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forma notável na virada do século, como sugere a criação de gabine-
tes e laboratórios destinados a experimentações científicas, tais como
o laboratório de psicologia experimental, criado em [1906], vinculado
ao Pedagogium, no Rio de Janeiro, ou o Gabinete de Psicologia e
Antropologia Pedagógica, criado em 1914, anexo à Escola Normal
de São Paulo.
Como assinalado, foi como diretor do Pedagogium que Bomfim
viajou à Europa em 1902, em comissão pedagógica nomeada pela
prefeitura do Distrito Federal. Lá estudou psicologia com Alfred
Binet,
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um dos criadores da pedagogia experimental, fundada na
observação de fatos, base para a elaboração de métodos práticos
destinados à avaliação da aprendizagem, à medição da inteligência e
das aptidões das crianças.
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Retornou ao Rio em 1903 e, algum tem-
po depois, ajudou a criar um laboratório de psicologia experimental
no Pedagogium.
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A criação desse laboratório insere-se no contexto
de difusão da pedagogia experimental, observada por meio da or-
ganização de laboratórios similares por todo o mundo, que, de modo
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Entre outras coisas, as pesquisas de Binet deram continuidade aos trabalhos de Wilhelm
Wundt (1823-1920) – autor também citado por Bomfim – , cujos estudos de psicologia
experimental contribuíram para o enfrentamento de problemas educativos, tais como, a
memória, a aprendizagem e a solução de problemas. Para Wundt, a psicologia científica
compreendia dois grandes ramos: a psicologia fisiológica, dedicada ao estudo dos fatos
elementares da consciência, compreendida como a percepção advinda de uma série de
vivências em contínuo movimento (atualismo); e a psicologia dos povos, que trata do
estudo dos produtos culturais (linguagem, religião, costumes, arte, moral etc.).
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A pedagogia experimental desenvolveu-se na segunda metade do século XIX, represen-
tando um esforço no sentido de afastar a pedagogia da filosofia, renovando seus métodos
pela adoção de paradigmas científicos oriundos das ciências naturais e da sociologia
positiva. Ver CAMBI, op. cit., pp. 498-502.
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Lembrando: o Pedagogium foi criado em 1890 e Bomfim foi seu diretor entre os anos de
1896 e 1905 e, posteriormente, entre 1911 e 1919, quando a instituição foi fechada. Tanto
Ronaldo Conde Aguiar como Regina Helena de Freitas Campos e Mitsuko Aparecida
Makino Antunes afirmam que Bomfim fundou e dirigiu um laboratório de psicologia expe-
rimental no Pedagogium em 1906. Ver AGUIAR, op. cit., p. 206; CAMPOS, op. cit., p. 14;
ANTUNES, A psicologia no Brasil, op. cit., p. 68. Porém, no livro Pensar e dizer, de 1923,
Bomfim afirma que durante doze anos, ou seja, desde 1911, teve à disposição um
laboratório de psicologia. Ver Bomfim, Pensar e dizer, op. cit., p. 45, nota 10. O ano de
1911 coincide com o retorno de Bomfim à direção o Pedagogium.
MANOEL BOMFIM_fev2010.pmd 21/10/2010, 08:2322