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REVELAÇÃO, REVELAMENTO E A ONDA DO MOMENTO
O tema é extremamente atual e mais polêmico do que se imagina. Evangélicos, pentecostais, neo-pentecostais e
católicos andam divididos e dividindo-se por causa dos irmãos reveladores. Há quem diga que eles não viram e
nem ouviram nada e há quem aceite piamente tudo o que dizem ver e ouvir. ““O senhor me revelou”, “Jesus me
disse”, “ O rolo está descendo”, “Deus me mostrou”, “Maria me apareceu”, “Deus mandou dizer”, “Ta ligado
na fiação”. Tais frases e outras já costumeiras, em alguns grupos, tornaran-se um divisor de águas e fé .
Se você aceita sem questionar, eles também o aceitam. Dirão que você é de Deus e tem unção. Admitem que
Deus também os toque. Se questiona-los sobre certos procedimentos, podem até reconhecê-lo como irmão de fé,
mas você não tem o essencial que é crer que Deus esta falando aos seus santos profetas, você esta na carne, no
osso. E há os que vão lhe acusar de inveja, pacto com o demônio, falta de fé, prepotente, arrogante, duro de
coração e por ai vai. Ai do servo de Deus que ousar pôr em prática o texto de Jeremias 14.14; todo o capitulo 23
do mesmo Jeremias ou Mateus 24,23 a 28! Vai ver gente a fuzilá-lo com olhares de mágoa, porque ousou
questionar o profeta deles, podem até prever sua morte como vingança do Senhor. Nem o ministério escapa –
Dizem “Aqui quem manda é Deus!”, quantas divisões sustentadas nesta afirmativa estão acontecendo por ai?!
Para alguns fiéis está terminantemente proibido questionar os seus videntes ou reveladores. Eles são
inquestionáveis. Deus lhes fala e eles passam as mensagens atuais de Deus à Igreja e ao mundo. Aí do pastor
que duvidar de seus colegas revelados! Simplesmente ignoram os ministros, os teólogos e os mestres
comissionados por Deus (Efésios 4.11) e formam grupos capazes de qualquer coisa pelo poder temporal.
Como encarar este fenômeno que, de resto, explodiu muitas vezes no decurso da história da Igreja? Por que os
fiéis de vez em quando sentem necessidade desta certeza e alguns a encarnam dizendo que Jesus lhes apareceu e
lhes fala dia sim, dia não? Não basta o que está na Palavra de Deus? Porque o testemunho desses novos santos,
em carne e osso, passa a valer mais? Dizem “ Os apóstolos viram no passado, mas o irmão fulano e a irmã
fulana tem uma nova visão dada pelo Senhor, uma estratégia fogo puro. Jesus esta dando um recado por este
bispo, esta pastora, este apostolo, aquele pastor, pelo ministro fulano de tal, e tal recado passa a valer mais que
a Bíblia, a união da igreja, a humildade e tudo que seja segundo o exemplo deixado por Cristo. È que eles – os
servos do Senhor – não viram nem ouviram...
Que Deus falou aos patriarcas, aos profetas, aos apóstolos e a muita gente, a igreja crê e admite. Sê duvidasse
de revelações e aparições teria de negar a Bíblia. Que Deus esteja agora derramando o seu Espírito ( João
7.39), também acreditamos. Mas que todos os que dizem que Deus falou com eles estejam falando a verdade, isto
se pode e se deve questionar. Nem todos os que dizem que viram, viram; nem todos os que dizem ouvir, ouvem.
Se Jesus mandou tomar cuidado com tais profetas e questiona-los (Mateus 24.24), e se Paulo alerta os fiéis ( II
Timoteo 4.1 a 5; II Tess. 2.2) sobre esse tipo de pregador que passa por ungido e revelado, é porque é fácil
deixar-se enganar pela cara de santo deles. Jesus alerta que está avisando com antecedência. É como se
dissesse: “Se querem crer em tudo que eles dizem, creiam, mas depois não digam que não avisei”.
A ONDA DO MOMENTO
“Deus falou que você vai me abençoar”
Um dos mais novos golpes dos reveladores de plantão é o recado na rua. O revelador atento ao estereotipo da
vítima (geralmente o jeito de se vestir e agir) diz-se inspirado por Deus para entregar um recado à pessoa, no
final do psicológico, o revelador diz que Deus não colocou aquela pessoa na sua frente sem um propósito
completo. Em seguida e com entusiasmo geral saca da mente astuciosa um pedido espiritual, que vai desde o gás
de cozinha – pois não come a três dias – até o “caiacé” nome dado por alguns reveladores a uma benção em
espécie, ou seja, em dinheiro.
Que Deus em sua grande misericórdia tenha piedade de nós.