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Apesar de longo, o depoimento a seguir é significativo:
Eu fico cheio de dúvidas se o caminho que foi utilizado, que foi perseguido, foi
realmente o melhor caminho para a empresa. Eu não tenho dúvida de que, para
efeito de mercado, é até uma situação delicada você não apresentar uma evolução
dos seus processos, do seu modo de fazer, da sua tecnologia, porque a gente perde
espa
ço para os outros bancos, isso é um fato. Mas a gente tem muito o hábito, hoje,
de comparar que a gente consegue desenvolver processos e informações em um
número muito acima do que a gente fazia antes. É que antes, na realidade, a gente
tinha 140 mil funcionários e hoje são menos de 90 mil. É a produtividade. O que o
Banco passou a fazer justifica, tanto que a gente hoje tem menos funcionários
fazendo muito mais. Em parte eu concordo com isso, mas como eu não tenho
números para ficar mensurando eu também faço uma colocação daquilo que a gente
tamb
ém deveria pensar um pouco. A gente tem na realidade hoje menos pessoas,
mas a gente tem hoje orbitando no Banco milhares e milhares e milhares e milhares
de terceirizados. Fazendo tudo. Ent
ão, na realidade, o computador velho é uma
solução limpa, tempestiva, ágil, mas em compensação, o que existe de estrutura para
fazer isso acontecer, o tempo que se gasta, a quantidade de programador que tem de
ser contratado e eu n
ão sei se o custo-benefício compensa isso aí. É evidente que é
muito melhor, é muito mais bonito, é muito mais ágil, mas... E na realidade, quando
eles falam que a automação desemprega, eu não sei se desemprega. Na realidade, o
que eu acho é que tem milhares de pessoas que estão fazendo isso por nós, mas que
não são empregados do Banco do Brasil. Eu lembro que a gente tinha aqui no nosso
CESEC algo em torno de 800 funcion
ários. Hoje, existem 600, só que 300 são
funcionários e 300 são estagiários, ou 400 e 400. Então, a gente vê muita
terceirização. E eu não sei se isso é positivo. A gente tá vivendo um processo
delicado aqui na agência que eu posso considerar terceirização. Um processamento
que a gente tem dentro de uma organização para atender os nossos clientes, que não
tem atendido, não está adequado em termos de qualidade e a gente não tem muito
domínio sobre o que está acontecendo, porque tudo está terceirizado, então sai a
ingerência do processo. E a reclamação evidentemente do cliente vem toda para
você. Ele não entende e nem tem que entender isso. Nós é que temos que prestar o
servi
ço [...] Então, evidentemente que houve uma evolução em termos de
velocidade, de agilidade, de tempestividade, mas o custo não é tão mais barato do
que era não. Se a gente for comparar, antes a gente tinha 140 mil funcionários, hoje
nós devemos ter mais de 200 mil com tanta gente que trabalha em volta do Banco
pra fazer essa estrutura funcionar [...]
É mais rápido, mais limpo, mas é mais
arriscado em algumas situações, e eu não saberia te dizer se o custo é tão menor do
que era antes, naquela situação que a gente tinha vivenciado (E1).
O Banco intensifica sua atuação no acompanhamento das mudanças ao incluir a terceirização:
[...] eliminam-se funções intermediárias em razão dos avanços tecnológicos: busca
maior racionaliza
ção dos processos produtivos com base no realinhamento de
processos e na terceiriza
ção de atividades (BANCO DO BRASIL.
Profissionalização-BB
, p. 6, 1996).
Assim, o movimento de terceirização encontra um terreno fértil nos bancos. Primeiro por
possuir diversos serviços cujas características não dependem de uma formação específica, e
sim apenas do uso manual de máquinas e o controle de sua atividade. Pode-se citar entre
alguns trabalhos, a gravação dos papéis processados nas agências e sua microfilmagem, a