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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Programa de Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento
FORÇA DE PREENSÃO E DESTREZA MANUAL NA CRIANÇA
COM SÍNDROME DE DOWN
PAULA AIVAZOGLOU PRIOSTI
São Paulo
2009
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Paula Aivazoglou Priosti
FORÇA DE PREENSÃO E DESTREZA MANUAL NA CRIANÇA
COM SÍNDROME DE DOWN
Dissertação apresentada ao Programa de s-
Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
São Paulo
2009
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Paula Aivazoglou Priosti
FORÇA DE PREENSÃO E DESTREZA MANUAL NA CRIANÇA
COM SÍNDROME DE DOWN
Dissertação apresentada ao Programa de s-
Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Mestre.
Aprovada em 25/08/2009
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Profª Drª Silvana Maria Blascovi de Assis (Orientadora)
Universidade Presbiteriana Mackenzie
______________________________________________________________________
Profª Drª Denise Loureiro Vianna
Universidade Presbiteriana Mackenzie
______________________________________________________________________
Profª Drª Fátima Aparecida Caromano
Universidade de São Paulo- USP
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
A Deus,
por me dar força interior e coragem para concluir este trabalho, por me dar perseverança
de não desistir nunca e por ser a razão de tudo o que somos e fazemos.
Aos meus Pais,
razão maior de minha existência, exemplo de amor com que fui criada e pessoas que
sempre me apoiaram e estiveram presentes em minha vida.
A toda minha Família,
em especial, à Erika e Juliana
pela grande amizade,
por acreditarem em meu potencial e me incentivarem na busca de novas realizações, e
ao meu marido Rudi, por me apoiar e entender a minha auncia.
“Obrigada por fazerem parte do meu mundo”.
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
À minha prima e amiga Juliana, por ter sido uma grande auxiliar de pesquisa e pelos
muitos “km” percorridos.
Aos meus tios João e Suemi, por me hospedarem em sua casa, colaborando para a coleta
de dados.
À Prfª Drª Silvana Maria Blascovi de Assis, por conferir prestígio e valor a meu
trabalho de mestrado, aceitando a orientação de minha dissertação, por acreditar em
meu potencial, contribuindo diretamente neste trabalho, ensinando-me a fazer pesquisa,
por toda sua competência e profissionalismo, e também pela sensibilidade que a torna
uma pessoa muito especial.
Às Profªs Drªs Denise Loureiro Vianna e Fátima Aparecida Caromano, por terem
aceitado a participar de minha banca examinadora, e por enriquecerem o trabalho com
seus apontamentos.
Ao amigo e Prof Ms Marcos Merida, por sempre me incentivar nos estudos, e abrir
portas para o meu crescimento profissional.
À amiga e Profª Msª Denise Elena Grilo, por sempre estar disposta a me ajudar.
À Profª Msª Raquel Cymrot, pela disposição, trabalho, competência e profissionalismo,
na análise estatística do presente estudo.
Às amigas do curso de mestrado, em especial à Luciana , por dividir os anseios, medos
e realizações.
À Renata Germano, pelas dicas, orientações e disponibilidade em ajudar.
Aos Professores do Programa de Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, pelo aprendizado constante e sistemático que obtive nas
disciplinas.
Ao Mack Pesquisa, pelo incentivo e ajuda financeira disponibilizada para gastos
referentes à pesquisa.
Às Instituições, que gentilmente facilitaram o acesso à suas criaas, tornando possível
essa pesquisa:
APAE de Barueri, em especial ània, Eneida e Rosangela,
APAE de São Jo dos Campos, em especial à Cintia,
Fundação Síndrome de Down, em Campinas, em especial ao Rodolfo e Jaqueline,
Pró- Ex de Sorocaba, em especial à Valquíria, Simone e Ângela,
Secretaria de Educação Especial de Barueri, em especial à Luciana e Luciane,
EMEF Onofra da Silva, em especial à Andréa,
E.E. Daily Resende França, em especial à Tania.
Aos pais ou responsáveis das crianças que participaram deste estudo, por acreditarem na
importância do mesmo, permitindo a participação de seus filhos.
E, a todas as crianças que participaram da pesquisa, muitas vezes, sem saber o quanto
contribuíram e colaboraram para a finalização deste estudo.
Pode o homem tornar-se
culto pela cultura dos
outros; mas só se torna sábio
pelas própria sexperiências”
Mansour Chalita
RESUMO
Crianças com Síndrome de Down (SD) apresentam atrasos nas aquisições das
habilidades motoras, que ocorrem em tempo diferenciado ao de crianças com
desenvolvimento normal. As principais razões pelo atraso no desenvolvimento motor
o decorrentes de características da própria ndrome, que podem interferir em
atividades motoras grossas e finas, como a força de preensão e a destreza manual. A
análise da força de preeno e destreza manual pode ser considerada uma das formas de
verificação da funcionalidade manual. As tarefas motoras e sensoriais executadas pela
mão o organizadas de forma a atender o bom funcionamento geral do corpo em
termos de desempenho, nas atividades de vida diária, necessárias para sobrevivência. O
objetivo deste estudo foi caracterizar o desempenho da força de preensão e destreza
manual na criança com SD na faixa etária entre 7 e 9 anos. Participaram deste estudo 26
crianças com SD, de ambos os sexos, com idade entre 7 e 9 anos, que constituíram o
grupo SD e também 30 crianças sem a ndrome, que compuseram o grupo controle e
foram pareadas com o grupo SD por idade e sexo. As avaliações dos sujeitos da
pesquisa foram feitas através do teste de preensão manual, com o dinamômetro Jamar e
através do Teste da Caixa e Blocos para avaliação da destreza manual. Os resultados
mostraram que o grupo com SD apresentou desempenho inferior ao grupo controle
tanto na força de preensão quanto na destreza manual; não houve relação significativa
entre a força de preensão e a destreza manual no grupo com SD; no grupo controle,
percebeu-se que existe essa relação entre força de preensão e destreza manual; não
houve diferença de desempenho entre os gêneros para os itens avaliados em ambos os
grupos; o desempenho para os testes de força de preeno e destreza manual, no grupo
controle, mostrou uma evolução com o decorrer da idade; no grupo das crianças com
SD, esta evolução não ocorreu; percebe-se a necessidade da realização de novos estudos
que tragam informações mais detalhadas sobre a força de preeno e destreza manual
nas crianças com SD.
Palavras-chave: Síndrome de Down, força da mão, destreza motora.
ABSTRACT
Children with Down Syndrome (DS) show some lateness in getting motor skills
that happen in differentiated time to kids with normal development. The main reasons
for the lateness in motor development are because the own syndrome characteristics that
can interfere in bulk motor activities and finals as the grip strength and manual
dexterity. The grip strength analysis and manual dexterity can be considered one of the
ways in manual function examination. The motor and sensorial tasks performed by
hands are organized to attend the good general body working in practice terms in
activities of diary life necessaries to the surviving. The objective of this study was to
characterize the grip strength performance and manual dexterity in DS children in age
between 7 and 9 years old. The DS group, composed by 26 children in both sexes and
also, 30 no DS children composed the control group and they were arranged like the DS
children, for age and sex. The valuations of the search subjects were done through the
grip strength with dynamometer Jamar and Box and Block Test manual. The results
showed that DS group had less practice to control group in grip strength and manual
dexterity; there wasn’t a significant relationship between grip strength and manual
dexterity in DS group; in control group perceived there is a relationship between grip
strength and manual dexterity; there wasnt practice difference among the kinds to
evaluated items in both groups; the practice to grip strength tests and manual dexterity
in control group showed an evolution in de course of age; in DS group, this evolution
didn’t occur; it was perceived the needing of accomplishment in new studies that getting
more specified information about grip strength and manual dexterity in DS.
Keywords: Down Syndrome, hand strenght, motor skills.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................... 12
LISTA DE TABELAS..................................................................................... 13
LISTA DE GRÁFICOS................................................................................... 14
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 16
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 18
2.1 Histórico da Síndrome de Down.................................................................. 18
2.2 Etiologia da Síndrome de Down.................................................................. 20
2.3 Características físicas e de saúde das pessoas com SD............................... 22
2.4 Desenvolvimento Cognitivo na Síndrome de Down....................................
25
2.5 Desenvolvimento Motor na Síndrome de Down..........................................
26
2.5.1 Força..........................................................................................................
29
2.5.1.1 Força de preensão manual...................................................................... 31
2.5.2 Destreza manual........................................................................................ 33
2.5.3 Força, preensão e destreza manual na Síndrome de Down....................... 34
3. OBJETIVOS................................................................................................. 38
3.1 Objetivo Geral.............................................................................................. 38
3.2 Objetivos Específicos...................................................................................
38
4. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................
39
4.1 Participantes................................................................................................. 39
4.2 Local.............................................................................................................
39
4.3 Aspectos Éticos............................................................................................ 40
4.4 Materiais.......................................................................................................
40
4.5 Procedimentos.............................................................................................. 41
4.5.1 Avaliação da força de preensão.................................................................
42
4.5.2 Avaliação da destreza manual................................................................... 45
4.6 Análises Estatísticas..................................................................................... 47
5. RESULTADOS.............................................................................................
49
6. DISCUSSÃO................................................................................................. 67
7. CONCLUSÃO.............................................................................................. 72
REFERÊNCIAS............................................................................................... 73
ANEXO 1..........................................................................................................
80
ANEXO 2..........................................................................................................
81
ANEXO 3..........................................................................................................
82
ANEXO 4..........................................................................................................
83
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ficha para registro dos dados..................................................................... 41
Figura 2: Dinamômetro Jamar.................................................................................... 42
Figura 3: Posição do corpo durante a execução do teste de preensão manual........... 44
Figura 4: Modelo de caixa para o teste da Caixa e Blocos..........................................
46
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição da amostra estudada por idade e gênero............................. 39
Tabela 2: Distribuição das instituições participantes............................................... 40
Tabela 3: Estatísticas e teste de aderência à Distribuição Normal para a força de
preensão...................................................................................................
50
Tabela 4: Estatísticas e teste de aderência à Distribuição Normal para a destreza
manual......................................................................................................
50
Tabela 5: Testes para a diferença entre as médias das variáveis.............................. 51
Tabela 6: Tamanho dos grupos, média, desvio padrão, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença entre a força de
preensão dominante média nos dois grupos............................................
57
Tabela 7: Tamanho dos grupos, dia, desvio padrão, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença entre a destreza
manual dominante nos dois grupos..........................................................
58
Tabela 8: Idade, tamanho dos grupos, mediana, posto e médio, Z observado para
a força de preensão dominante e para a destreza manual dominante no
grupo controle..........................................................................................
59
Tabela 9: Idade, tamanho dos grupos, mediana, posto e médio, Z observado para
a força de preensão dominante e para a destreza manual dominante no
grupo SD..................................................................................................
61
Tabela 10: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio pado, coeficiente de
variação para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da força
de preensão média dominante no grupo controle....................................
63
Tabela 11: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio padrão, coeficiente de
variação para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da
destreza manual média dominante no grupo controle.............................
63
Tabela 12: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio padrão, coeficiente de
variação para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da força
de preensão média dominante no grupo SD............................................
64
Tabela 13: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio padrão, coeficiente de
variação para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da
destreza manual média dominante no grupo SD.....................................
64
14
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Gráfico de Probabilidade Normal para a força de preensão direita no
grupo SD.....................................................................................................................
50
Gráfico 2: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para
a força de preensão no grupo controle........................................................................
52
Gráfico 3: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para
a destreza manual no grupo controle..........................................................................
52
Gráfico 4: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para
a força de preensão no grupo SD................................................................................
53
Gráfico 5: Histograma com teste de hipótese para a diferença de lados para a força
de preensão no grupo SD............................................................................................
53
Gráfico 6: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para
a destreza manual no grupo SD..................................................................................
54
Gráfico 7: Gráfico de dispersão para a força de preensão dominante e destreza
manual dominante no grupo controle.........................................................................
55
Gráfico 8: Gráfico de dispersão para a força de preensão dominante e destreza
manual dominante no grupo SD.................................................................................
55
Gráfico 9: Gráfico de dispersão para a força de preensão da mão direita e destreza
manual dominante no grupo SD.................................................................................
56
Gráfico 10: Valores individuais para a força de preensão dominante nos dois
grupos..................................................................................................................
57
Gráfico 11: Valores individuais para a destreza manual dominante nos dois
grupos..................................................................................................................
58
Gráfico 12: Valores individuais para a força de preensão dominante por idade, no
grupo controle.............................................................................................
60
Gráfico 13: Valores individuais para a destreza manual dominante por idade, no
grupo controle.............................................................................................
60
Gráfico 14: Valores individuais para a força de preensão dominante por idade, no
grupo SD.....................................................................................................
61
Gráfico 15: Valores individuais para a destreza manual dominante por idade, no
grupo SD.....................................................................................................
62
Gráfico 16: Valores individuais para a força de preensão dominante por gênero, no
15
grupo controle............................................................................................................. 64
Gráfico 17: Valores individuais para a destreza manual dominante por gênero, no
grupo controle...........................................................................................
65
Gráfico 18: Valores individuais para a força de preensão dominante por gênero, no
grupo SD.....................................................................................................................
65
Gráfico 19: Valores individuais para a destreza manual dominante por gênero, no
grupo SD...................................................................................................
66
16
1. INTRODUÇÃO
A convivência com as pessoas, não as que possuem a Síndrome de Down
(SD), mas também com aquelas que possuem outros tipos de deficiências, é uma
realidade que tem provocado em profissionais de diversas áreas o interesse em conhecer
a etiologia das deficiências, sua evolução, tratamento e como afetam as oportunidades
sociais.
O meu interesse em pesquisar aspectos relacionados ao desenvolvimento e
desempenho de pessoas com SD surgiu alguns anos, quando terminei a
especialização em Educação Física Adaptada.
Apesar de ter pouca experiência profissional na área, o mundo das pessoas com
SD sempre foi algo que me despertou fascínio e admiração. Atuando como professora
de Educação Física, tive a experiência de trabalhar com um pequeno grupo de pessoas
com SD em estudo vinculado ao lato sensu, onde avaliei a força de preeno de adultos
com SD pela dinamometria. Imagino o quanto deve ser desafiador e gratificante
entender e trabalhar com o potencial presente nas pessoas com SD que apresentam
diferentes e particulares condições para a prática de atividades físicas, interagindo nos
mais diferentes contextos.
As pessoas com SD representam uma parcela muito significativa dentro do
universo de pessoas com déficit intelectual e apresentam perspectivas de futuro e
crescimento motor, social e cognitivo.
O convívio social com essas pessoas crianças, jovens ou adultos - pode ser
benéfico para todos, tanto para pessoas que nasceram ou adquiriram uma deficiência
como para as pessoas sem deficiência, uma vez que conviver com a diversidade pode
ser enriquecedor para o ser humano.
As pessoas com SD, assim como quaisquer outras, tentam viver da melhor
maneira e podem surpreender com sua alegria, seus sentimentos diversos e seu
desempenho em realizar tarefas. Elas querem entender o que acontece ao seu redor, sua
rotina diária, suas atividades educacionais ou de trabalho, seus relacionamentos com
familiares e amigos e alterações que ocorrem no seu corpo.
Como mestranda em Disrbios do Desenvolvimento, vejo a necessidade da
procura de maior conhecimento sobre as pessoas com SD, a fim de desenvolver um
trabalho adequado e eficiente que proporcione maior autonomia nas atividades do dia-a-
dia.
17
Acredito que o presente estudo, que objetiva avaliar e caracterizar a força de
preensão e destreza manual possa trazer contribuições de relevância social, uma vez que
possibilitará aplicões práticas e clínicas em diferentes áreas do conhecimento,
proporcionando às pessoas com Síndrome de Down um trabalho funcional e
ocupacional mais adequado, aliado à melhor qualidade de vida.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
A definição de deficiência mental apresentada pela Organização Mundial de
Saúde - OMS, publicada pela Classificação de Transtornos e Comportamento da CID-
10 (2008), coloca a deficiência mental como uma condição de desenvolvimento
interrompido ou incompleto da mente, caracterizada por comprometimento de
habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento que afeta o nível global
de inteligência, ou seja, aptidões cognitivas, de linguagem, motoras e sociais, podendo
ocorrer com ou sem qualquer outro transtorno mental ou físico.
A definição atual de deficiência mental, segundo a Associão Americana de
Retardo Mental, adotada em 1992, estabelece que a deficiência caracteriza-se por uma
função intelectual acentuadamente abaixo da média, que vem acompanhada com
limitações associadas em uma ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas:
comunicação, cuidados pessoais, competências domésticas, habilidades sociais,
utilização de recursos comunitários, autonomia, sde e segurança, habilidades
funcionais para escola, trabalho e lazer. Além disso, deve se manifestar antes dos 18
anos (WINNICK, 2004). Esta mesma definição é adotada pelo Manual de Diagnóstico e
Estatística de Distúrbios Mentais (D.S.M. IV).
Dentre muitas defasagens, o desenvolvimento cognitivo das pessoas com
deficiência mental é o que mais se diferencia do das pessoas normais.
De acordo com Schwartzman (1999) e Moeller (2006), a incidência da SD em
nascidos vivos é de 1 para cada 600/800 nascimentos, tendo por volta de 8000 novos
casos/ano no Brasil. De acordo com o censo de 2000, o IBGE levantou dados e
constatou que existem 300 mil pessoas com SD no país, com expectativa de vida de 50
anos. Aproximadamente, 18% do total de deficientes mentais que freqüentam
instituições especializadas, possuem SD. (MOREIRA et al., 2000).
Até mesmo a própria família, que antigamente escondia seus filhos, hoje, os
integra à sociedade. Souza e Carvalho (2002) pesquisaram a vida de crianças com SD e
constataram que mães se esforçam para oferecer ao filho as condições necessárias para
seu crescimento, visando sua integração.
2.1. Histórico da Síndrome de Down
A SD é a mais reconhecida condição genética associada à deficiência mental. No
decorrer da história biológica e da evolução humana, ocorreram numerosas mutações de
19
genes e modificações cromossômicas de forma não transmissível e casual.
Provavelmente, muitas doenças genéticas e desordens cromossômicas conhecidas,
inclusive a SD, ocorreram em séculos e milênios anteriores (PUESCHEL, 1993).
De acordo com Pueschel (1993) um registro antropológico referente à SD,
que deriva das escavações de um crânio saxônico, do século VII, apresentando
modificações estruturais vistas em crianças com SD.
Garcias et al. (1991) relatam que no México algumas esculturas que são as
primeiras evidências de conhecimento da síndrome.
Stratford (1989) confirma que a história começa com um povo que viveu na
região que hoje conhecemos como Golfo do México, denominado Olmeca, os quais
deixaram para história, esculturas que representavam pessoas com SD. Os Olmecas
viveram por volta de 1500 aC a 300 dC.
Os traços faciais dessas esculturas esculpidas pela cultura Olmeca foram
considerados semelhantes aos de pessoas com SD. Porém o exame cuidadoso das
esculturas gera dúvidas sobre esta afirmação (PUESCHEL, 1993).
Dados históricos sugerem que o povo Olmeca acreditava que as pessoas com SD
resultassem do cruzamento das mulheres mais idosas da tribo com o jaguar, objeto de
culto religioso. Portanto, a criança com SD era considerada um deus-humano e era
cultuada como tal (SCHWARTZMAN, 1999).
na sociedade européia mais antiga, pessoas deficientes eram desconsideradas
pela sociedade, sendo abandonadas para morrer de inanição ou para serem devoradas
por animais selvagens. Na Grécia antiga, especialmente em Esparta, as pessoas com
deficiência não eram toleradas, sendo consideradas um tipo de monstro, pertencentes à
outra espécie (SCHWARTZMAN, 1999).
O mesmo autor relata que na Idade Média, pessoas com a síndrome eram filhas
de uma mulher com o demônio, e Lutero sugeria que mãe e filho fossem queimados,
pois era o resultado de uma união malévola.
Na Renascença, pintores costumavam trazer em suas telas, retratos de pessoas
com deformidades, como por exemplo, uma tela de Andréa Montegna, com uma
madona e uma criaa que tinha traços de uma criança com SD (SCHWARTZMAN,
1999).
Apesar de muitas evidências, nenhum relatório sobre pessoas com SD foi bem
documentado antes do século XIX. algumas razões para isso: naquela época
existiam poucas revistas médicas disponíveis; poucos pesquisadores estavam
20
interessados em estudar crianças com problemas genéticos e mentais; outras doenças
como infecções e desnutrição predominavam, muitas vezes ofuscando problemas
genéticos e de formação, e por fim, até meados do século XIX, somente metade das
mães sobreviviam além dos 35 anos, e muitas crianças que nasciam com SD,
provavelmente morriam na primeira infância (PUESCHEL, 1993).
Após inúmeras descrições que deixavam evidentes o aparecimento de pessoas
com SD, John Langdon Down, em 1866, fez a primeira descrição clínica da síndrome,
associando o aspecto físico com pessoas de características observadas no território de
origem da raça mongol, na Mongólia (PUESCHEL, 1993).
De acordo com Moreira et al. (2000) durante muito tempo as pessoas com SD
foram denominadas “mongolóides”, pois Langdon Down, erroneamente estabeleceu
associações com caracteres étnicos, seguindo a tendência da época, chamando a
condição inadequadamente de idiota mongolóide.
De acordo com Pueschel (1993), Down foi certamente influenciado por Charles
Darwin e sua teoria da origem das espécies. Down acreditava que a síndrome era um
retorno a um tipo racial mais primitivo.
Como este termo poderia ser considerado ofensivo pela delegação da Mongólia
junto à Organização Mundial de Saúde (OMS), a denominação mongolismo foi
excluída da Revista Lancet, em 1964, das publicações da OMS, em 1965 e do Index
Medicus, em 1975. Hoje este termo é considerado arcaico.
Em meados da década de 50, com os progressos no método de visualização dos
cromossomos humanos, Lejeune e colaboradores, em 1959, demonstraram que a SD se
tratava de uma anormalidade cromossômica, identificando a presença do cromossomo
21 extra nos afetados (PUESCHEL, 1993). Lejeune et al., em 1959, deu o nome de
“Down” à síndrome em homenagem a John Langdon Down, o primeiro a descrevê-la.
Muito se aprendeu durante as últimas décadas, sobre anormalidades
cromossômicas, desordens bioquímicas, e vários problemas médicos relacionados à
síndrome. Porém ainda existem muitas perguntas sem respostas para entendermos
melhor esta desordem ou como intervir de forma paliativa nesta doença que ainda não
tem cura ou prevenção.
2.2. Etiologia da Síndrome de Down
Cientistas da área médica sempre buscaram muitas respostas e propuseram muitas
teorias sobre a causa da SD desde que ela foi descoberta.
21
No início do século XX, alguns médicos pensavam que a síndrome era resultado
de alguma influência do ambiente durante os primeiros dois meses de gravidez, porque
o período de formação do sistema nervos do bebê ocorria no início da gestação.
Relatórios sem fundamentos levavam a idéias de que o alcoolismo, sífilis, tuberculose,
ou a regressão a um tipo humano mais primitivo, fossem causas da SD (PUESCHEL,
1993).
Em 1956, novos métodos laboratoriais permitiram aos cientistas a visualização e
o estudo dos cromossomos, descobrindo-se que havia 46 cromossomos em cada célula
humana normal.
Lejeune, três anos mais tarde, relatou que crianças com a síndrome tinham um
pequeno cromossomo extra.
Schwartzman (1999), citando trabalhos de Lejeune e Jacobs, diz que a SD
acompanha a presença adicional de um cromossomo 21. O cariótipo 47 XX +21 ou 47
XY +21 está presente em 95% dos indivíduos afetados, caracterizando uma trissomia
simples.
Beiguelman (1986) nos afirma que 90% das crianças que nascem com SD, têm o
cariótipo de trissomia. Portanto, a causa mais comum de SD é a trissomia do 21,
chamada assim, por causa da presença de um cromossomo extra 21, fazendo com que o
número de cromossomos seja 47 em vez de 46, que é o número normal (23
cromossomos recebidos de cada genitor), e a maioria dos erros meióticos que propiciam
a formação de gametas com dois cromossomos 21, ocorre na primeira divisão meiótica,
ou seja, na meiose. Neste caso, também chamado de livre ou por não disjuão, os pais
têm cariótipo normal (com 46 cromossomos em todas as células) e a trissomia ocorre
por causas que são até hoje discutíveis.
Em circunstâncias normais, quando esperma e óvulo se unem no momento da
concepção, há um total de 46 cromossomos na primeira lula, e ela começa a se
dividir. No entanto, se umalula germinativa, óvulo ou espermatozóide, tiver um
cromossomo adicional (24) e a outra célula germinativa tiver 23 cromossomos, isso
levará, no momento da concepção, a uma nova lula, contendo 47 cromossomos. E se
o cromossomo extranumerário estiver presente no par 21, não ocorrendo aborto natural,
a criança nascerá com SD (PUESCHEL, 1993). A ciência não conseguiu provar ainda,
quais fatores podem interferir na multiplicação celular do embrião, de modo a
transformar um bebê que seria cromossomicamente normal, num bebê com SD.
22
Na literatura, a idade materna avançada considerada como acima dos 35 anos,
esmuito associada à SD e à forma trissômica da síndrome (GUSMÃO et al., 2003).
Castilla et al. (1995) analisando dados obtidos pelo Estudo Colaborativo Latino-
Americano de Malformações (ECLAMC) constataram que 40% dos bebês que nascem
com SD têm mães na faixa etária entre 40-44 anos, porém, estas mulheres são
responsáveis por apenas 2% do total de nascimentos.
Outra causa da SD é a translocação pela qual o cromossomo 21 adicional está
fundido com outro cromossomo. Este caso é encontrado em menos de 5% dos casos
diagnosticados (SCHWARTZMAN, 1999). Segundo Pueschel (1993) na translocação
há novamente um total de três cromossomos 21, mas a diferença é que o terceiro
cromossomo 21 não é um cromossomo “livre”, ele está ligado ou translocado a outro
cromossomo, geralmente ao cromossomo 14, 21 ou 22.
O terceiro tipo e menos comum em pessoas com SD, é denominado
“mosaicismo”. No mosaicismo, uma proporção variável de células trissômicas está
presente ao lado de células citogeneticamente normais (SCHWARTZMAN, 1999). O
mosaicismo geralmente ocorre em 1% dos casos, e é considerado como resultado de um
erro em uma das primeiras divies celulares. Quando o bebê nasce, nasce com algumas
células com 47 cromossomos e outras células com 46, o que caracteriza um tipo de
quadro em mosaico, daí o uso desse termo (PUESCHEL, 1993).
rios autores relataram que algumas crianças com SD do tipo mosaico
apresentam traços menos acentuados de SD e seu desempenho intelectual é melhor do
que a maioria das crianças com trissomia 21.
Independentemente do tipo de alteração cromossômica, é sempre o cromossomo
21 responsável pelas características físicas específicas e função intelectual limitada
apresentada pela grande maioria das pessoas portadoras da síndrome, porém, não se
sabe como os genes do cromossomo 21 extra, interferem no desenvolvimento do feto,
levando a essas características físicas e aos efeitos nocivos sobre a função cerebral.
Sabe-se que é apenas um segmento do braço do cromossomo 21 extra que é
responsável pelas alterações observadas em crianças com SD. Muitos genes localizados
nesta parte do cromossomo 21 foram identificados e muitos estudos ainda são
desenvolvidos para tentar identificar o que ocasiona o seu “mau funcionamento
(PUESCHEL, 1993).
2.3. Características físicas e de saúde das pessoas com Síndrome de Down
23
O material genético vai determinar a aparência e funções de todo ser humano.
As criaas herdam os genes tanto do pai quanto da mãe, por isso elas se parecerão, a
certo ponto com os pais em aspectos como estrutura corporal, cor de olhos e cabelos, e
padrões de crescimento.
Devido ao material adicional no cromossomo 21 extra, pessoas com SD têm
características corporais que lhes dão uma aparência diferente de seus pais e irmãos,
fazendo com que eles apresentem muitas características comuns e se pareçam entre si
(PUESCHEL, 1993).
Apesar de existirem mais de 80 características clínicas associadas à SD, as
características físicas mais comuns, são:
Baixa estatura;
Cabeça pequena;
Rosto e parte posterior da cabeça achatado;
Cabelo esparso e fino;
Dobras palmares transversas;
Hipermobilidade das articulações;
Hipotonia;
Língua protrusa e fissurada;
Manchas brancas na íris dos olhos;
Mãos e pés largos, com dedos curtos e grossos;
Nariz pequeno com a ponta achatada;
Obesidade de leve à moderada;
Olhos inclinados para cima e para fora, com dobras cutâneas exageradas;
Pernas e braços curtos em relão ao tronco;
Pescoço curto e orelhas com implantação baixa;
Além disso, possuem dificuldade de percepção, sistema respiratório e
cardiovascular subdesenvolvidos, visão e audição limitadas, maior risco de desenvolver
leucemia e envelhecem mais rapidamente, podendo apresentar a doença de Alzheimer.
Diante de tantas características e limitações, muitas vezes inexplicáveis, não são
todas as pessoas com SD que possuem esses perfis. Por exemplo, sabemos que
aproximadamente 40% das crianças com SD têm defeitos cardíacos congênitos, mas
60% são poupados desta doença (PUESCHEL, 1993).
24
Stratford (1989) diz que na SD, a doença cardíaca congênita é causa
preocupante, resultado de uma válvula de funcionamento falho. Schwartzman (1999)
acrescenta que recentemente, nos deparamos com procedimentos terapêuticos utilizados
nas cardiopatias congênitas, não para evitar a mortalidade, mas para contribuir para
uma melhor qualidade de vida. Os pais têm a possibilidade de optar por cirurgias
corretivas, dependendo da gravidade do caso.
Patterson e Roizen (2003) confirmam que 50% das pessoas com SD apresentam
distúrbios cardíacos, e ainda citam os distúrbios mais freqüentes: septos átrios
ventriculares defeituosos (45%), septos ventriculares defeituosos (35%), septos atriais
defeituosos (8%), persistência da Síndrome de Fallot (4%), prolapso da valva mitral
(4%), outras lesões (1%).
É importante detectar problemas cardíacos na primeira infância, porque muitas
crianças com doença cardíaca severa podem desenvolver parada cardíaca, podem
estacionar no seu desenvolvimento e /ou progredir com aumento de pressão nos vasos
dos pulmões. Portanto, um recém-nascido com SD deve ser submetido a uma avaliação
cardio pulmonar eficiente. (PUESCHEL, 1993).
Além do problema cardíaco, Stratford (1989) aponta algumas diferenças que
podem ocorrer na SD, com maior ou menor incidência: dificuldade de visão, dificuldade
de audição (38% a 78%) e irregularidades na articulação atlanto-axial, que é
considerado normal entre as pessoas com SD.
Outra alteração relacionada à saúde muito marcante em pessoas com SD é a
obesidade. Estas pessoas apresentam uma redução da taxa do metabolismo basal, o que
colabora para o aumento de peso. Crianças com SD, normalmente não apresentam
sobrepeso, mas conforme a idade aumenta, a taxa metabólica tende a diminuir mais do
que em pessoas normais, levando ao excesso de peso (SCHWARTZMAN, 1999).
A causa da obesidade, discutida por Schwartzman (1999), é multifatorial, como
em pessoas sem a síndrome. Muitos estudos de diversos autores com crianças com SD
mostram como fatores determinantes da obesidade, hábitos alimentares inadequados,
ingestão calórica excessiva, menor taxa do metabolismo basal, menor atividade física,
hipotonia e hipotireoidismo.
Esses aspectos acima relatados apontam para um maior risco que uma criança
com SD tem de se tornar obesa e, portanto, acompanhar o crescimento dessas crianças,
a velocidade de ganho de peso, orientar quanto aos hábitos alimentares e atividade
física, podem evitar problemas como obesidade tão presente nesta população.
25
2.4. Desenvolvimento Cognitivo na Síndrome de Down
O desenvolvimento cognitivo de pessoas com SD é descrito segundo algumas
concepções estabelecidas e sedimentadas, que acabam subestimando suas capacidades
intelectuais.
Uma concepção muito presente é a de que todos que possuem a síndrome se
desenvolvem da mesma forma, apresentando as mesmas características, incapacidades e
limitações orgânicas, motoras e cognitivas (BISSOTO, 2005), porém alguns estudos
recentes mostram que a maioria das pessoas com SD tem um desempenho na faixa de
retardo mental entre leve e moderado. A melhor capacidade cognitiva tem sido atribuída
ao mosaicismo cromossômico, além de outros fatores como o conjunto genético da
pessoa e influências de fatores epigenéticos e ambiental (MOREIRA et al., 2000).
Embora as diferentes formas de trissomia possam provocar variações físicas,
clínicas e nas capacidades cognitivas, poucos estudos comparativos existem para se
afirmar que as diferenças entre os tipos de trissomia são determinantes para um pior, ou
melhor, desenvolvimento cognitivo (BISSOTO, 2005).
Outra concepção ainda muito freqüente é a de que pessoas com SD alcançam o
ápice de seu desenvolvimento cognitivo, da linguagem e de esquemas motores, na
adolescência, ocorrendo posteriormente um declínio dessas capacidades (BISSOTO,
2005).
De acordo com a mesma autora, embora se estabeleça que pessoas com SD
tenham maior probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer, alguns estudos,
como os realizados por Devenny et al. (1992) com pessoas com SD de capacidades
cognitivas média e moderadamente afetadas, não revelaram achados significativos na
correlação entre envelhecimento e decréscimo das faculdades cognitivas, relatando
ainda que o declínio das capacidades cognitivas possa ocorrer de outros fatores como:
situações de estresse próprias à vida de todo aquele que envelhece (falecimento de
pessoas próximas, declínio físico geral, limitações econômicas), depressão, problemas
com acuidade visual e auditiva, mau funcionamento da glândula tireóide, entre outros.
Em relação à linguagem, Schwartzman (1999), afirma que esta é a área que
crianças com SD apresentam maiores atrasos. A primeira palavra é emitida, em média,
aos 18 meses, significando um atraso de quatro meses em relação a grupos controle.
O menor reconhecimento das regras gramaticais e sintáticas da língua, bem
como as dificuldades na produção da fala, vocabulário mais reduzido, fazem com que as
crianças com SD o consigam se expressar na mesma medida em que acompanham o
26
que é falado, sendo subestimadas em termos de desenvolvimento cognitivo (BISSOTO,
2005).
Sabemos, portanto, que alterações na linguagem poderão afetar o
desenvolvimento de outras habilidades cognitivas, havendo maior dificuldade ao usar os
recursos da linguagem para pensar, raciocinar e relembrar informações.
Corsi et al. (1995) realizaram um estudo comparando o desenvolvimento
cognitivo e a linguagem de crianças com SD e crianças normais. Foram estudadas cinco
crianças com SD e cinco sem a síndrome, com idade entre 7 e 8 anos. Embora o grupo
estudado tenha sido pequeno, os autores concluíram que o desenvolvimento cognitivo
das crianças com SD pode ser superior ao desenvolvimento da linguagem, enquanto que
nas crianças sem a síndrome, o desenvolvimento cognitivo e de linguagem evoluem no
mesmo ritmo. Estes resultados são mais bem compreendidos se considerarmos que a
inteligência se consti ao longo do desenvolvimento e em decorrência de estimulações
advindas do contexto que cada criança vive (familiar, social e escolar), o que pode gerar
uma compensação da carga genética da síndrome.
Apesar de toda limitação no aspecto da linguagem, espera-se que a maioria das
crianças com SD desenvolva a fala (SCHWARTZMAN, 1999; BISSOTO, 2005).
Bissoto (2005) acredita que o desenvolvimento daqueles que têm SD pode ser
semelhante ao de qualquer pessoa normal, resultando de influências sociais, culturais e
genéticas, e também de expectativas lançadas em relação às suas potencialidades e
capacidades e os aspectos afetivo-emocionais da aprendizagem.
Porém, é prudente evitar a normalização das pessoas com SD, pois não se pode
negar a existência do déficit cognitivo presente em função das alterações genéticas da
síndrome.
Dessa forma, existe uma grande necessidade de suporte específico no âmbito
social e até mesmo político que promova um ambiente facilitador para o
desenvolvimento global das pessoas com SD.
2.5. Desenvolvimento Motor na Síndrome de Down
As crianças com SD apresentam atrasos nas aquisições de marcos motores
básicos, que emergem em tempo diferenciado ao de crianças com desenvolvimento
normal. Os déficits motores o mais predominantes no período referente à primeira
infância (GARCIAS, et al., 1995).
27
O desenvolvimento motor da pessoa com SD é considerado atrasado ou lento em
relação à pessoa normal. Estudos de diferentes abordagens são encontrados na literatura
com o intuito de analisar as possíveis razões para o atraso no desenvolvimento motor
(HARTLEY, 1986; BLOCK, 1991).
A maioria destes estudos mostra que as principais razões responsáveis pelo
atraso no desenvolvimento motor são decorrentes de características da própria
síndrome, como a hipotonia, crescimento físico, obesidade, problemas esqueléticos, de
equilíbrio, cardíacos e problemas de percepção.
A hipotonia, caracterizada pelo baixo nus muscular e a baixa força de
contração de movimentos voluntários, é uma característica marcante nas pessoas com
SD. Apresenta-se mais clara nos primeiros anos de vida, diminuindo com a idade, mas
não desaparece.
Schwartzman (1999) ressalta que a hipotonia interfere nas aquisições do
desenvolvimento motor da criança, nas suas interações com o ambiente, retarda ou
bloqueia sua exploração, diminuindo ou produzindo déficit de sensações e vivências,
dificultando o desenvolvimento cognitivo, que acaba por limitar as habilidades físicas,
tanto motora grossa quanto a fina.
O uso de cnicas e atividades específicas para provocar mudanças no tônus
muscular, como atividades resistidas, (aumento de tônus e diminuição da hipotonia),
pode trazer grandes contribuições para as pessoas com SD (SCHWARTZMAN, 1999 e
PUESCHEL, 1993).
Se analisarmos a hipotonia muscular, a frouxidão ligamentar, o déficit cognitivo,
poderemos observar uma disfunção motora e como conseqüência, podemos imaginar
que a pessoa com SD possa ter dificuldade em executar determinados movimentos
básicos como andar, correr, saltar, saltitar, e determinadas atividades físicas específicas,
como chutar, arremessar e lançar (SCHWARTZMAN, 1999).
A combinação destas habilidades, correr e arremessar, saltar e girar, correr e
saltar, chutar e girar, adquiridas na segunda infância, pode tornar-se extremamente
difícil (GALAHUE E OZMUN, 2004).
Para amenizar toda dificuldade, os movimentos corporais da criança com SD
devem ser estimulados desde bebê, desenvolvendo habilidades motoras grossas e finas,
atividades físicas e recreativas, atividades rítmicas, contribuindo no sentido de tornar
essas pessoas mais livres e autônomas.
28
Outro problema que a criança com SD apresenta, é uma defasagem em relação
ao equilíbrio estático e dinâmico, atraso nas respostas posturais, devido à condição
sensorial ou motora lenta. Pessoas com déficits neurológicos e cognitivos podem ter
dificuldade na coordenação espaço-temporal das respostas posturais
(SCHWARTZMAN, 1999).
Diversos estudos têm demonstrado que pessoas com SD realizam movimentos
de maneira mais lenta e menos suave quando comparados às outras populações. De um
modo geral observa-se, que com o aumento da complexidade da tarefa e do número de
articulações envolvidas no movimento, a diferea entre o desempenho motor das
pessoas com SD e de pessoas normais é aumentada (TORTOZA, 2000).
A instabilidade atlanto-axial também está bastante presente nas pessoas com SD,
sendo um fator que leva às crianças a praticar atividades físicas com restrições. Com a
frouxidão ligamentar desta articulação, o risco de haver lesão na medula, causando
paralisia, é grande.
Krebs (1990) nos mostra outro fator que interfere no desenvolvimento motor:
crescimento físico da criança com SD. Normalmente o crescimento cessa mais cedo
resultando em pequena estatura.
Eichstaldt e Kalakian (1987, apud Nabeiro, 1993) salientam que o tamanho
pequeno das mãos e dedos pode interferir diretamente no desempenho de tarefas
manipulativas como pegar e arremessar.
Estudo realizado por Esteves et al. (2005) sobre características antropométricas
da o de crianças sadias em idade escolar, força de preensão, lateralidade e sexo,
constatou que, de fato, o tamanho da mão pode influenciar na pegada e na força de
preensão, assim como a empunhadura dos dinamômetros manuais.
Outro aspecto muito importante que interfere no atraso motor e falado
anteriormente é a obesidade. As pessoas obesas podem apresentar apatia e pouca
energia para movimentação corporal.
Além destes fatores citados anteriormente, Shumway e Woollacott (2003)
afirmam que para orientar os mecanismos essenciais para o movimento, é fundamental
o controle motor, que por sua vez, depende de fatores como a percepção, ação e
cognição.
A percepção é fundamental para ação e vice-versa. A percepção vem das
informações sobre o estado do corpo, advindas do sistema sensorial/ perceptivo. O
conhecimento do controle da ação implica a compreensão do resultado motor do sistema
29
nervoso para os sistemas efetores do organismo ou músculos. E o processo cognitivo
inclui a atenção, e aspectos emocionais do controle motor, portanto este processo é
essencial para o controle do mesmo.
Dessa forma, como o processo cognitivo nas pessoas com SD encontra-se
comprometido, o aprendizado motor pode ser comprometido também por este déficit.
As alterações cognitivas e motoras presentes nas pessoas com SD podem se
manifestar funcionalmente interferindo na capacidade em desempenhar diversas
atividades e tarefas da rotina diária.
De acordo com Mancini et al. (2003), informações sobre a funcionalidade das
pessoas com SD são extremamente relevantes para profissionais da área da saúde, visto
que as expectativas dos pais e cuidadores estão mais relacionadas à informação
funcional do que informação sobre sintomatologia e componentes específicos de
desempenho.
Mancini et al. (2003) realizaram um estudo comparando o desempenho
funcional de crianças com SD com o de crianças normais, com idades de dois a cinco
anos. As crianças foram avaliadas pelo PEDI, que quantifica o desempenho infantil em
três áreas: auto-cuidado, mobilidade e função social. Os resultados mostraram que o
desempenho funcional de crianças com SD é inferior ao de crianças normais, porém, as
interações entre patologia e faixa etária revelaram que este desempenho inferior não se
mantém constante no decorrer do desenvolvimento.
2.5.1 Força
Força é a capacidade que um indivíduo tem de vencer uma resistência externa. A
força se manifesta em todo tipo de movimento: andar, correr, tracionar, arremessar,
entre outros (RODRIGUES E CARNAVAL, 1999).
Barbanti (1979) define força muscular como a capacidade de exercer tensão
muscular contra uma resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que
determinam a força em algum momento particular.
Para Guedes (1997) força é a capacidade de exercer tensão muscular contra uma
resisncia, superando, sustentando ou cedendo à mesma.
A força é indispensável não só para atividades atléticas, mas também para
atividades da vida diária, necessárias para manutenção da vida, como comer, se vestir,
levantar da cama (RODRIGUES E CARNAVAL, 1999).
30
De acordo com Schneider et al. (2002), a força muscular reflete tanto o estado
de saúde de uma pessoa, como a performance para determinadas modalidades
esportivas.
Para um músculo produzir força, ele depende basicamente do número de
unidades motoras da fibra muscular colocadas em ação e da área de seção transversa do
músculo, ou seja, da espessura do músculo (RODRIGUES E CARNAVAL, 1999).
Portanto, quanto maior o número de unidades motoras recrutadas, maior será a força
gerada, e essa força será maior, quanto mais espesso for o músculo.
Unidade motora é definida como o axônio do neurônio motor e todas as fibras
musculares por ele inervadas. Os fatores neurais são os principais responsáveis pelo
aumento da força nas primeiras semanas de treinamento com peso (FLECK &
KRAEMER, 1997).
Rodrigues e Carnaval (1999) afirmam que existem alguns fatores que podem
limitar a força muscular. São eles:
Gênero: no geral, os homens o mais fortes que as mulheres por apresentarem
maior peso corporal e estatura, e por mulheres apresentarem maior quantidade de tecido
adiposo subcutâneo e um tecido muscular menos desenvolvido. Além disso, o homem
sofre uma forte ação do hormônio testosterona, que é capaz de hipertrofiar diversos
órgãos, inclusive o tecido muscular, e também a maior quantidade de tecido adiposo
entre os feixes de fibras musculares na mulher, proporciona uma diminuição de
rendimento de 50%.
Segundo Schneider et al. (2002), durante a fase de estirão, os meninos tendem a
aumentar a diferença de desenvolvimento da força em relação às meninas, diminuindo o
número de meninas que têm desempenho igual ou maior nos testes de força.
Idade: a força e o volume muscular podem aumentar em qualquer idade.
idades em que o progresso é mais lento, outras em que o progresso é mais rápido, porém
todo indivíduo que tem bons hábitos, vida saudável e treinamento adequado, pode
aumentar sua força muscular. A melhor idade para aumento de força é entre os 20 e 30
anos. Na mulher, a idade ideal de desenvolvimento chega mais cedo que no homem, e
no caso de pessoas treinadas, o desenvolvimento muscular se estende até os 40 anos.
Inervação e características musculares: as características musculares dizem
respeito ao tipo de fibra muscular, de contração rápida (onde a estimulação é mais
rápida) ou de contração lenta (onde a estimulação é mais lenta).
31
Considerando duas pessoas iguais, no que diz respeito ao somatotipo, massa
muscular e alavancas, a diferença de força se explicará através do estímulo nervoso.
Quanto maispido o estímulo nervoso, maior será a capacidade dessa musculatura.
Fatores emocionais: a emoção repercute no sistema nervoso e endócrino,
aumentando a descarga nervosa e a liberação de adrenalina, elevando a força muscular.
Algumas experiências mostram que a motivação pode levar uma pessoa a manifestar a
sua força de forma superior à habitual.
Devemos nos lembrar que além desses fatores limitantes da força, a atividade
física, aspectos ambientais e nutricionais podem interferir na magnitude da força
muscular (SCHNEIDER, et al. 2002).
A força muscular é um dos componentes fundamentais para avaliação da forma
física. Um dos parâmetros do estado de força geral de uma pessoa pode ser a mediada
da preensão palmar, avaliada através de um instrumento chamado dinamômetro.
A preensão palmar, objeto de análise deste estudo, além de ser uma medida de
força de o relacionada à avaliação do membro superior, nos fornece dados para
diversas aplicações clínicas, sendo utilizada como um indicador de força total do corpo
e empregada em testes de aptidão física (UGRINOWITSCH et al., 2003).
2.5.1.1 Foa de preensão manual
A mão é parte integrante do sistema funcional do corpo humano e a qualidade na
execução das atividades diárias é influenciada por uma adequada função manual.
A área do sistema nervoso central responsável pelo controle da mão e pelo
processo de informações geradas na mão torna-a um órgão altamente especializado.
Tarefas motoras finas como as executadas por um neurocirurgião são realizadas com a
mesma estrutura anatômica usada por um lutador de caratê para partir tábuas de madeira
e tijolos, uma tarefa grosseira, onde o principal requisito é a transmissão de força
(GRABINER, 1991).
Desde o início do desenvolvimento da criança, a função manual envolve a
exploração, sustentação, comunicação e realização de tarefas fundamentais para sua
independência.
Os movimentos realizados pela mão, como preensão e manipulação de objetos
o essenciais à vida diária. A complexidade desta estrutura confere à mão
características singulares em relação a sua habilidade, como controle de força e da
precio, de acordo com a exigência de execução (ESTEVES et al., 2005). É somente a
32
mão que consegue fazer minuciosas distinções sobre o meio externo, combinando força
e destreza.
De acordo com o estudo clássico de Napier (1956), existem dois padrões básicos
de preensão: de força e de precisão. A preensão de precisão é uma forma mais delicada,
e se refere a segurar o objeto entre a face palmar, lateral ou ponta dos dedos e o polegar
oposto. Já a força de preensão está relacionada ao ato de segurar um objeto entre os
dedos parcialmente flexionados, em oposição à pressão gerada pela palma da mão, pela
eminência tênar e o segmento distal do polegar.
Grabiner (1991) diz que o movimento de preensão é considerado quando a mão
segura um objeto, e o classifica como aperto de potência ou aperto de precisão.
Embora os conceitos dos padrões de preensão de força e preensão de precisão
pareçam simples, do ponto de vista biomecânico, a realização dessas funções é
extremamente complexa. Além de envolver o movimento integrado e coordenado de
todas as articulações da mão, envolve um controle de sistema nervoso central normal e
uma interação muscular perfeita (PARDINI JR., 2006).
Brandão (1984) descreve a preensão considerando cinco estágios de
desenvolvimento, cada um deles, caracterizado pela capacidade de execução de
determinados modelos de preensão. Esses padrões básicos de preensão no adulto, se
encontram constituídos na criança desde os 12 meses, porém a criança vai
aperfeiçoando os gestos de preensão, conforme execução de tarefas cada vez mais
complexas, como manusear talheres e lápis.
A força de mão é um dos elementos básicos na pesquisa das capacidades
manipulativas de força e de movimentos da mão.
Pereira et al. (2001) dizem que a força de preensão manual pode ser utilizada
como um indicador de desenvolvimento da coordenação e no diagnóstico de disfunções
neurogicas relacionadas à aprendizagem motora e à percepção. A força de preensão
também serve para identificação de possíveis patologias do membro superior, no
controle do processo de reabilitação e no estabelecimento dos padrões suportáveis de
aplicação ou sustentação de cargas.
Além disso, mensurar a foa de preensão manual, não requer equipamentos
pesados e sofisticados, e esta medida também pode ser considerada como um marcador
da força total do indivíduo.
O equipamento mais apropriado para essa medição é o dinamômetro, e o mais
utilizado é o dinamômetro Jamar, cujo funcionamento consiste em um sistema de
33
aferidores de tensão, que possui duas barras de aço interligadas. Quando o sujeito aperta
as duas barras, a fim de aproximá-las, é medida a força de preeno. Desenvolvido por
Bechtol, o aparelho hidráulico tem sido considerado o instrumento mais aceito para
avaliar a força de preensão manual desde 1954. De acordo com a literatura, o
dinamômetro Jamar é de alta confiabilidade e precisão, e possui objetividade na coleta
de dados (CAPORRINO, 1998).
2.5.2 Destreza manual
A destreza manual está relacionada à função manual. A importância de avaliar a
destreza está em medir a dificuldade do indivíduo em realizar tarefas manuais
específicas, assim como medir o desempenho da mão.
Os testes funcionais avaliam um grande espectro da função da mão e membro
superior, inclusive a habilidade motora de manipulação grossa e fina, destreza manual,
desempenho nas atividades de vida diária, de vida prática, entre outras. (ARAÚJO,
2006).
A maioria das avaliações funcionais resultou nos chamados Sistemas de
Mensuração do Tempo de Movimento. Estas avaliações surgiram no século XX, para
avaliar candidatos a empregos industriais que exigiam destreza manual. Os métodos
englobam tarefas como pegar, girar, encaixar, passar de uma mão à outra, etc. O
resultado das tarefas em pessoas normais permite estabelecer faixas e graus de
normalidade. É importante salientar que o resultado depende da colaboração da pessoa
que irá executar o teste, pois, simuladores e pessoas com alterações psíquicas, podem
falsear as informações, produzindo resultados não compatíveis com o tipo de patologia
e observação clínica (ARAÚJO, 2006).
Araújo (2006) cita alguns exemplos de testes funcionais: teste de Jebsen, teste de
manipulação de Minesota, teste de destreza de O´Conner, teste de destreza de Crawford,
entre outros.
Esses testes o baseados em tempo de execução, onde a redução na função da
mão gera a necessidade de mais tempo de esforço para a realização das atividades, por
mais simples que elas sejam (GERRITY et al., 1993).
Neste estudo, o instrumento escolhido para avaliação da destreza manual foi o
Teste da Caixa e Blocos, descrito e normatizado por Mathiowetz et al. (1985).
O Teste da Caixa e Blocos é de fácil aplicação, rápido e simples, e possui
sensibilidade em detectar alterações na capacidade funcional de membros superiores.
34
A normatização do Teste da Caixa e Blocos foi realizada por Mathiowetz et al.,
em 1985, sendo todos os integrantes do grupo terapeutas ocupacionais. O teste foi feito
com 628 adultos normais, sendo 310 homens e 318 mulheres, com faixa etária de 20 a
94 anos, divididos em 12 grupos por idade. Os critérios de inclusão foram pessoas sem
dor no braço ou na mão, o ter tido internação hospitalar nos últimos seis meses, estar
mantendo sua rotina diária de forma normal, sem alguma doença crônica. Os autores
concluíram que o teste é simples, de baixo custo e eficiente quanto à avaliação da
destreza manual e para elaborar programas de tratamento.
No Brasil, a validação do teste foi realizada por Mendes et al. (2001),
demonstrando a aplicabilidade eficaz para a avaliação da incapacidade no desempenho
manual de pacientes com esclerose múltipla. Participaram do estudo 117 pessoas com
esclerose múltipla, que consistiram o grupo experimental, sendo 91 do sexo feminino e
26 do sexo masculino, com faixa etária entre 18 e 57 anos. E no grupo controle,
participaram do estudo 446 pessoas normais, sendo 239 do sexo feminino e 207 do sexo
masculino, com faixa etária entre 15 e 86 anos.
Rodrigues et al. (2007) analisaram a aplicabilidade de avaliações usadas para a
função manual, em relação aos seguintes componentes: coordenação motora grossa e
fina, atividades de vida diária e atividades bi-manuais. O Teste da Caixa e Blocos foi
analisado juntamente com outros cinco instrumentos, sendo o único validado para a
população brasileira.
2.5.3. Foa, preensão e destreza manual na Síndrome de Down
As pessoas com SD possuem características de força muito particulares. A
hipotonia muscular e frouxidão ligamentar, colaboram para que a força muscular seja
diminuída se compararmos às pessoas sem a síndrome. Pueschel (1993) salienta que o
problema da hipotonia muscular pode resultar no atraso de etapas importantes do
desenvolvimento e limitam atividades motoras grossas e finas.
Estudos apontados por Schwartzman (1999) e Pueschel (1993) dizem que um
bom treinamento de força tem efeito positivo sobre o aumento de tônus muscular.
Uma criança normal, primeiramente amadurece sua capacidade de realizar
atividades motoras grossas, que requerem gestos grandes e bruscos, para depois
aprimorar as capacidades motoras finas. Bebês com SD, devido à hipotonia, problemas
cardíacos e outros que impedem o desenvolvimento normal, podem desenvolver a
motricidade fina antes da grossa (PUESCHEL, 1993).
35
Segundo Latach et al. (2002), apesar da grande dificuldade na coordenação
motora encontrada nas pessoas com SD, o que pode rotulá-las como desajeitadas,
muitas delas apresentam uma grande diversidade de habilidades motoras, realizando
movimentos semelhantes aos da população normal.
A mão das pessoas com SD apresenta algumas características que podem
influenciar na força de preensão. Apresentam a mão pequena, grossa, com os dedos
curtos e o dedo mínimo arqueado, ou seja, levemente curvado para dentro (Pueschel,
1993), podendo gerar dificuldades em atividades manipulativas (EICHSTALDT E
KALAKIAN, 1987, apud NABEIRO, 1993).
Nos estudos de Sharav et al. (1992) e Pitetti et al. (1992), nos quais analisaram a
força de preensão manual em pessoas com SD, foi constatado que pessoas sem a
síndrome apresentaram valores de força maior do que pessoas com a síndrome, e que
existe uma forte ligação entre hipotonia muscular e déficit de força. Neste estudo
também foi constatado resultados mais baixos para força de pernas nas pessoas com a
SD, o que pode gerar um grave impacto nas atividades do dia-a-dia e oportunidades de
trabalho nesta população.
Godoy e Barros (2005a), analisando os estudos citados acima, refletem sobre o
possível impacto que o déficit de força pode ocasionar nas atividades de vida dria,
como se trocar, comer, manipular objetos, entre outras. Os mesmos autores realizaram
um estudo associando hipotonia muscular com força de preensão, com o propósito de
indicar parâmetros e uma escala de força para adultos com SD. Dividiram os
participantes de sua pesquisa em dois grupos: 28 adultos com SD de ambos os sexos e
110 adultos sem SD de ambos os sexos. Constataram, entre outros resultados que um
predomínio de força de preensão nos homens em relação às mulheres; um déficit
significativo da força de preensão do grupo de pessoas com SD em relação às pessoas
sem SD, e que se deve levar em consideração as características da mão das pessoas com
SD.
Godoy e Barros (2005b) realizaram um estudo similar ao descrito acima, onde
avaliaram a força de preensão palmar em pessoas com SD, com idade entre 20 e 40
anos, com a diferença de correlacionar os dados obtidos com a composição corporal.
Participaram do estudo 28 pessoas com SD de ambos os sexos e 28 pessoas sem a SD
de ambos os sexos. Concluiu-se que pessoas com SD apresentaram percentual de
gordura corporal significativamente mais elevado em relação às pessoas sem a síndrome
na mesma faixa etária e sexo; a força de preensão palmar nos homens é maior do que
36
nas mulheres nos dois grupos; um déficit de força no grupo das pessoas com SD em
relação às pessoas sem a ndrome; a correlão é baixa entre % de gordura corporal e
força entre ambos os grupos, e os dados obtidos devem ser considerados como
indicativo de força para a capacitação da função manual nas pessoas com Síndrome de
Down.
Além da característica da mão influenciar nas habilidades motoras manuais, os
aspectos relativos à tarefa é outro fator que também pode influenciar no processo de
aquisição de habilidades motoras. Dessa forma, Andrade et al. (2007) desenvolveram
um estudo para verificar como as restrições da tarefa podem influenciar na organização
de uma habilidade manipulativa de preensão manual em crianças com SD.
A tarefa envolveu a preensão de bolas de isopor, cubos de espuma e cubos de
madeira de quatro tamanhos diferentes (35mm, 50mm, 75mm e 100mm). Foram
analisadas 6 crianças de 12 a 18 meses de idade, cujas tarefas consistiram em apreender
os objetos localizados à frente da criança, no centro do suporte do cadeirão de bebê. Os
padrões de preensão analisados foram classificados em padrão palmar/força de preensão
e padrão digital de preensão.
O resultado geral das tarefas de preensão apontou para uma predominância de
preensões palmares para as tarefas com a bola de isopor, com exceção da bola de menor
diâmetro. Com os cubos de espuma, houve um aumento gradativo de preensões com a
utilização do padrão digital, especialmente com o cubo de menor dimensão. Com os
cubos de madeira, as crianças não conseguiram realizar as tarefas, especialmente com o
cubo de maior diâmetro. Com esses resultados, pôde-se concluir que as crianças com
SD organizaram seu comportamento manipulativo de maneira diferente em função das
restrições impostas pela tarefa, apresentando maior dificuldade em manusear os cubos
de madeira.
Em relação à destreza manual, Germano (2008) realizou um estudo, utilizando o
teste de caixa e blocos. Avaliou crianças e adolescentes com SD, nas idades de 7, 8, 9,
14 e 15 anos. Participaram do estudo 50 crianças e jovens com SD, de ambos os sexos,
que constituíram o grupo experimental, e 50 crianças e jovens sem a síndrome, de
ambos os sexos, que constituíram o grupo controle.
Os resultados indicaram que desvantagem na destreza manual dos
participantes com SD quando comparados ao grupo controle. Observou-se que também
não houve alteração estatisticamente significativa na destreza manual para o grupo SD
37
entre as idades de 7 a 9 anos, em comparação com as idades de 14 e 15 anos,
evidenciando que não há evolução na destreza manual com a idade neste grupo.
para o grupo controle, essa evolução foi observada. Também foram
observadas diferenças na forma de preensão dos blocos nos participantes com SD, com
a utilização da pinça entre os dedos polegar e médio em 36% dos casos, contra 4% no
grupo controle.
Concluiu-se, portanto, que o Teste da Caixa e Blocos é uma solução eficiente e
objetiva para quantificar a destreza manual em população com déficit intelectual.
38
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral: Caracterizar o desempenho de força de preensão e destreza
manual na criança com SD na faixa etária entre 7 e 9 anos.
3.2. Objetivos Específicos:
Comparar a força de preensão manual da criança com SD com a criança
sem a síndrome;
Comparar a destreza manual da criança com SD com a criança sem a
síndrome;
Comparar o desempenho por gênero entre ambos os grupos.
Avaliar a relação entre a força de preensão manual e destreza manual nos
dois grupos;
39
4. MATERIAIS E MÉTODO
Este estudo se caracteriza por ser do tipo transversal, que consistiu na coleta de
dados em um único momento.
4.1 Participantes:
Participaram desse estudo 26 crianças com SD, de ambos os sexos, com idade
entre 7 e 9 anos, que constituíram o grupo SD, que teve como critérios de exclusão a
existência de diagnósticos de comprometimento ortopédico ou neurológico associado à
síndrome. Duas crianças foram excluídas do estudo por não colaborarem na coleta da
segunda medida de destreza manual.
Foram avaliadas também 30 crianças sem a SD, que compuseram o grupo
controle e foram pareadas com o grupo SD por idade e sexo. Todos os participantes
tiveram seus responsáveis legais contatados para autorização de participação no estudo,
leitura da carta de informação e assinatura do termo de consentimento (anexo 1).
A Tabela 1 representa a distribuão da amostra estudada por idade e gênero.
Tabela 1: Distribuição da amostra estudada por idade e gênero.
Grupo SD
G Controle
Idade
FEM
MASC
FEM
MASC
TOTAL
7
5
6
5
5
21
8
3
7
5
5
20
9
4
1
5
5
15
TOTAL
12
14
15
15
56
4.2. Local:
As crianças foram contatadas em instituições especializadas em Barueri, São
José dos Campos, Sorocaba e Campinas, e em escolas regulares em São Paulo e
Barueri, como mostra a Tabela 2. Foi feito o contato com outras instituições, porém,
40
não houve possibilidade de realizar a coleta de dados, por não haver disponibilidade e
retorno das mesmas, e por não haver crianças dentro da faixa etária a qual se dirigiu o
estudo.
Tabela 2: Distribuição das instituições participantes.
Local São Paulo Barueri o José dos Campos Sorocaba Campinas TOTAL
Instituição
Especializada
_
1 1 1 1 4
Escola Regular 1 1
_ _ _
2
TOTAL 1 2 1 1 1 6
As avaliações aconteceram em local que foi determinado pela instituição
colaboradora do estudo, normalmente em situação terapêutica oferecida pelo
estabelecimento da rede que oferece serviços clínicos aos freqüentadores com
necessidades especiais, ou em outro momento que a instituição sugeriu, para que
houvesse o mínimo possível de interferência na rotina da criança. O representante da
escola recebeu também a carta de informação à instituição, assinando pela instituição a
concordância na participação do estudo (anexo 2).
A coleta foi realizada somente após a autorização das instituições, pais ou
responsáveis dos sujeitos da pesquisa.
4.3. Aspectos éticos:
O projeto foi registrado no SISNEP sob folha de rosto n. 234970, encaminhado e
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie
sob registro CEP/UPM 1104/11/2008 e CAAE nº. 0079.0.272.00-08.
4.4. Materiais:
As avaliações dos sujeitos da pesquisa foram feitas através do teste de preensão
manual, com o dinamômetro Jamar, e através do Teste da Caixa e Blocos, ambos, por
serem de fácil aplicação e por possuírem fidedignidade nos resultados coletados.
Também foi utilizada uma ficha para registro dos resultados obtidos, como
mostra a Figura 1.
41
NOME: __________________________________________________________
GÊNERO: ( ) FEMININO ( )MASCULINO
NASCIMENTO.:___/___/_______ IDADE: ___________
INSTITUIÇÃO/ ESCOLA:
___________________________________________________
MÃE/PAI OU RESPONSÁVEL:________________________________________
DOMINCIA: ( )DIREITA ( )ESQUERDA
DATA DA AVALIAÇÃO.: ____/____/________
Força de Preensão Manual
Destreza Manual
1ª Tent. D-
E-
Tent. D-
E-
2ª Tent. D-
E-
2ª Tent. D-
E-
3ª Tent. D-
E-
Figura 1: Ficha para registro dos dados.
4.5 Procedimentos:
As instituições e escolas foram contatadas por intermédio de seu representante
legal (diretor ou coordenador) para apresentação da proposta e agendamento das
avaliações.
As avaliações foram agendadas de acordo com a disponibilidade do local e dos
participantes, solicitando-se uma sala onde a criança avaliada pudesse estar à vontade,
com a presença apenas do examinador e de um auxiliar de pesquisa que acompanhou as
avaliações para registrar os dados indicados pelo pesquisador.
Cada avaliação teve aproximadamente 15 minutos de duração, sendo avaliada
inicialmente a força de preensão com o dinamômetro Jamar e posteriormente a destreza
manual com o Teste da Caixa e Blocos, para os lados direito e esquerdo, sempre
iniciando pelo lado dominante.
O lado dominante foi determinado pelo protocolo de Negrine (1986), que é uma
bateria de testes onde se analisa a domincia manual, pedal e ocular, através da
42
aplicação de atividades gestuais. É composto por 9 tarefas, sendo 3 manuais, 3 pedais e
3 oculares.
Para este estudo, foi analisada somente a dominância manual que consiste nas
seguintes tarefas: escrever o nome ou fazer determinado desenho no espaço; simular o
arremesso de uma pedra o mais longe possível; pentear o cabelo.
Observou-se para cada prova a mão utilizada, sendo a mão dominante a mais
utilizada pelo avaliado.
4.5.1 Avaliação da força de preensão manual:
Foi utilizado o dinamômetro Jamar, que consiste em um sistema hidráulico de
aferição (Figura 2). Na medida em que o sujeito de pesquisa aperta as barras, elas se
dobram, provocando uma alteração na resistência dos aferidores, ocorrendo uma
alteração correspondente na produção de voltagem que é diretamente proporcional à
força exercida sobre as barras. Este dinamômetro tem uma manopla ajustável para
espaçamento de 1, 1.5, 2, 2.5 e 3 polegadas, ou seja, 1ª, 2ª, 3ª, e 5ª posições, sendo
que 1 polegada corresponde à 1ª posição e assim por diante. A segunda posição é a mais
utilizada. A escala de força no dinametro é descrita em até 200 libras e/ou 90
quilogramas (kg/f).
Figura 2: Dinamômetro Jamar
Fonte – Autora
Entre as décadas de 50 e 60, este dinamômetro já era relatado como sendo o
instrumento mais eficaz para medir a força de mão. Controlado e calibrado
43
corretamente, ele continua sendo utilizado como um material eficiente para medida de
força de preensão (HANTEN et al., 1999).
Além disso, é um instrumento confiável, de fácil manuseio e leitura direta,
podendo ser utilizado em qualquer ambiente com resultados satisfatórios.
Para a aplicação do teste de preensão, foi utilizada a padronização recomendada
pela Sociedade Americana dos Terapeutas da Mão (SATM), do uso correto deste
dinamômetro, tanto da manopla do aparelho quanto da posição do sujeito a ser testado,
a fim de se obter uma análise precisa e correta (CAPORRINO et al., 1998; MOREIRA,
2003).
Segundo Moreira (2003), em 1981 a SATM recomendou a utilização do
aparelho com a manopla na posição dois, por ser a que apresenta melhores resultados
para força de preensão.
De acordo com Godoy et al. (2004), a determinação da força de aperto
utilizando o dinamômetro Jamar é um método bastante simples que qualifica um
aspecto importante da função muscular, relacionado com a idade cronológica, e oferece
dados sobre o desenvolvimento da musculatura esquelética.
D´Oliveira (2005) utilizou o dinamômetro Jamar em seu estudo transversal, com
uma amostra de 1000 homens e 1000 mulheres com faixa etária de 20 a 60 anos. O
objetivo do estudo foi avaliar a força de preensão palmar e correlacionar com as
variáveis: sexo, dominância, peso, altura, índice de massa corporal, e prática esportiva,
para verificar quais dessas variáveis seriam preditoras dessa força. Os resultados
demonstraram que o dinamômetro Jamar é um aparelho fidedigno, e possui leitura
simples e direta.
Outro estudo com o dinamômetro Jamar feito por Moreira et al. (2003) chegou à
conclusão de que este aparelho possui um sistema de calibração que ganhou grande
aceitação clínica na detecção da força de preensão palmar. É um procedimento objetivo,
prático, de fácil utilização, e tem sido utilizado regularmente em estudos de pacientes.
Observa-se, porém, que ainda não existe um protocolo comum durante o procedimento
do teste, apesar das recomendações estabelecidas pela SATM. Os autores sugerem
novos estudos para padronizar o procedimento, principalmente com relação ao índice de
massa corporal, patologias diversas, práticas desportivas, entre outras variáveis.
As orientações aos participantes deste estudo seguiram as indicações e
recomendões da SATM (descrito e ilustrado na Figura 3).
44
A criança foi orientada a permanecer sentada em um banco giratório sem
encosto e com regulagem de altura do assento, de acordo com o seu
biótipo.
Foi orientado para que a criaa ficasse com os pés apoiados no chão
com flexão de joelhos e quadril de 90º. O ombro ficou aduzido junto ao
tronco, o cotovelo a 90º com antebraço em posição neutra sem que
houvesse desvios, enquanto o pesquisador sustentava o dinamômetro.
A criança foi orientada a realizar o movimento de preensão o mais forte
que conseguisse.
Foram realizadas três repetições, alternando o membro avaliado. Foi
respeitado o intervalo entre uma tentativa e outra de um minuto, havendo
desta forma, o controle da fadiga muscular durante a realização do teste.
Como resultado, valeu a medida mais alta.
Figura 3: Posição do corpo durante a execução do teste de preensão manual.
Fonte – Godoy et al. (2005 p, 161)
Antes de iniciar o teste, a criança pôde manipular o dinamômetro para maior
familiarização.
Mathiovetz et al. (1985) recomendam que a média de três tentativas seja
respeitada, pois esse método resultou em uma melhor confiabilidade teste-reteste
comparando à obtida com uma tentativa ou com a melhor entre duas tentativas.
Apesar das recomendações estabelecidas pela SATM, ainda o existe um
protocolo comum durante o procedimento do teste. Existe a necessidade de que novos
45
estudos sejam padronizados com relação à força de preensão, no que se refere, entre
outras questões, ao índice de massa corporal, patologias e práticas esportivas
(MOREIRA et al., 2003).
Existem diversos estudos com crianças, com o uso do dinamômetro Jamar.
Moura (2008) fez um estudo transversal com 600 pessoas sadias, sendo 300 pessoas do
sexo feminino, e 300 pessoas do sexo masculino, que variavam da idade pré-escolar, até
a 3ª idade. A força de preensão foi correlacionada com sexo e idade. Os resultados
mostraram que os homens apresentaram resultado de força maior que as mulheres em
todas as fases de desenvolvimento, porém, crianças em fase pré-escolar (2-5 anos) e
escolar (6-9 anos) apresentaram semelhanças em suas forças médias.
Van Der Beld et al. (2006) avaliaram a força de preensão em 67 crianças com
idade de 4 a 11 anos com o dinamômetro Jamar. O objetivo do estudo foi avaliar a
precio do aparelho em crianças com miopatia. Concluíram que o dinametro Jamar
é um ótimo método para avaliar a precisão da força, porém não tem sensibilidade em
testar a extensão da miopatia.
Smet e Vercammen (2001) avaliaram 487 crianças sadias na faixa etária de 5 a
15 anos, e, diante dos resultados elaboraram um banco de dados normativos da força de
preensão, de acordo com sexo, dominância de mão e idade, utilizando o dinametro
Jamar. A medida de força foi mensurada somente uma vez. Foi observado que a força
de preensão entre ambos os sexos era semelhante até os 12 anos de idade, aumentando
em 25% a força dos meninos em comparação à das meninas, conforme a idade
aumentava.
4.5.2 Avaliação da destreza manual:
Foi utilizado o Teste da Caixa e Blocos, que consiste no transporte de pequenos
cubos de madeira de um lado para o outro durante 1 minuto. Esses blocos devem ser
levados de uma extremidade a outra de uma caixa de madeira com divisória. O número
de blocos deve ser registrado para membro superior direito e esquerdo, mediante duas
tentativas.
Para a aplicação deste teste, foi utilizada uma caixa de madeira com 53,7 cm de
comprimento, com uma divisória, também de madeira, mais alta que as bordas da caixa,
separando-as em dois compartimentos iguais. Foram utilizados 150 blocos, também de
madeira, e em forma de cubos, de 2,5 cm de diâmetro (Figura 4). Na descrição do teste,
pede-se um ambiente silencioso.
46
Figura 4: Modelo de caixa para o teste da Caixa e Blocos
Fonte – Autora
Todas as recomendações indicadas no estudo de Mendes et al. (2001), foram
utilizadas na realização deste teste. Apenas uma adaptação foi realizada, conforme
apontado por Germano (2008), que sugere o fechamento dos orifícios centrais da caixa
para evitar dispersão da atenção durante a prova.
O participante avaliado sentou-se em uma cadeira adequada à sua altura. A caixa
foi colocada horizontalmente à frente do examinador, a fim de que tivesse visão total da
área e equipamentos. Foi dado o seguinte comando: “quero ver com que rapidez você
consegue pegar um bloco de cada vez, e colocá-lo até o outro compartimento da caixa”.
A atividade foi demonstrada para que a criança pudesse assimilar o que estava sendo
pedido. Para as crianças com SD, a explicação foi feita cuidadosamente para garantir
que a criança compreendeu o que estava sendo pedido.
A criança foi orientada a pegar um bloco por vez, pois ela pegasse dois blocos
ao mesmo tempo, seria contado apenas um ponto. Se a ela derrubasse algum bloco na
mesa ou no co, o precisaria perder tempo em pegar o bloco, e este contaria como
um ponto.
A criança teve 15 segundos de treino. O tempo de 1 minuto foi cronometrado
pelo cronômetro Sport Timer. O teste foi iniciado sempre pela mão dominante. Depois,
repetiu-se o teste com a mão não dominante. Durante a passagem dos blocos houve
contagem em voz alta do número de blocos transportados.
47
O resultado do teste é expresso por um escore que indica o número de blocos
transportados de um compartimento para o outro em 1 minuto. Para a análise, foram
selecionados os resultados obtidos na segunda tentativa, por apresentarem os melhores
valores de destreza manual.
Para ambos os testes, todos os resultados obtidos foram registrados na ficha de
coleta de dados (Figura 1), para posterior alise. Todas as crianças participantes do
estudo demonstraram compreender a execução dos testes, havendo interesse e
participação, a fim de que houvesse confiabilidade nos resultados.
Tanto o procedimento do teste de força de preensão com o dinamômetro Jamar,
como o do Teste da Caixa e Blocos, foram exercitados pela pesquisadora em um estudo
piloto com 5 crianças de 9 à 11 anos, e em 8 adultos de 23 à 60 anos.
4.6. Análises estatísticas:
Os dados foram coletados, agrupados em tabelas (anexos 3 e 4) e analisados. A
amostragem não foi probabistica, uma vez que cabia ao sujeito da pesquisa o direito de
não participar, porém a amostragem é considerada criteriosa, uma vez que o critério de
incluo na pesquisa foi claramente determinado, não havendo possibilidade de
mudança na representatividade da amostra se mudasse o pesquisador (BOLFARINE;
BUSSAB, 2005).
O teste de uma hipótese estatística é um procedimento que permite decidir com
base em informações experimentais pela rejeição ou não rejeição de uma hipótese
estatística. A hipótese nula (H
0
) é a hipótese que é sempre testada e que sempre deve
conter um sinal de igualdade com relação ao valor do parâmetro especificado. Quando
não se rejeita a hipótese nula, é possível concluir que não existem evidências
suficientes para garantir a sua rejeição (CYMROT, 2009).
Denomina-se erro tipo I quando se rejeita uma hipótese que é verdadeira. O
nível de signifincia α é a probabilidade de se cometer este erro. Neste estudo foi
fixado um nível de significância igual a 0,05. O vel descritivo do teste ou valor-P é a
probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou mais extrema que o resultado,
a partir dos dados da amostra, dado que a hipótese nula H
0
testada seja realmente
verdadeira. Rejeita-se a hipótese testada toda vez que seu valor-P for inferior ao nível de
significância do teste, neste estudo igual a 0,05 (CYMROT, 2009).
Foram realizados testes de independência para as variáveis grupo (controle e
SD) e gênero, e para as variáveis grupos (controle e SD) e idade, a fim de se conhecer se
48
as variáveis gênero e idade se distribuíam de forma semelhante nos dois grupos
(CONOVER, 1999).
Como os testes de hipótese para comparação de médias exigem a suposição de
distribuão Normal para amostras com tamanho inferior a 30, foram realizados testes
de Anderson-Darlin para a confirmação desta suposição em relação a todas as variáveis
envolvidas. O teste utilizado para a comparação de dias para duas amostras não
pareadas com variâncias desconhecidas foi o teste t-de Student. Este teste é feito de
formas distintas quando as variâncias dos dois grupos o ou não consideradas
estatisticamente iguais. Como as distribuições das variáveis foram sempre Normais,
para teste de comparação de variâncias foram realizados testes F de Fisher
(MONTGOMERY; RUNGER, 2003).
Quando os dados das amostras estavam pareados, foram realizados testes t-de
Student para a diferença média (MONTGOMERY; RUNGER, 2003).
Ao se comparar a média de três grupos (no caso das respostas em função da
idade) foram realizadas análises de variância não-paramétricas por meio do teste de
Kruskal-Wallis, uma vez que o número de elementos em cada grupo era muito reduzido
e o experimento era não balanceado (CONOVER, 1999).
Os testes para diferenças em grupos pareados foram ilustrados por meio de
histogramas para as difereas, e os testes para difereas em grupos não pareados bem
como as análises de variâncias foram ilustrados por meio de gráficos de valores
individuais.
Para variáveis de interesse foram calculadas algumas estatísticas descritivas
como adia, o desvio padrão e o coeficiente de variação. Esta última estatística
descritiva fornece uma informação com respeito à comparação de homogeneidade entre
grupos, isto é, quanto menor o coeficiente de variação, mais homogêneo é aquele grupo
(CYMROT, 2009).
Foram também testadas as correlações entre força de preensão dominante e
destreza manual dominante utilizando-se o coeficiente de correlação de Pearson. Tais
testes foram ilustrados por meio de gráficos de dispersão com reta de mínimos
quadrados (MONTGOMERY; RUNGER, 2003).
Os dados foram analisados por meio do programa estatístico Minitab.
49
5. RESULTADOS
As variáveis estudadas foram:
a) nero;
b) idade;
c) força de preensão para a dominância no grupo controle;
d) destreza manual para a dominância no grupo controle;
e) força de preensão para a dominância no grupo SD;
f) destreza para a dominância no grupo SD;
g) força de preensão para a mão direita no grupo SD.
Primeiramente foram realizados testes de hipótese de independência entre as
variáveis ter ou não a Síndrome de Down e sexo (P = 0,774) e ter ou o a Síndrome de
Down e idade (P = 0,488). Como ambos os níveis descritivos P foram superiores ao
nível de significância de 5%, conclui-se que independência entre estes pares de
variáveis aleatórias, de modo que o sexo e a idade não devem interferir nos resultados
obtidos na comparação entre os grupos com e sem a Síndrome de Down.
Em seguida foi realizada uma análise descritiva para cada variável, calculando-
se sua dia, desvio padrão e coeficiente de variação, Foi então testada a hipótese de
que as variáveis têm distribuição Normal. Esta suposição é necessária, uma vez que os
desvios padrões das amostras são desconhecidos e o cálculo de intervalos com intervalo
com 95% de confiaa para cada média é realizado utilizando-se a distribuição t-de
Student. Esta pode ser usada se as distribuições de origem forem Normais, uma vez
que amostras com tamanho inferior a 30. Esta suposição de normalidade também
será usada na comparação entre pares de médias das variáveis de interesse.
Para exemplificar um teste de aderência à normalidade apresenta-se o Gráfico de
Probabilidade Normal para a força de preensão da mão direita para o grupo SD (Gráfico
1). Quando todos os pontos podem ser cobertos por um “lápis grosso” em torno da reta,
tem-se uma indicação descritiva da aderência à distribuição Normal. O nível descritivo
(valor-P) superior ao nível de significância de 5% confirma esta aderência.
50
15,012,510,07,55,0
99
95
90
80
70
60
50
40
30
20
10
5
1
força de pree nsão direita com SD
porcentagem
média 9 ,3 4 6
desv io-padr ão 2 ,4 3 2
N 2 6
A D 0 ,4 4 4
valor -P 0 ,2 6 4
Gráfico de Probabilidade Normal para a força de preensão dire ita com SD
Gráfico 1: Gráfico de Probabilidade Normal para a força de preensão direita em GSD
As Tabelas 3 e 4 abaixo apresentam os resultados dos testes de aderência à
distribuão Normal para as variáveis de interesse em ambos os grupos. Também foram
calculadas as estatísticas descritivas média, desvio padrão e coeficiente de variação.
Para cada variável também foi calculado um intervalo com 95% de confiança para a sua
média.
Tabela 3: Estatísticas e teste de aderência à Distribuição Normal para a força de
preensão
Estasticas
força de preeno foa de preensão
força de preensão
força de preeno força de preensão
força de preeno
mão direita mão esquerda
para a dominância
mão direita mão esquerda
para a dominância
valor-P distribuão Normal 0,099 0,091 0,147 0,264 0,351 0,299
n 30 30
30
26
26
26
média 15,967 14,667 15,933 9,346 8,308 9,154
desvio-pado
4,013 3,933 4,068 2,432 2,724 2,649
coeficiente de variação
25,133 26,815 25,532 26,022 32,788 28,938
LI para o I.C. para a média 14,468 13,198 14,414 8,364 7,207 8,084
LS para o I.C. para a média
17,465 16,135 17,452 10,329 9,408 10,224
Grupo controle Grupo SD
Tabela 4: Estatísticas e teste de aderência à Distribuição Normal para a destreza manual
Estatísticas destreza destreza destreza destreza destreza destreza
mão direita mão esquerda
para a dominância
mão direita mão esquerda
para a dominância
valor-P distribuição Normal 0,307 0,918 0,601 0,457 0,620 0,337
n 30 30
30
26
26
26
dia 45,17 41,87 45,23 18,42 17,12 18,46
desvio-padrão
9,83 9,53 9,46 7,92 6,26 7,82
coeficiente de variação 21,762 22,761 20,915 42,997 36,565 42,362
LI para o I.C. para a dia
41,5 38,31 41,7 15,23 14,59 15,30
LS para o I.C. para a média 48,84 45,42 48,77 21,62 19,65 21,62
Grupo controle Grupo SD
51
Todas as variáveis aderiram à distribuição Normal, pois seus níveis descritivos
(valor-P) foram todos superiores a 0,05.
Quanto maior o coeficiente de variação, maior a dispersão dos dados, isto é mais
heterogêneos são os dados. Nota-se que para a destreza manual os dados encontram-se
mais heterogêneos para os indivíduos com a SD do que para os pertencentes ao grupo
controle.
A Tabela 5 apresenta o resultado de testes de hipótese comparando dentro de
cada grupo as variáveis força de preensão e destreza manual.
Tabela 5: Testes para a diferença entre as médias das variáveis
grupo
média da diferença desv. padrão da diferença coef. de variação T observado valor-P
força dominante força não dominante
1,233 2,285
53,96
2,96 0,003
destreza dominante destreza não dominante 3,433 5,437 63,14 3,46 0,001
força dominante força não dominante 0,654 2,208 29,62 1,51 0,072
SD força mão direita força mão esquerda 1,038 2,049 50,66 2,58 0,008
destreza dominante destreza não dominante 1,385 3,848 35,99 1,83 0,039
controle
Comparação das médias
pares de variáveis observadas
Foram testadas, ao nível de significância de 5% se a média para a variável na
mão dominante é no máximo igual à média para a variável na mão o dominante. Para
o grupo controle, as duas hipóteses foram rejeitadas (valor-P respectivamente iguais a
0,003 e 0,001) e conclui-se que tanto a força de preensão quanto a destreza manual
média da mão dominante é superior à da o não dominante. para o grupo SD
somente a hipótese de que a destreza manual média para a mão dominante é no máximo
igual à destreza manual média para a mão não dominante foi rejeitada (valor-P igual a
0,039), concluindo-se, portanto, que a destreza manual média da mão dominante é
superior à da mão não dominante. Para a força de preensão dia da o foi então
testada se a força de preensão média da mão direita é no máximo igual à força de
preensão dia da mão esquerda. Esta hipótese foi rejeitada (valor-P igual a 0,008) e
conclui-se que a força de preensão dia da mão direita é superior à da mão esquerda.
Os gráficos 2, 3, 4, 5 e 6 ilustram estes testes de hipótese. Eles apresentam o
histograma das diferenças. Quanto mais assimétricos à direita, mais positiva é a
diferença. A flecha azul mostra a região de não rejeição e marca o local da dia das
diferenças. Quando o zero está fora desta região é sinal que a hitese foi rejeitada.
Verifica-se que a única hipótese não rejeitada foi a exibida no gráfico 4, e conclui-se em
concordância com a Tabela 5, que a força de preensão dia da mão dominante foi no
máximo igual a média da mão não dominante.
52
6420-2-4
8
6
4
2
0
X
_
Ho
diferença
Frequência
Histograma para diferenças de dominância para a força de preensão semndrome
Gráfico 2: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para a
força de preensão no grupo controle
20151050-5
12
10
8
6
4
2
0
X
_
Ho
diferença
Frequência
Histograma para diferenças de dominância para a destreza sem síndrome
Gráfico 3: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para a
destreza manual no grupo controle
53
420-2-4
6
5
4
3
2
1
0
-1
X
_
Ho
diferença
Frequência
Histograma para diferenças de dominância para a força de preeno comndrome
Gráfico 4: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para a
força de preensão no grupo SD
420-2
6
5
4
3
2
1
0
-1
X
_
Ho
diferença
Frequência
Histograma para diferenças de lados para a força de preensão com síndrome
Gráfico 5: Histograma com teste de hipótese para a diferença de lados para a força de
preensão no grupo SD
54
10,07,55,02,50,0-2,5-5,0
10
8
6
4
2
0
X
_
Ho
diferença
Frequência
Histograma para diferenças de domincia para a destreza com ndrome
Gráfico 6: Histograma com teste de hipótese para a diferença de dominância para a
destreza manual no grupo SD
Foram calculadas as correlações entre força de preensão dominante e destreza
manual dominante para os grupos controle e SD.
Para o grupo controle o coeficiente de correlação de Pearson entre força de
preensão dominante e destreza manual dominante foi igual a 0,473. Ao se realizar um
teste de hitese para saber se este era significantemente igual a zero, o valor-P
encontrado foi igual a 0,008, rejeitando-se ao nível de significância de 5% esta hipótese
e concluindo-se que uma relação linear entre as variáveis força de preensão
dominante e destreza manual dominante para o grupo controle.
O gráfico 7 apresenta os resultados de dispersão para a força de preensão
dominante e destreza manual dominante no grupo controle, com a reta de mínimos
quadrados estimada.
55
706050403020
24
22
20
18
16
14
12
10
destreza dominante
força dominante
Gráfico de dispersão para força dominante e destreza dominante no grupo controle
Gráfico 7: Resultados de dispersão para a força de preensão dominante e destreza
manual dominante no grupo controle
Para o grupo SD o coeficiente de correlação de Pearson entre força de preensão
dominante e destreza manual dominante foi igual a 0,317. Ao se realizar um teste de
hipótese para saber se este era significantemente igual a zero, o valor-P encontrado foi
igual a 0,115, o se rejeitando ao nível de signifincia de 5% esta hipótese e
concluindo-se que não há uma relação linear entre as variáveis força de preensão
dominante e destreza manual dominante para o grupo SD.
O gráfico 8 apresenta os resultados de dispersão para a força de preensão
dominante e destreza manual dominante no grupo SD, com a reta de mínimos
quadrados estimada.
40353025201510
15,0
12,5
10,0
7,5
5,0
DESTREZA DOMINA NTE C
FOA DOMINANTE C
Gráfico de disper sã o para a força domin ante e dest reza domina nt e no grupo SD
Gráfico 8: Resultados de dispersão para a força de preensão dominante e destreza
manual dominante no grupo SD
56
Para o grupo SD o coeficiente de correlação de Pearson entre força de preensão
da mão direita e destreza manual dominante foi igual a 0,372. Ao se realizar um teste de
hipótese para saber se este era significantemente igual a zero, o valor-P encontrado foi
igual a 0,062, o se rejeitando ao nível de signifincia de 5% esta hipótese e
concluindo-se que não há uma relação linear entre as variáveis força de preensão da
mão direita e destreza manual dominante para o grupo SD. Note, entretanto, que o
valor-P está bem próximo de 0,05, embora seja superior a ele. Recomenda-se em
estudos futuros um aumento no tamanho do grupo SD, pois este resultado pode se
alterar com o aumento do tamanho da amostra.
O gráfico 9 apresenta os resultados de dispersão para a força de preensão
dominante e destreza manual dominante no grupo SD, com a reta de mínimos
quadrados estimada.
40353025201510
15,0
12,5
10,0
7,5
5,0
destreza dominante
força da mão direita
Gráfico de dispersão para força da o direita e destreza dominante no grupo SD
Gráfico 9: Resultados de dispersão para a força de preensão da o direita e destreza
manual dominante no grupo SD
Para todos os testes de comparação de média foram testadas as distribuições de
probabilidade de cada variável e todas aderiram à distribuição Normal. Sendo assim
todos os testes realizados de comparação entre as médias, utilizaram a distribuição t-de-
Student.
Para a comparação da média entre força de preensão dominante entre grupos, o
teste de igualdade de variâncias F foi rejeitado (P = 0,032). Neste caso foi realizado um
57
teste t-de Student cuja hipótese é de que a força de preensão média dominante do grupo
controle é no máximo igual à média para a força de preensão média dominante do grupo
SD, supondo variâncias diferentes para os dois grupos. Este teste foi rejeitado (valor-P =
0,000), logo, conclui-se, ao nível de significância de 5%, que a força de preensão dia
dominante do grupo controle é superior à força de preensão média dominante do grupo
SD. Tal resultado é apresentado na Tabela 5. O gráfico 10 ilustra este teste de hipótese.
Tabela 6: Tamanho dos grupos, dia, desvio padrão, coeficiente de variação para cada
grupo e teste de hipótese para a diferença entre a força de preensão dominante média
nos dois grupos
Força dominante n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
grupo controle
30 15,93 4,07 25,55
grupo SD 26 9,15 2,65 28,96
diferença 6,78 7,26 0,000
Força dominante S DForça dominante controle
25
20
15
10
5
dados
Gráfico de valores individuais para a força dominante entre os grupos
Gráfico 10: Valores individuais para a força de preensão dominante nos dois grupos
Para a comparação da média entre destreza manual dominante entre grupos, o
teste de igualdade de variâncias F não foi rejeitado (P = 0,337). Neste caso foi realizado
um teste t-de Student cuja hipótese é de que a destreza manual média dominante do
grupo controle é no máximo igual à dia para a destreza manual dia dominante do
grupo SD supondo variâncias iguais para os dois grupos. Este teste foi rejeitado (valor-P
= 0,000), logo, conclui-se, ao nível de significância de 5%, que a destreza manual média
58
dominante do grupo controle é superior à destreza manual média do grupo SD. Tal
resultado é apresentado na Tabela 6. O gráfico 11 ilustra este teste de hipótese.
Tabela 7: Tamanho dos grupos, dia, desvio padrão, coeficiente de variação para cada
grupo e teste de hipótese para a diferença entre a destreza manual dominante nos dois
grupos
Destreza manual dominante n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
grupo controle
30 45,23 9,46 20,92
grupo SD 26 18,46 7,82 42,36
diferença 26,77 11,43 0,000
Destreza manual S DDestreza manual controle
70
60
50
40
30
20
10
0
dados
Gráfico de valores individuais para a destreza entre os grupos
Gráfico 11: Valores individuais para a destreza manual dominante nos dois grupos
Para testar a igualdade entre as variáveis nas três idades (7, 8 e 9 anos) dentro de
cada grupo foram realizadas análises de variância o paramétricas por meio do teste de
Kruskal-Wallis. Este teste foi escolhido devido ao número diferente de elementos por
idade e devido a estes números serem muito pequenos.
Utilizando-se um nível de significância de 5%, são considerados críticos (valores
que levam à rejeição da hipótese) valores de Z inferiores a – 1,96 e superiores a 1,96.
A Tabela 8 apresenta a saída do programa Minitab para o teste de Kruskal-
Wallis.
No grupo controle, para a força de preensão dominante, foi fornecido H = 7,92,
com dois graus de liberdade e valor-P igual a 0,021 para o teste que leva em conta os
59
empates de postos. Como o nível descritivo foi menor que 0,05, ao nível de
significância de 5%, rejeita-se a hipótese de igualdade para todas as médias.
Observando-se as medianas dos postos para cada idade, verifica-se que para a idade de
7 anos o posto médio foi inferior aos demais. Para esta idade o valor do posto dio
diferiu significantemente do posto médio geral (Z = 2,33 < 1,96). Para a idade de 9
anos o posto dio foi superior aos demais. Para esta idade o valor do posto dio
diferiu significantemente do posto médio geral (Z = 2,49 > 1,96). Conclui-se, ao nível
de significância de 5% que para o grupo controle a força de preensão média aumenta
com a idade.
No grupo controle, para a destreza manual dominante, foi fornecido H = 9,64,
com dois graus de liberdade e valor-P igual a 0,008 para o teste que leva em conta os
empates de postos. Como o nível descritivo foi menor que 0,05, ao nível de
significância de 5%, rejeita-se a hipótese de igualdade para todas as médias.
Observando-se as medianas dos postos para cada idade, verifica-se que para a idade de
7 anos o posto médio foi inferior aos demais. Para esta idade o valor do posto dio
diferiu significantemente do posto médio geral (Z = 3,08 < 1,96). Conclui-se, ao
nível de significância de 5% que para o grupo controle a destreza manual média é
inferior aos 7 anos de idade.
Tabela 8: Idade, tamanho dos grupos, mediana, posto e médio, Z observado para
a força de preensão dominante e para a destreza manual dominante no grupo controle
idade n mediana posto médio Z idade n mediana posto médio Z
7 10 12,00 10,2 -2,33 7 10 37,0 8,5 -3,08
8 10 15,00 15,2 -0,15 8 10 49,5 18,3 1,23
9 10 18,50 21,1 2,49 9 10 49,5 19,7 1,85
total 30 15,5 total 30 15,5
Força dominante Destreza manual dominante
Os gráficos 12 e 13 ilustram os dados de valores individuais para a força de
preensão e para a destreza manual dominantes por idade, coletados no grupo controle
(GC).
60
987
24
22
20
18
16
14
12
10
idade
dados
Gráfico de valore s individuais para a força dominante e ntre idades no grupo controle
Gráfico 12: Valores individuais para a força de preensão dominante por idade, no
grupo controle
987
70
60
50
40
30
20
idades
dados
Gráfico de valores individuais para a destreza dominante entre idade no grupo controle
Gráfico 13: Valores individuais para a destreza manual dominante por idade, no grupo
controle
A Tabela 9 apresenta a saída do programa Minitab para o teste de Kruskal-
Wallis.
No grupo SD, para a força de preensão dominante, foi fornecido H = 9,64, com
dois graus de liberdade e valor-P igual a 0,902 para o teste que leva em conta os
empates de postos. Como o nível descritivo foi maior que 0,05, ao nível de significância
de 5%, não se rejeita a hipótese de igualdade para todas as médias no grupo SD.
61
No grupo SD, para a destreza manual dominante, foi fornecido H = 2,39, com
dois graus de liberdade e valor-P igual a 0,303 para o teste que leva em conta os
empates de postos. Como o nível descritivo foi maior que 0,05, ao nível de significância
de 5%, não se rejeita a hipótese de igualdade para todas as médias no grupo SD.
Os gráficos 14 e 15 abaixo ilustram os dados de valores individuais para a força
de preensão e para a destreza manual dominantes por idade coletados no grupo SD.
Tabela 9: Idade, tamanho dos grupos, mediana, posto e médio, Z observado para a força
de preensão dominante e para a destreza manual dominante no grupo SD
idade n mediana posto médio Z idade n mediana posto médio Z
7 11 9,00 13,7 -0,44 7 11 14,0 11,4 -1,22
8 10 9,00 13,9 0,24 8 10 16,5 13,8 0,13
9 5 10,00 14,3 0,26 9 5 23,0 17,7 1,37
total 26 13,5 total 26 13,5
Destreza manual dominanteForça dominante
987
15,0
12,5
10,0
7,5
5,0
idade
dados
Gráfico de valores individuais para a força dominante entre idades no grupo SD
Gráfico 14: Valores individuais para a força de preensão dominante por idade, no
grupo SD
62
987
40
35
30
25
20
15
10
idade
dados
Gráfico de valores individuais para a destreza dominante entre idade no grupo SD
Gráfico 15: Valores individuais para a destreza manual dominante por idade, no grupo
SD
A seguir foram comparadas as médias das variáveis força de preensão dominante
e destreza manual dominante nos dois sexos, dentro de cada grupo (controle ou SD).
Para todos os testes de comparação de média entre sexos foram testadas as distribuições
de probabilidade de cada variável e todas aderiram à distribuição Normal. Sendo assim
todos os testes realizados de comparação entre as médias utilizaram a distribuição t-de-
Student. Para cada comparação foram realizados testes de igualdade de variância para
cada variável nos dois sexos, em cada grupo (controle e SD) e em todos eles, esta
condição foi satisfatória, portanto o teste utilizado na comparação de dias foi o teste
t-de Student, supondo variâncias iguais para os dois sexos.
Para a comparação da média da força de preensão dominante entre gêneros no
grupo controle, foi testada a hipótese de que a força de preensão média dominante no
sexo feminino é igual à força de preensão média dominante no sexo masculino. Este
teste não foi rejeitado (valor-P = 0,379), logo, concluiu-se ao nível de significância de
5% que, para o grupo controle, a força de preensão média dominante é igual no nero
feminino e masculino.
Para a comparação da dia da destreza manual dominante entre gêneros no
grupo controle foi testada a hipótese de que a destreza manual média dominante no sexo
feminino é igual à destreza manual média dominante no sexo masculino. Este teste não
foi rejeitado (valor-P = 0,778), logo, concluiu-se ao nível de significância de 5% que,
63
para o grupo controle, a destreza manual média dominante é igual no gênero feminino e
masculino.
Para a comparação da média da força de preensão dominante entre gêneros no
grupo SD foi testada a hipótese de que a força de preensão média dominante no gênero
feminino é igual à força de preensão média dominante no gênero masculino. Este teste
não foi rejeitado (valor-P = 0,756), logo, concluiu-se ao nível de significância de 5%
que, para o grupo SD, a força média dominante é igual no gênero feminino e masculino.
Para a comparação da dia da destreza manual dominante entre gêneros no
grupo SD foi testada a hipótese de que a destreza manual média dominante no gênero
feminino é igual à destreza manual média dominante no gênero masculino. Este teste
não foi rejeitado (valor-P = 0,338), logo, concluiu-se ao nível de significância de 5%
que, para o grupo SD, que a destreza manual média dominante é igual no gênero
feminino e masculino.
As Tabelas 10, 11, 12 e 13 abaixo, apresentam os resultados destes testes de
hipótese.
Tabela 10: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio pado, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da força de preensão média
dominante no grupo controle
Gênero n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
feminino
15 15,27 3,73 24,43
masculino 15 16,60 4,40 26,51
diferença -1,33 -0,89 0,379
Tabela 11: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio pado, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da destreza manual média
dominante no grupo controle
Gênero n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
feminino
15 45,73 10,60 23,18
masculino 15 44,73 8,51 19,03
diferença 1,00 0,28 0,778
64
Tabela 12: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio padrão, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da força de preensão média
dominante no grupo SD
Gênero n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
feminino
12 9,33 2,74 29,37
masculino 14 9,00 2,66 29,56
diferença 0,33 0,31 0,756
Tabela 13: Gênero, tamanho dos grupos, média, desvio pado, coeficiente de variação
para cada grupo e teste de hipótese para a diferença da destreza manual média
dominante no grupo SD
Gênero n média desvio padrão coef. variação
T observado valor-P
feminino
12 20,08 8,02 39,94
masculino 14 17,07 7,67 44,93
diferença 3,01 0,98 0,338
Os gráficos 16, 17, 18 e 19 abaixo ilustram os dados coletados em cada grupo.
Força dominante controle masc.Força dominante controle fem.
24
22
20
18
16
14
12
10
dados
Gráfico de valores individuais para a força dominante entreneros no grupo controle
Gráfico 16: Valores individuais para a força de preensão dominante por gênero, no
grupo controle
65
Destreza manual controle masc.Destreza manual controle fem.
70
60
50
40
30
20
dados
Gráfico de valores individuais para a destreza dominante entre gêneros no grupo controle
Gráfico 17: Valores individuais para a destreza manual dominante por gênero, no grupo
controle
Força dominante SD masc.Força dominante SD fem.
15,0
12,5
10,0
7,5
5,0
dados
Gráfico de valores individuais para a força dominante entre gêneros no grupo SD
Gráfico 18: Valores individuais para a força de preensão dominante por gênero, no
grupo SD
66
Destreza manual SD masc.Destreza manual SD fem.
40
35
30
25
20
15
10
dados
Gráfico de valores individuais para a destreza dominante entre gêneros no grupo SD
Gráfico 19: Valores individuais para a destreza manual dominante por gênero, no grupo
SD
67
6. DISCUSSÃO
A análise da força de preensão e destreza manual pode ser considerada uma das
formas de verificação da funcionalidade manual. As tarefas motoras e sensoriais
executadas pela mão são organizadas de forma a atender o bom funcionamento geral do
corpo em termos de desempenho, nas atividades de vida diária, necessárias para
sobrevivência (DURWARD, et al., 2001).
A maior parte da literatura pesquisada a respeito da funcionalidade da mão
utiliza a avaliação da força, e da destreza manual, por serem aspectos de grande
facilidade para medição e objetividade nos resultados. (DURWARD, et al., 2001).
Neste estudo, nota-se que tanto o teste de força de preensão manual com o
dinamômetro Jamar, quanto o teste da Caixa e Blocos para a destreza manual
mostraram-se apliveis para a população com SD.
Diversos estudos comprovam a eficácia do dinamômetro Jamar. A Sociedade
Americana dos Terapeutas de o (SATM) recomenda o uso do dinamômetro Jamar
para avalião da força de preensão manual. O dinamômetro Jamar é um dos aparelhos
mais utilizados para medir a força de preensão manual, e destaca-se pela alta
confiabilidade, precisão e objetividade (CAPORRINO et al., 1998; MOREIRA, 2003;
GODOY et al., 2004, 2005).
Em relação ao teste da Caixa e Blocos, pouco material foi encontrado na
literatura, porém, ficou claro que este é um teste simples, de repetição, e que exige
pouca coordenação olho-mão (SMITH e WILSON, 1976). Pueschel (1993) salienta que
tarefas de repetição envolvendo coordenação podem ser realizadas por crianças com SD
quando bem estimuladas.
Algumas modificações foram feitas no procedimento dos testes. No teste de
força de preensão foi necessária a utilização da manopla na posição 1’ em apenas duas
crianças, por apresentarem dedos e os muito pequenos. Nas demais, a manopla foi
mantida na posição ‘2’, por ser a melhor para a medição da força, como recomendado
na literatura pesquisada (CAPORRINO et al., 1998; MOREIRA, 2003).
No teste da Caixa e Blocos, a única adaptação feita em relação ao procedimento,
foi o fechamento dos orifícios da caixa, que servem para o transporte da mesma, a fim
de evitar dispersão e a mudança na execução da tarefa, de acordo com recomendação de
Germano (2008).
68
De acordo com as análises estatísticas, os grupos estudados (GC e GSD)
mostraram-se homogêneos, o que possibilitou as comparações e correlações entre eles e
dentro dos mesmos. Apesar do número da amostra dos grupos não ser igual, os testes
estatísticos mostraram que o gênero e a idade não interferiram nos resultados obtidos
para a comparação entre os grupos.
No desempenho dos grupos (controle e SD) em relação aos lados dominante e
não-dominante, os resultados comprovaram que no grupo controle, tanto a força de
preensão quanto a destreza manual foram maiores na mão dominante, em relação à mão
não dominante.
Em relação à força de preensão, para o grupo controle, estes resultados vêm ao
encontro de dados obtidos em outros estudos, que comprovam que a mão dominante é
mais forte que a mão não-dominante (GIAROLLA et al., 1991; CAPORRINO et al.,
1998; SARTÓRIO et al. 2002). Quanto à destreza manual, os resultados do estudo de
Mendes et al. (2001) com pessoas normais e pessoas com esclerose ltipla, na faixa
etária de 15 a 18 anos, se contrapõe aos resultados obtidos no presente estudo. No
estudo citado, não foram encontradas diferenças significantes nos resultados de destreza
manual quanto à lateralidade.
Para o grupo SD, apenas a hipótese de que a destreza manual é maior na mão
dominante do que na mão não-dominante foi confirmada. Este dado está de acordo com
os resultados referidos por Mathiowetz et al. (1985) e Germano (2008), que indicam
melhor desempenho no teste para o lado dominante.
A força de preensão não foi maior na mão dominante em relação a não-
dominante neste grupo. Este resultado confirma o estudo de Mathiowetz et al. (1986),
realizado com crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 19 anos, onde constataram
que a mão dominante não tem efeito significativo nos resultados de força. Porém,
estudos encontrados na literatura, inclusive com pessoas com SD, referem que a mão
dominante apresenta melhores resultados nos dois gêneros (feminino e masculino) em
todas as idades analisadas (D’OLIVEIRA, 2005; MOREIRA, 2003; GODOY e
BARROS, 2005a).
Por esta razão, no grupo SD, foi testada se a força da o direita é maior do que
a da mão esquerda. Esta hipótese foi confirmada. Moreira et al. (2001) relatam que não
há predomínio da força em relação ao padrão de dominância da mão, e discutem que a
mão direita na maioria dos estudos, é mais forte que a esquerda, em função dos
indivíduos terem de se adaptar para viver em uma sociedade organizada para pessoas
69
destras, onde os canhotos, consequentemente, são forçados a exercitar o lado não-
dominante, elevando a média dos resultados da mão direita.
Soares et al. (1986) realizaram um estudo com escolares de 7 a 15 anos,
constatando que não houve diferença significativa entre a força da mão direita e a força
da mão esquerda, sendo este resultado contrário ao que foi observado nesse e em outros
estudos (D’OLIVEIRA, 2005; MOREIRA, 2003; GODOY e BARROS, 2005a;
MOREIRA et al., 2001).
Crosby et al. (1994) estudaram a diferença de força de preensão para a mão
dominante e não-dominante em pessoas de 16 a 23 anos. Concluíram que a maioria dos
destros apresenta 10% a mais de força na mão dominante. Para os canhotos, a média de
força de preensão foi a mesma para as duas mãos, e a mão não-dominante, foi mais forte
em 50% das pessoas estudadas.
Em relação às comparações entre os grupos (controle e SD), o presente estudo
mostrou que tanto a força de preensão quanto a destreza manual são significativamente
menores no grupo SD.
Alguns estudos encontrados na literatura como os de Godoy e Barros (2005a),
Sharav et al. (1992) e Pitetti et al. (1992), em relação à força de preensão, indicam que a
diminuição da força, está diretamente associada à hipotonia, muito presente nas pessoas
com SD. Os resultados deste trabalham indicam que a diminuição do tônus muscular
associado à frouxidão ligamentar, são fatores relevantes e significativos para a
população feminina e masculina com SD. Como a força de preensão é um indicativo da
força geral do corpo (Pereira et al., 2001) esta é significativamente menor em pessoas
com SD, se comparadas às pessoas sem a síndrome.
A literatura justifica a falta de força nas pessoas com a SD em decorrência das
características da própria síndrome, como a hipotonia muscular, que pode interferir nas
aquisições do desenvolvimento motor da criança, que acaba por limitar as habilidades
físicas, tanto motora grossa quanto a fina (SCHWARTZMAN, 1999 e PUESCHEL,
1993).
Para a destreza manual, os resultados encontrados neste estudo, mais uma vez
estão de acordo com os resultados encontrados no estudo de Germano (2008), que
indicam desvantagem para os participantes com SD quando comparados ao grupo
controle.
Em relação à idade, força de preensão e destreza manual, o presente estudo
mostrou que, no grupo controle, tanto a força de preensão quanto a destreza manual,
70
aumentam com a idade. Um estudo feito por Giarolla et al., 1991, com crianças e jovens
na faixa etária de 8 à 18 anos, onde analisaram a força de preensão, também está de
acordo com esta afirmação. Esteves et al.,(2005) comprovaram que o
desenvolvimento da força de preensão é progressivo no decorrer da idade, porém, em
relação à faixa etária de 7, 8 e 9 anos, não diferença significativa. Quanto à destreza
manual, no estudo de Mendes et al. (2001), com jovens, adultos e idosos na faixa etária
de 15 a 86 anos, constatou-se que a destreza manual melhora até certa idade, e, que a
partir de aproximadamente 55 anos, a destreza manual revela um decréscimo de
desempenho com o aumento da idade (MATHIOWETZ, et al., 1985).
No grupo SD avaliado o houve evolução com o decorrer da idade, tanto para a
força de preensão quanto para a destreza manual. Embora o número de crianças tenha
sido pequeno e diferente nas faixas etárias estudadas, resultados semelhantes foram
encontrados no estudo de Germano (2008), onde se observou que também o houve
alteração estatisticamente significativa na destreza manual para o grupo SD entre as
idades de 7, 8 e 9 anos.
Neste estudo, o desempenho prejudicado das crianças com SD, em relação às
crianças sem a síndrome, tanto para a força de preensão, quanto para a destreza manual,
pode ter sido influenciado por fatores como o déficit intelectual (SCHWARTZMAN,
1999; PUECHEL, 1993), hipotonia (SCHWARTZMAN, 1999), crescimento físico, que
cessa mais cedo, resultando em pequena estatura (KREBS, 1990), características
antropométricas da mão, que na maioria das vezes se apresenta com o tamanho
pequeno, grossa, com os dedos curtos e o dedo mínimo arqueado, ou seja, levemente
curvado para dentro, podendo interferir no desempenho de tarefas manipulativas
(EICHSTALDT e KALAKIAN apud NABEIRO, 1993).
Em relação à força de preensão, o manual do dinamômetro Jamar, faz referência
ao estudo de Mathiowetz et al. (1984) onde sugere-se que fatores como peso, altura,
tamanho da mão e biotipo, podem realmente influenciar na força de preensão manual.
No presente estudo, alguns fatores que podem influenciar a força de preeno e
destreza manual não fizeram parte dos objetivos traçados e não foram, portanto,
avaliados, como o tamanho das mãos e os dados antropométricos. Constatando as
alterações que podem estar presentes na criança com SD, sugerimos que novos estudos
sejam realizados considerando estas variáveis.
Além dos fatores descritos, outros também podem influenciar na força de
preensão e na destreza manual de pessoas de diferentes faixas etárias, e
71
independentemente se possuem ou não a SD. São eles: massa corporal, percentual de
gordura, e estado nutritivo (SARTÓRIO et al., 2002; KENJLE et al., 2005; GODOY e
BARROS, 2005; MATHIOWETZ et al.,1984, D’OLIVEIRA, 2005).
Em relação ao gênero, os resultados mostraram que, tanto a força de preensão
quanto a destreza manual, se mantiveram semelhantes para meninas e meninos.
Os estudos relacionados com diferença de gênero divergem entre si. Alguns
autores referem que a força de preensão é sempre maior no sexo masculino, em todas as
idades (KENJLE et al., 2005; ESTEVES et al., 2005; GODOY e BARROS, 2005b;
MATHIOWETZ et al., 1986, YIM et al., 2003), outros autores dizem que até os 12
anos de idade a força é semelhante entre os gêneros e posteriormente há um predomínio
de força no sexo masculino (SARTÓRIO et al., 2002; SMET e VERCAMMEN, 2001).
O estudo realizado por Godoy e Barros (2005ª), com adultos de 20 a 40 anos com SD,
mostrou que os resultados de força se mantiveram bem próximos em relação ao nero,
tanto no grupo controle, quanto no grupo SD, como nos resultados desta pesquisa.
Yim et al.(2003) analisaram a força de preensão, força de precisão e destreza
manual em crianças e adolescentes de 7 a 12 anos. Concluíram que a força de preensão
dos meninos foi maior do que a das meninas em todas as faixas etárias, porém não
houve diferença entre gêneros nos resultados da força de precisão e na destreza manual.
Para finalizar, os resultados encontrados no presente estudo mostraram que, no
grupo controle, existe uma correlação significativa entre a força de preensão e destreza
manual, encontrando-se um valor-P igual a 0,008. No grupo SD, não foi houve relação
linear entre força de preensão e destreza manual, encontrando-se um valor-P igual a
0,115. Também não uma relação linear entre força de preensão na mão direita e
destreza manual para este grupo, encontrando-se um valor-P igual a 0,062.
Nota-se, entretanto, que o valor-P (0,062) está bem próximo de 0,05, embora
seja superior a ele. Recomenda-se em estudos futuros, um aumento no tamanho do
grupo SD, pois este resultado pode se alterar com o tamanho da amostra.
72
7. CONCLUSÕES
A partir desse estudo foi possível observar a existência de um déficit na força de
preensão e destreza manual para o grupo com SD quando comparado ao grupo
controle, não sendo encontradas diferenças entre gêneros para ambos os grupos.
A hipótese de correlação entre força de preensão e destreza manual foi
confirmada para o grupo controle, não acontecendo o mesmo para o grupo SD;
A diferença do desempenho com o avanço da idade foi observada para o grupo
controle, porém o grupo SD não demonstrou essa evolução.
Considerando as limitações desse estudo, como o pequeno número de
participantes, a abrangência da faixa etária e a não inclusão de variáveis que
poderiam exercer influência na força de preensão e destreza manual, como o
tamanho da mão, as medidas antropométricas, a composição corporal e o estilo
de vida, observa-se a necessidade da realização de novos estudos que tragam
informações mais detalhadas sobre a força de preensão e destreza manual nas
crianças com SD.
O conhecimento sobre essas habilidades constitui-se em interesse
interdisciplinar, uma vez que os resultados encontrados poderão contribuir para
o planejamento de atividades educacionais, esportivas ou terapêuticas orientadas
por profissionais diversos como educadores físicos, fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, pedagogos, psicólogos e demais envolvidos na estimulação do
desenvolvimento e da autonomia para as atividades diárias da pessoa com SD.
73
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ANEXO 1 - Carta de Informação ao sujeito
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA
O presente trabalho se propõe a estudar a força de preensão e a destreza manual
na criança com SD na faixa etária entre 7 e 9 anos. Os dados para a pesquisa serão
coletados através da aplicação de um teste de avaliação de força com o dinamômetro e
avaliação da destreza manual, com o Teste da Caixa e Blocos. O uso do dinametro
consiste em solicitar à criança que aperte a alça do aparelho o mais forte possível para
obtenção do resultado da força. O TCB consiste em uma caixa de madeira com uma
divisória, no qual será solicitada a transferência de blocos de madeira de uma parte a
outra, durante um minuto e após esse tempo será contado o número de blocos
transferidos. Os testes são de simples compreensão, rápidos e não implicam em nenhum
risco para os participantes.
Os dados coletados serão posteriormente analisados, sendo garantido o sigilo
absoluto sobre as conclusões levantadas, resguardando-se o nome dos participantes e
locais de vínculo. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando
contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Aos participantes cabe o
direito de retirar-se do estudo em qualquer momento, sem prejuízo algum.
Paula Aivazoglou Priosti Profª Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
Pesquisadora responsável Orientadora
Fone para contato: (11) 9915-7006 Fone para contato: (11) 3555-2002
e-mail: paulinhaiva[email protected] e-mail: silvanablascovi@mackenzie.com.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a)
___________________________, responsável legal pelo sujeito de pesquisa, após
leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos
serviços e procedimento aos quais se submetido, o restando quaisquer dúvidas a
respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO de concordância em participar da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer
momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de
participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se
informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo, _____de _______________de_________
___________________________________________
Assinatura do sujeito ou seu representante legal
81
ANEXO 2 - Carta de informação à Instituição
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Venho por meio desta, informar que estou desenvolvendo pesquisa sobre a força
de preensão e a destreza manual na criança com SD na faixa etária entre 7 e 9 anos. Os
dados serão coletados através da aplicação de um teste de avaliação de força com o
dinamômetro e avaliação da destreza manual, com o Teste da Caixa e Blocos. O uso do
dinamômetro consiste em solicitar à criança que aperte a alça do aparelho o mais forte
possível para obtenção do resultado da força. O TCB consiste em uma caixa de madeira
com uma divisória, no qual sesolicitada a transferência de blocos de madeira de uma
parte a outra, durante um minuto e após esse tempo será contado o número de blocos
transferidos. Os testes são de simples compreensão, rápidos e não implicam em nenhum
risco para os participantes.
Os dados colhidos neste estudo terão finalidades de pesquisa acadêmica, sendo
preservado e resguardado o nome da Instituição. À Instituição, cabe o direito de retirar-
se do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum.
__________________________________ __________________________________
Paula Aivazoglou Priosti Profª Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
Pesquisadora responsável Orientadora
Fone para contato: (11) 9915-7006 Fone para contato: (11) 3555-2002
e-mail: paulinhaivaz@gmail.com e-mail: silvanablascovi@mackenzie.com.br
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição, após a leitura
da Carta de Informação à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando
quaisquer vidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro
que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar
seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo
alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação
confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
Assinatura: _________________________________________
Nome: _________________________________________
Representante da instituição
82
ANEXO 3 – Tabela com os resultados finais para força de preensão (kg/f) e
destreza manual (bl/min) no grupo SD
N IDADE SEXO DOMINÂNCIA
FORÇA DE PREENSÃO DESTREZA MANUAL
DIREITA ESQUERDA DIREITA ESQUERDA
1 7 anos fem direita 8kg/f 4kg/f 7bl/min 5bl/min
2 7 anos fem direita 7kg/f 6kg/f 7bl/min 13bl/min
3 7 anos fem direita 9kg/f 9kg/f 25bl/min
24bl/min
4 7 anos fem direita 12kg/f 13kg/f 16bl/min
15bl/min
5 7 anos fem direita 9kg/f 12kg/f 32bl/min
21bl/min
6 7 anos masc direita 8kg/f 7kg/f 14bl/min
11bl/min
7 7 anos masc direita 12kg/f 8kg/f 13bl/min
12bl/min
8 7 anos masc direita 4kg/f 4kg/f 11bl/min
9bl/min
9 7 anos masc direita 6kg/f 5kg/f 19bl/min
20bl/min
10 7 anos masc esquerda 10kg/f 12kg/f 12bl/min
13bl/min
11 7 anos masc direita 10kg/f 12kg/f 24bl/min
19bl/min
12 8 anos fem direita 7kg/f 8kg/f 14bl/min
13bl/min
13 8 anos fem direita 9kg/f 8kg/f 23bl/min
19bl/min
14 8 anos fem direita 13kg/f 11kg/f 28bl/min
25bl/min
15 8 anos masc direita 9kg/f 9kg/f 15bl/min
21bl/min
16 8 anos masc esquerda 9kg/f 9kg/f 27bl/min
24bl/min
17 8 anos masc direita 12kg/f 7kg/f 8bl/min 9bl/min
18 8 anos masc direita 6kg/f 4kg/f 18bl/min
16bl/min
19 8 anos masc esquerda 9kg/f 10kg/f 10bl/min
10bl/min
20 8 anos masc esquerda 10kg/f 6kg/f 14bl/min
15bl/min
21 8 anos masc direita 12kg/f 9kg/f 38bl/min
31bl/min
22 9 anos fem esquerda 7kg/f 6kg/f 20bl/min
16bl/min
23 9 anos fem direita 15kg/f 13kg/f 25bl/min
22bl/min
24 9 anos fem direita 10kg/f 8kg/f 25bl/min
25bl/min
25 9 anos fem esquerda 10kg/f 7kg/f 16bl/min
23bl/min
26 9 anos masc direita 10kg/f 9kg/f 18bl/min
14bl/min
83
ANEXO 4 – Tabela com os resultados finais para força de preensão (kg/f) e
destreza manual (bl/min) no grupo controle
N IDADE SEXO DOMINÂNCIA
FORÇA DE PREENSÃO DESTREZA MANUAL
DIREITA ESQUERDA DIREITA ESQUERDA
1 7 anos fem direita 10kg/f 8kg/f 25bl/min 21bl/min
2 7 anos fem direita 16kg/f 14kg/f 40bl/min 39bl/min
3 7 anos fem direita 12kg/f 12kg/f 50bl/min 42bl/min
4 7 anos fem direita 12kg/f 14kg/f 31bl/min 24bl/min
5 7 anos fem esquerda 15kg/f 15kg/f 47bl/min 43bl/min
6 7 anos masc direita 10kg/f 8kg/f 50bl/min 45bl/min
7 7 anos masc direita 18kg/f 16kg/f 39bl/min 36bl/min
8 7 anos masc esquerda 10kg/f 9kg/f 24bl/min 29bl/min
9 7 anos masc direita 12kg/f 12kg/f 31bl/min 30bl/min
10 7 anos masc direita 20kg/f 18kg/f 35bl/min 34bl/min
11 8 anos fem direita 12kg/f 12kg/f 41bl/min 41bl/min
12 8 anos fem esquerda 12kg/f 12kg/f 35bl/min 36bl/min
13 8 anos fem direita 15kg/f 14kg/f 42bl/min 37bl/min
14 8 anos fem direita 20kg/f 17kg/f 60bl/min 49bl/min
15 8 anos fem direita 19kg/f 17kg/f 49bl/min 45bl/min
16 8 anos masc direita 18kg/f 12kg/f 50bl/min 48bl/min
17 8 anos masc direita 15kg/f 14kg/f 48bl/min 49bl/min
18 8 anos masc direita 15kg/f 13kg/f 58bl/min 37bl/min
19 8 anos masc direita 19kg/f 16kg/f 51bl/min 43bl/min
20 8 anos masc direita 12kg/f 12kg/f 50bl/min 41bl/min
21 9 anos fem direita 12kg/f 12kg/f 51bl/min 50bl/min
22 9 anos fem direita 17kg/f 16kg/f 52bl/min 43bl/min
23 9 anos fem direita 19kg/f 15kg/f 46bl/min 47bl/min
24 9 anos fem direita 15kg/f 17kg/f 55bl/min 57bl/min
25 9 anos fem direita 23kg/f 19kg/f 65bl/min 61bl/min
26 9 anos masc direita 23kg/f 22kg/f 54bl/min 60bl/min
27 9 anos masc direita 22kg/f 16kg/f 45bl/min 51bl/min
28 9 anos masc direita 18kg/f 18kg/f 38bl/min 33bl/min
29 9 anos masc direita 22kg/f 27kg/f 45bl/min 38bl/min
30 9 anos masc direita 16kg/f 13kg/f 48bl/min 47bl/min
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