Auto da Índia, de Gil Vicente
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.
Texto-base digitalizado por:
Projecto Vercial - Literatura Portuguesa < http://www.ipn.pt/opsis/litera/>
Copyright © 1996, 1997, 1998, OPSIS Multimédia <http://www.ipn.pt/opsis/index.html> com
o apoio do Projecto Geira <http://www.geira.pt/>
Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as
informações acima sejam mantidas. Para maiores informações, escreva para
Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se
você quer ajudar de alguma forma, mande um e-mail para <parceiros@futuro.usp.br> ou
AUTO DA ÍNDIA
Gil Vicente
À Farsa seguinte chamam Auto da Índia. Foi fundada sobre que üa mulher, estando já
embarcado pera a Índia seu marido, lhe vieram dizer que estava desaviado e que já não ia; e ela, de
pesar, está chorando e fala-lhe üa sua criada. Foi feita em Almada, representada à muito católica
Rainha Dona Lianor. Era de 1509 anos.
Entram nela estas figuras:
Ama, Moça, Castelhano, Lemos, Marido.
MOÇA Jesu! Jesu! que é ora isso?
É porque se parte a armada?
AMA Olhade a mal estreada!
Eu hei-de chorar por isso?
MOÇA Por minh' alma que cuidei
e que sempre imaginei,
que choráveis por noss' amo.
AMA Por qual demo ou por qual gamo,
ali, má hora, chorarei?
Como me leixa saudosa!
Toda eu fico amargurada!
MOÇA Pois por que estais anojada?
Dizei-mo, por vida vossa.
AMA Leixa-m', ora, eramá,
que dizem que não vai já.
MOÇA Quem diz esse desconcerto?
AMA Dixeram-mo por mui certo
que é certo que fica cá.
O Concelos me faz isto.
MOÇA S'eles já estão em Restelo,
como pode vir a pêlo?
Melhor veja cu Jesu Cristo,
isso é quem porcos há menos.
AMA Certo é que bem pequenos