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i
UFMG-ICEx/DQ. 738
T.303
Gilson de Freitas Silva
MANGANÊS
MANGANÊSMANGANÊS
MANGANÊS-
--
-PORFIRINAS HIDROSSOLÚVEIS: SÍNTESE,
PORFIRINAS HIDROSSOLÚVEIS: SÍNTESE, PORFIRINAS HIDROSSOLÚVEIS: SÍNTESE,
PORFIRINAS HIDROSSOLÚVEIS: SÍNTESE,
CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS EM SISTEMAS MODELO DOS
CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS EM SISTEMAS MODELO DOS CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS EM SISTEMAS MODELO DOS
CARACTERIZAÇÃO E ESTUDOS EM SISTEMAS MODELO DOS
CITOCROMOS P
CITOCROMOS PCITOCROMOS P
CITOCROMOS P-
--
-450 E DA ENZIMA SUPERÓXIDO DISMUTASE
450 E DA ENZIMA SUPERÓXIDO DISMUTASE450 E DA ENZIMA SUPERÓXIDO DISMUTASE
450 E DA ENZIMA SUPERÓXIDO DISMUTASE
Tese apresentada ao Departamento de Química
do Instituto de Ciências Exatas da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do grau de Doutor em Ciências – Química.
Belo Horizonte
2008
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ii
Silva, Gilson de Freitas
Manganês-
porfirinas Hidrossolúveis: Síntese,
Caracterização e Estudos em Sistemas Modelo dos
Citocromos P-450 e da Enzima Superóxido D
ismutase.
2008.
xxiii; 148f. : il.
Orientadora: Ynara Marina Idemori
Co-Orientadora: Maria Eliza Moreira Dai de Carvalho
Tese(doutorado)
Universidade Federal de Minas
Gerais. Departamento de Química.
Bibliografia p.125-135
1.Química Inorgânica - Teses 2.Porfirinas
Hidrossolúveis – Teses 3.Catálise - Teses I.Idemori,
Ynara Marina, Orientadora II.Carvalho, Maria Elisa
Moreira Dai de, Co-Orientadora II. Título.
CDU 043
S586m
2008
T
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iii
iv
Este trabalho foi desenvolvido sob a
orientação da Profa. Dra. Ynara Marina
Idemori, co-orientação da Profa. Dra. Maria
Eliza Moreira Dai de Carvalho e colaboração
do Prof. Dr. Claudio Luis Donnici
v
Aos meus pais, Cardoso e Edith, pela
presença e pelo apoio e carinho constantes.
Aos meus irmãos, Juneo e Girlene, e ao meu
sobrinho, Yan Gabriel, pelo apoio e carinho.
Aos meus “irmãos” (reais e agregados) de
laboratório, pelo apoio constante,
companherismo e momentos de diversão.
À Ynara e Iza pela confiança, amizade,
liberdade e pelo aprendizado constante.
vi
Agradecimentos
Em um caminho trilhado no decorrer de muitos anos, é impossível finalizá-lo sem a ajuda de
outros. Estes outros, de alguma forma te auxiliam e se tornam fundamentais para alcançar suas metas.
Desta forma, devo deixar o meu MUITO OBRIGADO:
À todas as forças divinas, pela dádiva da vida.
À minha família: Cardoso, Edite, Girlene, Juneo, Yan Gabriel pelo apoio incondicional.
Aos meus amigos e colegas de laboratório: Eliane, Adriano, Fabiana, Marcela, Daniel Z., Daniel, Adriana
N., Adriana, Amanda, Roberta, Bruno, Dayse, Paula, Juliana, Débora, Pedro Henrique, Ana Clara pela
convivência, paciência e diversão.
À algumas pessoas que de alguma forma compartilham comigo esse momento especial: Fernando, Bruno
Paulino, Iran Felipe, Janinha, Elizete, Júlio, Ana Luiza, Stênio, Eduardo H., Eva, Agenor, Janinha, Elizete,
Ana Luiza, Rosária pela amizade, paciência companherismo.
À minha orientadora Ynara pela confiança e amizade.
À minha co-orientadora Iza pela confiança e amizade.
Aos professores Claudio Donnici e Paulo Jorge Barbeira pela colaboração.
À Dra. Ines Batinić-Haberle e ao Dr. Ivan Spasovejić pelo aprendizado e ajuda nos Estados Unidos.
Aos professores do Departamento de Química.
À secretaria da Pós-graduação pela eficiência e disponibilidade.
Ao CNPq pelas bolsas concedidas para o desenvolvimento deste trabalho.
vii
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas o esqueço de que minha
vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e
períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa
As descobertas do passado, os elétrons, os raios X, a radioatividade, são os instrumentos do
presente. As descobertas do presente serão os instrumentos do amanhã.
Marcelo Gleiser
O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis.
Fernando Pessoa
viii
Sumário
Resumo....................................................................................................................................................... xi
Abstract ..................................................................................................................................................... xii
Apresentação ........................................................................................................................................... xiii
Lista de Abreviaturas .............................................................................................................................. xiv
Lista de Equações ................................................................................................................................... xvi
Lista de Esquemas ................................................................................................................................. xvii
Lista de Figuras ..................................................................................................................................... xviii
Lista de Tabelas ...................................................................................................................................... xxii
1. Introdução ................................................................................................................................................1
2. Síntese de Porfirinas e Metaloporfirinas ...............................................................................................7
2.1. Introdução ..........................................................................................................................................7
2.2. Metalação e Desmetalação de Porfirinas .........................................................................................8
2.3. Classificação das Porfirinas e Metaloporfirinas ............................................................................. 10
2.4. Objetivos e Justificativas ................................................................................................................ 13
2.5. Parte Experimental ......................................................................................................................... 18
2.5.1. Solventes e Equipamentos..................................................................................................... 18
2.5.1.1. Solventes ........................................................................................................................ 18
2.5.1.2. Equipamentos ................................................................................................................ 18
2.5.2. Síntese de Porfirinas e Metaloporfirinas ................................................................................ 19
2.5.2.1. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Catiônicas Mn
III
T3MPyPCl
5
e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
.......................................................................................................... 19
2.5.2.2. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TCPP e Mn
III
Br
8
TCPP ... 23
2.5.2.3. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP .... 26
2.5.2.4. Obtenção da Mn-porfirina Hidrofóbica e Quiral Mn
III
T3CBPPCl .................................... 27
2.6. Resultados e Discussão ................................................................................................................. 29
2.6.1. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Catiônicas Mn
III
T3MPyPCl
5
e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
................................................................................................................. 29
2.6.2. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TCPP e Mn
III
Br
8
TCPP ........... 45
2.6.3. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP ............ 50
2.6.4. Obtenção da Mn-porfirina Hidrofóbica Mn
III
T3CBPPCl .......................................................... 54
ix
3. Estudos Eletroquímicos e Espectroeletroquímicos ......................................................................... 60
3.1. Voltametria Cíclica ......................................................................................................................... 60
3.2. Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................................... 62
3.3. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ............................................................................. 62
3.4. Objetivos ......................................................................................................................................... 65
3.5. Parte Experimental ......................................................................................................................... 65
3.5.1. Reagentes e Equipamentos ................................................................................................... 65
3.5.1.1. Solventes e Reagentes .................................................................................................. 65
3.5.1.2. Equipamentos ................................................................................................................ 66
3.5.2. Procedimentos ....................................................................................................................... 66
3.5.2.1. Voltametria Cíclica ......................................................................................................... 66
3.5.2.2. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ............................................................. 67
3.5.2.3. Espectroeletroquímica de RPE ...................................................................................... 67
3.6. Resultados e Discussão ................................................................................................................. 68
3.6.1. Voltametria Cíclica ................................................................................................................. 69
3.6.2. RPE e Espectroeletroquímica de RPE ................................................................................... 72
4. Modelo Biomimético da Enzima Superóxido Dismutase: Atividade SOD-mimética ..................... 77
4.1. Introdução ....................................................................................................................................... 77
4.2. A Reatividade do Oxigênio ............................................................................................................. 77
4.3. Sobre as Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) ......................................................................... 80
4.4. Manutenção do Equílibrio: O Papel dos Antioxidantes .................................................................. 80
4.5. A Molécula de Interesse: o Íon Superóxido ................................................................................... 81
4.6. Racionalizando a Obtenção de Compostos SOD-miméticos ........................................................ 83
4.7. Objetivos e Justificativas ................................................................................................................ 87
4.8. Parte Experimental ......................................................................................................................... 87
4.8.1. Reagentes e Equipamentos ................................................................................................... 87
4.8.1.1. Reagentes ...................................................................................................................... 87
4.8.1.2. Equipamento .................................................................................................................. 88
4.8.2. Procedimento ......................................................................................................................... 88
4.8.2.1. Atividade SOD-mimética in vitro: Ensaio do Citocromo c .............................................. 88
4.8.2.2. Atividade SOD-mimética in vivo: Experimento com Escherichia Coli ............................ 90
4.9. Resultados e Discussões ............................................................................................................... 91
4.9.1. Atividade SOD-mimética in vitro: Ensaio do Citocromo c ...................................................... 91
4.9.2. Atividade SOD-mimética in vivo: Experimento com Escherichia Coli .................................... 99
5. Modelo Biomimético dos Citocromos P-450: Oxidação de Substratos Orgânicos .................... 102
x
5.1. Introdução ..................................................................................................................................... 102
5.2. Reações de Hidroxilação de Alcanos .......................................................................................... 104
5.3. Objetivos e Justificativas .............................................................................................................. 106
5.4. Parte Experimental ....................................................................................................................... 107
5.4.1. Reagentes e Equipamentos ................................................................................................. 107
5.4.1.1. Reagentes .................................................................................................................... 107
5.4.1.2. Equipamentos .............................................................................................................. 107
A) Cromatógrafo a gás...................................................................................................... 107
5.4.2. Procedimento ....................................................................................................................... 108
5.5. Resultados e Discussão ............................................................................................................... 108
5.5.1. Reações de Hidroxilação do Ciclo-hexano .......................................................................... 110
6. Considerações Finais ........................................................................................................................ 122
7. Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 126
Anexos ..................................................................................................................................................... 137
Anexo 1. Espectroscopia Eletrônica de Absorção UV-vis para Porfirinas e Metaloporfirinas ............ 137
Anexo 2. Preparação de Iodosobenzeno (PhIO) ................................................................................ 139
Anexo 3. Determinação dos Produtos de Reação por Cromatografia a Gás ..................................... 141
Anexo 4. Produção Bibliográfica ......................................................................................................... 144
xi
Resumo
A primeira etapa consistiu em obter as manganês-porfirinas. Os compostos
hidrossolúveis (Mn
III
T3MPyPCl
5
, Mn
III
TCPP, Mn
III
TSPP) e hidrofóbico quiral e inédito
(Mn
III
T3CBPPCl), de geração, foram sintetizados por metalação das respectivas porfirinas
bases livres com o íon Mn
2+
. Os compostos hidrossolúveis de gerão (Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
,
Mn
III
Br
8
TCPP, Mn
III
Br
8
TSPP) foram preparados por diferentes rotas sintéticas. A espectroscopia
eletrônica de absorção UV-vis e a espectrometria de massas foram as principais técnicas
usadas para caracterizar os compostos obtidos.
Por voltametria cíclica verificou-se um deslocamento anódico do potencial de redução
centrado no íon metálico, Mn(III)/Mn(II), para as Mn-porfirinas β-octabromadas em relação às
análogas de geração. Alguns dos compostos também foram caracterizados por
espectroeletroquímica de RPE.
As manganês-porfirinas hidrossolúveis foram testadas como modelos da enzima
superóxido dismutase (SOD). Verificou-se que a β-bromação permitiu obter compostos mais
ativos do que os análogos de geração. A Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
apresentou, in vitro e in vivo,
elevada atividade SOD-mimética comparável à da enzima nativa. As Mn-porfirinas aniônicas e
β-bromadas apresentam atividade SOD-mimética limitada em função do impedimento
eletrostático.
As manganês-porfirinas hidrossolúveis obtidas foram usadas em reações de oxidação
de ciclo-hexano, em presença dos dois doadores de oxigênio, PhIO e PhI(OAc)
2
. Os sistemas
contendo as Mn-porfirinas de geração não foram eficien tes quanto à oxidação do ciclo-
hexano. A β-bromação da Mn
III
TSPP não favoreceu a melhoria da eficiência catalítica do
catalisador de geração obtido. O sistema Mn
III
Br
8
TCPP/PhI(OAc)
2
levou a maiores
rendimentos dos produtos (~43% ciclo-hexanol, ~5% ciclo-hexanona), com maior seletividade.
Além disso, foi o primeiro sistema envolvendo uma Mn-porfirina de geração e PhI(OAc)
2
no
qual não ocorreu completa destruição da Mn-porfirina. Os sistemas tendo a Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
também foram eficientes na oxidação do ciclo-hexano entretanto, ocorreu a completa
destruição da Mn-porfirina (também verificada para a Mn
III
Br
8
TSPP).
A Mn
III
T3CBPPCl, hidrofóbica e quiral, também teve sua atividade catalítica testada em
reações de oxidação do ciclo-hexano, em presença dos dois doadores de oxigênio, PhIO e
PhI(OAc)
2
. Sua eficiência catalítica foi semelhante à dos compostos análogos, como descrito
na literatura. Houve uma reduzida destruição do catalisador nos sistemas estudados, o qual é
atribuído ao impedimento estéreo do composto.
Palavras-chave: Manganês-porfirinas hidrossolúveis, β-bromação, atividade SOD-mimética,
oxidação de ciclo-hexano, eletroquímica de Mn-porfirinas.
xii
Abstract
The first stage consisted of obtaining the manganese porphyrins. The 2
nd
generation
water soluble compounds (Mn
III
T3MPyPCl
5
, Mn
III
TCPP, Mn
III
TSPP) and new hydrophobic chiral
compound (Mn
III
T3CBPPCl), were synthesized by metallation of free base porphyrins with the
Mn
2+
ion. The 3
rd
generation water soluble compounds (Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, Mn
III
Br
8
TCPP,
Mn
III
Br
8
TSPP) were prepared by different synthetic routes. The UV-vis electronic spectroscopy
of absorption and mass spectrometry were the main technique used to characterize the
obtained compounds.
By cyclic voltammetry a anodic shift of the reduction potential, Mn(III)/Mn(II) centered in
the metallic ion, was verified for β-octabrominated Mn porphyrins. in relation to the 2
nd
generation analogues. Some of the compounds were also characterized by
spectroeletrochemical EPR.
The water soluble manganese porphyrins were tested as models of the superoxide
dismutase enzyme (SOD). It was verified that the β-bromination allowed to obtain compounds
more active than the 2
nd
generation analogues. The Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
presented, in vitro and
in vivo, high SOD-mimetic activity comparable to the native enzyme. The β-brominated anionic
Mn porphyrins presented limited SOD-mimetic activity in function of the electrostatic hamper.
Water soluble manganese porphyrins obtained were used in cyclohexane oxidation
reactions, using two oxygen donors, PhIO and PhI(OAc)
2
. The systems containing 2
nd
generation Mn porphyrins were not efficient for the cyclohexane oxidation. The β-bromimation of
Mn
III
TSPP didn't favor the improvement of the catalytic efficiency of the 3
rd
generation catalyst
obtained. The system Mn
III
Br
8
TCPP/PhI(OAc)
2
took to largest yields of the products (~43%
cyclohexanol, ~3% cyclohexanone), with larger selectivity. Besides, it was the first system
involving a 3
rd
generation Mn porphyrin and PhI(OAc)
2
in which the catalyst was not completely
destroyed. The systems containing Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
were also efficient in the cyclohexane
oxidation however, the catalyst was completely destroyed (also verified for Mn
III
Br
8
TSPP).
The hydrophobic and chiral Mn
III
T3CBPPCl had its catalytic efficiency tested in reactions
of cyclohexane oxidation using two oxygen donors, PhIO and PhI(OAc)
2
. Its catalytic efficiency
was similar to the one of similar compounds, as described in the literature. There was a reduced
destruction of the catalyst in the studied systems, which is attributed to the stereo impediment of
the compound.
Key words: water soluble manganese porphyrin, β-bromination, SOD activity, cyclohexane
oxidation, metalloporphyrins electrochemistry.
xiii
Apresentação
Ainda como aluno de graduação e, posteriormente, como bolsista de Iniciação Científica
tomei contato com a química das porfirinas. Iniciei meus trabalhos com os sistemas catalíticos
e, posteriormente, com a parte mais fascinante e laboriosa (para mim): a síntese. Assim, se
passaram aproximadamente 8 anos e parte do meu crescimento profissional (e mesmo
pessoal) pode ser avaliado por este trabalho.
No capítulo 1, eu apresento o tema porfirinas, procurando justificar a escolha do
mesmo. Já o capítulo 2 é destinado à síntese e caracterização das porfirinas e metaloporfirinas,
no qual procurei reunir informações fundamentais sobre os compostos sintetizados. Para
facilitar a leitura do trabalho, apresento as estruturas (com e sem contra-íons) das Mn-porfirinas
estudadas na parte final da Tese.
A caracterização eletroquímica das manganês-porfirinas sintetizadas é tratada no
capítulo 3. Neste capítulo, também é abordada a caracterização de alguns dos compostos por
espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (RPE), técnica esta que conheci e
utilizei no laboratório da Profa. Dra. Shirley Nakagaki (UFPR).
No capítulo 4, apresento os estudos de atividade SOD-mimética realizados em
colaboração com a Dra. Ines Batinić-Haberle (USA). Parte destes estudos realizei durante o
doutorado sanduíche no laboratório da referida pesquisadora. Devo também admitir, que é um
dos focos favoritos do meu trabalho, uma vez que permite uma maior aproximação com os
sistemas biológicos.
No capítulo 5 apresento e discuto os resultados obtidos em reações de oxidação de
ciclo-hexano, por iodosobenzeno e iodobenzeno diacetato, catalisadas pelas manganês-
porfirinas hidrossolúveis de e gerações. Neste capítulo, também apresento resultados
referentes a estudos desenvolvidos com porfirinas hidrofóbicas (duas delas obtidas durante o
meu mestrado e a outra durante o doutorado). As considerações finais constituem o capítulo 6.
O conjunto da obra tem o ousado (e modesto) objetivo de contribuir para a
compreensão da estrutura e da reatividade dos sistemas que envolvem uma classe fascinante
de moléculas: as porfirinas.
xiv
Lista de Abreviaturas
CCD: cromatografia em camada delgada
DCM: diclorometano
DMF: N,N-dimetilformamida
EM: espectrometria de massas
ERN: espécie reativa de nitrogênio
ERO: espécie reativa de oxigênio
ESI: fonte de ionização por electro-spray
H
2
P: porfirina base livre
HX: ácido derivado do sal do metal
Im: ligante, base nitrogenada ou imidazol
MnP: manganês-porfirina
MP: metaloporfirina
MX
2
: sal de um metal divalente
NHE: eletrodo normal de hidrogênio
PhI(OAc)
2
: iodobenzeno diacetato
PhIO: iodosobenzeno
PTBA: perclorato de tetrabutilamônio
REA: relação estrutura-atividade
RMN: ressonância magnética nuclear
RPE: ressonância paramagnética eletrônica
TCPP: tetracarboxifenilporfirina
TFA: ácido trifluoracético
TMS: tetrametilsilano
TPyP: tetrapiridilporfirina
TSPP: tetrasulfonatofenilporfirina
X: contra-íon
Porfirinas e Metaloporfirinas
[Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirinatocobre(II)
[Cu
II
T3MPyP]
4+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirinatocobre(II)
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirina
[H
2
T3MPyP]
4+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirinamanganês
[H
2
TCPP]
4-
: meso-tetraquis(4-carboxilatofenil)porfirina
[Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(II)
[Mn
III
Br
8
TCMPP]
+
: meso-tetraquis(4-carbometoxifenil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(III)
[Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
: meso-tetraquis(4-carboxilatofenil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(III)
[Mn
III
T2MPyP]
5+
: meso-tetraquis(2-metil-piridil)porfirinatomanganês(III)
xv
[Mn
III
T2nHexPyP]
5+
: meso-tetraquis(2-n-hexil-piridil)porfirinatomanganês(III)
[Mn
III
T3MPyP]
5+
: meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirinatomanganês(III)
[Mn
III
TCPP]
3-
: meso-tetraquis(4-carboxilatofenil)porfirinatomanganês(III)
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirinatocobre(II)
Cu
II
T3MPyPCl
4
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirinatocobre(II)
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirina
H
2
Br
8
TCPP: meso-tetraquis(4-carboxifenil)-
β
-octabromoporfirina
H
2
T2CPP: meso-tetraquis(2-carboxifenil)porfirina
H
2
T2MPP: meso-tetraquis(2-metilfenil)porfirina
H
2
T2PyP: meso-tetraquis(2-piridil)porfirina
H
2
T3CBPP: meso-tetraquis(3-(R)-2-butoxifenil)porfirina
H
2
T3CPP: meso-tetraquis(3-carboxifenil)porfirina
H
2
T3MPyPCl
4
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirina
H
2
T3PyP: meso-tetraquis(3-piridil)porfirina
H
2
T4CPP ou H
2
TCPP ou H
2
TBAP: meso-tetraquis(4-carboxifenil)porfirina
H
2
T4PyP: meso-tetraquis(4-piridil)porfirina
H
2
TMP: meso-tetrametilporfirina
H
2
TPP: meso-tetrafenilporfirina
H
2
TSPP: meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)porfirina
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(II)
Mn
II
Br
8
T3PyP: meso-tetraquis(3-piridil)-
β
-octabromo-porfirinatomanganês(II)
Mn
III
Br
8
T2PyPCl: cloreto de meso-tetraquis(2-piridil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(III)
Mn
III
Br
8
TCMPPCl: cloreto de meso-tetraquis(4-carbometoxifenil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(III)
Mn
III
Br
8
TCPP: meso-tetraquis(4-carboxifenil)-
β
-octabromoporfirinatomanganês(III)
Mn
III
T2PyPCl: cloreto de meso-tetraquis(2-piridil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
T3MPyPCl
5
: cloreto de meso-tetraquis(3-metil-piridil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
T3PyPCl: cloreto de meso-tetraquis(3-piridil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
TCBPPCl: cloreto de meso-tetraquis(3-(R)-2-butoxifenil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
TCPP: meso-tetraquis(4-carboxifenil)porfirinatomanganês(III)
xvi
Lista de Equações
Equação 1. ................................................................................................................................................ 8
Equação 2. ............................................................................................................................................... 47
Equação 3. ............................................................................................................................................... 60
Equação 4. ............................................................................................................................................... 63
Equação 5. ............................................................................................................................................... 63
Equação 6. ............................................................................................................................................... 63
Equação 7. ............................................................................................................................................... 64
Equação 8. ............................................................................................................................................... 69
Equação 9. ............................................................................................................................................... 73
Equação 10. ............................................................................................................................................. 81
Equação 11. ............................................................................................................................................. 91
Equação 12. ............................................................................................................................................. 97
Equação 13. ............................................................................................................................................. 97
Equação 14. ........................................................................................................................................... 109
Equação 15. ........................................................................................................................................... 109
Equação 16. ........................................................................................................................................... 109
Equação 17. ........................................................................................................................................... 140
Equação 18. ........................................................................................................................................... 140
Equação 19. ........................................................................................................................................... 140
Equação 20. ........................................................................................................................................... 140
Equação 21. ........................................................................................................................................... 140
Equação 22. ........................................................................................................................................... 142
xvii
Lista de Esquemas
Esquema 1. Proposta de escala geológica para o desenvolvimento da “vida” na terra [3, 4]. ..................... 2
Esquema 2. Rotas de síntese dos catalisadores metaloporfirínicos. Os compostos em negrito re-
presentam as Mn-porfirinas obtidas........................................................................................ 17
Esquema 3. Mecanismo de hidrólise ácida de ésteres. .............................................................................. 47
Esquema 4. Mecanismo iônico de substituição eletrofílica aromática para a per-bromação de me-
taloporfirinas. ........................................................................................................................... 52
Esquema 5. Mecanismo para a reação de esterificação da H
2
T3CPP. ...................................................... 55
Esquema 6. Desenvolvimento matemático explicitando a determinação da constante de velocidade
(k
cat
) para a reação de dismutação do O
2
catalisada pelo composto SOD-mimético. ......... 93
xviii
Lista de Figuras
Figura 1. Estrutura da clorofila A e do heme (ferro protoporfirina IX). .......................................................... 3
Figura 2. Estruturas dos isômeros da tetrapiridilporfirina (TPyP). ................................................................ 3
Figura 3. Ionização da H
2
TCPP em solução aquosa (pH 7,6). ..................................................................... 5
Figura 4. (A) Sistema macrocíclico da porfirina. (B) Numeração das posições do anel porfirínico. ............. 7
Figura 5. Metalação da meso-tetrafenilporfirina (H
2
TPP) com íons cobre. ................................................... 9
Figura 6. Porfirinas de 1ª geração. (A) Meso-tetrafenilporfirina; (B) β-octametilporfirina. .......................... 10
Figura 7. Porfirinas de geração. (A) Meso-tetraquis(2,6-diclorofenil)porfirina (hidrofóbica); (B)
Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirina (hidrossolúvel). ................................................................. 11
Figura 8. Porfirinas de geração. (A) Meso-tetraquis(4-metilpiridil)-β-octabromoporfirina; (B)
Meso-tetrafenil-β-octabromoporfirina. .......................................................................................... 11
Figura 9. Conformação em sela da [Mn
II
Br
8
TMPyP]
4+
. (A) Estrutura química plana. (B) Distorções
em perfil [60]. ............................................................................................................................... 12
Figura 10. Exemplo de porfirina base livre dendrimérica [63]. .................................................................... 13
Figura 11. Obtenção da porfirina hidrossolúvel e catiônica [H
2
T3MPyP]
4+
. ................................................ 29
Figura 12. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3PyP (CHCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(água). ....... 30
Figura 13. Espectro de RMN
1
H das porfirinas bases livres H
2
T3PyP (em CDCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(em DMSO). Referência TMS, 200 MHz. .................................................................................... 31
Figura 14. Posição dos hidrogênios na estrutura da H
2
T3PyP. .................................................................. 32
Figura 15. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e catiônica [Mn
III
T3MPyP]
5+
. ...................................... 32
Figura 16. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Mn
III
T3MPyPCl
5
em água. ...... 33
Figura 17. Interação dos orbitais do Mn
3+
e da porfirina para as Mn(III)-porfirinas (Mn
III
P) [71]. ............... 34
Figura 18. Obtenção da cupro-porfirina hidrossolúvel e catiônica [Cu
II
T3MPyP]
4+
. ................................... 35
Figura 19. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Cu
II
T3MPyPCl
4
em água. ....... 36
Figura 20. Obtenção da cupro-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica
[Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. ....................................................................................................................... 36
Figura 21. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Cu
II
T3MPyPCl
4
e Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em
água. ............................................................................................................................................ 37
Figura 22. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
. ................. 38
Figura 23. Processo de desmetalação da [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. Formação da [H
x
Br
8
T3PyP]
x+2
após
adição de H
2
SO
4
concentrado à cupro-porfirina. ......................................................................... 39
Figura 24. Representação de algumas espécies no equilíbrio envolvendo a protonação da
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
. ......................................................................................................................... 39
Figura 25. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
em
água. ............................................................................................................................................ 40
Figura 26. Posição dos hidrogênios na estrutura da [H
2
T3MPyP]
4+
. .......................................................... 41
Figura 27. Espectro de massas da H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(ESI-MS, solução tampão de fosfato 0,05 mol
L
-1
, pH 7,8). .................................................................................................................................. 42
Figura 28. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. ............... 42
xix
Figura 29. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(em água) e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em tampão fosfato (pH = 7,6, 0,05 mol L
-1
). ................................................. 44
Figura 30. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e aniônica Mn
III
TCPP. ................................................ 45
Figura 31. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
TCPP e Mn
III
TCPP em solução de
tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). .......................................................................................... 46
Figura 32. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica H
2
Br
8
TCPP. ........................... 46
Figura 33. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCMPPCl (CH
2
Cl
2
) e H
2
Br
8
TCPP
(solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6). ....................................................................... 48
Figura 34. Obtenção da Mn-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica Mn
III
Br
8
TCPP. .................. 48
Figura 35. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCPP e H
2
Br
8
TCPP em solução de
tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). .......................................................................................... 49
Figura 36. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e aniônica Mn
III
TSPP. ................................................ 50
Figura 37. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
TSPP e Mn
III
TSPP em solução tampão
fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). ....................................................................................................... 51
Figura 38. Obtenção da Mn-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica Mn
III
Br
8
TSPP. .................. 51
Figura 39. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP em solução de
tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). .......................................................................................... 53
Figura 40. Obtenção da porfirina hidrofóbica de 2ª geração H
2
T3CBPP. .................................................. 54
Figura 41. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP em CH
2
Cl
2
. ..................................... 55
Figura 42. Espectros de infravermelho das porfirinas: (A) H
2
T3CPP e (B) H
2
T3CBPP. Análises
realizadas em pastilhas de KBr. .................................................................................................. 56
Figura 43. Obtenção da Mn-porfirina hidrofóbica de 2ª geração [Mn
III
T3CBPP]
+
. ...................................... 58
Figura 44. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP e Mn
III
T3CBPPCl em DCM. ............ 59
Figura 45. Voltamograma cíclico para um processo de oxirredução [4]. .................................................... 61
Figura 46. Desdobramento dos níveis de energia do spin eletrônico S = ½ na presença de um
campo magnético. Ms é a projeção do spin eletrônico na direção do campo magnético
[96]. .............................................................................................................................................. 64
Figura 47. (A) Célula Flat utilizada para realização das medidas de RPE [105]. (B) Representação
esquemática de um espectrômetro de RPE [106]. ...................................................................... 67
Figura 48. Estruturas das Mn-porfirinas. ..................................................................................................... 68
Figura 49. Voltamogramas cíclicos de algumas das manganês-porfirinas sintetizadas: (A)
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
e (B) Mn
III
Br
8
TSPP (tampão de fosfato 0,05 mol L
-1
pH 7,6, [MnP] =
5,0 × 10
-4
mol L
-1
, [NaCl] = 0,10 mol L
-1
, 0,1 V s
-1
) ...................................................................... 70
Figura 50. Voltamograma cíclico das porfirinas base livre H
2
T3MPyPCl
4
e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(tampão de fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6, [H
2
P] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
, [NaCl] = 0,10 mol L
-1
,
0,1 V s
-1
). ...................................................................................................................................... 71
Figura 51. (A) Representação dos orbitais moleculares (HOMO) para a Cu
II
Br
8
TPP (D
2d
) [73]. (B)
Diagrama de níveis de energia para os orbitais de fronteira da Cu
II
TPP e Cu
II
Br
8
TPP
derivado da análise dos espectros de absorção UV-vis [76]. ...................................................... 72
Figura 52. Espectros de RPE de duas Mn-porfirinas no estado sólido à temperatura de 77 K: (A)
Mn
III
T3MPyPCl
5
e (B) Mn
II
Br
8
T3PyP. ........................................................................................... 73
xx
Figura 53. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
III
T3MPyPCl
5
em solução de DMF, usando PTBA
como eletrólito. [Mn
III
P] = 6,16 × 10
-4
mol L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol L
-1
. (A) 0 mV, (B) 800
mV, (C) 1000 mV e (D) 2000 mV. ................................................................................................ 74
Figura 54. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em solução de DMF, usando
PTBA como eletrólito. [Mn
II
P] = 5,05 × 10
-4
mol.L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol.L
-1
. (A) 0 mV, (B)
1800 mV. ...................................................................................................................................... 75
Figura 55. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
III
T3PyPCl em solução de DMF, usando PTBA
como eletrólito. [Mn
III
P] = 1,02 × 10
-3
mol L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol L
-1
. (A) 0 mV, (B) 700
mV, (C) 1800 mV. ........................................................................................................................ 76
Figura 56. Descrição da molécula de oxigênio (
3
ΣgO
2
), dos seus estados excitados (
1
ΣgO
2
e
1
gO
2
) e do radical superóxido (O
2
•−
), segundo a Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM). ....... 78
Figura 57. Redução sequencial e univalente da molécula de oxigênio, no qual observa-se a
formação das várias espécies reativas de oxigênio [119]. .......................................................... 79
Figura 58. Relação entre a produção de íon superóxido e a atividade da SOD em organismos
saudáveis e doentes [151]. .......................................................................................................... 82
Figura 59. Exemplos dos principais tipos de compostos estudados como SOD-miméticos. M40401
[150], AEOL-10113 [152], EUK-134 [155].................................................................................... 83
Figura 60. Representação da correlação entre os potenciais das semi-reações de oxidação e
redução do íon superóxido e dos potenciais ótimo e da enzima SOD [18]. ................................ 83
Figura 61. Representação do ciclo-catalítico para a reação de dismutação do íon superóxido
catalisada por uma Mn-porfirina [18]. .......................................................................................... 84
Figura 62. Representação da dependência entre o potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) de Mn-
porfirinas e a atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
) [168]. ................................... 85
Figura 63. Estruturas das porfirinas base-livre H
2
T2MPP e H
2
TMPP. ....................................................... 86
Figura 64. Representação das reações que ocorrem no sistema utilizado para determinação da
atividade SOD-mimética (log k
cat
). ............................................................................................... 91
Figura 65. Representação dos dados obtidos no acompanhamento da reação de redução do Fe
III
-
Citc pelo íon O2
•−
, nos experimentos para determinação da atividade SOD. (a) Reação
não-inibida (v
0
) e (b) reação inibida (v
i
). ...................................................................................... 92
Figura 66. Representação da curva gerada pelo tratamento dos dados obtidos durante o
experimento para determinação da atividade SOD. .................................................................... 92
Figura 67. Gráfico de {(v
0
/v
i
) 1} versus concentração de [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. v
0
representa a
velocidade de redução do Fe
III
-Citc (10 × 10
-6
mol L
-1
) pelo O
2
•−
e v
i
a velocidade de
redução do Fe
III
-Citc inibida pela Mn-porfirina. Condições experimentais: solução tampão
de fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8), xantina 40 × 10
-6
mol L
-1
, xantina oxidase ~ 2 × 10
-9
mol
L
-1
,EDTA 1 × 10
-4
mol L
-1
, 25º C................................................................................................... 94
Figura 68. Representação da dependência entre o potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) de Mn-
porfirinas catiônicas e a atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
) [179]. .................. 95
Figura 69. Desmetalação parcial de soluções a ~ 2 × 10
-6
mol L
-1
de (A) [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
e (B)
[Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
em solução tampão fosfato 0,05 mol L-1 (pH 7,8), registrada durante
xxi
uma hora. (C) Decaimento da banda Soret para [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
(, 484 nm) e
[Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
(, 492 nm). .................................................................................................. 96
Figura 70. Influência da força iônica do meio na constante de velocidade da reação de dismutação
do íon O
2
•−
, catalisada por diferentes Mn-porfirinas catiônicas. Os valores de k
cat
foram
determinados em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8), EDTA 1 × 10-4 mol L
-1
e
25º C. A força iônica (µ) foi ajustada usando-se NaCl ou fosfato. .............................................. 98
Figura 71. Crescimento aeróbio de cepas de E. Coli SOD-deficientes (JI132) em presença e
ausência de porfirinas ou MnCl2 (à concentração de 5 × 10
-8
, 5 × 10
-7
, 1 × 10
-6
, ou 5 × 10
-
6
mol L
-1
) no meio 5AA. Dados coletados na 13ª hora de experimento. As leituras
turbidimétricas foram realizadas no comprimento de onda de 700 nm. O crescimento
aeróbio de cepas selvagens de E. Coli (AB1157) são usadas como referência [179]. ............. 100
Figura 72. Ferro protoporfirina IX. Sítio catalítico do citocromo P-450. .................................................... 102
Figura 73. Ciclo catalítico proposto para os Citocromos P-450 na oxidação de substratos orgânicos
[196]. .......................................................................................................................................... 103
Figura 74. Mecanismo da hidroxilação/oxidação de alcanos por manganês-porfirinas [204-208]. .......... 105
Figura 75. Hidroxilação do ciclo-hexano catalisada por manganês-porfirinas. ......................................... 110
Figura 76. Reações de hidroxilação do ciclo-hexano usando os catalisadores hidrofóbicos,
Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, e o doador de oxigênio PhI(OAc)
2
, com adição de água e
em ausência de água. (A) Mn
III
T3PyPCl e (B) Mn
II
Br
8
T3PyP. Cada ponto apresentado
nos gráficos acima foi obtido realizando-se as reações de hidroxilação em triplicata, no
tempo de reação especificado. .................................................................................................. 112
Figura 77. Representação das posições axiais em um metaloporfirina genérica (MP). ........................... 114
Figura 78. Representação esquemática das transições entre os diferentes níveis eletrônicos e
vibracionais das porfirinas (D
2h
) e das ferroporfirinas (D
4h
) [39]. ............................................... 137
Figura 79. Espectros genéricos de porfirinas e metaloporfirinas. (A) Porfirina base livre. (B)
Metaloporfirina. .......................................................................................................................... 138
xxii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3PyP (em CHCl
3
) e
H
2
T3MPyPCl
4
(em água). .......................................................................................................... 30
Tabela 2. Dados dos espectros de RMN
1
H da H
2
T3PyP (CDCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(DMSO) (200
MHz, TMS)................................................................................................................................. 32
Tabela 3. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e
Mn
III
T3MPyPCl
4
em água. ......................................................................................................... 33
Tabela 4. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e
Cu
II
T3MPyPCl
4
em água. .......................................................................................................... 35
Tabela 5. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Cu
II
T3MPyPCl
4
e
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em água. ..................................................................................................... 37
Tabela 6. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
e
H
2
T3MPyPCl
4
em água e [HBr
8
T3MPyP]
3+
em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH
7,6). ............................................................................................................................................ 40
Tabela 7. Dados dos espectros de RMN
1
H da H
2
T3MPyPCl
4
(DMSO) e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(CD
3
OD)
(200 MHz, TMS). ....................................................................................................................... 41
Tabela 8. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
em água
e Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em solução tampão fosfato (pH = 7,6, 0,05 mol L
-1
). .............................. 43
Tabela 9. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
TCPP e Mn
III
TCPP em
solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). .......................................................................... 45
Tabela 10. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCMPPCl (em
diclorometano) e H
2
Br
8
TCPP (em solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6). ............... 47
Tabela 11. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
Br
8
TCPP e
Mn
III
Br
8
TCPP em solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). ......................................... 49
Tabela 12. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
TSPP e Mn
III
TSPP em
solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). ..................................................................... 50
Tabela 13. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Mn
III
TSPP e
Mn
III
Br
8
TSPP em solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6). ......................................... 53
Tabela 14. Dados obtidos por espectroscopia na região do IV para as porfirinas H
2
T3CPP e
H
2
T3CBPP. As amostras foram analisadas em pastilhas de KBr. ............................................ 57
Tabela 15. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP e
Mn
III
T3CBPPCl em CH
2
Cl
2
. ....................................................................................................... 58
Tabela 16. Potenciais (V vs NHE) para o processo centrado no íon metálico (MnIII/MnII), obtidos
por voltametria cíclica para as manganês-porfirinas estudadas. .............................................. 70
Tabela 17. Quantidades dos reagentes utilizados no experimento para determinação da atividade
SOD. .......................................................................................................................................... 89
Tabela 18. Quantidades dos reagentes utilizados no experimento para determinação da influência
da força iônica na atividade SOD. ............................................................................................. 90
Tabela 19. Valores de E
1/2
(Mn
III
/Mn
II
) e atividade SOD-mimética para diferentes Mn-porfirinas e
Cu,Zn-SOD (enzima) determinados em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8). .......... 94
xxiii
Tabela 20. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisada por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP em presença de oxigênio. ............. 111
Tabela 21. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO,
catalisada por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, com adição de imidazol. ................................. 115
Tabela 22. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhI(OAc)
2
,
catalisada por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, com adição de imidazol. ................................. 116
Tabela 23. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisada por Mn
III
T3CBPPCl............................................................................... 117
Tabela 24. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisadas por manganês-porfirinas catiônicas e hidrossolúveis. ....................... 119
Tabela 25. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisadas por manganês-porfirinas aniônicas e hidrossolúveis. ........................ 120
Tabela 26. Fatores de resposta (F e f) obtidos na calibração do cromatógrafo. ...................................... 141
Tabela 27. Condições de operação do cromatógrafo. .............................................................................. 142
Tabela 28. Programa de temperatura utilizado nas análises das reações de oxidação do ciclo-
hexano. .................................................................................................................................... 142
Tabela 29. Tempo de retenção dos produtos formados nas reações de oxidação do ciclo-hexano........ 143
1
1. Introdução
As biomoléculas podem ser estudadas sob dois aspectos:
à luz da hipótese segundo a qual as biomoléculas são o produto de uma seleção
evolutiva atingindo a melhor adaptação possível para sua função biológica [1];
suas estruturas e suas propriedades, como se faz para as moléculas não biológicas,
segundo os princípios usados pela química clássica.
Quanto à adaptação biológica desses compostos orgânicos, chama atenção o fato de
que a composição elementar da matéria viva é muito diferente daquela da litosfera. Isso
significa que certos elementos químicos são melhor adaptados para constituir as moléculas dos
organismos vivos: apenas 27 elementos encontrados na crosta terrestre são encontrados nos
organismos vivos [2].
Os quatro elementos mais abundantes na crosta terrestre são O, Si, Al e Fe; por outro
lado, os quatro elementos mais abundantes nos organismos vivos são O, H, C e N. Isso mostra
que a distribuição dos elementos químicos nos seres vivos não é proporcional à distribuição
deles na crosta [2]. Esta constatação permite supor que esses elementos químicos possuem
uma adaptação molecular extraordinária em relação aos processos que, em conjunto,
constituem o estado vivo.
Os quatro elementos O, C, N e H possuem uma propriedade comum: formam ligação
covalente forte. Além disso, estão entre os elementos mais leves e, se a força de uma ligação
covalente é inversamente proporcional à massa atômica, esses quatro elementos formam
ligações muito fortes.
As moléculas dos organismos vivos são ordenadas numa hierarquia de complexidade
molecular crescente, embora todas derivem de precursores muito simples (CO
2
, N
2
, O
2
, H
2
O)
até formar as macromoléculas cujas massas são grandes. Dentre as macromoléculas, estão as
porfirinas e as metaloporfirinas. Elas devem ter sido formadas quando as condições no planeta
permitiram que estruturas mais complexas, “vivas”, pudessem sintetizá-las e preservá-las das
adversidades do meio [1]. Uma hipótese é ilustrada pela seguinte escala geológica (Esquema
1) [3, 4].
2
Esquema 1. Proposta de escala geológica para o desenvolvimento da “vida” na terra [3, 4].
Embora os aspectos químicos/evolutivos sejam atraentes, o que se pretende com este
trabalho é conhecer melhor as estruturas e as propriedades de um tipo de bio-macromolécula.
O foco de interesse são as porfirinas sintéticas que funcionam como modelo de sistemas
naturais, nos quais as porfirinas são denominadas moléculas e/ou pigmentos da vida [5, 6].
Tendo em vista que a palavra porfirina será o grande destaque deste trabalho é imperativo
tratar de sua origem. Porfirina deriva do grego porphyra que faz referência à cor púrpura. Esta
cor está associada aos pigmentos das algas fotossintéticas [7].
Para uma melhor apreciação do tema, um breve histórico [8] sobre essas fascinantes
moléculas é resumido no Quadro 1.
Quadro 1. Histórico sobre o desenvolvimento da química de porfirinas e metaloporfirinas [8].
Ano Evento
1871
Hoppe-Seyler isolou porfirinas do sangue e mostrou que elas são derivadas do pirrol.
1879
Hoppe-Seyler estabeleceu que existia similaridade estrutural entre a clorofila e o heme
(Figura 1), entretanto, sem propor uma estrutura química.
1912
Kuster propos um macrociclo contendo 4 grupos pirrólicos como sendo a estrutura
básica da porfirina, entretanto, sua proposta não foi aceita pela comunidade científica.
1918
Milroy descreve a primeira síntese do macrociclo porfirínico.
1929 Hans Fischer sintetizou a cloro hemina e confirmou a estrutura proposta por Kuster.
1930 Fischer ganhou o Prêmio Nobel de Química por seus trabalhos com porfiirinas.
3
Figura 1. Estrutura da clorofila A e do heme (ferro protoporfirina IX).
A partir dos trabalhos pioneiros de Fischer [9], diversos grupos de pesquisa se
propuseram a construir macrociclos com os mais diversos substituintes. É nesse segmento que
nosso grupo se insere trabalhando com várias porfirinas substituídas, entre elas destacam-se a
tetrapiridilporfirina (hidrofóbica) e a carboxifenilporfirina (hidrossolúvel). O termo porfirina
hidrossolúvel” implica em alguma solubilidade em água na faixa de pH de zero a quatorze.
Uma característica inerente às porfirinas hidrossolúveis é a presença de cargas associadas ao
macrociclo. São conhecidos compostos com cargas que variam de -8 (porfirinas aniônicas) a
+20 (porfirinas catiônicas), sendo que, quanto maior o número de cargas, maior é a
solubilidade do composto [10].
As tetrapiridilporfirinas (TPyP) (Figura 2) são uma classe de porfirinas sintéticas meso-
substituídas que podem ser facilmente sintetizadas e são utilizadas como compostos modelo
em vários estudos químicos [11], físico-químicos [12], fotoquímicos [13] e biológicos [14].
Figura 2. Estruturas dos isômeros da tetrapiridilporfirina (TPyP).
4
As tetrapiridilporfirinas podem ser de três tipos dependendo da posição dos nitrogênios
N-piridil, como: H
2
T2PyP (isômero orto), H
2
T3PyP (isômero meta) e H
2
T4PyP (isômero para,
também conhecido com H
2
TPyP) representados na Figura 2. Esses compostos interessam
muito porque podem apresentar características hidrofílicas, pelo simples processo de
quartenização dos nitrogênios dos grupos piridil, formando porfirinas com cargas positivas N-
protonadas ou N-alquiladas [15], ou seja, tornando-se porfirinas hidrossolúveis.
As propriedades das tetrapiridilporfirinas m sido sistematicamente estudadas e,
quando comparadas com os derivados das tetrafenilporfirinas, demonstram diferenças
significativas nas propriedades fotofísicas e redox devido ao efeito retirador de elétrons dos
grupos piridil sendo, por exemplo, consideravelmente mais ácidas que as tetrafenilporfirinas. As
propriedades das tetrapiridilporfirinas podem ainda variar de um isômero para o outro, sendo
que as diferenças são mais acentuadas entre os isômeros tetracatiônicos do que entre os
isômeros neutros [15]. Uma das principais aplicações das piridilporfirinas, atualmente, é na
química supramolecular [11, 16]. Esta área da química utiliza uma abordagem centrada na
associação de espécies moleculares, visando uma determinada propriedade ou funcionalidade.
Um dos focos desta área da ciência é produzir dispositivos moleculares. Esses dispositivos
podem ser definidos como estruturas organizadas constituídas por espécies químicas
(macrociclos porfirínicos) funcionalmente integradas, por meio do arranjo adequado de
componentes moleculares específicos. Geralmente, executam operações simples como
separar cargas, transportar íons, moléculas, elétrons etc. Esses dispositivos são ativados por
meio de luz, elétrons ou íons [16].
As tetracarboxifenilporfirinas também podem ser de três tipos dependendo da posição
dos grupos carboxi (-COOH), como: H
2
T2CPP, H
2
T3CPP e H
2
T4CPP (também reconhecida
como H
2
TCPP ou H
2
TBAP na área biológica). Esses compostos são bastante interessantes
porque são hidrossolúveis. São porfirinas aniônicas e a H
2
TCPP e seus derivados metálicos
são os compostos mais estudados dentro das áreas da química [17] e, principalmente, da
biologia [18]. Uma outra classe de porfirinas aniônicas importantes são aquelas derivadas da
sulfonatofenilporfirina (H
2
TSPP) [19]. A Figura 3 apresenta o processo de ionização da H
2
TCPP
em solução tampão (pH 7,6). Esse processo é apresentado com o objetivo de evidenciar as
diferenças na representação das espécies químicas (H
2
TCPP e [H
2
TCPP]
4-
).
5
Figura 3. Ionização da H
2
TCPP em solução aquosa (pH 7,6).
Em uma área bastante promissora da química, estão os complexos metálicos (Ru, Fe,
Mn) derivados de diferentes porfirinas (hidrofóbicas e hidrossolúveis) empregados como
catalisadores em reações de oxidação de substratos orgânicos, em presença de doadores de
oxigênio. Esses sistemas são modelos de enzimas redox (oxidoredutases) que são
fundamentais para muitas reações de oxidação que ocorrem in vivo. Assim, uma área
promissora de estudos é a que utiliza metaloporfirinas sintéticas capazes de atuar como
sistemas biomiméticos dessas enzimas. Dentro deste foco nosso grupo se insere, empenhado
no desenvolvimento de novos compostos metaloporfirínicos que possam ser utilizados em
reações de oxidação de substratos orgânicos.
Os isômeros da tetrapiridilporfirina (TPyP) mais estudados são H
2
T4PyP e H
2
T2PyP. As
manganês-porfirinas do isômero orto- (Mn
III
T2PyPCl e Mn
III
Br
8
T2PyPCl) foram estudadas por
nosso grupo [20, 21]. Durante o meu mestrado, iniciamos o estudo dos catalisadores
hidrofóbicos Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP [22]; eles apresentaram características químicas
bastante peculiares, quando comparadas ao isômero –orto. Dessa forma, durante o meu
doutorado, continuamos a estudar esses catalisadores em alguns sistemas catalíticos e os
resultados foram recentemente publicados no Journal of Molecular Catalysis A, Chemical [23].
Para ampliar os conhecimentos referentes aos complexos dessa classe de porfirinas, nos
propusemos a investigar os compostos hidrossolúveis derivados do isômero meta-
(H
2
T3MPyP
4+
). Um dos objetivos foi avaliar a influência de substituintes eletronegativos no anel
porfirínico com relação à eficiência catalítica em sistemas biomiméticos de oxidação de ciclo-
hexano (utilizando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de átomo de oxigênio) e também sua
eficiência como compostos modelo da enzima superóxido dismutase (SOD).
Os sistemas aquosos de duas fases para oxidação de substratos orgânicos foram
extensivamente estudados, principalmente por Meunier e colaboradores [24], em função do pH
do meio e da adição de agentes de transferência de fase [25], além da adição de ligantes
6
nitrogenados que atuam como ligantes axiais na metaloporfirina [26]. No entanto, nenhum
estudo com porfirinas hidrossolúveis foi encontrado e, por isso, o nosso interesse em verificar o
potencial catalítico das porfirinas carregadas de manganês derivadas da H
2
T3MPyP
4+
, H
2
TSPP
e H
2
TCPP em processos oxidativos. A inclusão dos derivados da H
2
TSPP e H
2
TCPP nesses
estudos deve-se à possibilidade de comparação entre os sistemas usando porfirinas com
cargas positivas e negativas, um estudo inovador sem relatos específicos na literatura. Além
disso, tivemos a oportunidade de verificar o efeito da agitação por ultra-som nos processos
bifásicos, método este empregado pelo nosso grupo com resultados interessantes [23, 27-31].
A eficiência SOD-mimética também foi verificada para os derivados da H
2
TSPP e H
2
TCPP.
As metaloporfirinas quirais são amplamente estudadas e constituem uma importante
classe de catalisadores para a epoxidação assimétrica de alcenos [32-35]. Assim, decidimos
sintetizar um complexo hidrofóbico quiral derivado da tetracarboxifenilporfirina (H
2
T3CPP,
isômero meta), uma vez que essa porfirina esdisponível comercialmente. O nosso objetivo
foi desenvolver um catalisador que pudesse ser utilizado em reações estereosseletivas e
verificar sua eficiência catalítica sob a influência dos substituintes na posição meta- dos grupos
meso-arilas.
7
2. Síntese de Porfirinas e Metaloporfirinas
2.1. Introdução
Diante da estrutura das porfirinas, o primeiro olhar recai sobre o anel macrocíclico
anguloso e característico de todas elas. Em seguida, o foco se desloca percorrendo a periferia
do anel para identificar as particularidades estruturais e as cadeias laterais que individualizam
cada classe de porfirinas. Num terceiro movimento ocular detecta-se o vazio que se oferece à
metalação, no centro do anel.
Toda essa estrutura já foi investigada e medida, explorada e descrita de modo que se
tornou possível fazer previsões e propor hipóteses, com base nos efeitos eletrônicos e
estéreos, a cada modificação introduzida. O interesse se concentra em conhecer essas
estruturas e os efeitos das substituições para estudos racionalizados de como aplicá-las. A
catálise tem sido uma das vias mais exploradas.
Porfirinas são compostos macrocíclicos, aromáticos, altamente conjugados, presentes
em várias proteínas, desempenhando importantes papéis em atividades biológicas, tais como:
transporte e armazenamento de oxigênio (hemoglobina e mioglobina) e oxidação catalítica
(monooxigenase dependente do citocromo P-450) [36].
O macrociclo porfirínico é um polieno cíclico formado por 4 anéis pirrólicos unidos por
átomos de carbono sp
2
(ponte de metilideno), constituído por um sistema de 20 átomos de
carbono, denominado de porfina (Figura 4).
Figura 4. (A) Sistema macrocíclico da porfirina. (B) Numeração das posições do anel porfirínico.
O macrociclo tem um total de 22 elétrons π, sendo que 18 desses elétrons estão em
conjugação direta com o anel, conforme a regra de aromaticidade de Hückel (4n + 2) [36]. A
nomenclatura sistemática [37] é baseada na numeração do anel porfirínico de 1
a 24 (Figura
4B), incluindo os átomos de nitrogênio. Sendo assim, tem-se que:
8
os nitrogênios 21 e 24, com hidrogênios ligados, são denominados pirrólicos;
os nitrogênios 22 e 23, sem hidrogênios, são denominados pirroleninos [38];
as posições 5, 10, 15 e 20 são denominadas meso;
os carbonos 2, 3, 7, 8, 12, 13, 17 e 18 são denominados β-pirrólicos;
os anéis pirrólicos são denominados, individualmente, A, B, C e D.
As duplas ligações das posições 7 e 17 (Figura 4B) são transversalmente conjugadas e
podem, portanto, ser reduzidas mantendo a aromaticidade da molécula. Devido à natureza
aromática, é possível que as porfirinas sofram reações de substituição (eletrofílica ou radicalar)
nas posições 2, 3, 5, 7, 8, 10, 12, 13, 15, 17, 18 e 20, sendo que as oito posições β-pirrólicas
diferem das quatro posições meso em função da reatividade. E ainda, as duplas ligações das
posições 7 e 17, por não participarem da conjugação π diretamente, também podem reagir
diferentemente das outras posições β-pirrólicas dependendo das condições de reação [39].
Os nitrogênios dos quatro anéis pirrólicos voltados para o centro do macrociclo
porfirínico possuem pares de elétrons que lhes conferem propriedades de base de Lewis, o que
deu origem à terminologia “porfirina base livre (H
2
P)”. A representação H
2
P contém dois átomos
de hidrogênio, os quais estão ligados aos nitrogênios pirrólicos (Figura 4). A adição de um ou
dois prótons no anel forma as espécies mono e dicatiônicas, nas quais os nitrogênios estão
parcialmente ou totalmente protonados. O termo porfirina monocátion (H
3
P
+
) ou dicátion (H
4
P
2+
)
refere-se apenas à carga associada aos 24 átomos do anel porfirínico e não inclui qualquer
mudança de carga convencionalmente associada a grupos substituintes [40]. Quando sofre
desprotonação dos nitrogênios internos (21 e 24) as espécies são denominadas de monoânion
(HP
-
) ou diânion (P
2-
).
2.2. Metalação e Desmetalação de Porfirinas
O ligante porfirinato aniônico tetradentado, formado pela perda de dois prótons dos
nitrogênios pirrólicos no centro porfirínico, é um centro estratégico de coordenação podendo
formar complexos com uma variedade de metais [36]. Na maioria dos casos, a formação de
uma metaloporfirina envolve a reação da porfirina base livre (H
2
P) com o sal de um metal
divalente (MX
2
), formando a metaloporfirina (MP) e o ácido correspondente (HX), conforme
representado na equação simplificada abaixo (Equação 1, Figura 5).
H
2
P + MX
2
M
II
P + 2 HX Eq. 1
9
Figura 5. Metalação da meso-tetrafenilporfirina (H
2
TPP) com íons cobre.
A reação direta é denominada metalação e a inversa de desmetalação [41] (Figura 5).
Existem vários fatores que governam a reação de metalação, como a natureza e capacidade
de dessolvatação do íon metálico, a habilidade de deformação e a basicidade da porfirina, além
da presença de cargas na periferia do macrociclo [42].
Vários métodos de metalação para gerar metaloporfirinas são descritos. Entretanto, não
existe um procedimento simples de inserção de íon metálico que seja aplicável a todos os
metais e porfirinas. As reações são realizadas em soluções tão concentradas quanto possível
porque, em soluções diluídas, a tendência é diminuir as reações bimoleculares. Isso pode
resultar em longos tempos de reação que, para sistemas com solventes que apresentam alta
temperatura de ebulição (N,N-dimetilformamida, dimetilsulfóxido, ácido acético), pode levar à
decomposição do material de partida ou do produto. Alguns dos principais métodos de
metalação são sumarizados no Quadro 2.
Quadro 2. Principais métodos empregados para a metalação de porfirinas.
Método
Referência
Descrição
CH
3
OH:CHCl
3
[36]
Adição da solução saturada do sal íon do metal em metanol a
uma solução saturada da porfirina em clorofórmio, sob refluxo.
DMF
[43]
Refluxo de um sal do íon do metal (geralmente cloretos) com a
porfirina em DMF.
Piridina
[44]
Refluxo de um sal do íon do metal com a porfirina em piridina.
Carbonil do
metal (M(CO)
n
)
[45, 46]
O carbonil do metal é aquecido com a porfirina em solvente
inerte, como o benzeno.
M(s)/DMF
[47]
Refluxo do metal com a porfirina em DMF.
10
O processo de desmetalação é favorecido pela presença de ácidos porque a
protonação dos nitrogênios internos do anel porfirínico impede a coordenação do metal. A
estabilidade da metaloporfirina é definida em termos do grau de resistência do desprendimento
do íon metálico pelo ácido.
Os métodos utilizados para remoção do íon metálico empregam ácidos orgânicos e
inorgânicos, tais como: ácido trifluoroacético (TFA) [48], ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) [49], ácido
perclórico (HClO
4
) [50], ácido clorídrico (HCl) [51] e ácido bromídrico (HBr) [27]. Geralmente, os
processos envolvem a mistura vigorosa da solução da metaloporfirina, em solvente adequado,
com o ácido.
2.3. Classificação das Porfirinas e Metaloporfirinas
Nas últimas três décadas, a obtenção de porfirinas e de suas correspondentes
metaloporfirinas com os mais variados substituintes, levou à classificação desses compostos
em quatro classes distintas: porfirinas de primeira, segunda, terceira e quarta gerações. Esta
classificação foi inicialmente proposta por Sheldon [8] e levava em conta apenas as três
primeiras classes apresentadas. Os critérios de classificação são o tipo e a posição do
substituinte na periferia do macrociclo.
As porfirinas de primeira geração constituem uma classe de compostos cuja estrutura
básica, o macrociclo porfirínico, apresenta apenas grupos alquila ou arila nas posições meso,
e/ou alquila nas posições β-pirrólicas (Figura 6). Essas porfirinas não apresentam quaisquer
outros substituintes na periferia do anel.
Figura 6. Porfirinas de 1ª geração. (A) Meso-tetrafenilporfirina; (B) β-octametilporfirina.
A segunda geração de porfirinas apresenta diferentes substituintes (alquila, halogênio,
entre outros) nas posições orto, -meta e/ou para dos grupos meso-arilas [48, 52-54] (Figura
7).
11
Figura 7. Porfirinas de 2ª geração. (A) Meso-tetraquis(2,6-diclorofenil)porfirina (hidrofóbica); (B) Meso-
tetraquis(3-metilpiridil)porfirina (hidrossolúvel).
As propriedades físico-químicas das porfirinas e metaloporfirinas de geração, bem
como suas aplicações, são influenciadas pelos diferentes substituintes na periferia do
macrociclo porfirínico. Esses substituintes podem afetar a solubilidade [10], a capacidade de
agregação e atropimerização [10, 55] e a metalação dos compostos porfirínicos [10].
As porfirinas de terceira geração são derivadas daquelas de primeira e segunda
gerações e caracterizam-se por terem substituintes retiradores de elétrons, em geral
halogênios ou grupos nitro, nas posições β-pirrólicas do anel porfirínico (Figura 8) [48, 56, 57].
Figura 8. Porfirinas de 3ª geração. (A) Meso-tetraquis(4-metilpiridil)-β-octabromoporfirina; (B) Meso-
tetrafenil-β-octabromoporfirina.
A introdução dos substituintes eletronegativos diretamente no macrociclo porfirínico,
altera a conformação estrutural do macrociclo, desfavorecendo as interações intermoleculares.
As porfirinas β-octahalogenadas geralmente apresentam conformação em forma de sela [51]
12
(Figura 9). As distorções em sela minimizam as interações intramoleculares entre os
substituintes das posições β-pirrólicas e os substituintes em orto ou meta dos anéis meso-arilas
[58, 59]. Devido a essa distorção dos centros porfirínicos, a cavidade fica estereamente menos
protegida do que no caso das porfirinas de segunda e primeira gerações, que são
aproximadamente planas [60, 61].
(A)
(B)
Figura 9. Conformação em sela da [Mn
II
Br
8
TMPyP]
4+
. (A) Estrutura química plana. (B) Distorções em
perfil [60].
As porfirinas de quarta geração são denominadas porfirinas dendriméricas (Figura 10).
Elas são caracterizadas pelo acoplamento de estruturas dendríticas nas porfirinas [62, 63],
gerando moléculas com estruturas tridimensionais e com distintas propriedades funcionais.
13
Figura 10. Exemplo de porfirina base livre dendrimérica [63].
2.4. Objetivos e Justificativas
Este capítulo trata da preparação e caracterização das manganês-porfirinas (Quadro 3).
Elas podem ser divididas em dois grupos: manganês-porfirinas hidrossolúveis (Mn
III
T3MPyPCl
5
,
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, Mn
III
TCPP, Mn
III
Br
8
TCPP, Mn
III
TSPP, Mn
III
Br
8
TSPP) e hidrofóbica quiral
(Mn
III
T3CBPPCl).
14
Quadro 3. Representação estrutural das Mn-porfirinas sintetizadas.
Estrutura Características
Fórmula
(representação em
solução)
1
Hidrossolúvel e catiônica
de 2ª geração.
Mn
III
T3MPyPCl
5
([Mn
III
T3MPyP]
5+
)
Hidrossolúvel e catiônica
de 3ª geração (inédita).
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
)
Hidrossolúvel e aniônica
de 2ª geração.
Mn
III
TCPP
([Mn
III
TCPP]
3-
)
1. As Mn-porfirinas hidrossolúveis foram estudadas em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
, e
neste meio considera-se que elas encontram-se dissociadas ou ionizadas. A representação na
forma dissociada/ionizada foi utilizada ao longo do trabalho, quando os experimentos foram
realizados utilizando-se o solvente citado.
15
Continuação do Quadro 3.
Estrutura Características
Fórmula
(representação em
solução)
1
Hidrossolúvel e aniônica
de 3ª geração.
Mn
III
Br
8
TCPP
([Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
)
Hidrossolúvel e aniônica
de 2ª geração.
Mn
III
TSPP
(Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
)
Hidrossolúvel e aniônica
de 3ª geração.
Mn
III
Br
8
TSPP
([Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
)
16
Continuação do Quadro 3.
Estrutura Características
Fórmula
(representação
em solução)
1
Hidrofóbica, quiral de
2ª geração (inédita)
Mn
III
T3CBPPCl
([Mn
III
T3CBPP]
+
)
Os compostos hidrossolúveis são importantes porque o emprego de solventes mais
polares como acetonitrila e água em reações de oxidação de substratos orgânicos permite
maior solubilização do doador de oxigênio no meio de reação; além disso, permite a realização
de um estudo comparativo quanto ao uso das metaloporfirinas com cargas positivas e
negativas em reações de oxidação. Um outro fator importante é a utilização das Mn-porfirinas
hidrossolúveis como compostos miméticos da enzima superóxido dismutase (SOD). a
manganês-porfirina hidrofóbica foi idealizada e sintetizada com o objetivo de promover reações
mais estereoseletivas, devido ao ambiente estéreo gerado pelos substituintes presentes nos
anéis meso-arilas. As rotas de síntese desses compostos são apresentadas a seguir (Esquema
2).
17
Esquema 2. Rotas de síntese dos catalisadores metaloporfirínicos. Os compostos em negrito
representam as Mn-porfirinas obtidas.
18
2.5. Parte Experimental
2.5.1. Solventes e Equipamentos
2.5.1.1. Solventes
A) Acetona (CH
3
COCH
3
), Acetonitrila (CH
3
CN), Clorofórmio (CHCl
3
), Metanol (CH
3
OH)
Para utilização geral, como solvente ou eluente, acetona (Quimex), acetonitrila (Carlo
Erba), metanol (Quimex) e clorofórmio (Quimex) foram submetidos à destilação simples. Outros
solventes foram utilizados sem purificação prévia.
B) N,N-dimetilformamida (HCON(CH
3
)
2
)
A dimetilformamida (DMF, Aldrich) foi deixada em contato com pastilhas de KOH
durante 24 horas, em seguida foi destilada sob pressão reduzida e armazenada em frasco
contendo peneira molecular de 4 Å, previamente ativada.
C) Alumina Neutra (Al
2
O
3
) e Sílica (SiO
2
)
A alumina neutra (Aldrich) com granulometria de 150 mesh e a sílica (Aldrich) com
granulometria na faixa 70-230 mesh foram utilizadas nos processos de purificação das
porfirinas e metaloporfirinas por cromatografia em coluna.
Todos os outros reagentes utilizados nas sínteses, o foram sem purificação prévia.
2.5.1.2. Equipamentos
A) Espectrofotômetro UV-vis
Os espectros eletrônicos de absorção UV-vis foram registrados no espectrofotômetro
Hewlett-Packard diode array, modelo 8453, utilizando cubetas de vidro ou quartzo de 10 mm de
caminho óptico.
19
B) Espectrômetro de Massas
Os espectros de massas foram obtidos no Duke Comprehensive Cancer Center em
Duke University (EUA), no espectrômetro Applied Biosystems MDS Sciex 3200 Q Trap (ESI).
As análises foram realizadas pelo Dr. Júlio Santos Rebouças, pós-doutorando do grupo de
pesquisa da Dr. Ines Batinić-Haberle.
C) Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
Os espectros de RMN
1
H foram feitos em um espectrômetro Brucker Advance, modelo
DRX -200 (200 MHz), utilizando CDCl
3
ou CD
3
OD como solvente e TMS como referência
interna.
2.5.2. Síntese de Porfirinas e Metaloporfirinas
2.5.2.1. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Catiônicas Mn
III
T3MPyPCl
5
e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
A) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirina H
2
T3MPyPCl
4
A metilação da H
2
T3PyP foi realizada de acordo com o método descrito por Batinić-
Haberle e colaboradores [64]. A H
2
T3PyP (MIDCENTURY, 202 mg, 0,330 mmol) foi
solubilizada em 40 mL de DMF. A solução obtida foi aquecida (100°C, banho de óleo) sob
agitação magnética em sistema de refluxo durante cinco minutos. A esta solução foi adicionado
tosilato de metila (4 mL, 26,4 mmol), em excesso molar de 80 vezes. A mistura de reação foi
mantida sob refluxo e agitação magnética durante uma hora. A reação foi acompanhada por
meio de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e por cromatografia de camada delgada
(SiO
2
, KNO
3(sat)
:H
2
O:CH
3
CN, 1:1:8), reveladas em câmara de U.V.
Terminada a reação, a mistura foi transferida para um funil de separação, ao qual foram
adicionados 80 mL de CHCl
3
e 50 mL de água destilada. Formou-se uma mistura bifásica que
foi vigorosamente agitada. A fase orgânica foi recolhida e a fase aquosa (contendo a porfirina
metilada) foi lavada com CHCl
3
(5 × 40 mL). A fase aquosa foi recolhida e a ela adicionada
água destilada até o volume final de, aproximadamente, 150 mL. A porfirina obtida com o
contra-íon tosilato, foi submetida à reação de metátese com íons hexafluorofostato e cloreto,
respectivamente, conforme descrito a seguir.
À solução aquosa de porfirina foi adicionada, gota a gota, solução aquosa saturada de
NH
4
PF
6
até que toda a porfirina fosse precipitada. Em seguida, a mistura foi filtrada sob vácuo
20
(placa sinterizada, 10-20 µM) e o precipitado, lavado com éter dietílico. Nesta etapa, a cada
adição do solvente para lavagem, o precipitado era revolvido na placa com uma espátula até
que ele passasse da forma pastosa para a forma pulverizada. O sólido resultante,
H
2
T3MPyP(PF
6
)
4
, foi secado sob vácuo no próprio funil. Em seguida, a porfirina foi solubilizada
em acetona e o volume completado para, aproximadamente, 150 mL com o mesmo solvente. À
solução formada foi adicionada, gota a gota, solução saturada de cloreto de tetrabutilamônio
(em acetona) até que toda a porfirina fosse precipitada. Em seguida, a mistura foi filtrada sob
vácuo (placa sinterizada, 10-20 µM) e o precipitado lavado com acetona até que se
apresentasse como um (para isto o precipitado era revolvido constantemente na placa
utilizando-se uma espátula). A H
2
T3MPyPCl
4
assim preparada foi secada sob vácuo no próprio
funil e, em seguida, guardada em dessecador com P
2
O
5
. A porfirina foi caracterizada por
espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e RMN
1
H.
Rendimento H
2
T3MPyPCl
4
: 238,50 mg (89%).
UV-vis em H
2
O, λ
max
, nm (log ε): 417 (5.50), 514 (4.20), 550 (ombro), 581 (3.77), 636 (2.96)
[65].
RMN
1
H (200 MHz, DMSO, TMS): δ 9,3 (s, 4 H, o-H arila); δ 8,8 (d, 4 H, p-H arila); δ 8,5 (s, 8 H,
β
-pirrólico); δ 8,3 (d, 4 H, m-H arila); 7,8 (d, 4 H, o-H arila); δ 3,9 (s, 12 H, metílico).
B) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
T3MPyPCl
5
A metalação da [H
2
T3MPyP]
4+
com Mn(II) foi realizada de acordo com o método descrito
por Batinić-Haberle e colaboradores [65]. A H
2
T3MPyPCl
4
(90,0 mg, 0,110 mmol) foi
solubilizada em 30 mL de água destilada. À solução, foi adicionada, gota a gota, solução
aquosa de NaOH 1 mol L
-1
até que o pH fosse elevado para, aproximadamente, 12,3. Em
seguida, foi adicionado o MnCl
2
(277 mg, 2,20 mmol, excesso molar de 20 vezes) e a mistura
foi aquecida (100°C, banho de óleo) sob agitação magnética e sob refluxo durante seis horas.
A reação foi acompanhada por meio de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e por
cromatografia de camada delgada (SiO
2
, KNO
3(sat)
:H
2
O:CH
3
CN, 1:1:8), reveladas em câmara de
U.V.
Terminada a reação, a mistura foi filtrada duas vezes (filtração simples) e o volume da
solução completado para, aproximadamente, 100 mL com água destilada. A purificação do
complexo obtido foi realizada por meio da metátese com os íons hexafluorofosfato e cloreto
(conforme descrito para a [H
2
T3MPyP]
4+
, pág. 19). A Mn
III
T3MPyPCl
4
obtida foi secada sob
vácuo e, a seguir, mantida em dessecador com P
2
O
5
. A Mn-porfirina foi caracterizada por
espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis.
21
Rendimento Mn
III
T3MPyPCl
4
: 86,50 mg (87%).
UV-vis em H
2
O, λ
max
, nm (log ε): 395 (4,67), 460 (4,11), 557 (4,11), 676 (3,13) [65].
C) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirinatocobre(II)
Cu
II
T3MPyPCl
4
A metalação da [H
2
T3MPyP]
4+
com Cu(II) foi realizada de acordo com o método descrito
por Richards e colaboradores [13]. A H
2
T3MPyPCl
4
(111 mg, 0,140 mmol) foi dissolvida em 20
mL de uma mistura CH
3
OH:H
2
O (10:1). A mistura foi aquecida (45°C, banho de óleo) sob
agitação magnética e sob refluxo durante cinco minutos. Em seguida, foi adicionado o
CuCl
2
.2H
2
O (CARLO ERBA, 191,78 mg, 1,09 mmol), em excesso molar de 7.8 vezes,
dissolvido em 5 mL de metanol. A reação foi mantida em refluxo, sob agitação magnética, por
trinta minutos. A reação foi acompanhada por meio de espectroscopia eletrônica de absorção
UV-vis e por cromatografia de camada delgada (SiO
2
, KNO
3(sat)
:H
2
O:CH
3
CN, 1:1:8), reveladas
em câmara U.V.
Terminada a reação, o volume da mistura foi reduzido a, aproximadamente, 10 mL e
seguido da adição de 2-propanol até que ocorresse completa precipitação da cupro-porfirina. A
mistura assim obtida foi filtrada (placa sinterizada, 10-20 µM) sob vácuo e o precipitado lavado
com 2-propanol até o que filtrado fosse incolor. A Cu
II
T3MPyPCl
4
obtida foi secada e, a seguir,
mantida em dessecador com P
2
O
5
. A cupro-porfirina foi caracterizada por espectroscopia
eletrônica de absorção UV-vis e espectrometria de massas (ESI).
Rendimento Cu
II
T3MPyPCl
4
: 118,04 mg (99%).
UV-Vis em H
2
O, λ
max
, nm (log ε): 416 (5,01), 541 (4,35).
D) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirinato-
cobre(II) Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
Para a bromação da [Cu
II
T3MPyP]
4+
também foi usado o método descrito por Richards
e colaboradores [49]. A Cu
II
T3MPyPCl
4
(110 mg, 0,120 mmol) foi dissolvida em 12 mL de N,N-
dimetilformamida (DMF); a solução obtida foi colocada sob agitação magnética à temperatura
ambiente. Em seguida, foi adicionado, gota a gota, durante 30 minutos, 0,3 mL de bromo
(Merck, 936 mg, 5,87 mmol) solubilizado em 3,0 mL de DMF. A reação foi mantida sob agitação
e protegida da luz por 72 horas. Como nas sínteses anteriores, a reação foi acompanhada por
espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e por cromatografia de camada delgada (SiO
2
,
KNO
3(sat)
:H
2
O:CH
3
CN, 1:1:8).
22
Terminada a reação, à mistura foi adicionada água destilada até que ocorresse
completa precipitação da cupro-porfirina β-octabromada. Em seguida, a mistura foi filtrada sob
vácuo (placa sinterizada, 10-20 µM) e, o precipitado foi lavado com água destilada (3 × 5 mL) e
depois com uma mistura de etanol/2-propanol (1:1, 2 × 5 mL). O sólido obtido foi secado sob
vácuo.
A cupro-porfirina β-octabromada foi obtida, pelo processo descrito, com o contra-íon
tribrometo (Br
3
-
). Ela foi recolhida em água e, em seguida, submetida ao processo de metátese
com os íons hexafluorofostato e cloreto da mesma forma descrita para a [H
2
T3MPyP]
4+
(pág.
19). Ao final do processo de metátese, a Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(inédita) foi secada sob cuo e
armazenada em um dessecador contendo P
2
O
5
. A Cu-porfirina β-octabromada foi caracterizada
por espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e espectrometria de massas (ESI).
Rendimento Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
: 99,87 mg (53%).
UV-vis em H
2
O, λ
max
, nm (log ε): 266 (4,18), 379 (4,14), 447 (4,74), 473 (ombro, 4,55), 588
(3,88).
EM (ESI, H
2
O:ACN, 1:1): Picos centrados em m/z 343,2 referente à espécie
([Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
/4) e m/z 469,4 referente à espécie ([Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
+ Cl
-
/3).
E) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirina
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
O processo de desmetalação foi realizado usando ácido sulfúrico concentrado,
conforme o método descrito por Richards e colaboradores [49]. A Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(88,6 mg,
0,0590 mmol) foi dissolvida em 5 mL de H
2
SO
4
concentrado, previamente resfriado à
temperatura de 10°C. A solução foi deixada sob agitação magnética, à temperatura ambiente,
por quatro horas. Em seguida, a solução ácida foi vertida sobre 54 g de gelo moído (feito com
água desionizada) e o sistema foi deixado sob agitação magnética até que ocorresse completa
fusão do gelo. A desmetalação foi acompanhada por espectroscopia eletrônica de absorção
UV-vis.
Uma mistura verde-amarronzada foi obtida e a porfirina base livre β-octabromada foi
precipitada pela adição, gota a gota, de solução aquosa saturada de NH
4
PF
6
. A mistura foi
filtrada e o precipitado lavado com água e, em seguida, com uma mistura de etanol/éter
dietílico (1:1). A H
2
Br
8
T3MPyP(PF
6
)
4
também foi submetida à reação de metátese com o íon
cloreto conforme descrito anteriormente para a [H
2
T3MPyP]
4+
(pág. 19).
A H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(inédita) obtida foi secada sob vácuo e, em seguida, guardada em
dessecador com P
2
O
5
. A porfirina foi caracterizada por espectroscopia eletrônica de absorção
UV-vis, RMN
1
H e espectrometria de massas (ESI).
23
Rendimento H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
: 80,75 mg (95%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH = 7,6), λ
max
, nm (log ε): 271 (4,42), 508 (4,98), 646
(3,80), 729 (3,91).
RMN
1
H (200 MHz, CD
3
OD, TMS): δ 10,5 (s, 4 H, o-H arila); δ 9,7 (d, 4 H, p-H arila); δ 9,4 (d, 4
H, m-H arila); 8,6 (d, 4 H, o-H arila); δ 4,9 (s, 12 H, metílico).
EM (ESI, H
2
O:ACN, 1:1): Picos centrados em m/z 328 referente a espécie ([H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
/4)
e m/z 436,8 referente a espécie ([H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
+ e
-
/3).
F) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirinato-
manganês(II) Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
A metalação da [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
com Mn(II) foi realizada segundo o método adaptado
de Batinić-Haberle e colaboradores [60]. A H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(80,0 mg, 0,0550 mmol) foi
dissolvida em 20 mL de água e a mistura teve o pH ajustado para aproximadamente 12,3. Em
seguida, MnCl
2
(VETEC, 13,8 mg, 0,11 mmol) foi adicionado, em excesso molar de 2 vezes,
dissolvido em 2 mL de água destilada. Ocorreu metalação imediata da porfirina base livre. A
reação foi acompanhada por espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e por cromatografia
de camada delgada (SiO
2
, KNO
3(sat)
:H
2
O:CH
3
CN, 1:1:8).
Terminada a reação, a Mn-porfirina obtida foi submetida ao processo de metátese
utilizando os íons hexafluorofostato e cloreto, nesta ordem, respectivamente, conforme descrito
em detalhes para a [H
2
T3MPyP]
4+
(pág. 19). O produto obtido, Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(inédito), foi
secado sob vácuo e guardado em dessecador contendo P
2
O
5
. A manganês-porfirina foi
caracterizada por espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e espectrometria de massas
(ESI).
Rendimento Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
: 78,77 mg (95%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6), λ
max
, nm (log ε): 266 (4,50), 416 (4,53), 483
(4,93), 599 (4,00).
EM (ESI, H
2
O:ACN, 1:1): Picos centrados em m/z 340,7 referente a espécie
([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
/4) e m/z 465,5 referente a espécie ([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
+ Cl
-
/3).
2.5.2.2. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TCPP e
Mn
III
Br
8
TCPP
A manganês-porfirina de terceira geração hidrossolúvel, Mn
III
Br
8
TCPP, foi obtida por
meio da hidrólise ácida da Mn
III
Br
8
TCMPPCl, sua análoga hidrofóbica. A Mn
III
Br
8
TCMPPCl foi
estudada e sintetizada por nosso grupo de pesquisa e rota de síntese está reportada na
24
literatura [27]. A seguir, serão descritos apenas os procedimentos para obtenção dos
complexos aniônicos hidrossolúveis, uma vez que estes sofreram pequenas adaptações em
relação àqueles descritos por Nascimento [66].
A) Obtenção da Meso-tetraquis(4-carboxifenil)porfirinatomanganês(III) Mn
III
TCPP
A metalação da H
2
TCPP foi realizada de acordo com o método descrito por Nascimento
[66], com algumas modificações. A H
2
TCPP (ALDRICH, 50,0 mg, 0,0630 mmol) foi solubilizada
em 20 mL de N,N-dimetilformamida (DMF). A solução obtida foi aquecida sob agitação
magnética e refluxo durante cinco minutos. A esta solução foi adicionado o
Mn(CH
3
COO)
2
.4H
2
O (VETEC, 155 mg, 0,63 mmol), em excesso molar de 10 vezes, dissolvido
em 5 mL de DMF. A mistura de reação foi mantida sob refluxo e agitação magnética durante 24
horas e foi monitorada por espectroscopia eletrônica de absorção na região do visível e por
cromatografia de camada delgada (Al
2
O
3
neutra; (CH
3
)
2
CO/H
2
O, 2:1).
Terminada a reação, adicionou-se éter etílico à mistura. Formou-se um precipitado que
foi filtrado por filtração à vácuo, em funil de Buchner, e lavado com água destilada até que o pH
do filtrado fosse o mesmo da água. A porfirina base livre, que não reagiu, foi extraída com uma
solução de acetona:água (1:1). Para solubilizar a manganês-porfirina retida no filtro, foi
utilizada uma mistura de solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6) e acetona (1:1). O
solvente foi parcialmente eliminado do filtrado usando o evaporador rotatório e, então,
adicionou-se 1 mL de ácido acético concentrado, até que toda a manganês-porfirina fosse
completamente precipitada. Realizou-se uma nova filtração a vácuo. O processo de
solubilização da Mn-porfirina usando a mistura contendo solução tampão, seguida da
precipitação com ácido acético, foi repetida mais duas vezes. O sólido resultante foi lavado com
água destilada, em seguida com éter e, finalmente, secado sob vácuo. A Mn
III
TCPP obtida foi
mantida em dessecador com P
2
O
5
e caracterizada por espectroscopia de absorção UV-vis.
Rendimento Mn
III
TCPP: 47,93 mg (90%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6, log ε), λ
max
, nm: 381 (4,84), 468 (5,04), 566 (4,16),
780 (3,24).
B) Obtenção da Meso-tetraquis(4-carboxifenil)-β-octabromoporfirina – H
2
Br
8
TCPP
A porfirina base livre β-octabromada hidrossolúvel, H
2
Br
8
TCPP (precursora da Mn-
porfirina), foi obtida por hidrólise ácida da Mn
III
Br
8
TCMPPCl (previamente sintetizada) pelo uso
de H
2
SO
4
concentrado segundo a descrição de Cavalcanti [67], com algumas adaptações. À
Mn
III
Br
8
TCMPPCl sólida (70,0 mg, 0,0450 mmol) foram adicionados 10 mL de H
2
SO
4
25
concentrado e 0,5 mL de água destilada. A solução verde obtida foi mantida em frasco aberto,
em repouso, durante 21 dias à temperatura ambiente. À suspensão verde/amarelada originada,
foram adicionados 20 mL de água destilada, em banho de gelo. Observou-se a mudança de
coloração do sistema. A mistura vermelho/esverdeada ficou em repouso por uma noite e, em
seguida, foi filtrada em funil de Buchner. O precipitado foi lavado com água destilada e, após
secar completamente, o sólido retido no papel de filtro foi lavado com diclorometano e,
posteriormente, dissolvido em acetona/água (2:1). A solução foi, então, secada em evaporador
rotatório e o sólido correspondente à H
2
Br
8
TCPP (verde) foi deixado em dessecador com P
2
O
5
.
A porfirina foi caracterizada por espectroscopia de absorção UV-vis e por espectrometria de
massas (ESI-TOF).
Rendimento H
2
Br
8
TCPP: 39,40 mg (61%).
UV-vis em (CH
3
)
2
CO:H
2
O (2:1), λ
max
, nm: 477, 660, 760, 971.
ESI-TOF (modo negativo): m/z 1421 [H
2
P – H]
.
ESI-TOF (modo positivo): m/z 1423 [H
2
P + H]
+
.
C) Obtenção da Meso-tetraquis(4-carboxifenil)-β
ββ
β-octabromoporfirinatomanganês(III)
Mn
III
Br
8
TCPP
A metalação da H
2
Br
8
TCPP foi realizada de acordo com o método descrito por
Nascimento [66]. A H
2
Br
8
TCPP (42,86 mg, 0,030 mmol) foi solubilizada em 20 mL da mistura
(CH
3
)
2
CO/H
2
O (2:1). A solução obtida foi aquecida sob agitação magnética e refluxo durante
cinco minutos. A esta solução foi adicionado o Mn(CH
3
COO)
2
.4H
2
O (VETEC, 73,9 mg, 0,300
mmol), em excesso molar de 10 vezes, dissolvido em 5 mL de água. A mistura de reação foi
mantida sob refluxo e agitação durante uma hora e foi monitorada por espectroscopia
eletrônica de absorção na região do visível e por cromatografia de camada delgada (Al
2
O
3
neutra; (CH
3
)
2
CO/H
2
O, 2:1).
Terminada a reação, a mistura foi parcialmente evaporada eliminando-se a acetona;
após adição de água, formou-se um precipitado que foi filtrado por filtração à vácuo em funil de
Buchner e lavado com água. A porfirina base livre, que não reagiu, foi extraída com uma
solução de acetona:água (1:1). Para solubilizar a manganês-porfirina retida no filtro foi utilizada
uma mistura de solução tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6) e acetona (1:1). O solvente foi
parcialmente eliminado do filtrado e, então, adicionou-se 1 mL de ácido acético concentrado,
de forma que toda a manganês-porfirina precipitou e foi filtrada a vácuo. O processo de
solubilização da Mn-porfirina usando a mistura contendo a solução tampão, seguida da
precipitação com ácido acético, foi repetida mais duas vezes. O sólido resultante foi lavado com
água destilada, depois com éter e secado sob vácuo. A manganês-porfirina obtida foi mantida
26
em dessecador com P
2
O
5
e caracterizada por espectroscopia de absorção UV-vis e
espectrometria de massas (ESI).
Rendimento Mn
III
Br
8
TCPP: 24,88 mg (56%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6), λ
max
, nm (log ε): 441 (4.79), 493 (5,10), 593
(4,18), 635 (4,08).
EM (ESI, H
2
O:ACN:HCO
2
H, 40:40:1): Pico centrado em m/z 1474 correspondente a espécie
Mn
III
Br
8
TCPP.
2.5.2.3. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TSPP e
Mn
III
Br
8
TSPP
A) Obtenção da Meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)porfirinatomanganês(III) Mn
III
TSPP
A metalação da H
2
TSPP com Mn(II) foi realizada de acordo com o método designado
como clorofórmio:metanol, adaptado da literatura [36]. A H
2
TSPP (MIDCENTURY, 65,00 mg,
0.063 mmol) foi dissolvida em 10 mL de uma mistura clorofórmio:metanol (1:2). A solução
obtida foi aquecida sob agitação magnética e refluxo durante cinco minutos. A esta solução foi
adicionado o Mn(CH
3
COO)
2
.4H
2
O (VETEC, 155,00 mg, 0,63 mmol), em excesso molar de 10
vezes, dissolvido em 5 mL de metanol. A mistura de reação foi mantida sob refluxo e agitação
magnética durante 24 horas. A reação foi acompanhada por meio de espectroscopia eletrônica
de absorção UV-vis e por cromatografia de camada delgada (SiO
2
, CHCl
3
:CH
3
OH, 1:2),
reveladas em câmara de U.V.
Terminada a reação, o solvente foi eliminado no evaporador rotatório. O produto bruto
foi dissolvido em mínima quantidade de CHCl
3
:CH
3
OH (1:2) e percolado em coluna de sílica,
utilizando a mesma mistura de solventes como eluente. Em seguida, foi eliminado o solvente
das frações verdes correspondentes à Mn
III
TSPP. A manganês-porfirina obtida foi eluída com
metanol em coluna de resina de troca iônica Dowex 50X2-200 (H
+
). O solvente foi eliminado no
evaporador rotatório, a Mn
III
TSPP (verde-amarronzada) foi mantida em dessecador com P
2
O
5
e
caracterizada por espectroscopia de absorção UV-vis.
Rendimento Mn
III
TSPP: 61,50 mg (98%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6), λ
max
, nm (log ε): 400 (4,78), 467 (5,01), 563
(4,12), 597 (3,97).
27
B) Obtenção da Meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)-β-octabromoporfirinato-
manganês(III) Mn
III
Br
8
TSPP
Para a bromação da Mn
III
TSPP, foi adaptado o método descrito por Richards e
colaboradores [49]. A Mn
III
TSPP (65,0 mg, 0,0660 mmol) foi dissolvida em 3 mL de DMF; a
solução obtida foi colocada sob agitação magnética à temperatura ambiente. Em seguida, foi
adicionado, gota a gota durante trinta minutos, 0,25 mL de bromo líquido (Merck, 780 mg, 4,88
mmol) solubilizado em 1,5 mL de DMF. A reação foi mantida sob agitação magnética e
protegida da luz por 48 horas. A monitoração se deu por cromatografia de camada delgada
(SiO
2
; CHCl
3
:CH
3
OH, 1:2) e espectroscopia de absorção na região do UV-vis.
Terminada a reação, à mistura foi adicionado CH
2
Cl
2
até que ocorresse completa
precipitação da manganês-porfirina β-octabromada. Em seguida, a mistura foi filtrada sob
vácuo (placa sinterizada, 10-20 µM) e, o precipitado lavado com CH
2
Cl
2
(3 × 5 mL) até que o
filtrado não apresentasse coloração. O sólido obtido foi secado sob vácuo.
A [Mn
III
Br
8
TSPP]
+
foi solubilizada em CH
3
OH e a solução percolada em coluna de
Sephadex LH-20 usando CH
3
OH como eluente. Recolheram-se as frações de coloração verde
correspondente à Mn
III
Br
8
TSPP e o solvente foi eliminado no evaporador rotatório. A
manganês-porfirina obtida foi eluída com metanol em coluna de resina de troca iônica Dowex
50X2-200 (H
+
). O solvente foi eliminado e a Mn
III
Br
8
TSPP (verde) foi mantida em dessecador
com P
2
O
5
. A caracterização do composto foi realizada por espectrometria de massas (ESI) e
espectroscopia de absorção na região do UV-vis.
Rendimento Mn
III
Br
8
TSPP: 66,00 mg (64%).
UV-vis em tampão fosfato 0,1 mol/L (pH 7,6), λ
max
, nm (log ε): 397 (4,67), 491 (5,01), 592
(4,07), 634 (3,96).
EM (ESI, H
2
O:ACN, 1:1):cluster centrado em m/z 538,7 correspondente a espécie
([Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
/3).
2.5.2.4. Obtenção da Mn-porfirina Hidrofóbica e Quiral Mn
III
T3CBPPCl
A) Obtenção da Meso-tetraquis(3-(R)-2-butoxifenil)porfirina H
2
T3CBPP
A esterificação da H
2
T3CPP (meso-tetraquis(3-carboxifenil)porfirina) foi realizada
conforme o método descrito por Neises e Steglich [68]. A H
2
T3CPP (50,4 mg, 0,0640 mmol) foi
dissolvida em 1 mL de N,N-dimetilformamida (DMF); a solução obtida foi colocada sob agitação
magnética à temperatura ambiente. Em seguida, foram adicionados a 4-dimetilaminopiridina
(DMAP) (Acros Organics, 2,92 mg, 0,024 mmol) e o (R)-(-)-2-butanol (Aldrich, 0,100 mL, 1,09
28
mmol). A mistura de reação foi resfriada em banho de gelo e a ela adicionada a N,N-diciclo-
hexilcarbodiimida (DCC) (Aldrich, 52,2 mg, 0,25 mmol). Esta mistura foi mantida sob
resfriamento (em banho de gelo) durante 5 minutos e, então, deixada à temperatura ambiente
sob agitação magnética durante 24 horas. A reação foi acompanhada por meio de
espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis e placas de cromatografia de camada delgada
(Al
2
O
3
neutra, CHCl
3
), reveladas em câmara de U.V.
Terminada a reação, o solvente foi eliminado em evaporador rotatório. O produto bruto
foi dissolvido em clorofórmio e lavado com água destilada três vezes, em um funil de
separação. A fase orgânica foi recolhida e secada com sulfato de sódio anidro. A porfirina foi
percolada em coluna de alumina neutra, utilizando clorofórmio como eluente; foi eliminado o
solvente das frações violetas correspondentes à H
2
T3CBPP (inédita). A porfirina base livre foi
mantida em dessecador com P
2
O
5
e caracterizada por espectroscopia eletrônica de absorção
UV-vis, RMN de
1
H e espectroscopia na região do IV.
Rendimento H
2
T3CBPP: 46,52 mg (72%).
UV-vis em CH
2
Cl
2
, λ
max
, nm (log ε): 419 (4,85), 514 (3,48), 549 (3,06), 592 (2,96), 645 (2,79).
B) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-(R)-carbo-2-butoxifenil)porfirinato-
manganês(III) Mn
III
T3CBPPCl
A metalação da H
2
T3CBPP foi realizada de acordo com o método do
clorofórmio:metanol descrito na literatura [36]. A H
2
T3CBPP (64,44 mg, 0,064 mmol) foi
solubilizada em 10 mL da mistura clorofórmio:metanol (1:1). A solução obtida foi aquecida sob
agitação magnética e refluxo durante cinco minutos. A esta solução foi adicionado o
Mn(CH
3
COO)
2
.4H
2
O (VETEC, 298,56 mg, 1,27 mmol), em excesso molar de 20 vezes,
dissolvido em 5 mL de metanol. A mistura de reação foi mantida sob refluxo e agitação
magnética durante 24 horas e foi monitorada por espectroscopia eletrônica de absorção na
região do visível e por cromatografia de camada delgada (Al
2
O
3
neutra; CHCl
3
). Terminada a
reação, o solvente foi eliminado no evaporador rotatório.
O produto bruto foi dissolvido em clorofórmio e lavado com água destilada três vezes,
em um funil de separação. A fase orgânica foi recolhida e secada com sulfato de sódio anidro.
A manganês-porfirina foi percolada em coluna de alumina neutra utilizando, inicialmente,
clorofórmio e, depois, clorofórmio:metanol (20:1) como eluentes; foi eliminado o solvente das
frações verdes correspondentes à [Mn
III
T3CBPP]
+
. A manganês-porfirina obtida foi eluída com
metanol em coluna de resina de troca iônica Dowex 2X-8 (Cl
-
). O solvente foi eliminado e a
Mn
III
T3CBPPCl (verde, inédita) foi guardada em dessecador com P
2
O
5
. A caracterização do
composto foi realizada por espectroscopia eletrônica de absorção na região do UV-vis.
29
Rendimento Mn
III
T3CBPPCl: 56,04 mg (80%).
UV-vis em CH
2
Cl
2
, λ
max
, nm (log ε): 378 (4,72), 477 (4,94), 579 (3,97), 615 (3,91).
É importante ressaltar que para todas as porfirinas e metaloporfirinas sintetizadas, os
procedimentos para preparação foram realizados mais de uma vez, com o objetivo de obtê-las
em maior quantidade.
2.6. Resultados e Discussão
2.6.1. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Catiônicas Mn
III
T3MPyPCl
5
e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
A) Obtenção da Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirina H
2
T3MPyPCl
4
Figura 11. Obtenção da porfirina hidrossolúvel e catiônica [H
2
T3MPyP]
4+
.
A obtenção da [H
2
T3MPyP]
4+
(Figura 11) foi realizada via reação de metilação da
porfirina H
2
T3PyP com tosilato de metila, usando N,N-dimetilformamida como solvente,
conforme descrito por Batinić-Haberle e colaboradores [64]. A reação é rápida e o composto
tetrametilado se forma em menos de uma hora de reação.
A caracterização inicial da porfirina N-metilada baseia-se na cromatografia em camada
delgada. O composto tetra-alquilado e tetra-catiônico, de maior polaridade, fica retido próximo
ao ponto de aplicação, enquanto os compostos parcialmente alquilados e não-alquilado
deslocam-se ao longo da placa cromatográfica.
Ao término da reação foram adicionados CHCl
3
e H
2
O para remover, respectivamente, o
excesso de tosilato de metila/DMF (fase orgânica) e extrair a porfirina base livre (fase aquosa).
30
A lavagem desta última com sucessivas frações de CHCl
3
permite que todo o tosilato de metila
e DMF sejam extraídos.
Ao término da reação, a [H
2
T3MPyP]
4+
apresenta como contra-íons os ânions tosilato.
Entretanto, na literatura, esta porfirina é caracterizada na forma de cloreto; dessa forma, foram
realizadas as reações de metátese do composto obtido com os íons hexafluorofostato (PF
6
-
) e
cloreto (Cl
-
), respectivamente. A reação de metátese com íons PF
6
-
foi realizada em meio
aquoso e o precipitado obtido lavado exaustivamente com éter dietílico. Nesta lavagem, o
excesso de NH
4
PF
6
utilizado é eliminado. Após a eliminação do solvente por meio de filtração à
vácuo, a H
2
T3MPyP(PF
6
)
4
obtida foi solubilizada em acetona e procedeu-se à metátese com
íons Cl
-
. A H
2
T3MPyPCl
4
isolada foi lavada com acetona, várias vezes, com o objetivo de
eliminar o excesso de cloreto de tetrabutilamônio usado. Nesta etapa, observou-se uma
pequena solubilização da porfirina; entretanto, isso ocorre com uma perda mínima de
composto.
Os resultados obtidos com a espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis estão
registrados na Tabela 1 e Figura 12. O espectro da H
2
T3MPyPCl
4
apresenta as quatro bandas
típicas de uma porfirina base livre (Anexo 1) e está em concordância com os dados reportados
na literatura [65].
Tabela 1. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3PyP (em CHCl
3
) e
H
2
T3MPyPCl
4
(em água).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
T3PyP 418 (Soret) 515 548 590 647
H
2
T3MPyPCl
4
417 (Soret) 514 550 581 636
Figura 12. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3PyP (CHCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(água).
31
A caracterização da H
2
T3MPyPCl
4
por espectroscopia de RMN
1
H (Tabela 2, Figuras 13
e 14) indicou a presença do sinal na região δ 4,23 ppm (TMS) característica para os
hidrogênios do grupo metila, evidenciando a completa alquilação das posições meso-arila da
H
2
T3PyP.
Figura 13. Espectro de RMN
1
H das porfirinas bases livres H
2
T3PyP (em CDCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(em
DMSO). Referência TMS, 200 MHz.
32
Figura 14. Posição dos hidrogênios na estrutura da H
2
T3PyP.
Tabela 2. Dados dos espectros de RMN
1
H da H
2
T3PyP (CDCl
3
) e H
2
T3MPyPCl
4
(DMSO) (200 MHz,
TMS).
Porfirina
δ
δδ
δ (ppm)
2
H
arila
4
H
Arila
5
H
Arila
6
H
Arila
H
β
-pirrólico
H
N-pirrólico
H
metílico
H
2
T3PyP 9,48 (s) 9,08 (d) 7,79 (t) 8,55 (d) 8,88(s) - 2,83 (s) -
H
2
T3MPyPCl
4
9,62 (s) 9,16 8,16 8,80 8,84 - 3,62 (s) 4,23
B) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirinatomanganês(III)
Mn
III
T3MPyPCl
5
Figura 15. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e catiônica [Mn
III
T3MPyP]
5+
.
A metalação da [H
2
T3MPyP]
4+
(Figura 15) permitiu obter a manganês-porfirina, com
elevado rendimento. O aumento do pH da solução da porfirina base livre, antes da adição do
33
sal de Mn(II), facilita a metalação devido à desprotonação da porfirina. Além disso, a filtração
da solução formada ao término da reação facilita o processo de purificação porque elimina os
subprodutos gerados na reação (principalmente hidróxidos/óxidos de manganês).
Os resultados da espectroscopia de absorção na região do visível, registrados na
Tabela 3 e Figura 15, mostram o deslocamento batocrômico da banda Soret e a diminuição do
número de bandas para a porfirina metalada. É possível afirmar que isso ocorre devido à
mudança de simetria da [H
2
T3MPyP]
4+
(D
2h
) para a [Mn
III
T3MPyP]
5+
(D
4h
), o que implica na
diminuição do número de bandas de absorção na região do visível, em decorrência do aumento
da simetria da molécula [69].
Tabela 3. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Mn
III
T3MPyPCl
4
em água.
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
T3MPyPCl
4
417 (Soret) 514 550 581 636
Mn
III
T3MPyPCl
5
395 460 (Soret) 557 676
Figura 16. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Mn
III
T3MPyPCl
5
em água.
O espectro eletrônico da Mn
III
T3MPyPCl
5
(Figura 16) é diferente daqueles exibidos
pelas metaloporfirinas em geral (Anexo 1). A explicação mais adequada para esse tipo de
espectro é que o orbital e
g
(d
xz
, d
yz
) do Mn
3+
é adequado em energia e simetria para interagir
com o orbital e
g
* (π) da porfirina (Figura 17). Desta forma, os orbitais e
g
do Mn
3+
perturbam o
sistema π da porfirina, provocando as anomalias que aparecem nos espectros das manganês-
porfirinas. Como conseqüência desta combinação entre os orbitais π da porfirina e os orbitais d
34
do metal, não apenas as bandas no espectro que correspondem às transições π π* podem
ser alteradas, mas também, as bandas de transferência de carga da porfirina para o metal que
são de baixa energia [50].
Figura 17. Interação dos orbitais do Mn
3+
e da porfirina para as Mn(III)-porfirinas (Mn
III
P) [71].
A perda de fluorescência vermelha, característica da porfirina base livre sob luz
ultravioleta, confirma a presença da Mn
III
T3MPyPCl
5
. Essa supressão de fluorescência da Mn-
porfirina é devida à interação entre os orbitais d semi-preenchidos do íon metálico e o estado
excitado de menor energia da porfirina [71].
35
C) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)porfirinatocobre(II)
Cu
II
T3MPyPCl
4
Figura 18. Obtenção da cupro-porfirina hidrossolúvel e catiônica [Cu
II
T3MPyP]
4+
.
A metalação da [H
2
T3MPyP]
4+
com Cu(II) (Figura 18), usando o método descrito por
Richards e colaboradores [49], levou à obtenção rápida da cupro-porfirina com rendimento
quantitativo. A precipitação da cupro-porfirina com 2-propanol permitiu a eliminação do excesso
de sal de Cu(II) utilizado.
Os resultados da espectroscopia eletrônica de absorção na região do visível,
registrados na Tabela 4 e Figura 19, mostram apenas um pequeno deslocamento hipsocrômico
da banda Soret e uma banda de baixa intensidade, na região do visível, para a porfirina
metalada.
Tabela 4. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Cu
II
T3MPyPCl
4
em água.
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
T3MPyPCl
4
417 (Soret) 514 550 581 636
Cu
II
T3MPyPCl
4
415 (Soret) 540
36
Figura 19. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e Cu
II
T3MPyPCl
4
em água.
D) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirinato-
cobre(II) Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
Figura 20. Obtenção da cupro-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
.
A bromação de cupro-porfirinas (derivadas da tetrafenilporfirina, H
2
TPP) com Br
2
(solvente CHCl
3
:CCl
4
, 1:1) foi inicialmente descrita por Bhyrappa e Krishnan [56]. A
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(Figura 20), inédita, foi sintetizada pelo método de bromação descrito por
Richards e colaboradores [49]. O uso de dimetilformamida como solvente e o excesso do
agente de bromação (Br
2
) favoreceram a completa per-bromação do anel porfirínico.
A reação de bromação da [Cu
II
T3MPyP]
4+
é acompanhada pela mudança imediata de
cor da solução inicialmente vermelha, para verde após a adição de bromo. A reação foi
37
monitorada por espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis, que mostrou um contínuo
deslocamento batocrômico da banda Soret. O final da reação foi evidenciado pela ausência de
alterações nos espectros UV-vis. Os dados espectroscópicos para as cupro-porfirinas estão
registrados na Tabela 5 e Figura 21.
Tabela 5. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Cu
II
T3MPyPCl
4
e
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em água.
Porfirina Comprimento de onda (nm)
Cu
II
T3PyPCl
4
415 (Soret) 540
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
447 588
Figura 21. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Cu
II
T3MPyPCl
4
e Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em água.
Ao término da reação de bromação, a cupro-porfirina β-octabromada foi precipitada por
adição de água. A precipitação é possível porque esta metaloporfirina com o contra-íon
tribrometo (Br
3
-
) é insolúvel em água quando em presença de bromo líquido (o agente de
bromação). A lavagem do sólido com água destilada e a mistura etanol/2-propanol (1:1)
permite a eliminação do excesso de bromo, do ácido (HBr) e de quaisquer sub-produtos
formados durante a reação. A [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
é isolada com o contra-íon Br
3
-
.
A Cu
II
Br
8
T3MPyP(Br
3
)
4
foi recolhida em água. Parte deste composto pode ficar retida no
funil (solubilidade limitada do sal) e, então, procedeu-se à solubilizão adicionando uma
mistura de CH
3
OH:H
2
O (1:1). A fração recolhida com essa mistura, teve o solvente eliminado e
foi misturada à fração recolhida com água. A solução aquosa da cupro-porfirina foi submetida
ao processo de metátese com os íons hexafluorofostato e cloreto da mesma forma descrita
para a [H
2
T3MPyP]
4+
(pág. 19).
38
Uma evidência da existência da cupro-porfirina β-bromada, [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
, é o
deslocamento batocrômico da banda Soret de 32 nm (4 nm por átomo de bromo) e a
diminuição da sua intensidade de absorção (ε), característicos da octabromação. A presença
de átomos de bromo nas posições β-pirrólicas do macrociclo estabiliza a energia dos orbitais
HOMO e LUMO. As mudanças de energia desses orbitais explicam as características das
bandas de absorção B e Q (Anexo 1), no espectro UV-vis das porfirinas per-halogenadas,
como sendo uma conseqüência da diminuição de energia entre esses dois orbitais de fronteira
[56, 72]. A banda Soret alargada exibida pela [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
é típica das cupro-porfirinas
octabromadas [23, 27, 56, 66, 73].
A espectrometria de massas (EM-ESI) confirmou a estrutura da cupro-porfirina β-
octabromada. O pico centrado em m/z 343,2 referente à espécie ([Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
/4) e, outro
em m/z 469,4 referente à espécie ([Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
+ Cl
-
/3) são característicos do composto.
Além disso, aparecem séries distintas de multipletos causados pelas contribuições isotópicas,
principalmente do átomo de bromo.
E) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirina
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
Figura 22. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
.
A porfirina inédita, [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
, resultou da desmetalação da [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
(Figura 22) pelo método descrito por Richards e colaboradores [49], usando H
2
SO
4
concentrado. Os espectros UV-vis registrados após a adição do ácido permitiram acompanhar
mudanças espectrais (Figura 23). Essas alterações aparecem devido ao meio fortemente ácido
que promove a saída do íon metálico do centro porfirínico e a protonação dos nitrogênios
pirrólicos. A conseqüência é o deslocamento da banda Soret (447 518 nm) e o aparecimento
39
de uma banda intensa na região do visível (588 703 nm), característicos da N-protonação
[74].
Figura 23. Processo de desmetalação da [Cu
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. Formação da [H
x
Br
8
T3PyP]
x+2
após adição
de H
2
SO
4
concentrado à cupro-porfirina.
A adição de gelo moído (feito com água desionizada) à mistura de reação teve dois
objetivos: (1) provocar a ionização do H
2
SO
4
e, (2) gerar uma solução mais diluída que permita
o processo de precipitação da porfirina com íons hexafluorofosfato. O processo de ionização do
H
2
SO
4
gera um ambiente fortemente ácido o qual garante a prevalência das espécies
protonadas [H
3
Br
8
T3MPyP]
5+
e [H
4
Br
8
T3MPyP]
6+
(Figura 24). Em estudos realizados por Bailey
e Hambright [75], utilizando o isômero para ([H
2
Br
8
T4MPyP]
4+
), verificou-se que as espécies
protonadas não podem interagir com íons metálicos; dessa forma, evita-se a reinserção dos
íons presentes na solução. A remoção de íons cobre (livres) foi realizada durante o processo
de precipitação da porfirina base livre β-octabromada com os íons PF
6
-
.
Figura 24. Representação de algumas espécies no equilíbrio envolvendo a protonação da
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
.
40
Os resultados fornecidos pela espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis estão
registrados na Tabela 6 e Figura 25. O espectro da H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
apresenta as três bandas
típicas de uma porfirina base livre octabromada, em contraste com a análoga H
2
T3MPyPCl
4
que exibe quatro bandas. Isso é explicado pela sobreposição das bandas Q
x(1,0)
e Q
y(0,0)
(Anexo
1) [56, 76].
Tabela 6. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
e
H
2
T3MPyPCl
4
em água e [HBr
8
T3MPyP]
3+
em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
T3MPyPCl
4
417 (Soret) 514 550 581
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
447 (Soret) 588
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
481 (Soret) 590 643 749
Figura 25. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3MPyPCl
4
e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
em água.
A banda Soret da H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
sofreu um deslocamento batocrômico de 64 nm (8
nm por átomo de bromo) em relação à precursora H
2
T3MPyPCl
4
(417 nm), indicando a octa-
bromação do macrociclo.
A caracterização da H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
por espectroscopia de RMN
1
H (Tabela 7) indicou
a ausência do sinal na região δ 8,8 9,0 ppm (TMS) típica para os hidrogênios β-pirrólicos da
[H
2
T3MPyP]
4+
(Figura 26), evidenciando a completa per-bromação do anel. A presença de oito
hidrogênios orto, quatro hidrogênios meta e, quatro hidrogênios para-arilas (Figura 26) elimina
a possibilidade de substituição eletrofílica aromática nesses anéis. Isso indica a maior
41
reatividade das posições β-pirrólicas em relação aos anéis meso-arilas, devido ao grande
sistema π conjugado do macrociclo porfirínico.
Tabela 7. Dados dos espectros de RMN
1
H da H
2
T3MPyPCl
4
(DMSO) e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(CD
3
OD) (200
MHz, TMS).
Porfirina
δ
(ppm)
2
H
Arila
4
H
Arila
5
H
Arila
6
H
arila
H
β
-pirrólico
H
N-pirrólico
H
Metílico
H
2
T3MPyPCl
4
9,3 8,8 7,8 8,4 8,6 - 3,9
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
10,5 9,7 8,6 9,4 - - 4,9
Figura 26. Posição dos hidrogênios na estrutura da [H
2
T3MPyP]
4+
.
Não foi observado o sinal referente aos hidrogênios N-pirrólicos (Tabela 7). Isto ocorre
porque a porfirina β-bromada tem um caráter ácido mais acentuado em função da maior
deficiência eletrônica sobre o macrociclo [49]. Assim, os hidrogênios N-pirrólicos são facilmente
deslocados.
A espectrometria de massas (ESI-MS) confirmou a obtenção da porfirina base livre β-
octabromada. Picos centrados em m/z 328 referente a espécie ([H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
/4) e, em m/z
436,8 referente a espécie ([H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
+ e
-
/3), são característicos do composto (Figura
27). Além disso, aparecem séries distintas de multipletos causados pelas contribuições
isotópicas, principalmente do átomo de bromo.
42
Figura 27. Espectro de massas da H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(ESI-MS, solução tampão de fosfato 0,05 mol L
-1
,
pH 7,8).
F) Obtenção da Cloreto de Meso-tetraquis(3-metilpiridil)-β
ββ
β-octabromoporfirinato-
manganês(II) Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
Figura 28. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e catiônica [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
.
Pela metalação da [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
formou-se a manganês-porfirina de 3ª geração
(Figura 28), [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
inédita, com elevados rendimento. A metalação imediata da
porfirina base livre β-octabromada resulta da influência eletrônica da β-bromação sobre as suas
43
propriedades fisico-químicas. A maior basicidade dos nitrogênios pirrólicos em função do efeito
indutivo dos átomos de bromo e a distorção do macrociclo favorecem a inserção do íon
metálico durante o processo de metalação. Além disso, a elevação do pH do meio de reação
também favorece a rápida metalação da porfirina base livre β-octabromada, devido à
desprotonação do macrociclo.
Na metalação do isômero para do análogo de terceira geração, [H
2
Br
8
T4MPyP]
4+
, é
utilizado um excesso molar de 20 vezes do sal de Mn(II) em relação à porfirina base livre [60].
Entretanto, para metalar a [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
o excesso molar de Mn(II) foi de apenas duas
vezes. Em experimentos utilizando a relação molar 1:20 (H
2
P:Mn
2+
), no caso da
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
, observou-se que a porfirina base livre era imediatamente metalada após
adição do Mn
2+
; entretanto, a desmetalação da Mn
II
P gerada ocorria em poucos minutos no
meio de reação. Isto ocorre porque a hidrólise do Mn(II) na solução aquosa provoca a rápida
diminuição do pH do sistema e, consequentemente, permite a desmetalação da Mn-porfirina
gerada; uma vez que Mn(II)-porfirinas são pouco estáveis em solução fracamente ácida ou
mesmo neutra [60, 77-81]. Ao se utilizar a relação molar 1:2 (H
2
P:Mn
2+
), a diminuição do pH do
sistema devido a hidrólise do Mn
2+
ocorre em menor extensão, permitindo assim que a Mn
II
P
seja isolada em meio básico.
Os resultados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis registrados na Tabela 8
e Figura 29, mostram o deslocamento batocrômico da banda Soret e a diminuição do número
de bandas para a porfirina metalada.
Tabela 8. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
em água e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em solução tampão fosfato (pH = 7,6, 0,05 mol L
-1
).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
481 (Soret) 590 643 749
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
416 483 (Soret) 599
44
Figura 29. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(em água) e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em tampão fosfato (pH = 7,6, 0,05 mol L
-1
).
O íon metálico da manganês-porfirina, Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, permanece no estado de
oxidação II porque, a introdução de bromo nas posições β-pirrólicas da porfirina desloca o
potencial redox Mn(III)/Mn(II) para valores mais positivos (deslocamento anódico, a ser
discutido no capítulo 3), em relação à análoga não bromada. Esse aumento do potencial é
suficiente para estabilizar o íon metálico central em um estado de oxidação mais baixo, mesmo
em presença do ar [82]. Isso é atribuído ao efeito indutivo retirador de elétrons do bromo em
conjugação direta com o sistema π da porfirina, que diminui a densidade eletrônica em ambos,
metal central e sistema π conjugado do macrociclo, levando à maior estabilidade do complexo
Mn(II) [56, 73, 76, 83].
Os resultados da espectrometria de massas (ESI-MS) confirmam a existência do
complexo per-bromado. Picos centrados em m/z 340,7 referem-se à espécie
([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
/4) e m/z 465,5 referem-se à espécie ([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
+ Cl
-
/3). O
espectro apresenta séries distintas de multipletos gerados pelas contribuições isotópicas,
principalmente do átomo de bromo.
45
2.6.2. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TCPP e
Mn
III
Br
8
TCPP
A) Obtenção da Meso-tetraquis(4-carboxifenil)porfirinatomanganês(III) Mn
III
TCPP
Figura 30. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e aniônica Mn
III
TCPP.
A reação de metalação da H
2
TCPP com Mn(II) (Figura 30) ocorreu em 24 horas, na
temperatura de refluxo do DMF. A perda da fluorescência vermelha, característica da porfirina
base livre sob luz ultravioleta, confirma a presença da Mn
III
TCPP. Ao término da reação, a
adição de éter ao sistema favorece a precipitação da metaloporfirina de forma quantitativa. A
purificação da Mn
III
TCPP foi realizada por meio de solubilização e precipitação utilizando,
respectivamente, a mistura acetona/solução tampão e ácido acético concentrado.
Os resultados da espectroscopia de absorção na região do visível, registrados na
Tabela 9 e Figura 31, mostram o deslocamento batocrômico da banda Soret e uma diminuição
do mero de bandas na região do visível. Além disso, o espectro da Mn
III
TCPP é típico de
uma Mn(III)-porfirina.
Tabela 9. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
TCPP e Mn
III
TCPP em
solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
TCPP 414 (Soret) 516 552 591 645
Mn
III
TCPP 381 468 (Soret) 566 780
46
Figura 31. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
TCPP e Mn
III
TCPP em solução de tampão
fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
B) Obtenção de Meso-tetraquis(4-carboxifenil)-β
ββ
β-octabromoporfirina H
2
Br
8
TCPP
Figura 32. Obtenção da porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica H
2
Br
8
TCPP.
A síntese da H
2
Br
8
TCPP (Figura 32) é realizada via desalquilação da metaloporfirina
Mn
III
Br
8
TCMPPCl, pelo uso de ácido sulfúrico concentrado à temperatura ambiente [67]. A
hidrólise ácida provoca a desmetilação completa dos quatro grupos ésteres presentes na
periferia da metaloporfirina tetra-carbometoxifenil de acordo com a Equação 2 [84], sem que
ocorra o processo de desbromação das posições β-pirrólicas. O mecanismo de hidrólise é
apresentado no Esquema 3 [85].
47
R C
O
OR
+
H
2
O
R C
O
OH
+
RO
H
H
+
H
+
Eq. 2
Esquema 3. Mecanismo de hidrólise ácida de ésteres.
A caracterização inicial do produto de hidrólise baseia-se nos testes de solubilidade
empregando, para isso, solventes apolares como diclorometano e clorofórmio que solubilizam a
metaloporfirina metilada de partida, Mn
III
Br
8
TCMPPCl, e solventes polares como a água e
solução aquosa de bicarbonato de sódio, nos quais essa porfirina não é solúvel. A H
2
Br
8
TCPP
obtida não se solubiliza nos solventes apolares e nem em água, indicando a presença dos
grupos carboxílicos na forma não ionizada (-COOH). Por outro lado, em solução de bicarbonato
de sódio, a H
2
Br
8
TCPP solubiliza-se completamente (solução verde) devido à ionização dos
grupos carboxílicos (-COO
-
Na
+
). A H
2
Br
8
TCPP também é solúvel em uma mistura
acetona:tampão (1:1), sendo que o tampão utilizado tem pH 7,6.
Os resultados da espectroscopia de absorção na região do visível, registrados na
Tabela 10 e Figura 33, mostram o deslocamento hipsocrômico da banda Soret e o
aparecimento de três bandas na região do visível, características de porfirinas per-bromadas.
Tabela 10. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCMPPCl (em
diclorometano) e H
2
Br
8
TCPP (em solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6).
Porfirina
Comprimento de onda (nm)
MnBr
8
TCMPPCl
408
507 (Soret)
614
656
H
2
Br
8
TCPP
477 (Soret)
660
760
971
48
Figura 33. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCMPPCl (CH
2
Cl
2
) e H
2
Br
8
TCPP
(solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6).
A H
2
Br
8
TCPP é confirmada por espectrometria de massas (ESI-TOF) pela presença de
picos dos íons moleculares m/z 1421 e m/z 1423 correspondentes à [H
2
P – H]
-
(modo negativo)
e [H
2
P + H]
+
(modo positivo), respectivamente.
C) Obtenção da Meso-tetraquis(4-carboxifenil)-β
ββ
β-octabromoporfirinatomanganês(III)
Mn
III
Br
8
TCPP
Figura 34. Obtenção da Mn-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica Mn
III
Br
8
TCPP.
49
A metalação da porfirina hidrolisada H
2
Br
8
TCPP com Mn(II) (Figura 34), levou à
formação da metaloporfirina Mn
III
Br
8
TCPP com bom rendimento. A manganês-porfirina não é
obtida de forma quantitativa porque parte da porfirina base livre precipita-se no meio de reação
devido à liberação de íons H
+
. Isso ocorre porque a porfirina, na forma protonada, forma
agregados devido às interações intermoleculares, o que impede a inserção do íon metálico à
cavidade da porfirina. Além disso, também é formado/isolado um pouco da Mn(II)-porfirina.
Para purificar a Mn(III)-porfirina isolada foi utilizado, também, o processo de solubilização e
precipitação.
Os resultados da espectroscopia de absorção na região do visível, registrados na
Tabela 11 e Figura 35, mostram o deslocamento batocrômico da banda Soret e uma
diminuição do número de bandas na região do visível. Além disso, o espectro da Mn
III
Br
8
TCPP
é típico de uma Mn(III)-porfirina.
Tabela 11. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
Br
8
TCPP e Mn
III
Br
8
TCPP em
solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
Porfirina
Comprimento de onda (nm)
Mn
III
Br
8
TCPP
441
493 (Soret)
593
635
H
2
Br
8
TCPP
477 (Soret)
660
760
971
Figura 35. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
Br
8
TCPP e H
2
Br
8
TCPP em solução de
tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
A espectrometria de massas (ESI-MS) confirmou a obtenção da Mn-porfirina β-
octabromada. O pico centrado em m/z 1474 corresponde a espécie [Mn
III
Br
8
TCPP]
+
. Além
50
disso, aparecem séries distintas de multipletos causados pelas contribuições isotópicas,
principalmente do átomo de bromo.
2.6.3. Obtenção das Mn-porfirinas Hidrossolúveis e Aniônicas Mn
III
TSPP e
Mn
III
Br
8
TSPP
A) Obtenção da Meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)porfirinatomanganês(III) Mn
III
TSPP
Figura 36. Obtenção da Mn-porfirina hidrossolúvel e aniônica Mn
III
TSPP.
A metalação da H
2
TSPP (Figura 36) permitiu obter a manganês-porfirina, com bom
rendimento. A purificação da Mn-porfirina, por meio de cromatografia em coluna usando sílica
como fase estacionária, permitiu eliminar o excesso de sal de Mn(II) utilizado.
A perda de fluorescência vermelha, característica da porfirina base livre sob luz
ultravioleta, confirma a obtenção da Mn
III
TSPP. Os resultados de espectroscopia de absorção
na região do visível, registrados na Tabela 12 e Figura 37, mostram o deslocamento
batocrômico da banda Soret e a diminuição do número de bandas para a porfirina metalada.
Tabela 12. Dados de espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
TSPP e Mn
III
TSPP em
solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
H
2
TSPP 411 515 (Soret) 552 580 663
Mn
III
TSPP 400 467 (Soret) 563 597
51
Figura 37. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
TSPP e Mn
III
TSPP em solução tampão fosfato
0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
B) Obtenção da Meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)-β
ββ
β-octabromoporfirinato-
manganês(III) Mn
III
Br
8
TSPP
Figura 38. Obtenção da Mn-porfirina β-octabromada hidrossolúvel e aniônica Mn
III
Br
8
TSPP.
A obtenção da Mn
III
Br
8
TSPP (Figura 38) foi realizada a partir de modificações do
método descrito por Richards e colaboradores [49]. A reação ocorre à temperatura ambiente, o
que evita a formação de sub-produtos e a destruição do macrociclo, favorecidos pelo
aquecimento.
52
Não muitas informações sobre o mecanismo de per-halogenação de
metaloporfirinas. Na per-halogenação por halogênio molecular, o mecanismo iônico de
substituição eletrofílica aromática é o mais aceito (Esquema 4) [84].
Esquema 4. Mecanismo iônico de substituição eletrofílica aromática para a per-bromação de
metaloporfirinas.
Considerando que o macrociclo das metaloporfirinas possue um sistema aromático
bastante conjugado, as posições β-pirrólicas são bastante reativas e mais susceptíveis às
reações de substituição eletrofílica aromática do que as posições orto-, meta- e para- dos
substituintes meso-arílicos, devido à maior disponibilidade de elétrons π. Assim, não é
necessário utilizar um catalisador convencional do tipo ácido de Lewis como FeBr
3
, BBr
3
ou
AlBr
3
[85].
Na bromação direta de manganês-porfirinas utilizando grande excesso molar de bromo
(40 a 1000 vezes) [49, 86] observou-se sempre a formação do complexo octabromado e da
respectiva base livre (em pequenas quantidades). Conforme pode ser observado no Esquema
4, a β-bromação leva à formação de um meio altamente ácido (forma-se HBr) que favorece a
desmetalação de parte da Mn-porfirina e, consequentemente, a formação da porfirina base livre
β-octabromada. No caso da Mn
III
Br
8
TSPP, a base livre é facilmente separada por meio de
cromatografia utilizando Sephadex como fase estacionária. A base livre obtida pode ser
novamente metalada com Mn(II) utilizando o método tradicional de clorofórmio/metanol.
A reação de bromação da Mn
III
TSPP foi monitorada por espectroscopia eletrônica de
absorção UV-vis, que mostrou um contínuo deslocamento batocrômico da banda Soret. Uma
evidência da existência da Mn-porfirina β-bromada, Mn
III
Br
8
TSPP, é o deslocamento
batocrômico da banda Soret de 24 nm (3 nm por átomo de bromo) característico da
octabromação. O final da reação foi evidenciado pela ausência de alterações nos espectros
UV-vis. Os dados espectroscópicos para as manganês-porfirinas estão registrados na Tabela
13 e Figura 39.
53
Tabela 13. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP em
solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
Porfirina Comprimento de onda (nm)
Mn
III
TSPP 400 467 (Soret) 563 597
Mn
III
Br
8
TSPP 397 491 (Soret) 592 634
Figura 39. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP em solução de
tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6).
O complexo Mn
III
Br
8
TSPP obtido também foi confirmado por espectrometria de massas
(ESI), pela presença do pico do íon molecular centrado em m/z 538,7, referente à espécie
([Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
/3) no modo negativo.
54
2.6.4. Obtenção da Mn-porfirina Hidrofóbica Mn
III
T3CBPPCl
A) Obtenção de Meso-tetraquis(3-(R)-2-butoxifenil)porfirina H
2
T3CBPP
Figura 40. Obtenção da porfirina hidrofóbica de 2ª geração H
2
T3CBPP.
A porfirina hidrofóbica de geração H
2
T3CBPP foi preparada pela reação de
esterificação da posição meta- do grupo meso-arila da H
2
T3CPP com o R-2-butanol (Figura
40), conforme o método descrito por Neises e Steglich [68]. A reação foi realizada com adição
de DMAP (dimetilaminopiridina) e DCC (diciclo-hexilcarbodiimida) em DMF, que é um solvente
capaz de solubilizar a H
2
T3CPP.
Esse método foi escolhido porque, uma forma de esterificar um ácido carboxílico
(substituinte meso-arila da porfirina), sem alterar a configuração do carbono assimétrico, é o
tratamento deste com um álcool em presença de um agente desidratante, como por exemplo o
DCC que, no processo é convertido a diciclo-hexiluréia (DHU). No mecanismo proposto para a
reação (Esquema 5), a porfirina (grupo carboxi-, na posição meso-arila) é convertida a um
composto com um melhor grupo abandonador [85]. O DMAP atua como um catalisador da
reação [68]; entretanto, ainda não é sabido como ocorre esse processo.
55
Esquema 5. Mecanismo para a reação de esterificação da H
2
T3CPP.
A caracterização prévia da H
2
T3CBPP emprega os testes de solubilidade. Após a
esterificação, a porfirina passa a ser completamente solúvel em solventes apolares como
CHCl
3
e CH
2
Cl
2
, o que não ocorre com a H
2
T3CPP. Nas placas de CCD-Al
2
O
3
em CHCl
3
, é
possível ver o arraste da mancha correspondente ao produto de reação, enquanto que a
mancha da porfirina de partida, usada como padrão, permanece no local de aplicação. A
porfirina esterificada apresenta uma fluorescência vermelha sob luz ultravioleta, devido às
transições π do anel porfirínico e um espectro eletrônico de absorção UV-vis com uma banda
Soret e quatro bandas na região do visível, característico de porfirina base livre (Figura 41).
Figura 41. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP em CH
2
Cl
2
.
56
A porfirina quiral também foi caracterizada por espectroscopia de absorção na região do
infravermelho (Figura 42, Tabela 14).
Figura 42. Espectros de infravermelho das porfirinas: (A) H
2
T3CPP e (B) H
2
T3CBPP. Análises
realizadas em pastilhas de KBr.
57
Tabela 14. Dados obtidos por espectroscopia na região do IV para as porfirinas H
2
T3CPP e H
2
T3CBPP.
As amostras foram analisadas em pastilhas de KBr.
Porfirina
Número de onda, cm
-
1
(intensidade)
Atribuição
H
2
T3CPP
3420 (forte)
ν
O-H
(ligação de hidrogênio intramolecular)
1735 (forte)
ν
C=C
[87-89]
1695 (média)
ν
C=O
(ácido carboxílico aromático)
1280 (média)
δ do esqueleto porfirínico [87]
1255 (média)
H
2
T3CBPP
3325 (fraca)
ν
N-H
(pirrólico)
2930 (média)
ν
C-H
(-CH
3
)
2855 (média)
ν
C-H
(-CH
2
, -CH)
1710 (média)
ν
C=O
(simétrico, éster aromático)
1630 (forte)
ν
C=C
[87-89]
1575 (média)
ν
C=C
ou
ν
C=N
[87-89]
1540 (média)
ν
C=C
ou
ν
C=N
[87-89]
1245 (fraca)
δ do esqueleto porfirínico [87]
A formação da porfirina esterificada é evidenciada pelas bandas referentes ao grupo
alcoxila introduzido nas posições meso-arilas. É importante ressaltar que, na análise de
porfirinas por espectroscopia na região do IV, geralmente as bandas mais intensas são
referentes aos substituintes presentes nas posições meso- e β-pirrólicas do macrociclo [87],
isso facilita a caracterização do composto obtido. Com relação ao espectro obtido para a
porfirina quiral (Figura 42B) podem ser feitas algumas observações:
desaparecimento da banda referente aos estiramentos do grupo O-H (3420 cm
-1
) presente
no espectro da precursora da porfirina quiral;
surgimento de uma banda característica da função éster (ν
C-O
, 1710 cm
-1
) e de duas bandas
intensas referentes aos grupamento alcoxila (2930 e 2855 cm
-1
) .
Na caracterização por RMN
1
H, não foi possível fazer a atribuição dos sinais referentes
ao grupo alcoxila. A comparação com espectros dos reagentes puros indica que a porfirina
pode estar contaminada com sub-produtos da reação. Uma das maneiras para confirmar a
presença de átomos de carbono assimétricos na estrutura, é por meio da técnica de dicroismo
circular ou por determinação da rotação específica (α
d
). Entretanto, por falta de tempo hábil
para realização dos experimentos, eles não foram realizados. Ressalta-se que estes
experimentos ainda serão realizados com o objetivo de caracterizar o composto de forma mais
completa.
58
B) Obtenção de Cloreto de Meso-tetraquis(3-(R)-2-butoxifenil)porfirinamanganês(III)
Mn
III
T3CBPPCl
Figura 43. Obtenção da Mn-porfirina hidrofóbica de 2ª geração [Mn
III
T3CBPP]
+
.
A metalação da H
2
T3CBPP com Mn(II) pelo método de clorofórmio-metanol (Figura 43)
é um processo que permite a obtenção quantitativa da manganês-porfirina. A purificação da
[Mn
III
T3CBPP]
+
fica facilitada se a mistura de reação é submetida a uma lavagem prévia com
água destilada antes da percolação em coluna cromatográfica. A lavagem elimina o excesso de
sal de manganês utilizado na metalação, contribuindo para melhorar a eficiência da
cromatografia e conseqüente economia dos solventes usados como eluentes.
A caracterização da Mn
III
T3CBPPCl foi realizada por espectroscopia eletrônica de
absorção UV-vis, em que aparece um deslocamento batocrômico da banda Soret, com
diminuição do número de bandas na região do visível e, também, um espectro típico de Mn(III)-
porfirina (Tabela 15 e Figura 44). A perda de fluorescência vermelha, característica da porfirina
base livre sob luz ultravioleta, confirma a presença da Mn
III
T3CBPPCl.
Tabela 15. Dados da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP e Mn
III
T3CBPPCl
em CH
2
Cl
2
.
Porfirina
Comprimento de onda (nm)
H
2
TCBPP
419 (Soret)
515
550
590
647
Mn
III
TCBPPCl
375
478 (Soret)
584
617
59
Figura 44. Espectro eletrônico de absorção UV-vis para H
2
T3CBPP e Mn
III
T3CBPPCl em DCM.
60
3. Estudos Eletroquímicos e Espectroeletroquímicos
3.1. Voltametria Cíclica
A estabilidade de um catalisador metaloporfirínico frente à degradação oxidativa pode
ser entendida a partir dos potenciais de redução/oxidação do catalisador na ausência de
substrato. Além disso, os potenciais redox associados ao macrociclo e ao metal influenciam
diretamente na formação da espécie ativa de alta valência, responsável pela oxidação dos
substratos orgânicos. Isso mostra a necessidade de se definir os potenciais redox quando se
tem um novo complexo que será usado como catalisador, em nosso caso, as manganês-
porfirinas.
As porfirinas e as respectivas metaloporfirinas são compostos que podem passar por
diversos processos eletroquímicos. O número exato dos processos depende da faixa de
potencial que pode ser aplicada ao solvente sem que este sofra um processo de oxirredução;
depende tamm do tipo de macrociclo em estudo e/ou do tipo de ligante axial coordenado à
metaloporfirina [90].
Os potenciais de meia-onda, intrínsecos a cada processo, e o sítio onde ocorre a
transferência eletrônica (metal, macrociclo ou ligante axial) podem variar em função de vários
parâmetros. Esses parâmetros podem ser: o tipo do macrociclo e sua planaridade; o íon
metálico coordenado e seu estado de oxidação; o tipo e o mero de ligantes axiais
coordenados à metaloporfirina [91].
Das técnicas eletroquímicas, a voltametria cíclica é a mais utilizada para estudar
processos redox em metaloporfirinas e porfirinas. A possibilidade de investigação dos produtos
e reagentes da reação eletródica (Equação 3), depende da estabilidade destas espécies
durante o tempo requerido para obter o voltamograma (uma curva de corrente versus
potencial).
Reagente + ne
-
Produto Eq. 3
Além disso, a velocidade de varredura do potencial pode variar, permitindo que reações
químicas acopladas e intermediários transientes sejam estudados. Um voltamograma pode ser
descrito, qualitativamente, como a seguir [3]:
um potencial inicial é selecionado de modo que uma reação eletródica qualquer possa
ocorrer;
iniciado o experimento, o potencial é varrido numa direção catódica (menor potencial);
61
alcançado o potencial em que o composto é reduzido, a corrente elétrica aumenta
atingindo um máximo;
após o pico, a corrente diminui porque a espécie eletroativa foi reduzida e pode atingir a
superfície do eletrodo apenas por difusão;
em um potencial apropriado (quando não ocorre mais nenhum processo) a direção da
varredura é revertida;
o pico anódico é encontrado devido à oxidação do produto.
A resposta que se adquire com a variação do potencial é a variação da corrente, que
resulta na geração de um voltamograma cíclico (Figura 45).
Figura 45. Voltamograma cíclico para um processo de oxirredução [4].
Conforme pode ser observado na Figura 43, alguns dos parâmetros medidos na
voltametria cíclica são: os potenciais de pico anódico e catódico (E
pa
e E
pc
), as correntes de
pico anódica e catódica (i
pa
e i
pc
) e, também, os potenciais de meia-onda [94]. Neste método, as
variáveis independentes são: a direção e a velocidade de varredura, o potencial inicial e o final,
e o intervalo de potencial sobre o qual a varredura é realizada. Esta última variável é um dos
parâmetros mais importantes, pois uma seleção adequada da janela de trabalho pode eliminar
interferências de outros processos.
Para uma reação reversível acompanhada de uma difusão linear num eletrodo plano,
cuja área seja designada por A, a corrente (i) pode ser estimada pela Equação 4:
62
i
pc
× V
-1/2
= 2,69 × 10
5
× n
3/2
× A × D
1/2
× C Eq. 4
i
pc
= corrente do pico catódico;
V = velocidade de varredura;
n = número de elétrons;
A = área do eletrodo;
D = coefiente de difusão da espécie eletroativa;
C = concentração da espécie eletroativa.
A variação ou constância do termo i
pc
× V
-1/2
pode ser usada para aferir o tipo de reação
que ocorre no eletrodo. As reações reversíveis são aquelas nas quais o referido termo é
constante ao longo do processo. Portanto, a porção anódica do voltamograma clico tem o
mesmo comportamento da catódica [95].
3.2. Espectroeletroquímica de RPE
Duas técnicas completamente diferentes, eletroquímica e espectroscopia, podem ser
combinadas para o estudo de processos redox que ocorram em compostos orgânicos,
inorgânicos e biológicos [96, 97]. Por meio de um eletrodo, os estados de oxidação dos
compostos em estudo são modificados pela adição ou remoção de elétrons, enquanto medidas
espectroscópicas são realizadas simultaneamente. Essa técnica é denominada
espectroeletroquímica e permite extrair diversas informações sobre o sistema em estudo,
dependendo da escolha da técnica espectroscópica. Geralmente, as técnicas mais
empregadas conjuntamente à eletroquímica são: espectroscopia de absorção UV-vis, de RPE,
de IV, Mossbauer e Raman. Neste trabalho, utilizou-se a espectroeletroquímica de RPE para
estudo das espécies químicas derivadas dos catalisadores metaloporfirínicos.
3.3. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
O conhecimento da estrutura de complexos de metais de transição é de grande
importância devido às funções que eles podem desempenhar em Química e Biologia.
Geralmente, a técnica empregada para investigar a estrutura eletrônica desses compostos é a
espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica (RPE), uma vez que a maioria dos
íons de metais de transição apresentam os subníveis semi-preenchidos e, conseqüentemente,
elétrons desemparelhados, sendo portanto paramagnéticos [98, 99]. RPE é uma técnica de
espectroscopia que detecta espécies químicas que têm elétrons desemparelhados.
63
A espectroscopia de RPE tem como fundamento a aplicação de um campo magnético
na amostra, com a função de remover a degenerescência dos níveis de energia do spin
eletrônico [96]. Para entender esse fenômeno, o caso mais simples a ser analisado ocorre para
um átomo isolado (simetria esférica), no qual o spin e o momento angular orbital são números
quânticos a serem considerados. Neste caso, o operador de momento magnético é
representado pela equação:
µ = - β(L + g
e
S) Eq. 5
Para a expressão acima (Equação 5), β representa o magnéton de Bohr (5,788 x 10
9
eV G
-1
,
um fator para converter o momento angular em momento magnético), L o operador para
momento angular orbital, S o operador de spin (momento angular de spin em unidades de
h/2π), enquanto g
e
é definido como o fator g do elétron livre (Fator de Landeé ou fator de
separação espectroscópica). Para o elétron livre, g
e
tem valor de 2,0023 e expressa o fato do
momento angular intrínseco do spin eletrônico ser duas vezes mais efetivo que o momento
angular orbital para o momento magnético resultante. O sinal negativo para a expressão surge
em função da carga do elétron [100-102].
Os níveis de energia de um sistema paramagnético, sujeito à aplicação de um campo
magnético externo não oscilante, são representados pelo Hamiltoniano abaixo:
H
z
= - µ x H Eq. 6
O sub-índice Z refere-se à Zeeman, ou seja, a designação desse Hamiltoniano. Da mecânica
quântica, sabe-se que os operadores L e S assumem apenas valores discretos em termos da
grandeza fundamental ħ (constante de Planck dividida por 2π). Sendo assim, os níveis de
energia dados pela Equação 4 também assumirão valores discretos [103, 104].
Desenvolvendo o cálculo para o caso mais simples, de um elétron livre com momento
angular zero (L = 0 e S = ½) , os níveis de energia serão proporcionais à degenerescência (2S
+1) do nível energético dos spins. Dessa forma, ao aplicar um campo magnético à amostra, a
interação do elétron com a radiação eletromagnética provoca a quebra da degenerescência do
spin em dois níveis com valores distintos de energia (Figura 46).
64
Figura 46. Desdobramento dos níveis de energia do spin eletrônico S = ½ na presença de um campo
magnético. Ms é a projeção do spin eletrônico na direção do campo magnético [96].
Quando a radiação eletromagnética de energia adequada (hν) é aplicada, provoca
mudanças na orientação do elétron, e a transição é detectada como uma variação na
intensidade das microondas. Espectrômetros de RPE operam com freqüências de microondas
fixas e o campo magnético é varrido até que a condição de ressonância seja atingida, conforme
representado pela equação seguinte [100, 101]:
E = h ν = g β H ν / H = g β / h = 2,802 × 10
-6
Hz.G
-1
Eq. 7
A partir da Equação 7 e Figura 46 pode-se perceber que a diferença de energia entre os
níveis varia linearmente (M
s
= 1), conforme o campo magnético aplicado. A separação de
energia entre os níveis é denominada de separação Zeeman. A compreensão do efeito
Zeeman é de extrema importância para a espectroscopia de RPE, uma vez que a absorção
somente irá ocorrer quando a diferença de energia entre os níveis de spin for igual à energia hν
dos fótons aplicado ao sistema. A maioria dos espectrômetros de RPE emprega freqüências de
9 a 10 GHz correspondendo ao comprimento de onda de cerca de 3 cm (região das
microondas denominada banda X).
Para o caso de absorção, spins são promovidos a um estado de maior energia.
Contudo, via processos de relaxação tais como spin-rede ou spin-spin, os spins retornam ao
estado fundamental cedendo o excedente de energia sem emissão de radiação. Os tempos
característicos para a relaxação dependem do material a ser investigado e também estão
relacionados à forma e largura da curva de absorção apresentada.
Apenas de maneira a ilustrar o efeito Zeeman, foi tomado o caso mais simples em que o
elétron é dito livre, por não sofrer influências de qualquer tipo de interação, além é claro,
65
daquela com o campo magnético H aplicado. Todavia, ao se estudar sólidos, ou mesmo
soluções de uma amostra qualquer, o elétron não mais pode ser tratado como sendo livre e
passa a estar sujeito a interações com outras entidades magnéticas presentes, tais como
núcleos e/ou impurezas paramagnéticas, e mesmo outros elétrons. Estas interações, em
especial o acoplamento spin-órbita (quando o momento angular orbital é diferente de zero),
atuam de modo a alterar o valor do campo de ressonância, que por sua vez, irá alterar o valor
de g
e
do elétron.
3.4. Objetivos
Caracterizar por meio de voltametria cíclica, espectroscopia de ressonância
paramagnética eletrônica (RPE) e espectroeletroquímica de RPE as manganês-porfirinas
obtidas.
3.5. Parte Experimental
3.5.1. Reagentes e Equipamentos
3.5.1.1. Solventes e Reagentes
A) N, N-dimetilformamida (HCON(CH
3
)
2
)
A dimetilformamida (Aldrich) foi deixada em contato com pastilhas de KOH durante 24
horas, em seguida foi destilada sob pressão reduzida e armazenada em frasco contendo
peneira molecular de 4 Å previamente ativada.
B) Perclorato de tetrabutilamônio (PTBA) e Cloreto de Sódio (NaCl)
O perclorato de tetrabutilamônio e o cloreto de sódio (ambos Aldrich), com teor de
pureza de 99% e 99,9%, respectivamente, foram mantidos em dessecador com CaCl
2
e
utilizados como eletrólito sem nenhuma purificação prévia.
66
3.5.1.2. Equipamentos
A) Potenciostatos
Os voltamogramas cíclicos das manganês-porfirinas foram obtidos em: Potenciostato
BAS, modelo 100B, acoplado a um computador PC At-486 ou Potenciostato CH instruments,
modelo 600 voltammetry analyser.
B) Eletrodos
As medidas eletroquímicas foram realizadas utilizando eletrodo de trabalho de disco de
platina ou carbono vítreo, fio de Pt como contra-eletrodo e um eletrodo de referência de
Ag/AgCl.
C) Espectrômetro de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
As análises de RPE foram realizadas em um espectrômetro de RPE Bruker, modelo
ESP 300E, operando em banda X (aproximadamente 9,7 GHz).
As análises de espectroeletroquímica de RPE foram realizadas em colaboração com o
Dr. Geraldo Roberto Friedermann, sob orientação da Profa. Dra. Shirley Nakagaki da
Universidade Federal do Paraná.
3.5.2. Procedimentos
3.5.2.1. Voltametria Cíclica
Nos estudos de voltametria cíclica, prepararam-se soluções das Mn-porfirinas
hidrofóbicas utilizando-se DMF como solvente e solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8)
para as Mn-porfirinas hidrossolúveis.
As soluções foram preparadas em balões volumétricos de 5,00 mL e continham 0,1 mol
L
-1
do eletrólito suporte (PTBA para os compostos hidrofóbicos e NaCl para os compostos
hidrossolúveis) e 5,0 × 10
-4
mol L
-1
das Mn-porfirinas. As medidas eletroquímicas foram
realizadas em atmosfera de argônio e ferroceno foi utilizado como padrão interno. Os
voltamogramas cíclicos foram obtidos variando a velocidade de varredura de 10 a 300 mV s
-1
.
67
3.5.2.2. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
Os catalisadores metaloporfirínicos foram estudados no estado sólido e em solução de
dimetilformamida. As medidas foram realizadas à temperatura ambiente e a baixa temperatura
(nitrogênio líquido, 77 K).
Para as medidas realizadas com a solução, alíquotas da amostra foram transferidas
para tubos de quartzo de 3,0 mm de diâmetro. Estes foram posicionados na cavidade de
medida do espectrômetro de RPE e, então, realizado o registro dos espectros. Os espectros
foram tratados usando o programa WinEPR
®
.
3.5.2.3. Espectroeletroquímica de RPE
Para a realização deste experimento, foi utilizada uma célula de quartzo (Wilmad
WG810-A) específica para eletroquímica com RPE, contendo três eletrodos de fio de platina,
conforme representado na Figura 47A.
(A)
(B)
Figura 47. (A) Célula Flat utilizada para realização das medidas de RPE [105]. (B) Representação
esquemática de um espectrômetro de RPE [106].
Para obter melhores resultados, os eletrodos foram distribuídos conforme representado
na Figura 47A. Os eletrodos foram posicionados na célula de forma que a ponta do eletrodo de
trabalho ficou no meio da janela de quartzo, região na qual é o obtido o melhor sinal no sensor
de RPE.
Foram preparadas, em balões volumétricos de 10,00 mL, soluções em dimetilformamida
(DMF) contendo 0,1 mol L
-1
de PTBA (perclorato de tetrabutilamônio) e 2,0 × 10
-3
mol L
-1
das
manganês-porfirinas. A solução em estudo foi colocada na célula e os eletrodos conectados ao
potenciostato MQPG-01 por meio de fios extensores. Os potenciais de interesse foram
aplicados e os espectros de RPE foram registrados.
68
3.6. Resultados e Discussão
Na Figura 48 estão representadas todas as Mn-porfirinas estudadas. Os complexos
Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP (8 e 9, Figura 48) foram sintetizados e caracterizados durante o
Mestrado. Porém, a caracterização eletroquímica e espectroeletroquímica dos mesmos foi
realizada durante o Doutorado. Isto justifica a inclusão dos mesmos neste trabalho.
Figura 48. Estruturas das Mn-porfirinas.
Todos os compostos apresentados na Figura 48 foram caracterizados por meio de
voltametria cíclica. Os resultados referentes aos derivados da sulfonatofenilporfirina (5 e 6,
Figura 48) e carboxifenilporfirina (3 e 4, Figura 48) foram obtidos no laboratório da Dra. Ines
Batinić-Haberle, sendo que os experimentos foram realizados pelo Dr. Júlio Santos Rebouças.
No caso dos derivados da tetrametilpiridilporfirina (1 e 2, Figura 48), os experimentos foram
realizados por mim, também no laboratório da Dra. Ines Batinić-Haberle, durante o período do
estágio sanduíche na Universidade de Duke (Durham, North Carolina, EUA). Para a Mn-
porfirina hidrofóbica de geração, Mn
III
T3CBPPCl (7, Figura 48), os dados foram obtidos por
mim em colaboração com o Prof. Dr. Paulo Jorge Sanches Barbeira (UFMG). No caso dos
69
derivados hidrofóbicos da tetrapiridilporfirina (8 e 9, Figura 48) os dados foram obtidos em
colaboração com o Prof. Dr. Márcio Peres de Araújo (UFPR).
Os estudos de RPE e espectroeletroquímica de RPE dos derivados hidrofóbicos da
tetrapiridilporfirina (8 e 9, Figura 48), hidrossolúveis da tetrametilpiridilporfirina (1 e 2, Figura 48)
e hidrofóbico da 3-carboxifenilporfirina (7, Figura 48) foram realizados em colaboração com a
Dra. Shirley Nakagaki (UFPR), com a ajuda do Dr. Geraldo Friedermann.
3.6.1. Voltametria Cíclica
As propriedades eletroquímicas de um grande número de porfirinas e metaloporfirinas
têm sido estudadas em sistemas não-aquosos [91, 107]. Isto porque, essas propriedades redox
são um fator importante a ser considerado na habilidade de uma dada metaloporfirina servir
como catalisador em reações de oxidação.
Nos estudos eletroquímicos realizados para as Mn-porfirinas hidrofóbicas (7 ao 9 Figura
48) o solvente escolhido foi a N,N-dimetilformamida (DMF). Isto devido à sua alta estabilidade
frente aos processos oxidativos dentro da faixa de potencial usada (-2,0 a 2,0 V), baixa
volatilidade e, principalmente, por permitir a solubilização completa das manganês-porfirinas.
No caso das Mn-porfirinas hidrossolúveis catiônicas (1 e 2, Figura 48) e hidrossolúveis
aniônicas (3 ao 6, Figura 48), utilizou-se solução aquosa de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH
7,8), devido a estabilidade e solubilidade dos compostos neste solvente.
Por voltametria cíclica, foram observados processos redox centrados no íon metálico
para todas as manganês-porfirinas. Esses processos são representados pela seguinte equação
química:
Mn
3+
+ e
-
Mn
2+-
Eq. 8
Os potenciais de meia-onda (E
1/2
, Equação 8) determinados são apresentados na
Tabela 16. Estes valores são representativos para o processo redox centrado no íon metálico
[64, 65].
70
Tabela 16. Potenciais (V vs NHE) para o processo centrado no íon metálico (MnIII/MnII), obtidos por
voltametria cíclica para as manganês-porfirinas estudadas.
Mn-porfirina E
1/2
(V vs NHE)
1
E
1/2
(V vs NHE)
2
Referência
Mn
III
T3PyPCl 0,169 - [23]
Mn
II
Br
8
T3PyP 0,828 0,659 [23]
Mn
III
T3MPyPCl
5
0,0520 - [65]
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
0,468 0,416
Mn
III
TSPP - 0,160 -
Mn
III
Br
8
TSPP + 0,209 0,369
Mn
III
TCPP - 0,194 -
Mn
III
Br
8
TCPP + 0,213 0,407
Mn
III
T3CBPPCl 0,032 -
1. E
1/2
(± 3 mV) foram determinados nas seguintes condições: [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
,
[PTBA ou NaCl] = 0,1 mol L
-1
, .0,100 V s
-1
.
2. O valor de E
1/2
refere-se à diferença entre os potenciais de redução (Mn
III
/Mn
II
) das Mn-
porfirinas β-octabromadas e não bromadas, ou seja, o deslocamento anódico do potencial
em função da β-bromação.
Todos os complexos estudados apresentaram o processo redox centrado no íon
metálico (Equação 8) reversíveis. Os voltamogramas representativos de algumas das Mn-
porfirinas β-octabromadas sintetizadas são apresentados na Figura 49.
(A)
(B)
Figura 49. Voltamogramas cíclicos de algumas das manganês-porfirinas sintetizadas: (A)
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
e (B) Mn
III
Br
8
TSPP (tampão de fosfato 0,05 mol L
-1
pH 7,6, [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
,
[NaCl] = 0,10 mol L
-1
, 0,1 V s
-1
)
71
Pode-se verificar na Tabela 16 que ocorre um deslocamento do potencial de redução
(Mn
III
/Mn
II
), para valores mais positivos (deslocamento anódico), quando se compara os
potenciais dos compostos β-octabromadas e não bromados. O deslocamento anódico do
potencial de redução também foi observado no caso das porfirinas base livre H
2
T3MPyPCl
4
e
H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(Figura 50). Neste caso, o processo de redução está centrado no macrociclo
porfirínico. A presença dos átomos de bromo nas posições β-pirrólicas do macrociclo é a causa
das alterações nas propriedades eletroquímicas observadas.
Figura 50. Voltamograma cíclico das porfirinas base livre H
2
T3MPyPCl
4
e H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
(tampão de
fosfato 0,05 mol L
-1
, pH 7,6, [H
2
P] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
, [NaCl] = 0,10 mol L
-1
, 0,1 V s
-1
).
O deslocamento anódico dos potenciais devido à per-bromação do macrociclo é
justificado pela competição dos efeitos estéreo e eletrônico causados pelos átomos de bromo.
Os dois efeitos provocam alterações nas energias dos orbitais HOMO e LUMO, que afetam
diretamente as propriedades redox das manganês-porfirinas.
Os grupos retiradores de elétrons nas posições β-pirrólicas do macrociclo estabilizam a
energia de ambos os orbitais, HOMO e LUMO. Os átomos de bromo promovem a diminuição
da densidade eletrônica sobre o macrocíclo porfirínico e, conseqüentemente, sobre o íon
metálico [108]. Dessa forma, o processo de redução do íon metálico é favorecido. Além disso, o
impedimento estéreo do halogênio leva à quebra da planaridade do macrociclo [108, 21], que
desestabiliza os níveis de energia dos orbitais HOMO mas não dos LUMO. O balanço
energético final é uma diminuição na diferença de energia entre esses orbitais de fronteira
(Figura 51) que, conseqüentemente, leva ao deslocamento positivo dos potenciais redox. A
magnitude de E depende do número e do tipo de halogênio [50, 72, 110-112].
72
a
1u
a
1u
e
g
*
e
g
*
a
2u
a
2u
Soret
HOMO
π
LUMO
π
β
Cu
II
TPP
Cu
II
Br
8
TPP
Figura 51. (A) Representação dos orbitais moleculares (HOMO) para a Cu
II
Br
8
TPP (D
2d
) [73]. (B)
Diagrama de níveis de energia para os orbitais de fronteira da Cu
II
TPP e Cu
II
Br
8
TPP derivado da análise
dos espectros de absorção UV-vis [76].
3.6.2. RPE e Espectroeletroquímica de RPE
As propriedades físicas e químicas das metaloporfirinas vêm sendo extensamente
estudadas com o objetivo de entender as suas funções em sistemas biológicos e também para
que esses compostos possam ser usados como mediadores em reações de oxirredução [113,
114]. Para isso, a técnica de ressonância paramagnética eletrônica pode ser bem utilizada,
uma vez que permite saber com precisão o estado de oxidação do composto em estudo.
As análises por RPE das manganês-porfirinas (em estado sólido ou solução de DMF)
para Mn
III
T3PyPCl, Mn
III
T3MPyPCl
5
e Mn
III
T3CBPPCl apresentaram espectros sem nenhum
sinal, ou seja, RPE silent” (Figura 52A). As transições que envolvem Ms = 1 são permitidas,
entretanto se a separação entre os níveis de energia (Separação Zeeman) forem superiores ao
quantum de energia da radiação de microondas (Banda X, ~ 3 cm), ou a quantidade de energia
for insuficiente para alcançar a ressonância, ou ainda o fenômeno de ressonância só for
acessível em campos muitos altos, a amostra não terá sinais na RPE convencional [99, 100,
115]. Os complexos Mn
II
Br
8
T3PyP e Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
apresentaram sinais característicos do
íon manganês (II) (3d
5
), com g = 2,00 típico desse íon [100, 116] (Figura 52B), entretanto não
(A)
(B)
73
foi possível observar as seis linhas características provavelmente devido à baixa simetria do
complexo obtido.
0 1000 2000 3000 4000 5000
Campo Magnético (G)
(A)
2800 3000 3200 3400 3600 3800 4000 4200
Campo Magnético (G)
(B)
Figura 52. Espectros de RPE de duas Mn-porfirinas no estado sólido à temperatura de 77 K: (A)
Mn
III
T3MPyPCl
5
e (B) Mn
II
Br
8
T3PyP.
A espectroeletroquímica de RPE é uma técnica interessante porque fornece
informações complementares àquelas que são obtidas via eletroquímica. No caso do estudo
dos catalisadores metaloporfirínicos, foi possível confirmar os estados de oxidação do íon
metálico propostos por voltametria clica e em alguns casos observar a formação de espécies
que não eram detectadas pela voltametria.
No estudo da Mn
III
T3MPyPCl
5
(Figura 53), inicialmente observa-se que o íon metálico
apresenta estado de oxidação III (Figura 53A), pois o espectro é do tipo “silent”, conforme já foi
comentado anteriormente. Após a aplicação de um potencial de 800 mV observa-se a
formação da espécie radicalar Mn
III
P
•+
(π cátion) que é uma forma tautomérica da Mn
IV
P (Figura
53B, Equação 9). A Mn
III
P
•+
é formada quando um equivalente de elétrons está localizado
sobre o macrociclo porfirínico, e não sobre o íon metálico. Esta espécie radicalar tem um
espectro característico que apresenta apenas uma linha com sinal bastante intenso (g = 2,007).
Mn
III
P Mn
III
P
+
+ e
-
Mn
IV
P Eq. 9
Ao ser aplicado um potencial de 1000 mV, o sinal da espécie radicalar começa a
desaparecer enquanto o sinal referente à espécie Mn
IV
P começa a ser formado (Figura 53C).
Finalmente, ao ser aplicado 2000 mV, toda a metaloporfirina é convertida a Mn
IV
P. O espectro
dessa espécie apresenta seis linhas (assim como aquele esperado para a Mn
II
P) com g igual a
2,0112 e separação de linhas A
Mn
90 G, característico de Mn(IV) [100, 113, 116].
74
0 1000 2000 3000 4000 5000
Campo Magnético (G)
(A)
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(B)
3350 3400 3450 3500 3550 3600
Campo Magnético (G)
(C)
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(D)
Figura 53. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
III
T3MPyPCl
5
em solução de DMF, usando PTBA como
eletrólito. [Mn
III
P] = 6,16 × 10
-4
mol L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol L
-1
. (A) 0 mV, (B) 800 mV, (C) 1000 mV e (D)
2000 mV.
No estudo da Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(Figura 54), observa-se que, inicialmente, a
metaloporfirina apresenta um sinal com seis linhas, característico do íon manganês em estado
II (3d
5
), apresentando g = 2,0246 (Figura 54A) [100, 116]. Ao se aumentar sucessivamente o
potencial aplicado sobre a amostra de manganês-porfirina, é observado a formação da espécie
Mn
III
P (3d
4
) (aproximadamente 1000 mV). Este fato é evidenciado pela diminuição da
intensidade do sinal referente à espécie Mn
II
P. É importante ressaltar que a Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
é altamente resistente à oxidação, uma vez que ao cessar a aplicação do potencial, observava-
se um sinal intenso referente à espécie Mn
II
P. Isso pode ser explicado pela presença dos
substituintes retiradores de elétrons nas posições β-pirrólicas do macrociclo, uma vez que eles
favorecem a manutenção do íon metálico em menores estados de oxidação, conforme fora
discutido anteriormente. A espécie Mn
IV
P só é formada com aplicação de um potencial de 1800
mV (Figura 54B). O sinal da Mn
IV
P também apresenta seis linhas e g = 2,014 [100, 114, 116].
Além disso, não é observado a formação da espécie radicalar, conforme observado para a
análoga de 2ª geração Mn
III
T3MPyPCl
5
.
75
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(A)
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(B)
Figura 54. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
em solução de DMF, usando PTBA
como eletrólito. [Mn
II
P] = 5,05 × 10
-4
mol.L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol.L
-1
. (A) 0 mV, (B) 1800 mV.
Os dados obtidos no estudo da Mn
III
T3PyPCl (Figura 55) são semelhantes àqueles
obtidos para a Mn
III
T3MPyPCl
5
(Figura 53). A única diferença observada é o aparecimento do
sinal referente à espécie Mn
IV
P (g = 2,01) [100, 114, 116], concomitante ao sinal da espécie
radicalar Mn
III
P
•+
(π cátion) que é uma forma tautomérica da Mn
IV
P. Isso é observado quando
aplica-se um potencial de 700 mV. Assim, pode-se afirmar que a presença de cargas nas
posições meso-arilas da Mn
III
T3MPyPCl
5
estabilizam a espécie radicalar.
76
1000 2000 3000 4000
Campo Magnético (G)
(A)
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(B)
3000 3200 3400 3600 3800 4000
Campo Magnético (G)
(C)
Figura 55. Espectroeletroquímica de RPE da Mn
III
T3PyPCl em solução de DMF, usando PTBA como
eletrólito. [Mn
III
P] = 1,02 × 10
-3
mol L
-1
, [PTBA] = 0,10 mol L
-1
. (A) 0 mV, (B) 700 mV, (C) 1800 mV.
Finalizando pode-se ressaltar a importância da técnica de espectroeletroquímica de
RPE para a compreensão dos resultados obtidos por voltametria cíclica. Além disso, sugere-se
a utilização da espectroeletroquímica de UV-vis para complementar as informações sobre os
processos redox inerentes aos catalisadores obtidos.
77
4. Modelo Biomimético da Enzima Superóxido Dismutase: Atividade
SOD-mimética
4.1. Introdução
Lavoisier, ao explicar o fenômeno da combustão há mais de 230 anos, determinou o fim
da teoria do flogisto e também o início da era moderna na química. Ao mostrar que a oxidação
é um processo que ocorre com a adição de átomos de oxigênio a um substrato e que a
respiração é uma combustão lenta, pode-se afirmar que ele também foi o pioneiro nos estudos
do papel do oxigênio nos sistemas biológicos [117]. Desde então, a compreensão dos
processos oxidativos em sistemas biológicos tornou-se bastante abrangente e, atualmente, é
uma das áreas de pesquisa mais explorada na ciência, isto porque esses processos estão
associados a diversas patologias incluindo o envelhecimento.
Uma vez que este capítulo se relaciona com o que foi exposto, é imperativo que se
discuta um pouco sobre a química do oxigênio e dos radicais livres, protagonistas dos
processos oxidativos em sistemas biológicos.
4.2. A Reatividade do Oxigênio
O oxigênio foi obtido, pela primeira vez, por Carl Wilhelm Scheele (1742 1786) que,
adepto da Teoria do Flogisto (durante a combustão, “algo” sai do corpo que queima, o flogisto,
do grego, inflamável), considerou-o como “ar do fogo” e não percebeu seu papel na
combustão. Joseph Priestley (1733 1804) também flogista, caracterizou o novo gás batizado
de ar desflogisticado. Antoine Lavoisier (1743 1794), identificou-o como um novo elemento e
denominou-o oxigênio (do grego, “gerador de ácido”) acreditando ser ele o responsável pela
acidez (os ácidos conhecidos na época têm oxidgênio: H
2
SO
4
, HNO
3
, CH
3
COOH, HCOOH, etc)
[118]. Segundo o dicionário Houaiss [7] é definido como o elemento mais abundante na crosta
terrestre (com 49% em massa), indispensável à vida de animais e vegetais. Entretanto, o
oxigênio, imprescindível aos organismos aeróbios e aceptor final de elétrons na cadeia
respiratória (maior via geradora de energia para esses organismos), é a molécula formada por
2 átomos de oxigênio, O
2
. Apesar de essencial, esse composto é tóxico quando em
concentração superior àquela presente no ar (aproximadamente 21%) [119].
As primeiras explicações para os efeitos nocivos do oxigênio em organismos vivos
foram dadas por Gershman e colaboradores [120] em 1954. A toxicidade do oxigênio estaria
associada, principalmente, às suas propriedades químicas, que o tornam um composto capaz
de gerar diversas espécies tóxicas. Esta idéia entretanto não foi prontamente aceita pela
78
comunidade científica e, apenas em 1968, com os trabalhos pioneiros de Fridovich e McCord
[5-7] foram descobertas enzimas envolvidas especificamente no metabolismo das espécies
tóxicas geradas pelo oxigênio.
A molécula de oxigênio apresenta, segundo a Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM), 2
elétrons desemparelhados em seu estado fundamental (Figura 56). Esta característica permite
que ele seja classificado como radical livre, o qual é definido como uma espécie que apresenta
um ou mais elétrons desemparelhados [124-126]. Os radicais livres são altamente reativos,
consequentemente, o tempo de meia-vida é curto e são encontrados em concentrações baixas
[127-131].
Figura 56. Descrição da molécula de oxigênio (
3
ΣgO
2
), dos seus estados excitados (
1
ΣgO
2
e
1
gO
2
) e do
radical superóxido (O
2
•−
), segundo a Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM).
Por meio da Figura 56, percebe-se que os dois elétrons desemparelhados da molécula
de oxigênio (no estado fundamental é encontrado no estado tripleto,
3
ΣgO
2
) apresentam spins
paralelos, situação que restringe a reatividade da molécula, apesar de ser um radical livre. Isso
ocorre porque, quando a mesma entra em contato com outra espécie química possibilitando a
ocorrência de uma reação química, os elétrons que serão recebidos pelo oxigênio devem
também possuir spins paralelos; entretanto, em um orbital, um par de elétrons pode possuir
spins opostos (Princípio de Exclusão de Pauli), o que inviabiliza o processo redox. Dessa
forma, observa-se que a reatividade do oxigênio com outras espécias químicas é restringida
79
por spin [119, 124, 127, 129, 131]. Todavia, essa restrição pode ser eliminada e,
consequentemente, aumentar a reatividade da molécula de oxigênio por meio da inversão do
spin de um dos elétrons ou, por meio da redução sequencial e univalente para geração de
outras espécies químicas (Figura 57) [119].
Figura 57. Redução sequencial e univalente da molécula de oxigênio, no qual observa-se a formação
das várias espécies reativas de oxigênio [119].
A inversão do spin de um dos elétrons da molécula de oxigênio é um processo
endotérmico, ou seja, ocorre com absorção de energia. A molécula de oxigênio na qual ocorre
a inversão do spin existe sob duas formas, ambas do tipo singuleto (Figura 56):
1
ΣgO
2
(sigma,
com os dois elétrons com spins antiparalelos e ocupando os dois orbitais π antiligantes) e
1
gO
2
(delta, com os dois elétrons com spins antiparalelos e ocupando um orbital π antiligante).
A forma sigma é muito reativa, porém tem tempo de vida muito curto e decai para a forma delta
logo após sua formação [127, 129, 131]. A molécula de oxigênio na forma singuleto delta é a
responsável pela reatividade desta espécie química.
80
4.3. Sobre as Espécies Reativas de Oxigênio (EROs)
Durante a redução sequencial e univalente da molécula de oxigênio formam-se diversas
espécies reativas de oxigênio (EROs), dentre as quais pode-se destacar: radical superóxido
(Figura 54) e hidroxila, íons peróxido, óxido e oxeno (Figura 55). Todos os seres aeróbios estão
constantemente sujeitos ao efeito oxidante dessas espécies, uma vez que elas são produzidas
durante o metabolismo [132]. As EROs formadas in vivo apresentam diferentes reatividades,
além disso podem interagir com outras espécies químicas e gerar novas espécies tamm
reativas. É importante ressaltar que in vivo também são formadas espécias reativas de
nitrogênio (ERNs), por exemplo
NO, as quais também estão presentes nos processos
oxidativos dos organismos vivos. Entretanto, as EROs representam a classe mais importante
de espécies radicalares geradas nos sistemas vivos [133].
As EROs e ERNs são conhecidas por exercerem um papel dual nos organismos, isso
porque exibem propriedades benéficas em determinadas condições, mas deletérias em outras
[134]. Os efeitos benéficos ocorrem a concentrações baixas e/ou moderadas e no meio
biológico essas espécies estão envolvidas em processos fundamentais para a sobrevivência
celular, como por exemplo na regulação da expressão de genes sensíveis aos sinais redox e
nas alterações da homeostase (processo pelo qual um organismo mantém constante o seu
equilíbrio) celular por meio da síntese de moléculas fisiologicamente ativas [135]. Em
contrapartida, os efeitos deletérios, os quais causam danos aos sistemas biológicos, são
conhecidos como estresse oxidativo e estresse nitrosativo [136-138], ambos causados pelo
excesso de EROs e ERNs, respectivamente. Estes efeitos ocorrem quando uma produção
excessiva de espécies radicalares associada a uma escassez de antioxidantes (enzimáticos ou
não). Em outras palavras, pode-se afirmar que os efeitos deletérios são o resultado de um
desequilíbrio entre as condições pró-oxidantes (geração de EROs e ERNs) e antioxidantes,
tendo como consequências danos às biomoléculas como o DNA, os lipídeos, as proteínas e os
carboidratos, além de uma relação direta com diversas patologias e o próprio envelhecimento
[139].
4.4. Manutenção do Equílibrio: O Papel dos Antioxidantes
A exposição dos organismos vivos aos radicais livres provenientes de diferentes vias
(metabólicas, ambientais etc) levou ao desenvolvimento de mecanismos de defesa contra os
efeitos deletérios causados por essas espécias químicas [140], ou seja, vias para controlar
e/ou eliminar as espécies reativas geradas. Para se defender da toxicidade das EROs, os
organismos apresentam mecanismos de defesa em três diferentes níveis: (1) prevenção da
81
formação de espécies reativas (ERs), (2) eliminação das ERs formadas e (3) reparo de
moléculas modificadas pelas ERs [141].
A prevenção da formação de espécies reativas está associada a mecanismos
intrínsecos dos organismos vivos diretamente relacionados à manutenção da homeostasia.
Como exemplo pode-se citar o transporte de oxigênio na forma ligada e não livre, a eficiência
da cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria e a quelação de metais durante o transporte
e armazenamento [141].
O processo de eliminação das ERs é realizado por meio de mecanismos enzimáticos e
não enzimáticos. Os processos enzimáticos são mediados principalmente pelas seguintes
enzimas: superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (Gpx), glutationa redutase (Gr),
catalase, glutationa S-transferases (GST) e tiorrredoxina redutase (Txr). Essas enzimas
catalisam reações de decomposição das ERs, mantendo a concentração dessas espécies
dentro dos limites fisiológicos. Os processos não enzimáticos são mediados por compostos,
denominados antioxidantes, os quais atuam protegendo alvos biológicos da oxidação por meio
da eliminação, desativação ou supressão da formação dos radicais livres. Os principais
antioxidantes são: ácido ascórbico (vitamina C), α-tocoferol (vitamina E), glutationa,
carotenóides e flavonóides [135].
Finalmente, os mecanismos de reparo de danos causados pelas ERs mais
compreendidos são: sistema de reparo do DNA, ação de proteases e fosfolipases [142, 143].
Esses processos são complexos e ainda pouco entendidos pela comunidade científica.
Finalmente, ressalta-se que, ao nível celular, existe um equilíbrio entre as espécies pró-
oxidantes e antioxidantes e que este processo é essencial para a manutenção da vida.
4.5. A Molécula de Interesse: o Íon Superóxido
Neste capítulo, o radical superóxido (Figura 56) é a molécula de interesse e trata-se de
uma espécie química muito reativa (possui um elétron desemparelhado), é instável em
soluções aquosas devido à capacidade de reagir com outra molécula de radical superóxido
gerando peróxido de hidrogênio e oxigênio molecular (Equação 10) [119]. Essa reação é
conhecida como reação de dismutação do superóxido. A classificação dismutação refere-se à
capacidade de uma determinada espécie sofrer oxidação e redução numa mesma reação
química.
O
2
•−
+ O
2
•−
+ 2 H
+
H
2
O
2
+ O
2
Eq. 10
Em condições fisiológicas, o superóxido é gerado principalmente nas mitocôndrias,
microssomas e peroxissomas [144]. A reação de dismutação deste radical é catalisada pela
82
enzima superóxido dismutase (SOD), a qual é encontrada em três diferentes formas (Zn/Cu-
SOD [145] presente no citosol e no núcleo da célula, Mn-SOD [146] presente na mitocôndria e
no meio extracelular e, Fe-SOD [147]) que está presente em praticamente todos os organismos
aeróbios. A taxa de dismutação do íon superóxido catalisada pela SOD é de aproximadamente
10
4
vezes maior do que em condições fisiológicas [119].
Diversos quadros patológicos, dentre os quais pode-se destacar inflamação , isquemia,
câncer, diabetes, artrite reumatóide, desordens neurológicas (Alzheimer e Parkinson) e
envelhecimento parecem ser e/ou são mediados pelo íon superóxido [139, 148-150]. Estes
problemas são associados a uma produção excessiva do radical, o qual não é adequadamente
metabolizado (Figura 58). Dessa forma surge a necessidade da utilização de compostos que
possam mimetizar a enzima SOD e catalisar a reação de dismutação.
Figura 58. Relação entre a produção de íon superóxido e a atividade da SOD em organismos saudáveis
e doentes [151].
Diversos complexos de manganês são estudados como SOD-miméticos dentre os quais
pode-se destacar aqueles derivados de porfirinas [21, 64, 152, 153], poliaminas cíclicas [148-
150] e compostos de salen [154, 155] (Figura 59). Entretanto, as Mn-porfirinas têm se mostrado
como os mais promissores compostos, uma vez que, diversos modelos in vivo e in vitro,
atestam sua eficiência no tratamento de diversas patologias [156-160]. A escolha do íon
mangânes deve-se principalmente à sua menor toxicidade em meio biológico e menor
reatividade frente ao peróxido de hidrogênio, quando comparado aos íons ferro e cobre
(também presentes nas enzimas SOD originais) [148]. Com base neste cenário, fica evidente o
interesse na síntese de novas Mn-porfirinas, que possam ser utilizadas futuramente no
tratamento das mais variadas patologias.
83
Figura 59. Exemplos dos principais tipos de compostos estudados como SOD-miméticos. M40401 [150],
AEOL-10113 [152], EUK-134 [155].
4.6. Racionalizando a Obtenção de Compostos SOD-miméticos
O desenvolvimento de novos compostos com atividade SOD-mimética visa uma
similaridade com as propriedades redox do sítio ativo da enzima nativa. Todas as enzimas
desta classe possuem o potencial de redução (E
1/2
, centrado no íon metálico) em
aproximadamente 0,300 V [161, 162], o qual é próximo ao potencial ótimo de atividade (~0,360
V) que é o valor intermediário entre os potenciais das semi-reações de oxidação e redução do
íon superóxido (Figura 60).
Figura 60. Representação da correlação entre os potenciais das semi-reações de oxidação e redução do
íon superóxido e dos potenciais ótimo e da enzima SOD [18].
84
Um ciclo catalítico aceito para a reação de dismutação do íon superóxido catalisada por
complexos de manganês e/ou pela enzima SOD envolve processos redox centrados no íon
metálico. Considerando-se que a reação de dismutação seja catalisada por uma Mn-porfirina,
observa-se que, inicialmente, ocorre a redução do íon metálico (Mn
III
P Mn
II
P) pelo íon
superóxido e, posteriormente, o íon superóxido é responsável pela reoxidação da espécie
metálica (Mn
II
P Mn
III
P) (Figura 61).
Figura 61. Representação do ciclo-catalítico para a reação de dismutação do íon superóxido catalisada
por uma Mn-porfirina [18].
Um composto que mimetize eficientemente a ação da enzima SOD deve possuir um
potencial de redução (centrado no íon metálico) próximo ao potencial ótimo da atividade. Isso
porque, as semi-reações de oxidação e redução do íon superóxido o termodinamicamente
favorecidas neste potencial. Isso é corroborado pela determinação experimental de que as
constantes para as reações de oxidação e redução do O
2
•−
pela enzima SOD, nas formas
reduzida e oxidada, respectivamente, apresentam o mesmo valor (k
ox
= k
red
= k
cat
~ 2 × 10
9
mol
-
1
L s
-1
) [163, 164].
A correlação estreita entre o potencial de redução (centrado no íon metálico) do
composto mimético e a constante de velocidade para a reação de dismutação do O
2
•−
(k
cat
)
também foi verificada para uma série de metaloporfirinas (Fe e Mn) por Batinić-Haberle e
culminou no estabelecimento da relação estrutura-atividade (REA, em inglês SAR structure-
activity relationship) [64]. Na Figura 60, esta relação é representada pelos compostos
[Mn
III
TnHex-2-PyP]
5+
e [Mn
III
TCPP]
3-
, que apresentam diferentes valores de E
1/2
(Mn
III
/Mn
II
).
Por meio da REA, percebeu-se que o aumento de 0,12 V no potencial de redução
centrado no íon metálico implica em um aumento de dez vezes na atividade SOD (k
cat
), o que é
corroborado pela equação de Marcus para reações de transferência eletrônica que envolvam
um elétron [165]. Esta equação é válida porque, no caso das Mn-porfirinas, a etapa de redução
do íon metálico (Mn
III
Mn
II
), é a etapa determinante da velocidade. A REA norteia a
idealização e obtenção de complexos porfirínicos de manganês com elevado potencial de
redução centrado no íon metálico (E
1/2
0,2 V vs NHE), os quais apresentam elevada
capacidade antioxidante, ou seja, elevada capacidade para eliminação de EROs e ERNs [152].
85
Entretanto, é importante ressaltar que compostos com potencial de redução (centrado no íon
metálico) muito elevado não apresentam atividade SOD significante, uma vez que a etapa de
reoxidação do íon metálico se torna a etapa limitante da velocidade, ou seja, a espécie química
tende a permanecer na forma reduzida.
Além do potencial de redução do composto SOD-mimético, um outro fator importante
para a atividade SOD é a facilitação eletrostática, ou seja, a interação do íon superóxido (que
possui carga negativa) é facilitada quando ocorre com espécies químicas que possuam carga
positiva associada. É conhecido que, nas enzimas nativas, os aminoácidos formam um canal
que guia o íon superóxido ao sítio ativo. Desta forma, as Mn-porfirinas, com elevada atividade
SOD-mimética, também apresentam cargas positivas próximas ao centro metálico. Outros dois
parâmetros que afetam a atividade SOD são a lipofilia/estericidade ao redor do centro metálico
[152, 166] e a distribuição espacial de carga [21, 167].
A contribuição do potencial de redução das Mn-porfirinas associada à facilitação
eletrostática, pode ser visualizada na Figura 62, que relaciona a atividade SOD (log k
cat
) e o
potencial de redução de diversos complexos de manganês [168, 169].
Figura 62. Representação da dependência entre o potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) de Mn-porfirinas e a
atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
) [168].
Na Figura 62, os pontos da curva mais próxima ao eixo das abcissas (E
1/2
, curva
vermelha) representam Mn-porfirinas aniônicas, as quais não apresentam facilitação
eletrostática para a interação com o íon O
2
•−
, o que resulta em compostos com pequena
habilidade para catalisar a reação de dismutação (valores baixos para log k
cat
). Nesta região
estão as Mn-porfirinas β-octabromadas aniônicas, [Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
e [Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
sintetizadas por nosso grupo de pesquisa e apresentadas neste trabalho, cujos estudos foram
86
feitos em colaboração com a grupo da Dra. Batinic-Haberle [168, 169]. Por outro lado, na
região mais próxima ao ponto referente à enzima SOD (curva azul) estão as Mn-porfirinas
catiônicas, com elevada atividade SOD-mimética (valores elevados para log k
cat
).
Na Figura 62, o MnCl
2
e o complexo M40403 (uma poliamina cíclica) são compostos
com elevado valor para o potencial de redução centrado no íon metálico (Mn
III
/Mn
II
). Em função
disto, eles apresentam baixa atividade SOD-mimética, ou seja, baixos valores de log k
cat
. Neste
caso, a etapa de reoxidação do íon metálico se torna a etapa limitante da velocidade no ciclo
catalítico (Figura 61), ou seja, a espécie química tende a permanecer na forma reduzida. Este
comportamento também é descrito pela equação de Marcus [165].
Uma estratégia conveniente para o desenvolvimento de novas Mn-porfirinas com
elevada atividade SOD-mimética envolve alterações nas posições β-pirrólicas do macrociclo,
em que a β-halogenação é a via mais usada [21, 60, 170], ou nas posições meso-arilas, na
qual prevalece o processo de alquilação dos grupos piridis da meso-tetraquis(2-piridil)porfirina,
T2PyP e meso-tetraquis(imidazolil)porfirina T2ImP [64, 152, 153, 166]. Nas duas estratégias
ocorre uma diminuição da densidade eletrônica sobre o íon metálico, o que resulta em um
aumento do potencial de redução do mesmo. Na β-halogenação, a diminuição da densidade
eletrônica é resultante dos efeitos estéreo e eletrônico causados pelos átomos de halogênios
(conforme discutido no capítulo 3). Já no processo de alquilação, o “efeito orto” [65] é
responsável pela diminuição da densidade eletrônica. O “efeito orto” é resultante da
combinação dos efeitos estéreos, indutivos e de ressonância devido à presença de
substituintes nas posições orto dos anéis meso-arilas das porfirinas [15, 171, 172]. Como
exemplo deste efeito, a meso-tetraquis(2-metilfenil)porfirina (H
2
T2MPP) e a meso-
tetrametilporfirina (H
2
TMP) (Figura 63) apresentam propriedades químicas semelhantes, o que
implica que o grupo metil na posição meso ou na posição orto do anel meso-arila alteram, de
forma semelhante, as propriedades químicas dos compostos [171].
Figura 63. Estruturas das porfirinas base-livre H
2
T2MPP e H
2
TMPP.
87
4.7. Objetivos e Justificativas
Neste capítulo, o objetivo principal é verificar o potencial catalítico da porfirina de
manganês β-bromada e hidrossolúvel, [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
inédita, como modelo da enzima
superóxido dismutase (SOD). Este estudo é importante uma vez que, as propriedades in vivo
das Mn-porfirinas têm mostrado excelente correlão com as propriedades determinadas in
vitro, especialmente com relação às medidas de atividade SOD e o potencial de redução
Mn(III)/Mn(II) [18, 167]. Contudo, entre os parâmetros que podem limitar a utilização terapêutica
in vivo de compostos de elevada atividade in vitro, encontram-se aqueles relativos à toxicologia
e à farmaco-cinética.
As medidas de atividade SOD in vitro e in vivo foram realizadas durante o estágio
sanduíche em colaboração com o grupo de pesquisa da Dra. Ines Batinic-Haberle (Department
of Radiation Oncology, Duke University Medical Center, Durham, USA), com o qual o Grupo de
Porfirinas e Catálise da UFMG colabora desde 2003 [21]. É importante ressaltar que estudos in
vitro e in vivo com as Mn-porfirinas β-octabromadas negativamente carregadas [Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
e [Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
, preparadas durante o doutorado, também foram realizados (antes do
estágio) em colaboração com o grupo da Dra. Batinic-Haberle e estão concluídos; o manuscrito
correspondente a esses dados foi publicado na revista Free Radical Biology and Medicine [168]
e parte dos dados foi apresentada no V International Conference on Peroxynitrite and Reactive
Nitrogen Species realizado em Montevidéu (Uruguai) [169].
4.8. Parte Experimental
4.8.1. Reagentes e Equipamentos
4.8.1.1. Reagentes
A) Xantina Oxidase (XO)
A solução estoque da enzima foi preparada segundo o procedimento descrito por R.
Wiley [173] e esta foi cedida pelo Dr. K. V. Rajagopalan (Duke University).
B) Xantina (Xt, Sigma)
A solução de xantina foi preparada dissolvendo 7,6 mg deste composto em 50 mL de
solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
. Esta mistura foi colocada sob agitação por ultrassom
durante 2 minutos e, em seguida, aquecida em um forno de microondas por 55 segundos.
88
C) Ferricitocromo c (Fe
III
-citc, Sigma, lote 7752)
A solução de ferricitocromo c foi preparada usando água desionizada de maneira que a
concentração da solução fosse de 1,12 × 10
-3
mol L
-1
. A solução foi estocada à temperatura de
- 20°C.
4.8.1.2. Equipamento
A) Espectrofotômetro UV-vis
Os espectros eletrônicos de absorção UV-vis foram registrados no espectrofotômetro
Shimadzu UV-2501PC, com resolução de 0,5 nm e utilizando cubetas de quartzo de 10 mm de
caminho óptico.
4.8.2. Procedimento
4.8.2.1. Atividade SOD-mimética in vitro: Ensaio do Citocromo c
A determinação da atividade SOD-mimética da [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
foi realizada por meio
de espectroscopia na região do UV-vis, utilizando o método do citocromo c [64, 174]. Nesse
método, o sistema xantina/xantina oxidase gera o íon superóxido, o qual reduz ferricitocromo c
(Fe
III
-Citc) a ferrocitocromo c (Fe
II
-Citc); a presença de um composto biomimético eficiente para
a enzima SOD deve acelerar a dismutação do íon superóxido e inibir, por conseguinte, a
redução do citocromo. A redução do ferricitocromo c é monitorada no comprimento de onda de
550 nm, durante 100 segundos. A taxa de inibição é, então, usada para a determinação da
constante de desproporcionamento (k
cat
) do superóxido catalisada pelo composto modelo. O
ensaio foi realizado numa cubeta de quartzo, com capacidade total de 3 mL e 1 cm de caminho
óptico, usando solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8). A Tabela 17 apresenta as
quantidades de reagentes utilizadas na realização de um experimento.
89
Tabela 17. Quantidades dos reagentes utilizados no experimento para determinação da atividade SOD.
Reagentes (µ
µµ
µL)
Volume Total (µ
µµ
µL)
Tampão fosfato Xt Fe
III
-Citc MnP XO
2808 150 26,7 0 17,00 3001,7
2804 150 26,7 2,00 17,00 2999,7
2804 150 26,7 4,00 17,00 3001,7
2808 150 26,7 6,00 17,00 3007,7
2796 150 26,7 10,00 17,00 2999,7
Condições: [MnP] = 1,84 × 10
-6
mol L
-1
(determinada por espectroscopia de absorção na região do UV-
vis), 25°C. A solução tampão 0,05 mol L
-1
foi preparada com e sem adição de EDTA (1 × 10
-4
mol L
-1
). Os
experimentos realizados com adição de EDTA têm por objetivo eliminar a interferência de quaisquer íons
metálicos que possam estar presentes nas soluções.
A ordem na qual os reagentes foram adicionados à cubeta está apresentada nesta
Tabela 17. Além disso, deve-se ressaltar que o sistema é homogeneizado duas vezes:
primeiro, após a adição do composto modelo e segundo, após a adição da xantina oxidase
quando a leitura espectrofotométrica é realizada. Algumas das medidas são realizadas mais de
uma vez para verificar a reprodutibilidade dos dados obtidos. Também foram realizados
experimentos com adição de EDTA (1 × 10
-4
mol L
-1
) com o objetivo de avaliar a interferência
de quaisquer íons metálicos que pudessem estar presentes no meio.
Foram realizados experimentos sem a adição do ferricitocromo c com o objetivo de
averiguar se o composto modelo interfere no sistema para geração do íon superóxido. Para
isso, acompanhou-se a formação do íon urato no comprimento de onda de 295 nm. Caso o
composto modelo interfira na geração desse íon, as curvas obtidas devem apresentar
diferentes inclinações, em função da quantidade do composto adicionado. O volume final na
cubeta foi mantido o mais próximo possível de 3 mL, por meio do aumento da quantidade de
solvente usado nos experimentos.
A determinação da influência da força iônica (µ), na constante de desproporcionamento
foi realizada usando o mesmo procedimento descrito acima. Foi utilizado solução aquosa de
NaCl (na faixa de 0 a 0,1 mol L
-1
) ou solução tampão fosfato (na faixa de 0,05 a 0,087 mol L
-1
)
para o controle da força iônica. A Tabela 18 apresenta as quantidades de reagentes utilizadas
em um experimento para avaliar a influência da força iônica.
90
Tabela 18. Quantidades dos reagentes utilizados no experimento para determinação da influência da
força iônica na atividade SOD.
Reagentes (
µ
µµ
µ
L)
Volume Total
(µ
µµ
µL)
Tampão fosfato
NaCl Xt Fe
III
-Citc MnP XO
2732 75 150 26,7 0 17,00 3000,7
2728 75 150 26,7 2,00 17,00 2998,7
2728 75 150 26,7 4,00 17,00 3000,7
2724 75 150 26,7 6,00 17,00 2998,7
2720 75 150 26,7 10,00 17,00 2998,7
Condições: [MnP] = 1,84 × 10
-6
mol L
-1
(determinada por espectroscopia de absorção na região do UV-
vis), [NaCl] = 2 mol L
-1
, 25°C. A solução tampão 0,05 mol L
-1
foi preparada com e sem adição de EDTA
(1 × 10
-4
mol L
-1
). Os experimentos realizados com adição de EDTA tem por objetivo eliminar a
interferência de quaisquer íons metálicos que possam estar presentes nas soluções.
4.8.2.2. Atividade SOD-mimética in vivo: Experimento com Escherichia Coli
Este experimento foi realizado em colaboração com o Dr. Ludmil Benov (Kuwait
University), colaborador da Dra. Ines Batinić-Haberle (Duke University). Neste experimento,
utilizou-se as cepas de Escherichia Coli AB1157 (selvagem) e JI132 (SOD-deficiente, sodA
-
sodB
-
), ambas fornecidas por J. A. Imlay [175]. As culturas bacterianas foram cultivadas em
placas de 96 wells (flat-bottom) usando meio restrito de cinco aminoácidos (5AA). Este meio
contém 0,2% de glicose, 5 × 10
-4
mol L
-1
em cada aminoácido (L-leucina, L-treonina, L-prolina,
L-arginina e L-histidina), Na
2
HPO
4
(60 g L
-1
), KH
2
PO
4
(30 g L
-1
), NaCl (5 g L
-1
) e NH
4
Cl (10 g L
-1
)
preparado em água desionizada. O sistema foi mantido em um agitador termostático à
temperatura de 37°C e 200 rpm. As soluções das porfirinas, em concentração de
aproximadamente 1 × 10
-3
mol L
-1
([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
, [Mn
III
T2MPyP]
5+
, [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
),
foram preparadas imediatamente antes do início do experimento e as concentrações
determinadas por espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis. Finalmente, as soluções
foram diluídas (para a faixa de µmol L
-1
) e adicionadas ao meio de cultura. Também foram
realizados experimentos com adição de MnCl
2
, para verificar a influência do íon Mn
2+
nos
sistemas. O efeito dos compostos porfirínicos e do Mn
2+
no crescimento das culturas foi
acompanhada por turbidimetria, no comprimento de onda de 700 nm. Também foram
realizadas medidas de controle, ou seja, experimentos sem a adição dos compostos
porfirínicos. As medidas foram feitas em triplicata.
91
4.9. Resultados e Discussões
4.9.1. Atividade SOD-mimética in vitro: Ensaio do Citocromo c
A atividade SOD-mimética (refletida por k
cat
) foi determinada espectrofotometricamente
utilizando o método do citocromo c [64, 174]. Neste método, o sistema xantina (40 µmol L
-
1
)/xantina oxidase (~2 nmol L
-1
) gera o íon superóxido taxa de 1,2 µmol L
-1
por minuto), o
qual é responsável pela redução do ferricitocromo c no sistema (Fe
III
-Citc, 10 µmol L
-1
). A
metodologia é fundamentada no estudo de reações competitivas, conforme ilustrado na Figura
64. A constante de velocidade (k
cat
) para a reação de dismutação do O
2
•−
, catalisada pelas Mn-
porfirinas, foi determinada em função da reação competitiva da redução do ferricitocromo c com
o O
2
•−
, sendo k
Fe-Citc
igual a 2,6 × 10
5
mol
-1
L min
-1
(Figura 64).
Figura 64. Representação das reações que ocorrem no sistema utilizado para determinação da atividade
SOD-mimética (log k
cat
).
A redução do ferricitocromo c (Fe
III
-Citc) pelo íon superóxido é acompanhada
espectrofotometricamente no comprimento de onda de 550 nm (denominado v
0
). Uma
representação do que ocorre nesta medida quando adiciona-se o composto SOD-mimético ao
sistema (denominado v
i
) está representada na Figura 65. Observa-se uma diminuição da
inclinação da curva (Figura 65B), o que é indicativo da competição do composto SOD-mimético
com o Fe
III
-Citc pelo íon superóxido. A quantidade (concentração) do composto que provoca
uma redução de 50% na velocidade de reação do Fe
III
-Citc com íon O
2
•−
é denominada de CI
50
(concentração inibitória de 50%). Por definição, em CI
50
, a relação entre as reações não-
inibidas (v
i
) e inibidas (v
0
) pelo composto modelo podem ser expressas pela Equação 11 [123].
v
i
= v
o
/2 Eq. 11
92
Figura 65. Representação dos dados obtidos no acompanhamento da reação de redução do Fe
III
-Citc
pelo íon O2
•−
, nos experimentos para determinação da atividade SOD. (a) Reação não-inibida (v
0
) e (b)
reação inibida (v
i
).
A inibição da reação de redução do Fe
III
-Citc pelo íon O
2
•−
, causada pelo composto
SOD-mimético, quando locada como uma função que correlaciona {(v
o
/v
i
) -1} versus
concentração do composto, gera uma linha reta [176] (Figura 66), ou seja, é representada por
uma função de 1° grau. Por meio desta função e usando-se a definição apresentada na
Equação 11, é possível determinar o valor de CI
50
(Figura 66).
Figura 66. Representação da curva gerada pelo tratamento dos dados obtidos durante o experimento
para determinação da atividade SOD.
Por meio do cálculo da CI
50
, é possível determinar a atividade SOD (representada por
k
cat
), uma vez que a lei da velocidade para a reação de dismutação do O
2
•−
pelo composto
SOD-mimético, ou para a reação de redução do Fe
III
-Citc, são ambas conhecidas. No Esquema
6, é apresentado o desenvolvimento matemático necessário para se determinar o valor de k
cat
.
É importante ressaltar que, na CI
50
considera-se que as reações de dismutação do O
2
•−
e a
reducão do Fe
III
-Citc apresentam a mesma velocidade.
93
Esquema 6. Desenvolvimento matemático explicitando a determinação da constante de velocidade (k
cat
)
para a reação de dismutação do O
2
•−
catalisada pelo composto SOD-mimético.
Na Tabela 19, é apresentada a atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
e
CI
50
, ambos os valores calculados conforme demonstrado anteriormente) para as Mn-porfirinas
hidrossolúveis sintetizadas, assim como os valores de potencial de redução (E
1/2
) centrado no
íon metálico (Mn
III
/Mn
II
). A Figura 67 apresenta uma curva para a relação {(v
0
/v
i
) -1} versus a
concentração para a [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
.
94
Tabela 19. Valores de E
1/2
(Mn
III
/Mn
II
) e atividade SOD-mimética para diferentes Mn-porfirinas e Cu,Zn-
SOD (enzima) determinados em solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8).
Composto
E
1/2
(V
vs
NHE)
Log
k
cat
CI
50
(mol L
-
1
)
Ref.
[Mn
III
TCPP]
3
-
- 0,194 < 3,5
> 8,2 × 10
-
4
[18]
[Mn
III
Br
8
TCPP]
3
-
+ 0,213 5,07
2,2 × 10
-
5
[168]
[Mn
III
TSPP]
3
-
- 0,160 3,95
2,9 × 10
-
4
[64, 168]
[Mn
III
Br
8
TSPP]
3
-
+ 0,209 5,56
7,2
×
10
-
6
[168]
[Mn
III
T3MPyP]
5+
+ 0,052 6,61
6,5
×
10
-
7
[65]
[Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
+ 0,468
8,85
3,7
×
10
-
9
[Mn
III
T4MPyP]
5+
+ 0,060 6,58
6,7
×
10
-
7
[60]
[Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
+ 0,480
8,67
5,6
×
10
-
9
[60]
Cu,Zn-SOD
~ + 0,300 ~ 9
~ 1,3 × 10
-
9
[164, 177, 178]
Figura 67. Gráfico de {(v
0
/v
i
) – 1} versus concentração de [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
. v
0
representa a velocidade
de redução do Fe
III
-Citc (10 × 10
-6
mol L
-1
) pelo O
2
•−
e v
i
a velocidade de redução do Fe
III
-Citc inibida pela
Mn-porfirina. Condições experimentais: solução tampão de fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8),
xantina 40 × 10
-6
mol L
-1
, xantina oxidase ~ 2 × 10
-9
mol L
-1
,EDTA 1 × 10
-4
mol L
-1
, 25º C.
Os dados apresentados na Tabela 19 englobam Mn-porfirinas hidrossolúveis de duas
classes distintas: aniônicas e catiônicas. Pelos valores de log k
cat
, pode-se observar que as Mn-
porfirinas hidrossolúveis aniônicas são compostos SOD-miméticos menos eficientes do que as
catiônicas. Isso deve ocorrer em função de um impedimento eletrostático, ou seja, as cargas
negativas devem dificultar a interação entre o íon superóxido e o centro metálico das Mn-
porfirinas [168]. Um outro fator importante a ser destacado é que a β-bromação das Mn-
porfirinas aniônicas propicia um aumento da atividade SOD-mimética dos compostos β-
95
bromados, [Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
e [Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
, de aproximadamente 40 vezes em relação aos
análogos de geração ([Mn
III
TCPP]
3-
e [Mn
III
TSPP]
3-
). Isto pode ser justificado pelo aumento
do potencial de redução centrado no íon metálico (Mn
III
/Mn
II
) [60, 170], que se torna próximo ao
potencial ideal de atividade da enzima (~ 0,300 V).
Em relação às Mn-porfirinas hidrossolúveis catiônicas, a β-bromação também provoca
um aumento do potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) e, consequentemente, um aumento da
atividade SOD-mimética. Neste caso especificamente, a [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
(inédita) é a Mn-
porfirina que apresenta a maior atividade SOD-mimética jamais reportada na literatura (no caso
de Mn-porfirinas), ou seja, com valores de k
cat
e CI
50
mais próximos daqueles apresentados
pela enzima Cu,Zn-SOD (Figura 68). O aumento da atividade é de, aproximadamente, 170
vezes em relação ao análogo de geração ([Mn
III
T3MPyP]
5+
). A Figura 68 apresenta a curva
de dependência entre o potencial de redução centrado no íon metálico (Mn
III
/Mn
II
) de Mn-
porfirinas catiônicas com a atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
) e nela pode-se
observar a posição relativa dos isômeros [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
e [Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
.
Figura 68. Representação da dependência entre o potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) de Mn-porfirinas
catiônicas e a atividade SOD-mimética (representada por log k
cat
) [179].
O elevado potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) da [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
estabiliza o metal no
estado de oxidação 2+. Este fato também foi observado para o isômero para,
[Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
, previamente sintetizado e caracterizado por Batinić-Haberle e
colaboradores [60]. Sabe-se que Mn(II)-porfirinas são pouco estáveis em solução fracamente
96
ácida ou mesmo neutra [60, 77-81], ou seja, elas sofrem o processo de desmetalação quando
em solução. Desta maneira, realizou-se estudos de estabilidade desses complexos em solução
de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(o solvente usado nos estudos de atividade SOD-mimética) na
faixa de concentração de µmol L
-1
(Figura 69). Observou-se que a desmetalação parcial das
Mn-porfirinas ocorre nos momentos iniciais, entretanto após aproximadamente 10 minutos,
verificou-se o estabelecimento de uma situação de equilíbrio (Figura 69). As Figuras 69A e 69B
registram as mudanças espectrais observadas durante o período de uma hora. Nessas Figuras
observa-se o aparecimento da banda referente à porfirina base livre β-octabromada, sendo
esta banda mais proeminente para o caso da [Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
(Figura 69B), o que evidencia
a menor estabilidade desse composto em relação à [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
(Figura 69A).
(A)
(B)
(C)
Figura 69. Desmetalação parcial de soluções a ~ 2 × 10
-6
mol L
-1
de (A) [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
e (B)
[Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
em solução tampão fosfato 0,05 mol L-1 (pH 7,8), registrada durante uma hora. (C)
Decaimento da banda Soret para [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
(, 484 nm) e [Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
(, 492 nm).
97
Em função da estabilidade limitada das Mn-porfirinas em que o estado de oxidação do
íon metálico é 2+, ressalta-se que os valores reportados para log k
cat
e CI
50
(Tabela 19) são os
valores mínimos que podem ser experimentalmente determinados. Isto implica que, caso esses
compostos fossem estáveis em solução (não ocorresse desmetalação), o comportamento
SOD-mimético seria ainda mais similar ao da enzima nativa.
A influência que a força iônica (µ) do meio exerce na constante de velocidade da reação
de disproporcionamento do íon O
2
•−
, catalisada por [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
, foi estudada utilizando-
se soluções de NaCl (2 mol L
-1
) e solução tampão fosfato (1 mol L
-1
) como modificadores da
força iônica. Considerando-se que as espécies químicas presentes no meio, em pH 7,8, sejam
os fosfatos mono- e diprotonados (HPO
4
2-
e H
2
PO
4
-
, pK
a
= 7,2) e o NaCl, o valor de µ foi
determinado utilizando-se a Equação 12:
µ = ½ Σ (M
i
× z
i
2
) Eq. 12
µ = força iônica do meio;
M
i
= concentração em quantidade de matéria de cada uma das espécies químicas;
z
i
= carga elétrica de cada uma das espécies químicas.
A equação de Debye-Huckel (Equação 13) [180] descreve a influência que a
modificação da força iônica exerce sobre a constante de velocidade de reações que ocorram
entre íons:
log k = log k
ref
+ 2 × A × z
a
× z
b
× µ
1/2
(1 + µ
1/2
) Eq. 13
k = constante de velocidade a qualquer força iônica (µ > 0);
k
ref
= constante de velocidade quando µ = 0;
A = coleção de constantes físicas, com valor equivalente a 0,509;
z
a
e z
b
= cargas das espécies químicas reagentes;
µ = força iônica do meio.
Em linhas gerais, quando espécies de cargas opostas reagem, o aumento da força
iônica do meio provoca uma diminuição da constante de velocidade de reação. Por outro lado,
quando espécies químicas de mesma carga reagem, o efeito é o oposto àquele descrito
anteriormente, ou seja, ocorre aumento da constante de velocidade da reação [180]. No caso
de Mn-porfirinas catiônicas (sistema de cargas opostas) é observado que o aumento da força
iônica do meio provoca a diminuição do valor de k
cat
, conforme descrito pela equação de
98
Debye-Huckel [21, 167]. Por exemplo, este efeito foi observado por Batinić-Haberle e
colaboradores [21] no caso da [Mn
III
T3MPyP]
5+
e [Mn
III
T4MPyP]
5+
.
No estudo da porfirina catiônica [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
observou-se que o aumento de µ
utilizando fosfato provoca, inesperadamente, um pequeno aumento no valor da constante de
velocidade, o qual é mais evidente quando se utiliza NaCl para o controle da força iônica
(Figura 70). Os mesmos resultados foram obtidos para o isômero para [Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
,
porém, ocorrendo de maneira menos pronunciada. Isso implica que espécies químicas de
mesma carga estão envolvidas no processo de dismutação. Pela Figura 70, observa-se que o
efeito da força iônica é mais pronunciado no isômero meta ([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
), do que no
isômero para ([Mn
II
Br
8
T4MPyP]
4+
). Isso estaria associado à maior proximidade das cargas em
relação ao íon metálico no caso da [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
.
Figura 70. Influência da força iônica do meio na constante de velocidade da reação de dismutação do
íon O
2
•−
, catalisada por diferentes Mn-porfirinas catiônicas. Os valores de k
cat
foram determinados em
solução tampão fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,8), EDTA 1 × 10-4 mol L
-1
e 25º C. A força iônica (µ) foi
ajustada usando-se NaCl ou fosfato.
Uma das possibilidades para compreender o fenômeno observado, é a coordenação
axial de íons cloreto/fosfato ao centro metálico das Mn-porfirinas, aumentando desta forma a
densidade eletrônica sobre o íon metálico. Esse processo de coordenação provocaria,
consequentemente, uma variação no potencial de redução (Mn
III
/Mn
II
) do complexo. Entretanto,
os estudos eletroquímicos utilizando NaCl ou solução tampão de fosfato para ajustar o µ não
99
mostraram nenhuma diferença no valor de E
1/2
(Mn
III
/Mn
II
). A presença dos íons cloreto/fosfato
também não afeta a estabilidade das Mn-porfirinas β-bromadas, ou seja, não altera o processo
de desmetalação ocorrido quando se preparam as soluções diluídas contendo as Mn-porfirinas.
Uma outra explicação para os resultados obtidos envolveria a segunda esfera de
coordenação dos complexos porfirínicos. Neste caso, o aumento da interação entre os ânions
(cloreto/fosfato) com a periferia do macrociclo porfirínico resultaria em um aumento da
densidade eletrônica na região próxima ao íon metálico. Essa maior interação estaria
associada à presença de átomos de bromo nas posições β-pirrólicas do macrociclo. A interação
entre ânions e a estrutura de porfirinas catiônicas é relatada por Foster [181]. É importante
ressaltar que nosso trabalho é o primeiro estudo que trata da influência da força iônica na
constante de velocidade para a reação de dismutação do íon superóxido, catalisada por Mn-
porfirinas catiônicas e β-bromadas [179].
4.9.2. Atividade SOD-mimética in vivo: Experimento com Escherichia Coli
O experimento que verifica o desenvolvimento de cepas de Escherichia Coli (E. Coli)
SOD-deficientes, cultivadas em meio restrito de 5AA, atesta sobre a eficiência dos compostos
SOD-miméticos como substitutos da enzima SOD. A estreita correlação entre o comportamento
dos compostos SOD-miméticos em diversos modelos in vivo e no experimento usando E. coli é
apresentada em diversos trabalhos descritos na literatura [18, 59, 64, 156, 160, 182-190].
Nestes trabalhos, os compostos que são eficientes na substituição da enzima SOD
(experimento com E. Coli), geralmente, também apresentam atividade em outros modelos in
vivo de estresse oxidativo.
Foram estudadas as porfirinas catiônicas e β-bromadas, [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
e
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
. A porfirina base livre β-octabromada foi incluída neste estudo porque
apresenta um potencial de redução (centrado no macrociclo) elevado, o que a tornaria capaz
de atuar como composto SOD-mimético per si. Como foi apresentado anteriormente, a Mn-
porfirina β-bromada apresenta estabilidade limitada em solução (Figura 69A), dessa forma,
também foi estudado o comportamento do Mn
2+
(MnCl
2
) no crescimento das cepas. Além disso,
também foram realizados experimentos utilizando a [Mn
III
T2MPyP]
5+
, a qual funciona como
“controle” do experimento [167, 168]. A [Mn
III
T2MPyP]
5+
é considerada um “controle” por se
tratar de uma Mn-porfirina com elevada estabilidade em solução aquosa (não sofre processo
de desmetalação), comprovada atividade SOD-mimética e por ser usada em diversos modelos
in vivo de estresse oxidativo.
A [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
apresentou-se como um excelente composto SOD-mimético, uma
vez que propiciou o crescimento das cepas de E. coli SOD-deficientes a uma concentração de
apenas 5 × 10
-7
mol L
-1
(Figura 71). À concentração de 1 × 10
-6
mol L
-1
da Mn-porfirina β-
100
octabromada observa-se o completo desenvolvimento das cepas SOD-deficientes, quando
comparadas às cepas selvagens. O MnCl
2
foi utilizado nas mesmas concentrações da
[Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
, uma vez que esta não é estável em solução (Figura 69A). Observou-se,
que os íons Mn
2+
não propiciam o desenvolvimento adequado das cepas SOD-deficientes
(Figura 71), o que confirma a atividade SOD-mimética da Mn-porfirina β-octabromada.
Entretanto, a estabilidade limitada ao processo de desmetalação do complexo porfirínico em
solução, limita a sua utilização como agente terapêutico.
Figura 71. Crescimento aeróbio de cepas de E. Coli SOD-deficientes (JI132) em presença e ausência de
porfirinas ou MnCl2 (à concentração de 5 × 10
-8
, 5 × 10
-7
, 1 × 10
-6
, ou 5 × 10
-6
mol L
-1
) no meio 5AA.
Dados coletados na 13ª hora de experimento. As leituras turbidimétricas foram realizadas no
comprimento de onda de 700 nm. O crescimento aeróbio de cepas selvagens de E. Coli (AB1157) são
usadas como referência [179].
Também foi observada atividade SOD-mimética para a porfirina base livre
[H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
, entretanto, com menor eficiência quando comparada à respectiva Mn-
porfirina. Atribui-se essa atividade à formação in situ da Mn-porfirina, uma vez que os íons Mn
2+
podem estar presentes no sistema. A geração in situ de [Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
é possível, uma vez
que porfirinas base livre β-octabromadas podem facilmente coordenar íons metálicos à
temperatura ambiente [20, 49, 60]. Um problema associado à utilizão dos compostos β-
octabromadas ([Mn
II
Br
8
T3MPyP]
4+
e [H
2
Br
8
T3MPyP]
4+
) é a toxicidade de ambos. Em
concentrações superiores a 1 × 10
-6
mol L
-1
, observa-se a inibição do crescimento das cepas.
Ainda não há explicações claras a respeito desta toxicidade dos compostos β-bromados in vivo.
101
As Mn-porfirinas aniônicas β-octabromadas, [Mn
III
Br
8
TCPP]
3-
e [Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
, também
foram estudadas em sistemas utilizando as cepas de E. coli SOD-deficientes. Neste estudo,
realizado pelo grupo da Dra. Ines Batinic-Haberle em colaboração com nosso grupo de
pesquisa, mostrou-se a inesperada e elevada atividade-SOD mimética in vivo para a
[Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
(apesar do baixo valor para k
cat
, Tabela 19). Estes resultados estariam
associados a um mecanismo alternativo de ação da Mn-porfirina como composto SOD-
mimético [44]. Neste estudo mostramos que a [Mn
III
Br
8
TSPP]
3-
funciona como um transportador
de íons manganês para o interior da bactéria, de maneira que a atividade SOD-mimética não
pode ser atribuída ao composto em si, mas aos íons Mn
2+
levados para o interior das células.
Um dos indícios do transporte de íons Mn
2+
, foi a identificação de porfirina base livre β-
octabromada no interior das células. É importante ressaltar que nosso trabalho é o primeiro
estudo a reportar sobre um mecanismo diferenciado de ação de Mn-porfirinas em sistemas in
vivo (da enzima SOD), ele foi publicado no Free Radical Medicine and Biology [168].
102
5. Modelo Biomimético dos Citocromos P-450: Oxidação de
Substratos Orgânicos
5.1. Introdução
A oxidação de moléculas orgânicas sob condições brandas permanece como uma das
mais intrigantes áreas da química moderna, apesar do grande volume de pesquisa realizado a
respeito deste tópico nas últimas décadas. Por razões práticas e econômicas, a
funcionalização de hidrocarbonetos está entre os assuntos mais explorados. Na natureza, o
processo de funcionalização é intermediado por enzimas específicas (oxigenases), as quais
catalisam os processos oxidativos pela inserção direta de um ou dois átomos de oxigênio aos
substratos orgânicos, com elevada eficiência. É na tentativa de mimetizar os sistemas naturais
que se baseia parte do desenvolvimento de novos catalisadores e processos oxidativos [191-
195].
As metaloporfirinas sintéticas ocupam um lugar especial na área de oxidações
catalisadas por metais de transição, porque são modelos biomiméticos dos citocromos P-450
(metaloenzima). Essas metaloenzimas promovem a oxidação de substratos inertes com
elevada seletividade e especificidade [191-195]. Os citocromos P-450 possuem a ferro-
protoporfirina IX como grupo prostético (Figura 72).
Figura 72. Ferro protoporfirina IX. Sítio catalítico do citocromo P-450.
As monooxigenases dependentes dos citocromos P-450 participam da biossíntese de
esteróides e do metabolismo de substâncias orgânicas exógenas [195]. O ciclo catalítico para
esses citocromos é mostrado na Figura 73.
103
Figura 73. Ciclo catalítico proposto para os Citocromos P-450 na oxidação de substratos orgânicos
[196].
A seguinte seqüência de eventos é a mais aceita para o ciclo catalítico mostrado (Figura
73) [194, 196-198]:
ligação do substrato à enzima no seu estado inicial (1, Fe(III)porfirina, baixo spin),
seguida de conversão à Fe(III)porfirina alto spin (2);
redução da espécie Fe(III)porfirina (2) a Fe(II)porfirina (3);
ligação do oxigênio molecular à Fe(II)porfirina (3), o que leva à formação do aduto
Fe(II)porfirina-dioxigênio (4);
transferência de um elétron para o aduto, formando o complexo Fe(III)porfirina-peroxo
(5);
protonação (6) e clivagem heterolítica da ligação O-O com produção de água e do
intermediário ativo oxo-ferrilporfirina π cátion, Fe(IV)P
•+
(7),
transferência do átomo de oxigênio do intermediário para o substrato e liberação dos
produtos oxigenados.
Um ciclo catalítico curto, conhecido como desvio do peróxido, foi demonstrado com o
uso de doadores de oxigênio como iodosobenzeno (PhIO), periodato (IO
4
-
), hipoclorito (ClO
-
),
entre outros. O doador transfere o átomo de oxigênio à Fe(III)porfirina e, na seqüência, o
104
oxigênio é transferido para o substrato, sendo este processo chamado de “oxygen rebound”
[194].
As metaloporfirinas sintéticas, análogas ao grupo prostético do citocromo P450, m
sido estudadas mais de 30 anos como catalisadores de reações de oxidação de
hidrocarbonetos com vários doadores de oxigênio, na busca de catalisadores com maior
seletividade, rendimento, velocidade e estereoespecificidade para essas reações orgânicas
[199-201]. As reações catalisadas pelos complexos porfirínicos incluem hidroxilação,
epoxidação, N-oxidações, clivagem de 1,2-dióis, entre outras. Nosso grupo se interessa pela
obtenção de novos complexos metaloporfirínicos e pelo uso deles como catalisadores em
reações de oxidação de substratos orgânicos (ciclo-hexano, ciclo-hexeno, estireno, limoneno,
etc).
5.2. Reações de Hidroxilação de Alcanos
A baixa reatividade dos alcanos deve-se à indisponibilidade de par de elétrons livres e
de orbitais vazios. A ligação entre carbono e hidrogênio (energia de ativação entre 90-100
kcal/mol) não está acessível ao ataque de reagentes, porque os orbitais HOMO estão em um
nível muito baixo de energia e os orbitais LUMO em um nível muito alto. A baixa polaridade da
ligação C-H é um outro fator que contribui para a baixa reatividade dos alcanos [202]. Dessa
forma, encontrar um catalisador eficiente para promover a oxidação seletiva de moléculas
orgânicas, que ative as ligações inertes C-H e, posteriormente, transforme-as em ligações C-
OH sob condições brandas, permanece um desafio para a química sintética.
O uso de metaloporfirinas (miméticas dos citocromos P-450) é uma estratégia no
desenvolvimento de novos compostos que atuem facilitando as reações de oxidação de
alcanos.
Em 1980, foram descritos os primeiros sistemas para hidroxilação de alcanos (ciclo-
hexano), usando manganês-porfirinas [54, 203]. Um mecanismo simplificado para a
hidroxilação de ciclo-hexano pelo PhIO, catalisada por manganês-porfirinas, é apresentado na
Figura 74. Esse mecanismo reúne várias informações provenientes dos esforços de vários
grupos de pesquisa [204-208]. É importante ressaltar que ainda não um consenso quanto a
todas as etapas apresentadas no mecanismo (Figura 74).
105
Figura 74. Mecanismo da hidroxilação/oxidação de alcanos por manganês-porfirinas [204-208].
Inicialmente, é proposta uma reação entre a manganês-porfirina e o doador de oxigênio
para produzir o intermediário ativo de alta valência (Mn
V
(O)P). Este intermediário reage com o
substrato (RH) com abstração de um átomo de hidrogênio e gera outro intermediário
(Mn
IV
(OH)P) e mais um radical orgânico. Pode ocorrer o colapso do par radical
orgânico/Mn
IV
(OH)P (cage), levando ao produto hidroxilado. Entretanto, competindo com essa
reação, pode ocorrer o escape do radical orgânico para a solução, o que leva a produtos
halogenados (RX), cetona, entre outros. Tamm pode ocorrer a formação de alcenos devido à
transferência eletrônica [209].
O intermediário (Mn
IV
(OH)P) formado com a manganês-porfirina é muito estável quando
comparado ao intermediário formado com as ferro-porfirinas, o que explica o alto grau de
caráter radicalar das reações com manganês-porfirinas [209]. Sendo assim, as reações
106
radicalares favorecem a formação de espécies como cetonas, haletos de alquila, óxidos de
alquenos, entre outros. A formação de cetonas (um dos produtos nas reações de hidroxilação)
é atribuída ao intermediário radicalar Mn
IV
(O)P
.
+
(π cátion), uma vez que ela não é formada por
desidrogenação direta do álcool formado na reação [210]. Esse radical é formado pela
decomposição do intermediário Mn
V
(O)P.
5.3. Objetivos e Justificativas
A introdução de átomos ou grupos eletronegativos nas posições β-pirrólicas do
macrociclo porfirínico pode, em alguns casos, aumentar significativamente a eficiência catalítica
e a estabilidade dos catalisadores no meio oxidante [27, 48, 82, 112, 211-215]. Nisto reside o
interesse em obter metaloporfirinas β-substituídaseressante.
Neste capítulo são apresentados os resultados extraídos dos sistemas de oxidação de
de ciclo-hexano estudados com as Mn-porfirinas sintetizadas. O objetivo foi, principalmente,
verificar a influência da β-bromação e, consequentemente, do potencial de redução Mn
III
/Mn
II
na eficiência catalítica das Mn-porfirinas.
Os resultados estão agrupados de acordo com a solubilidade das Mn-porfirinas:
hidrofóbicas e hidrossolúveis.
As Mn-porfirinas hidrofóbicas são: Mn
III
T3PyPCl, Mn
II
Br
8
T3PyP e Mn
III
T3CBPPCl. As
duas primeiras foram sintetizadas durante o Mestrado, entretanto, os resultados apresentados
neste capítulo (oxidação de ciclo-hexano) se referem aos experimentos realizados durante o
Doutorado e que complementaram os dados previamente obtidos. a Mn
III
T3CBPPCl foi
obtida durante o Doutorado.
As Mn-porfirinas hidrossolúveis são: Mn
III
T3MPyPCl
5
, Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, Mn
III
TCPP,
Mn
III
Br
8
TCPP, Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP e todas foram obtidas durante o Doutorado.
Os sistemas utilizados para testar a eficiência catalítica dos catalisadores sintetizados
são apresentados a seguir:
oxidação de ciclo-hexano, utilizando as Mn-porfirinas hidrofóbicas, Mn
III
T3PyPCl e
Mn
II
Br
8
T3PyP como catalisadores, empregando PhI(OAc)
2
como doador de oxigênio e
adição de água;
oxidação de ciclo-hexano, utilizando as Mn-porfirinas hidrofóbicas Mn
III
T3PyPCl e
Mn
II
Br
8
T3PyP como catalisadores, empregando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de
oxigênio e imidazol como ligante axial;
oxidação de ciclo-hexano utilizando Mn
III
T3CBPPCl, uma metaloporfirina quiral, como
catalisador, empregando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio.
107
oxidação de ciclo-hexano, utilizando as Mn-porfirinas hidrossolúveis como catalisadores,
empregando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio;
5.4. Parte Experimental
5.4.1. Reagentes e Equipamentos
5.4.1.1. Reagentes
A) Diclorometano (Aldrich)
O diclorometano foi destilado e armazenado em frasco contendo peneira molecular de 4
Å previamente ativada.
B) Ciclo-hexano (Aldrich) e 1-octanol (Aldrich)
O substrato (ciclo-hexano) e o padrão interno (1-octanol ou bromobenzeno) usados
foram percolados em coluna de alumina neutra e armazenados em frasco contendo peneira
molecular de 4 Å, previamente ativada.
5.4.1.2. Equipamentos
A) Cromatógrafo a gás
Foi utilizado o cromatógrafo a gás Shimadzu, modelo 17A com detector de ionização de
chama, para analisar os produtos das reações de oxidação. O aparelho é equipado com uma
coluna capilar Altech Econo-cap de 30,0 m de comprimento, 0,32 mm de diâmetro e 0,25 µm
de espessura do filme, com fase estacionária de Carbowax. Ar comprimido foi usado para
manter a chama e hidrogênio como gás de arraste.
A) Espectrofotômetro UV-vis
Os espectros eletrônicos de absorção UV-vis foram registrados no espectrofotômetro
Hewlett-Packard diode array, modelo 8453, em cubetas de vidro ou quartzo de 10 mm de
caminho óptico.
108
B) Agitador por Ultra-som
As reações foram agitadas em um aparelho de ultra-som da marca Thorton com
freqüência de 40 kHz e potência de 50 watts.
5.4.2. Procedimento
As reações de oxidação foram realizadas em micro-escala, conforme o procedimento
descrito abaixo.
O catalisador metaloporfirínico (4,0 x 10
-4
mmol) e, PhIO ou PhI(OAc)
2
(4,0 x 10
-3
mmol),
ambos numa relação molar doador/MnP = 10, foram pesados em um frasco de vidro de 2 mL
vedado com tampa de rosca e septo de teflon/silicone, em balança analítica Sartorius, modelo
BP 210D. Aos frascos de reações, foram adicionados, com microsseringas, 200 µL de
substrato (ciclo-hexano) e 400 µL de solvente (DCM ou ACN:Tampão, 2:1). A mistura de
reação foi agitada manualmente por um minuto, sob proteção da luz e, logo após, o frasco foi
imerso em banho de água à 25ºC, onde foi agitado por ultra-som durante 90 minutos. Após
esse período, a reação foi inibida por adição de 100 µL de solução saturada de sulfito de sódio
e tetraborato de sódio (tendo como solvente DCM). Em seguida, foram adicionados 100 µL de
solução de 1-octanol ou bromobenzeno, que foram usados como padrão interno.
Foram realizadas reações controle, em ausência de manganês-porfirina, nas mesmas
condições descritas, afim de verificar a formação de produtos em meio não catalítico.
Todas as reações foram realizadas em triplicata. Os produtos foram analisados por
cromatografia a gás, pelo método de padrão interno.
Para estudar o efeito da coordenação de imidazol à manganês-porfirina, 20 µL de uma
solução estoque desse reagente (1,0 x 10
-2
mol L
-1
) em DCM foram adicionados ao frasco de
reação.
Para determinar a recuperação do catalisador após o processo oxidativo, foram feitos
espectros de absorção na região do UV-vis após o término das reações. A recuperação foi
estimada usando a absortividade molar (ε) da banda Soret.
5.5. Resultados e Discussão
Nas reações de oxidação dos substratos orgânicos, foram utilizados dois doadores de
oxigênio distintos: PhIO (iodosobenzeno) e PhI(OAc)
2
(iodobenzeno diacetato). Antes de
discutir os resultados alcançados com os experimentos, fazem-se necessárias algumas
considerações sobre as condições de reação e os reagentes utilizados.
109
O doador de oxigênio, iodosobenzeno, é bastante utilizado em reações de oxidação de
substratos orgânicos tendo metaloporfirinas como catalisadores. Ele tem somente um átomo de
oxigênio, o que faz com que a espécie ativa seja formada diretamente. Ele é preparado por
hidrólise básica do iodobenzeno diacetato, conforme a equação a seguir (Equação 14) [216].
C
6
H
5
I(CH
3
COO)
2
(s) + 2NaOH(aq) C
6
H
5
IO(s) + 2CH
3
COONa(aq) + H
2
O (l) Eq. 14
O iodosobenzeno é potencialmente explosivo e sofre reações de desproporcionamento
de forma lenta e progressiva, conforme representado abaixo (Equação 15):
2PhIO PhI + PhIO
2
Eq. 15
Como a reação de desproporcionamento é inevitável, a validade do doador não
ultrapassa seis meses (estocado à baixa temperatura). É preciso ressaltar que o PhIO é um
composto polimérico [217] e insolúvel na maioria dos solventes orgânicos [71]. Metanol é o
único solvente capaz de solubilizar o PhIO, no entanto, este solvente tem a desvantagem de
ser um substrato competitivo para reações de oxidação catalisadas por metaloporfirinas,
levando à produção de formaldeído [218].
Em vista do que foi apresentado decidimos usar também o iodobenzeno diacetato,
PhI(OAc)
2
, como doador de oxigênio, uma vez que este é bastante estável, solúvel na maioria
dos solventes orgânicos e pode ser obtido comercialmente. Além disso, trabalhos recentes
indicam o uso desse doador como uma alternativa ao PhIO [219-225]. In e colaboradores [219]
relatam que PhI(OAc)
2
é um eficiente doador de átomo de oxigênio que fornece altos
rendimentos de produtos oxigenados, em oxidações de alcanos catalisadas por Fe(III)-
porfirinas em solvente orgânico, quando as reações são realizadas com pequena quantidade
de água. Os resultados dessas oxidações são típicos das hidroxilações por Fe(III)-porfirinas e
PhIO. Esses autores propõem que a reação de PhI(OAc)
2
e H
2
O leva à formação de PhIO in
situ (Equação 16).
PhI(OAc)
2
+ H
2
O → PhIO + 2 AcOH Eq. 16
Esse PhIO monomérico reage rapidamente com o catalisador levando à formação da espécie
intermediária típica, Fe
IV
-oxo porfirina π cátion radical, diminuindo o tempo de reação. A
formação desse intermediário, Fe
IV
-oxo porfirina π cátion radical, sugere que o mecanismo de
hidroxilação de alcanos usando PhI(OAc)
2
deve ser o mesmo do PhIO para as Fe(III)-porfirinas
[219].
110
A relação molar catalisador:doador:substrato foi determinada a partir de trabalhos
prévios desenvolvidos em nosso grupo [20, 27, 30]. Assim, as reações foram realizadas
obedecendo à relação 1:10:5000 (catalisador:doador:substrato), em mol.
5.5.1. Reações de Hidroxilação do Ciclo-hexano
O ciclo-hexano é um substrato muito usado em reações catalisadas por
metaloporfirinas. Ele é conhecido como substrato padrão para reações de hidroxilação e
permite avaliar a eficiência catalítica das metaloporfirinas. As reações de hidroxilação do ciclo-
hexano ocorrem com a formação de ciclo-hexanol e ciclo-hexanona (Figura 75).
Figura 75. Hidroxilação do ciclo-hexano catalisada por manganês-porfirinas.
Para facilitar a compreensão do que foi realizado, a seguir serão apresentados os
sistemas utilizados na oxidação do ciclo-hexano com as devidas observações.
A) Manganês-porfirinas hidrofóbicas (Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP) utilizando
PhI(OAc)
2
como doador de oxigênio e com adição de água
Durante a realização do mestrado foram estudadas as reações de oxidação do ciclo-
hexano, utilizando a Mn
III
T3PyPCl e a Mn
II
Br
8
T3PyP como catalisadores e o PhI(OAc)
2
como
doador de oxigênio, em sistemas sem a adição de água [22]. A literatura [219-221] mostra que
nos sistemas oxidativos com metaloporfirinas e PhI(OAc)
2
e adição de água, as reações
acontecem de forma extremamente rápida (aproximadamente 50 minutos) e levam a
rendimentos semelhantes àqueles obtidos com o uso de PhIO. Sendo assim, decidiu-se testar
a eficiência catalítica dos catalisadores hidrofóbicos sintetizados (Mn
III
T3PyPCl e
Mn
II
Br
8
T3PyP) em sistemas semelhantes àqueles descritos na literatura. Os resultados são
apresentados na Tabela 20.
111
Tabela 20. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisada por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP em presença de oxigênio.
Reação
Porfirina Doador
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool
Cetona
1 Branco
4
PhIO 2 2 44 -
2 Branco
4
PhI(OAc)
2
2 2 53 -
3
Mn
III
T3PyPCl PhIO
25 ± 2
7 79
47 ± 3
4
Mn
III
T3PyPCl PhI(OAc)
2
40
±
2
10 80
40
±
5
5
Mn
III
T3PyPCl
5
PhI(OAc)
2
/H
2
O
32 ± 2
9 79
23 ± 2
6
Mn
II
Br
8
T3PyP PhIO
28 ± 1
6 82 0
7
Mn
II
Br
8
T3PyP PhI(OAc)
2
14
±
1
5 75 0
8
Mn
II
Br
8
T3PyP
5
PhI(OAc)
2
/H
2
O
31 ± 2
6 84 0
9 Mn
III
T2PyPCl
6
PhIO 14 7 67 -
10 Mn
III
Br
8
T2PyPCl
6
PhIO 41 26 61 -
Condições: Ciclo-hexano:DCM = 1:2; [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 × 10
-3
mol L
-1
;
[H
2
O] = 3,5 × 10
-2
mol L
-1
agitação por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
4 – As reações “branco” foram realizadas na ausência de catalisador.
5 – Reações realizadas com adição de 0,5 uL de água.
6 – Coletados da referência 53. Não foram realizados estudos da recuperação do catalisador.
Os dados apresentados na Tabela 20 mostram que a adição de água ao sistema
Mn
III
T3PyPCl/PhI(OAc)
2
(Reações 4 e 5) praticamente não altera a seletividade do sistema e o
rendimento dos produtos (ciclo-hexanol e ciclo-hexanona). Além disso, verifica-se que a reação
acontece com maior velocidade (Figura 76A), o que também foi observado por In e
colaboradores [219], uma vez que o rendimento máximo do produto majoritário (ciclo-hexanol)
é atingido em aproximadamente 30 minutos. Isso pode ser explicado pela formação in situ do
PhIO necessário à geração da espécie ativa de alta valência [219].
112
(A)
(B)
Figura 76. Reações de hidroxilação do ciclo-hexano usando os catalisadores hidrofóbicos, Mn
III
T3PyPCl
e Mn
II
Br
8
T3PyP, e o doador de oxigênio PhI(OAc)
2
, com adição de água e em ausência de água. (A)
Mn
III
T3PyPCl e (B) Mn
II
Br
8
T3PyP. Cada ponto apresentado nos gráficos acima foi obtido realizando-se
as reações de hidroxilação em triplicata, no tempo de reação especificado.
Com relação ao sistema Mn
II
Br
8
T3PyP/PhI(OAc)
2
/H
2
O (Reação 8) observa-se um
aumento da seletividade e do rendimento de álcool, quando comparado àquele sem adição de
água (Reação 7). Também é possível observar que a seletividade nesse caso, torna-se
semelhante àquela obtida no sistema Mn
II
Br
8
T3PyP/PhIO (Reação 6). Uma possível explicação
para esses resultados estaria relacionada à participação da água facilitando a geração da
espécie ativa de alta valência (que pode envolver o tautorismo oxo-hidroxo descrito por
Meunier [226]), associado à formação in situ do PhIO (não polimérico) via hidrólise do
PhI(OAc)
2
. As espécies manganês-oxo (Mn
V
(O)P e Mn
IV
(O)P
+
) são responsáveis pela
hidroxilação de alcanos, conforme já foi mostrado (Figura 74, pág. 105). Segundo In e
colaboradores [219], a adição de água aos sistemas que utilizam o PhI(OAc)
2
como doador de
átomo de oxigênio, aumenta a velocidade das reações, entretanto sem aumento do rendimento
dos produtos de oxidação. Em nossos sistemas também observa-se um aumento na
velocidade da reação de oxidação, sendo que o rendimento máximo do produto majoritário
(ciclo-hexanol) é alcançado em aproximadamente 30 minutos (Figura 76B). Entretanto,
observa-se também um aumento no rendimento dos produtos (Reações 7 e 8). Dessa forma,
podemos supor que a água não atua apenas na hidrólise do PhI(OAc)
2
, mas também deve
atuar diretamente na geração das espécies ativas. Estudos mais detalhados devem ser
realizados visando compreender o papel da água nos sistemas envolvendo as Mn-porfirinas de
3ª geração e o uso de PhI(OAc)
2
como doador de átomos de oxigênio.
A destruição do catalisador de geração (Mn
II
Br
8
T3PyP) é constatada com ambos os
doadores. Isso é indicado pela mudança de coloração da mistura de reação (vermelho
laranja). O espectro de absorção UV-vis da mistura de reação, após os 90 minutos, não
113
apresenta nenhuma banda de absorção, prova da destruição do catalisador. Isso é atribuído à
menor estabilidade das manganês-porfirinas de geração, nas quais o íon metálico é
encontrado em estado de oxidação II, quando comparadas às Mn(III)-porfirinas (de e
gerações) [60]. Conforme foi discutido anteriormente, os orbitais do Mn
3+
podem interagir
com os orbitais da porfirina e assim, os complexos formados são mais estáveis do que aqueles
formados com o íon Mn
2+
, visto que os orbitais do cátion divalente não têm energia adequada
para interagir com os orbitais da porfirina [70]. Além disso, os estudos de espectroeletroquímica
de RPE para a Mn
II
Br
8
T3PyP (Item 3.6.2) mostraram que, após a manganês-porfirina alcançar
o estado de alta valência (Mn
IV
P), este era estabilizado e por fim ocorria total destruição do
complexo. Uma evidência física desse fenômeno foi a mudança de coloração do sistema
(vermelho alaranjado).
Como pode ser observado na Tabela 20, a seletividade para o ciclo-hexanol tem valor
semelhante para as Mn-porfirinas do isômero meta (Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, 79% e 82%,
Reações 3 e 6) e isso também é verificado para o isômero orto (Mn
III
T2PyPCl e
Mn
III
Br
8
T2PyPCl, 61 e 67%, Reações 9 e 10). Também é possível verificar que as manganês-
porfirinas derivadas do isômero meta (Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP) constituem sistemas mais
seletivos nas reações de oxidação do ciclo-hexano (usando PhIO como doador e sem adição
de água, Reações 3 e 6), quando comparadas às manganês-porfirinas do isômero orto
(Mn
III
T2PyPCl e Mn
III
Br
8
T2PyPCl, Reações 9 e 10). Esta é uma evidencia de que a presença de
átomos de bromo nas posições β-pirrólicas não provoca um aumento significativo na
seletividade, conforme era esperado, e que as diferenças nos valores encontrados referem-se
apenas às propriedades intrínsecas dos compostos de cada isômero.
B) Manganês-porfirinas hidrofóbicas (Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP) utilizando PhIO
ou PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio e com adição de imidazol (Im)
A geometria plana do macrociclo das porfirinas deixa no desabrigo as duas posições
axiais do íon metálico, coordenado aos anéis pirrólicos nas quatro posições equatoriais (Figura
77). As possibilidades de coordenação nas posições axiais são variadíssimas; uma delas é a
coordenação de bases nitrogenadas (L) como o imidazol e a piridina, as mais comumente
usadas. Essas ligações axiais, são induzidas por um fator de emparelhamento de elétrons [54].
114
Figura 77. Representação das posições axiais em um metaloporfirina genérica (MP).
A presença de ligantes nitrogenados (imidazol ou piridina) nas reações de oxidação de
alcenos (estireno e ciclo-hexeno principalmente), catalisadas por manganês-porfirinas,
influenciam o rendimento e a seletividade das reações. Este fato está relacionado com a
habilidade desses ligantes coordenarem-se ao íon metálico, de modo a favorecer a formação
da espécie ativa Mn
V
(O)P, responsável pela oxigenação dos substratos. A espécie ativa
transfere o átomo de oxigênio de forma mais rápida e seletiva para o substrato, devido à
doação de carga σ do ligante axial em trans, que enfraquece a ligação metal-oxo [227].
Li e colaboradores [221] mostraram que, reações de oxidação de ciclo-hexano,
utilizando uma mistura de líquido iônico e dicloroetano (1,5:1) como solvente e iodobenzeno
diacetato como doador de átomo de oxigênio, em presença de imidazol (ligante axial), geravam
uma melhora da seletividade para o ciclo-hexanol. Tendo em vista o que foi apresentado e
considerando que ainda existem poucos relatos sobre a influência da coordenação axial nas
reações de hidroxilação de alcanos [221], decidiu-se verificar a influência da adição de imidazol
na eficiência catalítica das Mn-porfirinas (MnP) hidrofóbicas sintetizadas (Mn
III
T3PyPCl e
Mn
II
Br
8
T3PyP). Por meio de estudos realizados durante o mestrado [22], definiu-se a relação
molar MnP:imidazol (L), utilizando a titulação espectrofotométrica, em que predomina a espécie
monocoordenada (MnPL), visto que a espécie bis-coordenada (MnPL
2
) não apresenta atividade
catalítica. A falta de atividade da espécie MnPL
2
é justificada pela ocupação dos dois sítios
disponíveis para coordenação axial. Os resultados extraídos da oxidação do ciclo-hexano,
utilizando o PhIO como doador de oxigênio, são apresentados na Tabela 21 e, utilizando o
PhI(OAc)
2
, na Tabela 22.
115
Tabela 21. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO, catalisada
por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, com adição de imidazol.
Reação
Porfirina Sistema
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool Cetona
1 Branco
4
PhIO 2 2 50 -
2
Mn
III
T3PyPCl PhIO
25 ± 2
7 79
47 ± 3
3
Mn
III
T3PyPCl
5
PhIO/Im
37
±
1
3 94
56
±
3
4
Mn
II
Br
8
T3PyP
PhIO
28
±
1
6 82 0
5
Mn
II
Br
8
T3PyP
5
PhIO/Im
53 ± 1
9 86 0
Condições: Ciclo-hexano:DCM = 1:2; [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 × 10
-3
mol L
-1
;
[Imidazol] = 2,5 × 10
-4
mol L
-1
agitação por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
4 – As reações “branco” foram realizadas na ausência do catalisador.
5 – Reações realizadas com adição de 20 uL da solução de imidazol ao sistema.
Pode-se observar que a presença do imidazol (ligante axial) nas reações que
empregam o PhIO (Reações 3 e 5) como doador de átomo de oxigênio, propicia um aumento
do rendimento dos produtos e da seletividade. A melhora da eficiência catalítica pode ser
atribuída à estabilização do intermediário ativo de alta valência, que ocorre porque o ligante
axial previne o deslocamento do íon metálico do plano da porfirina. Isso aumenta a interação
entre os orbitais do Mn
3+
com os orbitais da porfirina e favorece a formação e estabilização da
espécie Mn
V
(O)P [71].
116
Tabela 22. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhI(OAc)
2
,
catalisada por Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, com adição de imidazol.
Reação
Porfirina Sistema
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool Cetona
1
[Mn
III
T3PyP]
+
PhI(OAc)
2
40 ± 2
10 80
40 ± 5
2
[Mn
III
T3PyP]
+4
PhI(OAc)
2
/Im
16
±
2
3 86
56
±
8
3
Mn
II
Br
8
T3PyP
PhI(OAc)
2
14 ± 1
5 75 0
4
Mn
II
Br
8
T3PyP
4
PhI(OAc)
2
/Im
26 ± 3
3 91 0
Condições: Ciclo-hexano:DCM = 1:2; [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 × 10
-3
mol L
-1
;
[Imidazol] = 2,5 × 10
-4
mol L
-1
agitação por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
4 – Reações realizadas com adição de 20 uL da solução de imidazol ao sistema.
Os sistemas de oxidação do ciclo-hexano utilizando PhI(OAc)
2
como doador de átomo
de oxigênio e, em presença de imidazol, são muito recentes [221]; dessa forma decidiu-se
verificar a influência do imidazol em nossos sistemas catalíticos. No caso do catalisador de
geração (Mn
III
T3PyPCl, Reações 1 e 2), é observada uma diminuição no rendimento dos
produtos. Especula-se que isso possa ocorrer devido à formação da espécie bis-coordenada
entre a manganês-porfirina e o imidazol. A formação dessas escies é viável, uma vez que a
velocidade de formação do intermediário ativo de alta valência, por meio da reação com
PhI(OAc)
2
, é lenta, o que permitiria uma competição entre a formação da espécie ativa e da
espécie bis-coordenada. Isso é observado visualmente pela coloração da reação, que passa de
verde (Mn
III
P) para marrom (Mn
IV
P, esta espécie é derivada do intermediário ativo de alta
valência, Mn
V
(O)P). Por meio de estudos realizados previamente [22], determinou-se que a
Mn
III
T3PyPCl forma espécies bis-coordenadas em presença do imidazol, dessa forma, a
formação de uma menor quantidade de espécies ativas poderia explicar os baixos rendimentos
obtidos. A formação de espécies bis-coordenadas é favorecida pelo menor impedimento
estéreo da Mn
III
T3PyPCl.
Para o catalisador de 3ª geração (Mn
II
Br
8
T3PyP, Reações 3 e 4), observa-se um
aumento do rendimento dos produtos de oxidação com a adição de imidazol. Isso estaria
associado à estabilização da espécie ativa de alta valência pelo imidazol (ligante axial), e,
também, pela presença de substituintes eletrorretiradores nas posições β-pirrólicas do
macrociclo, conforme discutido previamente. Em estudos anteriores [22], também determinou-
se que Mn
II
Br
8
T3PyP forma apenas espécies monocoordenadas em presença do imidazol,
117
provavelmente em função do impedimento estéreo dos átomos de bromo, o que descarta a
formação de espécies bis-coordenadas que são cataliticamente inativas.
Nos sistemas contendo a manganês-porfirina de geração, também ocorreu completa
destruição do catalisador, conforme discutido anteriormente (Item A).
C) Manganês-porfirina quiral e hidrofóbica, Mn
III
T3CBPPCl, utilizando PhIO e
PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio
O complexo quiral Mn
III
T3CBPPCl foi sintetizado com o intuito de ser utilizado em
reações assimétricas; entretanto o sistema para análise e quantificação dos produtos quirais
não foi sistematizado, uma vez que são sistemas difíceis para serem implementados. Dessa
forma, decidiu-se inicialmente verificar a eficiência catalítica do complexo frente às reações de
oxidação do ciclo-hexano para verificar o potencial catalítico da metaloporfirina. Os resultados
estão apresentados na Tabela 23.
Tabela 23. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisada por Mn
III
T3CBPPCl.
Porfirina Doador
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool Cetona
Mn
III
T3CBPPCl
PhIO 14 5 74 95
Mn
III
T3CBPPCl
PhI(OAc)
2
20 6 77 0
Condições: Ciclo-hexano:DCM = 1:2; [MnP] = 5,0 × 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 × 10
-3
mol L
-1
; agitação
por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
Pode-se verificar que, em presença dos dois doadores de oxigênio a seletividade foi
semelhante para o álcool; entretanto, com o PhI(OAc)
2
o rendimento foi discretamente maior
para esse produto. Por outro lado, nas reações com o PhI(OAc)
2
, ocorreu a completa
destruição do catalisador.
Um fato interessante a ser observado é a alta recuperação do catalisador quando se
utiliza o PhIO, tendo em vista que, em sistemas similares, esse valor é bastante inferior
(aproximadamente 45%) [27]. Isso pode ser explicado pelo impedimento estéreo causado pelos
substituintes alquila na posição meta- dos anéis meso-arilas, o que dificulta os processos
autooxidativos do complexo.
Finalmente, é preciso ressaltar que o objetivo principal da síntese do complexo quiral é
a sua utilização na oxidação de substratos pró-quirais. Estes estudos ainda serão realizados
118
em nosso grupo de pesquisa, para isto, está previsto a aquisição de uma coluna
cromatográfica quiral.
D) Manganês-porfirinas hidrossolúveis e catiônicas (Mn
III
T3MPyPCl
5
e
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
) utilizando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio
Os catalisadores catiônicos, Mn
III
T3MPyPCl
5
e Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, de e gerações
respectivamente, são complexos completamente solúveis em água e insolúveis em solventes
orgânicos apolares. Essa característica é interessante, uma vez que possibilita a realização de
reações em meio aquoso, possibilitando assim a utilização de uma diversidade de doadores de
oxigênio como H
2
O
2
, NaClO e NaIO
4
. O peróxido de hidrogênio é particularmente interessante,
porque gera como subprodutos de reação água e oxigênio. Apesar disso, neste trabalho o foco
são reações utilizando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio. A utilização de outros
doadores será realizada em trabalhos futuros.
Inicialmente, a eficiência catalítica dos complexos obtidos foi testada na hidroxilação do
ciclo-hexano, que é um substrato clássico em sistemas utilizando metaloporfirinas. Para
solubilização dos compostos foi utilizada uma mistura de acetonitrila e solução de tampão
fosfato 0,05 mol L
-1
(na proporção 2:1), porque dessa forma consegue-se a solubilização do
substrato e do catalisador (insolúvel em acetonitrila pura). Não utilizou-se água para a
preparação da mistura de solventes, porque uma mistura de água e acetonitrila não solubiliza
as Mn-porfirinas aniônicas. Além disso, as Mn-porfirinas hidrossolúveis de geração
(Mn
III
Br
8
T3MPyPCl
4
, Mn
III
Br
8
TSPP e Mn
III
Br
8
TCPP) são mais estáveis (ao processo de
desmetalação) em soluções levemente básicas.
A solução do padrão interno (n-octanol) e a mistura dos inibidores sulfito de
sódio/tetraborato de sódio utilizadas foram preparadas tendo como solvente o diclorometano,
isso porque ao serem adicionados ao frasco de reação, ocorre a separação completa da
manganês-porfirina na pequena fração aquosa, de forma que apenas a fase orgânica,
contendo os produtos de reação, é injetada no cromatógrafo. Dessa forma, evita-se o acúmulo
da metaloporfirina na coluna capilar do cromatógrafo, aumentando assim a sua vida útil.
Também foram realizadas reações nas quais utilizou-se apenas a mistura de acetonitrila
e solução de tampão fosfato 0,05 mol L
-1
como solvente da reação, para preparo da solução de
n-octanol e para preparo da solução saturada de sulfito de sódio/tetraborato de sódio.
Entretanto, nestes experimentos, a separação das fases (orgânica e aquosa) é lenta
dificultando o processo de quantificação. As reações realizadas utilizando apenas a mistura de
solventes (acetonitrila/tampão) levaram aos mesmos rendimentos dos produtos quando
comparadas às reações nas quais adicionou-se diclorometano ao final da reação.
Os resultados obtidos nas reações de oxidação constam na Tabela 24.
119
Tabela 24. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisadas por manganês-porfirinas catiônicas e hidrossolúveis.
Reação
Porfirina Doador
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool
Cetona
1 Branco
4
PhIO 1 1 50 -
2 Branco
4
PhI(OAc)
2
4 1 80 -
3 Mn
III
T3MPyPCl
5
PhIO 3 2 60 60
4 Mn
III
T3MPyPCl
5
PhI(OAc)
2
6 5 55 53
5 Mn
I
I
Br
8
T3MPyPCl
4
PhIO 13 7 65 0
6 Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
PhI(OAc)
2
25 5 83 0
Condições: Ciclo-hexano:(ACN:H
2
O, 5:1) = 1:2; [MnP] = 5,0 x 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 x 10
-3
mol L
-1
;
agitação por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
4 – As reações “branco” foram realizadas na ausência de catalisador.
Os resultados apresentados na Tabela 24 indicam que o catalisador de geração
(Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
) levou a maiores rendimentos dos produtos, com maior seletividade quando
comparado ao catalisador de geração (Mn
III
T3MPyPCl
5
), para os dois doadores de oxigênio
testados. O sistema Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
/PhI(OAc)
2
exibiu maior eficiência catalítica na oxidação
do ciclo-hexano. Isto indica que o PhI(OAc)
2
pode ser usado em substituição ao PhIO. Com
relação aos sistemas contendo Mn
III
T3MPyPCl
5
, verifica-se que os mesmos não são eficientes
para a oxidação do ciclo-hexano.
A destruição da Mn-porfirina β-octabromada de 3ª geração (Mn
III
Br
8
T3MPyPCl
4
) ocorre
em todos os sistemas estudados. Isso pode ser justificado pela menor estabilidade dos
complexos porfirínicos nos quais o manganês encontra-se no estado de oxidação 2+. Além
disso, por espectroeletroquímica de RPE verificou-se a completa destruição da Mn-porfirina
após a geração da espécie Mn(IV)P, o que corrobora os resultados apresentados. Visualmente,
a destruição da Mn-porfirina é observada pela mudança permanente de coloração da mistura
de reação (verde amarronzado). O espectro de absorção UV-vis da mistura de reação após
os 90 minutos apresenta apenas uma banda de absorção (~ 460 nm) com baixa intensidade,
indicativo da destruição do catalisador. Ressalta-se que foram obtidos espectros da solução
dois dias após o término da reação, verificando-se apenas a diminuição da intensidade da
banda em ~ 460 nm.
120
E) Manganês-porfirinas hidrossolúveis e aniônicas (Mn
III
TCPP, Mn
III
Br
8
TCPP,
Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP) utilizando PhIO e PhI(OAc)
2
como doadores de oxigênio
Os catalisadores aniônicos são derivados do isômero para da tetrasulfonatofenilporfirina
(TSPP) e tetracarboxifenilporfirina (TCPP). Assim como os complexos catiônicos, são
completamente solúveis em água (solução tampão) e insolúveis em solventes orgânicos
apolares.
As reações de oxidação do ciclo-hexano por PhIO e PhI(OAc)
2
, catalisadas pelas Mn-
porfirinas aniônicas hidrossolúveis (Mn
III
TCPP, Mn
III
Br
8
TCPP, Mn
III
TSPP, Mn
III
Br
8
TSPP), foi
realizada nas mesmas condições descritas para os compostos catiônicos. Os resultados
obtidos estão resumidos na Tabela 25.
Tabela 25. Rendimentos dos produtos das reações de hidroxilação do ciclo-hexano por PhIO e
PhI(OAc)
2
, catalisadas por manganês-porfirinas aniônicas e hidrossolúveis.
Reação
Porfirina Doador
Rendimentos (%)
1
Seletividade
2
(%)
Recuperação
3
(%)
Álcool
Cetona
1 Branco
4
PhIO 1 1 50 -
2 Branco
4
PhI(OAc)
2
4 1 80 -
3 Mn
III
TCPP PhIO 3 1 75 55
4 Mn
III
TCPP PhI(OAc)
2
6 1 86 4
5 Mn
III
Br
8
TCPP PhIO 15 3 83 30
6 Mn
I
I
I
Br
8
TCPP PhI(OAc)
2
43 4 92 6
7 Mn
II
I
TSPP PhIO 8 2 80 81
8 Mn
I
I
I
TSPP PhI(OAc)
2
8 1 89 80
9 Mn
III
Br
8
TSPP PhIO 8 1 89 0
10 Mn
III
Br
8
TSPP PhI(OAc)
2
9 1 90 0
Condições: Ciclo-hexano:(ACN:H
2
O, 5:1) = 1:2; [MnP] = 5,0 x 10
-4
mol L
-1
; [Doador] = 5,0 x 10
-3
mol L
-1
;
agitação por ultra-som; 90 minutos; 25ºC.
1 – Os rendimentos foram calculados com base no doador de partida.
2 – A seletividade é calculada pela seguinte relação: [(% álcool) x 100] / (% álcool + % cetona).
3 – A recuperação foi calculada a partir dos espectros UV-vis após o término da reação.
4 – As reações “branco” foram realizadas na ausência de catalisador.
Em relação aos sistemas utilizando as Mn-porfirinas hidrossolúveis derivadas da
tetrasulfonatofenilporfirina (Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP), verifica-se uma menor eficiência desses
catalisadores para a reação de oxidação do ciclo-hexano por PhIO ou PhI(OAc)
2
. Todos os
sistemas estudados (reações 7 a 10) apresentaram baixos rendimentos para o produto
principal (ciclo-hexanol). Dessa forma, conclui-se que a β-bromação da Mn
III
TSPP não
121
favoreceu a obtenção de uma Mn-porfirina mais eficiente para as reações de hidroxilação.
Assim como observado para a Mn-porfirina catiônica β-bromada de geração
(Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
), verificou-se a completa destruição da Mn
III
Br
8
TSPP. Esta Mn-porfirina é
destruída nos momentos iniciais da reação de hidroxilação. A destruição é caracterizada pela
mudança imediata de cor do sistema (verde alaranjado) e pela ausência de espectro
eletrônico de absorção UV-vis característico de uma espécie porfirínica.
Para as Mn-porfirinas hidrossolúveis derivadas da tetracarboxifenilporfirina verificou-se
que o composto de geração (Mn
III
TCPP) produz sistemas que não são eficientes para
oxidação do ciclo-hexano, comportamento similar ao dos sistemas constituídos pela Mn
III
TSPP
(aniônica, Tabela 25) ou Mn
III
T3MPyPCl
4
(catiônica, Tabela 24). Entretanto a Mn
III
Br
8
TCPP,
inusitadamente, apresentou comportamento diferenciado em relação a Mn
III
Br
8
TSPP. Isso
porque, os sistemas contendo a Mn
III
Br
8
TCPP foram eficientes para a oxidação do ciclo-
hexano.
O sistema Mn
III
Br
8
TCPP/PhI(OAc)
2
apresentou elevados rendimento e seletividade
(43% e 92%, respectivamente) para o produto principal (ciclo-hexanol). Além disso, trata-se do
único sistema conhecido que utiliza uma Mn-porfirina de geração e PhI(OAc)
2
como doador
de oxigênio, no qual não ocorre completa destruição da Mn-porfirina β-octabromada. Em linhas
gerais, verificou-se que a β-bromação favoreceu a obtenção de um catalisador mais estável e
eficiente para a oxidação do ciclo-hexano, no caso dos derivados da TCPP.
Finalmente, pode-se afirmar que os sistemas mais eficientes para a oxidação do ciclo-
hexano (nas condições especificadas neste trabalho) foram aqueles que utilizaram Mn-
porfirinas hidrossolúveis β-bromadas: Mn
III
Br
8
TCPP/PhI(OAc)
2
> Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
/PhI(OAc)
2
> Mn
III
Br
8
TCPP/PhIO > Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
/PhIO. Nesta sequência, fica claro que o PhI(OAc)
2
é
um doador de oxigênio que pode ser usado em substituição ao PhIO, entretanto, ele
geralmente provoca a destruição do catalisador nos sistemas catalíticos [23, 27].
122
6. Considerações Finais
Porfirinas são moléculas versáteis cujas propriedades físico-químicas podem ser
facilmente ajustadas por modificações da distribuição eletrônica no anel aromático. Isso pode
ser realizado por substituições nas posições meso-arilas ou β-pirrólicas. Uma série de
porfirinas hidrossolúveis são derivadas de precursores porfirínicos insolúveis em água
(principalmente fenilporfirinas ou piridilporfirinas), por meio da inserção de grupos iônicos (-
N(CH
3
)
3
+
, -COO
-
, -SO
3
-
) aos substituintes meso-arilas [228]. A presença desses grupos
carregados na periferia do macrociclo porfirínico influencia as propriedades químicas,
espectrais e redox das respectivas porfirinas e metaloporfirinas [229, 230]. A química de
porfirinas hidrossolúveis tem sido sistematicamente estudada devido à sua importância em
sistemas biológicos. Dentre as diversas aplicações nessa área pode-se destacar o uso das
porfirinas hidrofílicas como agentes terapêuticos que incluem fotossensibilizadores [231],
agentes para clivagem do DNA [232] e sistemas miméticos da superóxido dismutase [64, 233].
Dentro do que foi apresentado, nos propomos a obter manganês-porfirinas per-
halogenadas e hidrossolúveis, que possuem características bastante peculiares, além de uma
Mn-porfirina de 2ª geração quiral e hidrofóbica. Os compostos obtidos foram:
Mn
III
T3MPyPCl
5
e Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(inédito), hidrossolúveis e catiônicos;
Mn
III
TCPP e Mn
III
Br
8
TCPP, hidrossolúveis e aniônicos, foram re-sintetizados, uma vez
que já haviam sido estudados por nosso grupo;
Mn
III
TSPP e Mn
III
Br
8
TSPP (obtido por meio de uma rota sintética inédita), hidrossolúveis
e aniônicos, apesar de não estarem no projeto inicial de pesquisa, foram obtidos em
função da colaboração existente entre nosso grupo e o da Dra. Ines Batinić-Haberle e,
desta forma, incluídos neste trabalho.
Mn
III
T3CBPPCl (inédito), quiral e hidrofóbico.
As Mn-porfirinas obtidas foram utilizadas como catalisadores das reações de oxidação
de ciclo-hexano por PhIO e PhI(OAc)
2
. Além disso, foi determinada a atividade SOD-mimética
dos catalisadores hidrossolúveis.
A porfirina escolhida para obter os compostos hidrossolúveis e catiônicos foi a meso-
tetraquis(3-piridil)porfirina, H
2
T3PyP, o isômero menos estudado da classe das piridilporfirinas
(TPyP). Os isômeros H
2
T4PyP e H
2
T2PyP, assim como os derivados hidrossolúveis e os
respectivos complexos metálicos, são amplamente estudados sendo que a H
2
T2PyP foi
estudada pelo nosso grupo de pesquisa. Para sintetizar os catalisadores, hidrossolúveis e
aniônicos, foram utilizadas as porfirinas clássicas meso-tetraquis(4-carboxifenil)porfirina
(H
2
TCPP) e meso-tetraquis(4-sulfonatofenil)porfirina (H
2
TSPP). No caso da porfirina hidrofóbica
123
e quiral, foi utilizada a meso-tetraquis(3-carboxifenil)porfirina (H
2
T3CPP), uma porfirina pouco
estudada.
No tocante aos objetivos do trabalho, a primeira etapa consistiu em obter as manganês-
porfirinas de geração: Mn
III
T3MPyPCl
5
, Mn
III
TCPP, Mn
III
TSPP (hidrossolúveis) e
Mn
III
T3CBPPCl (hidrofóbica e quiral).
Com o intuito de observar os efeitos da introdução de átomos de bromo no anel
porfirínico sobre a eficiência catalítica e atividade SOD-mimética das manganês-porfirinas
hidrossolúveis de geração, foi programada a síntese dos catalisadores de terceira geração
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, Mn
III
Br
8
TCPP e Mn
III
Br
8
TSPP. Para a Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, primeiramente foi
feita a bromação da cupro-porfirina, Cu
II
T3MPyPCl
4
, usando bromo líquido. A
Cu
II
Br
8
T3MPyPCl
4
obtida foi então desmetalada por reação com ácido sulfúrico concentrado. A
porfirina base livre per-bromada, H
2
Br
8
T3MPyPCl
4
, foi caracterizada por espectroscopia de
absorção UV-vis, RMN
1
H e espectrometria de massas. Finalmente, a porfirina base livre foi a
precursora do complexo de manganês Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
. Para a Mn
III
Br
8
TCPP, inicialmente foi
realizada a hidrólise ácida da Mn-porfirina hidrofóbica de 3ª geração Mn
III
Br
8
TCMPPCl, gerando
a porfirina base livre hidrossolúvel H
2
Br
8
TCPP, a qual é a precursora da Mn
III
Br
8
TCPP. No caso
da Mn
III
Br
8
TSPP, sua obtenção é realizada pela bromação direta da análoga de geração
Mn
III
TSPP.
Todas as manganês-porfirinas obtidas foram caracterizadas por voltametria cíclica e,
algumas delas, por espectroeletroquímica de RPE. A caracterização eletroquímica das
manganês-porfirinas β-octabromadas mostrou um deslocamento anódico do potencial de
redução centrado no íon metálico Mn(III)/Mn(II). Para o caso da Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
, o
deslocamento foi equivalente a 0,416 V, o que justificou a manutenção do estado de oxidação
2+ para o íon manganês no complexo perbromado. Os dados apresentados indicam que os
átomos de bromo provocam alterações estéreas e eletrônicas no macrociclo, conforme
discutido no capítulo 3, justificando as alterações observadas. Os estudos por
espectroeletroquímica de RPE permitiram a confirmação do estado de oxidão do íon metálico
em alguns complexos e, também, reforçaram os dados obtidos por voltametria cíclica. Todos os
resultados coletados são importantes, uma vez que a eficiência catalítica e a atividade SOD-
mimética podem ser associados aos processos oxidativos pelos quais um catalisador pode
passar. Esses dados foram associados aos resultados das reações de oxidação de substratos
orgânicos e da atividade SOD-mimética. É importante ressaltar que os estudos de
espectroeletroquímica de RPE foram realizados em colaboração com o grupo de pesquisa de
porfirinas da UFPR, coordenado pela Profa. Dra. Shirley Nakagaki.
As manganês-porfirinas hidrossolúveis foram estudadas quanto à atividade SOD-
mimética. O estudo das porfirinas aniônicas foi realizado em colaboração com o grupo da Dra.
Ines Batinić-Harbele e Dr. Irwin Fridovich. Neste estudo, recentemente publicado no Free
124
Radical Medicine and Biology [168], mostramos que as Mn-porfirinas β-octabromadas
(Mn
III
Br
8
TSPP e Mn
III
Br
8
TCPP) revelaram ser melhores compostos SOD-miméticos do que as
análogas de geração (Mn
III
TSPP e Mn
III
TCPP). Essa atividade é limitada em função de um
impedimento eletrostático, uma vez que o íon superóxido e as manganês-porfirinas apresentam
cargas negativas. Por outro lado, surpreendemente, verificamos que a Mn
III
Br
8
TSPP apresenta
atividade SOD-mimética, in vivo, muito semelhante à Mn
III
T2EPyPCl
5
, uma Mn-porfirina
catiônica usada como composto modelo em estudos de atividade SOD-mimética. Este
resultado inesperado foi justificado em termos de um mecanismo de ação diferenciado para a
Mn
III
Br
8
TSPP.
Um outro ponto importante a ser ressaltado é que a Mn-porfirina β-octabromada,
Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(catiônica e hidrossolúvel) apresentou a maior atividade SOD-mimética (log
k
cat
8,84) em relação a todas as Mn-porfirinas testadas. Essa atividade é similar à da
enzima nativa. Também verificou-se que a Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
apresenta atividade SOD-
mimética in vivo, sendo ativa na faixa de concentração de nmol L
-1
. Foi observado também que
o efeito da força iônica do meio, na constante de disproporcionamento do íon superóxido
mediado pela Mn-porfirina β-octabromada, foi contrário ao que era descrito pela equação de
Debye-Huckel. Houve um aumento no valor da constante, o que não era esperado, para
espécies de diferentes cargas ao interagirem (íon superóxido e Mn-porfirina catiônica). Este
comportamento inédito foi atribuído a modificações na segunda esfera de coordenação da Mn-
porfirina β-octabromada. O trabalho (estudos de atividade SOD-mimética) foi realizado por mim
durante o Doutorado Sanduíche, no Laboratório da Dra. Ines Batinić-Habele e os resultados
foram publicados no Archives of Biochemistry and Biophysics [179].
Os catalisadores de e gerações, Mn
III
T3PyPCl e Mn
II
Br
8
T3PyP, obtidos durante a
realização do mestrado, tiveram sua eficiência catalítica testada em reações de hidroxilação do
ciclo-hexano, tendo PhIO e PhI(OAc)
2
como oxidantes, com adição de água e imidazol. Os
estudos mostraram que a presença de água ou imidazol leva a maiores rendimentos dos
produtos com aumento discreto da seletividade, em alguns casos. Estes estudos visaram
complementar os dados obtidos durante o mestrado uma vez que, estudos recentes,
mostravam a influência dessas substâncias (água e imidazol) nas reações de oxidação do
ciclo-hexano, tendo o PhI(OAc)
2
como doador de átomo de oxigênio. Além disso, não foi
possível detectar um aumento da eficiência catalítica em função da adição de átomos de bromo
nas posições β-pirrólicas da manganês-porfirina. Com os dados obtidos publicamos,
recentemente, um artigo no Journal of Molecular Catalysis A, Chemical [23].
Reações de oxidação do ciclo-hexano por PhIO e PhI(OAc)
2
, catalisadas pelas Mn-
porfirinas hidrossolúveis sintetizadas foram feitas. Estes experimentos permitiram racionalizar
algumas constatações experimentais, as quais são sumarizadas a seguir.
125
Nos sistemas catalíticos, o solvente foi uma mistura de acetonitrila e solução tampão
fosfato 0,05 mol L
-1
(pH 7,6), na relação 2:1, respectivamente. A mistura do solvente
com o substrato gera um sistema bifásico. Ao final das reações, o padrão interno
(solubilizado em diclorometano) foi adicionado ao sistema, de maneira que o catalisador
permaneceu na fase aquosa e os outros componentes (substrato/produtos de reação),
na fase orgânica. Desta maneira, o complexo não foi injetado no cromatógrafo o, que
aumenta a vida útil do aparelho.
As manganês-porfirinas, aniônicas e hidrossolúveis, derivadas da H
2
TSPP não foram
catalisadores eficientes para as reações de oxidação do ciclo-hexano (rendimentos de ~
5%). No caso da Mn
III
Br
8
TSPP, ocorreu a completa destruição do catalisador nos
primeiros minutos de reação. Isso mostra que a β-bromação não favoreceu a
estabilidade e eficiência do catalisador.
Os sistemas utilizando a Mn
III
Br
8
TCPP (aniônica e hidrossolúvel) levaram aos melhores
rendimento e seletividade, quando comparados a todos os demais sistemas estudados.
Além disso, a β-bromação levou à obtenção de um catalisador mais eficiente em
relação ao análogo de geração (Mn
III
TCPP). Surpreendentemente, constatou-se que
a Mn
III
Br
8
TCPP não foi completamente destruída nos sistemas que tinham o PhI(OAc)
2
como doador de átomo de oxigênio. Esta observação é importante, uma vez que Mn-
porfirinas β-octabromadas em sistemas que utilizam PhI(OAc)
2
são totalmente
destruídas (considerando-se todos os sistemas conhecidos até o momento).
A Mn
II
Br
8
T3MPyPCl
4
(catiônica e hidrossolúvel) apresentou melhor eficiência catalítica
comparada à análoga de geração Mn
III
T3MPyPCl
5
, indicando que a per-bromação do
macrociclo garantiu a melhora na eficiência catalítica dos sistemas usando o catalisador
de geração. Entretanto, os sistemas levaram a menores rendimento e seletividade
quando comparados àqueles com a Mn
III
Br
8
TCPP (aniônica e hidrossolúvel).
Também foram realizadas reações de oxidação do ciclo-hexano, utilizando-se a Mn-
porfirina hidrofóbica e quiral de geração Mn
III
T3CBPPCl. Os resultados obtidos foram
satisfatórios e são comparáveis àqueles encontrados no estudo da análoga Mn
III
TCMPPCl
(estudada em nosso grupo). Entretanto, o objetivo era testar o catalisador em reações com
substratos pró-quirais, isso não foi possível durante o Doutorado e pretende-se ainda realizar
esses estudos.
No que tange à síntese, caracterização e eficiência catalítica (em modelos do citocromo
P-450 e da enzima superóxido dismutase) de sistemas metaloporfirínicos, este trabalho
representa uma modesta contribuição. Por outro lado, cumpriu um dos objetivos mais sublimes
da pesquisa que é permitir vislumbrar a Ciência e perceber sua construção. Neste caminho,
surpresas agradáveis e desagradáveis surgiram, mas todas elas estão presentes no
desenvolvimento da Ciência e serviram como meios de aprendizagem e crescimento.
126
7. Referências Bibliográficas
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137
Anexos
Anexo 1. Espectroscopia Eletrônica de Absorção UV-vis para Porfirinas e
Metaloporfirinas
Porfirinas e metaloporfirinas exibem absorções características na região do UV-vis, o
que possibilita caracterizá-las por meio da espectroscopia eletrônica de absorção UV-vis. A
absorção de energias da região do UV-vis produz modificações da energia eletrônica da
molécula em conseqüência de transições eletrônicas [234]. Essas transições correspondem à
excitação de um elétron de um orbital molecular ocupado, π ligante no caso das porfirinas, a
um orbital π*. Uma explicação mais detalhada dessas transições exibidas pelas porfirinas e
metaloporfirinas é apresentada a seguir.
O modelo usado para interpretar os espectros UV-vis de porfirinas é o Modelo dos
Quatro Orbitais de Gouterman (MQO) [235]. Esse modelo sugere que, para sistemas de
simetria D
4h
, existam dois orbitais moleculares ocupados de maior energia (HOMO, b
1
e b
2
com
simetria a
2u
e a
1u
) e dois orbitais moleculares degenerados não ocupados de menor energia
(LUMO, c
1
e c
2
com simetria e
g
) (Figura 78).
Figura 78. Representação esquemática das transições entre os diferentes níveis eletrônicos e
vibracionais das porfirinas (D
2h
) e das ferroporfirinas (D
4h
) [39].
As bandas nos espectros das metaloporfirinas (D
4h
) (Figura 78B) resultam das
transições entre os dois orbitais de maior energia (HOMO, a
1u
e a
2u
) e os dois orbitais
moleculares degenerados vazios menos energéticos (LUMO, e
g
). Assim, a banda Soret (banda
B) é devida à transição a
1u
e
g
*, enquanto que as transições a
2u
e
g
* explicam as bandas α
e β (bandas Q) (Figura 78). As freqüências das bandas Soret e Q das metaloporfirinas variam
138
muito pouco para uma grande variedade de íons metálicos [70]. Este fato é tomado como
evidência de que os orbitais π do metal e os orbitais π da porfirina interagem muito fracamente.
Figura 79. Espectros genéricos de porfirinas e metaloporfirinas. (A) Porfirina base livre. (B)
Metaloporfirina.
No caso das porfirinas bases livres (D
2h
) (Figura 79A), ocorre um desdobramento das
transições a
2u
e
g
* em duas novas transições (Figura 78). Sendo assim, as quatro bandas Q
que aparecem no espectro das porfirinas bases livres são decorrentes das transições: b
1u
b
2g
e b
1u
b
3g
, sendo que cada banda tem um sobretom vibrônico [109, 236, 237].
139
Anexo 2. Preparação de Iodosobenzeno (PhIO)
O iodosobenzeno (PhIO) foi preparado segundo o procedimento descrito por Sharefkin
[216], por hidrólise básica do iodobenzeno diacetato (PhI(OAc)
2
), conforme representado na
Equação 14 (pág. 108).
Procedimento de Síntese
O PhI(OAc)
2
(ALDRICH, 1000,0 mg, 3,1 mmol) foi colocado em um béquer de 100 mL,
no qual se adicionou lentamente 5,0 mL de solução de NaOH 3 mol L
-1
sob agitação vigorosa.
Formou-se uma massa pastosa que foi triturada com bastão de vidro por 15 minutos e, em
seguida, deixada em repouso por 45 minutos para que a reação se completasse. Terminada a
reação, foram adicionados 100 mL de água destilada sob agitação vigorosa. O PhIO foi filtrado
em funil de Büchner, lavado com 200 mL de água destilada e secado por sucção a vácuo. O
sólido seco foi triturado com 75 mL de clorofórmio, novamente filtrado e secado por sucção a
vácuo. Finalmente, o PhIO foi triturado em um gral, e guardado sob refrigeração.
Rendimento PhIO: 650,0 mg (95%)
O PhIO pode sofrer reação de desproporcionamento (Equação 15, pág. 109), dessa
forma foi determinada a pureza do composto sintetizado por iodometria.
Procedimento para Determinação de Pureza
Preparação da solução de Na
2
S
2
O
3
0,0160 mol L
-1
: 0,6200 g de Na
2
S
2
O
3
foram
transferidos para um balão volumétrico de 250,0 mL e o volume completado com água
destilada previamente fervida [238]. Esta solução é um padrão secundário, portanto antes de
ser usada na titulação do PhIO, foi titulada com solução de KIO
3
(padrão primário).
Preparação da solução de KIO
3
0,0017 mol.L
-1
: 0,3567 g de KIO
3
(secado em estufa a
120ºC durante 1 hora) foram transferidos para um balão volumétrico de 1,0 L e o volume
completado com água destilada previamente fervida [239].
Titulação da solução de Na
2
S
2
O
3
: uma alíquota de 5,00 mL de solução de KIO
3
,
medida em pipeta volumétrica de 5,00 mL, foi transferida para um erlenmeyer de 50 mL de
boca esmerilhada e com tampa. Foi adicionado 0,20 g de KI e 0,60 mL de solução de H
2
SO
4
2,0 mol.L
-1
. A amostra foi titulada com a solução de Na
2
S
2
O
3
, usando solão de amido a 2%
(m/v) como indicador [240]. A titulação foi realizada em triplicata. As reações envolvidas no
processo são mostradas abaixo (Equações 17 e 18).
140
IO
3
-
(aq)
+ 5 I
-
(aq)
+ 6 H
+
(aq)
3 I
2(s)
+ 3 H
2
O Eq. 17
I
2(s)
+ 2 S
2
O
3
2-
(aq)
S
4
O
6
2-
(aq)
+ 2 I
-
(aq)
Eq. 18
Titulação do PhIO: uma amostra de PhIO contendo cerca de 2,0 x 10
-2
mols foi pesada
em balança analítica e solubilizada em 5,0 mL de água destilada em um erlenmeyer de 25 mL
com tampa. Adicionou-se ao erlenmeyer 0,10 g de NaHCO
3
, 0,20 g de KI, 0,20 g de tetraborato
de sódio e 1,0 mL de solução de H
2
SO
4
2 mol.L
-1
. Essa mistura foi agitada por 20 minutos em
banho de gelo e sob a proteção da luz. Em seguida, foi feita a titulação usando a solução de
Na
2
S
2
O
3
e solução de amido a 2% (m/v) como indicador. A titulação foi realizada em triplicata.
As reações envolvidas no processo são mostradas abaixo (Equações 19 e 20).
PhIO + 2 I
-
(aq)
+ 2 H
+
(aq)
PhI + H
2
O + I
2(s)
Eq. 19
I
2(s)
+ 2 S
2
O
3
2-
(aq)
2 I
-
(aq)
+ S
4
O
6
2-
(aq)
Eq. 20
Foi usado o tetraborato de sódio (bórax) para evitar que a impureza iodoxibenzeno
(PhIO
2
), geralmente presente no PhIO, também fosse determinada. O bórax eleva o pH do
meio (~ 10) e impede a reação entre íons iodeto e PhIO
2
, a qual também leva à formação de
iodo, conforme representado abaixo (Equação 21).
PhIO
2
+ 4 I
-
(aq)
+ 4 H
+
(aq)
PhI + 2 H
2
O + 2 I
2(s)
Eq. 21
Pureza do PhIO: (96,7 ± 0,5)%.
141
Anexo 3. Determinação dos Produtos de Reação por Cromatografia a Gás
Em uma análise de produtos por cromatografia a gás, a altura e a área dos picos
cromatográficos são afetados não somente pela quantidade de amostra injetada, mas também
por flutuações da velocidade de gás de arraste, das temperaturas da coluna, injetor e do
detector. O efeito dessas variações pode ser diminuído pelo uso do método do padrão interno,
no qual se adiciona à amostra uma quantidade conhecida da substância padrão antes de
injeta-la na coluna. De todos os métodos quantitativos de análise cromatográfica, o que oferece
maior precisão é o método do padrão interno [241].
Um bom padrão interno deve apresentar o maior número possível dos seguintes
requisitos [241]:
não ser volátil para permitir a estocagem das soluções padrões;
ser estável sob as condições analíticas;
não reagir com os componentes da amostra;
possuir grupo funcional similar ao do composto de maior interesse;
não aumentar o tempo de análise;
eluir da coluna adequadamente separado de todos os componentes da amostra.
Dessa forma, para determinar os rendimentos dos produtos nas reações de oxidação,
usando CG, foi usado o método de padrão interno, no qual o n-octanol foi utilizado como
padrão interno.
A calibração do cromatógrafo foi feita por análise de misturas contendo concentrações
variáveis dos produtos de reação e uma quantidade fixa do padrão interno. As misturas foram
preparadas a partir de soluções estoque dos produtos e do n-octanol, no solvente apropriado,
em balões volumétricos de 5,00 mL por pesagem em balança analítica.
Alíquotas de 0,5 µL das misturas foram analisadas por CG e as áreas dos picos
determinadas. Gráficos mostrando a relação das áreas (produto/padrão) versus relação de
massas (produto/padrão) foram construídos, de modo a se determinar os fatores de resposta (F
e f) do detector para os produtos (Tabela 26).
Tabela 26. Fatores de resposta (F e f) obtidos na calibração do cromatógrafo.
Substrato
Produtos F f Coeficiente de Correlação – R
2
Ciclo-
hexano
Ciclo-hexanol 1,0027 0,0090 0,9997
Ciclo-hexanona 2,3941 0,0589 0,9992
Iodobenzeno 0,5945 0,0024 0,9999
142
Os rendimentos dos produtos foram determinados em função da quantidade conhecida
do padrão interno, n-octanol, adicionado à amostra analisada. A relação das áreas obtida dos
cromatogramas e os valores de F e f obtidos na curva de calibração, possibilitaram determinar
a porcentagem dos produtos, usando a equação abaixo (Equação 22):
A
produto
. A
padrão
-1
= [F . (M
produto
. M
padrão
-1
)] + f Eq. 22
A
produto
= área do produto obtida no cromatograma
A
padrão
= área do padrão obtida no cromatograma
F e f = fatores de resposta obtido na calibração
M
produto
= massa do produto
M
padrão
= massa do padrão adicionado
Para quantificação dos produtos de reação alíquotas de 0,5 µL da solução de reação
foram injetadas usando microsseringas de 5,0 µL. As condições de operação do aparelho, as
temperaturas programadas para as análises e o tempo de retenção dos produtos são
apresentados nas Tabelas 27, 28 e 29, respectivamente.
Tabela 27. Condições de operação do cromatógrafo.
Variável Valor
Fluxo de ar comprimido 300 mL min.
-
1
Fluxo de hidrogênio 28 mL min.
-
1
Temperatura no injetor 250 ºC
Temperatura no detector 250 ºC
Tabela 28. Programa de temperatura utilizado nas análises das reações de oxidação do ciclo-hexano.
Condições Valores
Temperatura inicial (ºC) 80
Tempo inicial (min.) 1
Taxa de elevação da temperatura (ºC/min.) 3
Temperatura final (ºC) 150
Tempo final (min.) 1
143
Tabela 29. Tempo de retenção dos produtos formados nas reações de oxidação do ciclo-hexano.
Substrato Produtos Tempo de retenção (min.)
Ciclo-hexano
Ciclo-hexanona 3,1
Ciclo-hexanol 4,5
Iodobenzeno 6,3
Bromobenzeno 7,7
Os rendimentos foram calculados com base no doador (PhIO ou PhI(OAc)
2
) de partida.
144
Anexo 4. Produção Bibliográfica
Neste item apresento a listagem de artigos, trabalhos completos e resumidos oriundos
dessa tese. Uma cópia dos artigos publicados está anexada ao final da listagem de
publicações.
Artigos Publicados em Periódicos Internacionais
1. Archives of Biochemistry and Biophysics (2008) – in press.
DEFREITAS-SILVA, G.; REBOUCAS, J. S.; SPASOJEVIC, I.; BENOV, L.; IDEMORI, Y. M.;
BATINIC-HABERLE, I. SOD- like activity of Mn(II)
β
-octabromo-meso-tetrakis(N-methyl-
pyridinium-3-yl)porphyrin equals that the enzyme itself.
2. Free Radical Medicine and Biology 45 (2008) 201-210.
REBOUCAS, J. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; SPASOJEVIC, I.; IDEMORI, Y. M.; BENOV, L.;
BATINIC-HABERLE, I. Impact of electrostatics in redox modulation of oxidative stress by Mn
porphyrins: Protection of SOD-deficient Escherichia coli via alternative mechanism where Mn
porphyrin acts as a Mn carrier.
3. Journal of Molecular Catalysis A: Chemical 266 (2007) 274-283.
DEFREITAS-SILVA, G., SILVA, D. C., GUIMARAES, A. S., NASCIMENTO, E., REBOUCAS, J.
S., ARAUJO, M. P., CARVALHO, M. E. M. D., IDEMORI, Y. M. Cyclohexane hydroxylation by
iodosylbenzene and iodobenzene diacetate catalyzed by a new
β
-octahalogenated Mn-
porphyrin complex: The effect of meso-3-pyridyl substituents.
Trabalhos Completos Publicados em Anais de Eventos
1. 14º Congresso Brasileiro de Catálise, 2007, Porto de Galinhas/PE.
DEFREITAS-SILVA, G., SILVA, D. C., CARVALHO, M. E. M. D., IDEMORI, Y. M. Oxidação de
ciclo-hexano catalisada por Mn-porfirinas derivadas da H
2
TCPP (meso-tetraquis(4-
carboxifenil)porfirina): estudo comparativo entre os doadores de oxigênio PhIO e PhI(OAc)
2
.
2. 14º Congresso Brasileiro de Catálise, 2007, Porto de Galinhas/PE.
DEFREITAS-SILVA, G.; GUIMARÃES, A. S.; CARVALHO, M. E. M. D.; DONNICI, C. L.;
IDEMORI, Y. M. Oxidação de estireno por iodosobenzeno (PhIO) e iodobenzeno diacetato
(PhI(OAc)
2
) catalisada por uma Mn-porfirina quiral derivada da H
2
T3CPP (meso-tetraquis(3-
carboxifenil)porfirina).
145
3. 13º Congresso Brasileiro de Catálise Congresso de Catálise do Mercosul, 2005,
Foz do Iguaçú/PR.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; DONNICI, C. L.; CARVALHO, M. E.
M. D.; IDEMORI, Y. M. Obtenção de um catalisador metaloporfirínico, quiral e inédito, derivado
da meso-tetraquis(3-carboxifenil)porfirina - H
2
T3CPP. Aplicação na oxidação de ciclo-hexano.
4. 13º Congresso Brasileiro de Catálise Congresso de Catálise do Mercosul, 2005,
Foz do Iguaçú/PR.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; VIEIRA, A. C. F. R.; CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI,
Y. M. Oxidação de ciclo-hexeno catalisada por manganês-porfirinas derivadas da meso-
tetraquis(3-piridil)porfirina - H
2
T3PyP: estudo comparativo entre os doadores de oxigênio PhIO
e PhI(OAc)
2
e influência do imidazol.
Trabalhos Resumidos Publicados em Anais de Eventos
1. Duke Comprehensive Cancer Center Annual Meeting, 2008, Durham/NC.
DEFREITAS-SILVA, G.; REBOUCAS, J. S.; SPASOJEVIC, I.; BENOV, L.; IDEMORI, Y. M.;
BATINIC-HABERLE, I. A New Porphyrin with the Highest SOD-like Activity, Nearly Equal to the
Potency of the Native Enzyme. Synthesis and Characterization of Mn(II) beta-octabromo-meso-
tetrakis(N-methylpyridinium-3-yl)porphyrin.
2. 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2006, Águas de Lindóia/SP.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. Oxidação de ciclo-hexano utilizando Mn-porfirinas hidrossolúveis derivadas da
meso-tetraquis(3-piridil)porfirina como catalisadores e PhIO ou PhI(OAc)
2
como doadores de
oxigênio.
3. XIII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, 2006, Fortaleza/CE.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. Oxidation of Cyclohexane with Iodobenzene Diacetate Catalysed by
Manganese Porphyrins: Influence of Molar Ratio Oxidant/MnP.
4. XIII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, 2006, Fortaleza/CE.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; Sansiviero, M. T. C.; CARVALHO,
M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. The infrared spectra of Mn(III)T3PyPCl and Mn(II)Br8T3PyP -
Influence of Per-bromination.
146
5. 28ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2005, Poços de Caldas/MG.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; VIEIRA, A. C. F. R.; CARVALHO,
M. E. M. D.; DONNICI, C. L.; IDEMORI, Y. M. Obtenção de um catalisador metaloporfirínico
quiral derivado da meso-tetraquis(3-carboxifenil)porfirina - H
2
T3CPP.
6. 28ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2005, Poços de Caldas/MG.
DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; GUIMARAES, A. S.; VIEIRA, A. C. F. R.; CARVALHO,
M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Síntese de Catalisadores Metaloporfirínicos Hidrossolúveis
Derivados da Meso-tetraquis(3-piridil)porfirina - H
2
T3PyP.
7. XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry II Joint Brazilian/Italian Inorganic
Chemistry Meeting, 2004, São Carlos/SP.
DEFREITAS-SILVA, G.; NASCIMENTO, E.; FERNANDES, M. A. M.; CAETANO, F. A.; SILVA,
D. C.; CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Perhalogenated manganese porphyrin: is it
good catalyst for epoxidation of cyclohexene?
Aqui apresento a listagem de artigos, trabalhos completos e resumidos que foram realizados
durante o período da Tese, ou seja, que são resultado de colaborações realizadas no período.
Artigos Publicados em Periódicos Internacionais
1. Journal of Inorganic Biochemistry (2008) – in press.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; NASCIMENTO, E.; REBOUÇAS, J. S.; BARBEIRA, P. J.
S.; DE CARVALHO, M. E. M. D., IDEMORI, Y. M. Spectral, electrochemical, and catalytic
properties of a homologous series of manganese porphyrins as cytochrome P450 model: The
effect of the degree of
β
-bromination.
2. Journal of Inorganic Biochemistry 99 (2005) 1193-1204.
NASCIMENTO, E.; DEFREITAS-SILVA, G.; CAETANO, F. A.; FERNANDES, M. A. M.; SILVA,
D. C.; CARVALHO, M. E. M. D.; PERNAUT, J. M.; REBOUCAS, J. S.; IDEMORI, Y. M. Partially
and fully
β
-brominated Mn-porphyrins in P450 biomimetic systems: Effects of the degree of
bromination on electrochemical and catalytic properties.
147
Trabalhos Completos Publicados em Anais de Eventos
1. Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008, Curitiba/PR.
TRISTÃO, J. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; JUSTI, R. S. Estequiometria: Investigações em uma
sala de aula prática.
2. 14º Congresso Brasileiro de Catálise, 2007, Porto de Galinhas/PE.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; GUIMARAES, A. S.; LEMOS, B. R. S.; MUSSI, D. Z.;
CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Oxidação catalítica de estireno por manganês-
porfirinas derivadas da carbometoxifenilporfirina e piridilporfirina.
3. VI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2007, Florianópolis/SC.
QUADROS, A. L.; SILVA, D. C.; COELHO, F. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; ALEME, H. G.;
OLIVEIRA, S. R. Ser Professor: A Percepção de Alunos Recém-ingressados em Química e
Biologia.
4. 13º Congresso Brasileiro de Catálise Congresso de Catálise do Mercosul, 2005,
Foz do Iguaçú/PR.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; GUIMARAES, A. S.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. Estudo da eficiência catalítica para uma série de metaloporfirinas per-
halogenadas derivadas da meso-tetraquis(4-carbometoxifenil)porfirina em reações de oxidação
de ciclo-hexano.
Trabalhos Resumidos Publicados em Anais de Eventos
1. V Meeting of Society Free Radical Medicine and Biology, South American Group V
International Conference on Peroxynitrite and Reactive Nitrogen Species, 2007,
Montevideo/Uruguai.
REBOUCAS, J. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; SPASOJEVIC, I.; IDEMORI, Y. M.; BENOV, L.;
BATINIC-HABERLE, I. Electrostatic effects on superoxide dismutase (SOD) activity of anionic
Mn(III) porphyrins.
2. 14
th
Annual Meeting of Society Free Radical Biology and Medicine, 2007,
Washington/DC.
REBOUCAS, J. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; SPASOJEVIC, I.; IDEMORI, Y. M.; BENOV, L.;
BATINIC-HABERLE, I. Recent advances in Understanding structure-activity relationships of Mn
porphyrins-based therapeutics: charge distribution and electrostatic effects.
148
3. 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2006, Águas de Lindóia/SP.
GUIMARAES, A. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. Eficiência catalítica da Mn-porfirina per-bromada, derivada da meso-
tetraquis(3-piridil)porfirina (H
2
T3PyP), na oxidação de ciclo-hexano tendo PhI(OAc)
2
como
doador de oxigênio.
4. XV Semana de Iniciação Científica da UFMG, 2006, Belo Horizonte/MG.
PAGANINI, P.; PORTO, A. O.; DEFREITAS-SILVA, G.; DENADAI, A. M. L.; LIMA, G. M. Estudo
da estabilização de nanopartículas semicondutoras de ZnS e CdS em fase líquido utilizando a
N,N-dimetilformamida.
5. XIII Encontro Nacional de Ensino de Química, 2006, Campinas/SP.
COSTA, V. C.; URZEDO, A. P. F. M.; VIEIRA, F. T.; RIBEIRO, M. V.; ARAUJO, M. H.;
CARVALHO, M. E. M. D.; DEFREITAS-SILVA, G. Lavoisier: novamente alvo de uma avaliação
diagnóstica.
6. 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2006, Águas de Lindóia/SP.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; GUIMARAES, A. S.; PINTO, D. C.; CARVALHO, M. E.
M. D.; IDEMORI, Y. M. Síntese de catalisadores metaloporfirínicos parcialmente beta-bromados
derivados da meso-tetraquis(4-carbometoxifenil)porfirina - H
2
TCMPP.
7. XIII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, 2006, Fortaleza/CE.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; GUIMARAES, A. S.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. The influences of the degree of beta-halogenation of the MnTCMPP and of the
donor of oxygen on cyclohexane oxidation.
8. 28ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2005, Poços de Caldas/MG.
SILVA, D. C.; NASCIMENTO, E.; DEFREITAS-SILVA, G.; CAETANO, F. A.; FERNANDES, M.
A. M.; CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Epoxidação de ciclo-hexeno catalisada por
cloreto de meso-tetraquis(4-carbometoxifenil)-beta-octabromoporfirinamanganês(III).
9. XIV Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química, 2005, Ouro Preto/MG.
GUIMARAES, A. S.; DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; CARVALHO, M. E. M. D.;
IDEMORI, Y. M. Hidroxilação de ciclo-hexano catalisada por manganês-porfirinas derivadas da
meso-tetraquis(3-piridil)porfirina e influência do imidazol.
149
10. XIII Semana de Iniciação Científica da UFMG, 2004, Belo Horizonte/MG.
FERNANDES, M. A. M.; DEFREITAS-SILVA, G.; SILVA, D. C.; NASCIMENTO, E.;
CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Epoxidação de ciclo-hexeno: Influência da
β
-
bromação na eficiência catalítica de Mn-porfirinas derivadas da meso-tetraquis(4-
carbometoxifenil)porfirina.
11. II Mostra de Trabalhos Financiados pela Fapemig, 2004, Belo Horizonte/MG.
IDEMORI, Y. M.; DEFREITAS-SILVA, G.; SOUZA, A. N.; NASCIMENTO, E.; CARVALHO, M.
E. M. D. Oxidação biomimética de alcanos e alcenos por porfirinas de manganês meso-orto-
aril-substituídas.
12. XIII Semana de Iniciação Científica da UFMG, 2004, Belo Horizonte/MG.
SILVA, D. C.; DEFREITAS-SILVA, G.; FERNANDES, M. A. M.; NASCIMENTO, E.;
CARVALHO, M. E. M. D.; IDEMORI, Y. M. Oxidação de ciclo-hexano e ciclo-hexeno catalisada
por Mn-porfirinas derivadas da meso-tetraquis(3-piridil)porfirina.
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