43
Aqui entendemos como um ensino voltado para uma realidade, mas sem
demagogia. Não se pretende trabalhar com a matemática só do para que serve,
reduzir a matemática às práticas cotidianas, pois se assim fosse, teríamos que de
certa forma abandonar a sala de aula. Mas, por outro lado, se privilegiamos apenas
uma única prática, teremos sempre uma insatisfação por parte dos alunos, sendo
que é possível trabalhar com o formal, mas trazer para a sala de aula o informal, já
que numa mesma sala de aula, temos alunos com diferentes culturas.No entanto,
pela matemática formal isso não é trabalhado, portanto concordamos com Monteiro
e Pompeu (2001 apud Duarte) que também se referem à articulação entre os
saberes provenientes de diferentes culturas, ao afirmarem que:
[...] o processo educacional deve estar atento ao reconhecimento e
ao respeito do saber presente no cotidiano do grupo, e também deve
ter o compromisso de possibilitar acesso a outros conhecimentos,
permitindo ao grupo olhar através de outra perspectiva. Nesse
exercício de experienciar o novo e novamente voltar o olhar pela sua
perspectiva, examinando-os simultaneamente, a fim de conhecer as
semelhanças, as diferenças e estabelecendo relações, o grupo
apropria-se do novo, porém, pleno de opções e certamente com
possibilidade de criar um outro saber que não pertence nem à sua
cultura nem à cultura de quem o influenciou. (Ibid, p.193).
Entendemos que os espaços de sala de aula devem ser preenchidos
tanto pela matemática formal quanto pela matemática informal. Trabalhar com
experiências trazidas pelos alunos e transformar essa matemática numa atividade
acadêmica. No nosso entendimento o processo é feito no caminho inverso, tentamos
trabalhar com uma matemática acadêmica e estamos convictos de que essa
aprendizagem formal vai construir no aluno uma perspectiva de realização do
cotidiano, que de acordo com Knijnik (1998 apud Duarte, 2004):
[...] os problemas escolares de Matemática são, usualmente,
apresentados com todos os dados e somente com os dados que nós,
de antemão, julgamos relevantes. Após a listagem de tais
informações, formulamos uma pergunta que, para ser respondida,
requer a utilização das informações que previamente selecionamos,
já todas presentes no texto. E como muitas vezes somos alienígenas
em nossas próprias salas de aula, fazemos tal seleção de dados
levando em conta somente os aspectos que nós consideremos
relevantes do problema, deixando de lado outros, poderiam ser
imprescindíveis. (Ibid, p.196)
Procuramos desenvolver em sala de aula, com demasiada simbologia da
matemática, que pouco tempo sobra para finalmente pensar em matemática como
uma atividade humana. Entendemos que basta com toda essa simbologia para