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exercida sem que a phrônesis seja também exercida, pois as verdades sobre o que
é justo são subclasse de verdades sobre o que é bom, e a habilidade de expressá-
las na ação é a habilidade phronética de expressar essas verdades de modo como
for necessário em casos particulares. (MACINTYRE, 2008, p.130)
Resta esclarecer que, segundo o estudo da prudência na Ética
Nicomaquéia realizado por Priscilla Spinelli, pessoas prudentes não são infalíveis; na
justa medida em que são pessoas, a possibilidade do erro está sempre presente.
(SPINELLI, 2002, p.181)
“(…) O filósofo, diz Aristóteles no início da Metafísica é “aquele que sabe
tudo tanto quanto possível. Mas os limites da filosofia não são senão os
limites do homem e, antes de tudo, do mundo do qual vivemos: a filosofia é
apenas uma das aproximações humanas, e mais, geralmente, sublunares
da imortalidade, da mesma forma que, em um nível mais baixo, a sucessão
das gerações permite aos seres vivos “participar do eterno e do divino”, mas
somente “tanto quanto podem”. (…) O homem encontra seu prazer no ato
que é sempre, no seu próprio nível, uma “ imitação ” do ato divino mas,
enquanto o ato de Deus é em si mesmo seu próprio fim, o ato humano não
atinge seu fim senão na medida do possível. Em todos os casos, a restrição
da prudência está bem longe de ser apenas uma forma tradicional de falar
(…). O melhor desejado pelo homem e em direção ao qual se dirige o
mundo, choca-se com os limites do necessário, limites que são desta vez
mais “técnicos” do que religiosos, ou mesmo éticos. Por certo, os limites são
imprecisos e é possível para homem, por seu conhecimento, sua ação e seu
trabalho, empurrá-los sempre para mais longe (…). Porém, organizar o
humano e o sublunar, é radical, e mesmo Deus é impotente para superá-la,
e o humanamente possível, é com mais razão cosmologicamente
circunscrito. Porém, organizar o humano e o sublunar é uma tarefa grande
para o homem, guiado sobretudo pela sabedoria, ou seja, pela
contemplação distante do divino: liberto de esperanças vãs, de ambições
desmesuradas, voltando às tarefas reais, embora sempre guiado pelo
horizonte do transcendente, o homem é convidado a cumprir, no interior de
sua condição mortal, o que ele sabe, no entanto, não poder cumprir como
tal. O infinito no finito, o progresso no limite, a assimilação com Deus na
absoluta separação, a imitação de uma transcendência inimitável, estas são
as perspectivas aparentemente contraditórias que Aristóteles propõe ao
homem, este “deus mortal”. (AUBENQUE, 2008, p.275-276)
Portanto, o papel da prudência é unificação da experiência virtuosa dos
agentes. Possuindo prudência, ele possuirá todas as virtudes morais, pois saberá
que tipo de coisa deve buscar e fazer mesmo nos casos em que ele não foi
habituado a encontrar o meio-termo.
Assim, a virtude contribui na busca de cada ser humano pela felicidade e
quando o agente compreende a amplitude das ações, ele busca o meio termo. Mas