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Os ODM derivam do ciclo de Conferências promovido pela ONU no
final do milênio passado, com participação decisiva tanto dos governos
nacionais, quanto das sociedades civis que se fizeram presentes durante
este ciclo. E as metas relacionadas aos ODM, como reduzir a pobreza
pela metade, por exemplo, foram estabelecidas a partir do legado que a
geração anterior à nossa nos deixou.
Após a realização da Cúpula do Milênio, a cidade de Durban, na África
do Sul, abrigou, em 2001, a Conferência Mundial contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância,
também sob os auspícios da ONU. Nesta Conferência, novos
compromissos foram assumidos pela comunidade das nações, relativos
aos direitos daqueles grupos sociais que sofrem com o racismo e outras
formas de discriminação.
O acompanhamento dos ODM deve considerar especificidades
nacionais. Por isso, cada país deve valer-se de suas capacidades para
monitorar a consecução dos mesmos.
O ATLAS RACIAL BRASILEIRO traz uma contribuição ímpar, para que
o Brasil “tropicalize” os ODM, adequando-os à realidade do país, e
incorporando a Agenda de Durban aos Objetivos do Milênio. Pois, os
dados contidos no ATLAS mostram que os pobres e os negros estão em
pior situação social e, em vista da alta superposição desses dois grupos,
somente dados desagregados como os do ATLAS permitem determinar
até que ponto é a pobreza ou a raça que provoca a desvantagem. Estes
dados revelam que a desigualdade e a pobreza existentes no Brasil vão
além razões exclusivamente socioeconômicas, eles demonstram que a
democracia racial brasileira é uma ilusão, um mito que não se sustenta.