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superiores a 250mm, conhecida localmente como “Inverno Amazônico” (VILHENA,
2008).
2.2. Influências de Sistemas Frontais na Amazônia
Embora a região amazônica esteja geograficamente próxima ao Equador, a
parte meridional sofre, eventualmente, da incursão de ar com características polares (frio
e seco) que é um fenômeno relativamente comum na América do Sul tropical ao longo
do ano inteiro, provocando o fenômeno localmente denominado de Friagem.
Normalmente, as friagens estão relacionadas ao desenvolvimento de um anticiclone atrás
de um sistema frontal que se desloca para o norte, influenciando a região da Amazônia
(HAMILTON & TARIFA, 1978). Garreaud (2000) detectou, a partir das re-análises do
NCEP/NCAR entre 1979 e 1995, 145 episódios de friagens em eventos de inverno (maio
a setembro), e 132 eventos de verão (novembro a março). Do ponto de vista estatístico,
estas intrusões de ar frio e seco são o modo principal da variação de temperatura e da
circulação de escala sinótica em regiões subtropicais e tropicais.
Marengo, et al. (1996) discutiram os impactos provocados pelo evento de
26 de junho de 1994 em áreas florestadas e áreas desmatadas na Amazônia e concluíram
que este evento promoveu alterações evidentes, desde a superfície até a altitude, em
estações localizadas a sudoeste, mais próximas da cordilheira dos Andes: enquanto que
em Ji-Paraná (RO) as mudanças de temperatura, umidade específica e vento foram
significativas, em Manaus (AM) e Marabá (PA), no centro e leste da Amazônia,
respectivamente, observou-se apenas uma redução do ciclo diurno das variáveis e uma
tendência do vento para sul. Além disto, os eventos de friagem afetaram tanto regiões de
floresta quanto de pastagem. Normalmente as regiões de floresta são ligeiramente mais
frias; contudo, quando há advecção de ar frio e seco para a região amazônica, a perda
radiativa na região de pastagem supera a da região de floresta, acarretando queda mais
significativa de temperatura, entre 0,5 e 2,0°C.
O efeito destas invasões de ar polar na Amazônia também foram estudadas
por alguns autores como Serra (1942), Brinkman & Ribeiro (1972), Hamilton & Tarifa
(1978), Mota, et al. (1994), Nunes (1994), Fisch (1996), Marengo, et al. (1996), Galvão
& Fisch (2000), Longo, et al. (2004), Oliveira, et al. (2004), Neto & Nóbrega (2008) e
Vilhena (2008). Alberto Serra (1942) denominou de Friagem as influências decorrentes
Dissertação de Mestrado em Meteorologia
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
VILHENA, J.E.S. Abril de 2010
Vilhena, Jefferson Erasmo de Souza
Jefferson Vilhena
Jefferson Vilhena