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EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEO DO PEQUI (Caryocar
brasiliensis Camb.) PARA O USO SUSTENTÁVEL EM
FORMULAÇÕES COSMÉTICAS ÓLEO/ÁGUA (O/A)
TATIANA NOGUEIRA DE DEUS
Goiânia
2008
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TATIANA NOGUEIRA DE DEUS
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEO DO PEQUI (Caryocar brasiliensis
Camb.) PARA O USO SUSTENTÁVEL EM FORMULAÇÕES COSMÉTICAS
ÓLEO/ÁGUA (O/A)
Dissertação de Mestrado Multidisciplinar,
da Universidade Católica de Goiás, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ecologia e Produção
Sustentável.
Orientadora: Dra. Adélia Maria Lima da Silva
Goiânia
2008
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TATIANA NOGUEIRA DE DEUS
EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEO DO PEQUI (CARYOCAR
BRASILIENSIS CAMB.) PARA O USO SUSTENTÁVEL EM FORMULAÇÕES
COSMÉTICAS ÓLEO/ÁGUA (O/A)
Aprovada em:____/____/____
Banca Examinadora
Profa. Dra. Adélia Maria Lima da Silva (MAF/MEPS/UCG)
Orientadora
Profa. Dra. Maria Assima Bittar Gonçalves (MAF/UCG)
Avaliador Interno
Prof. Dr. Elton Clementino da Silva (FCF/UNB)
Avaliador Externo
Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos pelo apoio e incentivo ao longo
desta trajetória.
AGRADECIMENTOS
A Deus por me presentear com o dom da vida, da saúde, e por fortalecer-
me com as virtudes da perseverança, esperança e fé, que subsidiaram e motivaram
para a conclusão dessa jornada.
Aos meus Pais, Ruth e Leandro, por incentivarem tanto no âmbito
emocional como no material e, principalmente, por participarem efetivamente da
parte prática do trabalho, extraindo a amêndoa do pequi uma a uma.
Aos meus irmãos, Cássio, Leonardo e Tamara, pelo apoio e carinho.
À minha afilhada Thaíssa e minha sobrinha Tainá, pelo carinho.
Ao Fabrício, por participar de mais um objetivo alcançado na minha vida e
pelo seu apoio.
A toda minha família que direta ou indiretamente contribuíram com esse
trabalho, dando apoio e torcendo por mim.
À minha orientadora, Profa. Dra. Adélia Maria Lima da Silva, por ter
acreditado e me incentivado na conclusão desse trabalho.
À Profa. Dra. Maria Assima Bittar Gonçalves, pelo incentivo no ingresso
ao mestrado e colaboração na extração do óleo através da prensa mecânica.
Ao Sandro Júlio Rodrigues da Mata, pela contribuição na realização das
análises.
Ao Evilázaro, responsável pelo laboratório de Química, pela sua
experiência.
À Empresa Produtos Alimentícios-DoCerrado Sorvetes, especialmente a
Letícia e Larissa, pela parceria e doação das polpas e amêndoas de pequi.
À Empresa Pic Química de São Paulo e, especialmente, à funcionária
Alexandra, pela doação do produto Hostacerin SAF, produzido pela empresa
Clariant.
À Farmácia Labore pela colaboração na manipulação das emulsões.
Ao Prof. Dr. Aparecido Ribeiro de Souza, do Instituto de Química da UFG,
pela obtenção das curvas de Análise Térmica.
À Profa. Aysha Jussara Ivonilde Carrim, da Faculdade de Biologia da
Faculdade Araguaia, pelas análises microbiológicas.
A todos os colegas do Curso de Mestrado, por tudo que passamos juntos
e pelas amizades cultivadas. E aos amigos, simplesmente por serem amigos.
A todos os Professores do Curso de Mestrado, por tudo que nos
ensinaram.
RESUMO
O pequi (Caryocar brasiliense Camb.) é um fruto típico do Cerrado brasileiro,
utilizado na culinária regional e aproveitado de diferentes formas. O objetivo deste
trabalho foi extrair e caracterizar o óleo da polpa e amêndoa, a fim de utilizá-lo em
formulações cosméticas do tipo óleo/água (O/A), de forma sustentável. As amostras
de pequi foram obtidas em Montes Claros/MG. O óleo do pequi foi extraído de
polpas liofilizadas no estado maduro, assim como das amêndoas obtidas como
resíduo da Indústria Alimentícia. A extração dos lipídeos foi realizada pelo método de
Soxhlet. A caracterização dos óleos foi realizada segundo as Normas do Instituto
Adolfo Lutz. A identificação dos ácidos graxos foi realizada por Cromatografia
Gasosa. Foram manipuladas três emulsões cosméticas, contendo vitamina E, óleo
da polpa e óleo da amêndoa do pequi, e caracterizadas por métodos físico-químicos
e Análise Térmica. Os resultados mostraram que o teor de lipídeos totais na polpa
(36,07%) foi superior ao da amêndoa (20,10%). Os óleos da polpa e amêndoa
apresentaram respectivamente: umidade 0,68% e 1,16%; índice de acidez 3,17 e
4,94 mg KOH/g; índice de saponificação 194,3 e 206,10 mg KOH/g; índice de
peróxido 24,16% e 28,23% e índice de refração 1,406 e 1,392. Dados da
composição em ácidos graxos do óleo da polpa e da amêndoa do pequi mostraram
que são constituídos na sua maior parte por ácido oléico e ácido palmítico. As
emulsões não apresentaram contaminação microbiológica. Quanto as aspecto,
apresentaram-se brilhosas, sem grumos, homogêneas, finas e não oleosas. Foram
estáveis a 3500 rpm por 30 minutos e não sofreram alterações durante 30 dias,
quando expostas na temperatura ambiente, expostas ao sol e na geladeira. Mas,
sofreram alterações quando expostas na estufa a 40ºC. Os resultados de Análise
Térmica indicaram que a emulsão com vitamina E sofre decomposição mais
rapidamente que as emulsões com óleo do pequi. Desta forma, pode-se concluir que
o óleo do pequi, tanto da amêndoa quanto da polpa, são adequados para obtenção
de emulsões a frio, no intervalo de 30 dias.
Palavras Chave: Pequi, Sustentabilidade, Emulsões
ABSTRACT
Pequi (Caryocar brasiliense Camb.) is a fruit typical of the Brazilian Cerrado. It is
used principally in regional cuisine and in different ways. This work had as objective
to characterize the oil extracted of pulp and nut in order to use in cosmetic
formulations O/W gel emulsions, in a sustainable manner. Samples were obtained in
Montes Claros/MG. Pequi oil was extracted from the dried pulp ripeness, as well as
the nuts produced as waste of Food Industry. The extraction of lipids was performed
by the method of Soxhlet. The oils characterization was performed by Adolfo Lutz
Institute standard methods. The identification of fatty acids was performed by gas
chromatography. Were manipulated three cosmetic emulsions and characterized by
physical-chemical methods and thermal analysis. The results showed that the total
level in pulp fat (36.07%) was higher than of nuts (20.10%). Pulp oils and nut
showed, respectively, 0.68% and 1.16% moisture, acidity index of 3.17 and 4.94 mg
KOH per g; saponification index of 194.3 and 206.10 mg KOH per g, peroxide index
of 24.16% and 28.23% and refractive index for 1406 and 1392 at 20ºC. Fatty acid
composition in pulp oil and nut showed oleic acid and palmitic acid mostly. The
emulsions showed no contamination, had to be bright, with no lumps, homogeneous,
thin and not oily. They were stable at 3500rpm for 30 minutes and have not changed
for 30 days when exposed to room temperature, exposed to the sun and in the
refrigerator. But they changed when exposed in the oven at 40 º C. Thermal Analysis
indicated that the emulsion with vitamin E suffers decomposition faster than the
emulsion oil pequi. Thus, it does conclude that the oil nut and pulp are suitable for
obtaining the cold emulsion, within 30 days.
Keywords: Pequi, Sustainability, Emulsions
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
15
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
17
1.1 Cerrado
17
1.2 Pequizeiro
20
1.3 Pequi
22
1.4 Produtos Cosméticos
26
1.5 Emulsões
27
1.6 Antioxidantes
31
1.7 Estabilidade de Produtos Cosméticos
32
1.8 Desenvolvimento Sustentável
35
2. MATERIAIS E MÉTODOS
38
2.1 Amostragem
38
2.2 Caracterização Física
38
2.3 Extração do Óleo
39
2.3.1 Extração Artesanal
39
2.3.2 Extração por Prensa Mecânica seguida de Extração por Soxhlet
39
2.3.3.Extração pelo Método de Soxhlet
40
2.4 Caracterização Físico-Química dos Óleos
40
2.4.1 Umidade
40
2.4.2 Acidez Total
40
2.4.3 Índice de Peróxido
41
2.4.4 Índice de Saponificação
41
2.4.5 Índice de Refração
42
2.5 Composição de Ácidos Graxos
42
2.6 Manipulação das emulsões cosméticas
43
2.7 Estabilidade
43
2.8 Avaliação Física
43
2.9 Centrifugação
44
2.10 Densidade
44
2.11 pH
44
2.12 Avaliação Microbiológica
45
2.13 Avaliação da Estabilidade Térmica
45
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
47
3.1 Amostragem e Rendimento das Extrações
47
3.2 Análises Físico-Químicas
49
3.3 Composição de Ácidos Graxos
53
3.4 Avaliação Microbiológica das Emulsões
54
3.5 Avaliação Física das Emulsões
55
3.6 Estabilidade Térmica das Emulsões
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
70
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: A) Pequizeiro. B) Tronco. C) Altura da Árvore. D) Flor e folhas do
Pequizeiro...................................................................................................................20
FIGURA 2: A) Pequi (fruto inteiro). B) Pequi (fruto cortado)......................................22
FIGURA 3: Amostragem e despolpa manual de pequi..............................................47
FIGURA 4: A) Caroços no cone da prensa. B) obtenção da torta (resíduo da
amostra); C) torta no cone da prensa (2
a
passagem); D) obtenção da mistura de
óleo, polpa e espinhos................................................................................................48
FIGURA 5: A) Extrator de Soxhlet com aquecimento em banho-maria; B) Óleo da
polpa de pequi; C) Óleo da amêndoa de pequi..........................................................49
FIGURA 6: A) Emulsão com vitamina E (padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa
do pequi; C) Emulsão com óleo da polpa do pequi....................................................55
FIGURA 7: A) Antes da centrifugação (emulsão contendo vitamina E, óleo da polpa e
óleo da amêndoa do pequi, respectivamente); B) Após a centrifugação (na mesma
ordem)........................................................................................................................56
FIGURA 8: Emulsões após 30 dias. A) Emulsão com vitamina E (padrão); B)
Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da polpa do
pequi...........................................................................................................................56
FIGURA 9: Emulsões após 30 dias na geladeira a 5ºC. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi............................................................................................................57
FIGURA 10: Emulsões após 30 dias na geladeira a 5ºC. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi............................................................................................................57
FIGURA 11: Emulsões após 30 dias na estufa a 40ºC. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi............................................................................................................58
FIGURA 12: Variação do pH das emulsões por 30 dias: A) temperatura ambiente; B)
exposta ao sol; C) Geladeira; D) estufa.....................................................................60
FIGURA 13: Variação da densidade das emulsões no intervalo de 30 dias: A)
temperatura ambiente; B) exposta ao sol; C) Geladeira; D) estufa...........................61
FIGURA 14: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com vitamina E sob
atmosfera de ar comprimido.......................................................................................63
FIGURA 15: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com vitamina E sob
atmosfera de nitrogênio..............................................................................................63
FIGURA 16: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com óleo da polpa de
pequi sob atmosfera de ar comprimido......................................................................64
FIGURA 17: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com óleo da polpa de
pequi sob atmosfera de nitrogênio.............................................................................64
FIGURA 18: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com óleo da amêndoa
de pequi sob atmosfera de ar comprimido.................................................................65
FIGURA 19: Curvas TG/DTG e DTA da emulsão manipulada com óleo da amêndoa
de pequi sob atmosfera de nitrogênio........................................................................65
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Composição química (g/ 100g de amostra), valor energético (kcal) e
vitaminas da amêndoa e mesocarpo do pequi...........................................................24
TABELA 2: Análises físico-químicas dos óleos de pequi...........................................50
TABELA 3: Composição em ácidos graxos de óleo de pequi na polpa e amêndoa..53
TABELA 4: Resultado da análise microbiológica das emulsões................................54
TABELA 5: Resultados Termoanalíticos sob atmosfera oxidante..............................66
TABELA 6: Resultados Termoanalíticos sob atmosfera inerte..................................67
LISTA DE ABREVIATURAS
A.O.C.S. American Oil Chemists Society
ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos
ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados
AHAS Alfa hidroxiácidos
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BHA Butil hidroxianisol antioxidante
BHT Butil hidroxi tolueno (2,6-di-t-butyl-4-methylphenol) antioxidante
CEASA Central de abastecimento S.A.
DTA Análise Térmica Diferencial
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
ISSO International Organization Standardization (Organização Internacional
de Normalização.
MMA Ministério do Meio Ambiente
O/A Óleo/água
pH Potencial Hidrogeniônico
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
QSP Quantidade suficiente para
TG/DTG Termogravimetria/Termogravimetria Derivada
UFC Unidade formadora de colônia
UICN União Internacional para a Conservação da Natureza
WWF Fundo Mundial para a Natureza
16
INTRODUÇÃO
O bioma Cerrado é muito rico em espécies frutíferas, cujos frutos se
destacam, principalmente, por suas agradáveis e, até mesmo, exóticas
peculiaridades sensoriais como cor, sabor e aroma, embora ainda sejam pouco
explorados comercialmente ou cientificamente. Dentre as espécies deste bioma, o
Caryocar brasiliense Camb., mais conhecido como pequizeiro, merece destaque
pela importância comercial, nutricional e gastronômica de seus frutos, o pequi.
Dados da composição em ácidos graxos do óleo da polpa e da amêndoa
do pequi mostraram que são constituídos na sua maior parte por ácido oléico e ácido
palmítico. O óleo do pequi apresenta características químicas antioxidantes, que o
torna uma boa fonte de ativo na indústria cosmética.
A extração do óleo de pequi, geralmente, é feita com os frutos apanhados
in natura. O processo utilizado para a extração é muito rudimentar e com baixa
produtividade e qualidade. O óleo obtido é vendido nos centros de comercialização
em Goiânia, CEASA, e mercados municipais a preços relativamente baixos.
Geralmente é utilizado para consumo doméstico ou adquirido pelas indústrias de
licor que, por sua vez, revendem o óleo residual, após processamento do licor, para
a produção de sabão ou de preparados farmacêuticos.
17
A procura por novas matérias-primas e tecnologias para o
desenvolvimento de formulações cosméticas cada vez mais eficazes e compatíveis
aos diferentes tipos de pele e de produtos tem sido uma constante por parte dos
pesquisadores e formuladores da indústria de cosméticos. Entre as preparações, as
emulsões do tipo óleo/água ganham destaque devido à dinâmica de mercado, aos
avanços tecnológicos e à pesquisa dermatológica.
Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram: 1) extrair e caracterizar
físico-quimicamente o óleo da polpa e da amêndoa do pequi pelo todo de
Soxhlet; 2) manipular formulações cosméticas do tipo óleo/água com óleo de pequi,
como fonte de matéria-prima com ativo antioxidante, emoliente e hidratante. O
estudo apresenta uma visão sustentável, buscando-se avaliar a viabilidade da
extração do óleo da polpa do pequi por métodos simples (artesanal), para facilitar a
manipulação por trabalhadores, assim como da extração do óleo da amêndoa do
pequi, sendo um produto residual da Indústria Alimentícia.
A dissertação apresenta uma revisão de literatura referente ao Cerrado, às
características do pequi, potencialidades, usos e aplicações, emulsões cosméticas,
antioxidantes e estabilidade, e finalmente aspectos sobre desenvolvimento
sustentável. A parte experimental aborda: 1) a extração do óleo do pequi a partir da
polpa e da amêndoa, assim como a caracterização dos ácidos graxos, componentes
voláteis e avaliação dos parâmetros físico-químicos;2) a elaboração das formulações
cosméticas do tipo emulsão óleo/água (O/A); 3) a avaliação das características
físicas das emulsões, a estabilidade térmica por Termogravimetria/Termogravimetria
Derivada (TG/DTG) e a contagem de microorganismos e ausência de patógenos.
16
18
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 CERRADO
O Brasil é o país que possui a maior diversidade biológica do planeta,
abrigando, aproximadamente, 30% das espécies de plantas e de animais existentes
no mundo. A rica fauna e flora encontram-se distribuídas no espaço geográfico
brasileiro em seis grandes biomas: Cerrado, Campos e Florestas Meridionais,
Floresta Atlântica, Caatinga, Floresta Amazônica e Pantanal (RIBEIRO & WALTER,
1998).
Por definição, Bioma é um conjunto de vida vegetal e animal, especificado
pelo agrupamento de tipos de vegetação e identificável em escala regional, com
condições geográficas e de clima similares e uma história compartilhada de
mudanças cujo resultado é uma diversidade biológica própria. A localização
geográfica de cada bioma é condicionada predominantemente pelos seguintes
fatores: clima, temperatura, precipitação de chuvas e pela umidade relativa, e em
menor escala pelo tipo de componentes do solo (VIEIRA & MARTINS, 1998).
O bioma Cerrado está localizado, basicamente, no Planalto Central do
Brasil e constitui o segundo maior bioma do país em área, sendo apenas superado
pela Floresta Amazônica. Originalmente, com uma área de 204 milhões de hectares
aproximadamente 25% do território nacional apresenta grande variabilidade de
clima e solos e, certamente, uma grande diversificação faunística e florística em
suas diferentes fisionomias vegetais (ALMEIDA et al., 1998; SANO & ALMEIDA,
1998). A área de Cerrados é encontrada nos estados de Goiás, Tocantins e Distrito
Federal, parte do estado da Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Piauí, Rondônia e São Paulo. Também ocorre em áreas disjuntas ao norte
17
19
dos estados do Amapá, Amazônia, Pará e Roraima e ao sul, em pequenas áreas do
Pará (RIBEIRO & WALTER, 1998; ALMEIDA et al. 1998).
O clima do Cerrado é estacional, apresentando duas estações bem
definidas, uma no período chuvoso, entre os meses de outubro a março, seguido por
um período seco, de abril a setembro. A precipitação varia de 600 a 2.200 mm
anuais, sendo a dia anual de 1.500 mm (FERREIRA, 2008). As temperaturas são
geralmente amenas ao longo do ano, entre 22 e 27°C em média, sendo a
temperatura máxima a 40°C. Neste bioma encontra- se o divisor de águas das três
grandes bacias hidrográficas do Brasil: a Amazônica, a do Paraná e a do São
Francisco (GOMES, 2008).
O Cerrado típico é constituído por árvores relativamente baixas (até vinte
metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação
baixa constituída, em geral, por gramíneas. A típica vegetação do Cerrado possui
seus troncos tortuosos, de baixo porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas
grossas. Os estudos efetuados consideram que a vegetação nativa não apresenta
essa característica pela falta de água, mas devido a outros fatores de solo, como o
desequilíbrio no teor de micronutrientes, como o alumínio (GOMES, 2008).
Contudo, o cerrado não é um grupo fisionômico homogêneo. Em função
da densidade da vegetação, segundo Ribeiro & Walter (1998), o cerrado pode ser
dividido em:
campo limpo: com vegetação de gramíneas.
campo sujo: possui cerca de 15% de árvores e arbustos, os quais
concentram-se geralmente em "ilhas" de vegetação chamados de campos
de murundus.
18
20
campo cerrado: caracteriza-se por vegetação predominante rasteira com
ocorrência de árvores e arbustos bastante espaçados entre si.
cerrado (típico): apresenta vegetação retorcida de até 5 metros, revestida
de casca espessa, galhos baixos, e copas assimétricas.
cerradão: é uma formação florestal constituída por três estratos distintos:
superior, com árvores esparsas que podem atingir de 6 a 12 metros,
predominando as de madeira dura; intermediário, com árvores e arbustos
retorcidos; e inferior, constituído por vegetação rasteira.
veredas: o áreas onde o solo está alagado durante a maior parte do
ano. O buritizeiro (Mauritia vinifera) e certas gramíneas são as espécies
principais na vereda. Em áreas onde o solo é mais fértil ou mais úmido,
embora não excessivamente, o cerrado lugar a matas ciliares ou
florestas.
Quanto aos solos, a maioria da região dos Cerrados é do tipo Latossolos
vermelho, cobrindo 46% da área. Esses tipos de solos podem apresentar uma
coloração variando do vermelho para o amarelo, são profundos, bem drenados na
maior parte do ano, apresentam acidez, toxidez de alumínio e são pobres em
nutrientes essenciais (como cálcio, magnésio, potássio e alguns micronutrientes)
para a maioria das plantas. Além desse tipo, existem os solos pedregosos e rasos
(Neossolos Litólicos), geralmente de encostas, os solos arenosos (Neossolos
Quartzarênicos), os solos orgânicos (Organossolos) e outros de menor expressão
(ADÁMOLI et al, 1987).
Os frutos das espécies nativas do Cerrado ocupam lugar de destaque,
pois oferecem elevado valor nutricional, além de atrativos sensoriais como cor, sabor
19
21
e aroma peculiares e intensos, ainda pouco explorados comercialmente (ALMEIDA &
SILVA, 1994; ALMEIDA, 1998b; ALMEIDA et al., 1998). A grande diversidade de
espécies frutíferas é utilizada e aproveitada apenas pelas populações dos Cerrados
(SILVA et al., 2001). Elas podem ser consumidas in natura, ou na forma de doces,
mingaus, bolos, pães, biscoitos, geléias e licores (ALMEIDA, 1998a). Dentre as
frutíferas nativas do cerrado, o pequizeiro merece atenção especial, seja pela sua
elevada incidência nos cerrados ou pelas características sensoriais de seu fruto.
1.2 PEQUIZEIRO
O pequizeiro é uma planta arbórea com tronco (Figura 1A), de casca
áspera, rugosa, cinza escura e fendida (Figura 1B), que pode atingir cerca de 10 m
de altura (Figura 1C), com folhas verdes e flores branco-amareladas (Figura 1D).
Pertencente à classe Magnoliopdida (Dicotiledonae), ordem Guttiferales, família
Caryocaraceae e ao gênero Caryocar L., que abrange cerca de 15 espécies
(PRANCE & SILVA, 1973).
FIGURA 1: A) Pequizeiro. B) Tronco. C) Altura da Árvore. D) Flor e folhas do Pequizeiro.
No Brasil ocorrem pelo menos oito dessas espécies, sendo a maioria de
porte alto e compondo a vegetação da floresta amazônica. As espécies mais
C
D
20
22
comuns do gênero Caryocar é a espécie C. brasiliense, a qual possui o menor porte,
podendo atingir até 15 m de altura (ALMEIDA & SILVA, 1994).
O pequizeiro (Caryocar brasiliense) é o símbolo máximo de Goiás,
embora seja encontrado também em vários estados brasileiros, como Rondônia (ao
leste), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (no nordeste), Pará (sudoeste), Tocantins,
Maranhão (extremo sul), Piauí (extremo sul), Bahia (oeste), Distrito de Federal e
Minas Gerais (norte e oeste) (DAMIANI, 2006). A floração ocorre nos períodos
chuvosos, com pico em setembro e a frutificação entre novembro a fevereiro
(ALMEIDA et al., 1998). A sua produção não é estável, decorrente das diferenças
climáticas, sobretudo no período pós-floração. Em anos de muita chuva produz
pouco, nos tempos de seca a produção é maior, porque a chuva derruba as flores
antes da fecundação, o que reduz a produção (DAMIANI, 2006).
Do pequizeiro utilizam-se todas as suas partes (madeira, casca, folhas,
raiz, fruto e amêndoa) com emprego específico (móveis, tintas, ornamentação, uso
medicinal, na indústria cosmética e na alimentação) (MARQUES, 2001; SANTOS,
2004). Devido a sua ampla utilização, é considerada uma espécie de grande
interesse econômico.
O pequizeiro apresenta raízes profundas e pivotantes, mas com marcante
capacidade para desenvolver-se horizontalmente em solos rasos. Desenvolve-se
sobre ambientes pobres em nutrientes minerais e com elevado teor de alumínio,
tendo ocorrido em todas as classes de solos estudadas por Naves (1999), como
Latossolo Vermelho Amarelo, Latossolo Vermelho, Cambissolo, Neossolo
Quartzarênico e Neossolo Litólico.
Segundo Medeiros & Haridasan (1985), a espécie Caryocar não é uma
acumuladora de alumínio, mantendo níveis entre 0,01 a 0,06% e nunca acima de
21
23
0,08% - contra teores de 1,0 a 1,8% e nunca abaixo de 0,9%, característico de
plantas acumuladoras. Ao contrário de nutrientes como N, P, K, Ca ou Mg, que
possuem variação sazonal de concentração nas folhas, o alumínio se apresenta em
níveis baixos independente dessa variação, mesmo se a sua área de localização
ocorreram queimadas ou não na estação anterior.
1.3 PEQUI
O pequi, piqui, piquiá, piqui-do-cerrado, piquiá bravo, pequerim, amêndoa-
de-espinho, grão-de-cavalo ou suarí, é o fruto do pequizeiro, árvore frutífera sul-
americana pertencente à família caryocaraceae, gênero Caryocar, do qual existem
quinze espécies e cinco subespécies descritas até 1973, destacando-se o Caryocar
brasiliense Camb. (PRANCE & SILVA, 1973). A palavra pequi, na língua indígena,
significa “casca espinhosa” (SOUZA & SALVIANO, 2002). É uma frutífera nativa do
Cerrado, conhecida como ouro do cerrado, por seu alto valor econômico (ARAÚJO,
1995; RIBEIRO, 2000) e nutricional (SILVA et al, 1994; ALMEIDA & SILVA, 1994;
ALMEIDA et al., 1998b; SANO & ALMEIDA, 1998; SILVA et al, 2004; VERA et al,
2005).
FIGURA 2: A) Pequi (fruto inteiro). B) Pequi (fruto cortado).
Foto: VIEIRA, PACHECO & LOPES, 2005.
A
B
A
22
24
Segundo Almeida et al. (1998b), o pequi é um fruto drupóide
1
verde com
4,2 a 6,4 x 6,5 a 7,8 cm (Figura 2A), possui epicarpo coriáceo
2
carnoso, envolvido
pelo mesocarpo
3
amarelo claro e algumas sementes (Figura 2B). O fruto está
maduro quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada,
amolece. Partida a casca, encontra-se em cada fruto, uma, duas, três ou quatro
amêndoas tenras envoltas por uma polpa amarela, branca ou rósea, o verdadeiro
atrativo da planta. O invólucro é revestido por uma polpa amarelada, pastosa,
farinácea e oleaginosa.
Segundo Vera et al. (2005), que avaliaram e caracterizaram fisicamente os
frutos de pequizeiro no estado de Goiás, eles observaram que o período de safra
ocorre geralmente nos meses de setembro a fevereiro. A altura média dos frutos foi
de 5,8 cm, as médias dos diâmetros menores e maiores foram, respectivamente,
5,54 cm e 6,48 cm, o que confere certa conformação esférica dos frutos. O peso
médio do fruto foi em torno de 120g, sendo que a casca representa 82% do fruto, o
endocarpo 4,6%, a polpa 7% e a amêndoa cerca de 1%. O peso unitário dos frutos
encontrado variou de 50g a 250g, a casca de 20g a 117g, a amêndoa de 2g a 4g,
com valor médio de 8,14g de polpa.
O pequi é considerado uma espécie de interesse econômico,
principalmente devido ao uso de seus frutos na culinária, como fonte de vitaminas e
na extração de óleos para a fabricação de cosméticos (ALMEIDA & SILVA, 1994).
1
fruto drupóide: é o fruto que apresenta o pericarpo (originado da parede do ovário) com uma camada externa
carnosa (a parede do ovário aumenta em espessura após a polinização e a subseqüente fertilização) e uma
pétrea. O epicarpo é delgado, o mesocarpo carnoso e o endocarpo lenhoso. Este envolve a semente, estando
fortemente aderido a ela, formando o chamado “caroço”.
2
epicarpo coriáceo: o epicarpo que reveste externamente o fruto é semelhante ao couro, pois se quebra
facilmente;
3
mesocarpo: é a parte mais desenvolvida dos frutos carnosos (geralmente é a porção comestível).
23
25
Na literatura existem vários estudos sobre o valor nutricional do pequi.
Almeida et al. (1998) citam que a polpa do pequi contém cerca de 60% de óleo
comestível, é rica em vitamina A e proteínas. Sano & Almeida (1998) determinaram
o teor de fibras na polpa, observando um teor de 17,10% (TABELA 1). Assim,
transforma-se em importante elemento na complementação alimentar e na nutrição
de toda uma população.
Análises de vitaminas foram transcritas por Franco (1992). Observa-se na
Tabela 1 que tanto a polpa, quanto a amêndoa são ricas em vitaminas A (retinol), do
complexo B (tiamina, riboflavina e niacina) e C (ácido ascórbico).
TABELA 1: Composição química (g/100 g de amostra), valor energético (kcal) e
vitaminas da amêndoa e mesocarpo do pequi.
Composição
Pequi (amêndoa)
Pequi (mesocarpo)
Calorias (Kcal)
99,30
121,12
Glicídios (g)
21,60
6,76
Proteínas (g)
1,20
1,02
Lipídeos (g)
0,90
10,00
Fibra (g)
--
17,10
Vitamina A (mcg)
650,0
20.000
Vitamina B1 (mcg)
10,0
30,0
Vitamina B2 (mcg)
360,0
463
Vitamina C (mg)
6,1
12,0
Niacina (mg)
0,346
0,387
A grande variabilidade nas características físicas do pequi, como aspecto
visual, massas e volumes diferentes, em estudos feitos em quinze áreas de
ocorrência no estado de Goiás, levam a crer que seja devido a esse grande período
de oferta de frutos e na heterogeneidade das regiões produtoras, apresentando
épocas distintas de maturação de frutos e caroços (VERA et al., 2005).
24
26
Algumas características peculiares são muito importantes para o mercado
in natura, como os frutos maiores, mais bonitos, apresentando maiores massas de
polpa, amêndoa e caroço. Estudos evidenciaram que na região de Mambaí, estado
de Goiás, localizado no bioma Cerrado, os frutos possuem essas características por
apresentarem condições ambientais favoráveis de temperatura e umidade relativa do
ar, solos mais arenosos, época de maturação mais tardia, recebendo um maior
aporte de água do solo durante o seu desenvolvimento. Além disso, também podem
decorrer de seleções naturais ou de seleção artificial realizada pelos índios (VERA et
al., 2005).
Dados da composição em ácidos graxos do óleo da polpa e da amêndoa
do pequi mostraram que são constituídos na sua maior parte por ácido oléico
(53,9%) e ácido palmítico (40,2%) (FACIOLI & GONÇALVES, 1998) que lhe
conferem características únicas e valiosas de cristalização e de derretimento,
essenciais na fabricação de determinados produtos, com ponto de fusão próximo à
temperatura do corpo humano (37
0
C) (CASTANHEIRA, 2005). Essa alta
porcentagem de óleo somada às suas características químicas antioxidantes e
algumas características específicas tornam o óleo do pequi uma boa fonte de
matéria-prima na indústria cosmética (SILVA, 1994). O óleo da polpa apresenta
componentes saturados de baixo número de átomos de carbono (6 a 12), ao
contrário do óleo da amêndoa do pequi. Este contém quantidade consideravelmente
maior de ácido linoléico, portanto, maior teor em ácidos insaturados que o óleo da
polpa.
Quanto aos minerais, a polpa do pequi apresenta Na (20,9mg/g), Fe
(15,57 mg/g), Mn (5,69mg/g), Zn (65,32mg/g), Cu (4,0mg/g), Mg (0,05mg/g), P
(0,06mg/g e K (0,18mg/g), sendo que a amêndoa apresenta Na (2,96mg/g), Fe
25
27
(26,82mg/g), Mn (14,37mg/g), Zn (53,63mg/g) e Cu (15,93mg/g), mostrando,
portanto, que o consumo associado de polpa e amêndoa constitui enriquecimento
importante da dieta regional em manganês e fósforo. Deve-se ressaltar que o teor
dos principais macro e micronutrientes dessa espécie variam sazonalmente,
sobretudo de N, P e K (ALMEIDA et. al, 1998b).
Entretanto, a utilização dessa riqueza abundante do cerrado, está restrita
aos meses de safra, quando ocorre uma intensa comercialização dos frutos
(ALMEIDA et al., 1998a). De fato, a sazonalidade é um fator que limita o acesso da
população ao pequi, que além do sabor, colabora também para o aporte de
proteínas, sais minerais, e lipídeos que contribuem substancialmente para o seu
valor calórico (ARAÚJO, 1995).
Couto (2007) estudou o uso da farinha da casca do pequi na elaboração
de pão de forma. A farinha apresentou um valor considerável em fibra alimentar
(39,97%), sendo superior ao da polpa (11,60%). Em carboidratos totais o teor foi
superior em relação à polpa do pequi (19,66%), na qual encontraram 50,94%. O teor
de proteína encontrado (5,76%) foi superior ao da farinha de mandioca (1,76%) e o
teor de lipídios (1,54%) equipara-se ao encontrado na farinha de trigo (1,3%) com
80% de extração.
1.4 PRODUTOS COSMÉTICOS
Com as inovações tecnológicas atualmente, permite-se que manipule
produtos leves, de toque seco, que tenham grande poder de hidratação da pele,
principalmente se for de uso facial (COSTA et al., 2004). Devido às funções da pele
de proteção, nutrição, absorção, termo-regulação, entre outras (BENY, 2000), o
26
28
grande objetivo dos cosméticos é proteger e manter sua lubrificação, evitando sua
desidratação, danificação e envelhecimento precoce, pela ação de alguns fatores
externos como calor, sol, poluição, o que ocasiona perda excessiva de água.
(SILVA, 2003; BLOISE, 2003).
A procura por novas matérias-primas e tecnologias para o
desenvolvimento de formulações cosméticas cada vez mais eficazes e compatíveis
aos diferentes tipos de pele e de produtos tem sido uma constante por parte dos
pesquisadores e formuladores da indústria de cosméticos. Entre as preparações, as
emulsões ganham destaque devido à dinâmica de mercado, aos avanços
tecnológicos e a pesquisa dermatológica (ANCHISI et al, 2001; GUARATINI et al,
2006; MAIA et al, 2006).
De acordo com a definição conferida pela legislação vigente, Cosméticos,
Produtos de Higiene e Perfumes são preparações constituídas por substâncias
naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele,
sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas
mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los,
perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou
mantê-los em bom estado (ANVISA, 2004).
1.5 EMULSÕES
As emulsões cosméticas, basicamente cremes e loções, são misturas
relativamente estáveis em água e componentes oleosos, na presença de um
emulsificante ou ainda pode ser incorporado compostos com finalidades específicas
(SILVA & SOARES, 1996). Do ponto de vista médico/cosmético, o produto deverá
27
29
ser não irritante, não se degradar, compatível com princípios ativos e aditivos
especiais (CARMINI & JORGE, 1989). Portanto, ele deverá ter estabilidade, que é a
capacidade que possui num determinado período de tempo, do início ao final de sua
vida útil, e numa embalagem determinada, de manter as mesmas propriedades e
características que tinha no momento em que finalizou a sua fabricação através de
um procedimento padronizado (D’LÉON, 2001). Entre os produtos manipulados, as
emulsões são muito utilizadas como bases para incorporação dos mais diversos
fármacos e com as mais variadas aplicabilidades.
Segundo Becher, (1965): Emulsões são sistemas heterogêneos,
consistindo de pelo menos um líquido imiscível disperso em outro na forma de gotas,
cujo diâmetro, em geral, excede 0,1 mm. Esses sistemas possuem um mínimo de
estabilidade, que pode ser acentuada por aditivos chamados de emulsionantes ou
emulsificantes ou mesmo por sólidos finamente divididos, etc.”
A fase dispersa é conhecida como fase interna ou descontínua da
emulsão, e o veículo ou fase circundante é conhecido como fase externa ou
contínua. Como a maioria dos sistemas contém água, são classificados em dois
tipos, baseado na natureza das fases dispersa: O/A (óleo em água) ou A/O (água
em óleo). As emulsões O/A são aquelas em que o agente emulsionante é
hidrossolúvel ou hidrófilo e será objeto deste estudo (CORRÊA, 2005).
O produto Hostacerin SAF é uma associação entre doadores de
viscosidade, emulsionantes e emolientes, permitindo o preparo de emulsões
estáveis O/A (óleo/água) a frio, obtendo maior facilidade no preparo e redução do
número de itens de matérias primas, tendo como principais características uma cil
espalhabilidade e um toque agradável à pele, não promovendo sensação pegajosa e
deixando sobre a pele um toque de suavidade (CLARIANT, 2003).
28
30
Hostacerin SAF possui caráter aniônico e é compatível com diversos
aditivos como emolientes oleosos, extratos vegetais, alguns solventes orgânicos,
como etanol, e também princípios ativos farmacêuticos incluindo aqueles que
requerem pHs mais baixos, como os AHAs. É indicado para a elaboração de
formulações de cremes hidratantes, cremes protetores para as mãos, cremes de
limpeza, loções nutritivas, demaquilantes, cremes anti-aging, protetores solares,
loções pós-sol e pós-barba, desodorantes, entre outros (CLARIANT, 2003).
As emulsões são formas farmacêuticas apropriadas para fórmulas
hidratantes, uma vez que conseguem transpor a barreira superficial epidérmica,
carreando fármacos que irão recompor as estruturas higroscópicas da pele e manter
a sua hidratação (SAMPAIO, 1996).
A busca constante de uma aparência jovem e saudável tem favorecido,
cada vez mais, o desenvolvimento da indústria de cosméticos, sendo registrado um
rápido crescimento resultante do aumento da expectativa de vida da população,
participação ativa da mulher no mercado de trabalho, competitividade entre as
empresas e utilização de tecnologia de ponta, que favorece a produtividade
industrial (ABIHPEC, 2002; ABIHPEC, 2003).
Na literatura existem alguns trabalhos que relatam o uso de frutos do
cerrado como matéria-prima na indústria cosmética, tais como o desenvolvimento de
sabonetes em barra com óleo de buriti (BIGHETTI et al, 2008) e emulsões
cosméticas com o óleo do pequi (PIANOVSKI et al, 2008).
As preparações cosméticas estão sujeitas a contaminação microbiológica,
seja ela por bactérias, fungos ou bolores que são obtidos das mais diversas formas
desde aquisição da matéria-prima até a estocagem ou armazenamento (FERREIRA,
2002). A presença de água e de vários componentes orgânicos favorece a
29
31
proliferação de microorganismos, o que, de certa forma, torna os produtos
cosméticos excelentes substratos para sua proliferação (CORRÊA, 2005).
Diante de uma contaminação microbiológica, o produto pode ser
responsável por eventuais irritações na pele ou causar infecções ou até mesmo
cegueira caso o produto seja contaminado com Pseudomonas aeruginosa e entre
em contato com os olhos. Estes problemas diminuem a credibilidade do fabricante e
afetam a saúde do consumidor (CORRÊA, 2005).
Para evitar problemas de contaminação microbiológica, é necessário
fornecer informações adequadas sobre o uso e conservação adequada do produto.
Durante a preparação o uso de conservantes é fundamental, assim como a assepsia
e desinfecção rotineira das instalações e equipamentos (CORRÊA, 2005).
Os conservantes são substâncias químicas conhecidas também como
preservantes, podendo ter atividade bacteriostática e/ou fungistática, sendo o
nipagin e o nipazol os mais utilizados na fabricação de cosméticos, conservando o
produto de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras. Mesmo que o
fabricante possa oferecer um produto isento de contaminações, o próprio
consumidor durante o seu uso inadequado, pode adicionar certa carga microbiana,
sendo necessário o uso de um sistema eficiente de conservação. O BHT além de ser
utilizado para evitar oxidações das matérias-primas graxas, apresenta também
atividade antimicrobiana, apresentando boa atividade frente a bactérias gram-
positivas e fungos (CORRÊA, 2005).
Além dos conservantes, a água é um dos principais componentes de uma
emulsão, estando em grande quantidade. Para que se consiga um produto livre de
contaminação microbiológica, é necessário que se use água de boa qualidade obtida
30
32
através de um sistema de purificação por osmose reversa, onde se obtém água com
alto grau de pureza, sendo um fator de grande importância para este fim.
Osmose reversa é um processo aonde se empregam membranas
sintéticas porosas com tamanho de poros tão pequenos que filtram os sais
dissolvidos na água. Para que a água passe pelas membranas é necessário
pressurizar a água com pressões maiores de 10 kgf/cm
2
. Os fabricantes de
membrana se esforçam com sucesso para desenvolver novos produtos/membranas
que filtrem mais sais com pressões menores, ou seja, mais eficientes (SANTOS &
CRUZ, 2008).
Além de muito importante para a indústria farmacêutica e cosmética, na
produção da grande maioria dos produtos, a água purificada está envolvida também
em outros processos industriais como, por exemplo, limpeza e esterilizações em
forma de vapor, em testes laboratoriais com finalidades diversas (SANTOS & CRUZ,
2008).
Para se garantir a qualidade da água e, consequentemente do produto
final, é necessária uma apropriada seleção, instalação, operação e, por fim,
validação dos processos de purificação da água, bem como dos sistemas de
armazenagem e distribuição (SANTOS & CRUZ, 2008).
1.6 ANTIOXIDANTES
Embora não seja percebido, as situações de estresse, chamado de o mal
da vida moderna, como, trânsito, cumprimento de horários, finanças, casa, família,
poluição, fumaça de cigarro, luz solar, maus hábitos na alimentação, poucas horas
de sono associados à menor disponibilidade para os cuidados pessoais, acarretam o
31
33
estresse oxidativo, possibilitando a ação de radicais livres, deixando a pele opaca,
flácida e com rugas, resultado da degeneração das células do tecido epitelial e
destruição de fibras de colágeno e elastina (PIATTI, 2007).
Os radicais livres são espécies químicas que perderam um elétron durante
interações com outras espécies. São estruturas instáveis e reativas que interagem
rapidamente, causando danos às células e destruição de proteínas que compõem a
pele, como o colágeno, responsável pela elasticidade e viço à pele (PIATTI, 2007).
Os radicais livres, embora tenham efeito altamente destrutivo, podem ser
combatidos pelos antioxidantes, oferecendo os elétrons que procuram, tendo a
capacidade de inibir e reduzir as lesões causadas por eles.
Amplamente encontradas na natureza, as vitaminas são poderosos
agentes antioxidantes, como as vitaminas A, E e C (PIATTI, 2007). Os antioxidantes
são adicionados em cosméticos com o objetivo de melhorar a proteção da pele,
neutralizar os radicais livres e corrigir os possíveis danos causados (LUPO, 2001).
A vitamina A, por exemplo, está presente no fígado, na gema de ovo, no
leite e em seus derivados desnatados. Como antioxidante esta vitamina restaura e
constrói novos tecidos. A vitamina E, pode ser obtida a partir de óleos vegetais e,
além de suas propriedades umectantes e um efetivo agente antienvelhecimento,
também minimiza danos provocados pelos radicais livres associados a doenças
como câncer, artrite e catarata (LEONARDI et al., 2002; PIATTI, 2007). A vitamina C
possui poderosas propriedades antioxidantes, é essencial para a produção de
colágeno, protege a pele da ação dos raios ultravioleta, preservando a estrutura dos
fibroblastos e atua intensamente no tratamento de inflamações (PIATTI, 2007).
1.7 ESTABILIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS
32
34
Segundo a Farmacopéia Americana (USP, 1990) a estabilidade de um
produto é definida como o tempo no qual um produto dentro de limites especificados,
mantém as mesmas propriedades e características quando fabricado, assim como
durante o período de armazenamento e uso.
A estabilidade dos produtos cosméticos é um requisito fundamental à
qualidade e à segurança dos mesmos. Produtos expostos ao consumo e que
apresentem problemas de estabilidade organoléptica, físico-química e ou
microbiológica, além de descumprirem os requisitos técnicos de qualidade podem,
ainda, colocar em risco a saúde do consumidor configurando infração sanitária
(ANVISA, 2004).
Na área cosmética não existe nenhum protocolo oficial padronizando a
qualidade, sendo a empresa responsável por avaliar a estabilidade de seus
produtos, antes de disponibilizá-los ao consumo. No entanto, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou um Guia de Estabilidade de Produtos
Cosméticos sugerindo parâmetros de avaliação e testes de estabilidade (ANVISA,
2004).
Estes estudos contribuem para: orientar o desenvolvimento da formulação
e do material de acondicionamento adequado; fornecer subsídios para o
aperfeiçoamento das formulações; estimar o prazo de validade e fornecer
informações para a sua confirmação; auxiliar no monitoramento da estabilidade
organoléptica, físico-química e microbiológica, produzindo informações sobre a
confiabilidade e segurança dos produtos (ANVISA, 2004).
A estabilidade de um produto pode ser alterada devido a fatores
extrínsecos, como, tempo, temperatura, luz, oxigênio, umidade, material de
33
35
acondicionamento, microorganismos, vibração e fatores intrínsecos, como,
incompatibilidade física, química e microbiológica (ANVISA, 2004).
O envelhecimento do produto pode levar a alteração nas características
organolépticas, físico-químicas, microbiológicas e toxicológicas. Elevação na
temperatura altera viscosidade, aspecto, cor e odor do produto, enquanto que
redução na temperatura acelera possíveis alterações físicas como turvação,
precipitação, cristalização. Problemas gerados, em função de temperaturas
elevadas, ou muito baixas, podem ser decorrentes também de não-conformidades
no processo de fabricação, armazenamento ou transporte do produto (ANVISA,
2004).
A ação da luz e do oxigênio favorece a formação de radicais livres.
Produtos sensíveis à ação da luz devem ser acondicionados em frascos opacos ou
escuros e adicionar ao produto substâncias antioxidantes para retardar o processo
de oxidação (ANVISA, 2004).
A umidade relativa do ar interfere nas características físicas, tornando-o
amolecido, pegajoso, ou modificando peso ou volume, como também contaminação
microbiológica. Outro aspecto a ser considerado é o material de acondicionamento,
pois materiais como vidro, papel, metal e plástico podem influenciar na estabilidade,
sendo necessário teste de compatibilidade com a formulação (ANVISA, 2004).
Quanto aos aspectos microbiológicos, os produtos que contém água em
sua formulação, como emulsões, géis, suspensões ou soluções, são mais
susceptíveis à contaminação, sendo necessária a utilização de sistemas
conservantes adequados, assim como o cumprimento das Boas Práticas de
Fabricação (ANVISA, 2004).
34
36
Por último, deve-se considerar a vibração e a alteração da temperatura
durante o transporte do produto, podendo afetar a estabilidade das formulações
(ANVISA, 2004).
Quanto aos fatores intrínsecos, estes estão relacionados à própria
natureza das formulações e à interação de seus ingredientes entre si e/ou com o
material de acondicionamento, resultando em incompatibilidades de natureza física
ou química que podem, ou não, ser visualizadas pelo consumidor (ANVISA, 2004).
1.8 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Sustentabilidade é um termo resultante do processo de globalização que
tem em seus princípios o meio de transmitir a reorientação do processo civilizatório
da humanidade, e surge com fins de suporte ambiental. A partir de 1972, originou-se
o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA e desenvolvimento
sustentável e meio ambiente passaram a fundir-se em termos conceituais (NEVES,
2008).
O emprego do conceito desenvolvimento sustentável teve origem no
documento elaborado em 1980 pela União Internacional para a Conservação da
Natureza UICN. A Conferência de Ottawa, em 1986, patrocinada pela UICN,
PNUMA e Fundo Mundial para a Natureza WWF, estabeleceu que o
desenvolvimento sustentável busca responder a cinco quesitos: integração da
conservação e do desenvolvimento; satisfação das necessidades humanas sicas;
alcance da equidade e da justiça social; provisão da autodeterminação social e da
diversidade cultural e manutenção da integração ecológica (PIRES, 1996).
Desta forma, o desenvolvimento sustentável é construído sobre três
pilares interdependentes e mutuamente sustentadores: o desenvolvimento
35
37
econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental. Esse paradigma
reconhece a complexidade e o inter-relacionamento entre as questões da
degradação ambiental como: decadência urbana, crescimento populacional,
igualdade de gêneros, saúde, conflito e violência (LEFF, 2004).
A exploração dos recursos naturais deve ser de forma racional e
sustentável, ou seja, responder às necessidades do presente de forma igualitária,
mas sem comprometer as possibilidades de sobrevivência e prosperidade das
gerações futuras (MARTINS, 2005). O desenvolvimento sustentável vem sendo
divulgado por todo o planeta como uma forma mais racional de prover uma
qualidade de vida socialmente justa (MELLO, 2002). Este conceito traduz várias
idéias e preocupações devido à gravidade dos problemas atuais. Para Thomas
(2004), o uso sustentável são todas as ações que procuram garantir o futuro de um
lugar, respeitando o ser humano e conservando o meio ambiente.
A sustentabilidade está interligada com o comportamento e a ação de
cada um de nós. Se corretamente utilizado, o conceito de desenvolvimento
sustentável aponta caminhos, resgata vivências e experiências e convida todos para
uma ação coletiva, solidária e corajosa (NEVES, 2008).
No caso do pequi, Pozo (1997) realizou estudos nas comunidades do
norte de minas Gerais e observou que a vegetação do Cerrado é explorada de forma
extrativista. O pequizeiro é uma espécie bastante promissora que pode ser
empregado em programas de revegetação de áreas degradadas e em programas de
renda familiar.
Apesar de toda a potencialidade de uso de sua biodiversidade, o Cerrado é
uma das 25 áreas do mundo consideradas críticas para a conservação devido à
riqueza biológica e a alta pressão antrópica a que vem sendo submetido. No
36
38
entanto, essa mudança, ocorrida no Cerrado goiano, não é sustentável à medida
que não considera a necessidade de conservação do meio ambiente, o
respeitando muitas vezes o limite de 20% estabelecido para reserva legal
(OLIVEIRA & DUARTE, 2004).
As empresas do setor cosmético, tanto as que fabricam quanto as que
fornecem matéria-prima, têm modificado seu posicionamento e estratégias frente às
questões ambientais, adotando programas que contribuem para a melhoria da
qualidade de vida, gerando emprego e renda para milhares de pessoas, utilizando
de forma racional a biodiversidade brasileira. Muitas dessas ações o realizadas
com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos ABIHPEC, que por meio do Departamento do Meio Ambiente
disponibiliza informações e orientações para as empresas interessadas na adoção
de práticas ambientais adequadas. A intenção do programa não é apenas
aperfeiçoar recursos e reduzir riscos, tanto para os fornecedores quanto para as
indústrias usuárias de insumos e serviços, mas também promover uma imagem
positiva do setor, privilegiando as empresas comprometidas com um futuro
sustentável (NEVES, 2008).
Assim sendo, nesta pesquisa procurou-se associar o aproveitamento de
caroços de pequi, os quais são resíduos industriais da indústria alimentícia, a fim de
utilizá-los como matéria-prima na formulação de cosméticos, utilizando como
matéria- prima para a manipulação das bases, o produto Hostacerin SAF.
37
39
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado nos Campos I e II da Universidade Católica de
Goiás, no período de maio a novembro de 2008.
2.1 Amostragem
Os frutos foram doados pela Empresa Castanheira Produtos Alimentícios-
DoCerrado Sorvetes, os quais foram coletados no estágio maduro em Montes
Claros-MG, no período de janeiro a março de 2008. Em seguida foram lavados,
sanitizados com solução clorada (100 ppm de cloro ativo) e enxaguados em água
corrente. O descasque e a despolpa foram realizados manualmente utilizando facas
inoxidáveis, segundo orientações de Chitarra (2000). As polpas foram liofilizadas,
acondicionadas em sacos de polietileno e submetidas ao congelamento à
temperatura de 20ºC. Todas as etapas foram realizadas de forma rápida para evitar
o escurecimento devido à ação enzimática.
Os caroços de pequi foram secos ao ar livre na temperatura ambiente,
armazenados em sacos de polietileno para posterior extração manual da amêndoa.
2.2 Caracterização Física
Foram selecionados, aleatoriamente, 10 frutos para caracterização física
dos frutos. A avaliação física consistiu na determinação do peso e dos diâmetros
longitudinal (DL) e transversal (DT), sendo este último avaliado na parte mais larga
do fruto, utilizando um paquímetro digital.
38
40
2.3 Extração do Óleo
2.3.1 Extração artesanal
A extração artesanal foi baseada no método descrito por Facioli &
Gonçalves (1998). Cerca de 200g de polpa do fruto foi submetida a um cozimento
intensivo com água, separando o óleo sobrenadante. Em seguida, o óleo foi seco
em fogo baixo, utilizando um recipiente metálico (panela de alumínio), até que o
mesmo perdesse a opacidade devido à umidade. O óleo obtido foi filtrado em papel
de filtro de uso caseiro.
2.3.2 Extração por prensa mecânica seguida de extração por Soxhlet
A extração do óleo da amêndoa do pequi foi realizada segundo o método
desenvolvido por Castanheira (2005). O método consistiu nas seguintes etapas:
recepção dos caroços limpos, seleção e classificação, cozimento, prensagem
mecânica, centrifugação, separação dos resíduos da massa prensada, extração do
óleo com solvente (hexano e éter etílico) e secagem do óleo para retirada de toda
umidade presente.
A fim de se conseguir a prensagem do caroço, utilizou-se uma prensa do
tipo continua expeller. Esta possui: um motor elétrico, redutor, entrada da semente
condicionada, rosca helicoidal, cesto, cone de saída e saída da torta.
Especificações: fabricante (produtora): Ecetec, modelo expeller, com 42 facas e 6
helicotes (roscas), capacidade de 50 Kg/h, diâmetro do cesto 10 cm e comprimento
do cesto 25 cm, 45 Amper .
39
41
2.3.3 Extração pelo método de Soxhlet
Foi utilizado o método de Soxhlet descrito pela AOCS Bc 3-49 (A.O.C.S,
1993), expresso em porcentagem. Esse método determina as substâncias extraídas
com hexano a 90°C por 6 horas de aquecimento, seguido posteriormente de
destilação do solvente.
2.4 Caracterização Físico-Química do Óleo
A caracterização físico-química dos óleos foi realizada por metodologias
oficiais (A.O.C.S., 1993) e Normas do Instituto Adolfo Lutz (1985).
2.4.1 Umidade
A determinação da umidade e matéria volátil é um dos parâmetros legais para
a avaliação da qualidade de óleos e é determinada a 105°C. O método consistiu em
pesar cerca de 2g da amostra em cápsula de porcelana, previamente tarada, e
aqueceu durante uma hora em estufa a 105°C. Resfriou em dessecador até
temperatura ambiente. Pesou e repetiu o procedimento até massa constante.
2.4.2 Acidez Total
O índice de acidez é definido como o número de mg de hidróxido de sódio
necessário para neutralizar um grama da amostra. O método consistiu em pesar 2g
da amostra em frasco erlenmeyer de 125 mL. Adicionou 25 mL de solução de
éter:etanol (2:1). Titulou com solução padrão de hidróxido de sódio 0,1 molL
-1
ou
40
42
0,01mol L
-1
, na presença de solução alcoólica de fenolftaleína a 1%, como indicador
da titulação.
2.4.3 Índice de Peróxido
Esta análise indica todas as substâncias, em termos de mili-equivalentes
de peróxido por 1000g de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições
de análise. Estas substâncias são geralmente consideradas como peróxidos ou
outros produtos similares resultantes da oxidação da gordura. O método consistiu
em pesar 5±0,05 g da amostra em um frasco erlenmeyer de 125mL. Adicionaram-se
30mL de solução ácido acético-clorofórmio 3:1 e agitou até dissolução completa.
Adicionou-se 0,5mL de solução saturada de KI e deixou-se em repouso ao abrigo da
luz por um minuto. Acrescentaram-se 30mL de água e titulou com solução de
tiossulfato de sódio 0,01mol/L, com constante agitação, até quase desaparecimento
da coloração amarela. Adicionou-se 0,5mL de solução de amido indicadora e
continuou a titulação a o completo desaparecimento da coloração azul. Nesta
análise foi necessário preparar uma prova em branco nas mesmas condições de
análise.
2.4.4 Índice de Saponificação
O índice de saponificação é a quantidade em miligramas de hidróxido de
potássio necessário para saponificar um grama de amostra de óleo. O método
consistiu em pesar 5g da amostra em um frasco erlenmeyer de boca esmerilhada.
Adicionaram-se 50mL de solução alcoólica de hidróxido a 4%. Foi preparada uma
prova em branco e procedeu a análise simultaneamente com a amostra. Conectou-
41
43
se um condensador e deixou-se ferver suavemente até a completa saponificação da
amostra. Em seguida, resfriou-se o sistema e lavou o condensador com alguns
mililitros de água destilada. Desconectou-se o erlenmeyer do condensador e titulou-
se a amostra com solução padrão de ácido clorídrico 0,5 molL
-1
, utilizando-se duas
gotas de solução alcoólica de fenolftaleína a 1%, como indicador da titulação.
2.4.5 Índice de Refração
O índice de refração é característico para cada tipo de óleo, dentro de
certos limites. Está relacionado com o grau de saturação das ligações, mas é
afetado por outros fatores tais como: teor de ácidos graxos livres, oxidação e
tratamento rmico. Este método é aplicável a todos os óleos normais e gorduras
líquidas.
2.5 Composição de Ácidos Graxos
A composição de ácidos graxos foi determinada por cromatografia gasosa
(A.O.C.S., 1993). Utilizou-se o cromatógrafo HP, modelo Agilent 6890N, com
detector de ionização de chama e coluna de aço inoxidável com 1/8” de diâmetro,
4m de comprimento e empacotada com 10% de Silar 10C em Chromosorb W-HP
(100-120 mesh). As condições empregadas foram: fluxo de nitrogênio de 25 mL/min,
temperatura de injetor igual a 225°C, temperatura da coluna igual a 175°C e
temperatura do detector igual a 225°C. Os ésteres metílicos padrões foram
adquiridos comercialmente. A identificação dos ácidos graxos do óleo foi realizada
comparando-se os tempos de retenção com padrões. A quantificação foi realizada
por normalização de áreas calculadas pelo integrador LCI-100, da HP.
42
44
2.6 Manipulação das Emulsões Cosméticas
Foram manipuladas cerca de 160g de cada amostra, as quais foram
divididas em quatro potes de 40g. Inicialmente preparou-se a base para receber os
óleos com a seguinte composição: nipagin 0,15%, nipazol 0,05%, BHT 0,05%,
Propilenoglicol 5%, água qsp e Hostacerin SAF 5%. Após o preparo da base, as
emulsões foram formuladas acrescentando-se 2% do ativo α-tocoferol (acetato de
tocoferol (amostra 1- padrão), 5% do óleo da polpa do pequi (amostra 2) e 5% do
óleo da amêndoa (amostra 3).
2.7 Estabilidade
A estabilidade física das três amostras foi realizada em quatro diferentes
temperaturas (ambiente a 25
0
C, sol direto, estufa a 40 ± 2
0
C e geladeira a 5 ± 2
0
C.
As amostras foram armazenadas em frasco de plástico opaco e separadas para os
seguintes estudos:
1. Início, 24 horas após a fabricação, para observação da aparência do produto
(parâmetros físicos), centrifugação, densidade, determinação do pH e avaliação
microbiológica.
2. Estabilidade térmica por TG/DTG e DTA.
3. Estabilidade normal à temperatura ambiente (25 ± 2°C), estufa (40 ± 2°C) e na
geladeira (5 ± C) e efeito da luz solar por 7, 15 e 30 dias, para observação das
propriedades físicas, pH e densidade.
2.8 Avaliação Física
43
45
As emulsões foram avaliadas em relação aos seguintes parâmetros
físicos: aspecto ou aparência do produto (homogeneidade, brilho, maciez e
opacidade), durante o período de trinta dias. Os aspectos físicos foram avaliados na
farmácia de manipulação Labore e no Laboratório de Química da Universidade
Católica de Goiânia.
2.9 Centrifugação
Em um tubo de ensaio cônico graduado para centrífuga (Fanem Ltda,
modelo 206 R) foram acondicionados 5,0g de cada amostra e submetidos aos ciclos
de 1000, 2500 e 3500 rotações por minutos durante trinta minutos à temperatura
ambiente (PIANOVSKI et al, 2008).
2.10 Densidade
A densidade das amostras foi realizada pelo método do picnômetro a
temperatura ambiente. O método consistiu em pesar o picnômetro vazio (m
p
),
completá-lo com a amostra e pesá-lo cheio (m
p+a
). O volume do picnômetro foi
determinado calibrando-o com água destilada na mesma temperatura (LUTZ, 1998).
2.11 pH
O medidor de pH com eletrodo em gel, é um aparelho indispensável na
farmácia com manipulação, sendo importante tanto no controle de qualidade da
matéria-prima como no produto acabado. Várias matérias-primas podem ter seu pH
alterado em função de impurezas ou instabilidade, que pode ser devido ao tempo de
estocagem e/ou condições inadequadas de transporte e armazenamento
(FERREIRA, 2002).
44
46
A medição do pH foi realizada pelo equipamento de marca Marte MB-10,
modelo do phmetro SC06 previamente calibrado com soluções padrão. A análise
consistiu em verificar as variações ocorridas ao longo de 30 dias em ambientes
variados (temperatura ambiente, sol direto, geladeira e estufa). A verificação do pH
foi feito diretamente na emulsão, não sendo necessárias diluições prévias.
2.12 Avaliação Microbiológica
As emulsões foram analisadas quanto ao crescimento microbiano após a
manipulação e durante os 30 dias, verificando possíveis processos de fermentação
(estufamento das embalagens), coloração estranha ou manchas de mofo, odor
desagradável, turvação e separação de emulsões.
Após 24 horas da manipulação das emulsões, 10g de cada amostra
(creme com vitamina E, com óleo da polpa e com óleo da amêndoa do pequi) foram
enviadas ao Laboratório de análise microbiológica da Faculdade Araguaia de
Goiânia. A metodologia usada foi a USP 31 de 2008 e a técnica de diluição foi pour
plate para contagem e meios seletivos para patogênicos. As placas para verificar o
crescimento das bactérias foram incubadas em temperatura de 35°C por até 72
horas e aquelas para verificar o crescimento dos fungos em temperatura ambiente
(25°C) por 7 dias para observação do seu crescimento no meio.
2.13 Avaliação da Estabilidade Térmica
As emulsões cosméticas foram avaliadas quanto à estabilidade térmica
por Termogravimetria/Termogravimetria Derivada (TG/DTG) e Análise Térmica
Diferencial (DTA). As condições de análise foram: razão de aquecimento de
10ºC/min, fluxo de gás nitrogênio e ar comprimido de 50mL/min, cadinho de alumina,
45
47
no intervalo de 50 a 900ºC. Neste estudo foi utilizado um analisador
termogravimétrico, modelo TGA-50 da marca Shimadzu.
46
48
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Amostragem e Rendimentos das Extrações
Os pequis analisados apresentaram tamanhos variados, pesando-se, em
média, 120g (Figura 4). A casca verde representou mais de 80% da massa do fruto
(em torno de 96g), o endocarpo espinhoso cerca de 4,6% (5,5g), a polpa amarela
clara carnosa e oleosa cerca de 7% (8,4g) e as amêndoas em torno de 1% (1,2g) da
massa do fruto. Segundo ALMEIDA et al. (1988b), as características dos frutos,
como cor, tamanho, peso, amêndoa e polpa podem variar conforme o local de
plantio, colheita, ponto de maturação e fatores ambientais.
Foto: Tatiana Nogueira, 2008.
FIGURA 3: Amostragem e despolpa manual de pequi
Nesta pesquisa tentou-se extrair o óleo de pequi por três metodologias:
artesanal; prensa mecânica, seguida de extração com solvente; e pelo todo de
Soxhlet. Os resultados mostraram que o último método foi o mais adequado, pois
apresentou maior rendimento e melhor qualidade do produto.
47
49
No método artesanal, o produto obtido apresentou-se opaco, com alta
umidade, baixo rendimento e sofreu oxidação em poucos dias. Desta forma, a
metodologia usada não foi adequada para obtenção do óleo.
No caso do método da prensa hidráulica seguida de extração com
solvente, o produto, após prensagem, apresentou-se com um baixo rendimento. A
partir de 10Kg de caroço de pequi obteve-se aproximadamente 250g da mistura
(traços de polpa, óleo e espinhos). A Figura 4 ilustra as etapas do método.
FIGURA 4: A) Caroços no cone da prensa. B) obtenção da torta (resíduo da
amostra); C) torta no cone da prensa (2
a
passagem); D) obtenção da mistura de
óleo, polpa e espinhos.
A
B
C
D
48
50
Com as dificuldades apresentadas nos dois métodos anteriores, decidiu-se
extrair o óleo utilizando o extrator de lipídeos (Figura 5). Inicialmente, utilizaram-se
dois solventes (éter etílico e hexano), para aperfeiçoar a extração. Os resultados
mostraram maior rendimento com hexano, conseguindo-se extrair cerca de 36,05%
de óleo da polpa. No caso do éter etílico, o rendimento foi baixo e o óleo apresentou-
se úmido. Desta forma, optou-se em realizar as demais extrações com o solvente
hexano. O aparelho de Soxhlet está ilustrado na Figura 5A. Observou-se que o óleo
extraído da polpa apresentou coloração amarelo-alaranjada (Figura 5 B) e o extraído
da amêndoa coloração amarelo claro (Figura 5C).
FIGURA 5: A) Extrator de Soxhlet com aquecimento em banho-maria; B) Óleo da
polpa de pequi; C) Óleo da amêndoa de pequi.
3.2 Análises Físico-Químicas
As principais análises físico-químicas que determinam a qualidade de um
óleo envolvem a determinação do teor de água (umidade), índice de acidez, índice
de saponificação, índice de peróxido e índice de refração.
Os resultados analíticos dos óleos da amêndoa e polpa estão
apresentados na Tabela 2.
A
B
A
C
A
49
51
TABELA 2: Análises físico-químicas dos óleos de pequi
Análises
Óleo da Polpa
Óleo da Amêndoa
Umidade a 105(ºC) (g/ 100g)
0,68±0,02
1,16±0,01
Índice de Acidez Total (mg KOH/g)
3,17±0,08
4,94±0,08
Índice em ácido oléico (%)
1,59±0,08
2,48±0,08
Índice de Peróxido (%)
24,16±0,05
28,23±0,05
Índice de saponificação (mg KOH/g)
194,29±0,05
206,10±0,93
Índice de refração
1,406±0,00
1,392±0,00
A umidade é a quantidade de água não combinada a substâncias voláteis
na amostra, que são eliminadas a 105ºC, durante um determinado intervalo de
tempo, expresso em gramas de água/100g de amostra. Esta análise caracteriza o
óleo como um produto de melhor qualidade e maior durabilidade (VIEIRA, 1994). A
umidade está relacionada com estabilidade, qualidade e composição (CECHI, 2003).
Segundo Santos et al. (2001), o óleo de pequi pode ser classificado como óleo
industrial do tipo 1 quando apresentar, no máximo, 0,5% de umidade. Ambos os
óleos estão com valor de umidade um pouco acima deste valor.
O índice de acidez é definido como o número de miligramas (mg) de
hidróxido de potássio necessário para neutralizar os ácidos livres presentes em um
grama de óleo ou gordura. Ribeiro & Seravalli (2004) revelam que o estado de
conservação do óleo está intimamente relacionado com a natureza e qualidade da
matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza do óleo, com o processamento e,
principalmente, com as condições de conservação, pois a decomposição dos
50
52
glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, enquanto a rancidez é quase
sempre acompanhada da formação de ácido graxo livre. Segundo Angelucci et al.
(1987), o alto teor de acidez de um óleo bruto aumenta a perda da neutralização,
sendo também indicador de amostras de baixa qualidade, de manuseio e
armazenamento impróprios ou de um processamento insatisfatório. Conforme
Santos et al. (2001), os óleos com acidez inferior a 1% são classificado como do tipo
1 e quando o óleo apresentar no máximo 2,5% de acidez livre é considerado do tipo
3, conforme a portaria 482/99 da ANVISA (BRASIL, 1999). A acidez pode ser
expressa também em volume (mL) de solução normal por cento (v/p) ou em massa
(g) de ácido oléico por cento (p/p). Os resultados mostraram que o óleo da polpa
está com uma acidez total em torno de 3,17%, estando um pouco acima ao valor
máximo estipulado para óleo tipo 3. No entanto, a acidez livre de um óleo decorre da
hidrólise parcial dos glicerídeos, razão pela qual não é uma constante ou
característica, mas uma variável intimamente relacionada com a natureza e a
qualidade da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza da gordura, com o
processamento e com as condições de conservação da gordura (MORETTO &
FETT, 1998).
O Índice de saponificação é definido como o número de miligramas de
hidróxido de potássio (KOH) necessários para saponificar os ácidos graxos,
resultantes da hidrólise de um grama da amostra. É inversamente proporcional ao
peso molecular médio dos ácidos graxos dos triglicerídeos presentes. Quanto menor
o peso molecular do ácido graxo, tanto maior será o índice de saponificação. Em
termos alimentares, quanto mais alto for o índice de saponificação melhor será o
óleo para alimentação (MORETTO e FETT, 1998). Os resultados mostraram que o
óleo obtido da polpa apresentou cerca de 190%, enquanto que o da amêndoa em
51
53
torno de 200%. Segundo Ribeiro & Seravalli (2004), a reação de saponificação pode
estabelecer o grau de deteriorização e a estabilidade, verificar se as propriedades
dos óleos estão de acordo com as especificações e identificar possíveis fraudes e
adulterações.
O índice de peróxidos determina, em miliequivalentes de KI por 1000g de
amostra, todas as substâncias que oxidam o iodeto de potássio; devido à sua ação
fortemente oxidante, os peróxidos orgânicos formados no início da rancificação
atuam sobre o iodeto de potássio, liberando o iodo que será titulado com tiossulfato
de sódio em presença de amido, como indicador (MORETTO e FETT, 1998).
Conforme Cecchi (2003), este é um dos métodos mais utilizados para medir o
estado de oxidação de óleos e gorduras. Segundo Malacrida (2003) nos óleos não
deve ultrapassar o valor de 10meq/1000g de amostra. Os valores observados para
ambos os óleos estão acima deste limite, indicando uma possível deterioração
oxidativa.
O índice de refração tem grande utilidade no controle dos processos de
hidrogenação, não para os óleos, mas, também para as gorduras, cuja
temperatura indicada é de 40ºC. Os óleos e as gorduras possuem poderes de
refringência diferentes e, de acordo com sua natureza desviam, com maior ou menor
intensidade, os raios luminosos que os atravessam; assim, o índice de refração de
uma gordura aumenta com o comprimento da cadeia hidrocarbônica e com o grau
de insaturação dos ácidos graxos constituintes dos triglicerídeos (MORETTO e
FETT, 1998). O índice de refração de óleos e gorduras é muito usado como critério
de qualidade e identidade, pois, quando referente a um óleo, este índice aumenta
com o indice de iodo e pode ser usado no controle de processos de hidrogenação de
52
54
óleos insaturados (CECCHI, 2003). Os valores observados nos óleos da polpa e
amêndoa estão próximos aos valores encontrados por Faccioli & Gonçalves (1998).
3.3 Composição de Ácidos Graxos
A composição de ácidos graxos nos óleos brutos da polpa e da amêndoa
foi caracterizada por cromatografia gasosa. Os resultados estão apresentados na
Tabela 3 e comparados com a literatura (g/ 100g).
TABELA 3: Composição em ácidos graxos de óleo de pequi na polpa e amêndoa
ÁCIDO GRAXO
Óleo da polpa
Óleo da amêndoa
Garcia et al.
(polpa)
Palmítico (C16:0)
41,1
42,3
41,1
Palmitoléico (C16:1)
0,5
0,6
0,5
Esteárico (C18:0)
1,9
1,5
1,9
Oléico (C18:1)
54,0
50,2
54,0
Linoléico (C18:2)
1,0
1,0
0,9
Linolênico (C18:3)
0,3
0,5
n/d
Araquidico (C20:0)
0,2
0,2
0,2
Mirístico
0,2
0,3
0,2
Vacênico
0,2
n/d
0,3
Gadoleico
0,2
n/d
0,7
n/d: não detectado
Os resultados analíticos mostraram que o óleo do pequi apresenta em sua
composição química diferentes ácidos graxos, destacando-se o oléico e o palmítico
e em menores quantidades os ácidos graxos esteárico, mirístico, palmitoléico,
linoléico e linolênico. Os resultados estão compatíveis aos observados por Garcia et
al. (2007).
53
55
De acordo com os resultados apresentados por Castro et al. (s/d), o óleo
de andiroba possui características semelhantes ao óleo do pequi com relação à sua
composição em ácidos graxos, apresentando 30% no teor de ácido palmítico e 52%
em ácido oléico.
Os ácidos graxos constantes no óleo da polpa e amêndoa são bastante
semelhantes aos apresentados na epiderme (RIEGER, 1987), o que possibilita o uso
como matéria-prima na formulação de cosméticos.
O ácido oléico (ômega 9) é um ácido graxo essencial ao organismo
humano, participa do metabolismo e é fundamental na síntese dos hormônios, além
de ser muito utilizado como aditivo em sabões, sabonetes, emulsões cosméticas
devido as suas propriedades de emoliência, lubrificidade para recompor a
oleosidade em peles ressecadas e como regenerador e protetor de danos causados
pelos raios solares (ROCHA et al., 2007).
3.4 Avaliação microbiológica das emulsões
Os resultados microbiológicos estão apresentados na Tabela 4.
TABELA 4: Resultado da análise microbiológica das emulsões
Emulsão
Mesófilos
heterotróficos
(UFC/g)
Bolores e
Leveduras
(UFC/g)
Pseudomonas
aeruginosa
(UFC/g)
Staphiloc.
Aureus
(UFC/g)
Escherichia
coli
(UFC/g)
Vitamina E
8,3 x 10
2
55,0
Ausente
Ausente
Ausente
Óleo da Polpa
2,0 x 10
2
12,0
Ausente
Ausente
Ausente
Ó. Amêndoa
1,2 x 10
2
< 10
Ausente
Ausente
Ausente
54
56
De acordo com a tabela 4, as emulsões contendo vitamina E, óleo da
polpa e óleo da amêndoa do pequi, quanto aos microorganismos mesófilos
heterotróficos e bolores e leveduras apresentaram-se dentro dos limites
estabelecidos pela USP, estando em conformidade com a legislação. Ao final de 30
dias, não foram observadas alterações nas amostras, como estufamento de
embalagens, bolores, odor estranho, somente houve mudança na coloração,
indicando oxidação do produto.
3.5 Avaliação Física das Emulsões
De um modo geral, as amostras apresentaram-se brilhosas, sem grumos,
homogêneas, de cil espalhabilidade, finas, toque não oleoso e odor característico.
Quanto à coloração, a emulsão manipulada com óleo extraído da polpa do pequi
apresentou cor amarela, enquanto que as amostras com óleo extraído da amêndoa
e com padrão de vitamina E foram de cor branca (Figura 6).
FIGURA 6: A) Emulsão com vitamina E (padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa
do pequi; C) Emulsão com óleo da polpa do pequi.
B
A
C
B
A
A
55
57
Após manipulação, as emulsões foram submetidas a testes de
centrifugação, para fornecer informações sobre instabilidade, tais como a floculação,
que pode progredir para a coalescência. Não foi observada nenhuma instabilidade
com as amostras após o último ciclo de rotação a 3500 rpm por 30 minutos, como
pode ser observado na Figura 7.
FIGURA 7: A) Antes da centrifugação (emulsão contendo vitamina E, óleo da polpa e
óleo da amêndoa do pequi, respectivamente); B) Após a centrifugação (na mesma
ordem).
As emulsões foram armazenadas à temperatura ambiente e ao abrigo da
luz, e não sofreram variações nas características organolépticas no período
estudado, como pode ser observado na Figura 8.
FIGURA 8: Emulsões após 30 dias. A) Emulsão com vitamina E (padrão); B)
Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da polpa do pequi.
A
B
A
B
C
56
58
As emulsões quando expostas diretamente ao sol (aumento gradativo da
temperatura), no mês de outubro, no qual a temperatura máxima média mensal em
Goiânia foi de 35ºC, assim como armazenadas na geladeira (redução da
temperatura), qualitativamente, não sofreram modificações visuais nas
características organolépticas, indicando que as emulsões foram resistentes a
pequenas variações de temperatura, como pode ser observado nas Figuras 9 e 10.
FIGURA 9: Emulsões após 30 dias na geladeira a 5ºC. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi.
FIGURA 10: Emulsões após 30 dias na geladeira a C. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi.
A
B
C
A
B
C
57
59
No entanto, quando armazenadas na estufa a 40°C, observou-se a partir
do 15°dia, que as emulsões alteraram a coloração (tornaram-se mais escuras),
diminuíram o brilho e ficaram mais consistentes (duras). A mudança na cor pode ser
observada na Figura 11.
FIGURA 11: Emulsões após 30 dias na estufa a 40ºC. A) Emulsão com vitamina E
(padrão); B) Emulsão com óleo da amêndoa do pequi; C) Emulsão com óleo da
polpa do pequi.
Paralelamente aos ensaios da estabilidade frente aos diferentes
ambientes, avaliaram-se o valor do pH e da densidade das amostras após 24horas
de manipulação, 7º, 15º e 30º dia. Os resultados da variação do pH em função do
tempo de armazenamento estão apresentados na Figura 12. A emulsão cosmética
manipulada com 5% de vitamina E padrão não sofreu alterações ao longo dos dias,
independentemente do ambiente, exceto quando armazenada na estufa a 40 ºC. No
entanto, as emulsões com óleo de pequi sofreram variações ao longo do tempo e
nos diferentes ambientes. Na figura 12D é evidenciada uma maior alteração do ph
no óleo da polpa e amêndoa. Na Figura 12B é evidenciado um decréscimo do pH
A
B
C
58
60
para as emulsões manipuladas com óleo da polpa e amêndoa, no intervalo de 15 a
30 dias, quando expostas ao sol. Os valores de pH diminuíram, mas não ficaram
inferiores ao pH da pele (4,6 a 5,8). As amostras quando expostas na estufa
sofreram processo de desidratação e decomposição, que refletiram no valor de pH.
Os gráficos da variação da densidade em função dos dias de
armazenamento, nos diferentes ambientes estão apresentados na Figura 13.
Observou-se que a emulsão manipulada com 5% de vitamina E (padrão) não sofreu
variação na densidade durante 30 dias, quando a amostra estava armazenada na
temperatura ambiente, na geladeira e exposta ao sol, indicando valor de densidade
próximo de 1,0g/cm
3
. No entanto, quanto armazenada na estufa a 40ºC, o valor da
densidade apresentou um leve aumento no valor a partir do 7º dia.
A emulsão com óleo da amêndoa apresentou valor de densidade maior
que o da polpa. Isso se deve, provavelmente, ao fato do óleo da amêndoa
apresentar maior umidade (1,16%), enquanto que o óleo da polpa menor valor
(0,68%). Houve uma uniformidade no valor das densidades quando em temperatura
ambiente e geladeira, em sol direto houve uma leve diminuição na densidade e
quando em estufa, houve uma diminuição considerável na densidade, indicando que
o produto perdeu massa.
A emulsão com óleo da polpa do pequi apresentou densidade menor que
todas as outras amostras, isto pode ser devido ao seu baixo teor de umidade. Na
temperatura ambiente, as amostras se mantiveram estáveis, em sol direto houve
uma variação após 15 dias por perda de massa, em geladeira a densidade
aumentou devido ao ganho de água no produto, aumentando sua massa.
59
61
FIGURA 12: Variação do pH das emulsões por 30 dias: A) temperatura ambiente; B) exposta ao sol; C) Geladeira; D) estufa.
A
B
A
C
D
A
60
62
0,965
0,975
0,985
0,995
1 7 15 30
Dias
Densidade (g/mL)
Vitamina E Óleo da Amêndoa Óleo da Polpa
0,945
0,955
0,965
0,975
0,985
0,995
1 7 15 30
Dias
Densidade (g/mL)
Vitamina E Oléo da Amêndoa Óleo da Polpa
0,955
0,965
0,975
0,985
0,995
1 7 15 30
Dias
Densidade (g/mL)
Vitamina E Óleo da Amêndoa Óleo da Polpa
0,965
0,975
0,985
0,995
1 7 15 30
Dias
Densidade (g/mL)
Vitamina E Óleo da Amêndoa Óleo da Polpa
FIGURA 13: Variação da densidade das emulsões no intervalo de 30 dias: A) temperatura ambiente; B) exposta ao sol; C)
Geladeira; D) estufa.
61
63
3.6 Estabilidade Térmica das Emulsões
As emulsões foram analisadas quanto à estabilidade térmica em
atmosfera dinâmica de ar comprimido e nitrogênio (Figuras 14 a 19). Silva et al
(2007) revisaram dados na literatura sobre a aplicação da análise térmica para os
estudos das propriedades físicas e químicas de cosméticos. Neste estudo destacam-
se as técnicas de Termogravimetria/Termogravimetria Derivada (TG/DTG) e Análise
Térmica Diferencial (DTA).
A análise térmica é definida como um grupo de técnicas analíticas na qual
uma propriedade física de uma substância e/ou seus produtos de reação é medida
em função da temperatura e/ou tempo, enquanto essa substância é submetida a um
programa controlado de temperatura (WENDLANDT, 1986).
A TG/DTG fornece informações sobre variações de massa em função do
tempo e/ou temperatura sob determinadas condições atmosféricas. As curvas
fornecem dados sobre composição e estabilidade térmica, produtos intermediários e
resíduos formados (MACHADO & MATOS, 2004). A DTG é a derivada primeira da
curva TG. Nesta, os degraus correspondentes às variações de massa da curva TG
são substituídos por picos que determinam áreas proporcionais às variações de
massa, tornando as informações mais acessíveis e com melhor resolução.
A DTA é a técnica pela qual a diferença de temperatura T) entre a
substância e o material de referência (neste caso foi utilizado -alumina) é medida
em função da temperatura, enquanto ambos o submetidos a uma programação
controlada de temperatura. As variações de temperatura na amostra são devidas às
transições entálpicas ou reações endotérmicas ou exotérmicas (MATOS &
MACHADO, 2004).
62
64
FIGURA 14: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/min. e sob atmosfera dinâmica
de ar comprimido da amostra da emulsão com vitamina E.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e mp
[C]
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
mg
T GA
-5.00
0.00
mg /m in
D rT GA
-200. 00
-100. 00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
FIGURA 15: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/ min. sob atmosfera dinâmica de
nitrogênio da amostra da emulsão com vitamina E.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e m p
[C]
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
mg
T GA
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
2.00
mg /min
D rT GA
-150.00
-100.00
-50.00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
63
65
FIGURA 16: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/min. e sob atmosfera dinâmica
de ar comprimido da amostra da emulsão com óleo da polpa do pequi.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e mp
[C]
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
mg
T GA
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
2.00
mg /m in
D rT GA
-200.00
-100.00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
FIGURA 17: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/ min. sob atmosfera dinâmica de
nitrogênio da amostra da emulsão com óleo da polpa do pequi.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e mp
[C]
0.00
10.00
20.00
30.00
mg
T GA
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
2.00
mg /min
D rT GA
-150.00
-100.00
-50.00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
64
66
FIGURA 18: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/min. e sob atmosfera dinâmica
de ar comprimido da amostra da emulsão com óleo da amêndoa do pequi.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e mp
[C]
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
mg
T GA
-5.00
0.00
mg / min
D rT GA
-200.00
-100.00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
FIGURA 19: Curvas TG/DTG e DTA obtidas a 10°C/ min. sob atmosfera dinâmica de
nitrogênio da amostra da emulsão com óleo da amêndoa do pequi.
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
T e mp
[C]
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
mg
T GA
-6.00
-4.00
-2.00
0.00
mg /min
D rT GA
-300.00
-200.00
-100.00
0.00
uV
D T A
Curva DTG Curva TG Curva DTA
65
67
Os resultados extraídos das curvas TG/DTG e DTA para as emulsões
sobre o comportamento térmico estão apresentados a seguir.
De um modo geral, sob atmosfera oxidante (ar comprimido), as emulsões
sofreram três etapas de degradação. A primeira etapa ocorreu no intervalo de 25 a
200ºC, indicando a maior perda de massa relativa à desidratação e eliminação de
substâncias voláteis. A segunda etapa ocorre entre 200 a 400ºC, relativa à
degradação das emulsões, sendo que a partir deste intervalo, praticamente não se
observou variação de massa (Tabela 5).
TABELA 5: Resultados Termoanalíticos sob atmosfera oxidante
Emulsão
1ª Etapa
2ª Etapa
3ª Etapa
T
o
(ºC)
T
f
(ºC)
Δm
(%)
T
o
(ºC)
T
f
(ºC)
Δm
(%)
T
o
(ºC)
T
f
(ºC)
Δm
(%)
Vitamina E
52,3
151,2
90,6
266,5
323,9
7,8
470,0
541,5
1,6
Óleo da Polpa
66,1
131,8
88,1
290,4
353,5
8,6
483,0
553,9
2,8
Óleo da Amêndoa
56,2
129,6
88,4
292,4
355,4
7,9
434,3
490,1
2,9
T
0
: Temperatura Inicial; T
f
: Temperatura Final; Δm: variação de massa
Os dados da Tabela 5 indicam que a emulsão manipulada com 5% de
vitamina E foi a menos estável e apresentou maior perda de massa durante a
primeira etapa. A emulsão com óleo da polpa de pequi foi a mais estável, seguida da
emulsão com óleo da amêndoa. As duas amostras apresentaram perda de massa na
66
68
ordem de 88,0%. Esta perda de massa é caracterizada por um evento endotérmico
nas curvas DTA, o que corrobora com a desidratação das mesmas.
Em relação ao comportamento térmico sob atmosfera de nitrogênio, as
curvas TG/DTG para as três emulsões não foram semelhantes. Para a emulsão com
vitamina E, a curva TG/DTG evidenciou duas etapas bem definidas. A primeira etapa
ocorreu com maior variação de massa, no intervalo de 25 a 200ºC, relativa à
desidratação e eliminação de substâncias voláteis. A segunda etapa foi mais lenta,
entre 200 até 600ºC, relativa à degradação da emulsão. Para a amostra manipulada
com óleo da polpa de pequi, a curva apresentou pequenas oscilações, com duas
variações de massa consecutivas no intervalo de 25 a 600ºC, relativas a
desidratação seguida de decomposição. E, finalmente, para a emulsão com óleo da
amêndoa, a curva TG/DTG evidenciou duas etapas de perda de massa como pode
ser observado na Tabela 6.
Deve-se ressaltar que também na atmosfera inerte a emulsão com a
vitamina E foi a menos estável, seguida da emulsão com óleo da polpa e a mais
estável foi a emulsão com óleo da amêndoa.
TABELA 6: Resultados Termoanalíticos sob atmosfera inerte
Emulsão
1ª Etapa
2ª Etapa
T
o
(ºC)
T
f
(ºC)
Δm(%)
T
o
(ºC)
T
f
(ºC)
Δm(%)
Vitamina E
45,5
108,1
90,9
240,5
347,9
7,7
Óleo da Polpa
58,7
135,2
72,0
307,8
423,7
26,9
Óleo da Amêndoa
87,1
125,1
89,6
328,3
418,3
9,4
T
0
: Temperatura Inicial; T
f
: Temperatura Final; Δm: variação de massa
67
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivos, extrair os óleos da polpa e
amêndoa do pequi, avaliar a composição de ácidos graxos e as características
físico-químicas, a fim de obter um produto de qualidade para aplicação na Indústria
cosmética na forma de emulsões, sendo o óleo da amêndoa obtido do rejeito da
Indústria de Alimentos, caracterizando desenvolvimento sustentável.
Na revisão da literatura buscou-se abordar o Cerrado, em termos de
localização e características de solo, vegetação e flora. Fez-se referência ao
pequizeiro e o seu fruto, o pequi, seus nomes populares, características peculiares,
importância do óleo na nutrição, na medicina e na indústria cosmética. Finalmente,
abordou-se sobre emulsão, estabilidades física, química e microbiológica, e sobre a
importância e o significado de desenvolvimento sustentável.
Os pequis foram analisados quanto as suas características físicas,
obtendo-se os resultados e comparando-os com a literatura, observando-se que as
diferenças podem ser devidas ao local de plantio, colheita, ponto de maturação e
fatores ambientais diversos.
Os óleos foram extraídos por três diferentes métodos, ou seja, artesanal,
prensa mecânica seguida da extração por solvente e pelo método de Soxhlet. O
último método foi o que obteve um melhor rendimento. Os óleos foram analisados
apresentando valores alterados de umidade, acidez, índice de peróxidos, sendo
características de óleos em processo de degradação oxidativa. Esse resultado pode
ser devido ao tempo prolongado da extração até sua análise ou pela ação da luz e
oxigênio.
68
70
A análise da composição em ácidos graxos demonstrou que o óleo tanto
da amêndoa quanto da polpa do pequi é rico em ácido palmítico e ácido oléico,
importantes como aditivos em emulsões para promover emoliência à pele, como
também, lubrificante para peles altamente ressecadas e também é usado produtos
solares e produtos pós sol, protegendo e regenerando a pele danificada pelo efeito
dos raios solares (ROCHA et al).
As emulsões foram manipuladas contendo 5% de vitamina E, óleo da
polpa e amêndoa do pequi. Inicialmente as amostras apresentaram-se dentro da
conformidade com a legislação quanto ao aspecto microbiológico e não sofreram
separação ou demonstraram instabilidade após a centrifugação. Após os 30 dias de
observação nos diferentes ambientes, observou-se que as alterações ocorridas tanto
no pH quanto na densidade não alteraram o aspecto do produto, somente quando
colocado em estufa a 40ºC houve alteração na cor, evidenciando oxidação,
degradação dos componentes e perda de massa através da análise da TG.
Avaliando-se os gráficos de estabilidade térmica das emulsões, notou-se
que os óleos da polpa e da amêndoa do pequi foram mais estáveis em relação à
degradação do que a vitamina E.
Os resultados não foram os esperados devido às alterações nas
características físico-químicas dos óleos. No entanto, observou-se uma grande
importância para aplicação em emulsões cosméticas, por apresentar em sua
composição ácidos graxos essenciais para hidratação da pele e pelo pH se
aproximar ao da pele (4,6 5,8). Quanto ao aspecto sustentável, são produtos em
estudo que podem ser aprofundados devido à amêndoa ser um rejeito da Indústria
de Alimentos se transformando em matéria-prima para aplicação em emulsões.
69
71
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