa danos às
funções neurológicas, podendo acarretar em diversas deficiências clínicas como, danos às
funções motoras, sensitivas, cognitivas, perceptivas e da linguagem. A isquemia é o processo
durante o qual um tecido não recebe os nutrientes (glicose, proteínas, vitaminas, enzimas,
etc), e em particular o oxigênio, que são indispensáveis ao metabolismo das células
(CANCELA, 2008; BAPTISTA-SILVA, 2004). A isquemia pode ser total quando o fluxo
arterial for insuficiente para manter a vida celular ou tecidual, ou parcial que mantém a
viabilidade celular, porém com risco de evoluir para morte celular dependendo da nobreza do
tecido e do tempo em isquemia. Já a hipóxia é somente a diminuição de oferta de oxigênio aos
tecidos, mas, também é lesiva aos tecidos (BAPTISTA-SILVA, 2004)
Dentre os AVEI’s, a artéria mais afetada é a cerebral média, no qual, o quadro clínico
compreende a perda de movimentos voluntários do lado oposto do corpo caracterizando uma
hemiplegia, com aumento dos movimentos reflexos (hiperreflexia), podendo-se ainda
observar problemas na linguagem (CAVALHEIRO, 1993). Algumas reações metabólicas são
consideradas importantes por estarem envolvidas com o mecanismo fisiopatológico da lesão
cerebral isquêmica. Destas reações destacam-se a depleção energética, o distúrbio
homeostático de Ca
++
, a liberação de neurotransmissores excitatórios, a formação de radicais
17
livres, e a degradação de fosfolipídeos, que são exemplos das reações iniciadas durante a
isquemia (DJURICIC e cols., 1983; SIESJÖ, 1981; GLOBUS e cols., 1988; AGARDH e
cols., 1991, MEYER e cols., 1986 e KIRINO e SANO 1984, apud OLIVEIRA, 2001).
Através de estudos experimentais com animais, é possível o prolongamento da
isquemia para 20 a 30 minutos. Desta forma, ocorre degeneração precoce dos neurônios
piramidais da área CA1 do hipocampo dorsal, em decorrência dos mecanismos mediadores da
morte imediata antes que os eventos pertinentes à morte neuronal tardia possam atingir sua
expressão completa (OLIVEIRA, 2001). Silva e cols. (2005), dizem que diante da suspeita de
AVE, alguns exames são utilizados para a confirmação do diagnóstico. Entre eles estão a
tomografia computadorizada do crânio, que identifica a natureza isquêmica ou hemorrágica
da doença vascular e informa a extensão e topografia da lesão; o exame do líquido
cefalorraquidiano, nos casos de suspeita de hemorragia subaracnóide; e a ressonância
magnética encefálica, que é o exame que apresenta melhores resultados que a tomografia nas
primeiras 24 horas para o AVE isquêmico especialmente no território vértebro-basilar.
1.3.2 Acidente vascular hemorrágico
Para Prado (2004) e Evaristo (2007), o acidente vascular encefálico do tipo
hemorrágico representa 20% dos diagnósticos de AVE. A hemorragia encefálica, mais do que
a isquemia, está relacionada principalmente com a hipertensão arterial (PA), onde, o aumento
gradativo da pressão nas artérias poderá resultar numa ruptura e, conseqüentemente numa
hemorragia (HABIB, 2000). O acidente vascular hemorrágico é um fenômeno inverso ao da
isquemia, onde, existe o extravasamento de sangue para fora dos vasos, denominando
hemorragia, em que, o sangue pode derramar para o interior do cérebro provocando uma
18
hemorragia intracerebral, ou para o espaço entre o cérebro e a membrana aracnóide,
provocando uma hemorragia subaracnóide (HSA) (CANCELA, 2008). Para Ventrella e cols.
(2006) o AVE hemorrágico é freqüentemente causado também por uma doença cardíaco-renal
hipertensiva, podendo apresentar como reações adversas, dores de cabeça fortes, vômitos e
perda de consciência.
Ventrella e cols. (2006) ainda dizem que as manifestações clínicas ocorrem antes dos
quarenta e cinco anos e após sessenta e cinco de idade, e que, em adultos jovens, a enxaqueca
é a causa mais encontrada. Parente e cols (2001) dizem que a hemorragia cerebral é uma
patologia com custos elevados após a alta (>50% do total), em razão da reabilitação, apoio
social, e continuidade com os cuidados. Incluso nestes custos a necessidade de exames,
como a angiografia cerebral que deve ser realizada nos casos de acidente vascular cerebral
hemorrágico de etiologia desconhecida (GAGLIARDI e cols., 2001). Outros exames de
imagem podem ser realizados conforme a necessidade, incluindo a angio-ressonância, o
Doppler transcraniano e o SPECT (“single photon emission computed tomography”). Além
dos exames supra-citados também existe o exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) que é
indicado nos casos de suspeita de hemorragia subaracnóidea com tomografia
computadorizada do crânio (TC) negativa e de vasculites inflamatórias ou infecciosas
(GAGLIARDI e cols., 2001).
Ainda para Gagliardi e cols. (2001) no acidente vascular cerebral hemorrágico,
recomenda-se realizar em caráter de emergência os seguintes exames sanguíneos:
hemograma, glicose, creatinina, uréia, eletrólitos, gasometria arterial, coagulograma e, antes
da alta hospitalar, frente a suspeita de trombose, a dosagem de colesterol total e frações,
triglicerídeos e fibrinogênio.
1.4 TRATAMENTO
19
Existem três tipos de tratamento do AVE que são a prevenção, a terapia imediatamente
após o acidente vascular e a reabilitação pós-AVE (CANCELA, 2008). A prevenção consiste
no controle dos fatores de risco do indivíduo, tais como a hipertensão, a fibrilação auricular e
a diabetes. A terapia preventiva deve visar três grandes objetivos:
Reduzir os fatores de risco para atenuar o processo patológico;
Prevenir AVE’s recorrentes pela remoção do processo patológico subjacente;
Minimizar os danos secundários do cérebro pela manutenção da perfusão adequada das
áreas marginais às áreas afetadas e redução de edemas (KISTLER et al apud PAIS-
RIBEIRO, 2005).
Para Dias (2006), baseado na história natural, a prevenção da doença é dividida em três
níveis: primário, secundário e terciário. A prevenção primária, feita no período da pré-
patogênese, desenvolve medidas de proteção específica do homem contra agentes patológicos
ou estabelece barreiras contra os agentes do meio ambiente (ASSUNÇÃO, 2003). Trata-se,
portanto, de um enfoque da promoção da saúde centrado no individuo, com uma projeção
para a família ou grupos, dentro de certos limites (BUSS, 2000). Na prevenção secundária, o
processo patológico está instalado (patogênese), portanto, a mesma se por meio do
diagnóstico precoce e tratamento imediato e adequado, procurando evitar as seqüelas e a
invalidez. Posteriormente, na presença de defeitos ou invalidez, atua-se na prevenção
terciária, por meio da reabilitação (ASSUNÇÃO, 2003).
Em relação à terapia imediatamente após o AVE, Pais-Ribeiro (2005) diz que estas
terapias tentam parar o acidente vascular encefálico enquanto este decorre dissolvendo
20
rapidamente os coágulos de sangue ou parando a hemorragia. Logo que se estabiliza a
situação clínica na chamada fase aguda inicia-se a reabilitação, que consiste em diferentes
técnicas que ajudam a recuperar o mais rápido possível, a função anterior. Quanto à
reabilitação pós-AVE, o seu propósito é superar as incapacidades provocadas pelo acidente.
três maneiras possíveis de o indivíduo com lesão cerebral poder recuperar as capacidades
funcionais perdidas: recuperação espontânea, restituição da função ou compensação perdida.
A reabilitação é possível graças à enorme capacidade do cérebro em aprender e mudar.
Portanto, essa aprendizagem e mudança com o objetivo de re-estabelecer funções até
então perdidas, no intuito de recuperação do movimento é reforçada pela idéia do cientista
Charles Sherrington em 1924 que diz:
“Tudo o que o ser humano consegue fazer é através do movimento.
Quer seja para produzir um fonema, quer seja para construir uma
cidade, que seja para desmatar uma floresta!”
Através dessa afirmação, podemos refletir e convencer-nos de que o sistema motor
pode transformar movimentos e pensamentos. É através deste sistema que conseguimos nos
comunicar, fazer-nos entender, destruir, construir, ler, escrever e assim, colocar o mundo em
movimento.
21
CAPÍTULO II
2. NEUROPLASTICIDADE
2.1 CONCEITO
Segundo Pascual-Leone e cols. (2005) “plástico” deriva do grego o (plastos), que
significa moldado. De acordo com o Oxford English Dictionary, ser plástico refere-se à
habilidade de passar por mudanças de forma. Ainda para Leone-Pascual, foi William James
em 1890, o primeiro a introduzir o termo ‘plasticidade’ nas Neurociências em referência à
susceptibilidade do comportamento humano para modificação. Para Cerise e cols. (2007)
plasticidade é o oposto de rígido, onde, este é um sistema que se comporta sempre da mesma
forma. Se esse sistema puder responder de forma diferente, levando em consideração
experiências passadas, então o chamamos de plástico. Ainda para Cerise e cols. (2007) a
memória é a base de todo o sistema de plasticidade porque consegue armazenar experiências
passadas, definindo esta, como a base de toda adaptação. A neuroplasticidade ou plasticidade
neural é definida como a capacidade do sistema nervoso em modificar sua estrutura e função
em decorrência dos padrões de experiência, e de se organizar frente ao aprendizado e a lesão
(HAASE e LACERDA 2004; LAUFER-BASS, s/d). Dennis (2000) diz que a
neuroplasticidade pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural
(configuração sináptica) ou funcional (modificação do comportamento).
O cérebro enquanto fonte do comportamento humano é moldado por modificações e
pressões do meio ambiente, mudanças fisiológicas e experiências. Este é o mecanismo para a
22
aprendizagem, o crescimento e o desenvolvimento. Modificações no input de qualquer
sistema neural, ou nas metas e/ou exigências de suas conexões eferentes, levam a uma
reorganização do sistema que poderia ser demonstrável aos níveis do comportamento,
anatomia e fisiologia, a aos veis celulares e moleculares (PASCUAL-LEONE e cols,
2005). Ramón y Cajal previu que com a aquisição de novas habilidades, o cérebro se
modificaria através de um rápido reforço de vias orgânicas pré-estabelecidas e de uma
formação posterior de novas vias (PASCUAL-LEONE e cols., 2005). Hipoteticamente, o
primeiro destes processos é de fato um requisito necessário para o desenvolvimento do
segundo, ou seja, a formação de novas vias só é possível depois do reforço inicial de conexões
pré-existentes. Portanto, a gama de mudanças plásticas é definida por conexões existentes,
que são o resultado do desenvolvimento neural geneticamente controlado, diferente entre os
indivíduos. O reforço de conexões existentes, por outro lado, é conseqüência de influências
ambientais, do input aferente e da demanda eferente (PASCUAL-LEONE e cols., 2005).
Laufer-Bass (s/d) diz que esta organização se relaciona com a modificação de algumas
conexões sinápticas, e que, a plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos
patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no funcionamento
normal do indivíduo. Os processos de modificação pós-natais em conseqüência da interação
com o meio ambiente e as conexões que se formam durante o aprendizado motor consciente
(memória) e inconsciente (automatismo) são exemplos de como funciona a neuroplasticidade
em indivíduos sem alteração do Sistema Nervoso Central. É importante salientar que estes
dois processos descritos acima necessitam da estimulação periférica para dar o feedback
neuromotor. Segundo Lundy-Ekman (2004) a neuroplasticidade inclui:
23
Habituação é uma das formas mais simples de plasticidade. É a diminuição na
resposta a um estímulo repetido. Os mecanismos celulares envolvidos na habituação
não foram elucidados. Entretanto, é sabido que uma diminuição na liberação de
neurotransmissores excitatórios, incluindo glutamato, e talvez uma diminuição de Ca
++
livre. Logo após o repouso, os efeitos da habituação não estão mais presentes, e pode-
se evocar um reflexo em resposta a estímulos sensoriais. À repetição prolongada da
estimulação, todavia, ocorrem alterações estruturais mais permanentes; o número de
conexões sinápticas diminui.
Aprendizado e Memória Ao contrário dos efeitos imediatos e reversíveis da
habituação, o aprendizado e memória envolvem alterações persistentes e duradouras
na potência das conexões sinápticas. Quando uma tarefa é realmente aprendida,
somente regiões pequenas e distintas do encéfalo apresentam atividade aumentada
durante a realização da tarefa. A memória torna necessária a síntese de novas proteínas
e o crescimento de novas conexões sinápticas. Á repetição de um determinado
estímulo, a síntese e a ativação de novas proteínas alteram a excitabilidade neuronal e
promovem o estabelecimento de novas conexões.
Recuperação Celular Após Lesão – Alterações degenerativas ocorridas por motivos de
lesões que danificam ou seccionam os axônios de neurônios, podem não ocasionar a
morte da célula. Em contraste com alguns neurônios que possuem a capacidade de
regenerar seu axônio, algumas lesões que destroem o corpo celular levam
invariavelmente à morte da célula. Todavia, após a morte de neurônios, alterações das
sinapses, alterações na liberação de neurotransmissor relacionadas à atividade e a
reorganização funcional do sistema nervoso central, promovem a recuperação na
lesão.
24
2.2 MECANISMOS DE AÇÃO NEUROPLÁSTICA
Baseado nos estudos de Kemperman em experimentos realizados com ratos, Costa
(2000) destaca a importância da aprendizagem na preservação do número de lulas cerebrais
ativas. Se um neurônio não recebe estímulos de neurônios vizinhos, ou recebe
neurotransmissores inibitórios, este neurônio não terá nenhum tipo de atuação. Ao contrário,
se um neurônio envia muitos impulsos excitatórios a outros neurônios, a sinapse entre estes
será reforçada. Logo, as interconexões entre neurônios e grupos de neurônios não são fixas e
estão em constante mudança. Muitos estudos ainda não são definitivos, contudo, mostram que
diferentes estruturas cerebrais estão envolvidas tanto nos processos de aprendizagem, quanto
nos processos de memória. Ainda para Costa (2000) apesar da estrutura do cérebro ser
especifica através de processos genéticos e de desenvolvimento, é possível observar que o
padrão de interconexões entre neurônios depende da experiência. Através disso, pode-se dizer
que o cérebro é indubitavelmente plástico, capaz de mudar seu desempenho e mesmo suas
estratégias como resultado de estímulos externos.
Para Laufer-Bass (s/d), uma vez avariados, os neurônios não podem ser trocados, mas
podem ser substituídos funcionalmente por circuitos ou trajetos nervosos alternativos, em
decorrência de brotamento massivo a partir de novos axônios e sinaptogênese reativa nos
axônios. O neurônio tem uma capacidade de se adaptar funcionalmente frente a um estímulo e
as sinapses, por sua vez, são altamente modificáveis quanto a sua eficiência. A idéia básica da
neuroplasticidade nos conduz ao entendimento de como se comporta o sistema nervoso
central quando uma lesão. Os processos descritos acima podem ser resumidos em duas
situações distintas: em primeiro lugar, neurônios íntegros buscam caminhos alternativos para
efetuar a resposta motora, realizando sinapse com neurônios que se modificam em relação a
25
sua efetividade. Em segundo lugar, frente à determinada lesão, circuitos e trajetos nervosos
diferenciados são procurados. Em primeira mão parecem ser processos semelhantes, mas
diferem quanto à neurofisiologia (LAUFER-BASS s/d; KANDEL, 2000).
Segundo Borella e cols. (2009), existem alguns mecanismos neuroplásticos que ainda
estão sendo estudados. O primeiro sugere que as alterações no equilíbrio entre excitação e
inibição podem acontecer muito rapidamente, onde este processo depende da região de
conexões anatômicas de neurônios e vias neurais no território influenciado pelo treino das
funções. Algumas zonas podem servir como obstáculos para a inibição tônica. Se a inibição é
removida, a região da influência pode rapidamente aumentar ou ser desmascarada pelo
processo conhecido como desmascaramento. O segundo processo é a intensificação ou
diminuição das sinapses existentes, no processo semelhante à potenciação à longo prazo
(LTP) ou depressão a longo prazo (LTD). O terceiro processo é a alteração na excitabilidade
da membrana do neurônio, e o quarto e ultimo processo são as alterações anatômicas que
incluem o brotamento de novos terminais axônicos e formação de novas sinapses. Ainda para
Borella e cols. (2008), esses processos ocorrem em diferentes períodos de tempo e nem
sempre mutuamente.
Costa (2000) diz que os mecanismos envolvidos na plasticidade permanecem
indefinidos, impulsionando novas pesquisas que exploram diferentes linhas de atuação tais
como:
Os aspectos eletroquímicos envolvidos nos mecanismos de transmissão de impulsos
nervosos e a atuação da membrana celular na realização das sinapses;
As mudanças morfológicas no cérebro associadas a circulação de substâncias, por
exemplo, hormônios, que são resultado de um condicionamento social as mudanças
26
nas propriedades da célula nervosa a partir de danos cerebrais, onde as respostas do
organismo para o trauma são a regeneração e a brotação de nervos;
O transplante de tecido neural de fetos em cérebros danificados de animais adultos.
Estes transplantes permitiram uma recuperação parcial do desempenho em algumas
tarefas, que foi mais acentuada nos animais mais jovens, reforçando a teoria de que os
sistemas nervosos imaturos são mais plásticos que os sistemas maduros porque
possuem potencial plástico codificado em seus gens e estes gens são expressos nos
últimos estágios do desenvolvimento.
A partir dos vários resultados obtidos, percebe-se que entre as funções que emergem das
interações entre neurônios, as possíveis de serem mais fortemente influenciadas por fatores
externos são aquelas associadas ao aprendizado (ou a capacidade de modificar o
comportamento em resposta a experiência) e a memória (capacidade de guardar esta
modificação por um período de tempo). (COSTA, 2000).
2.3 NEUROPLASTICIDADE E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
Segundo Pascual-Leone (2005) é um erro entender que a plasticidade é uma faculdade
do cérebro que pode ser ativada em resposta a um acidente vascular encefálico para promover
a recuperação funcional ou compensar pela função perdida. Antes, a plasticidade está sempre
ativa. Depois de uma lesão cerebral, o comportamento (a despeito de ser normal ou de
manifestar ficits relacionados à lesão) continua sendo conseqüência do funcionamento do
cérebro todo, e assim, conseqüência de um sistema nervoso plástico.
O estrago causado no cérebro por um AVE pode provocar a perda de suas funções,
mas, através da neuroplasticidade, o cérebro pode se reajustar funcionalmente ocorrendo uma
reorganização dos mapas corticais que contribui para a recuperação das funções acometidas
27
no acidente vascular encefálico. Borella e cols. (2009) destacam que fortes evidências que
acontecem alterações plásticas no cérebro depois de uma lesão, para compensar a perda da
função nas áreas prejudicadas. Segundo Oliveira (2009) alguns mecanismos de plasticidade
incluem a reversibilidade do local de lesão isquêmica ao nível do tecido neural, a reasbsorção
do edema formado após a lesão, a reorganização do córtex motor envolvido na lesão, do
córtex adjacente ou de áreas do hemisfério contra-lateral e o envolvimento adicional das
estruturas subcorticais e ativação de sinapses latentes. As mudanças descritas na organização
do córtex incluem o aumento em número e tamanho dos dendritos, das sinapses e dos fatores
neurotróficos. Após a lesão em algum lugar do rtex motor, mudanças de ativação em outras
regiões motoras são observadas e, podem ocorrer em regiões homólogas do hemisfério não
afetado, que assumem as funções perdidas, ou no córtex intacto adjacente a lesão (BRITO e
cols., 2001).
Essas reorganizações corticais podem ter início de um a dois dias após o AVE, e
podem se prolongar por meses, fazendo com que os pacientes recuperem pelo menos em
parte, as habilidades que haviam sido perdidas (DORETTO, 2003; COSTA, 2000; BRITO e
cols., 2001). Brito e cols. (2001) ainda destaca que a recuperação da função nos membros,
promovida pela neuroplasticidade, é dificultada por um fenômeno conhecido como “não-uso
aprendido”. Com a perda da função de uma área atingida por um AVE, a região do corpo que
estava ligada a essa área também é afetada, perdendo a sua capacidade de movimentação.
Como o paciente não consegue mover o membro mais afetado, e este compensa utilizando o
outro membro, com o passar do tempo, os efeitos da lesão não estarão mais presentes, e por
isso ocorrerão readaptações onde os movimentos poderiam ser recuperados, no entanto, o
paciente já “aprendeu” que aquele membro não é mais funcional.
28
Para Pascual-Leone e cols. (2005), a recuperação funcional após uma lesão cerebral
focal por exemplo, um AVE, consiste essencialmente na aprendizagem a partir de uma rede
neural parcialmente desordenada. Um mecanismo neural predominante na base da
reaprendizagem de habilidades e da preservação de comportamento envolve modificações de
contribuições distribuídas ao longo de uma rede neural específica (fundamentalmente, a rede
do cérebro saudável engajada na aprendizagem das mesmas habilidades). Interações intra- e,
particularmente, inter-hemisféricas podem se modificar de inicialmente inibitórias (para
minimização do dano) para posteriormente excitatórias (para promoção da recuperação
funcional). Mudanças no decurso temporal de tais modificações de conectividade podem
resultar no estabelecimento de estratégias de estagnação e limitar a recuperação funcional. Em
definitivo, a ativação de áreas cerebrais que não são ordinariamente recrutadas em sujeitos
normais pode representar uma estratégia não-adaptativa que resulta num prognóstico
insatisfatório.
29
CAPÍTULO III
3. REABILITAÇÃO MOTORA
3.1 CONCEITO
A reabilitação motora é o método de tratamento que proporciona melhoras
significativas no processo de readaptação de respostas motoras emitidas, podendo recuperar
parcialmente ou totalmente os movimentos antes perdidos. Leite e cols. (2003) dizem que a
reabilitação é um processo dinâmico orientado para a saúde, que auxilia um indivíduo que
está enfermo ou incapacitado a atingir seu maior nível possível de funcionamento físico,
mental, espiritual, social, corroborando para que o indivíduo tenha qualidade de vida aceitável
com dignidade, auto-estima e independência. Segundo Peter e cols. (2008) a reabilitação deve
ser contínua, envolvendo cuidados coordenados de uma equipe multidisciplinar e avaliação
precoce das necessidades pós-alta. Os programas de reabilitação devem sempre ser de forma
holística, desenvolvidas por profissionais interdisciplinares, utilizando metodologias
qualitativas e quantitativas. Nesses programas devem constar exercícios que possam ser
aplicados através de qualquer meio capaz de representar situações do cotidiano nas quais o
paciente é incentivado a concentrar-se, interagir, raciocinar, tomar decisões, entender o
discurso corrente e expressar sentimentos e pensamentos (CANCELA, 2008).
30
Cancela (2008) ainda diz que, para além do pessoal médico, enfermeiros e auxiliares,
que prestam a primeira e fundamental assistência, o processo de reabilitação de um indivíduo
que sofreu AVE deve incluir:
Um fisioterapeuta, que atuará na primeira fase, assegurando uma posição correta na
cama e numa cadeira, passando depois para exercícios referentes à função motora
necessária á marcha tais como, equilíbrio e coordenação;
Um terapeuta ocupacional, que auxiliará nas funções físicas, como se vestir e comer,
bem como atividades de lazer e retorno ao trabalho, ajudando ao máximo o paciente
para que adquira independência funcional. Também, quando se faz necessário, o
auxílio de um terapeuta especialista em linguagem quando o indivíduo possui
dificuldades de comunicação;
Um psicólogo / neuropsicólogo, que intervirá ao nível da estimulação e reabilitação
cognitiva, podendo trabalhar questões emocionais envolvidas na doença ou
recuperação, tanto do paciente como da família.
As necessidades dos pacientes são observadas por toda uma equipe de reabilitação para
que as ações sejam direcionadas a cada um e também para se ter parâmetro do
dimensionamento de pessoal, considerando o tempo gasto para sua manutenção básica.
3.2 RESPOSTA NEUROPLÁSTICA NA REABILITAÇÃO
Para Lennon & Ashburn (2000), Mulder & Hochstenbach (2001) apud Oliveira
(2009), relacionado com a capacidade do SNC em se recuperar após uma lesão, encontra-se
os mecanismos intrínsecos inerentes à neuroplasticidade os quais assumem um papel
importante no processo de aprendizagem ou reaprendizagem das competências motoras. Após
31
uma lesão encefálica, tanto a intensidade da reabilitação como o tempo decorrido entre a lesão
e o início da reabilitação, influenciam a recuperação da função neuronal. A falta de
movimentos ativos após uma lesão cortical pode ocasionar a perda subseqüente da função em
regiões adjacentes do encéfalo não lesadas (LUNDY-EKMAN, 2004). Em relação à
plasticidade cerebral, é consenso na literatura que a prática de tarefas motoras induz
mudanças plásticas no SNC. As conexões neurais corticais podem ser remodeladas pelas
nossas experiências e também durante o aprendizado, assim sendo, a prática de atividade
motora e a aprendizagem de habilidades podem alterar sinapses ou reduzir eventos
moleculares na área perilesionada ou nas áreas mais remotas do córtex, incluindo as não
diretamente prejudicadas (BORELLA e cols., 2009).
Ainda para Borella e cols. (2009), o aprendizado de determinada atividade ou somente
a prática da mesma, desde que não seja simples de repetição de movimentos, induz mudanças
no sistema nervoso central. Isto ocorre porque o treinamento motor pode promover
neurogênese, sinaptogênese, angiogênese, modulação pe pós sináptica entre outros, e todos
esses podem contribuir para resultados positivos na recuperação em resposta a esse
treinamento. É importante ressaltar precaução, pois tanto a intensidade e especificidade do
tratamento, como o intervalo de tempo entre a lesão e o início da prática motora, influenciam
na recuperação da função nervosa.
Experimentos envolvendo a reabilitação em animais lesados mostram que os mapas de
representação cortical o alterados, sinapses alteram sua morfologia, dendritos começam a
crescer, axônios mudam sua trajetória, ocorre a modulação de vários neurotransmissores,
sinapses são potencializadas ou deprimidas, neurônios diferenciam-se e sobrevivem, ocorre o
aumento da mielinização dos neurônios remanescentes e maior recrutamento de pools de
32
neurotransimissores, transferindo a função das áreas prejudicadas para as áreas adjacentes
preservadas (BORELLA e cols, 2009).
3.3 REABILITAÇÃO E RECUPERAÇÃO FUNCIONAL NO ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO
O AVE é uma afecção neurológica por vezes incapacitante que pode causar inúmeras
complicações no decorrer da vida do paciente. Assim, busca-se sempre aprimorar e renovar as
técnicas terapêuticas a fim de evitar tais complicações e de maximizar a independência dos
pacientes em suas atividades de vida diária. Para Dickstein e cols. (1986), em relação a
reabilitação motora e doentes com AVE, o que se pretende é melhorar a mobilidade articular
ativa, aumentar a força muscular do lado hemiparésico e melhorar a funcionalidade o mais
precocemente possível. Oliveira (2009) diz que a reabilitação após AVE desenrola-se de
forma idêntica ao processo envolvido na aprendizagem motora, a qual requer
intencionalidade, repetição, e a existência de feedback para melhorar o desempenho na tarefa.
Desta forma, a reaprendizagem de competências motoras como a marcha, o agarrar, ou a
capacidade de falar após lesão cerebral, é resultado da interação entre mecanismos biológicos
intrínsecos e programas de aprendizagem (OLIVEIRA, 2009).
A perspectiva da necessidade de reabilitação para a maximização do comportamento
motor após lesão é congruente com a perspectiva da Teoria dos Sistemas, que diz que o
comportamento motor é gerado pelos princípios fundamentais da organização da
complexidade dos sistemas, da sua linearidade e abertura. Assim, a atividade funcional é o
resultado de um conjunto de comandos neurais resultantes da cooperação de alguns
subsistemas, em que a informação proveniente do exterior é considerada como um contributo
33
ativo para os comportamentos emergentes (SHEPHERD, 1992). Portanto, a reabilitação após
AVE, tem uma fundamental importância no aumento do mecanismo de neuroplasticidade
através da experiência do movimento em vários conjuntos posturais consolidando diferentes
componentes do padrão do movimento (LENNON & ASHBURN, 2000 apud OLIVEIRA,
2009).
Atualmente, vários métodos utilizados são utilizados na reabilitação de pacientes com
AVE. Estes métodos são classificados em dois grupos: O tratamento neurofisiológico
dedica-se à reaprendizagem das capacidades motoras, e o tratamento convencional, que
envolve o treino dos pacientes para a utilização das suas capacidades motoras e compensarem
as que foram perdidas. Entretanto, estes dois métodos, por vezes são criticados devido à
escassez de referências científicas demonstrando seus benefícios terapêuticos (OLIVEIRA,
2009).
No âmbito da reabilitação de pacientes após AVE, uma das abordagens mais utilizadas
no tratamento neurofisiológico, é o conceito Bobath, que foi descrito por Berta Bobath em
1970, considerado um conceito holístico, motivado pela modificação da compreensão
científica do controle motor e das patologias do SNC. Com este método é esperado uma
melhora do equilíbrio na medida em que os objetivos englobam a correção e o alinhamento
dos segmentos em vários conjuntos posturais, e, a otimização das estratégias de movimento
de forma a aumentar a sua eficácia (RAINE, 2007).
O tratamento convencional é constituído por uma abordagem clássica da reabilitação,
enfatizando a mobilização e o fortalecimento muscular (WANG e cols., 2005). As técnicas
convencionais incluem a medição da amplitude muscular, avaliação do tônus e avaliação da
performance nas atividades de vida diária. No âmbito do tratamento convencional nos
pacientes após o AVE, exercícios são prescritos em planos anatômicos com o aumento
34
progressivo do número de articulações envolvidas e com o aumento gradual da resistência ao
movimento (DICKSTEN e cols., 1986). A fraqueza muscular é uma das maiores causas de
problemas funcionais em pessoas com AVE, pois, é atribuída à redução do tamanho das fibras
musculares, levando a diminuição da freqüência de disparo, atrofia das fibras tipo II o que
pode ocasionar fadiga, diminuição do número de unidades motoras e alterações em seu
recrutamento e a falta de input das vias descendentes sobre o motoneurônio espinhal (DEAN
e cols., 2000). Na busca por uma melhoria da condição motora e consequentemente, uma
melhor condição de vida, há evidências de um impacto positivo em pessoas que tiveram AVE
quando submetidos a uma condição de treinamento de força que abrange não o músculo
esquelético, mas também a excitação neuromotora (CHAVES e cols., 2009).
Segundo Zamberlan e cols. (2007), a mobilização neural é uma técnica que procura
manter ou restaurar o movimento e a elasticidade do sistema nervoso. Uma vez que estas
propriedades nervosas estão alteradas em indivíduos com AVE, a inclusão desta técnica na
reabilitação de pacientes com tais alterações pode auxiliar no processo de recuperação da
independência destes indivíduos. Acredita-se que inclusão da mobilização neural, seja
benéfica, pois, permite a manutenção da biomecânica nervosa, contribuindo na manutenção
da amplitude de movimento, na prevenção de dores pós-centrais e na adequação do tônus
muscular. A reabilitação intensiva e precoce com uma equipe trabalhando integrada e em
conjunto com o paciente, pode alcançar bons resultados. Todo indivíduo poderá se sentir
saudável mesmo que sendo acometido por doença ou deficiência, desde que possa manter-se
ativo em seu meio, desempenhar suas funções e ter papel social. A atenção em reabilitação
deve significar o exercício da independência, da auto-gerência e da liberdade de escolha de
seu estilo de vida.
35
CONCLUSÃO
É sabido que o acidente vascular encefálico é uma doença altamente incidente nos dias
de hoje, e exerce uma grande carga de doenças neurológicas acometendo a saúde da
população, já que é uma doença mais incapacitante do que fatal. No mundo inteiro as doenças
cerebrovasculares e as doenças cardiovasculares são problemas de grande magnitude. O
impacto da doença como problema de saúde blica, decorre não somente pelo seu quadro
clínico diretamente ligado ao déficit motor, mas por alterações fisiológicas, afetivas, sociais e
com tratamento multiprofissional. Sabemos que medidas de intervenção e prevenção a
doenças cárdio e cerebrovasculares, como mudanças no estilo de vida tais como atividade
física e dieta nutricional, devem ser adaptados à realidade da população quanto ao seu grau de
desenvolvimento sócio-econômico.
Através de pesquisas científicas e com o constante avanço tecnológico, sabe-se hoje
que o cérebro humano sofre alterações em sua estrutura e função em virtude dos padrões de
experiência, e de se organizar frente ao aprendizado e a lesão. A neuroplasticidade é vista
como a capacidade que o cérebro tem em passar por mudanças, e como fonte de
comportamento, este é moldado por pressões do meio ambiente, mudanças fisiológicas e
experiências. Frente à lesão, o cérebro pode se reajustar funcionalmente havendo uma
reorganização dos mapas corticais que contribui para a recuperação das funções acometidas
no acidente vascular encefálico. Devido ao grau de comprometimento ocasionado por AVE,
36
surge à necessidade de se desenvolver técnicas de reabilitação motora funcionais na busca de
maior independência e qualidade de vida dos pacientes.
A reabilitação física é vista como um tratamento que auxilia no processo de
readaptação de respostas motoras, proporcionando melhoras significativas no decorrer de seu
tratamento tendo como resposta final a recuperação parcial ou total dos movimentos perdidos
motivados pelo AVE. Para ter boa repercussão no tratamento, a reabilitação deve ser contínua
e com participação ativa da família e de equipes multidisciplinares. É notório que a
intervenção dada pela equipe multidisciplinar a este grupo reflete melhor no que diz respeito à
melhora na condição de vida e na inserção do paciente na sociedade. Pesquisas mostram que
através de um programa bem orientado de reabilitação, os mapas de representação cortical são
alterados, confirmando a idéia de que mudanças moleculares e celulares no sistema nervoso
tais como sinapses, dendritos, axônios, neurônios e neurotransmissores, modificam sua
estrutura funcional perante lesão, o que auxilia o paciente no processo de recuperação motora.
Consideramos, portanto, que se faz necessário oferecer aos leitores as principais
informações acerca do acidente vascular encefálico, trazendo uma gama de conhecimentos
que possam nos atualizar em relação a todos os avanços no tratamento do AVE, além de
permitir a difusão dos novos conceitos e conhecimentos gerados a partir das pesquisas nesta
área no país e no mundo. Novas abordagens poderão fornecer informações inovadoras a
respeito do tratamento e recuperação motora ocasionados por AVE. Esperamos que este
estudo e o conhecimento de novos trabalhos possam encorajar profissionais da saúde como
nós, e também pacientes na busca de intervenções que melhorem sua qualidade de vida.
37
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