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ANDRÉ ARANHA CORRÊA DO LAGO
para que reduzam sua pequena participação na degradação do
meio ambiente, através de um processo de transferência e de
magnificação de responsabilidades.
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O Relatório Brundtland foi o resultado de cerca de quatro anos
de trabalho da Comissão Mundial para Meio Ambiente e
Desenvolvimento, instituída pela Assembléia Geral das Nações Unidas.
Diversos autores colocam o Relatório, publicado sob o nome “Our
Common Future”, na mesma linhagem de The Limits to Growth,
publicado em 1972 sob os auspícios do Clube de Roma. Do ponto de
vista de impacto sobre o público não-especializado, talvez seja correto
associar as duas obras, que tiveram, ambas, ampla divulgação. No
entanto, a primeira, como já se viu, representou uma reflexão de um
grupo restrito, que analisou, de maneira fria e calculista, soluções para
que o mundo desenvolvido não tivesse de diminuir, ou melhor, não
parasse de elevar seu padrão de vida.
A Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento,
por sua vez, era composta por 23 comissários de 22 países, que
atuaram sem vinculação com seus governos: Noruega (Presidente),
Sudão (Vice-Presidente), Alemanha, Arábia Saudita, Argélia, Brasil
(Paulo Nogueira Neto), Canadá (dois representantes, um dos quais
Maurice Strong), China, Colômbia, Côte d’Ivoire, Estados Unidos,
Guiana, Hungria, Índia, Indonésia, Itália, Iugoslávia, Japão, México,
Nigéria, União Soviética e Zimbábue. Foram encomendadas dezenas
de estudos e consultadas milhares de pessoas nas mais variadas áreas.
Membros da Comissão visitaram inúmeros países, entre os quais o
Brasil, nos quais realizaram reuniões com comunidades locais para
discutir as questões do meio ambiente e do desenvolvimento.
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71
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro, op cit, p. 15 e 16.
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DEAN, Warren. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da mata atlântica
brasileira. p.344. Dean descreve a visita dos membros da Comissão Brundtland, em
1985, a Cubatão (“As fábricas paralisavam suas atividades à medida que a comissão