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usurpação pelo capital do direito de definir a espécie de automação desejada, escolha
que tem conduzido a um processo que desqualifica trabalhadores, amplia o controle
gerencial sobre o trabalho, intensifica as atividades e corrói a solidariedade.
Algumas das preocupações acima têm sido transformadas com o avanço do novo
paradigma, incluindo as ações dos movimentos sociais em reação às implicações
consideradas socialmente inaceitáveis. Uma dessas implicações se refere ao
desemprego provocado pelo avanço tecnológico. O chamado desemprego tecnológico
e a desqualificação do trabalho, por exemplo, tendem a serem compensados pela
reestruturação sistêmica do emprego e re-qualificação dos trabalhadores, mas nem
sempre essas compensações ocorrem com a velocidade necessária. Em alguns outros
casos, como a perda da privacidade, a sociedade tem-se mobilizado para promover o
“comportamento normal responsável” inclusive por meio de legislação adequada para
proteger os direitos do cidadão na era digital. A perda do sentimento de controle
sobre a própria vida e a perda da identidade são temas que continuam preocupantes e
que estão ainda por merecer estratégias eficientes de intervenção.
Talvez a questão ética central do novo paradigma seja a que diz respeito ao
aprofundamento de desigualdades sociais, desta vez sobre o eixo do acesso à
informação. O ritmo do avanço tecnológico no alvorecer do novo paradigma tem
sido, sob qualquer ótica, extraordinário. O ritmo de expansão da Internet no mundo
levou apenas um terço do tempo que precisou o rádio para atingir uma audiência de
50 milhões de pessoas. A redução dos preços dos computadores por volume de
capacidade de processamento facilitou grandemente essa difusão, mas outros fatores
além dessa redução de preços continuam a agir, impedindo a superação da relação
entre nível de renda e acesso às novas tecnologias.
Abrangendo uma população algumas vezes maior que a dos países desenvolvidos, os
baixos níveis de renda per capita nos países em desenvolvimento refletem-se em alta
taxa de analfabetismo jovem e adulto, baixo acesso à educação formal avançada e à
tecnologia da informação tanto convencional quanto moderna. Nesse contexto, o
papel das tecnologias de informação na construção de uma “sociedade do
conhecimento” inovadora poderá ser muito relevante e contribuir para o
desenvolvimento sustentado, mas será acompanhado de muitos riscos. Nesses países,
em especial os de nível médio de renda, as novas tecnologias e seu uso requerem
investimentos na elevação das capacidades tecnológicas locais e no desenvolvimento
das instituições políticas, culturais, econômicas e sociais. O avanço do novo
paradigma dependerá de como serão resolvidas as tensões entre as culturas e modos
de organização social existentes e aquelas que começam a se tornar dominantes. As
sociedades desses países terão de adaptar suas estruturas institucionais para tratar
questões importantes como a proteção da propriedade intelectual. Terão também de
examinar a conveniência de estabelecer um equilíbrio entre suas metas de exportação
de produtos e serviços de maior conteúdo tecnológico e a criação de oportunidades
para ampliar a adoção local das novas tecnologias. Para muitos analistas, não se pode
esperar que estratégias que objetivem acelerar a difusão do novo paradigma
erradiquem a pobreza, em curto prazo, e há riscos de que as novas políticas e